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Trabalho apresentado para obtenção do título de especialista

em Gestão Estratégica de Negócios – Ano 2016

O hábito da leitura dos industriários de São Paulo: projeto Caixa de Cultura

Rosana Firmino de Araújo Gutierrez¹*; Leandro Gilio²

1 Pós-graduada em Gestão e Políticas Culturais – Av. Prof. Luiz Ignácio de Anhaia Mello, 9.200 – Vila
Prudente - CEP 03294-200 – São Paulo, Brasil
2 Doutorando e Mestre em Economia Aplicada – Avenida Pádua Dias, 11 – Agronomia - CEP 13418-900 -

Piracicaba (SP), Brasil

__________________________________________
*Autor correspondente <family_gutierrez@hotmail.com>
Trabalho apresentado para obtenção do título de especialista
em Gestão Estratégica de Negócios – Ano 2016

O hábito da leitura dos industriários de São Paulo: projeto Caixa de Cultura

Resumo
Este estudo avalia o projeto “Caixa de Cultura”, realizado pelo Serviço Social
da Indústria do Estado de São Paulo (SESI-SP), sob a perspectiva de seus
participantes. Foram aplicados trezentos questionários entre os participantes do
projeto, colaboradores de cinquenta empresas diferentes, com o fim de coletar
informações sobre o projeto em questão e também sobre os hábitos de leitura dos
trabalhadores da indústria do Estado de São Paulo. Os dados coletados evidenciam
que a falta de tempo é a maior barreira para a fruição da leitura e que o projeto deve
ser atualizado, de modo a atender novas demandas da atualidade, fazendo-se uso de
novas estratégias e/ou ações capazes de aproximar os colaboradores da indústria, e
suas famílias, da leitura.
Palavras-chave: Hábito da leitura, qualificação profissional, “Caixa de Cultura”

The habit of reading of the São Paulo industry: Culture Box project

Abstract
This study evaluates a project named "Culture Box", carried out by the Social
Service of Industry of the State of São Paulo (SESI-SP), from the perspective of its
participants. Three hundred questionnaires were applied among collaborating
participants from fifty different companies, in order to collect information about the
project in question and also about the reading habits of industry workers in the state of
São Paulo. The collected data shows that the lack of time is the greatest barrier to the
enjoyment of reading. Besides that, the project must be updated, in order to meet new
demands of the present time, using new strategies and / or actions of reading to
approach the Industry collaborators and their families.
Keywords: Reading habit, professional qualification, "Culture Box”

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Introdução

No presente cenário de crescente competitividade, a geração e disseminação


de conhecimento podem ser traduzidos em inovação para as empresas, tanto no
âmbito organizacional quanto no (re)pensar de produtos e serviços. Os profissionais,
por sua vez, dispõem hoje de diversos instrumentos e fontes para aquisição,
atualização e compartilhamento de conhecimento, ampliados com a emergência dos
meios digitais. Mas, independentemente do meio, o hábito da leitura pode ampliar a
capacidade individual de entendimento de assuntos diversos, o conhecimento de
culturas diferentes, o repertório linguístico, a criatividade, a reflexão crítica; a
capacidade de comunicação oral e escrita e, por consequência, levar a um maior
desenvolvimento profissional (Brito, 2010).
No Brasil, avalia-se que o hábito da leitura não é amplamente disseminado.
Segundo a pesquisa Retratos da Leitura no Brasil (IBOPE, 2016), 44% da população
brasileira declara não ler livros ou materiais impressos e 30% nunca comprou um livro.
A questão da leitura, ou da falta dela, também tem relação direta com índices
educacionais e consequente relação com o mercado de trabalho. Trabalhadores sem
qualificação básica têm maiores dificuldades para conseguirem uma ocupação
profissional e se adaptarem a novas realidades, situação que os exclui do
desenvolvimento da sociedade e gera prejuízos socioeconômicos e político-culturais
para os países onde vivem (Yunes, 2014).
A Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico [OCDE],
num estudo realizado em 24 países sobre competências da população entre 16 e 65
anos, mostra que o uso médio da aptidão em leitura “explica” 30% da produtividade de
um país, sendo os países com maior proficiência e disseminação da leitura mais
desenvolvidos social e economicamente (OCDE, 2014). Tal afirmação é corroborada
com os resultados de proficiência em leitura apresentados pelo “Programme for
International Student Assessment” [PISA] (OCDE, 2016), onde o índice de países com
maior produtividade da indústria são, de modo geral, mais elevados (Silva et al. 2016).
Com o crescente avanço técnico-científico e as mudanças verificadas para
otimização dos processos produtivos, a atualização e qualificação profissional tornam-
se fundamentais no momento de se candidatar a uma vaga de emprego ou até mesmo
em se manter empregado. Neste sentido, emerge a necessidade de atualização
constante do conhecimento para as funções a serem desempenhadas, o que pode ser
adquirido por meio do hábito da leitura. O investimento em educação continuada e o

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aprimoramento de qualificações requeridas pelos empregadores são determinantes


para a inserção e manutenção competitiva no mercado de trabalho (Arruda, 2000).
Diante da importância do hábito da leitura na formação pessoal dos indivíduos,
como maneira de promover a educação continuada e a maior disseminação de
conhecimentos entre a colaboradores das organizações, o Serviço Social da Indústria
do Estado de São Paulo (SESI-SP) realiza, desde 1948, entre as indústrias
beneficiárias do sistema “S”1, o projeto denominado “Caixa de Cultura”. Tal projeto
consiste em disponibilizar acervo literário de forma itinerante entre colaboradores da
indústria e seus familiares, com ações que visam dinamizar e promover o acesso à
leitura. Hoje o Caixa de Cultura abrange 40 municípios do Estado de São Paulo e
atende anualmente cerca de mil empresas de diferentes portes - micro, pequeno,
médio e grande.
Posto isso, este presente estudo tem como objetivo avaliar o projeto “Caixa de
Cultura” promovido pelo Sesi de São Paulo, por meio da perspectiva dos próprios
beneficiários. Procurou-se entender os motivos que impedem os funcionários a
usufruírem do serviço e, a partir dos dados levantados, propor novas estratégias ou
possibilidades de ações capazes de aproximar os colaboradores da indústria, e suas
famílias, da leitura.

Metodologia

Este presente estudo trata-se de uma investigação descritiva, utilizando-se


dados de maneira quantitativa, com certo grau exploratório. Para análise, utilizou-se
como fonte de dados um questionário de avaliação aplicado junto a participantes do
projeto. As questões buscaram caracterizar os participantes e avaliar seus hábitos de
leitura (Apêndice). O período de aplicação foi de 02 a 10 de novembro de 2016 e a
participação foi voluntária, fazendo-se uso de formulários impressos. Foram recebidas
300 respostas, abrangendo colaboradores participantes de 50 empresas diferentes do
estado de São Paulo. As respostas foram tabuladas e apresentadas em gráficos, para
discussão posterior. Adicionalmente, também foram utilizados dados estatísticos
relativos ao programa disponibilizados pelo Sesi-SP, referentes ao período de 2013 a
2015.

1
Sistema “S” é o termo que define o conjunto de entidades criadas por lei, de regime jurídico de direito
privado, sem fins lucrativos, instituídas para ministrar assistência ou ensino a determinadas categorias
sociais, e que possuem autonomia administrativa e financeira.

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O Projeto Caixa de Cultura


Trata-se de um serviço criado em 1948, pioneiro na difusão literária itinerante
pela indústria. Considerado pelo Sesi-SP como um programa integrador que atua
como poderosa ferramenta na formação do indivíduo, o serviço promove ações
culturais no local de trabalho buscando fomentar a prática leitora e a apreciação
artística. A conceituação, curadoria e aquisição de acervo é realizada por uma equipe
técnica, que atua na área de Difusão Literária do Sesi-SP. O acervo é disponibilizado
em caixas metálicas, sustentadas em suportes com rodízios que facilitam sua
movimentação e comportam entre 40 a 100 livros. Elas são entregues nas empresas
onde permanecem instaladas por um período de 4 a 6 meses, conforme estabelecido
em contrato firmado entre o Sesi e a empresa atendida. Após este período, a Caixa é
trocada por outra com acervo atualizado. Os empréstimos dos livros são extensivos às
famílias dos funcionários. Além da disponibilização do acervo de livros, são montadas
exposições, nas empresas, em formato de painéis fotográficos, para apreciação dos
funcionários e visitantes. Atualmente, o serviço está distribuído em 40 unidades
operacionais do Sesi dentro do Estado de São Paulo e atende em torno de 1000 (mil)
empresas. O serviço é gratuito para a empresa, mas exige alto investimento anual
pelo Sesi-SP. Das 40 unidades operacionais que oferecem o serviço de Caixa de
Cultura, 20 participaram deste presente estudo, sendo estas as unidades de
Americana, Araçatuba, Araraquara, Araras, Bauru, Campinas, Catumbi, Guarulhos,
Ipiranga, Jundiaí, Limeira, Marilia, Santa Bárbara d’Oeste, Santos, São Carlos, São
José do Rio Preto, São José dos Campos, Sertãozinho, Sumaré e Tatuí.

Resultados e Discussão

A caracterização dos respondentes da pesquisa, indicou o predomínio de


participantes com ensino médio como grau máximo de escolaridade, faixa etária entre
26 a 35 anos e sexo masculino, conforme Figuras 1, 2 e 3, respectivamente. Estas
informações são relevantes para o estudo, vez que caracterizam o perfil de usuários
do serviço, o que deve ser levado em conta na escolha do acervo da Caixa de Cultura.
Com relação à escolaridade, segundo dados da Confederação Nacional das Indústrias
(CNI, 2013) a maior parte dos trabalhadores das indústrias do Estado de São Paulo
possui como grau máximo de escolaridade o ensino médio completo (66,2%).

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50%
50% 43%

40%
Porcentagem

30%

20%

7%
10%

0%
Fundamental Medio Superior
Escolaridade

Figura 1. Grau máximo de Escolaridade


Fonte: Resultados originais da pesquisa

40% 36%

30% 26%
24%
Porcentagem

20%
12%

10%

0%
18 a 25 26 a 35 36 a 45 46 a 65
Idade (anos)

Figura 2. Identificação por Faixa Etária


Fonte: Resultados originais da pesquisa

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65%
70%
60%
Porcentagem

50% 35%
40%
30%
20%
10%
0%
Feminino Masculino
Gênero

Figura 3. Identificação por Gênero


Fonte: Resultados originais da pesquisa

A abertura econômica impôs importantes desafios às empresas brasileiras e


aumentou a necessidade de investimento em tecnologia, na educação e na gestão do
conhecimento. Na busca pela competitividade frente às demandas do cenário global,
as empresas têm adotado o modelo de gestão por competências que traz, por um
lado, a valorização do trabalho, conferindo um caráter mais intelectualizado e exigindo
do trabalhador capacidades que vão além da dimensão técnica, entretanto, por outro
lado, exige maior polivalência do trabalhador, multiqualificações, competências
coletivas para o trabalho em equipe, maior capacidade de comunicação, maior
participação e autonomia nos processos produtivos e consequentemente, constante
atualização para se manter qualificado profissionalmente (Deluiz, 2011).
Uma pesquisa realizada pela CNI (2014) mostra que o Brasil está na 14ª
posição em termos de competitividade, abaixo de outros países latino-americanos e
com grau semelhante de desenvolvimento, como México e Chile. Um ponto importante
que pode estar relacionado à competitividade do Brasil é a qualificação e o nível
educacional dos trabalhadores brasileiros. México e Chile possuem índices de
proficiência em leitura mais elevados que o Brasil, conforme dados da OCDE (2016),
fato que impacta diretamente nas possibilidades e na velocidade de aquisição de
novos conhecimentos por parte dos trabalhadores destes países. A apropriação de
conhecimentos, comunicação, criatividade, e, por consequência, capacidade de inovar
se dá, dentre outros recursos, pela leitura, o que justifica a importância de projetos
como o Caixa de Cultura para a indústria e seu consequente incentivo pelo Sesi-SP.

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A partir da tabulação das respostas obtidas nos questionários aplicados, foi


possível identificar alguns fatores que impedem ou desmotivam os funcionários a
fruírem do serviço de Caixa de Cultura.
Estas informações são confirmadas na Figura 4, onde o resultado da pesquisa
realizada neste trabalho evidencia que a maioria (47%) dos respondentes não lê por
falta de tempo, seguido por 22% que alegam preferirem outras atividades. A Pesquisa
Retratos da Leitura no Brasil (2015), apresenta a “falta de tempo” como uma das
principais barreiras à leitura indicadas pelos não leitores e a “preferência por outras
atividades” aparece em quarto lugar.

3% Falta de tempo
3%
1% Não gosta de ler
2% 7%
Não tem paciência para
ler
Prefere outras atividades
46%
22% Tem dificuldades para ler

Sente-se muito
cansado(a) para ler
Não há assuntos de
12% interesse
4%
Considera perda de
tempo
Figura 4. Barreiras à leitura
Fonte: Resultados originais da pesquisa

A justificativa sobre a falta de tempo é bastante comum na sociedade


contemporânea. Segundo Garcez e Cohen (2011), no século XXI o conceito de vida
bem-sucedida passa pela ideologia da aceleração, onde todos os âmbitos sociais são
afetados, inclusive o processo de busca por informações, onde identifica-se uma
cultura do “tempo como dinheiro”. Os movimentos de transitoriedade, fragmentação,
volatilidade e velocidade de compartilhamento de informações, provocados pelo
avanço tecnológico e pela internet geraram grandes transformações na produção das

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subjetividades e dos sentidos, criando novos paradigmas e instituindo uma “nova


ordem” social, cuja abrangência envolve uma revolução no que diz respeito ao
conceito de espaço-tempo na contemporaneidade.
Com tantas possibilidades, há que se escolher qual a melhor forma de se
aproveitar o tempo. Neste sentido, o uso de novas ferramentas e meios digitais podem
oferecer um novo suporte para a prática da leitura, mais dinâmica, sintética, fluida e
com maior velocidade de acesso. A “nova ordem” contemporânea tende a buscar essa
dinamicidade na disseminação, circulação e compartilhamento de informações, o que
promove estímulo ao leitor, uma vez que a motivação deste se dá por um processo
mais instantâneo (Galli, 2012).
Cademartori (2009), discute a convivência de diferentes textos, suportes e
discursos na sociedade contemporânea, definindo parâmetros de concorrência entre o
livro com outras plataformas de informação, mídias e linguagens. Considerando o
acesso do indivíduo a estas outras possibilidades de plataformas e portabilidades de
conteúdo, não se pode afirmar que ele não lê simplesmente porque não tem acesso a
livros. O processo de leitura e atualização de informações pode ser realizado por
diversas mídias, suportes e linguagens que ampliam as formas de alimentar a
cognição e o domínio intelectual dos indivíduos. Neste sentido, as novas plataformas
(tablets, smartphones, kindles, ipads, etc.) se apresentam como mais uma ferramenta
para os profissionais se atualizarem e compartilharem conhecimentos. O serviço de
Caixa de Cultura mantém o mesmo tipo de oferta desde sua criação, ou seja, apenas
livros físicos e não dispõe em seu acervo de conteúdos e mídias digitais que
pudessem atender essa nova demanda. Dessa forma, deixa de atender um público
potencial correspondente a 76% dos participantes desta pesquisa que relataram terem
interesse na leitura por meio de redes sociais ou pelo celular e 72% que se mostraram
dispostos a baixar conteúdos de seu interesse no celular, conforme Figura 5.

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76% 72%
80%
70%
60%
Porcentagem

50%
40% 27%
30% 20%
20%
4% 1%
10%
0%
Sim Não Não respondeu
Gosta de ler nas redes sociais / Gostaria de baixar conteúdos no celular

Figura 5. Celular como plataforma de leitura


Fonte: Resultados originais da pesquisa

Considerando ainda as diferentes plataformas e suportes que possibilitam


leituras e conhecimentos diversos, incluem-se neste contexto as exposições
fotográficas realizadas nas empresas que contam com o serviço de Caixa de Cultura.
Segundo Barbosa (2002), a comunicação visual é considerada uma linguagem
universal, de fácil decodificação, altamente atrativa e envolvente. Entretanto, a leitura
estética visual não se resume apenas à análise de forma, cor, linha, volume, equilíbrio,
movimento e ritmo, mas está centrada na significação que atributos, em diferentes
contextos, conferem à imagem. Dessa forma, as artes visuais exercem importante
papel no desenvolvimento cognitivo e afetivo do indivíduo, estimula a integração, a
possibilidade de se expressar, criar e manifestar-se.
A multiplicidade de experiências que as artes visuais oferecem envolvem
emoções, sensações, sentimentos e alivia tensões contribuindo para o processo
criativo e consequentemente para a inovação no âmbito organizacional (Nascimento e
Tavares, 2009). Proporcionar ambientes favoráveis à criatividade é essencial para as
organizações que buscam competitividade num cenário globalizado, mutável e
caracterizado por uma dinâmica acelerada e imprevisível. As soluções que vinham
sendo adotadas nas últimas décadas já não atendem à realidade atual. Nesse
contexto, as empresas necessitam contar com pessoas que façam uso do seu
potencial criador no trabalho, de forma a apresentar ideias novas para ganhar
competitividade. (Crespo e Wechsler, 2001).

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A disponibilização de exposições fotográficas no ambiente de trabalho favorece


a integração, o desenvolvimento da sensibilidade, cria espaço para trocas de
informações, possibilita a fruição estética do olhar, que, por consequência, pode
propiciar um ambiente favorável à criatividade.
No que tange à apreciação das exposições montadas na indústria, 72%
usufruem da proposta cultural e, curiosamente, 18% nem percebem as exposições,
como pode ser visualizado na Figura 6. Tal fato indica a necessidade de uma melhor
divulgação e envolvimento dos trabalhadores com estes eventos desenvolvidos nas
empresas.

72%
80%
70%
60%
Porcentagem

50%
40%
30%
18%
20% 10%
10%
0%
Sim Não Nem percebe
Percepção das Exposições

Figura 6. Apreciação das exposições montadas nas empresas


Fonte: Resultados originais da pesquisa

Conclusões

A pesquisa realizada evidenciou que, pela perspectiva dos funcionários das


indústrias atendidas pelo serviço “Caixa de Cultura”, a falta de tempo é a maior
barreira para a fruição da leitura via acervo físico e, apesar da leitura visual das
exposições fotográficas ser bem assimilada pela maioria dos respondentes, muitos
ainda não percebem a intervenção no ambiente de trabalho. Tal fato demonstra a
necessidade de ampliar a divulgação das exposições dentro das empresas. Os dados
mostraram também que há um público em potencial para ser atendido pelo serviço vez
que a grande maioria dos respondentes se declarara disposto a ler conteúdos em
suportes ou plataformas digitais. Neste sentido, foi possível compreender a

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necessidade de atualização do projeto avaliado, vez que ele se mantém da mesma


forma desde sua criação, em 1948, e não atende às demandas contemporâneas de
disponibilização de conteúdos digitais.
A limitação desta conclusão reside no fato de que a amostra aqui apresentada
constitui apenas um pequeno recorte do universo pesquisado, e em apenas um
momento do tempo, o que pode comprometer uma análise mais profunda do projeto.
Isso se deu por duas razões: pelo fato dos respondentes serem voluntários e também
pelas dificuldades de acesso dos funcionários a computadores no âmbito da empresa,
o que exigiu a aplicação de questionários impressos. Mas mesmo considerando esta
observação, pode-se considerar a evidência de mudanças de comportamento não
contempladas pelo projeto, que poderia adotar como estratégia buscar a aproximação
destes funcionários à leitura, e consequente ampliação do número de usuários do
serviço, a inclusão no acervo de “e-books” e áudio-livros, além da inclusão de textos
mais breves, com contextos de leitura mais interessantes e dinâmicos ao leitor.
Desse modo, sugere-se que futuros trabalhos voltados à avaliação do serviço
ampliem sua base amostral junto aos usuários e ainda incluam na pesquisa uma
avaliação da empresa/empregador sobre os benefícios verificados no desempenho e
comportamento organizacional dos funcionário leitores e, ainda, sobre impactos nos
índices de leitura após atividades de mediação para a leitura. Vale ressaltar que outras
temáticas podem ser abordadas e aprofundadas a partir desta avaliação.

Agradecimentos

Agradeço a Deus, pela oportunidade de participar deste curso, à minha família


pelo apoio incondicional, ao orientador Leandro Gilio e aos amigos que, de uma forma
ou de outra, contribuíram com o meu aprendizado, crescimento pessoal e profissional.

Referências

Arruda, M. da C.C. 2000. Qualificação versus competência. Boletim Técnico do


SENAC. Disponível em:
http://www.senac.br/INFORMATIVO/BTS/262/boltec262b.htm. Acesso em: 11 nov.
2016.

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Barbosa, A.M. 2002. Inquietações e Mudanças no Ensino da Arte. Cortez, São Paulo,
SP, Brasil.

Brito, D.S. 2010. A importância da leitura na formação social do indivíduo. Periódico de


Divulgação Científica da FALS Ano IV - Nº VIII- JUN / 2010 - ISSN 1982-646X.
Disponível em: http://fals.com.br/revela12/Artigo4_ed08.pdf. Acesso em: 08 nov. 2016.

Cademartori, L. 2011. O Professor e a Literatura para Pequenos, Médios e


Grandes. Autêntica Editora, Belo Horizonte, MG, Brasil.

Confederação Nacional das Indústrias [CNI]. 2013. Perfil da indústria nos Estados.
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Confederação Nacional das Indústrias [CNI]. 2014. Competitividade Brasil 2014: Brasil
permanece no terço inferior. Disponível em:
http://www.portaldaindustria.com.br/cni/publicacoes-e-
estatisticas/estatisticas/2015/01/1,42616/competitividade-brasil-comparacao-com-
paises-selecionados.html. Acesso em: 12 nov. 2016.

Crespo, M.L.F.; Wechsler, S.M. 2001. Clima criativo: um diagnóstico para inovação
nas organizações educacionais e empresariais. Revista Psicodebate, Ano 1, N. 1.
Disponível em:
https://dialnet.unirioja.es/descarga/articulo/5645331.pdf. Acesso em: 12 nov. 2016.

Deluiz, N. 2011. O Modelo das competências profissionais no mundo do trabalho e na


educação: implicações para o currículo. Boletim Técnico do SENAC. Disponível em:
http://www.senac.br/INFORMATIVO/BTS/273/boltec273b.htm. Acesso em: 12 nov.
2016.

Galli, F.C.S. 2012. Discursos sobre a leitura na contemporaneidade: entre o texto-


papel e o texto-tela. Campinas, 2012. Disponível em:
http://www.scielo.br/pdf/tla/v51n1/v51n1a09. Acesso em: 12 nov. 2016.

Garcez, M.M.G.; Cohen, R.H.P. 2011. Ponderações sobre o tempo em psicanálise e


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Psicologia em Revista, vol.17 N.3. Disponível em:
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Instituto Brasileiro de Opinião e Estatística [IBOPE]. 2016. Pesquisa retratos da leitura


no Brasil: 4ª edição. Disponível em:
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Nascimento, E.S.P.; Tavares, H.M. 2009. As artes visuais na educação infantil:


possibilidade real de lúdico e desenvolvimento. Artigo elaborado para a conclusão do
curso de Licenciatura em Pedagogia. Faculdade Católica de Uberlândia, Uberlândia,
MG, Brasil. Disponível em:
http://catolicaonline.com.br/revistadacatolica2/artigosv1n2/14-PEDAGOGIA-03.pdf.
Acesso em 16 out. 2016.

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Organização de Cooperação e de Desenvolvimento Econômico [OCDE]. 2014.


Melhores competências, melhores empregos, melhores condições de vida: uma
abordagem estratégica das políticas de competências, Disponível em:
http://dx.doi.org/10.1787/9788563489197-pt. Acesso em: 12 nov. 2016.

Organização de Cooperação e de Desenvolvimento Econômico [OCDE]. 2016.


Reading performance. Disponível em:
https://data.oecd.org/pisa/reading-performance-pisa.htm. Acesso em 12 nov. 2016.

Silva, F.; Menezes Filho, N.; Komatsu, B. 2016. Evolução da produtividade no Brasil:
comparações internacionais. INSPER. Policy Paper N.15 Pag. 27. Disponível em:
http://www.insper.edu.br/wp-content/uploads/2016/01/Evolucao-Produtividade-Brasil-
Comparacoes-internacionais.pdf. Acesso em: 12 nov. 2016.

Yunes, E. 2014. Políticas de leitura: registro de memórias e apontamentos críticos.


Revista Observatório Itaú Cultural - N. 17: 95-113. Disponível em:
http://www.itaucultural.org.br/revista/revista-observatorio-ic-n-17/. Acesso em: 12 out.
2016.

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Anexos – Questionário aplicado

QUEREMOS CONHECER VOCÊ

Idade:___Sexo: ( )F ( )M Grau escolaridade: ( )Fundamental ( )Médio ( )Superior

POR QUE VOCÊ NÃO LÊ?


( ) falta de tempo
( ) não gosta de ler
( ) não tem paciência para ler
( ) prefere outras atividades
( ) tem dificuldades para ler
( ) sente-se muito cansado para ler
( ) não há assuntos de interesse
( ) considero perda de tempo
( ) tem dificuldades pra entender o que se lê
( ) tem dificuldades de enxergar
( ) não tem um lugar apropriado para ler
( ) não sabe ler
( ) não sabe / não respondeu

VOCÊ GOSTA DE...


 Ouvir estórias / histórias? ( ) SIM ( ) NÃO
 Quais assuntos e temas? _______________________________________
 Ler nas redes sociais ou pelo celular ( ) SIM ( ) NÃO
 Apreciar as exposições montadas na indústria? ( ) SIM ( ) NÃO ( ) Nem
percebo

VOCÊ GOSTARIA SE...


 Tivessem conteúdos de seu interesse para baixar no celular? ( ) SIM ( ) NÃO

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Apêndice
Dados estatísticos do serviço Caixa de Cultura dos anos 2013 a 2015
emissão: 03/11/2016
Produção - Relatório Agregado pag.: 1 15:07:44
Tipo de Movimento: RT - RETIFICAÇÃO [ r_prducg.rpt ]

ENTIDADE: SERVIÇO SOCIAL DA INDÚSTRIA


DIVISÃO: 5011 - DIVISÃO DE DESENVOLVIMENTO CULTURAL
110 - Difusão Cultural e Literária

Exercício: 2013
META
Indicadores JAN FEV MAR ABR MAI JUN JUL AGO SET OUT NOV DEZ Prevista Realizada

Empresas atendicadas 786 780 771 768 772 772 770 771 767 766 763 763 1300 763

Empréstimo 6858 11032 11284 12374 15773 12433 11600 10889 10253 10884 8056 7131 315600 128567
Participantes 6858 11032 11284 12374 15773 12433 11600 10889 10253 10884 8056 7131 315600 128567

Exercício: 2014
META
Indicadores JAN FEV MAR ABR MAI JUN JUL AGO SET OUT NOV DEZ Prevista Realizada

Empresas atendicadas 497 703 709 695 662 661 672 709 706 713 746 941 1315 941
Empréstimo 5848 10168 7652 7295 10500 10476 10715 10944 9215 11763 12021 20663 176150 127260

Exercício: 2015
META
Indicadores JAN FEV MAR ABR MAI JUN JUL AGO SET OUT NOV DEZ Prevista Realizada
Empresas atendicadas 783 870 881 883 916 920 917 902 935 950 953 967 930 967

Empréstimo 7259 6287 7163 7504 7810 8770 8305 8217 7547 8358 7205 5781 133920 90206

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