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O Amor, a Rejeição e a Dor no Caminho: Vivendo aquilo que se discursa

“Creio que a verdade é perfeita para a matemática,


a química, a filosofia, mas não para a vida. 
Na vida contam mais a ilusão, a imaginação,
o desejo, a esperança.”

A citação acima, muito perspicaz, nos conta de uma constante moderna (mesmo que o autor
tenha vivido de 1911 – 2011), mesmo que estejamos falando dos mundanos. Sim, a maioria é
mundana, até mesmo aqueles que se dizem traçar os Caminhos ocultos ou Sinistros.

Este texto visa falar de algo que, não somente permanece na mesma situação em décadas,
mas que piorou com o advento da internet e da facilidade do acesso a informação,
compartilhamento e, principalmente, da auto divulgação – seja para outras pessoas ou até
mesmo para si mesmo como auto afirmação!

Chega de hipocrisia! Chega de meio termo e de gente fraca!

Vamos tratar o Caminho como algo sério e essencial ao invés de uma mera parafernália
estética ou social onde se mantem sua pose de ‘adepto de merda’ (ou sombrio, sinistro ou
tradicional) via internet!

O Lobo rosna brevemente como aviso e morde em seguida.

O Cão apenas faz estardalhaço enquanto late!.

Não ha uma força cósmica divina tentando mover o mundo pra que você, pobre ser
insignificante, possa aprender alguma coisa inútil sobre relações humanas que você mesmo
possa atribuir algum valor…sua opinião mundana não importa pra ninguém, muitas vezes nem
para você mesmo!

O mais comum visto entre os praticantes modernos de Caminhos mais sombrios ou obscuros,
é a veracidade nos debates na internet! Parecem verdadeiros generais de um exército de
adeptos, que assinam em baixo as citações e reafirmam a argumentação de seu mestre.

Muitos, ainda, nem mesmo seguidores possuem, trazendo uma “auto consideração” no
Caminho Sinistro e nas Artes Tradicionais.

É muito comum, ver pessoas que se dizem “lobos”, “tigres”, “leões”, “ursos” e outros “animais
de poder” (ou Fylgjur), serem fracas e instáveis, buscando identificação com símbolos mais
populares de poder e nobreza, sem nem mesmo conhecer a sua própria natureza.

Não ha como racionalizar a natureza do Amor e nem como definí-lo. O que nos resta, como
Andarilhos, é saber sentir e aprender com a experiência vivida.

Uma vez eu ouvi de uma pessoa que me aconselhava, muitos e muitos anos atrás “o amor não
vive em cavernas” e isso marcou minha forma de enxergar as coisas, pois tive muitos insights.
Errei novamente após isso, mas compreendi o conceito muitos anos depois.

A rejeição é uma constante na vida das pessoas, em vários níveis, seja familiar, social, amoroso
e até mesmo espiritual. Isso nada mais é do que natural, porém, é o fruto de inúmeros
problemas de grande parte das pessoas da nossa Era. Poucas  pessoas sabem como lidar com
rejeição, muitas nem mesmo sabem como rejeitar pela simples falta de sinceridade. E isso traz
problemas sérios não somente nas relações interpessoais, mas no Caminho Partido.
A Dor é constante. Viver dói. ponto. Não ha como fugir disso. Tem uma frase que usei várias
vezes e que me abriu os olhos ha alguns anos que diz “Dor é inevitável, mas o sofrimento é
opcional.

Aquele que trilha o Caminho pelas encruzilhadas da vida (e dos mundos), deve ter consciência
da própria condição humana (e não somente de sua condição divina!). Além disso, é muito
bonito citar que somos Deuses ou descendentes dos Anjos, da linhagem de Qayin, do sangue
dos Titãs, dos Nephelins, dos Deuses Antigos e toda a alegoria que usamos em nossas
reflexões, senso de existência e rituais; mas é completamente inútil se isso vira uma simples
roupagem, como qualquer outra que você veste seja via internet ou nos locais que você
frequenta. Pior ainda é se você usa essa roupagem sozinho, no canto do seu cômodo, na frente
de teu altar ou no meio de seus rituais sem nem ao menos entender o que isso significa, sem
nem ao menos entender sua própria natureza em níveis mais profundos e se não souber
trabalhar seus condicionamentos, traumas e conflitos!

A Arte traz transformações! A tal da Alquimia interna é muito bela quando posta
racionalmente como um texto erudito, quase científico, cheio de referências e palavras
complicadas, quando você nem mesmo é capaz de lidar com um pé na bunda de forma
madura e coerente.

Muita gente fica se degladiando pela internet em infinitas discussões metafísicas e ocultistas;
usando inúmeros autores como referência e tratando de assuntos dos quais não se pratica…
apenas lê… claro, leitura é importante e é um hábito louvável num país como o nosso, mas
senso crítico é algo que não vem através de masturbação mental e longas discussões via
facebook pra provar que você entende mais do que o outro, que você nem sabe quem é e nem
se importa realmente.

A esmagadora maioria dessas pessoas não aplica aquilo que prega, não entende aquilo que
defende e muitos nem compreendem aquilo que estão dispostos a ensinar. O status se tornou
muito mais importante do que o conteúdo. Uma concha vazia, que depois de aberta não
apresenta mais sua pérola, sua essência, mas sim, absolutamente nada.

Quanto mais agressivo é o discurso, menos a pessoa sabe na prática aquilo que defende.
Quanto maior o fogo nessa ocasião, mais suscetível e mais escravo da situação em si a pessoa
se torna. O debate pelo debate, sem objetivo de se aprender, mas apenas de esbanjar um
conhecimento que se tem (ou que normalmente não se possui).

Muitos alegados “Satanistas”, “rebeldes”, defendendo conceitos, ideais de vida e políticas de


cristãos ortodoxos; pedindo bênção dos pais e recebendo mesada.
Gente que não sabe lidar com frustrações e nem com o próprio sofrimento.

Muitos ocultistas com conhecimento “profundo” sobre os Caminhos da Sephiroth, os túneis de


Set e sobre a natureza do espírito e da alma, que não se sustentam e não conhecem nada
sobre a vida fora de seus quartos! Pessoas que dizem ter sucesso em chamar os anjos e
demônios e que ainda vive como um adolescente protegido pelos pais.

Vários auto intitulados ‘bruxos’, ‘magos’, ‘feiticeiros’ que não mostram resultados em suas
próprias vidas, e que repetem o mesmo erro todas as vezes. Gente que não sabe o que
significa transformação, achando que basta trocar de roupa, reformular um site ou mudar a
foto de perfil das redes sociais.
Gente que clama ter poderes a lá Harry Potter, que vão desde teletransporte até aqueles que
alegam ficar ouvindo a Deusa Hecate e a Pomba Gira discutindo antes de dormir… mas que
não prestam atenção nos próprios problemas de saúde ou em hábitos próprios que traz
constantes problemas.

Não precisa ser rico para ser bem sucedido na sua vida. Aliás, “ser alguém” ou ser “bem
sucedido” é algo muito complexo e distorcido.

Voltando sobre o tema, tenho observado muitas pessoas que se dizem trilhar Caminhos ditos
como “obscuros”, “transgressores”, “transformadores”, “sinistros” – e qualquer nomenclatura
em que você pareça “mauzão” – agir não somente de forma mundana, mas patética até
mesmo para a maioria das ovelhas da nossa sociedade.

“Incompreendido” todo o adolescente é, e isso não é motivo pra você ficar pagando de triste
no facebook ou na internet, como se só existisse sua dor no mundo ou como se fosse algo
realmente diferente ou único, ainda mais quando você já é um adulto…embora não haja uma
regra para maturidade, com toda a certeza existem algumas coisas que deveriam evoluir ou
pelo menos desenvolver-se, afinal, um adolescente enxerga o mundo como um adolescente e
um homem maduro dificilmente iria enxergar o mundo como um adolescente (pelo menos
deveria ser difícil de se ver…).

Quando falamos sobre um Caminho obscuro ou que tem a transformação ou transgressão


como bússola; que nos traz sabedorias e conhecimentos além do que entendíamos, espera-se
também RESULTADOS. Sim, resultados. E não são resultados escritos em papel como fonte de
masturbação mental de outros autores. Resultados em quem você é e em quem você se torna.
Resultados em mudanças que mudam toda a sua visão de mundo ou que te faz compreender
coisas das quais você nem mesmo fazia ideia! Talvez revelar um Caminho Real que você já
achava que estava percorrendo e agora descobriu que na verdade você está apenas
começando. Afinal, não é esse alguns pontos de iniciações? ou será que tudo se resumiu a um
ritual formal, seguido como manual de instruções?

Gente que se desespera por causa do próprio sofrimento ao invés de trabalhar aquilo que se
sente como necessidade, como a runa Naudhiz, que é a necessidade básica, aquilo que paralisa
tudo a sua volta porque sem isso nada mais pode andar – como fazer fogo no meio do inverno:
não adianta pensar em várias coisas, pois sem aquele fogo, você vai morrer congelado.
Entender a própria situação também é entender as próprias limitações e trabalhar para
superá-las.

Pessoal que se põe como vítima da vida, dos outros, das circunstâncias.....:

“O Caminho não é para vocês. Melhor voltarem pra igreja dos seus pais, onde o deus deles vai
cuidar de vocês como se fosse uma baby sitter nos finais de semana ou babá em tempo
integral. Afinal, não esquentem, esse deus tem plano pra tudo e aí é mais fácil vocês seguirem
isso e ficar implorando por ajuda e piedade do que tomar para si a responsabilidade de seus
atos e arcar com as consequências e aprender a transcender suas próprias dores e visões de
mundo.”

Viver dói e a dor faz parte da nossa vida. Ficar sofrendo e fazendo drama é puramente
opcional.

Entender sua própria natureza também é se aceitar ao invés de ‘querer ser’ coisas que você
não é!
Muitas vezes precisamos de um tempo de luto, um afastamento das coisas para podermos
pensarmos e sentirmos aquilo que nos aflige. Recolher-se para passar por problemas pessoais
é algo saudável e até mesmo sábio em algumas situações. É entender o próprio limite e saber
que muitas coisas devem ser reorganizadas dentro de você mesmo.

É louvável gente que (por exemplo) se separa e passa um tempo só, para reorganizar as
próprias ideias. Ao contrário da maioria que sai trocando de relacionamento como quem troca
de roupa ou se atira em excessos de alcool, drogas e auto piedade pra tentar se anestesiar de
si mesmo e da própria dor.

Aqueles que trilham caminhos tortuosos deveriam ser pessoas mais profundas ao invés de
serem “mais do mesmo” que vemos por aí.

E não! não é o tratamento que as pessoas da igreja gostam de fazer, como se suas crenças
fossem somente “mais uma religião” ou ainda “importante é crer em deus né?”. Não. os
Caminhos Tortuosos ou Partidos não são para qualquer pessoa, não trazem aprendizados e
consequências como se fosse uma igreja. São Caminhos de ações! não de submissão ou de
inércia! E é isso que esses ditos ocultistas, magos, satanistas, bruxos (e qualquer outro título
ou alcunha que amem) precisam entender!

Sair da zona de conforto não quer dizer você sair de casa e ir pro mato fazer um ritual – ok,
maioria nem mesmo isso faz, tudo encheção de saco e masturbação mental em redes sociais –
mas sim, você sair, inclusive, da zona de conforto de suas próprias ideias, pensamentos,
sentimentos, medos, traumas e uma infinidade de coisas de você para você mesmo! É sair da
casa dos seus pais que te sustentam; é se atirar no mundo e na vida para ter aquilo que é seu!
Para aprender em caminhos desconhecidos! Não ficar enfiado em casa pagando de “satanista
terrorista” via facebook, quando na verdade você só enche a cara, fuma suas tripas e se
entope de drogas pra tentar sofrer menos, disfarçar sua inércia patética com a imagem de
quem “está vivendo no limite” e curtir sua própria fossa regrada da própria frustração – e
ainda pagar de espiritualizado só porque ta fumando maconha!

Esse pessoal não sabe lidar nem consigo mesmo, nem com pessoas a sua volta, imagina como
vão lidar com seres como Demônios, Deuses Negros, Espíritos Selvagens, Entidades de várias
naturezas? Como espera-se respeito ou seriedade de outras existências do nosso mundo se
nem mesmo existe amor próprio?

Caso alguma dessas pessoas realmente possuam “o sangue” e acabem conseguindo entrar em
contato com certos Poderes, desculpe dizer isso, mas serão apenas alimento. Sim, vocês são o
café da manhã desses Poderes.

Vocês são apenas sacrifícios. Suas emoções nada valem se o objetivo é implorar ou barganhar
sua piedade ou revolta com o tal “mundo injusto” ou “pessoas ingratas”.

Acostume-se, viver tem disso.

Essa historinha de que os espíritos estão aqui pra te ajudar é pior do que aquela galera que fica
abraçando árvore.

Da mesma forma que quando pego algo da natureza eu costumo deixar algo em troca (como
cabelo, barba, saliva, sangue, bebida, etc), também entendo que as relações espirituais são
como qualquer outras relações que você tem com pessoas no dia-a-dia: tem gente q vai
gostar de você, tem gente que não…tem gente que nem nota sua existência. Vai ter gente
que vai te enganar, mentir, querer te sacanear; vai ter gente que vai querer te ajudar
também ou ser seu amigo. A diferença é que nenhuma dessas forças vai cair no seu papinho
de internet, porque não é a partir disso que vão te enxergar.

Portanto, a primeira coisa, antes de qualquer outra, é você saber olhar para você mesmo.

Nenhum Caminho que lide com com processos de transformação, quebra de barreiras,
mortes, transgressões e contato com Poderes de diversas naturezas (inclusive a SUA!), não
são Caminhos para gente fraca ou que vive de autopiedade e falta de amor próprio!

Quer conforto? quer alguém que te ame acima de tudo? alguém que te entenda e que cuida
de você em tempo integral? quer ficar dentro de casa sem precisar fazer nenhum esforço? sem
se desafiar? sem se contestar? Solução é simples: volta pra igreja!
—Mas não volta pra parte mística da igreja não! porque existem Caminhos gnósticos que
também necessitam de muito trabalho! limite-se a ir nos cultos/missas e rezar em casa quando
você se sentir fraco e patético e implore por ajuda – muita gente diz que se sente melhor. E
quando acontecer qualquer merda, pede ajuda ao seu deus ou aceite que ele quis assim e essa
é a sua cruz.

E que os Verdadeiros Andarilhos sejam abençoados e amaldiçoados em suas jornadas –


sejam quais forem – com toda a beleza e feiura; com todas os prazeres e dores do Caminho;
como toda a luz e escuridão em equilíbrio, sejam entre Anjos e Demônios, Daemons e
Deuses; pois Bênçãos podem ser Maldições e Maldições podem ser Bênçãos.

E que aquele que reside nas encruzilhadas da vida e dos mundos, Dhu’l Qarnem, seja
testemunha de suas escolhas.

Leonard Dewar

“Nada é sagrado quando ninguém é salvo


Nada é para sempre, então conte seus dias
Nada é final e ninguém é real
Reze pelo amanhã e descubra que você continua vazio
Nada”

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