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Info 528 STJ PDF
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ÍNDICE
Direito Administrativo
Art. 10 da Lei 8.429/92: é indispensável a comprovação de efetivo prejuízo aos cofres públicos.
Estado-membro que desapropria domínio útil de imóvel em terreno de marinha deverá pagar laudêmio.
Direito Civil
O titular do blog é responsável pelos danos causados por artigos de terceiro publicados em seu site.
Teoria da perda de uma chance: emissora de TV não considerou a resposta correta.
Direito do Consumidor
Direito de arrependimento: ônus de pagar as despesas postais é do fornecedor.
É dispensada a prévia comunicação do devedor se o SPC/SERASA estiver apenas reproduzindo
informação negativa que conste de registro público.
Direito Empresarial
Pós-datação do cheque não modifica o prazo de apresentação nem o prazo prescricional.
É possível o protesto de cheque por endossatário terceiro de boa-fé mesmo que ele tenha sido sustado
pelo emitente.
www.dizerodireito.com.br
Direito Penal
Apropriação indébita previdenciária dispensa dolo específico (animus rem sibi habendi).
Factoring que empresta dinheiro utilizando recursos de terceiros pratica o crime do art. 16 da Lei n.
7.492/86, de competência da Justiça Federal.
Direito Tributário
Não é possível compensar precatório estadual com dívidas oriundas de tributos federais.
Verba paga ao empregado demitido sem justa causa no período de estabilidade é isenta de IR.
Direito Previdenciário
No reexame necessário, o Tribunal não pode modificar a sentença para conceder benefício mais
vantajoso ao segurado (Súmula 45-STJ).
DIREITO ADMINISTRATIVO
Art. 10 da Lei 8.429/92: é indispensável a comprovação de efetivo prejuízo aos cofres públicos
Para a configuração dos atos de improbidade administrativa previstos no art. 10 da Lei n.
8.429/92 é indispensável a comprovação de que tenha havido efetivo prejuízo aos cofres
públicos. Se não houver essa prova, não há como condenar o requerido por improbidade
administrativa.
Tendo ocorrido dispensa de licitação de forma indevida, mas não sendo provado prejuízo ao
erário nem má-fé do administrador, não se verifica a ocorrência de ato de improbidade
administrativa.
Comentários A Lei n. 8.429/92 (Lei de Improbidade Administrativa) regulamenta as consequências no
caso da prática de atos de improbidade administrativa.
A LIA traz, em seus arts. 9º, 10 e 11, um rol exemplificativo de atos que caracterizam
improbidade administrativa.
Para a configuração dos atos de improbidade administrativa previstos no art. 10 da Lei n.
8.429/92 é indispensável a comprovação de que tenha havido efetivo prejuízo aos cofres
públicos. Se não houver essa prova, não há como condenar o requerido por improbidade
administrativa.
ação ou omissão, dolosa ou culposa, que enseje perda patrimonial, desvio, apropriação,
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(...)
VIII - frustrar a licitude de processo licitatório ou dispensá-lo indevidamente;
Nesse caso concreto, o administrador poderia ser condenado por improbidade
administrativa com base no art. 10, VIII, mesmo não tendo havido dano ao erário?
NÃO. O STJ entende que, para a configuração dos atos de improbidade administrativa
previstos no art. 10 da Lei n. 8.429/1992, exige-se a presença do efetivo dano ao erário
(critério objetivo) e, ao menos, culpa (elemento subjetivo). Não caracterizado o efetivo
prejuízo ao erário, ausente o próprio fato típico (REsp. 1.233.502/MG, Rel. Min. Cesar Asfor
Rocha, DJe 23.08.2012).
Essa é a opinião também da doutrina especializada ao comentar o inciso VIII do art. 10 da LIA:
“A simples dispensa do processo de licitação, por si só, não é motivo para a subsunção na
presente Lei de Improbidade Administrativa, pois é necessário o binômio ilegalidade com
prejuízo ao erário. Isso porque, o inciso em tela é abrigado no caput do art. 10, que
estabelece atos de improbidade que causem lesão ao erário.” (MATTOS, Mauro Roberto
Gomes de. O Limite da Improbidade Administrativa. Rio de Janeiro: Forense, 2010, p. 306).
Processo STJ. 1ª Turma. REsp 1.173.677-MG, Rel. Min. Napoleão Nunes Maia Filho, julgado em 20/8/2013.
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Fonte: http://www.vendariviera.com.br/blog/imoveis/saiba-mais-sobre-o-terreno-de-marinha/
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Os terrenos de marinha são bens da União (art. 20, VII, da CF/88). Isso se justifica por se
tratar de uma região estratégica em termos de defesa e de segurança nacional (é a “porta
de entrada” de navios mercantes ou de guerra).
O particular (enfiteuta) pode até transferir para outras pessoas o domínio útil que exerce
sobre o bem?
SIM. Tome-se o seguinte exemplo: João reside em uma casa localizada dentro de um
terreno de marinha, possuindo, portanto, apenas o domínio útil sobre o bem e pagando,
anualmente, o foro. Ocorre que ele quer se mudar. Diante disso, poderá “vender” o
domínio útil para outra pessoa.
A pessoa que transferir o domínio útil do imóvel terá que pagar algum valor para a União?
SIM. A legislação estabelece que a pessoa, antes de efetuar a transferência, deverá pagar
5% do valor do domínio útil à União. Assim, em nosso exemplo, João terá que recolher em
favor da União 5% do valor do domínio útil de sua casa pelo simples fato de ela estar
localizada em terreno de marinha.
Esse valor é chamado de laudêmio e seu pagamento está previsto no art. 3º do Decreto-Lei
n. 2.398/87:
Art. 3° Dependerá do prévio recolhimento do laudêmio, em quantia correspondente a 5%
(cinco por cento) do valor atualizado do domínio pleno e das benfeitorias, a transferência
onerosa, entre vivos, do domínio útil de terreno da União ou de direitos sobre benfeitorias
neles construídas, bem assim a cessão de direito a eles relativos.
Imaginemos que o estado-membro possui interesse no imóvel onde reside João. O estado-
membro poderá desapropriar esse bem?
NÃO. Isso porque a casa de João está localizado em terreno de marinha. Logo, trata-se de
bem da União.
DIREITO CIVIL
O titular do blog é responsável pelos danos causados por artigos de terceiro publicados em seu site
O titular de blog é responsável pela reparação dos danos morais decorrentes da inserção, em
seu site, por sua conta e risco, de artigo escrito por terceiro.
Comentários O STJ entende que o raciocínio que motivou a edição da Súmula 221 do STJ é aplicável em
relação a todas as formas de imprensa, alcançado, assim, também o serviço de informação
prestado por meio da internet.
Súmula 221-STJ: São civilmente responsáveis pelo ressarcimento de dano, decorrente de
publicação pela imprensa, tanto o autor do escrito quanto o proprietário do veículo de
divulgação.
Nesse contexto, cabe ao titular do blog exercer o controle editorial das matérias a serem
postadas, de modo a evitar a propagação de opiniões pessoais que contenham ofensivos à
dignidade pessoal e profissional de outras pessoas.
Processo STJ. 3ª Turma. REsp 1.381.610-RS, Rel. Min. Nancy Andrighi, julgado em 3/9/2013.
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Em outros julgados, fala-se que a chance perdida deve ser REAL e SÉRIA, que proporcione
ao lesado efetivas condições pessoais de concorrer à situação futura esperada.
(AgRg no REsp 1220911/RS, Segunda Turma, julgado em 17/03/2011)
DIREITO DO CONSUMIDOR
Direito de arrependimento: ônus de pagar as despesas postais é do fornecedor
Se o consumidor comprar algum produto ou serviço por telefone, pela TV ou internet e, quando
for usar, perceber que não gostou, ele tem direito de devolver, recebendo de volta o que pagou.
A isso se dá o nome de direito de arrependimento (art. 49 do CDC).
Se o consumidor exercitar o direito de arrependimento, os valores eventualmente pagos, a
qualquer título, durante o prazo de reflexão, serão devolvidos, de imediato, monetariamente
atualizados (parágrafo único do art. 49 do CDC).
O ônus de arcar com as despesas postais decorrentes do exercício do direito de
arrependimento é do fornecedor e não pode ser repassado ao consumidor, mesmo que o
contrato assim preveja.
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Comentários Se o consumidor comprar algum produto ou serviço por telefone, pela TV ou internet e,
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quando for usar, perceber que não gostou, ele tem direito de devolver, recebendo de volta o
que pagou?
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SIM. Trata-se do chamado “direito de arrependimento”, que está previsto no art. 49 do CDC:
Art. 49. O consumidor pode desistir do contrato, no prazo de 7 (sete) dias a contar de sua
assinatura ou do ato de recebimento do produto ou serviço, sempre que a contratação de
fornecimento de produtos e serviços ocorrer fora do estabelecimento comercial,
especialmente por telefone ou a domicílio.
Existe um prazo máximo para que o consumidor possa exercer esse direito?
SIM. O consumidor poderá desistir do negócio em um prazo de até 7 dias, que são
contados:
da assinatura do contrato; ou
do ato de recebimento do produto ou serviço
É necessário que o consumidor justifique o motivo pelo qual não quer mais o bem ou
serviço?
NÃO. O direito de arrependimento pode ser exercido de forma absolutamente imotivada,
ou seja, o consumidor não precisa dizer os motivos pelos quais quer devolver o produto ou
serviço, não sendo possível que o fornecedor exija isso para que faça o reembolso.
Pouco importa também se o produto ou serviço não apresenta nenhum vício.
Assim, o produto ou serviço poderá ser devolvido mesmo que esteja funcionando
perfeitamente.
O fornecedor poderá inserir uma cláusula no contrato afirmando que o consumidor não terá
direito de arrependimento?
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NÃO. Eventual cláusula nesse sentido é considerada abusiva, sendo nula de pleno direito,
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Art. 51. São nulas de pleno direito, entre outras, as cláusulas contratuais relativas ao
fornecimento de produtos e serviços que:
I - impossibilitem, exonerem ou atenuem a responsabilidade do fornecedor por vícios de
qualquer natureza dos produtos e serviços ou impliquem renúncia ou disposição de
direitos. Nas relações de consumo entre o fornecedor e o consumidor pessoa jurídica, a
indenização poderá ser limitada, em situações justificáveis;
II - subtraiam ao consumidor a opção de reembolso da quantia já paga, nos casos previstos
neste Código;
Quem deverá arcar com as despesas de transporte para devolução da mercadoria à loja?
O fornecedor.
manifestação de arrependimento.
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Polêmicas envolvendo o direito de arrependimento
Existe uma polêmica envolvendo o direito de arrependimento no caso de bens consumíveis
ou, então, de produtos e serviços cujo uso possa ser feito normalmente nos 7 dias e, após
isso, não haja mais interesse econômico do consumidor em permanecer com a mercadoria.
Nesses casos, muitos fornecedores defendem que não deveria ser permitido o exercício do
direito de arrependimento.
Como exemplo, podemos citar um consumidor que compre um curso on line, assista
durante os 7 dias e, depois, simplesmente queira devolvê-lo afirmando que não gostou.
Outra situação é a do consumidor que compra um e-book, faz a leitura no período de
reflexão e, então, postula a sua devolução.
Nessas hipóteses, alguns fornecedores têm criado embaraço para que o consumidor exerça
seu direito de arrependimento.
Ainda não há um posicionamento do STJ sobre esse ponto específico.
Os órgãos de defesa do consumidor afirmam que, a princípio, mesmo em tais situações é
possível o exercício do direito de arrependimento, considerando que a lei não fez restrições.
No entanto, a depender do caso concreto, vem ganhando força o entendimento de que
seria possível negar o exercício desse direito se ficar comprovado um manifesto abuso por
parte do consumidor, o que violaria o princípio da boa-fé objetiva. Há algumas decisões de
Tribunais de Justiça sustentando essa posição.
Seria interessante que fosse editada uma regulamentação mais detalhada sobre esse
direito, assim como já ocorre em alguns países e também na União Europeia (Diretiva
97/7/CE do Parlamento Europeu).
O direito de arrependimento é igual à “venda a contento” (ad gustum) ou, então, à “venda
sujeita a prova”, previstas, respectivamente, nos arts. 509 e 510 do CC?
NÃO.
Processo STJ. 2ª Turma. REsp 1.340.604-RJ, Rel. Min. Mauro Campbell Marques, julgado em 15/8/2013.
desabonador, haja vista que as informações constantes em bancos de dados públicos acerca da
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Comentários Se o consumidor está inadimplente, o fornecedor poderá incluí-lo em cadastros de proteção
ao crédito (exs: SPC e SERASA)? SIM.
O credor (fornecedor) deverá também pagar indenização por danos morais pelo fato do
consumidor ter sido negativado sem notificação prévia?
NÃO. O credor não é parte legítima para figurar no polo passivo de ação de indenização por
danos morais decorrentes da inscrição em cadastros de inadimplentes sem prévia
comunicação.
A responsabilidade pela inclusão do nome do devedor no cadastro incumbe à entidade que
o mantém, e não ao credor, que apenas informa a existência da dívida (STJ AgRg nos EDcl
no REsp 907.608/RS).
A situação será diferente se o consumidor for negativado por conta de uma dívida que não
existia realmente (dívida irregular). Nesse caso, o fornecedor é quem será responsabilizado.
Se não houve comunicação prévia, a indenização é devida mesmo que depois fique provado
que o débito realmente existe?
SIM. Para que se caracterize o dever da SERASA/SPC de indenizar, é suficiente a ausência de
prévia comunicação, mesmo quando existente a dívida que gerou a inscrição.
Para que haja a condenação em dano moral, é necessário que seja provado o prejuízo
sofrido pelo consumidor?
NÃO. A indenização por danos morais decorre da simples ausência de prévia notificação,
circunstância que se mostra suficiente à caracterização do dano moral. Não há necessidade
da prova do prejuízo sofrido. Trata-se de dano moral in re ipsa, no qual o prejuízo é
presumido.
Como é comprovada essa notificação prévia? Exige-se prova de que o consumidor tenha
efetivamente recebido a notificação?
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NÃO. Basta que seja provado que foi enviada uma correspondência ao endereço do
consumidor notificando-o quanto à inscrição de seu nome no respectivo cadastro, sendo
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Se o consumidor possui uma negativação anterior legítima e sofre uma nova anotação,
porém desta vez ele não é notificado previamente, este consumidor terá direito de ser
indenizado por causa desta segunda?
NÃO, ele terá direito apenas de pedir o cancelamento da segunda anotação feita sem
notificá-lo.
Súmula 385-STJ: Da anotação irregular em cadastro de proteção ao crédito, não cabe
indenização por dano moral quando preexistente legítima inscrição, ressalvado o direito ao
cancelamento.
Desse modo, conclui-se que a ausência de prévia comunicação ao consumidor da inscrição
do seu nome em cadastros de proteção ao crédito, prevista no art. 43, §2º do CDC, enseja o
direito à compensação por danos morais, salvo quando preexista inscrição desabonadora
regularmente realizada.
Se o devedor paga a dívida, a quem caberá informar o SPC ou a SERASA dessa situação para
que seja retirado o nome do devedor?
Cumpre ao CREDOR (e não ao devedor) providenciar o cancelamento da anotação negativa
do nome do devedor em cadastro de proteção ao crédito, quando paga a dívida.
Vale ressaltar que é, inclusive, crime, previsto no CDC, quando o fornecedor deixa de
comunicar o pagamento ao cadastro de proteção ao crédito:
Art. 73. Deixar de corrigir imediatamente informação sobre consumidor constante de
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cadastro, banco de dados, fichas ou registros que sabe ou deveria saber ser inexata:
Pena - Detenção de 1 (um) a 6 (seis) meses ou multa.
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Assim, uma vez regularizada a situação de inadimplência do consumidor, deverão ser
imediatamente corrigidos os dados constantes nos órgãos de proteção ao crédito (REsp
255.269/PR).
Qual é o prazo que tem o credor para retirar (dar baixa) do nome do devedor no cadastro
negativo?
O STJ sempre afirmou que o credor deveria fazer isso “imediatamente” ou “em breve
espaço de tempo”. No entanto, a Corte avançou em seu entendimento e estipulou um
prazo certo para que o devedor tome essa providência.
Desse modo, o STJ afirmou que, paga a dívida, o credor tem o prazo de 5 (cinco) dias úteis
para a retirada do nome do consumidor dos cadastros de proteção ao crédito.
(STJ. 3ª Turma, REsp 1.149.998-RS, Rel. Min. Nancy Andrighi, julgado em 7/8/2012)
O que acontece se o credor não retirar o nome do devedor do cadastro no prazo de 5 dias?
A manutenção do registro do nome do devedor em cadastro de inadimplentes após esse
prazo impõe ao credor o pagamento de indenização por dano moral, independentemente
de comprovação do abalo sofrido.
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comunicação ao consumidor da inscrição de seu nome em cadastros de proteção ao
crédito, prevista no art. 43, § 2º, do CDC, não dá ensejo à reparação de danos morais
quando oriunda de informações contidas em assentamentos provenientes de serviços
notariais e de registros, bem como de distribuição de processos judiciais, por serem de
domínio público. (...)
(STJ. 2ª Seção, Rcl 6.173/SP, Rel. Min. Raul Araújo, julgado em 29/02/2012)
O simples erro no valor inscrito da dívida gera dano moral (ex: a dívida era de 10 mil reais e
foi inscrita como sendo de 15 mil reais)?
NÃO. O STJ entende que o simples erro no valor inscrito da dívida, em órgão de proteção de
crédito, não tem o condão de causar dano moral ao devedor, haja vista que não é o valor do
débito que promove o dano moral ou o abalo de crédito, mas o registro indevido, que, no
caso, não ocorreu, uma vez que a dívida existe, foi reconhecida pelo autor e comprovada,
expressamente (REsp 831162/ES).
Processo STJ. 4ª Turma. REsp 1.124.709-TO, Rel. Min. Luis Felipe Salomão, julgado em 18/6/2013.
DIREITO EMPRESARIAL
Conceito
O cheque é...
- uma ordem de pagamento à vista
- que é dada pelo emitente do cheque
- em favor do indivíduo que consta como beneficiário no cheque (ou seu portador)
- ordem essa que deve ser cumprida por um banco
- que tem a obrigação de pagar a quantia escrita na cártula
- em razão de o emitente do cheque ter fundos (dinheiro) depositados naquela
instituição financeira.
“Trata-se de uma ordem de pagamento, na medida em que seu criador não promete
efetuar pessoalmente o pagamento, mas promete que terceiro irá efetuar esse pagamento.
Esse terceiro deverá ser um banco, no qual o criador do cheque deverá ter fundos
disponíveis. À luz desses fundos, o banco efetuará o pagamento das ordens que lhe forem
sendo apresentadas, vale dizer, o cheque se tornará exigível sempre no momento em que
for apresentado ao sacado (vencimento sempre à vista).” (TOMAZETTE, Marlon. Curso de
Direito Empresarial. Vol. 2. São Paulo: Atlas, 2011, p. 218).
Personagens
a) Emitente (sacador): aquele que dá a ordem de pagamento;
b) Sacado: aquele que recebe a ordem de pagamento (o banco);
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Natureza jurídica
Para a doutrina majoritária, trata-se de um título de crédito.
Legislação aplicável
O cheque é regido atualmente pela Lei n.º 7.357/85.
Se o beneficiário apresenta o cheque ao banco mesmo após esse prazo, haverá pagamento?
SIM, mesmo após o fim do prazo de apresentação, o cheque pode ser apresentado para
pagamento ao sacado, desde que não esteja prescrito.
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Cheque “pré-datado” (ou “pós-datado”)
Vimos acima que o cheque é uma ordem de pagamento à vista. Isso está, inclusive, previsto
na própria Lei do Cheque (Lei n.º 7.357/85):
Art. 32. O cheque é pagável à vista. Considera-se não-escrita qualquer menção em contrário.
Ocorre que há muitos anos, adotou-se outra prática, qual seja, a de se colocar uma data
futura no cheque, com o objetivo de proporcionar que o emitente tenha um prazo maior
para pagamento. Ex: no dia 16/05, Maria queria fazer uma escova no salão de cabeleireiro.
Ocorre que ainda não havia recebido seu salário. Por isso, combinou com a dona do salão
de “passar” um cheque com data de 04/06, momento no qual a sua remuneração já teria
sido depositada.
Se o banco pagar um cheque pós-datado antes da data prevista na cártula, pratica algum
ato ilícito?
NÃO. Ao contrário, como o cheque é, por força de lei, uma ordem de pagamento à vista, o
banco é obrigado, em regra, a pagá-lo.
O beneficiário que apresenta no banco o cheque pós-datado antes da data nele prevista,
pratica algum ato ilícito?
SIM. Como já explicado, o cheque pós-datado é um ajuste de vontades, um acordo entre
emitente e tomador. Logo, o beneficiário, ao descumprir esse pacto, pratica um ilícito
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contratual, podendo, portanto, ser condenado a indenizar o sacador por danos morais e
materiais. Esse é o entendimento do STJ:
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O cheque pós-datado amplia o prazo de apresentação? Ex: o cheque foi emitido dia 01/07,
mas ficou combinado que ele só seria apresentado dia 01/09. Em suma, no caso de cheque
pós-datado (pré-datado), a partir de quando é contado o prazo de apresentação?
NÃO. A pós-datação do cheque não modifica o prazo de apresentação nem o prazo de
prescrição do título.
Assim, mesmo em caso de cheque pós-datado, o prazo para apresentação deve ser contado
a partir da data da emissão, não importando o dia futuro combinado com o beneficiário.
Vale ressaltar, mais uma vez, que a pós-datação do cheque não interfere nem no prazo de
apresentação nem no prazo prescricional. Como explica André Luiz Santa Cruz:
“(...) em caso de cheque ‘pré-datado’ apresentado ao banco sacado precipitadamente,
deve-se proceder da seguinte maneira: considera-se iniciado o prazo de apresentação não a
partir da data constante do cheque – que, com certeza, designou uma data futura que foi
desrespeitada pelo tomador –, mas a partir da data em que o título foi efetivamente levado
ao banco para desconto; a partir desse dia, pois, contam-se 30 ou 60 dias, respectivamente,
conforme o cheque fosse da mesma praça ou de praças diferentes. Passados esses 30 ou 60
dias, inicia-se o prazo prescricional de 6 meses.” (Direito Empresarial esquematizado. 2ª ed.,
São Paulo: Método, 2012, p. 466).
Processo STJ. 4ª Turma. REsp 1.124.709-TO, Rel. Min. Luis Felipe Salomão, julgado em 18/6/2013.
É possível o protesto de cheque por endossatário terceiro de boa-fé mesmo que ele tenha sido
sustado pelo emitente
É possível o protesto de cheque, por endossatário terceiro de boa-fé, após o decurso do prazo
de apresentação, mas antes da expiração do prazo para ação cambial de execução, ainda que,
em momento anterior, o título tenha sido sustado pelo emitente em razão do inadimplemento
do negócio jurídico subjacente à emissão da cártula.
Comentários Imagine a seguinte situação adaptada:
Maria contratou João para fazer os móveis de sua casa.
Ficou combinado que Maria iria pagar 10 mil reais em 5 cheques pré-datados de 2 mil reais,
que deveriam ser descontados um em cada mês.
João não entregou os móveis e sumiu, razão pela qual Maria determinou ao banco a
sustação dos cheques (art. 36 da Lei n. 7.357/85).
Ocorre que, posteriormente, Maria foi surpreendida com o aviso de que os cheques que ela
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Pedro adquiriu, de boa-fé, os cheques de João por meio de endosso e, quando foi cobrá-los,
não conseguiu recebê-los, razão pela qual os levou a protesto.
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Pedro poderia ter levado os cheques a protesto?
SIM. O STJ decidiu que é possível o protesto de cheque, por endossatário terceiro de boa-fé,
após o decurso do prazo de apresentação, mas antes da expiração do prazo para ação
cambial de execução, ainda que, em momento anterior, o título tenha sido sustado pelo
emitente em razão do inadimplemento do negócio jurídico subjacente à emissão da cártula.
a) Literalidade: os direitos resultantes do título são válidos pelo que nele se contém,
mostrando-se ineficazes, do ponto de vista cambiário, escritos (como a quitação, o aval
e o endosso) que não estejam na própria cártula. Existe uma frase que espelha este
princípio: “O que não está escrito no título não existe no mundo cambiário”.
b) Autonomia: o possuidor de boa-fé exercita um direito próprio, que não pode ser
atrapalhado por conta de relações jurídicas anteriores entre o devedor e antigos
possuidores do título. Assim, o possuidor de boa-fé do título de crédito não tem nada a
ver com o fato de o título ter vícios ou defeitos anteriores. Se ele é o atual possuidor e
está de boa-fé, tem direito ao crédito (obs: existem algumas exceções ao princípio da
autonomia, que não interessam no momento).
c) Abstração: os títulos de crédito, quando circulam, ficam desvinculados da relação que lhe
deu origem. Ex: João comprou um notebook de Ricardo, entregando-lhe uma nota
promissória. Ricardo endossou a nota promissória para Rui. Ricardo acabou nunca levando
o computador para João. Rui (que estava de boa-fé) poderá cobrar de João o crédito
constante da nota promissória e o fato do contrato não ter sido cumprido não poderá ser
invocado para evitar que João pague o débito. Isso porque, como o título circulou, ele já não
tem mais nenhuma vinculação com o negócio jurídico que lhe deu origem.
Os princípios acima elencados têm por objetivo conferir segurança jurídica ao tráfego
comercial e à circulação do crédito. Se a pessoa que recebeu um título de crédito
(aparentemente válido) pudesse ficar sem o dinheiro por força de vícios anteriores ou por
conta de uma quitação que não consta na cártula, isso geraria um enorme risco ao
portador, o que desestimularia as pessoas a aceitarem títulos de crédito.
Processo STJ. 4ª Turma. REsp 1.124.709-TO, Rel. Min. Luis Felipe Salomão, julgado em 18/6/2013.
O julgador não pode estipular, como único critério para a concessão de assistência judiciária
gratuita, o recebimento de rendimentos líquidos em valor inferior a 10 salários mínimos, sem
considerar, antes do deferimento do benefício, provas que demonstrem a capacidade
financeira do requerente para arcar com as despesas do processo e com os honorários
advocatícios sem prejuízo próprio ou de sua família.
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Estado prestará assistência jurídica integral e gratuita aos que comprovarem insuficiência
de recursos.
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Esse dispositivo constitucional consagra duas garantias:
I – Assistência jurídica integral e gratuita II – Benefício da gratuidade judiciária
(assistência judiciária gratuita – AJG).
Fornecimento pelo Estado de orientação e Isenção das despesas que forem necessárias
defesa jurídica, de forma integral e para que a pessoa necessitada possa
gratuita, a ser prestada pela Defensoria defender seus interesses em um processo
Pública, em todos os graus, dos judicial.
necessitados (art. 134 da CF).
Regulada pela Lei Complementar 80/94. Regulada pela Lei n. 1.060/50.
A pessoa beneficiada pela justiça gratuita está dispensada do pagamento de quais verbas?
Art. 3º A assistência judiciária compreende as seguintes isenções:
I - das taxas judiciárias e dos selos;
II - dos emolumentos e custas devidos aos Juízes, órgãos do Ministério Público e
serventuários da justiça;
III - das despesas com as publicações indispensáveis no jornal encarregado da divulgação
dos atos oficiais;
IV - das indenizações devidas às testemunhas que, quando empregados, receberão do
empregador salário integral, como se em serviço estivessem, ressalvado o direito regressivo
contra o poder público federal, no Distrito Federal e nos Territórios; ou contra o poder
público estadual, nos Estados;
V - dos honorários de advogado e peritos.
VI – das despesas com a realização do exame de código genético – DNA que for requisitado
pela autoridade judiciária nas ações de investigação de paternidade ou maternidade.
VII – dos depósitos previstos em lei para interposição de recurso, ajuizamento de ação e
demais atos processuais inerentes ao exercício da ampla defesa e do contraditório.
Obs: a assistência judiciária não abrange a isenção do pagamento de multa por litigância de
má-fé (STJ RMS 15.600-SP).
INFORMATIVO esquematizado
Se a pessoa física faz essa declaração, há uma presunção relativa de que ela seja necessitada
Presume-se pobre, até prova em contrário, quem afirmar essa condição nos termos da lei,
sob pena de pagamento até o décuplo das custas judiciais (art. 4º, § 1º, da LAJ).
Não é necessário que a pessoa física junte nenhuma prova de que é necessitada, sendo
suficiente essa afirmação.
Para indeferir esse benefício, o juiz poderá criar critérios próprios, como, por exemplo, negar
a gratuidade para todas as pessoas que ganhem acima de determinado valor?
NÃO. Há violação dos arts. 2º e 4º da Lei n. 1.060/50, quando os critérios utilizados pelo
magistrado para deferir o benefício da assistência judiciária revestem-se de caráter
subjetivo, ou seja, criados pelo próprio julgador, tal como ocorreu no caso dos autos
(remuneração líquida inferior a dez salários mínimos), e pelos quais não se consegue inferir
se o pagamento pelo jurisdicionado das despesas com o processo e dos honorários irá ou
não prejudicar o seu sustento e o de sua família.
Nesse contexto, para a concessão da assistência judiciária gratuita, deve ser considerado o
binômio possibilidade-necessidade, com o fim de verificar se as condições econômicas-
financeiras do requerente permitem ou não que este arque com os dispêndios judiciais,
bem como para evitar que aquele que possui recursos venha a ser beneficiado,
desnaturando o instituto (AgRg no AREsp 239.341-PR, Rel. Min. Benedito Gonçalves, julgado
em 27/8/2013).
Processo STJ. 1ª Turma. AgRg no AREsp 239.341-PR, Rel. Min. Benedito Gonçalves, julgado em 27/8/2013.
Termo inicial dos juros e correção monetária no caso de condenação da Fazenda Pública
Caso a Fazenda Pública seja condenada a pagar verba ilíquida de natureza administrativa
(diferenças remuneratórias) a determinado servidor público, a partir de que momento inicia-se
a contagem da correção monetária e dos juros moratórios?
ATENÇÃO
a) Juros moratórios: desde a citação (art. 219 do CPC; art. 405 do CC);
b) Correção monetária: desde a data do efetivo prejuízo (súmula 43 do STJ), ou seja, dia em que
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caminho mais seguro, por enquanto, é adotar a posição que será analisada. Se houver
alteração no entendimento, você será avisado.
INFORMATIVO esquematizado
EC 62/2009
A EC 62/2009 alterou o art. 100 da CF/88 e o art. 97 do Ato das Disposições Constitucionais
Transitórias (ADCT) da CF/88 prevendo inúmeras mudanças no regime dos precatórios.
As modificações impostas pela EC 62/2009 dificultaram o recebimento dos precatórios
pelos credores e tornaram ainda mais vantajosa a situação da Fazenda Pública. Por esta
razão, a alteração ficou conhecida, jocosamente, como “Emenda do Calote”.
ADI
Foram propostas quatro ações diretas de inconstitucionalidade contra essa previsão (ADIs
4357/DF, 4425/DF, 4400/DF e 4372/DF), tendo elas sido julgadas parcialmente procedentes.
Assim, de acordo com o texto do § 12, quando a Fazenda Pública estivesse em débito
(atraso), a correção monetária e os juros de mora deveriam adotar os índices e percentuais
aplicáveis às cadernetas de poupança.
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Não. Há uma regra semelhante prevista no art. 1ºF da Lei n. 9.494/97. Veja:
Art. 1º-F. Nas condenações impostas à Fazenda Pública, independentemente de sua
INFORMATIVO esquematizado
natureza e para fins de atualização monetária, remuneração do capital e compensação da
mora, haverá a incidência uma única vez, até o efetivo pagamento, dos índices oficiais de
remuneração básica e juros aplicados à caderneta de poupança. (Redação dada pela Lei nº
11.960/2009)
Desse modo, o art. 1º F da Lei n. 9.494/97 (redação dada pela Lei n. 11.960/2009), afirma
que, em qualquer condenação imposta à Fazenda Pública, a correção monetária e os juros
de mora seriam iguais aos da poupança.
Por quê?
Para os Ministros, o índice oficial da poupança não consegue evitar a perda de poder
aquisitivo da moeda.
Esse índice é fixado ex ante, ou seja, previamente, a partir de critérios técnicos não
relacionados com a inflação considerada no período. Todo índice definido ex ante é incapaz
de refletir a real flutuação de preços apurada no período em referência.
Dessa maneira, como este índice (da poupança) não consegue manter o valor real da
condenação, ele afronta à garantia da coisa julgada, tendo em vista que o valor real do
crédito previsto na condenação judicial não será o valor que o credor irá receber
efetivamente quando o precatório for pago (este valor terá sido corroído pela inflação).
A finalidade da correção monetária consiste em deixar a parte na mesma situação
econômica que se encontrava antes. Nesse sentido, o direito à correção monetária é um
reflexo imediato da proteção da propriedade.
Vale ressaltar, ainda, que o Poder Público tem seus créditos corrigidos pela taxa SELIC, cujo
valor supera, em muito, o rendimento da poupança, o que reforça o argumento de que a
previsão do § 12 viola também a isonomia.
Em suma, a taxa básica de remuneração da poupança não mede, de forma adequada, a
inflação acumulada do período e, portanto, não pode servir de parâmetro para a correção
monetária.
Como vimos acima, o art. 1º-F. da Lei n. 9.494/97, com redação dada pelo art. 5º da Lei n.
11.960/2009, também prevê que, nas condenações impostas à Fazenda Pública, os índices a
Página
INFORMATIVO esquematizado
Logo, com a declaração de inconstitucionalidade do § 12 do art. 100 da CF, o STF também
declarou inconstitucional, por arrastamento (ou seja, por consequência lógica), o art. 5º da
Lei n. 11.960/2009, que deu a redação ao art. 1º-F. da Lei n. 9.494/97.
Interpretação dada pelo STJ à decisão do STF sobre o art. 1ºF da Lei n. 9.494/97:
A partir da decisão do STF, surgiram algumas dúvidas que não foram respondidas de forma
explícita pelo acórdão.
A principal polêmica surgida é a seguinte: quais os parâmetros de correção monetária e
juros moratórios que deverão ser agora adotados em caso de condenação da Fazenda
Pública?
O STF ainda não enfrentou esse questionamento. No entanto, a 1ª Seção do STJ já foi
chamada a se manifestar e assim interpretou a decisão do STF:
É o que acontece, por exemplo, quando a Fazenda Pública é condenada a pagar benefícios
previdenciários ou verbas a servidores públicos. Em tais situações, os juros moratórios serão
os da poupança.
O entendimento acima exposto foi decidido pela 1ª Seção do STJ no julgamento do REsp
Página
1270439/PR, Rel. Min. Castro Meira, julgado em 26/06/2013). Vale ressaltar que o STJ
INFORMATIVO esquematizado
tomou essa decisão no regime de recurso repetitivo e que esse aspecto do julgado não foi
divulgado em nenhum informativo. Muita atenção com o tema!
Termo Caso a Fazenda Pública seja condenada a pagar verba ilíquida de natureza administrativa
inicial (diferenças remuneratórias) a determinado servidor público, a partir de que momento inicia-
se a contagem da correção monetária e dos juros moratórios?
a) Juros moratórios: desde a citação (art. 219 do CPC; art. 405 do CC);
b) Correção monetária: desde a data do efetivo prejuízo (súmula 43 do STJ), ou seja, dia
em que teria que ter sido realizado o pagamento e não foi.
Processo STJ. 1ª Seção. REsp 1.356.120-RS, Rel. Min. Castro Meira, julgado em 14/8/2013.
No reexame necessário, o Tribunal não pode modificar a sentença para conceder benefício mais
vantajoso ao segurado (Súmula 45-STJ)
O Tribunal, ao julgar remessa necessária, não poderá conceder benefício previdenciário mais
vantajoso ao segurado do que aquele que foi conferido pela sentença. Ex: sentença julgou
procedente o auxílio-doença; Tribunal não pode conceder aposentadoria por invalidez.
Aplica-se, no caso, a súmula 45 do STJ: No reexame necessário, é defeso, ao Tribunal, agravar a
condenação imposta à Fazenda Pública.
Comentários Situação 1
João ajuíza uma ação contra o INSS pedindo a concessão de seu auxílio-doença, alegando
que possui uma incapacidade total, mas temporária, para o exercício de suas funções.
Durante a instrução, a perícia conclui que o segurado possui uma incapacidade total e
permanente. Logo, João não faz jus ao auxílio-doença e sim à aposentadoria por invalidez
(esta última, benefício que ele não pediu, nem mesmo subsidiariamente). Vale ressaltar que
a aposentadoria é mais vantajosa ao segurado do que o auxílio-doença.
Diante disso, o juiz poderá conceder a aposentadoria por invalidez, mesmo que o autor, na
petição inicial, tenha requerido somente o auxílio-doença?
SIM. Segundo entende o STJ, o juiz pode conceder ao autor benefício previdenciário diverso
do requerido na inicial, desde que preenchidos os requisitos legais atinentes ao benefício
concedido. Isso porque, tratando-se de matéria previdenciária, deve-se proceder, de forma
menos rígida, à análise do pedido. Assim, nesse contexto, a decisão proferida não pode ser
considerada como extra petita ou ultra petita (2ª Turma. AgRg no REsp 1.367.825-RS, Rel.
Min. Humberto Martins, julgado em 18/4/2013).
Situação 2
João ajuíza uma ação contra o INSS pedindo a concessão de seu auxílio-doença, alegando
que possui uma incapacidade total, mas temporária, para o exercício de suas funções.
Durante a instrução, a perícia conclui que o segurado possui uma incapacidade total e
permanente. Logo, João não faz jus ao auxílio-doença e sim à aposentadoria por invalidez
(esta última, benefício que ele não pediu, nem mesmo subsidiariamente).
Na sentença (que tramitou sob o procedimento ordinário – não era JEF), o juiz concede o
auxílio-doença (requerido pelo autor) e nada fala sobre a aposentadoria por invalidez.
Nem João nem o INSS recorrem contra a decisão.
Ocorre que a presente sentença estava sujeita a reexame necessário, nos termos do art.
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475, I, do CPC:
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Art. 475. Está sujeita ao duplo grau de jurisdição, não produzindo efeito senão depois de
confirmada pelo tribunal, a sentença:
INFORMATIVO esquematizado
I – proferida contra a União, o Estado, o Distrito Federal, o Município, e as respectivas
autarquias e fundações de direito público;
Logo, o juiz, mesmo sem recurso das partes, remeteu o processo ao TRF para que a
sentença fosse examinada pelo Tribunal em remessa necessária.
O STJ reafirmou que o juiz pode conceder ao autor benefício previdenciário diverso do
requerido na petição inicial, desde que preenchidos os requisitos legais atinentes ao
benefício concedido, sem que isso configure julgamento extra petita ou ultra petita. Esse
entendimento, ressalte-se, leva em consideração os fins sociais das normas previdenciárias,
bem como a hipossuficiência do segurado.
Em outras palavras, a remessa necessária existe para garantir a maior segurança possível à
Fazenda Pública, livrando-a de condenação indevida. Portanto, o reexame obrigatório tem
por finalidade proteger a União, o Estado, o Distrito Federal, o Município, e as respectivas
autarquias e fundações de direito público contra eventual desacerto da sentença avessa a
seus interesses. Logo, não é possível, no reexame necessário, piorar a situação da Fazenda
Pública.
Processo STJ. 1ª Turma. REsp 1.379.494-MG, Rel. Min. Sérgio Kukina, julgado em 13/8/2013.
Art. 515, § 3º do CPC: pode ser aplicado se a questão for de direito e de fato, mas não houver
necessidade de se produzirem provas
O § 3º do art. 515 do CPC prevê a chamada “teoria da causa madura”, nos seguintes termos:
§ 3º Nos casos de extinção do processo sem julgamento do mérito (art. 267), o tribunal pode
julgar desde logo a lide, se a causa versar questão exclusivamente de direito e estiver em
condições de imediato julgamento.
A redação literal do § 3º exige que a causa verse sobre questão exclusivamente de direito. No
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entanto, o STJ amplia esta possibilidade e afirma que o mencionado dispositivo deve ser
interpretado em conjunto com o art. 330, I, o qual permite ao magistrado julgar
Página
antecipadamente a lide se esta versar unicamente sobre questões de direito ou, “sendo de
direito e de fato, não houver necessidade de produzir prova em audiência”.
INFORMATIVO esquematizado
Logo, no exame de apelação interposta contra sentença que tenha julgado o processo sem
resolução de mérito, o Tribunal pode julgar desde logo a lide, mediante a aplicação do
procedimento previsto no art. 515, § 3º, do CPC, na hipótese em que não houver necessidade de
produção de provas (causa madura), ainda que, para a análise do recurso, seja inevitável a
apreciação do acervo probatório contido nos autos.
Comentários O § 3º do art. 515 do CPC estabelece o seguinte:
§ 3º Nos casos de extinção do processo sem julgamento do mérito (art. 267), o tribunal
pode julgar desde logo a lide, se a causa versar questão exclusivamente de direito e estiver
em condições de imediato julgamento.
Esse dispositivo permite que o TJ ou o TRF, ao julgar a apelação interposta contra sentença
terminativa, julgue ele próprio (o Tribunal) o mérito da ação caso entenda que o juiz não
deveria ter extinguido o processo sem resolução do mérito.
Ex: “A” ajuíza uma ação contra “B” e o magistrado profere sentença extinguindo o processo
sem resolução do mérito, por entender que o autor seria parte ilegítima (art. 267, VI, do
CPC). “A” interpõe apelação ao TJ. O Tribunal analisa o recurso e entende que “A” é sim
parte legítima, ou seja, não havia razão jurídica para o magistrado ter extinguido o processo
sem examinar o mérito. Ao invés de mandar o processo de volta à 1ª instância para analisar
o mérito, o próprio TJ poderá julgar o mérito da demanda. Para isso, no entanto, o § 3º do
art. 515 afirma que a causa tem que versar exclusivamente sobre matéria de direito e deve
estar em condições de imediato julgamento.
INFORMATIVO esquematizado
Vale mencionar que o tema é polêmico e que a doutrina
critica esta posição, afirmando que a regra deste § 3º
pode ser aplicada, por analogia, a outros recursos, como
é o caso do recurso ordinário (há decisões da 1ª Turma
do STJ neste sentido).
Cuidado: a redação literal do § 3º exige que a causa
verse sobre questão exclusivamente de direito. No
entanto, o STJ amplia essa possibilidade e afirma que o
mencionado dispositivo deve ser interpretado em
conjunto com o art. 330, I, o qual permite ao magistrado
julgar antecipadamente a lide se esta versar unicamente
sobre questões de direito ou, "sendo de direito e de fato,
não houver necessidade de produzir prova em
audiência". Veja:
c) A causa em análise deve
“A regra do art. 515, § 3º, do CPC deve ser interpretada
tratar sobre questão
em consonância com a preconizada pelo art. 330, I, do
exclusivamente de direito
CPC, razão pela qual, ainda que a questão seja de direito
(poderá também ser aplicada
e de fato, não havendo necessidade de produzir prova
se a questão for de direito e
(causa madura), poderá o Tribunal julgar desde logo a
de fato, mas não houver
lide, no exame da apelação interposta contra a sentença
necessidade de se
que julgara extinto o processo sem resolução de
produzirem provas).
mérito.” (EREsp 874.507/SC, Rel. Min. Arnaldo Esteves
Lima, Corte Especial, julgado em 19/06/2013)
Para que se aplique o § 3º do art. 515, é necessário que a parte recorrente tenha requerido
expressamente essa providência quando interpôs o recurso ou o Tribunal poderá aplicar a
teoria da causa madura de ofício?
A regra prevista no § 3º do art. 515 do CPC pode ser aplicada de ofício pelo Tribunal, ou
seja, mesmo que o recorrente não tenha requerido essa providência em seu recurso.
Assim, conforme a jurisprudência do STJ, ainda que não exista pedido expresso da parte
recorrente, afastada a extinção do processo sem exame do mérito, pode o Tribunal, de
imediato, julgar o feito, aplicando-se a teoria da causa madura, nos termos do art. 515, § 3º,
do CPC (AgRg no AREsp 93.707/SP, Min. Sidnei Beneti, 3ª Turma, julgado em 05/02/2013).
Processo STJ. Corte Especial. EREsp 874.507-SC, Rel. Min. Arnaldo Esteves Lima, julgado em 19/6/2013.
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INFORMATIVO esquematizado
Não cabe a sucessão de partes em processo de MS
Mesmo que o mandado de segurança já tenha sido julgado em outras instâncias e que
esteja apenas aguardando o julgamento de recurso extraordinário, caso o impetrante
morra, o recurso extraordinário não terá seu mérito apreciado e será extinto sem resolução
do mérito.
Vale ressaltar que os herdeiros poderão pleitear o direito que eventualmente possuam por
meio das vias ordinárias, ou seja, mediante o ajuizamento de uma ação ordinária. O que
não podem é continuar o mandado de segurança impetrado pelo falecido.
Processo STJ. 3ª Seção. EDcl no MS 11.581-DF, Rel. Min. Og Fernandes, julgado em 26/6/2013.
MP tem legitimidade para ajuizar ACP a fim de garantir acesso a critérios de correção de provas
de concurso público
O Ministério Público tem legitimidade para ajuizar ação civil pública com o objetivo de
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DIREITO PENAL
Apropriação indébita previdenciária dispensa dolo específico (animus rem sibi habendi)
Para a caracterização do crime de apropriação indébita de contribuição previdenciária (art.
168-A do CP), não há necessidade de comprovação de dolo específico.
Trata-se de crime omissivo próprio, que se perfaz com a mera omissão de recolhimento de
contribuição previdenciária no prazo e na forma legais.
Desnecessária, portanto, a demonstração do animus rem sibi habendi, bem como a
comprovação do especial fim de fraudar a Previdência Social.
Comentários
APROPRIAÇÃO INDÉBITA PREVIDENCIÁRIA (art. 168-A do Código Penal)
Na apropriação indébita comum (art. 168 do CP), além do dolo, exige-se um elemento
subjetivo especial (“dolo específico”), que consiste na intenção do agente de não mais
devolver a coisa ao seu proprietário.
Assim, na apropriação indébita comum, exige-se “dolo + elemento subjetivo especial”
(intenção de não mais devolver).
No direito, quando alguém age com a intenção de ter a coisa para si, dizemos que essa
pessoa possui animus rem sibi habendi.
Logo, na apropriação indébita comum só existe crime se ficar provado o dolo + animus rem
sibi habendi.
Para que se configure a apropriação indébita previdenciária, exige-se que fique provado que
o sujeito queria ficar com o dinheiro das contribuições previdenciárias para si? Dito de outro
modo, exige-se animus rem sibi habendi? Uma terceira forma de perguntar a mesma coisa,
exige-se “dolo específico” (elemento subjetivo especial)?
NÃO. É pacífico no STF e STJ que, para a caracterização do crime de apropriação indébita de
contribuição previdenciária (art. 168-A do CP), não há necessidade de comprovação do
“dolo específico” de se apropriar de valores destinados à previdência social. Não se exige
animus rem sibi habendi (STJ. 6ª Turma. AgRg no Ag 1.083.417-SP, Rel. Min. Og Fernandes,
julgado em 25/6/2013).
O art. 168-A do CP é um tipo penal congruente, ou seja, que não possui “dolo específico”.
Para maiores informações sobre esse crime, veja a apostila publicada no site
(http://www.dizerodireito.com.br/2013/10/apropriacao-indebita-previdenciaria.html).
Página
Processo STJ. 3ª Seção. EREsp 1.296.631-RN, Rel. Min. Laurita Vaz, julgado em 11/9/2013.
INFORMATIVO esquematizado
Factoring que empresta dinheiro utilizando recursos de terceiros pratica o crime do art. 16 da Lei
n. 7.492/86, de competência da Justiça Federal
Compete à Justiça Federal processar e julgar a conduta daquele que, por meio de pessoa
jurídica instituída para a prestação de serviço de factoring, realiza, sem autorização legal, a
captação, intermediação e aplicação de recursos financeiros de terceiros, sob a promessa de
que estes receberiam, em contrapartida, rendimentos superiores aos aplicados no mercado.
Isso porque a referida conduta se subsume, em princípio, ao tipo do art. 16 da Lei 7.492/1986
(Lei dos Crimes contra o Sistema Financeiro Nacional), consistente em fazer “operar, sem a
devida autorização, ou com autorização obtida mediante declaração falsa, instituição
financeira, inclusive de distribuição de valores mobiliários ou de câmbio”.
Ademais, nessa hipótese, apesar de o delito haver sido praticado por meio de pessoa jurídica
criada para a realização de atividade de factoring, deve-se considerar ter esta operado como
verdadeira instituição financeira, justificando-se, assim, a fixação da competência na Justiça
Federal.
Comentários CRIMES CONTRA O SISTEMA FINANCEIRO NACIONAL
Instituição financeira
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A Lei n. 7.492/86, antes de tratar sobre os crimes, logo em seu art. 1º, define em que
consiste uma instituição financeira para os efeitos penais.
Página
A Lei conceitua, no caput do art. 1º, o que é instituição financeira e também apresenta
entidades que devem ser a ela equiparadas (parágrafo único).
INFORMATIVO esquematizado
Art. 1º Considera-se instituição financeira, para efeito desta lei, a pessoa jurídica de direito
público ou privado, que tenha como atividade principal ou acessória, cumulativamente ou
não, a captação, intermediação ou aplicação de recursos financeiros de terceiros, em
moeda nacional ou estrangeira, ou a custódia, emissão, distribuição, negociação,
intermediação ou administração de valores mobiliários.
Parágrafo único. Equipara-se à instituição financeira:
I - a pessoa jurídica que capte ou administre seguros, câmbio, consórcio, capitalização ou
qualquer tipo de poupança, ou recursos de terceiros;
II - a pessoa natural que exerça quaisquer das atividades referidas neste artigo, ainda que
de forma eventual.
Factoring
As empresas de factoring são consideradas instituições financeiras?
Página
NÃO. A factoring não faz a captação de dinheiro de terceiros, como acontece com os
bancos. A empresa de factoring utiliza recursos próprios em suas atividades.
INFORMATIVO esquematizado
Logo, a factoring não integra o Sistema Financeiro Nacional nem necessita de autorização
do Banco Central para funcionar. Nesse sentido: CC 98.062/SP, Rel. Min. Jorge Mussi,
Terceira Seção, julgado em 25/08/2010.
Resumo:
I – a captação, intermediação ou aplicação de
Instituição financeira em recursos financeiros de terceiros;
SENTIDO PRÓPRIO
é a pessoa jurídica (de direito privado
ou público) que realiza, como atividade II – a custódia, emissão, distribuição,
principal ou acessória negociação, intermediação ou administração
de valores mobiliários.
Vamos estudar agora o art. 16 da Lei n. 7.492/86, que traz o delito de fazer operar
instituição financeira sem a devida autorização ou obtida com declaração falsa.
Art. 16. Fazer operar, sem a devida autorização, ou com autorização obtida mediante
declaração (Vetado) falsa, instituição financeira, inclusive de distribuição de valores
mobiliários ou de câmbio:
Pena - Reclusão, de 1 (um) a 4 (quatro) anos, e multa.
Para que uma instituição financeira seja criada e funcione é necessária autorização?
SIM. Uma instituição financeira é uma atividade econômica que, se conduzida de forma
inadequada, pode gerar gravíssimos prejuízos a terceiros e à economia do país. Como
exemplo, basta recordar os inúmeros problemas que ocorreram em razão da liquidação dos
Bancos Econômico, Nacional e Bamerindus, na década de 90. Além disso, se não houver
uma intensa fiscalização, a atividade bancária pode servir como instrumento para a prática
de delitos, como a lavagem de dinheiro e a evasão de divisas.
Por essas razões, a Lei n. 4.595/64 afirma que as instituições financeiras somente poderão
funcionar no País com a prévia autorização do Banco Central. Se forem estrangeiras, será
necessário ainda um decreto do Poder Executivo (art. 18).
31
Sujeito ativo: pode ser praticado por qualquer pessoa (crime comum).
Página
INFORMATIVO esquematizado
Distribuição de valores mobiliários ou de câmbio:
O art. 16 afirma que também está incluída no conceito de instituição financeira a atividade
de “distribuição de valores mobiliários ou de câmbio”. Essa menção era desnecessária, uma
vez que o inciso I do parágrafo único do art. 1º da Lei já havia feito essa equiparação.
Consórcios: como vimos nos comentários ao parágrafo único do art. 1º da Lei, quem
desempenha a atividade de “consórcio” é equiparado à instituição financeira. Justamente
por isso, o STF entende que a pessoa que faz funcionar consórcio sem autorização legal
pratica o delito do art. 16:
De acordo com os artigos 1º, parágrafo único e inciso I, e 16 da Lei nº 7.492, de 16 de junho
de 1986, consubstanciam crimes contra o Sistema Financeiro Nacional a formação e o
funcionamento de consórcio à margem de balizamento legal, de instrução do Banco Central
do Brasil. (...)
(RHC 84182, Rel. Min. Marco Aurélio, Primeira Turma, julgado em 24/08/2004)
Tentativa: é possível.
Factoring
Se o dono/administrador da factoring utiliza a empresa para emprestar dinheiro, pratica
esse crime?
Como vimos acima, a factoring não é uma instituição financeira, considerando que não
pode fazer a captação de dinheiro de terceiros, como acontece com os bancos. Além disso,
a factoring não pode emprestar dinheiro. O que a factoring pode fazer é “comprar” títulos
de crédito que ainda irão vencer, fazendo com que a empresa aumente seu capital de giro.
Desse modo, repito: a factoring não pode fazer empréstimos.
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factoring realiza, de forma ilegal, empréstimos, ela o faz utilizando recursos próprios. O art.
INFORMATIVO esquematizado
1º da Lei n. 7.492/86 afirma que somente pode ser considerada instituição financeira
quem capta, intermedia ou aplica recursos financeiros de terceiros. Logo, a factoring,
quando empresta recursos próprios para terceiros não atua como instituição financeira
segundo a definição do art. 1º.
(...) As empresas popularmente conhecidas como factoring desempenham atividades de
fomento mercantil, de cunho meramente comercial, em que se ajusta a compra de créditos
vencíveis, mediante preço certo e ajustado, e com recursos próprios, não podendo ser
caracterizadas como instituições financeiras.
3. In casu, comprovando-se a abusividade dos juros cobrados nas operações de
empréstimo, configura-se o crime de usura, previsto no art. 4°, da Lei n° 1.521/51, cuja
competência para julgamento é da Justiça Estadual. (...)
(CC 98062/SP, Rel. Min. Jorge Mussi, Terceira Seção, julgado em 25/08/2010)
Agiota
O chamado “agiota” pratica o delito do art. 16?
Em regra não. O agiota é aquela pessoa que empresta dinheiro seu a outras pessoas,
cobrando juros e multa superiores aos que são legalmente permitidos. Segundo o
entendimento majoritário, o agiota não pode ser equiparado a instituição financeira em
razão de emprestar recursos financeiros próprios (e não de terceiros).
Logo, o agiota responde pelo delito do art. 4º da Lei n. 1.521/51 (Lei de Economia Popular),
delito de competência da Justiça Estadual, e não pelo art. 16 da Lei n. 7.492/86.
(...) Na hipótese em que se cuida de empréstimos a juros, com valores próprios e não
captados de terceiros, há, em tese, delito de usura e, não, contra o Sistema Financeiro.
(CC 99305/PR, Min. Maria Thereza De Assis Moura, Terceira Seção, julgado em 11/02/2009)
Art. 27-E. Atuar, ainda que a título gratuito, no mercado de valores mobiliários, como
instituição integrante do sistema de distribuição, administrador de carteira coletiva ou
INFORMATIVO esquematizado
individual, agente autônomo de investimento, auditor independente, analista de valores
mobiliários, agente fiduciário ou exercer qualquer cargo, profissão, atividade ou função,
sem estar, para esse fim, autorizado ou registrado junto à autoridade administrativa
competente, quando exigido por lei ou regulamento:
Pena – detenção de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos, e multa. (Incluído pela Lei 10.303/2001)
Diante disso, indaga-se: o crime do art. 16 da Lei n. 7.492/86 foi revogado pelo delito do
art. 27-E da Lei n.º 6.404/76 (Incluído pela Lei 10.303/2001)?
Não. Segundo decidiu o STF, não houve revogação, uma vez que a objetividade jurídica dos
tipos penais é distinta e há elementos da estrutura dos dois tipos que também não se
confundem. O bem jurídico tutelado pela Lei n. 7.492/86 é a higidez do Sistema Financeiro
Nacional, considerando-se instituição financeira aquela que tenha por atividade principal a
captação, intermediação ou aplicação de recursos financeiros de terceiros. A seu turno, a
Lei 10.303/2001 protege a integridade do mercado de valores mobiliários (HC 94955/SP, rel.
Min. Ellen Gracie, 21.10.2008).
Desse modo, o crime do art. 27-E da Lei n.º 6.404/76 é específico em relação ao do art. 16.
COMPETÊNCIA
De quem é a competência para julgar os crimes contra o sistema financeiro nacional?
Compete à Justiça Federal julgar os crimes contra o sistema financeiro nacional, previstos
na Lei n. 7.492/86.
O inciso VI afirma que os crimes contra o sistema financeiro e contra a ordem econômico-
financeira somente serão de competência da Justiça Federal nos casos determinados por
lei. Em outras palavras, nem todos os crimes contra o sistema financeiro e contra a ordem
econômico-financeira serão de competência da Justiça Federal, mas apenas nas hipóteses
em que lei assim determinar.
Os crimes contra o sistema financeiro estão previstos na Lei n. 7.492/86 e são julgados pela
Justiça Federal por expressa previsão legal. Isso porque o art. 26 da lei n. 7.492/86
estabelece:
Art. 26. A ação penal, nos crimes previstos nesta lei, será promovida pelo Ministério Público
Federal, perante a Justiça Federal.
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DIREITO PROCESSUAL PENAL
Vara da infância e juventude pode julgar estupro de vulnerável se previsto na lei estadual?
Lei estadual poderá determinar que o crime de estupro de vulnerável (art. 217-A do CP) seja
julgado pela vara da infância e juventude (art. 145 do ECA), mesmo não tendo o art. 148 do ECA
previsto competência criminal para essa vara especializada?
1ª corrente: SIM. Decisões da 1ª Turma do STF e 5ª Turma do STJ.
2ª corrente: NÃO. Decisão da 6ª Turma do STJ.
A Lei de organização judiciária possui uma relativa liberdade para disciplinar a competência
de cada juízo e vara. Assim, por exemplo, o Código de organização judiciária poderá prever
varas especializadas em crimes contra a ordem tributária, em crimes organizados, em
crimes de trânsito etc.
criança ou adolescente;
VII - conhecer de casos encaminhados pelo Conselho Tutelar, aplicando as medidas cabíveis.
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Parágrafo único. Quando se tratar de criança ou adolescente nas hipóteses do art. 98, é
também competente a Justiça da Infância e da Juventude para o fim de:
a) conhecer de pedidos de guarda e tutela;
b) conhecer de ações de destituição do poder familiar, perda ou modificação da tutela ou
guarda;
c) suprir a capacidade ou o consentimento para o casamento;
d) conhecer de pedidos baseados em discordância paterna ou materna, em relação ao
exercício do poder familiar;
e) conceder a emancipação, nos termos da lei civil, quando faltarem os pais;
f) designar curador especial em casos de apresentação de queixa ou representação, ou de
outros procedimentos judiciais ou extrajudiciais em que haja interesses de criança ou
adolescente;
g) conhecer de ações de alimentos;
h) determinar o cancelamento, a retificação e o suprimento dos registros de nascimento e
óbito.
Os arts. 145 e 148 do ECA são inconstitucionais por violarem a competência dos Estados
para legislarem sobre a organização judiciária (art. 125, § 1º, da CF/88)?
NÃO. Isso porque o art. 145 do ECA não impôs uma obrigação aos Estados de que criassem
juizados da infância e juventude, estabelecendo apenas uma faculdade.
Assim, o art. 145 não cria varas judiciais, não define limites de comarcas nem estabelece um
número de magistrados a serem alocados nos Juizados da Infância e Juventude. Estes temas
seriam concernentes às peculiaridades e circunstâncias locais.
O mencionado artigo apenas faculta a criação dessas varas especializadas e o art. 148 do
ECA prevê as competências que tais juizados terão caso sejam criados.
Não há qualquer problema no fato de a lei federal sugerir aos Tribunais estaduais a criação
de órgãos jurisdicionais especializados. Vale ressaltar que, recentemente, o STF afirmou que
isso é constitucional, ao julgar válida a previsão do art. 33 da Lei Maria da Penha, que
autoriza os Estados a criarem Juizados de Violência Doméstica e Familiar contra a Mulher
(Plenário. ADC 19/DF, rel. Min. Marco Aurélio, 9/2/2012).
são autorizados pelo art. 125, § 1º da diploma restringiu, no seu art. 148, quais
INFORMATIVO esquematizado
CF/88 a distribuir as competências entre as matérias podem ser abrangidas por essas
diversas varas. varas. Neste dispositivo, não há previsão
de competência para julgamento de feitos
criminais na hipótese de vítimas crianças
ou adolescentes. Dessa forma, não é
possível a ampliação do rol de competência
do juizado da infância e da juventude por
meio de lei estadual, de modo a modificar
o juízo natural da causa.” RHC 37.603-RS,
Rel. Min. Assusete Magalhães, DJe
16/10/2013.
O tema ainda não é pacífico e será necessário aguardar mais um pouco para se ter plena
certeza da posição do STJ.
Processo STJ.
5ª Turma. HC 219.218/RS, Rel. Min. Laurita Vaz, julgado em 17/09/2013.
6ª Turma. RHC 37.603-RS, Rel. Min. Assusete Magalhães, DJe 16/10/2013.
A previsão da indenização contida no inciso IV do art. 387 surgiu com a Lei n. 11.719/2008. Se o crime
ocorreu antes da Lei e foi sentenciado após a sua vigência, pode ser aplicado o dispositivo e fixado o valor
mínimo de reparação dos danos?
1ª corrente: SIM 2ª corrente: NÃO
Trata-se de norma de direito processual. Assim, Trata-se de norma híbrida (de direito material e
ainda que o processo tenha se iniciado antes da processual) e, por ser mais gravosa ao réu, não
Lei n. 11.719/2008, se ele for sentenciado após pode ser aplicada a fatos praticados antes de
a sua vigência, deverá observar a fixação do sua vigência.
valor mínimo de que trata o art. 387, IV, do CPP.
STJ. 6ª Turma. REsp 1.176.708-RS, Rel. Min. STJ. 5ª Turma. REsp 1.193.083-RS, Rel. Min.
Sebastião Reis Júnior, julgado em 12/6/2012. Laurita Vaz, julgado em 20/8/2013.
Comentários A sentença penal condenatória, depois de transitada em julgado, produz diversos efeitos.
Um dos efeitos é que a condenação gera a obrigação do réu de reparar o dano causado:
Código Penal
Art. 91. São efeitos da condenação:
I - tornar certa a obrigação de indenizar o dano causado pelo crime;
Assim, a vítima (ou seus sucessores), de posse da sentença que condenou o réu, após o seu
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trânsito em julgado, dispõe de um título que poderá ser executado no juízo cível para
cobrar o ressarcimento pelos prejuízos sofridos em decorrência do crime.
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INFORMATIVO esquematizado
Qual era, no entanto, a dificuldade antes da Lei n. 11.719/2008?
Apesar de ser reconhecida a obrigação de indenizar (an debeatur), não era possível que a
vítima (ou seus sucessores) executassem imediatamente a sentença porque não havia sido
definido ainda o valor da indenização (quantum debeatur). Em outras palavras, a sentença
condenatória reconhecia que a vítima tinha direito à indenização a ser paga pelo
condenado, mas não dizia o quanto.
Com isso, a vítima (ou seus sucessores) tinha ainda que tomar uma outra providência antes
de executar: fazer a liquidação (art. 475-A do CPC).
O legislador tentou facilitar a situação da vítima e, por meio da Lei n. 11.719/2008, alterou
o CPP, prevendo que o juiz, ao condenar o réu, já estabeleça na sentença um valor mínimo
que o condenado estará obrigado a pagar a título de reparação dos danos causados. Veja:
Art. 387. O juiz, ao proferir sentença condenatória:
IV - fixará valor mínimo para reparação dos danos causados pela infração, considerando os
prejuízos sofridos pelo ofendido; (Redação dada pela Lei nº 11.719, de 2008).
Desse modo, se o juiz, na própria sentença, já fixar um valor certo para a reparação dos
danos, não será necessário que a vítima ainda faça a liquidação, bastando que execute este
valor caso não seja pago voluntariamente pelo condenado.
3) Para que seja fixado o valor da reparação, deverá haver pedido expresso e formal do MP
ou do ofendido
(...) Este Tribunal sufragou o entendimento de que deve haver pedido expresso e formal,
feito pelo parquet ou pelo ofendido, para que seja fixado na sentença o valor mínimo de
reparação dos danos causados à vítima, a fim de que seja oportunizado ao réu o
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em 08/10/2013)
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4) Deverá haver provas dos prejuízos sofridos
O STJ já decidiu que o juiz somente poderá fixar este valor se existirem provas nos autos
que demonstrem os prejuízos sofridos pela vítima em decorrência do crime. Dessa feita, é
importante que o Ministério Público ou eventual assistente de acusação junte
comprovantes dos danos causados pela infração para que o magistrado disponha de
elementos para a fixação de que trata o art. 387, IV, do CPP. Vale ressaltar, ainda, que o réu
tem direito de se manifestar sobre esses documentos juntados e contraditar o valor
pleiteado como indenização. Nesse sentido:
A fixação da reparação civil mínima também não dispensa a participação do réu, sob pena
de frontal violação ao seu direito de contraditório e ampla defesa, na medida em que o
autor da infração faz jus à manifestação sobre a pretensão indenizatória, que, se
procedente, pesará em seu desfavor. (...)
(REsp 1236070/RS, Rel. Min. Marco Aurélio Bellizze, Quinta Turma, julgado em 27/03/2012)
O exemplo citado nesta letra “b” foi justamente o que ocorreu no julgamento do
“Mensalão”. O STF rejeitou o pedido formulado pelo MPF, em sede de alegações finais, no
sentido de que fosse fixado valor mínimo para reparação dos danos causados pelas
infrações penais, sob o argumento de que a complexidade dos fatos e a imbricação de
condutas tornaria inviável assentar o montante mínimo. Assim, não haveria como
identificar com precisão qual a quantia devida por cada réu, o que só seria possível por
meio de ação civil, com dilação probatória para esclarecimento desse ponto (Plenário. AP
470/MG, rel. Min. Joaquim Barbosa, 17.12.2012).
6) Além dos prejuízos materiais, o juiz poderá também condenar o réu a pagar a vítima por
danos morais?
1ª corrente: SIM. Posição de Norberto Avena.
2ª corrente: NÃO. Defendida por Eugênio Pacelli.
7) O art. 387, IV, do CPP, com a redação dada pela Lei n. 11.719/2008, fez com que o Brasil
passasse a adotar a chamada “cumulação de instâncias” em matéria de indenização pela
prática de crimes?
NÃO. A cumulação de instâncias (ou união de instâncias) em matéria de indenização pela
prática de crimes ocorre quando um mesmo juízo resolve a lide penal (julga o crime) e
também já decide, de forma exauriente, a indenização devida à vítima do delito. Conforme
explica Pacelli e Fischer, “por esse sistema, o ajuizamento da demanda penal determina a
unidade de juízo para a apreciação da matéria cível” (Comentários ao Código de Processo
Penal e Sua Jurisprudência. São Paulo: Atlas, 2012, p. 769). No Brasil, não há unidade de
instâncias porque o juízo criminal irá apenas, quando for possível, definir um valor mínimo
de indenização pelos danos sofridos sem, contudo, esgotar a apreciação do tema, que ainda
poderá ser examinado pelo juízo cível para aumentar esse valor.
Assim, continuamos adotando o modelo da separação mitigada de instâncias.
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8) A previsão da indenização contida no inciso IV do art. 387 surgiu com a Lei n.
11.719/2008. Se o crime ocorreu antes da Lei e foi sentenciado após a sua vigência, pode ser
aplicado o dispositivo e fixado o valor mínimo de reparação dos danos?
1ª corrente: SIM 2ª corrente: NÃO
Trata-se de norma de direito processual. Trata-se de norma híbrida (de direito
Assim, ainda que o processo tenha se material e processual) e, por ser mais
iniciado antes da Lei n. 11.719/2008, se gravosa ao réu, não pode ser aplicada a
ele for sentenciado após a sua vigência, fatos praticados antes de sua vigência.
deverá observar a fixação do valor mínimo
de que trata o art. 387, IV, do CPP.
STJ. 6ª Turma. REsp 1.176.708-RS, Rel. Min. STJ. 5ª Turma. REsp 1.193.083-RS, Rel. Min.
Sebastião Reis Júnior, julgado em Laurita Vaz, julgado em 20/8/2013.
12/6/2012.
9) O condenado poderá impugnar o valor fixado na forma do art. 387, IV, do CPP por meio
de um habeas corpus?
NÃO. A via processual do habeas corpus não é adequada para impugnar a reparação civil
fixada na sentença penal condenatória, com base no art. 387, IV, do CPP, tendo em vista
que a sua imposição não acarreta ameaça, sequer indireta ou reflexa, à liberdade de
locomoção (HC 191.724/RJ, Rel. Min. Laurita Vaz, Quinta Turma, julgado em 15/10/2013).
DIREITO TRIBUTÁRIO
Não é possível compensar precatório estadual com dívidas oriundas de tributos federais
mais comum) que a compensação seja parcial (quando os valores são diferentes). Seria a
hipótese caso Pedro devesse apenas 6 mil reais a João. Logo, somente restaria um crédito
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de 4 mil reais.
INFORMATIVO esquematizado
É possível que ocorra a compensação no direito tributário?
SIM. Ocorre quando o contribuinte possui um crédito para receber do Fisco, podendo ser
feito o encontro de contas do valor que o sujeito passivo tem que pagar com a quantia que
tem a receber da Administração.
Trata-se de causa de extinção da obrigação tributária (art. 156, II, do CTN).
Vale ressaltar, no entanto, que, para que haja a compensação de créditos tributários, é
indispensável que o ente tributante (União, Estados/DF, Municípios) edite uma lei
estabelecendo as condições e garantias em que isso ocorre ou, então, delegando essa
estipulação para uma autoridade administrativa. É o que está previsto no CTN:
Art. 170. A lei pode, nas condições e sob as garantias que estipular, ou cuja estipulação em
cada caso atribuir à autoridade administrativa, autorizar a compensação de créditos
tributários com créditos líquidos e certos, vencidos ou vincendos, do sujeito passivo contra
a Fazenda pública.
Parágrafo único. Sendo vincendo o crédito do sujeito passivo, a lei determinará, para os
efeitos deste artigo, a apuração do seu montante, não podendo, porém, cominar redução
maior que a correspondente ao juro de 1% (um por cento) ao mês pelo tempo a decorrer
entre a data da compensação e a do vencimento.
É possível que uma pessoa que tenha 500 mil reais de precatórios para receber de um
estado-membro utilize esse crédito para compensar 500 mil reais que ele esteja devendo de
tributos federais?
NÃO. Não é possível a compensação de precatórios estaduais com dívidas oriundas de
tributos federais. A razão é muito simples: nessa hipótese, não há identidade entre devedor
e credor. A pessoa é credora do estado-membro e devedora da União. Logo, a União nada
tem a ver com esse crédito que a pessoa tem para receber.
Processo STJ. 1ª Turma. AgRg no AREsp 334.227-RS, Rel. Min. Sérgio Kukina, julgado em 6/8/2013.
Verba paga ao empregado demitido sem justa causa no período de estabilidade é isenta de IR
Não incide imposto de renda sobre o valor da indenização paga ao empregado demitido sem
justa causa no período de estabilidade provisória.
Comentários Imagine a seguinte situação hipotética:
João é presidente do sindicato e empregado de determinada fábrica.
O empregado que for dirigente sindical goza de estabilidade provisória, não podendo ser
dispensado a partir do momento do registro de sua candidatura até 1 (um) ano após o final
do seu mandato, salvo se cometer falta grave (§ 3º do art. 543 da CLT).
Caso o empregado, mesmo assim, seja demitido sem justa causa e não seja mais viável a
reintegração, ele poderá ser indenizado (Súmula 396 do TST).
João terá que pagar imposto de renda sobre o valor recebido como indenização?
NÃO. Segundo entende o STJ, a verba paga a título de indenização por rompimento do
contrato de trabalho no período de estabilidade provisória (decorrente de imposição legal e
não de liberalidade do empregador) não pode sofrer a incidência do imposto de renda.
Processo STJ. 1ª Turma. AgRg no REsp 1.215.211-RJ, Rel. Min. Napoleão Nunes Maia Filho, julgado em 6/8/2013.
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DIREITO PREVIDENCIÁRIO
No reexame necessário, o Tribunal não pode modificar a sentença para conceder benefício mais
vantajoso ao segurado (Súmula 45-STJ)
O Tribunal, ao julgar remessa necessária, não poderá conceder benefício previdenciário mais
vantajoso ao segurado do que aquele que foi conferido pela sentença. Ex: sentença julgou
procedente o auxílio-doença; Tribunal não pode conceder aposentadoria por invalidez.
Aplica-se, no caso, a súmula 45 do STJ: No reexame necessário, é defeso, ao Tribunal, agravar a
condenação imposta à Fazenda Pública.
Comentários Para maiores informações, vide julgado indexado na seção de Direito Processual Civil.
Processo STJ. 1ª Turma. REsp 1.379.494-MG, Rel. Min. Sérgio Kukina, julgado em 13/8/2013.
EXERCÍCIOS DE FIXAÇÃO
Julgue os itens a seguir:
1) Tendo ocorrido dispensa de licitação de forma indevida, haverá ato de improbidade administrativa
mesmo que não seja provado prejuízo ao erário e má-fé do administrador. ( )
2) A transferência, para fins de desapropriação, do domínio útil de imóvel aforado da União constitui
operação apta a gerar o recolhimento de laudêmio. ( )
3) O titular de blog não é responsável pela reparação dos danos morais decorrentes da inserção, em seu
site, por sua conta e risco, de artigo escrito por terceiro. ( )
4) O ônus de arcar com as despesas postais decorrentes do exercício do direito de arrependimento é do
fornecedor, salvo estipulação contratual expressa e destacada em sentido contrário. ( )
5) É dispensada a prévia comunicação do devedor se o SPC/SERASA estiver apenas reproduzindo
informação negativa que conste de registro público. ( )
6) É dispensável o Aviso de Recebimento (AR) na carta de comunicação ao consumidor sobre a
negativação de seu nome em bancos de dados e cadastros. ( )
7) Da anotação irregular em cadastro de proteção ao crédito, não cabe indenização por dano moral
quando preexistente legítima inscrição, ressalvado o direito ao cancelamento. ( )
8) A inscrição do nome do devedor pode ser mantida nos serviços de proteção ao crédito até o prazo
máximo de cinco anos, salvo se o prazo prescricional tiver sido suspenso ou interrompido. ( )
9) A pós-datação do cheque não modifica o prazo de apresentação nem o prazo de prescrição do título. ( )
10) (OAB XI 2013 FGV) O prazo de apresentação do cheque ao sacado para pagamento é de 30 (trinta) dias,
contados da data de emissão, quando o lugar de emissão for o mesmo do de pagamento. ( )
11) (OAB XI 2013 FGV) O portador, apresentado o cheque e não realizado seu pagamento, deverá
promover a ação executiva em face do emitente em até 6 (seis) meses após a expiração do prazo de
apresentação. ( )
12) Não é possível o protesto de cheque, por endossatário terceiro de boa-fé, após o decurso do prazo de
apresentação, mas antes da expiração do prazo para ação cambial de execução, ainda que, em
momento anterior, o título tenha sido sustado pelo emitente em razão do inadimplemento do negócio
jurídico subjacente à emissão da cártula. ( )
13) O juiz não pode negar a concessão de assistência judiciária gratuita com base em critérios subjetivos. ( )
14) (DPE/SC 2012 FEPESE) Os cidadãos necessitados que fizerem jus ao benefício da assistência judiciária
gratuita, prevista na Lei Federal no 1.060, de 1950, deverão, necessariamente, optar por fazer uso do
serviço da Defensoria Pública. ( )
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15) No mandado de segurança, se o impetrante morre, os seus herdeiros não podem se habilitar para
continuar o processo. ( )
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16) O Ministério Público tem legitimidade para ajuizar ação civil pública com o objetivo de garantir o acesso
a critérios de correção de provas de concurso público. ( )
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17) (Juiz Federal TRF5 2011 CESPE) O delito de apropriação indébita previdenciária, previsto no art. 168-A do
CP, é omissivo próprio, dispensando-se, para a sua caracterização, qualquer especial fim de agir. ( )
18) (Promotor MPSP 2013) É permitido ao juiz, na sentença condenatória criminal, estabelecer valor
mínimo para a reparação de danos, considerando os prejuízos sofridos pelo ofendido. ( )
19) (Promotor MPDFT 2013) É absolutamente nula a sentença de condenação, por não haver o juiz fixado
valor mínimo para reparação dos danos causados pela infração. ( )
20) (Juiz Federal TRF1 2011 CESPE) No atual sistema processual penal, ocorre a cumulação de instâncias,
assim nominado pela doutrina o dever do juiz, quando da prolação de sentença condenatória, de fixar
valor mínimo para a reparação dos danos emergentes causados pelo crime, considerados os prejuízos
sofridos pelo ofendido, mas não os danos morais, independentemente de pedido expresso da vítima e
da existência de debates anteriores acerca dos danos e de sua extensão. ( )
Gabarito
1. E 2. C 3. E 4. E 5. C 6. C 7. C 8. E 9. C 10. C
11. C 12. E 13. C 14. E 15. C 16. C 17. C 18. C 19. E 20. E
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JULGADOS QUE NÃO FORAM COMENTADOS POR SEREM DE MENOR
RELEVÂNCIA PARA CONCURSOS PÚBLICOS
DIREITO PROCESSUAL CIVIL. COMPETÊNCIA INTERNA PARA JULGAR AÇÃO DISCRIMINATÓRIA DE TERRAS
PÚBLICAS.
Compete à Primeira Seção do STJ e a suas respectivas Turmas julgar feito referente a ação discriminatória de
terras públicas. De fato, a competência interna é fixada a partir da natureza da relação jurídica litigiosa. Nesse
contexto, o art. 9º, § 1º, XIV, do RISTJ estabelece que compete à Primeira Seção processar e julgar os feitos que
envolvem matéria de direito público, atinente à delimitação do patrimônio estatal. Sendo assim, como a ação
discriminatória de terras públicas refere-se a patrimônio estatal, questão eminentemente de direito público, a
competência da Primeira Seção deve ser preservada. Cabe ressaltar, a propósito, que situação diversa ocorre
quando a demanda encerra discussão acerca de posse ou domínio de coisa alheia proposta por particular (ações
de usucapião, reivindicatórias, reintegratórias) e o debate sobre a discriminação de terras públicas se dá apenas
incidentalmente, o que configura hipótese de competência da Segunda Seção, conforme estabelece o art. 9º, §
2º, I, do RISTJ. Precedentes citados: EREsp 1.193.379-SP, Corte Especial, DJe 17/4/2013; RMS 27.524-TO,
Primeira Turma, DJe 19/8/2009; e EDcl no REsp 617.428-SP, Segunda Turma, DJe 12/9/2011.
CC 124.063-DF, Rel. Min. Herman Benjamin, julgado em 2/10/2013.
DIREITO CIVIL E PROCESSUAL CIVIL. IMPOSSIBILIDADE DE QUE AUTOR E RÉU REALIZEM COMPENSAÇÃO
QUE ENVOLVA CRÉDITO OBJETO DE PENHORA NO ROSTO DOS AUTOS.
A penhora de crédito pleiteado em juízo – anotada no rosto dos autos e de cuja constituição tenham sido
as partes intimadas – impede que autor e réu realizem posterior compensação que envolva o referido
crédito. Aplica-se, nessa hipótese, a regra contida no art. 380 do CC, que dispõe ser inadmissível “a
compensação em prejuízo de direito de terceiro”. Afirma ainda o referido dispositivo que o “devedor que
se torne credor do seu credor, depois de penhorado o crédito deste, não pode opor ao exequente a
compensação, de que contra o próprio credor disporia”. Busca-se, dessa forma, evitar lesão a direito de
terceiro diretamente interessado na constrição. Deve-se observar, portanto, que o art. 380 do CC tem por
escopo coibir a utilização da compensação como forma de esvaziar penhora anterior. Trata-se, assim, de
norma de caráter protetivo e de realce na busca de um processo de resultado. Ademais, segundo os arts.
673 e 674 do CPC, a penhora no rosto dos autos altera subjetivamente a figura a quem deverá ser efetuado
o pagamento, conferindo a esta os bens que forem adjudicados ou que couberem ao devedor. Ressalte-se
que a impossibilidade de compensação nessas circunstâncias decorre também do princípio da boa-fé
objetiva, valor comportamental que impõe às partes o dever de cooperação e de lealdade na relação
processual. REsp 1.208.858-SP, Rel. Min. Nancy Andrighi, julgado em 3/9/2013.
desastrosas e, diante disso, temperamentos são necessários. Observe-se que o processo civil muito
comumente vem sendo distorcido de forma a prestar enorme desserviço ao estado democrático de direito,
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deixando de ser instrumento da justiça para se tornar terreno incerto, repleto de arapucas e percalços, em
que só se aventuram aqueles que não têm mais nada a perder. Todavia, o direito processual não pode ser
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utilizado como elemento surpresa, a cercear injusta e despropositadamente uma solução de mérito. A
razoabilidade deve ser aliada do Poder Judiciário nessa tarefa, de forma que se alcance efetiva distribuição
de justiça. Não se deve, portanto, impor surpresas processuais, pois essas só prejudicam a parte que tem
razão no mérito da disputa. O processo civil dos óbices e das armadilhas é o processo civil dos rábulas.
Mesmo os advogados mais competentes e estudiosos estão sujeitos ao esquecimento, ao lapso, e não se
pode exigir que todos tenham conhecimento das mais recônditas nuances criadas pela jurisprudência. O
direito das partes não pode depender de tão pouco. Nas questões controvertidas, convém que se adote,
sempre que possível, a opção que aumente a viabilidade do processo e as chances de julgamento do mérito
da lide. Nesse contexto, transpondo o quanto exposto até aqui para a hipótese em discussão – na qual é
patente a existência de dúvida em relação ao procedimento cabível –, conclui-se, em respeito ao princípio
da segurança jurídica, serem os embargos do devedor cabíveis caso inexista a expressa conversão do
procedimento. REsp 1.185.390-SP, Rel. Min. Nancy Andrighi, julgado em 27/8/2013.
assim, tem legitimidade para reconhecer ou refutar as alegações, considerando as hipóteses de suspeição
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previstas no art. 135 do CPC. REsp 909.940-ES, Rel. Min. Raul Araújo, julgado em 17/9/2013.
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