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INSTITUTO FEDERAL DE EDUCAÇÃO,

CIÊNCIA E TECNOLOGIA
RORAIMA
CAMPUS AMAJARI
CURSO TÉCNICO EM AGROPECUÁRIA

PRODUÇÃO DE MUDAS DE
ESPÉCIES FLORETAIS

Dr. Rodrigo L. N. Barros


Amajari, Março de 2019
O sucesso de uma muda inicia-se
pela semente

Então, o que é semente?

Sementes são estruturas


vegetais, responsáveis pela
perpetuação da espécie, que
contêm todos os genes que
caracterizam e determinam o
comportamento do
descendente desta espécie.
A produção de sementes compreende:

colheita
secagem
beneficiamento
armazenamento
análise
Comercialização/uso
Produção de sementes de qualidade é resultado

Colheita;
Beneficiamento; Adequados
Armazenamento.

 Deve-se pautar por dois pontos básicos:

1-Obtenção de sementes com suficiente


representatividade genética da população;

2-Cuidado com os fatores que contribuem para a


qualidade fisiológica do lote.
1. Colheita de sementes

Colheita
Conjunto de operações efetuadas em um
local pré-estabelecido pela seleção de
árvores matrizes, fazendo uso de técnicas e
padrões determinados com a finalidade de
extrair ou coletar o fruto ou semente no
ponto de maturidade fisiológica.

Reis, (2008)
1. Colheita de sementes

Planejamento da colheita de sementes

 Pesquisa sobre a fenologia da


espécie;
 Identificação de árvores matrizes e
época de colheita;
 Definir a metodologia de colheita de
sementes da espécie.
1. Colheita de sementes

Escolha das árvores matrizes


Árvore matriz
Características desejáveis
• Ritmo de crescimento
• Porte
• Vigor
• Sanidade
• Produção de sementes
1. Colheita de sementes
Depende da finalidade
- Produção de madeira
- Recomposição vegetal
1. Colheita de sementes

Escolha das árvores matrizes

Selecionar:

• Várias árvores da mesma espécie,


sendo o mínimo de 15 matrizes, com
distância mínima de 50 a 100 metros
entre elas;

• Identificar as matrizes com plaquetas


de alumínio;

• Considera-se os nomes científico


e comum, de modo que não ocorram
erros durante a comercialização das
sementes.
1. Colheita de sementes

Equilíbrio

Identificação
1. Colheita de sementes

Época de colheita

Momento em que as sementes atingem o ponto de


maturidade fisiológica > Maior vigor e germinação

Definido de acordo com os índices de maturação:


• Visuais – cor, odor
• Bioquímicos – quantidade de lipídios, carboidratos e
proteínas
• Tamanho – comprimento, largura, espessura
1. Colheita de sementes

Índice de maturação visual com


base na coloração de sementes
de Machaerium brasiliense

Índice de tamanho em sementes


de Glycine max
1. Colheita de sementes

Métodos de colheita
Escolha do método de colheita:

 condições de sítio,
 grau de experiência da equipe,
 características da árvore matriz,
 tipo de fruto.

O método mais eficiente:


 consegue colher maior quantidade
de sementes com menor custo;
 alta qualidade da semente;
 segurança da equipe de colheita;
 não prejudica a próxima produção de sementes
1. Colheita de sementes

Colheita no chão:
- Frutos grandes e pesados
caem sem se abrir
- Sementes grandes
facilmente coletadas
1. Colheita de sementes
1. Colheita de sementes
1. Colheita de sementes
1. Colheita de sementes
1. Colheita de sementes
1. Colheita de sementes
2. Beneficiamento de sementes

Beneficiamento

Compreende o conjunto de todas as operações


realizadas após a colheita dos frutos até o
momento do armazenamento, incluindo-se a
extração, secagem e a separação das sementes
para eliminação das impurezas.

Tem como objetivo propiciar às


sementes condições desejáveis
para utilização, armazenamento e
comercialização.
2. Beneficiamento de sementes

Secagem

A secagem consiste na remoção de umidade das


sementes após a colheita. É a etapa que visa
reduzir o teor de umidade das sementes, a níveis
que possibilitem uma melhor adequação das
sementes para o seu armazenamento e,
consequentemente, manter o vigor germinativo
por mais tempo.
2. Beneficiamento de sementes

Secagem
Tipos de secagem:
Natural Artificial

Temperatura?
2. Beneficiamento de sementes

Secagem natural

Ao sol

À sombra
2. Beneficiamento de sementes

Extração
Consiste na retirada das sementes do interior
dos frutos, após coleta em campo. Varia em
função da natureza (deiscente ou indeiscente) e
do tipo de fruto (seco ou carnoso). Deve-se
optar por métodos que preservem a qualidade
fisiológica e integridade física e sanitária das
sementes.
2. Beneficiamento de sementes
2. Beneficiamento de sementes
2. Beneficiamento de sementes

Limpeza e classificação das sementes

Limpeza: É a retirada do material inerte (galhos,


folhas, flores, etc.), sementes indesejáveis
(danificadas, chochas, deformadas e ardidas) e
sementes de outras espécies.

Classificação: Separar e classificar as sementes


por tamanho, forma, peso.
2. Beneficiamento de sementes

Limpeza e classificação das sementes


2. Beneficiamento de sementes

Para sementes de espécies arbóreas poucas máquinas são utilizadas

Beneficiamento manual (peneiras)


2. Beneficiamento de sementes
3. Armazenamento de sementes

Armazenamento

Consiste no conjunto de condições e técnicas


que diminuem a velocidade de
processos de deterioração da semente, por meio
do uso de embalagens que regulam a troca de
umidade da semente com o ar de ambientes
com temperatura e umidade relativa controladas.
3. Armazenamento de sementes

Grau de tolerância a dessecação


Ortodoxas:
Podem ser secas artificialmente até
baixos teores de água sem sofrer
danos (5% a 10%).

Podem ser armazenadas por períodos


longos, especialmente quando a
temperatura é baixa e baixo teor de
umidade

Geralmente são pequenas e secas.

Ex. Angico, cedro, aroeira, jatobá da


mata
3. Armazenamento de sementes

Grau de tolerância a dessecação


Intermediárias:

Toleram dessecação entre 10 e 13 %


de umidade, mas quando desidratadas
a 7% perdem significativamente a
viabilidade.

Ex. Dendê, Nim.


3. Armazenamento de sementes

Grau de tolerância a dessecação


Recalcitrantes:

Teor de água varia entre 60 a 70 % de


sua massa fresca, não tolerando
dessecação em níveis de umidade
entre 15 a 20%; viabilidade curta.

• Não podem ser armazenadas em


baixas temperaturas (10 oC a 15 oC).

Ex. Araticum, cagaita, gabiroba,


jenipapo, ingá feijão, mangaba.
3. Armazenamento de sementes

Fatores que afetam o armazenamento


Embalagens:
 Embalagens porosas: troca de umidade entre sementes
e o ambiente – curto prazo de armazenamento.
 (tecido, papel e papelão)
 Embalagens semi-porosas - Não impedem
completamente a passagem de umidade;
Armazenamento não prolongado.
 Polietileno, papel multifoliado, papel aluminado
 Embalagens impermeáveis - Não possibilitam a troca de
umidade com o meio ambiente; Armazenamento em
qualquer condição
 Latas, plásticos, vidro, alumínio
3. Armazenamento de sementes
3. Armazenamento de sementes

Condições e ambientes de armazenamento


Câmaras frias e úmidas: 5 a 15ºC e
umidade relativa entre 40 e 90%.
Exemplo: Araucaria angustifolia.
Câmaras frias secas: Temperatura
entre 3 a 5ºC para espécies
ortodoxas temperadas e entre 10 e
20ºC para espécies ortodoxas
tropicais e umidade relativa em torno
de 45%.
3. Armazenamento de sementes

Condições e ambientes de armazenamento


• Armazenamento à temperatura e
umidade ambiente: Sementes de
espécies de tegumento duro, como o
guapuruvu, flamboyan.

• Criopreservação: Principalmente para


conservação de germoplasma.
Temperaturas extremamente baixas,
entre -80 °C e -196°C, Pinus, Hymenaea
stignocarpa.
3. Análise de sementes

Análise de sementes
Avalia a qualidade das sementes

• Teor de água;
• Germinação;
• Sanidade.

Importância da análise: expressa a qualidade


física e fisiológica do lote de sementes para fins
de semeadura, armazenamento e
comercialização.
3. Análise de sementes

Teor de água (determinação de umidade)

• Determina a umidade do lote


após coleta e beneficiamento.

• Fator fundamental para o


armazenamento.
3. Análise de sementes

Teste de germinação
•Avalia a capacidade da semente germinar e
produzir plântulas normais;

• Avaliações em laboratório;

•Maioria das espécies nativas não possuem


condições ambientais prescritas nas RAS.
3. Análise de sementes
3. Análise de sementes

Germinação de Sementes:
É definida como a emergência e o
desenvolvimento das estruturas essenciais do
embrião, manifestando a sua capacidade para
dar origem a uma plântula normal, sob
condições ambientais favoráveis.
3. Análise de sementes

Germinação de Sementes:
3. Análise de sementes

Germinação de Sementes:
Fatores que influenciam na germinação.

ÁGUA

LUZ OXIGÊNIO

REGULADORES
DO TEMPERATURA
CRESCIMENTO
4. Dormência

O que é Dormência?

Processo caracterizado pelo atraso da


germinação, quando as sementes mesmo em
condições favoráveis (umidade, temperatura, luz
e oxigênio) não germinam.
4. Dormência

Dormência # Quiescente
4. Dormência

O tipo de dormência depende da origem.

- Dormência primária:
É aquela que já se manifesta quando a semente completa
seu desenvolvimento, ou seja, quando colhemos as
sementes e elas já apresentam dormência.

- Dormência secundária:
É quando as sementes maduras, não apresentam
dormência, ou seja, germinam normalmente, mas quando
expostas a fatores ambientais desfavoráveis são induzidas
ao estado de dormência.
4. Dormência

- CAUSAS DA DORMÊNCIA -

 Tegumento impermeável:

As sementes com estas características, são


chamados de sementes com casca dura, por
não conseguirem absorver água e/ou oxigênio.
4. Dormência

- CAUSAS DA DORMÊNCIA -

Embrião fisiologicamente imaturo ou rudimentar:

No processo de maturidade da semente o embrião não


está totalmente formado, sendo necessário dar
condições favoráveis para o seu desenvolvimento.
4. Dormência

- CAUSAS DA DORMÊNCIA -

Substâncias inibidoras:

São substâncias existentes nas sementes que podem impedir a


sua germinação.
Este tipo de dormência ocorre devido à presença de inibidores
Ácido abscísico (ABA) ou a ausência de promotores Giberilinas
(GA) do crescimento no embrião. A quebra da dormência é
frequentemente associada à queda da relação ABA/GA.
4. Dormência

- CAUSAS DA DORMÊNCIA -

Combinação de causas:

Necessariamente os sementes não apresentam somente


um tipo de dormência, podendo haver na mesma
espécie mais de uma causa de dormência.
4. Dormência

Processos para quebra de dormência das sementes:

Escarificação mecânica:

É a abrasão das sementes sobre uma superfície


áspera (lixa, piso áspero etc). É utilizado para facilitar
a absorção de água pela semente.
4. Dormência

Processos para quebra de dormência das sementes:

Estratificação:

Consiste num tratamento úmido à baixa temperatura,


auxiliando as sementes na maturação do embrião,
trocas gasosas e embebição por água.
4. Dormência

Processos para quebra de dormência das sementes:

Choque de temperatura:

É feito com alternância de temperaturas variando em


aproximadamente 20ºC, em períodos de 8 a 12
horas.
4. Dormência

Processos para quebra de dormência das sementes:

Água quente:

É utilizado em sementes que apresentam


impermeabilidade do tegumento e consiste em
imersão das sementes em água na temperatura
de 76 a 100ºC, com um tempo de tratamento
específico para cada espécie.
4. Dormência

Quebra da dormência em sementes


4. Dormência
LEGISLAÇÃO E PRÉ-REQUISITOS LEGAIS NA
PRODUÇÃO DE SEMENTES E MUDAS
5. S e m e n t e s f l o r e s t a i s - l e g i s l a ç ã o

Decreto n° 5.153, de 23 de julho de 2004, que


aprovou o Regulamento da Lei nº 10.711, de 5
de agosto de 2003.

Dispõe sobre o Sistema Nacional de Sementes e


Mudas e dá outras providências.

Objetiva garantir a identidade e a qualidade do


material de multiplicação e de reprodução
vegetal produzido, comercializado e utilizado em
todo o território nacional.
5. S e m e n t e s f l o r e s t a i s - l e g i s l a ç ã o

O Sistema Nacional de Sementes e Mudas - SNSM


compreende as seguintes atividades:

I - registro nacional de sementes e mudas - Renasem;


II - registro nacional de cultivares - RNC;
III - produção de sementes e mudas;
IV - certificação de sementes e mudas;
V - análise de sementes e mudas;
VI - comercialização de sementes e mudas;
VII - fiscalização da produção, do beneficiamento, da
amostragem, da análise, certificação, do
armazenamento, do transporte e da comercialização
de sementes e mudas;
VIII - utilização de sementes e mudas.
5. S e m e n t e s f l o r e s t a i s - l e g i s l a ç ã o

 Art. 4o Compete ao Mapa promover, coordenar, normatizar,


supervisionar, auditar e fiscalizar as ações decorrentes desta
Lei e de seu regulamento.
 Art. 5o Compete aos Estados e ao Distrito Federal elaborar
normas e procedimentos complementares relativos à
produção de sementes e mudas, bem como exercer a
fiscalização do comércio estadual.
 Parágrafo único. A fiscalização do comércio estadual de
sementes e mudas poderá ser exercida pelo Mapa, quando
solicitado pela unidade da Federação.
 Art. 6o Compete privativamente ao Mapa a fiscalização do
comércio interestadual e internacional de sementes e mudas.
5. S e m e n t e s f l o r e s t a i s - l e g i s l a ç ã o

Art. 7o Fica instituído, no Mapa, o Registro


Nacional de Sementes e Mudas - Renasem.

As pessoas físicas e jurídicas que exerçam


as atividades de produção, beneficiamento,
embalagem, armazenamento, análise,
comércio, importação e exportação de
sementes e mudas ficam obrigadas à
inscrição no Renasem.
5. S e m e n t e s f l o r e s t a i s - l e g i s l a ç ã o

O Mapa credenciará, junto ao Renasem, pessoas físicas e


jurídicas, para exercer as atividades de:

I - responsável técnico;
II - entidade de certificação de sementes e mudas;
III - certificador de sementes ou mudas de
produção própria;
IV - laboratório de análise de sementes e de
mudas;
V - amostrador de sementes e mudas.
5. S e m e n t e s f l o r e s t a i s - l e g i s l a ç ã o

Quem fica dispenso da inscrição no Renasem?

As pessoas físicas ou jurídicas que


importem sementes ou mudas para uso
próprio em sua propriedade;
agricultores familiares, os assentados da
reforma agrária e os indígenas que
multipliquem sementes ou mudas para
distribuição, troca ou comercialização
entre si.
5. S e m e n t e s f l o r e s t a i s - l e g i s l a ç ã o

No processo de certificação, as sementes e as mudas


poderão ser produzidas segundo as seguintes categorias:
• I - semente genética;
• II - semente básica;
• III - semente certificada de primeira geração - C1;
• IV - semente certificada de segunda geração - C2;
• V - planta básica;
• VI - planta matriz;
• VII - muda certificada.

Obs: Sem a comprovação da origem genética, quando ainda não


houver tecnologia disponível para a produção de semente
genética da respectiva espécie.
Exercícios
1) Para colheita de sementes de espécies
florestais quais fatores deve-se levar em
consideração. Fale sobre as características
que devem ser observadas em cada um.

2) A espécie florestal Eucalyptus spp. apresenta


os frutos do tipo deiscentes. Explique quais
cuidados devem ser tomados para coleta de
sementes desta espécie.
Exercícios
3) Cite quais são as formas de extração de
sementes dos frutos de espécies florestais:
frutos secos deiscentes, secos indeiscentes, e
carnosos.
4) O beneficiamento de sementes consiste no
conjunto de técnicas empregadas para retirar
impurezas das sementes. Quais são as formas
mais utilizadas para o beneficiamento de
sementes florestais.
Exercícios
5) Qual a finalidade das operações de
beneficiamento, secagem e armazenamento de
sementes.

6) Conforme a longevidade, período máximo em


que as sementes permanecem vivas, quando
armazenadas sob condições ambientais ideais, as
sementes podem ser classificadas de três formas.
Fale sobre as principais características de cada
uma.
Exercícios
7) Conceitue germinação e quais fatores que
influenciam na germinação de sementes.

8) Conceitue dormência de sementes e quais as


principais causas da dormência de sementes.

9) Cite exemplos de métodos para quebrar a


dormência em sementes florestais.

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