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RESUMO
Diante das dificuldades administrativas que a saúde pública vem enfrentando em nosso país,
muitos gestores procuram alternativas que minimizem os gastos e aproveitem da melhor
forma os recursos aplicados, sendo assim o “Programa Farmácias Vivas®” surgem como uma
importante ferramenta na promoção da saúde, inclusão social e desenvolvimento local, com a
utilização de fitoterápicos na atenção básica à saúde. Foram entrevistados usuários, equipe de
enfermagem e médico de uma Unidade de Saúde da Família no município de Alagoa Grande-
PB, com o objetivo de traçar um perfil de utilização de medicamentos fitoterápicos, bem
como a aceitabilidade de um programa voltado a implantação do mesmo na USF. Os
resultados foram bastante satisfatórios, tanto no perfil dos usuários no que tange a utilização
de fitoterápicos, como também a aceitabilidade de toda a equipe de profissionais que compõe
a USF, possibilitando a gestão municipal uma excelente alternativa para viabilizar o projeto e
suprir uma demanda latente por uma saúde pública de qualidade sem a necessidade de
grandes investimentos.
1 - INTRODUÇÃO
Os problemas relacionados à saúde em nosso país é uma triste realidade que perdura
por anos, sendo responsável por indicadores preocupantes de mortalidade. Atrelado a isso o
sistema público de saúde no Brasil não dispõe de uma política de assistência farmacêutica
capaz de suprir as demandas de medicamentos da população, em especial na região nordeste
onde essas dificuldades são latentes e onde a população adoece muito mais que em outras
regiões do país.
O uso de plantas pela humanidade vem desde os primórdios da história, onde o
homem sempre buscou na natureza insumos para a melhoria de alguma enfermidade ou para
melhores condições de sobrevivência diante das tribulações do dia a dia. Estudos relacionados
ao uso da plantas pelo homem no tratamento de enfermidades mostram que o registro mais
antigo tenha ocorrido na China através do imperador Shen Nong em 2000 a.C. (POSSE,
2007), onde investigou o potencial medicinal de inúmeras plantas e produtos naturais e
catalogou no “Livro da Medicina Interna do Imperador Amarelo”, como era conhecido o
referido imperador na época e contém 365 drogas vegetais registradas.
O Brasil dispõe da maior biodiversidade de plantas do mundo, em consonância
possuímos também uma rica diversidade cultural e étnica nas diversas regiões desse país com
dimensões continentais. Os índios foram os grandes responsáveis por esse conhecimento
devido a sua íntima e harmoniosa relação com a natureza, os jesuítas trouxeram as boticas
portáteis em suas missões mais os mesmos logo copiaram os conhecimentos indígenas. Até
meados do século XX, o nosso país era essencialmente rural e usava amplamente as plantas
nativas e oriundas de outros países introduzidas pelos povos colonizadores.(FONTE
PRÓPRIA).
O Sistema Único de Saúde (SUS), criado pela Constituição Brasileira de 1998, dispõe
algumas diretrizes e ações que devem ser empregadas pelas instituições privadas e públicas,
nas suas três esferas. Com a autonomia para implantação de programas voltados à assistência
à saúde, com a chamada gestão plena, adquirido após a descentralização do poder público o
município vem realizando programas de fitoterapia na atenção primária à saúde com objetivos
de suprir as necessidades medicamentosas, inclusão social, tratamentos alternativos e melhor
aproveitamento dos recursos financeiros destinados a compras de medicamentos.
O uso de plantas medicinais vem ganhando nos últimos anos um destaque especial
pelas gestões públicas, principalmente após a orientação da Organização Mundial de Saúde –
OMS, estabelecida nos documentos “Estratégia de La OMS sobre Medicina Tradicional 2002-
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2 - FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
considerável, o que nas condições onde os recursos para saúde são escassos, essa alternativa
chama a atenção e vem ganhando muitos adeptos na gestão pública atual.
Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), 80% da população de países em
desenvolvimento utiliza-se de práticas tradicionais na atenção primária à saúde e, desse total,
85% fazem uso da plantas medicinais. Na realidade brasileira, não se tem com exatidão o
número exato de pessoas que utilizam as plantas, mais seguramente essa tendência também é
seguida não só na utilização da planta fresca e preparações mais também os fitoterápicos.
A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA), órgão federal do Sistema
Nacional de Vigilância Sanitária, responsável pelo registro de medicamentos e outros
produtos destinados à saúde, e conseqüentemente regula os medicamentos fitoterápicos.
Todos os fitoterápicos industrializados devem ser registrados na ANVISA antes de serem
comercializados, a fim de garantir que a população tenha acesso a medicamentos seguros,
eficazes e de qualidade comprovada.
Diante da concepção do sistema público de saúde no Brasil, com ênfase na
municipalização dos serviços, a maioria das experiências ocorre a partir das secretarias
municipais de saúde com projetos que vão desde a facilitar o acesso da população às plantas
medicinais até a geração de informações quanto ao manejo e uso correto das plantas
medicinais (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2006).
Sua importância não se concentra apenas nas técnicas de cultivo, mas na interação da
equipe técnica e a comunidade, o resgate cultural no uso de plantas medicinais, a introdução
de conhecimentos científicos, geração de renda para a comunidade e uma ótima oportunidade
de economia nos gastos relativos a medicamentos devido ao baixo custo dos fitoterápicos
chegando a ser até 30 vezes mais barato que os equivalentes sintéticos.
Com o projeto é possível fornecer mudas para a comunidade e promover ações de
conscientização e de prevenção das espécies nativas com valor medicinal, evitando o
extrativismo predatório e incentivando seu cultivo. Para tanto é preciso despertar o
envolvimento da comunidade no sentido de contribuir com o projeto, fazer um levantamento
do uso popular na comunidade de plantas medicinais e uma harmoniosa relação entre a equipe
e comunidade.
2.4. A Legislação.
3 - PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS
Quanto a opinião dos gestores públicos, Secretária de Saúde e Prefeito, foi feito uma
entrevista verbal para colher as opiniões do mesmo quanto a uma possível ação voltada a
utilização de fitoterápicos nas USFs, onde observamos uma excelente aceitabilidade e apoio
dos mesmos ao trabalho, fornecendo todos os dados necessários e disponibilizando os
recursos necessários.
4 - ANÁLISE DE RESULTADOS
No que concerne aos resultados, podemos verificar que todos os envolvidos, tais
como, o médico, equipe de enfermagem, usuários, secretária de saúde e prefeito
demonstraram apreço a idéia, dando todo apoio a pesquisa e entusiasmo quanto aos
resultados.
Diante dos dados apresentados na Tabela 1, podemos constatar que todos os
entrevistados utilizaram algum remédio à base de plantas medicinais, demonstrando assim a
aceitabilidade popularidade das plantas medicinais.
TABELA 3. Percentual referente ao cultivo de pelo menos uma planta medicinal em sua
residência.
SIM NÃO
100% 0%
(FONTE: Elaboração Própria)
TABELA 10. Já teve alguma reação adversa com a utilização de medicamentos fitoterápicos
ou com plantas medicinais?
SIM NÃO
0% 100%
(FONTE: Elaboração Própria)
TABELA 11. Referente aos índices relativos a gratuidade ou não dos medicamentos
utilizados nas patologias dos entrevistados.
GRATUITOS COMPRADOS
40% 60%
(FONTE: Elaboração Própria)
No quesito referente aos gastos mensais com medicamentos, podemos verificar, como
demonstrado na Tabela 12, que todos os entrevistados gastam alguma quantia mensalmente,
o que numa família de baixa renda, qualquer valor pode significar algo grandioso, portanto é
necessário uma abrangência maior na cobertura farmacêutica.
Diante dos dados apresentados abaixo na Tabela 15, podemos constatar a boa
aceitabilidade da equipe de enfermagem quanto a idéia de implantação de um programa de
utilização de fitoterápicos e plantas medicinais na USF.
TABELA 17. Dados referentes a prescrição de algum medicamento fitoterápico pelo médico
da USF.
SIM NÃO
X
(FONTE: Elaboração Própria)
Na Tabela 18, observamos que o médico não possui ou nunca ouviu falar no
“Programa Farmácias Vivas®”, demonstrando a falta de políticas de incentivo para programa
dessa natureza, onde é preciso dentre outras importâncias o apoio e o conhecimento do
profissional médico.
SIM NÃO
X
(FONTE: Elaboração Própria)
5 - CONCLUSÕES
poderá ser comercializada para ajudar a comunidade envolvida. Outro aspecto relevante no
projeto é o desenvolvimento do trabalho em equipe, tornando a comunidade mais unida em
prol da melhoria de todos e ao mesmo tempo tirando das ruas crianças e adolescentes.
No setor financeiro e administrativo da gestão pública, a iniciativa é algo inovador e
de bastante aceitabilidade como uma alternativa de atender diversos setores da organização,
unindo economia, aproveitamento de recursos e gestão farmacêutica, além de servir de um
vasto campo de pesquisa científica com parcerias com universidades. Recursos gastos com
internações e medicamentos destinados a recuperação de pacientes com problemas
relacionados a reações adversas também serão reduzidos.
No campo cultural e histórico é uma grande oportunidade de resgatar as origens de
povos que habitavam a região e que transmitiram para seus sucessores o conhecimento de
hoje. Tais argumentos são acentuados pelo fato do município possuir quilombos reconhecidos
nacionalmente e guardam costumes e práticas quanto ao uso da natureza, em especial as
plantas, no seu dia a dia e para curar suas enfermidades.
No plano estratégico, a ação contempla as recomendações do Ministério da Saúde, no
que tange ao uso racional de medicamentos, a assistência e atenção farmacêutica, a utilização
e desenvolvimento de medicamentos fitoterápicos, sem falar na atenção básica à saúde.
O cenário político e econômico atual, requer dos gestores, em especial os públicos,
uma sensibilidade impar, no intuito de alocar os limitantes recursos de forma responsável e
coerente com cada realidade, e é com idéias dessa natureza que nos como gestores podemos
mudar o triste cenário que perdura a tempos em nosso país e contribuir para o
desenvolvimento sustentável.
Portanto, fica claro os grandes benefícios e contribuições para a gestão pública e a
comunidade que uma ação do tipo que elencamos neste trabalho pode oferecer se o
administrador tiver a sensibilidade de vislumbrar novos caminhos para este setor tão carente
de recursos, iniciativas e idéias desta grandiosidade e que demanda tão pouco investimentos
para satisfazer tantos setores e em especial promover o bem estar e a saúde da comunidade.
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Contatos: 83-91871666/96315937
Email:vambertoluis@hotmail.com
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REFERÊNCIAS
AZEVEDO, C.D.; MOURA, M.A. Cultivo de Plantas Medicinais – Guia Prático. Programa
Rio Rural, (Manual Técnico, 27), Secretaria de Estado de Agricultura, Pesca e
Abastecimento, Niterói-RJ, Julho de 2010. ISSN 1983-5671.
MATOS, F.J.A. Farmácias Vivas: sistema de utilização de plantas medicinais projetado para
pequenas comunidades. 4ª Ed. rev. ampl. Fortaleza: UFC, 2002, 267p.
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POSSE, J.C. Plantas medicinais utilizadas pelos usuários do SUS nos bairros de Paquetá
e Santa Teresa: uma abordagem etnobotânica. 2007. 115f. Dissertação (Mestrado em
Ciências Farmacêuticas) – Universidade Federal do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, 2007.
APÊNDICES
QUESTIONÁRIO DO MÉDICO
( )SIM ( )NÃO
( )SIM ( )NÃO
( )FAVORÁVEL
( )PARCIALMENTE FAVORÁVEL
( )DESFAFORÁVEL
( )SIM ( )NÃO
( )SIM ( )NÃO
( )FAVORÁVEL
( )PARCIALMENTE FAVORÁVEL
( )DESFAFORÁVEL
QUESTIONÁRIO USUÁRIOS