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Mecânica de Locomotivas II

Aula 1
Sistema De Transmissão Mecânica

31-Jul-17 Dulcídio Beato Lucas


Mecânica de Locomotivas II
1. Sistema de transmissão mecânica

Nem sempre o motor que acciona numa máquina produz o tipo de movimento que
necessitamos, nem está directamente acoplada ao mecanismo que pretendemos pôr
em movimento; assim, torna-se necessário ter meios de transmitir esse movimento,
bem como de o transformar noutros tipos de movimento (ou energia).

A transmissão ou a transformação mecânica de movimento (energia) são processos


desenvolvidos por determinados conjuntos de máquinas.

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Mecânica de Locomotivas II
1. Sistema de transmissão mecânica

Uma máquina é um aparelho ou instrumento, criado pelo Homem, que efectua


movimentos mecânicos para transformar energia, materiais ou informação, com a
finalidade de substituir ou facilitar o trabalho físico ou intelectual humano e
aumentar o seu rendimento.

As transmissões mecânicas são mecanismos que servem para a transmissão de


energia mecânica entre determinados conjuntos de máquinas.

Nas transmissões mecânicas a energia é transmitida de um ponto da máquina ao


outro ponto por meio de movimentação conjugada de elementos da transmissão.

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1. Sistema de transmissão mecânica

As transmissões mecânicas subdividem-se em dois grandes grupos:


- Transmissões por meio de fricção ou atrito;
- Transmissões por meio de engrenamento.

As transmissões por meio de fricção mais comuns são as transmissões por rodas
(rolos) de fricção e as transmissões por correias.

As transmissões por meio de engrenamento típicas são as transmissões por cadeia,


transmissões por rodas dentadas e transmissões de parafuso sem-fim/coroa.

Os principais elementos das transmissões mecânicas são: os veios e/ou eixos,


elemento motoriz e o elemento movido.

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1. Sistema de transmissão mecânica
São exemplos de transmissões mecânicas as transmissões por correias, por
cadeias, por engrenagens, entre outras.

As funções das transmissões são:


 Variar a velocidade angular;
 Regular a velocidade do órgão executivo sem variar a do motor;
 Transformar o movimento rotativo em linear;
 Permitir o accionamento de órgãos distantes do motor e permitir o
accionamento de vários órgãos com um só motor;
 Permitir a interrupção temporária da transmissão do movimento ao órgão
executivo sem parar o motor.

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1.1. Eixos e veios
Em geral, os eixos e veios são órgãos de máquinas, normalmente com secção
transversal circular, que suportam vários tipos de elementos (por ex. rodas dentadas,
polias, tambores, rodas estreladas, cames, volantes, entre outros). Existem também
eixos e veios com secções não circulares e alguns dos elementos podem não ser
giratórios.

Os veios transmitem momentos de torção de uma peça à outra, ao passo que os


eixos não transmitem momentos de torção. Esta é a diferença fundamental entre
veios e eixos.

O eixo (semi-eixo) dos automóveis não é um verdadeiro (semi-)eixo pois transmite


momento torsor às rodas; a contradição do uso deste termo provém dos tempos em
que se usavam carroças puxadas por cavalos, nas quais só se usam eixos.
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1.2. Transmissão por rodas de fricção

As rodas de fricção são rodas cujas superfícies se friccionam mutuamente durante o


funcionamento.

Na sua construção mais simples (fig. 1), as superfícies de revolução externas de


cilindros que transmitem o movimento de rotação usando as forças de atrito entre as
mesmas.

Como as transmissões por rodas de fricção empregam a força de atrito, deve existir
uma força normal de aperto das superfícies em contacto de tal modo que a força de
atrito resultante seja suficiente para transmitir a força tangencial durante o
funcionamento, sem deslizamento (notável).

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1.2. Transmissão por rodas de fricção
As transmissões por rodas de fricção podem ser subdivididos em dois grupos:
- transmissões sem regulação, isto é, transmissões com relação de transmissão
constante;
- transmissões com regulação, isto é, variadores. Os variadores permitem a mudança
suave da relação de transmissão, sem necessidade de interromper o movimento.

Figura 1.1- Transmissão por rodas de fricção Figura 1.2- Esquemas principais de variadores
a) – vairador cónico, com correia deslocável
b) - vairador de face, com prato duplo ; c) - vairador cónico (interno)
d) - vairador esférico simples; e) - vairador esférico duplo
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1.3. Transmissão por Correias (e Polias)

As transmissões por correia pertencem ao grupo de transmissões por meio do atrito,


onde o movimento do elemento motor é transmitido ao elemento movido por
intermédio de um elemento flexível chamado “correia’’.

Os elementos motor e movido abraçados pela correia designam-se “polias’’. À polia


que é propulsora chama-se polia motora ou motriz, à outra chama-se polia movida.

Se o diâmetro das polias for igual transmite-se um movimento com a mesma


velocidade, isto é, o mesmo número de rotações por minuto; se as polias tiverem
diâmetros diferentes, além de transmitirem o movimento, altera-se a velocidade.

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1.3. Transmissão por Correias (e Polias)

Os tipos de transmissão por correia podem ser destinguidas em função das formas
(de secções transversais) das correias, sendo as transmissões por correias: planas;
trapezoidais; redondas; trapezoidais múltiplas (ou multi-V); dentadas.

Figura 1.3- Transmissões por correia: a) plana simples b) cruzada c) semi-cruzada d) com correia trapezoidal

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1.4. Transmissão por Engrenagens

No seu sentido original, “engrenagem’’ é um conceito relacionado com um


mecanismo formado por duas rodas dentadas. É mais apropriado considerar que a
engrenagem é o efeito de “engrenar’’, i.e., é o fenómeno no qual as saliências dos
dentes de uma das rodas dentadas se introduzem nas reentrâncias da roda dentada
conjugada, possibilitando a transmissão de movimento por empuxo directo.

À roda dentada motora chama-se pinhão, à roda dentada movida chama-se coroa.

Actualmente, o termo “engrenagem’’ já se usa para designar uma roda dentada. É


neste sentido que o termo é popularmente utilizado, apesar de não corresponder ao
sentido original.
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1.4. Transmissão por Engrenagens


As rodas dentadas estão fixas a eixos e transmitem movimentos de rotação. Quando
se trata de duas rodas dentadas o sentido de rotação de uma à outra é invertido. Para
se conservar o mesmo sentido de rotação, é necessário introduzir uma terceira roda.

Figura 1. 4- Transmissões por engrenagens: a) dentes elicodais b) dentes angulares c) torsas d) torsas e) Cônicas
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1.5. Transmissão por Pinhão e Cremalheira

Um outro mecanismo muito utilizado em máquinas é o conjunto pinhão-cremalheira.


Este mecanismo transforma um movimento circular num movimento rectilíneo, ou
rectilíneo em circular; é constituído por uma roda dentada que engrena numa barra
também provida de dentes, ou numa corrente. Os dentes normalmente têm um formato
trapezoidal.

Figura 1.5- Transmissões por pinhão-cremalheira 13


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1.6. Transmissão por Pinhão e Parafuso sem fim

É um mecanismo idêntico à cremalheira, em que a parte que liga à roda dentada é


um parafuso, que tem uma rosca cujo formato é idêntico, isto é, a rosca tem a
forma trapezoidal e permite mudar em 90º o sentido do movimento, mantendo o
movimento circular.

Figura 1.6- Transmissão por pinhão e parafuso sem-fim


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1.7. Transmissão por cadeia e rodas estreladas


A transmissão por cadeia é constituida pela roda estrelada mandante (motriz ou
motora) e roda(s) estrelada(s) mandada(s) (movida). Estas rodas são
circundadas por uma cadeia (ou corrente) que engrena com os dentes das rodas
estreladas (figura 7).
Também se utilizam transmissões por cadeia com várias rodas estreladas
mandadas.
A cadeia é constituida por órgãos unidos por articulações que garantem a
mobilidade e flexibilidade da mesma.

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1. Sistema de transmissão mecânica
1.7. Transmissão por cadeia e rodas estreladas

Figura 1.7- Transmissões por cadeia e rodas etreladas Figura 1.8- Diversos tipos de cadeias e de rodas estreladas

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1.8. Biela-Manivela

A biela-manivela é um sistema mecânico que transforma um movimento rectilíneo, de


vai e vem, num movimento circular contínuo e vice-versa.

Figura 1.9- Mecanismio de transmissão corrediça biela-manivela 17


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1.9. SIMBOLOS PARA OS ESQUEMAS CINEMÁTICOS DE TRANSMISSÕES MECÂNICAS

Figura 1.10- a) Veio ou eixo simples b) Radial c) Axial d) Radial e) Radial-axial unidirecional
f) Radial-axial bi-direcional g) Radial h) Radial-axial unidirecional i) Radial-axial bi-direcional
j) União (sem indicação do tipo) k) União do tipo cadeia l) União do tipo elástica
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1.9. SIMBOLOS PARA OS ESQUEMAS CINEMÁTICOS DE TRANSMISSÕES MECÂNICAS

Figura 1.11- a) Transmissão por correia (sem indicação do tipo) b) Transmissão por correia trapezoidal e plana
c) Transmissão por cadeia d) Transmissão por engrenagens cilíndricas (sem indicação do tipo)
e) Transmissão por engrenagens cilíndridas de dentes rectos f) Transmissão por engrenagens cilíndricas de dentes helicodais

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1.9. SIMBOLOS PARA OS ESQUEMAS CINEMÁTICOS DE TRANSMISSÕES MECÂNICAS

Figura 1.12- a) Transmissão por engrenagem cónica (sem indicação do tipo)


b) Transmissão por engrenagem cilíndrica (de dentes rectos, inclinados e curvilíneos)
c) Transmissão por parafuso sem-fim com parafuso cilíndrico.

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1.10. Esquemas cinemáticos de sistemas de transmissões mecânicas


Nas figuras 1...6 são ilustrados os esquemas cinemáticos de alguns sistemas
de transmissões mecânicas.

Figura 1.13 - Accionamentos de transportadores por correia

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1.10. Esquemas cinemáticos de sistemas de transmissões mecânicas

Figura 1.14 - Accionamento de transportador por cadeia Figura 1.15- Accionamento de transportador por guincho

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1.10. Esquemas cinemáticos de sistemas de transmissões mecânicas

Figura 1.16 - Accionamento de transportador Figura 1.17- Accionamento de transportador


por cabrestante de tambor Por rodas de translação

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Existem outros tipos de transmissões, para além das transmissões mecânicas.


Porexemplo, podem-se utilizar transmissões eléctricas, hidráulicas, hidro-
pneumáticas, entre outras. Estes tipos de transmissões podem ser usados em
conjunto com as transmissões mecânicas.
Na maioria das máquinas que hoje se utilizam, são necessários movimentos
com velocidades diferentes, implicando sistemas de transmissão que permitam
operar essa mudança.

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