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SOCIOLOGIA DA RELIGIÃO

Profª. Rosangela Adell

O papel da religião associa-se à ideia do sentimento religioso, um dos mais


complexos sentimentos que fundamentam a essência do ser humano.
Do ponto de vista social, as religiões são sistemas de símbolos, dependentes de
um fundador. As religiões são organizações dos homens, falíveis e imperfeitas.
Historicamente, a religião é a crença em forças, poderes, deuses sobre-humanos.
Fenomenologicamente, a religião está ligada ao sagrado: objeto, lugar, tempo,
ritual, palavra etc.
A religião identifica-se com a fé. Totemismo (tribos), animismo (umbanda),
Religiões da Índia, Judaísmo, Cristianismo, Islamismo, etc.

CONCEPÇÕES SOBRE RELIGIÃO


CONCEPÇÃO MÍTICO-MÁGICA: a Religião é uma ilusão ou uma superstição.
CONCEPÇÃO GNÓSTICA: a filosofia, filha rebelde da teologia, transforma-se
numa religião, ao buscar a salvação através do conhecimento (gnose).
CONCEPÇÃO MORAL: o objeto da Religião é o mesmo da moral natural.
CONCEPÇÃO ANTROPOLÓGICA: para D. Hume a experiência do terror é a
origem da religião.
CONCEPÇÃO SOCIOLÓGICA: segundo E. Durkheim as concepções religiosas
têm por objeto, antes de mais, explicar e exprimir não o que as coisas têm de
extraordinário, mas ordinário.
CONCEPÇÃO PSICOLÓGICA: segundo Freud a religião é uma neurose
obsessiva.
RELIGIÃO CIVIL
Rousseau (1712-1778) foi o primeiro pensador a fazer uma proposta sistemática
de uma religião civil. A proposta de Religião Civil parte da ideia de que não é possível
haver duas esferas de poder em um mesmo Estado representado pelo poder civil e pelo
poder eclesiástico.
Por isso a necessidade de que o Estado estabeleça uma religiosidade que seja a
de todo cidadão. No pensamento de Rousseau a religião é um elemento constituinte do
Estado.
Para ele o cristianismo católico era considerado uma religião prejudicial para o
Estado, pois o universalismo dessa religião e a divisão entre duas pátrias, a terrestre e a
celeste, eram incompatíveis com a ideia de unidade do Estado.
O Brasil experimentou diversas religiosidades do Estado: o catolicismo, o
positivismo e certo humanismo pragmático.
Rousseau faz a distinção entre uma religião do homem e uma religião do cidadão.
A primeira é uma espécie de religiosidade universal, constituída de um culto a um
ser superior e que tem alguns deveres morais, e que está de acordo com o próprio
evangelho.
Já a religião do cidadão está inscrita em um único país. Essa religiosidade seria
um elemento identificador da nação. Essa religiosidade não é baseada em dogmas de fé
e sim em sentimentos de sociabilidade ou máximas morais. É restrita a uma nação e
todos os demais são infiéis estrangeiros e bárbaros.
A pátria deve ser o objeto de adoração dos cidadãos. Deve ensinar a obedecer e
servir ao Estado.
As características da religião civil podem ser assim resumidas:
Os dogmas devem ser simples, em pequeno número e enunciados com precisão;
Os dogmas positivos se referem a existência da divindade como benfazeja e
provedora da vida futura, a felicidade dos justos, a santidade do contrato social, etc.
A intolerância é o dogma negativo.
A ideia de Religião Civil passa a ser de uma ideologia religiosa que permeia o
Estado, constituída de rituais e doutrinas que promovessem a cidadania e a unidade
dentro do Estado.

Pierre Joseph Proudhon (1809-1865) – sua ideologia era a de construir uma


sociedade igualitária. Para ele a religião surge da defesa da propriedade e é inimiga da
causa da igualdade e da justiça. Sendo assim a verdadeira virtude é lutar contra a religião
e contra Deus. As propostas iam de uma reforma da religião até a sua completa extinção.
Ele vê na religião uma instituição legitimadora da propriedade que para ele era a
fonte de todo mal dentro da sociedade.

Na perspectiva da Religião da Humanidade proposta por Comte (1798-1857) o


sentimento de dever adquire uma importância fundamental. Uma das tarefas é ministrar o
conhecimento científico com a finalidade de conduzir o homem ao aperfeiçoamento
moral.
O diferencial da proposta da Religião da Humanidade de Comte em relação às
outras religiosidades é o caráter “sagrado” da ciência. Para ele disciplinas científicas
como a biologia são detentoras de uma “revelação” do que é o homem e o seu
propósito.
A visão religiosa de Comte pode ser considerada como antropoteísta, o seu
objetivo de divinizar a Humanidade é exaltar os pendores altruístas do homem. O estudo
dos fenômenos sociais e dos fenômenos naturais conduz o homem a um
desenvolvimento espiritual, o conhecimento da ordem humana e da realidade física são
os elementos de uma nova religiosidade secularizada: a Religião da Humanidade.

O filósofo Dewey (1859-1952) faz uma distinção entre ter uma religião e ser
religioso.
Para ele, ter uma religião é pertencer a uma Igreja e obedecer aos dogmas por ela
impostos.
Ser religioso é encaminhar o pensamento para os aspectos místicos da vida: a
humildade, a simplicidade e o amor ao próximo. Exemplo: Parábola do Bom Samaritano.

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