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CENTRO UNIVERSITÁRIO ESTÁCIO DE SÁ DE BELO

HORIZONTE

Resenha Crítica de Caso


Nathália Aparecida Alonso de Souza

Trabalho da disciplina Teoria do Direito Cível


Tutor: Professora Regiane

Belo Horizonte
2020

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A revisão da Lei brasileira de inclusão à pessoa com deficiência
(lei n.13146/15) e as falhas na sua aplicação.
SANTANNA, Beatriz Gomes e Ana Cristina GOMES, Revista de Iniciação Científica e Extensão
da Faculdade de Direito de Franca, ISSN 2675-0104 142 – v.4, n.1, jun. 2019

É imprescindível falar em garantias fundamentais inerentes ao ser humano e


aos portadores de necessidades especiais, sem citar o art. 5 da Constituição da
República, de 1988, e o quanto essa proteção a dignidade, foi expressamente
importante para a criação da lei 13. 146/2015 – Estatuto da pessoa com Deficiência,
conforme abordado pela autora em seu artigo.

Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza,
garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade
do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade.

Fica claro o posicionamento e a preocupação de como esses direitos estão sendo


garantidos e cumpridos pelo poder estatal, principalmente em relação à educação,
quanto ao levantar questionamentos sobre o modo que os portadores de
deficiências, principalmente os autistas, são tratados e de que maneira essa
inclusão social está sendo realizada. No Brasil sabemos a dificuldade em se ter
acesso, principalmente a educação, de maneira que venha desenvolver as plenas
capacidades intelectuais das pessoas.

“O direito à educação, disposto no art. 27 da Lei nº 13.146/15, é exposto


como garantia que todas as pessoas com deficiência têm direito a educação
ao longo de todo período de sua vida, assegurando seu máximo
desenvolvimento possível. Embora a lei tenha bons fundamentos e ideais
bem intitulados, ela se mostra falha em certos aspectos, o que a torna
totalmente ineficaz e sem eficiência, pois não se trata apenas de fornecer,
colocar uma criança ou adolescente com o transtorno do espectro autista em
uma sala de aula, trata-se de todo um conjunto em que na maioria das vezes

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é esquecido”. Revista de Iniciação Científica e Extensão da Faculdade de Direito de Franca
143.

Com a visão mais humaniza, a Carta Magna foi um importante marco para
valorização do ser, que passa a proteger com a máxima veemência a dignidade das
pessoas, sendo essa, um direito pétreo, que se sobressai sobre as outras garantias,
e pode ser definido como “o respeito ao núcleo básico dos direitos pessoais do
indivíduo”.

O Direito, em países republicanos que adotaram a democracia como forma de


governo, tem como objetivo trazer segurança e justiça para coordenar a vida em
sociedade, regulamentar e supervisionar o cumprimento das leis e possibilitar o
acesso de uma forma transparente ao ordenamento jurídico e que o principal
garantidor desses direitos é o Estado.

“O Direito é a norma das ações humanas na vida social, estabelecida por uma
organização soberana e imposta coativamente à observância de todos", segundo
RUGGIERO e MAROI, em Istituzioni di diritto privato, 8 ed., Milão, 1955, v.1, § 2º.”

Nesse sentindo, ao analisar a lei nº13.146/15, fica claro que ela busca assegurar
que as pessoas com deficiência sejam vistas sem discriminação e que tenham os
seus direitos de dignidade resguardados e regulamentados com uma maior clareza.
A palavra “inclusão” é o maior e mais significante avanço que leis humanizadas
possam buscar.

É instituída a Lei Brasileira de Inclusão da Pessoa com Deficiência


(Estatuto da Pessoa com Deficiência), destinada a assegurar e a
promover, em condições de igualdade, o exercício dos direitos e
das liberdades fundamentais por pessoa com deficiência, visando à
sua inclusão social e cidadania.”

Mas, constrói-se um paradoxo ao buscar uma uniformização e proteção desses


direitos, pois tratamos aqui de vidas, que possuem necessidade especiais para cada
tipo de situação. A Lei de inclusão não faz essa ressalva, pelo contrário, unifica, não
se tem distinções dos tipos de deficiências e muito menos procura expandir os
cuidados que cada portador precisa para lidar com cada tipo de situação,já que a

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cada tipo de deficiência há uma necessidade especial. E ao trazer para dentro de
um ambiente escolar, vemos como fica evidente esse despreparo para lidar com
essas pessoas, pois quem possui uma deficiência visual vai necessitar de cuidados
diferentes daqueles que possuem um grau de autismo.

Para Lei, deficiente é qualquer pessoa que tem sua capacidade mental, física,
intelectual, prejudicada e concomitante possa obstruir sua convivência de forma
igualitárias com as demais pessoas.

“Considera-se pessoa com deficiência aquela que tem impedimento


de longo prazo de natureza física, mental, intelectual ou sensorial,
o qual, em interação com uma ou mais barreiras, pode obstruir sua
participação plena e efetiva na sociedade em igualdade de
condições com as demais pessoas.”

Observa-se um desdobramento na lei que tenta ao mesmo tempo resguardar


garantias individuais e coletivos e proteger a personalidade civil dos portadores de
necessidades especiais (PNE) , já que trouxe consideráveis mudanças dentro do
âmbito da personalidade civil do CC/2012, art.1º ,3º e 4, que determina que todo ser
é considerado pessoa a partir do seu nascimento com vida, portanto possuem
capacidade civil que confere o limite da personalidade, sendo dividida em
capacidade de fato e jurídica.
E os portadores de enfermidade ou deficiência mental, eram enquadrados
como absolutamente incapazes de exercer atos da vida civil. já os relativamente
incapazes se enquadravam os excepcionais ou aqueles que tinham discernimento
mental incompleto. Os dois grupos não poderiam tomar decisões e participar
ativamente dos seus atos da vida cível ,no que diz respeito casamento, reprodução
e outras particularidades sem ser assistido por um representante legal .

Art. 3º São absolutamente incapazes de exercer pessoalmente os


atos da vida civil:
I – os menores de 16 (dezesseis) anos;
II – os que, por enfermidade ou deficiência mental, não tiverem o
necessário discernimento para a prática desses atos;
III – os que, mesmo por causa transitória, não puderem exprimir
sua vontade.
Art. 4º São incapazes, relativamente a certos atos, ou à maneira de
os exercer: I – os maiores de 16 (dezesseis) e menores de 18

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(dezoito) anos;
II – os ébrios habituais, os viciados em tóxicos e os que, por
deficiência mental, tenham o discernimento reduzido;
III – os excepcionais, sem desenvolvimento mental completo;
IV – os pródigos.

Interessante o posicionamento trazido pela autora Beatriz Gomes quando se


refere sobre a diferença que se trazia entre “deficiência mental e os excepcionais,
residia na limitação mental congênita – aos deficientes mentais – e, adquiridas – aos
excepcionais. Independente da origem da limitação, a incapacidade era reconhecida
judicialmente através do processo de interdição.”

Diante de tudo que foi exposto, nota-se que ao tratar da inclusão dentro das
escolas, a Lei de deficiência deixa muito a desejar, pois não vê o indivíduo portador
da necessidade como único, mas generaliza ao não desenvolver diretrizes
especificas de como cada enfermidade será tratada.

Há muito o que ser discutido nas politicas de inclusão social no âmbito


educacional, sendo a primeira delas, capacitar os educadores para promover de
maneira gradual e sem conflitos o acolhimento e ensinamento aos PNE, para que
possam gozar das suas faculdades mentais plenas e igualitárias dentro das sua
limitações com o resto da sociedade. Os estabelecimentos estudantis tem que ser
locais agradáveis e de interação mútua, respeitadores e acolhedores. A sociedade,
como um corpo, precisa urgentemente entender que o Direito visa acima de tudo a
integridade humana. O que precisa ser mudado é concepções discriminatórias e
vexatórias que são adotadas ao restringir o acesso e negar o acompanhamento
educacional feita por uma terceira pessoa dentro do estabelecimento para que
possa interagir e garantir a sociabilidade, principalmente para quem possui o
autismo.

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Referência Bibliográfica:

BRASIL. Lei nº 10.406, de 10 de janeiro de 2002. Institui o Código Civil. 2002. Disponível em:
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/2002/L10406.htm. Acesso em 03 set. 2019.

BRASIL. Lei Nº. 13.146/2015. Lei Brasileira de Inclusão da Pessoa com Deficiência. Disponível
em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2015-2018/2015/lei/l13146.htm. Acesso em 14/05/2020

A revisão da Lei brasileira de inclusão à pessoa com deficiência (lei n.13146/15) e as falhas na sua
aplicação.SANTANNA, Beatriz Gomes e Ana Cristina GOMES, Revista de Iniciação Científica e
Extensão da Faculdade de Direito de Franca, ISSN 2675-0104 142 – v.4, n.1, jun. 2019

RUGGIERO e MAROI, em Istituzioni di diritto privato, 8 ed., Milão, 1955, v.1, § 2º.”

MENDES, Gilmar Ferreira; COELHO, Inocêncio Mártires; BRANCO, Paulo Gustavo Gonet. Curso
de Direito Constitucional. 4. ed. São Paulo: Saraiva, 2009.

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