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UNIVERSIDADE ANHEMBI MORUMBI

NATUROLOGIA

Luiza Hoffmann Rodrigues

PLANTAS NATIVAS BRASILEIRAS QUE PODEM SER SIMILARES À


ASHWAGANDHA NO USO TERAPÊUTICO

Monografia apresentada ao Curso de Naturologia da


Escola de Ciências da Saúde da Universidade
Anhembi Morumbi (UAM) como requisito parcial para a
obtenção do título de Bacharel em Naturologia.

Orientadora: Prof.ª Margarete Rodrigues Mota

Co-orientadora: Prof.ª Sabrina Latansio

São Paulo

202
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3

PLANTAS NATIVAS BRASILEIRAS QUE PODEM SER SIMILARES À


ASHWAGANDHA NO USO TERAPÊUTICO
BRAZILIAN NATIVE PLANTS THAT CAN BE SIMILAR TO
ASHWAGANDHA IN THERAPEUTIC USE

Luiza Hoffmann Rodrigues1

Orientadora: Prof.ª Margarete Rodrigues Mota2

Co-orientadora: Prof.ª Sabrina Latansio3

RESUMO: Esta pesquisa buscou plantas nativas brasileiras semelhantes a planta Ashwagandha,
frequentemente utilizada na Medicina Tradicional Ayurveda, medicina essa cada vez mais procurada
no Brasil. OBJETIVO: Descrever as plantas nativas brasileiras que podem ser usadas em substituição
a Ashwagandha, no uso terapêutico. MÉTODO: Trata-se de uma revisão bibliográfica exploratória
comparativa, que utilizou literaturas do Ayurveda, para o aprofundamento do uso terapêutico da
Ashwaganda; literaturas de fitoterapia brasileira e levantamentos nas bases de dados Pubmed, Scielo
e Web of Science, para explorar e aprofundar o estudo das plantas nativas brasileiras. Para a
comparação entre as plantas, foi considerado as classificações botânicas de efeitos nos sistemas e
ações principais e gerais. RESULTADOS E DISCUSSÃO: As plantas encontradas com efeito
semelhante aos da Ashwagandha foram, Pfaffia paniculata, Ptychopetalum olacoides, Heteropterys
aphrodisiaca e Trichillia catigua. CONCLUSÃO: A planta nativa brasileira considerada mais similar a
Ashwagandha no uso terapêutico foi a Pfaffia paniculata. DESCRITORES: Ashwagandha, Ayurveda,
medicina integrativa, fitoterapia, adaptógena.

ABSTRACT: This research looked for native Brazilian plants similar to the Ashwagandha plant, often
used in Traditional Ayurvedic Medicine, a medicine that is increasingly sought after in Brazil.
OBJECTIVE: Describe the Brazilian native plants that can be used in Ashwagandha substitution, in
therapeutic use. MÈTHODS: This is a comparative exploratory bibliographic review, which used
Ayurveda literature to deepen the therapeutic use of Ashwaganda; Brazilian herbal medicine literature
and surveys in the Pubmed, Scielo and Web of Science databases, to explore and deepen the study of
Brazilian native plants. For the comparison between plants, botanical classifications of effects on main
and general systems and actions were considered. RESULTS AND DISCUSSION: The plants found
with similar effect to those of Ashwagandha were Pfaffia paniculata, Ptychopetalum olacoides,
Heteropterys aphrodisiaca and Trichillia catigua. CONCLUSIONS: The native Brazilian plant considered
most similar to Ashwagandha in therapeutic use was Pfaffia paniculata. DESCRIPTORS:
Ashwagandha, Ayurveda, integrative medicine, phytotherapy, adaptogen.

1
Formanda do curso de naturologia da Universidade Anhembi Morumbi. E-mail:
luizahoffmann223@hotmal.com
2
Naturóloga formada pela Universidade Anhembi Morumbi (UAM), especialista em Ayurveda.
3
PhD em Biologia Vegetal, Professora de Ayurveda da Universidade Anhembi Morumbi (UAM).
4

INTRODUÇÃO
O Ayurveda é uma medicina tradicional milenar, que teve sua origem na Índia.
A etiologia da palavra Ayurveda vem do sânscrito, ‘Ayu’ significa vida, e ‘Veda’ refere-
se ao conhecimento, sendo assim, o termo Ayurveda, significa ‘conhecimento da vida’.
O ‘conhecimento da vida’ envolve ramos científicos e filosóficos, e busca compreender
a vida do ser humano de maneira complexa, em todas as suas dimensões. A medicina
Ayurveda é uma mistura da tradição da prática com elementos ritualísticos e da prática
empírica (POLE, 2016). A grande base dessa medicina, é a natureza e os seus cinco
elementos, éter (Aakash), ar (Vayu), fogo (Tejas), água (Jala) e terra (Prithvi)
(JAISWAL, WILLIAMS, 2016). Estes estão presentes na constituição de plantas, de
alimentos e até nos seres humanos. Esse pilar dos cinco elementos, é essencial para
o desenvolvimento de qualquer prática ayurvédica. Na classificação botânica da
fitoterapia, as plantas são classificadas, por informações que envolvem a teoria dos
cinco grandes elementos, as principais categorias são quanto à qualidade (gunas) das
plantas, que avaliam sua indicação medicinal, ao seu sabor (rasa) que é determinado
pela combinação de dois elementos, a energia (virya) que diz sobre a ação térmica e
o efeito pós-digestivo (vipaka) que são as ações terapêuticas pós metabolismo. Cada
erva tem seus próprios efeitos terapêuticos, ou seja, a partir da sua classificação são
estabelecidos quais são suas ações medicinais, em quais sistemas do organismo em
que ela atua e as suas indicações terapêuticas (TIRTHA, 2007).
No Brasil os fitoterápicos são compreendidos de outra forma, segundo o
Ministério da Saúde, os fitoterápicos podem ser definidos como medicamentos obtidos
de matérias-primas vegetais onde há o conhecimento da eficácia e dos riscos do seu
uso, assim como pela reprodutibilidade e constância de sua qualidade. Não se
considera medicamento fitoterápico aquele que, na sua composição, inclua
substâncias ativas isoladas, de qualquer origem, nem as associações destas com
extratos vegetais (RDC nº 48/04 - Anvisa). A fitoterapia é caracterizada como a
terapêutica que faz a utilização de plantas medicinais em suas diferentes preparações
farmacêuticas, sem a utilização de substâncias ativas isoladas ainda que de origem
vegetal (BRASIL, 2006).
A busca pela fitoterapia tem aumentado mundialmente, de acordo com a
Organização Mundial da Saúde (OMS), em torno de 80% da população mundial utiliza
plantas medicinais como forma de tratamento (TOMAZZONI, 2006). O Ayurveda
considera o uso das plantas a conduta mais eficaz para a manutenção da saúde e
5

para curar doenças, além de serem os principais elementos para a produção de


medicamentos. O Brasil é o país que possuí a maior biodiversidade vegetal do mundo
(ALMEIDA, 2016).
Levando em consideração que a espécie vegetal Withania somnifera (L.) Dunal,
de nome popular Ashwagandha, está entre as plantas mais utilizadas na medicina
Ayurveda, por ser uma planta com diversas ações terapêuticas e ter um potencial de
ação abrangente na promoção e manutenção da saúde, essa pesquisa buscou
encontrar plantas nativas brasileiras com potencial de uso em substituição ao
Ashwagandha, enquanto uso terapêutico. A Whithania somnifera é nativa das regiões
secas da Índia, e é principalmente encontrada no Oeste da Índia, nos estados de
Maharashtra, Gujarat, Rajastão, Punjab, Haryana, Uttar Pradesh e Madhya Pradesh
(AMBROSE, et al). A parte utilizada medicinalmente são as raízes do arbusto, entre
suas ações no organismo estão os efeitos adstringente, analgésico, anti-helmíntico,
afrodisíaco, sedativo, tônico, anti-inflamatório, adaptogênico e rejuvenescedor. Atua
nos sistemas nervoso, reprodutivo e respiratório do organismo. O uso dessa planta
serve principalmente para o estímulo do sistema imune, podendo assim auxiliar no
tratamento de diversas doenças, e também sendo eficaz para os tratamentos de
ansiedade, depressão, artrite, controle da pressão arterial, edemas, distúrbios do
sono, fadiga, infertilidade, distúrbios de memória, entre outros (TIRTHA, 2007).
A Política Nacional de Práticas Integrativas e Complementares (PNPIC),
instituiu no SUS, em 2006 abordagens de cuidado integral à população. Até então,
eram oferecidas à população cinco práticas integrativas. Em 2017, foram incuídas 14
novas práticas, estando entre elas o Ayurveda. 4 Nos últimos 15 anos, a visibilidade do
Ayurveda tem aumentado no Brasil, ao observar o aumento da quantidade dos cursos
de formação em Ayuveda, eventos que promovem esse conhecimento e a
aceitabilidade das pessoas (ALBA, 2015).

Nesse contexto, a finalidade dessa pesquisa foi relacionar a fitoterapia


brasileira com a fitoterapia ayurvédica, especificamente no que tange a busca por
espécies vegetais nativo que possam substituir o Ashwagandha no uso terapêutico,
tendo em vista o aumento do interesse na medicina Ayurveda em escala global e o
aumento significativo da demanda de plantas indianas através da exportação. A

4
Noticia reportada no site do ministério da saúde: https://www.saude.gov.br/noticias/agencia-saude/42737-
ministerio-da-saude-inclui-10-novas-praticas-integrativas-no-sus. Acessado em 28 de abril de 2020.
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exportação é um fator que pode afetar as plantas, pois percorrem grandes trajetos
estando expostas aos fatores externos, assim a planta pode sofrer impactos e ter seus
potenciais terapêuticos reduzidos. Outro fator é que, o aumento da busca por plantas
indianas, afeta consequentemente, a população indiana, onde o Ayurveda é uma das
medicinas usadas popularmente. Segundo o Banco Mundial, em 2017 a população
indiana foi avaliada em 1,339 bilhões de pessoas, e segundo o Ministério AYUSH 5 a
população indiana possui prioridade no uso de medicamentos e fitoterápicos
ayurvédicos6. Ou seja, a demanda interna de plantas medicinais na Índia é alta, ainda
associada com a demanda externa, pode gerar grandes impactos com relação ao
cultivo dessas plantas.
Considerando todos esses fatores que estão atrelados a exportação das
plantas indianas, observa-se como escolha responsável e sustentável a necessidade
da busca por plantas nativas brasileiras que possam contemplar com sua ação
terapêutica, efeitos semelhantes aos das plantas medicinais indianas, diminuindo
assim, a dependência de plantas importadas. A relevância dessa pesquisa para o
campo da saúde foi devido ao aumento do uso e da procura por fitoterápicos. Contudo,
ainda utilizamos muitas plantas que não são nativas do Brasil, e essa pesquisa teve o
intuito de incentivar a valorização da flora brasileira. Além de diminuir o custo do
tratamento com Ayurveda, que atualmente é alto no Brasil.

METODOLOGIA

Foi realizada uma pesquisa bibliográfica comparativa que explorou artigos que
tenham pesquisado plantas nativo brasileiras, que possam ser similares à
Ashwagandha no uso terapêutico.
A pesquisa bibliográfica foi desenvolvida em quatro etapas de execução: 1) o
estudo de textos de base do Aryurveda com a finalidade de descrever os usos da
ashwaganda; 2) pesquisa sobre o efeito adaptógeno de plantas, e seleção de plantas
nativas brasileiras com efeito similar ao de um adaptógeno; 3) aprofundamento das
propriedades das plantas nativas brasileiras e seus efeitos similares aos efeitos da

5 Governo indiano. Site: http://ayush.gov.in/


6 Deve ser considerado também que há outros tipos de medicina na Índia que usam plantas em seus
tratamentos, entre elas a medicina Siddha, Unani, Homeopatia e Naturopatia.
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ashwagandha, realizado em livros de referência e bases de dados e, finalmente, 4) o


desenvolvimento da discussão comparativa.
A primeira etapa consistiu em leitura exploratória sobre o Ashwagandha, nos
livros “Materia medica of Ayurveda: based on Madanapala’s Nighantu” (DASH, 2011),
“Dravyaguna Vijñana: study of the essential medicinal plants in Ayurveda” (SASTRY,
2003), “Major Herbs of Ayurveda” (WILLIAMSON, 2002), “Ayurvedic Medicine: The
Principles of Tradicional Practice” (WILLIAMSON, 2006), “The Ayurveda Encyclopedia
natural secrets to Healing, prevention & longevity” (TIRTHA, 2007) “Ayurveda: Saúde
e longevidade na Tradição milenar da Índia” (CARNEIRO, 2012), e nos artigos “A
glimpse of Ayurveda: The forgotten history and principles of Indian traditional
medicine” (JAISWAL; WILLIAMS, 2016), “Withania somnifera: An Indian ginseng”
(KULKARNI; DHIR, 2008) e “Withania somnifera (Linn.) Dunal: a review of chemical
and pharmacological diversity” (KALRA; KAUSHIK, 2017).
Com base na importância do efeito adaptógeno da Ashwagandha, que foi
reportado como um dos principais efeitos dessa planta (LIAO, et al, 2018), a segunda
etapa, consistiu na busca por artigos que abordassem o efeito adaptógeno de plantas,
inclusive plantas brasileiras que possuem esse efeito na base de dados Web of
Science, com o uso das palavras-chaves: Ashwagandha, ayurveda, adaptogen.
Foram selecionados 4 artigos que tratam sobre o efeito adaptógeno. As plantas
consideradas relevantes para o presente artigo, foram citadas em três dos quatro
artigos selecionados. O critério de inclusão utilizado na seleção das plantas foi ser
uma espécie nativa brasileira e possuir sete ou mais ações terapêuticas iguais as
ações da Ashwagandha, sendo muito relevante as ações adaptógena,
imunomoduladora e tônica; pois são considerados os efeitos mais relevantes da
Ashwagandha. Foram excluídas desta pesquisa, plantas que não são nativas
brasileiras e espécies que demonstraram possuir toxidade e efeitos controversos.
A terceira etapa foi dedicada ao aprofundamento de dados sobre as
propriedades das plantas selecionadas, para isso foram utilizadas as literaturas “Uso
Tradicional de Plantas Medicinais e Fitoterápicos” (PANIZZA, et al, 2012), “Plantas
Medicinais no Brasil: nativo e exóticas” (LORENZI; MATOS, 2002), “Essência da
Saúde: Plantas medicinais e alimentação” (CARNEIRO et al, 2019). E incluiu também
uma pesquisa sistemática das plantas nativo brasileiras selecionadas, a partir dos
nomes científicos das plantas a busca foi realizada na base de dados PubMed e
Scielo, com o intuito de descrever informações atualizadas sobre as mesmas. E por
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fim, a quarta etapa consistiu no desenvolvimento da comparação entre a


Ashwagandha e as plantas nativo brasileiras, por meio de tabela comparativa e da
exploração dos efeitos terapêuticos similares.
Contudo, a maneira de descrição da fitoterapia no Brasil, com relação as suas
propriedades, são diferentes de como são descritas as plantas na medicina Ayurveda.
Assim, para que fosse possível a comparação entre plantas de diferentes
racionalidades, foram selecionadas classificações em comum entre as racionalidades.
Foram considerados os efeitos principais e gerais das plantas e suas ações nos
sistemas orgânicos do corpo.
Ademais, a este percurso metodológico e de forma complementar, foram
consultados os clássicos Charaka Samhita (ACHARYA. 1st ed. Varanasi: Krishnadas
Academy. 2000), Sushruta samhita e Astanga Hrdayam; e suas menções ao
Ashwagandha. O Ayurveda, contém todo o seu conhecimento compilado nos livros
clássicos. A pureza das informações trazidas nesses livros, é a base dessa medicina,
e, portanto, é de grande importância trazer essas informações em qualquer estudo no
assunto. Considerando a importância dos livros clássicos, a presente pesquisa trouxe
a citação do ashwagandha presente em cada um desses livros.

RESULTADOS

Ashwagandha nos Clássicos

No Charaka Samhita (3:8-9) a ashwagandha é citada duas vezes, na primeira


ela é citada numa formulação denominada “Formulação de Kushthadi-I”, que é
composta pelo pó de várias plantas misturadas com leitelho, essa preparação envolve
a ashwagandha. A formulação é indicada para doenças de pele, onde é aplicada
externamente sob o local afetado. No capítulo 4 do Charaka Samhita, é desenvolvido
a classificação das ervas por suas atividades e utilidades específicas. Quinhentas
ervas são organizadas em cinquenta grupos, a partir de seu perfil de atividade. A
ashwagandha está presente nos subgrupos do grupo I e do grupo II, os subgrupos
revelam a ação das ervas, por tanto, a ashwagandha é classificada por sua ação de
promoção de força/massa (subgrupo do grupo I) e ação tônica (subgrupo do grupo II).
No Sushruta Samhita (XVII: 22-23) o ashwagandha é citado várias vezes. Está
inclusa em várias preparações medicinais, sempre junta a outras plantas. Ela foi citada
em preparações com óleo medicado com uma mistura de algumas ervas para o
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tratamento de um distúrbio que afeta a córnea. Também foi incluída como tratamento
a partir do vapor, juntamente com outras plantas, para caso de dor nos ouvidos
(Sushruta Samhita XXI: 4-5). A ashwagandha preparada juntamente com um leite
cozido, serve como um tônico construtivo (XLI: 24). Ao esfregar o pó da ashwagandha
junto com o pó de outras duas plantas, pode-se combater uma crise de asma com
tosse (Sushruta Samhita XLI: 25-26). No Sushruta a ashwagandha está presente na
preparação do Phala Ghrita, um medicamento tradicional no Ayurveda, usado
principalmente para distúrbios dos órgãos reprodutivos (Sushruta Samhita LXII: 13).
No Astanga Hrdayam, o ashwagandha é citado duas vezes. Primeiramente
numa preparação, que envolve muitos outros elementos que não só plantas, como
uma prática de rasayana (Astanga Hrdayam III: 133-141). E também é citado seu uso
junto ao ghee, com fins de nutrição e bom desenvolvimento de crianças (Astanga
Hrdayam XIV: 157).

Medicina Ayurveda e sua visão fitoterápica

As ervas no Ayurveda sempre estiveram presentes como ferramenta de


tratamento de doenças, nos Vedas são mencionadas 260 espécies de plantas, e no
Charaka Samhita as ervas são classificadas em 50 grupos de acordo com sua ação
primária, como já descrito. Enquanto no Sushruta e Astanga Hrdayam, agrupam as
ervas em grupos a partir da ação específica da planta, ou seja, o título do grupo
geralmente recebe o nome da erva conhecida pela ação principal desse grupo, que
estarão presentes apenas ervas com a(s) mesma(s) ações especificas. Na
farmacologia ayurvédica são consideradas as qualidades (gunas) de cada erva e
outras matérias primas, como óleos e minerais, as qualidades (gunas) dos cinco
elementos indicam sua ação medicinal, podendo ser fria, quente, pesado, leve,
picante, doce, oleoso, entre outras. Nas literaturas ayurvédicas é comum as ervas
serem descritas com a indicação de para qual desequilíbrio ela é eficaz, podendo ser
um desequilíbrio de vata, pitta e/ou kapha. E suas propriedades são apontadas a partir
do sabor (rasa), efeito pós-digestivo (vipaka) e energia (virya) de cada planta. (POLE,
2016)
O sabor (rasa) das ervas é determinado pela combinação de elementos,
normalmente são um ou dois elementos dominantes, que podem variar com o tempo
dependendo de quando é colhida, onde é cultivada, como é armazenada, como é
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processada ou cozida. Os sabores podem ser doce, azedo, salgado, pungente,


picante ou adstringente; os sabores também possuem qualidades (gunas), por
exemplo, o sabor doce tem predominância dos elementos água e terra, e suas
qualidades são pesado, úmido e frio. A energia (virya) das ervas diz sobre a ação
térmica das ervas, entre as propriedades a energia da erva é considerada a mais
importante. A energia da planta tem ação quente ou fria, a ação quente aquece e tem
o elemento fogo, que produz calor; o calor aumenta o metabolismo, estimula a
circulação, provoca sudorese, tontura e sede. Ervas picantes, azedas e salgadas
tendem a aquecer. A energia fria contraí os músculos e estreitam os canais de
circulação, são ricos no elemento água. Substâncias frias são geralmente usadas para
tratar condições "quentes", inflamadas. As ervas de energia fria esfriam, umedecem e
sedam o metabolismo e os tecidos, diminuem condições de inflamação e devem ser
usadas com cautela. Ervas amargas, doces e adstringentes tendem a esfriar. Sobre o
efeito pós-digestivo (vipaka) são considerados os efeitos que cada sabor produz nos
tecidos e no metabolismo, e seu efeito é de longo prazo por todo o corpo (POLE, 2016)
Há qualidades (gunas) especificas das ervas, essas qualidades indicam seu
potencial de ação terapêutico. No livro de Pole (2016) é ressaltado que
“Existem 20 qualidades listadas em Susruta que podem ser usadas
para determinar o efeito energético de uma substância, mas, além das ações
de aquecimento (usna) e refrigeração (sita), as cinco listadas abaixo são as
principais utilizadas. Eles são listados separadamente, pois precisam que os
efeitos agni reguladores da usna e da sita se manifestem, refletindo a
importância primária da qualidade térmica de uma substância. Embora
geralmente usem uma posição secundária para o local principal da virya
(quente-frio), a guna de penetração leve-pesado, úmido-seco pode
ocasionalmente ter um efeito dominante. Por exemplo, as propriedades
untuosas dos óleos de coco e gergelim são mais terapeuticamente
importantes do que suas respectivas propriedades de resfriamento ou
aquecimento. ” (POLE, 2016, p. 69).

As qualidades principais as quais Pole (2016) menciona são leve, pesado, untuoso,
seco e penetrante. Ervas leves são consideradas ervas que tem predominância do
elemento ar, que são de fácil digestão. Enquanto as ervas consideradas pesadas são
ervas que são difíceis de digerir e nutrem todo o sistema, são compostas dos
elementos água e terra, sendo assim, ótimos para o dosha kapha. As ervas consideras
untuosas, são ervas que são oleosas e macias, e atuam umedecendo e aumentando
a fertilidade. As ervas com qualidade seca têm o efeito de secar e absorver, e são
naturalmente adstringentes. Por fim, a qualidade penetrante traz uma ação de se
espalhar profundamente e rapidamente nos tecidos, abrindo canais.
Sobre a importância das ervas medicinais, Pole (2016) discorre
11

“Em termos médicos, o uso de medicamentos fitoterápicos é insuperável; eles


têm a função de fortalecer com segurança os tecidos, a imunidade e a
integridade do corpo, além de oferecer o potencial de limpar, desintoxicar com
segurança os resíduos do corpo. [...] Em um artigo fascinante intitulado
'Revolução ética', escrito pelo eminente fitoterapeuta David Crowe e
apresentado ao Dalai Lama em Nova York em 2003, ele sugere que uma
maneira de curar o sofrimento humano e prevenir a destruição ecológica é
proteger os medicamentos fitoterápicos. Isso nos reconectará com os
padrões naturais de cura da natureza, além de curar a destruição endêmica
do mundo natural” (POLE, 2016, p. 78).

A importância da Ashwagandha e suas propriedades terapêuticas

A erva Withania somnifera Dunal., nome popular Ashwagandha é originária na


Índia e pode ser encontrada em países asiáticos e em partes da África (WILLIAMSON,
2002). Ela é nativa das regiões secas da Índia, e é principalmente encontrada no
Oeste da Índia, nos estados de Maharashtra, Gujarat, Rajastão, Punjab, Haryana,
Uttar Pradesh e Madhya Pradesh (AMBROSE, et al). O nome Ashwagandha vem da
sua relação com a características do cavalo, que possuí força e vigor, além do cheiro
da raiz fresca ser similar ao cheiro da urina do cavalo (POLE, 2016).
É um arbusto que possuí folhas e flores, mas a parte utilizada medicinalmente
são as raízes. Suas ações especificas são promover força, promover sêmen,
rejuvenescedora e equilibrar os doshas vata e kapha (DASH, 2001). Na busca
exploratória sobre as propriedades e características da planta, foram utilizadas
literaturas variadas para um entendimento mais completo sobre as ações terapêuticas
que a Ashwagandha possuí. Na compilação dos dados encontrados, considerei mais
relevante as propriedades da planta que se repetem nas diferentes literaturas
utilizadas. Pois, o grande diferencial dessa espécie vegetal são suas ações principais,
que são adaptógena, imunomoduladora e tônica. Na interpretação ayurvédica, é uma
planta com sabor (rasa) amargo, adstringente e doce, e sua energia (virya) é
aquecedora. O seu efeito pós digestivo (vipaka) é doce, e suas características (gunas)
são ser leve e untuosa. Por isso, é uma planta extremamente benéfica para os
desequilíbrios dos doshas vata e kapha (WILLIAMSON, 2002).
Suas ações terapêuticas são muitas, e é muito interessante pois, é uma planta
considerada tônica e sedativa ao mesmo tempo, por ser uma espécie herbal com
potencial adaptógeno. O sufixo do seu nome científico somnifera vem da sua ação
sedativa. Tem dupla ação de energizar enquanto acalma, ela fortalece o sistema
nervoso exausto que pode ser manifestado com sinais de instabilidade emocional,
12

agitação ou estresse (POLE, 2016). É também considerada uma planta com ação
bactericida, diurética, anti-inflamatória, imunomoduladora, anti-tumoral,
rejuvenescedora, analgésica e antianêmica. Tem ação nos tecidos e sistemas
orgânicos do corpo humano, age no tecido sanguíneo, tecido muscular, tecido
adiposo, tecido ósseo e tecido reprodutivo. E nos sistemas nervoso, respiratório e
reprodutivo (POLE, 2016; WILLIAMSON, 2002).
É uma planta com ação tônica nos tecidos musculares, por isso é indicada para
disfunções que envolvem os tecidos de maneira geral. Por beneficiar todos os tecidos
musculares, é usado como tônico cardíaco, uterino e pulmonar, além de aumentar o
peso e o tônus muscular em convalescentes, crianças em desenvolvimento lento e
idosos. Age nos músculos reduzindo a inflamação e fortalecendo o tônus muscular,
além de ser considerada um anabolizante natural, por suas características hormonais.
Pode tratar também distúrbios nervosos como ansiedade, neurose,
pensamento excessivo, déficit de atenção, insônia, hiperatividade e condições
causadas pelo estresse. Um tropismo para o sistema nervoso, traz múltiplos
benefícios. Relaxa tanto os nervos como tonifica o sistema nervoso central
aumentando a tolerância ao estresse, além de promover o intelecto. Contém
afinidades especificas com majja dathu (tecido nervoso) e ajuda a regular os
movimentos vyana vayu no coração (POLE, 2016; WILLIAMSON, 2002).
É considerada uma planta afrodisíaca, por aumentar a potência sexual e a
produção e força do esperma. Além de também agir no sistema reprodutor feminino,
é considerado um ótimo tônico para os músculos uterinos e indicado para
dismenorreia e amenorreia, e desequilíbrio menstrual (POLE, 2016). Quanto os
aspectos relacionados a imunidade estão entre as indicações as condições auto-
imunes, neuropenia, distúrbios reumatoides e osteoartrite, câncer, distúrbios crônicos
do tecido conjuntivo, além de estimular a imunidade. Ela aumenta ojas (pode ser
entendida como força vital) e fortalece o sistema imunológico debilitado, prevenindo
doenças causadas por drogas imunossupressoras ou estilo de vida não saudável. Ela
beneficia a respiração, por isso é indicada para afecções relacionadas ao pulmão,
como asma e tosse alérgica, por exemplo. É útil em condições de atrites e dor (POLE,
2016; WILLIAMSON, 2002).
Suas contraindicações incluem o cuidado com condições do excesso do dosha
pitta e ama (toxina) com congestionamento. Cuidado na gravidez, embora
tradicionalmente usado na Índia durante a gravidez para fortalecer o útero e a saúde
13

da mãe e do filho. Porém, ela possui atividade espasmolítica no útero, o que pode ser
considerado um risco durante a gravidez. Não há nenhuma interação medicamentosa
conhecida. Porém, existem algumas interações teóricas entre Ashwagandha e
imunossupressor, tireoide e alguns medicamentos sedativos, mas estes não são
baseados em evidências. Como o Ashwgandha parece ter alguma atividade
hipoglicêmica em seres humanos, é aconselhável monitorar a glicose no sangue em
indivíduos suscetíveis (POLE, 2016).

Adaptógenos

O termo adaptógeno foi proposto pela primeira vez em 1940 por um cientista
da União Soviética (URSS), Sergey N. Lazarev, descreveu o termo como:
adaptógenos de origem vegetal que podem não especificamente melhorar o corpo
humano. Na década de 1990, um grupo de cientistas, composto por Hildebert Wagner,
George Wikman e Alexander Panossian, realizou muitos estudos sobre adaptógenos
e propôs a seguinte definição:
“Adaptógenos são biorreguladores naturais que aumentam a
capacidade de adaptar fatores ambientais e evitam os danos
causados por esses fatores. De fato, a vantagem dos adaptógenos é
que eles minimizam a resposta corporal ao estresse, reduzindo as
reações negativas durante a fase de alarme e eliminando, ou pelo
menos diminuindo, o início da fase de exaustão que faz parte da
chamada síndrome geral de adaptação” (LIAO, et al, 2018).

Segundo Jawaid et al (2011), os adaptógenos são substâncias biologicamente


ativas de origem vegetal que parecem induzir um estado de aumento inespecífico da
resistência do organismo a diversas agressões que ameaçam a homeostase interna
e melhoram a resistência física.
O conceito de adaptógenos tem sido continuamente modificado e aperfeiçoado.
Atualmente, estudos confirmaram que as seguintes plantas são verdadeiras
adaptogenos: Panax ginseng C.A. Me., Schisandra chinensis (Turcz.) Baill.,
Acanthopanax senticosus (Rupr. Et Maxim.), Rhodiola crenulata (Hook. F. Et Thoms)
SHFu e Lepidium meyenii Walp (LIAO, et al, 2018). Outras plantas que são
adaptógenas que são bem estabelecidos, na pesquisa de Liao et al, são citadas
Withania somnifera (L.) Dunal, Codonopsis pilosula (Franch.) Nannf., Eleutherococcus
senticosus (Rupr. & Maxim.) Maxim., Gynostemma pentaphyllum (Thunb.) Makino,
14

Glycyrrhiza uralensis Fisch.ex DC., Ganoderma Lucidum Karst e Sedum rosea (L.)
Scop.
Segundo Mendes (2011), os adaptógenos atuam através de diferentes
sistemas, com a combinação dessas ações sendo responsáveis por seus efeitos
benéficos e protetores, também podem atuar melhorando a capacidade do corpo de
responder a estímulos estressantes, ativando/desativando mediadores de resposta ao
estresse, como corticosteroides, catecolaminas e óxido nítrico. Os adaptógenos
atuam de maneira inespecífica, por meio de suas atividades antioxidantes,
imunomoduladoras e outras. O principal mecanismo de ação dos adaptógenos
acontecem através da modulação do eixo hipotálamo-hipófise-adrenal (HPA).
Aparentemente, eles não apenas modulam o funcionamento do eixo em condições
estressantes, mas agem por conta própria, estimulando agudamente a produção de
hormônio adrenocorticotrópico e corticosteróide, alterando levemente os níveis basais
desses hormônios que se estabilizam algum tempo após a administração. Em
situações de estresse crônico, os adaptógenos atuariam restabelecendo o
funcionamento do eixo, interrompendo a liberação do hormônio do estresse pelo
mecanismo de feedback negativo (MENDES, 2011).

Ou seja, o mecanismo de ação dos adaptógenos, auxilia em diversas situações


de estresse incluindo estresse físico, bioquímico, hormonal, térmico, interno, externo,
emocional e mental, reduzindo o estresse e auxiliando em diversos distúrbios que são
causados ou agravados pelo estresse. Sua ação de ampla gama, desempenha um
papel importante no sistema imunológico, segundo Mendes (2011) várias plantas
consideradas adaptógenas são imunoestimulantes; outro efeito que certamente
contribui para o conjunto de ações dos adaptógenos é sua atividade antioxidante,
embora essa atividade não seja claramente observada em todas as plantas
consideradas adaptógenas. O papel dos antioxidantes na prevenção de doenças
neurodegenerativas e relacionadas ao envelhecimento é bem conhecido, usadas para
diminuir os déficits resultantes do envelhecimento. Como eles agem melhorando o
desempenho cognitivo, acredita-se que os adaptógenos também possam modular o
sistema colinérgico e outros sistemas de neurotransmissão. De acordo com Mendes
(2011), a modulação dos sistemas dopaminérgico, monoaminérgico e serotoninérgico
são alvos importantes para plantas e preparações utilizadas em condições de
fraqueza nervosa, depressão e impotência sexual.
15

Segundo Liao et al (2018), os adaptógenos também reduzem efetivamente a


inflamação e a dor associadas à artrite. Também ajudam a produzir cortisol e aliviar o
estresse, consequentemente auxiliando na melhora do sono. Uma das funções mais
importantes dos adaptógenos é sua capacidade de ajudar a estabilizar o ambiente
interno do corpo humano, afetando o sistema neuroendócrino. Os produtos químicos
nos adaptógenos de origem vegetal aumentam a capacidade de adaptação a
ambientes externos e evitam danos.
Além disso a ação antitumoral dos adaptógenos como inibição da produção de
células cancerígenas, estabilização das funções do corpo humano e promoção do
reparo celular. O efeito antitumoral dos adaptógenos costuma estar intimamente
ligado aos mecanismos imunológicos. Em outras palavras, os adaptógenos podem
ativar macrófagos, linfócitos T, células NK e assim por diante para inibir o crescimento
de tumores e aumentar a apoptose seletiva de células e a conexão intercelular. Os
adaptógenos podem ser usados também como tratamentos auxiliares, para reduzir os
efeitos colaterais desses medicamentos químicos e recuperar a saúde (LIAO et al,
2018).
No entanto, não apenas as plantas citadas acima possuem ação de um
adaptógeno. Diversas pesquisas comprovam a presença da substância adaptógena
em outras plantas, inclusive plantas brasileiras. Popularmente, no Brasil, muitas
plantas são utilizadas como tônico, fortificante, afrodisíaco, anti-estresse, entre outros
usos semelhantes às indicações de um adaptógeno. Em geral, essas plantas são
utilizadas de maneira inespecífica, em situações de estresse e fadiga, na recuperação
após um estado patológico ou debilitante anterior ou simplesmente visando à
manutenção de um estado saudável (MENDES, 2011). Assim como os adaptógenos
verdadeiros, plantas nativo brasileiras são usadas, segundo Mendes e Carlini (2007),
para combater o estresse, aumentar a resistência física, com o objetivo de manter a
forma ou atenuar alguns dos distúrbios resultantes do envelhecimento, como perda
de memória e atenção, cansaço, fraqueza geral, impotência sexual.
O Brasil é rico em plantas com potencial efeito adaptógeno, porém ainda faltam
estudos farmacológicos para confirmar essas propriedades terapêuticas (Mendes e
Carlini, 2007). Embora o termo adaptógeno não seja comumente empregado no
Brasil, existem várias plantas brasileiras com ações similares a um adaptógeno,
embora poucos tenham sido estudados farmacologicamente fornecendo evidências
bio-científicas para seu uso. Portanto, muitas plantas brasileiras de uso difundido
16

ainda não foram objeto de pesquisa científica, necessária para provar ou não seu uso
popular como plantas adaptógenas (Mendes e Carlini, 2007). Segundo Mendes,
inicialmente, acreditava-se que, para uma planta ser considerada um adaptógeno, ela
deveria ser rica em saponinas e não conter alcaloides. No entanto, é claro que as
plantas adaptógenas são distintamente diferentes no que diz respeito à sua
composição química; portanto, seu efeito não pode ser atribuído a uma única classe
de substâncias.
Das espécies brasileiras encontradas nas pesquisas sobre produtos herbais
adaptogênicos, as selecionadas para o presente artigo foram: Pfaffia paniculata,
Ptychopetalum olacoides, Trichillia catigua e Heteroptetys aphrodisiaca.

Plantas nativo brasileiras com o potencial similar a Aswhagandha

Trichillia catigua A. Juss.

Conhecida popularmente como Catuaba, a Trichillia catigua é nativo das


regiões do cerrado brasileiro, e sua família botânica é Meliaceae. Possuí ações
tônicas, estimulantes e antidepressivas, ela atua no sistema nervoso central,
interferindo na condução de impulsos dos nervos motores, seja por mecanismos
depressores ou excitatórios. Também possuí ação adstringente, purgativa, bactericida
e anti-inflamatória. A catuaba é muito conhecida por sua ação afrodisíaca e
estimulante da libido, sendo assim, muito utilizada em casos de impotência sexual,
tanto para homens quanto para mulheres. Por ser uma planta estimulante do sistema
nervoso central, ela combate a fadiga, insônia e a falta de memória. A parte utilizada
desta planta, é a casca, que pode ser administrada através de decocções, tinturas ou
em pó. Deve-se ter cuidado com o uso excessivo deste medicamento, pois pode
causar dilatação das pupilas por tempo prolongado, também é contraindicado para
gestantes e lactantes (CARNEIRO, et al, 2019). Em estudos com plantas brasileiras,
também foi observado que, popularmente, a catuaba é utilizada também por sua ação
anti-estresse e rejuvenescedora (MENDES, 2011).

Pfaffia paniculata Mart.

A Pfaffia paniculata é uma planta nativo brasileira das regiões tropicais,


popularmente conhecida como fáfia, ginseng-brasileiro, picão-de-tropeiro, solidonia,
suma, cipó-suma e também corango-açu no sul do Brasil, essa espécie é pertencente
17

à família botânica Amaranthaceae. Dentre as plantas selecionadas como similares a


ashwagandha, essa é a que possui potenciais de ação mais similares entre todas as
plantas nativo brasileiras estudadas para essa pesquisa. Tradicionalmente usada
medicinalmente por indígenas, ela é reconhecida por possuir propriedades anti-
tumorais (VILELA, et al 2013). Está raiz possuí na sua composição química saponinas
(pfaffosídeos), esteroides (sitosterol, estigmasterol), aminoácidos (possui; 19),
glicosídeos, mucilagens, sais minerais (P, Ca, K, Fe, mg, Co, Ge, Si, Zn) e vitaminas
(A, B1, B2, C, D, E, ácido pantotênico). As saponinas da fáfia (pfaddosídeios) são
similares, pela estrutura química e pelas ações farmacológicas, à saponinas do
ginseng coreano (ginsenosídeos). Por isto, a fáfia é chamada de ‘ginseng brasileiro’.
A fáfia possuí ação adaptógena, tônica, energizante, nutritiva e revigorante. Porém,
devido a sua ação adaptógena, ela tem efeito sedativo suave nos casos de excitação
excessiva do sistema nervoso, além de melhorar as funções do cérebro, contribuindo
no mecanismo de aprendizagem e memória. Esta também é uma planta
imunomoduladora, tendo ação estimulante no sistema imune e ação anti-inflamatória
(CARNEIRO, et al, 2019).
Há dois fito-esteroídes presentes na fáfia (sitosterol e estigmasterol) que
aumentam a produção de estrogênios, possuindo efeito anabolizante natural e
contribuí contra os sintomas da menopausa. Estimulante do metabolismo, ela também
ajuda no controle do colesterol. Seu uso pode ser indicado em diversas situações,
mas entre elas estão o cansaço e fraqueza causados pelo estresse crônico ou por
disfunções nutricionais, como anemia, por exemplo. É bem utilizada também nas
disfunções imunológicas e também, pela sua ação hormonal, utilizada para auxiliar
nos distúrbios hormonais, tais como tensão pré-menstrual e sintomas da menopausa.
Por sua ação no metabolismo, também pode ser utilizada para melhorar o
desempenho nas atividades físicas, como um anabolizante natural, e pode ser útil
como coadjuvante no controle do colesterol e da glicose no sangue. Seu modo de uso,
pode ser através de decocções ou do pó. Pela falta de dados de segurança, não é
recomendado a administração deste produto nas fases de gestação e lactação
(CARNEIRO, et al, 2019).
Segundo Lorenzi (2002), as raízes da fáfia são usadas por mais de 300 anos
pelas populações indígenas da América, para uma ampla variedade de distúrbios e
como tônico geral do corpo e rejuvenescedora. Ainda Lorenzi descreve que, na
medicina herbária europeia essa planta é utilizada para restaurar funções nervosas e
18

glandulares, para balancear o sistema endócrino e fortalecer o sistema imunológico,


é utilizada também para combater a infertilidade e minimizar os efeitos colaterais de
remédios anticoncepcionais, também para neutralizar as toxinas. É uma planta
indicada para tonificar e regenerar diversos sistemas do corpo, tratando distúrbios
como hipoglicemia, impotência sexual, artrites, anemia, diabetes, alguns tipos de
tumores, mononucleose, hipertensão, disfunções hormonais e estresse de diferentes
origens. Estudos com a fáfia, também demonstraram o seu uso popular pela ação
afrodisíaca e anti-estresse que essa planta possuí (MENDES, 2011). Conforme as
propriedades organolépticas, a Pfaffia paniculata é considerada uma planta
ligeiramente doce no princípio, e em seguida ela proporciona um sabor levemente
amargo, além de ser quente e úmida (SAAD, 2018).

Ptychopetalum olacoides Benth.

De nome popular marapuama ou muirapuama, a Ptychopetalum olacoides é


outra planta que se assemelha a Ashwagandha no seu uso terapêutico, a marapuama
é nativo brasileira, originária da Amazônia e pertence a família botânica Olacaceae.
Suas raízes possuem ações tônicas, estimulam o sistema nervoso central, é
afrodisíaca e estimulante do humor. Ela também apresenta ação anti-inflamatória e
antirreumática. Esta planta possuí ampla ação tônica sobre as condições de fadiga e
as disfunções sexuais relacionadas ao estresse. Para tanto, seu uso é indicado para
impotência sexual masculina e feminina, situações de fraqueza muscular e tremores,
astenia, esgotamento e depressão nervosa reativa ao estresse, como um estimulante
do sistema nervoso central. Também pode auxiliar nos casos de dores e reumatismo.
Sua raiz e casca podem ser administradas através de decocções, pó e tintura para o
uso terapêutico. Está também é uma planta que, por falta de dados de segurança, seu
uso não é recomendado nos períodos de gravidez e lactação (CARNEIRO, et al,
2019). Segundo Mendes (2011), essa planta também possuí ação anti-idade
(rejuvenescedora) e anti-estresse. De acordo com as propriedades organolépticas,
essa planta é tida como uma planta adstringente, amarga e acre (SAAD, 2018).

Tabela 1 Na primeira coluna são descritas as ações da Ashwagandha, e nas colunas


subsequentes as espécies vegetais brasileiras utilizadas na análise comparativa; onde
19

(++) indicam suas principais ações terapêuticas; (+) indica a presença de determinada
ação terapêutica; (o) indica não possuir determinada ação terapêutica.

Ações Plantas .
terapêuticas
Withania Pfaffia Trichilia Heteropterys Ptychopetalum
somnifera paniculata catigua A. aphrodisiaca olacoides
Dunal. Mart. Juss. March. Benth
(Ashwagandha) (Fáfia) (Catuaba) (Nó-de- (Marapuama)
cachorro)
Adaptógeno ++ ++ o + o
Tônico ++ ++ ++ ++ ++
Imunomodulador ++ ++ o o o
Afrodisíaco + ++ ++ ++ ++
Tônico do SNC ++ + + ++ ++
Rejuvenescedor ++ + + + +
Antitumoral + + o o o
Anti-inflamatório + + + o +
Antianêmico + + o o o
Analgésico + o o o o
Antiestresse + + + + ++
Diurética + o o o o
Bactericida + o + o o

Ação no sistema + + + + +
nervoso
Ação no sistema + o o o o
respiratório
Ação no sistema + + + + +
reprodutivo

Heteropterys aphrodisiaca March.

Conhecida popularmente como Nó-de-cachorro, a planta Heteropterys


aphrodisiaca é uma espécie nativo brasileira e de família botânica Malpighiaceae. Sua
raiz possui ações terapêuticas como atividade antioxidante, adaptógena, estimulante
da memória e da aprendizagem, tônica, energizante e afrodisíaca. Também possuí
ação cicatrizante e antiúlceras. Sua composição química contém glicosídeos
cardiotônicos, glicosídeos flavônicos, compostos antracênicos, compostos
nitrogenados, polifenóis, taninos e saponinas (CARNEIRO, et al, 2019). Na pesquisa
20

de Mendes (2011), essa planta também foi reconhecida por sua ação rejuvenescedora
e antiestresse.

Podemos observar na Tabela 1 que há semelhanças nas ações terapêuticas


da ashwagandha com as plantas nativo brasileiras, Pfaffia paniculata (Fáfia), Trichilia
catigua (Catuaba), Heteropterys aphrodisiaca (Nó-de-cachorro) e Ptychopetalum
olacoides (Marapuama). Sendo a Pfaffia paniculata a planta com maior similaridade a
ashwagandha quanto as ações, apresentando doze ações comuns, das dezesseis
caracterizadas na ashwagandha. A Catuaba foi uma espécie com nove ações em
comum, enquanto as espécies Nó-de-cachorro e a Marapuama, tiveram oito ações
em comum.

Foi feita uma comparação entre os compostos químicos de cada planta da


análise para verificar similaridades, mas estas não se confirmaram. Porém, mesmo
com diferenças marcantes na composição dos princípios ativos em cada espécie
analisada, houve semelhança nas ações terapêuticas, e no caso específico da Pfaffia
paniculata isso foi marcante.

Discussão

Na primeira etapa da pesquisa notou-se que a Ashwagandha é considerada


uma planta de grande potencial, principalmente por seu efeito adaptógeno. A partir
desse fato, surgiu a necessidade do entendimento mais aprofundado sobre o efeito
adaptógeno e seus mecanismos de ação. Os artigos utilizados como referência, foram
artigos que contemplavam o assunto sobre o efeito, além de trazerem plantas nativo
brasileiras que poderiam possuir potencial similar ao de um adaptógeno.
Durante o processo de seleção das plantas nativo brasileiras, as espécies mais
citadas pela a ação semelhante ao de um adaptógeno, de acordo com os artigos
‘Review 2011 Adaptogens in the Brazillian folk medicine’ (MENDES, 2011) e ‘2007
Brazillian plants as possible adaptogens’ (MENDES; CARLINI, 2007), foram o guaraná
(Paullinia cupana Kunth), marapuama (Ptychopetalum olacoides Benth.), catuaba
(Trichilia catigua A. Juss.), nó-de-cachorro (Heteropterys aphrodisiaca O. Mach),
damiana (Turnera diffusa Willd.) e fáfia (Pfaffia paniculata Mart.). Com isso, as
espécies consideradas mais relevantes para essa pesquisa inicialmente foram
Ptychopetalum olacoides, Trichilia catigua, Heteropterys aphrodisiaca e Pfaffia
21

paniculata. As outras espécies, Paullinia cupana Kunth. e Turnera diffusa Willd., foram
excluídas da pesquisa por terem demonstrado efeitos controversos e não positivos
nas pesquisas envolvidas nos artigos citados. Duas espécies de catuaba foram
envolvidas nos artigos pesquisados, Trichilia catigua e Anemopaegma arvense, no
entanto, segundo Mendes (2011) os estudos com a espécie Anemopaegma arvense
são raros, e por este motivo a espécie Trichilia catigua foi selecionada para o
comparativo no presente estudo.
No processo de aprofundamento de propriedades das plantas nativo
brasileiras, percebeu-se que nem todas as plantas selecionadas possuíam potencial
adaptógeno, porém, possuíam outros efeitos relevantes em comum aos efeitos
ashwagandha, como exemplo, efeitos tônicos e imunomodulador, por isso foram
mantidas na pesquisa. Foram no total quatro plantas nativo brasileiras que foram
comparadas com a ashwagandha, e as plantas que foram mantidas na pesquisa
demonstraram no mínimo 8 efeitos em comum aos da planta em comparação. Entre
as quatro plantas brasileiras consideradas na pesquisa, uma das plantas foi
considerada mais similar no uso terapêutico, a Pfaffia paniculata. Por possuir doze
dos dezesseis efeitos elencados como efeitos da ashwgandha, entre eles os efeitos
adaptógeno, imunomodulador e tônico.
De acordo com os artigos utilizados como fonte de dados para essa pesquisa,
foi considerado ação no sistema reprodutor, as plantas que demonstraram um efeito
afrodisíaco e/ou ação no sistema hormonal onde a atividade impacta diretamente no
sistema reprodutor. E a ação ‘anti-idade’ encontrada na pesquisa de Mendes (2011),
foi considerada também como ação rejuvenescedora. As plantas classificadas com
ação estimulante da memória, também foram consideradas tônicas do Sistema
Nervoso Central.
No final da construção do presente trabalho, de forma complementar a
pesquisa foi encontrada uma bibliografia que traz informações sobre as propriedades
organolépticas das plantas. Essas propriedades dizem sobre as características dos
materiais que podem ser percebidas pelos sentidos humanos, como a cor, o brilho, a
luz, o odor, a textura, o som e o sabor. As propriedades organolépticas das plantas
citadas por Saad (2018), aproximam a comparação das plantas classificada em
diferentes racionalidades, como pode-se observar no artigo, o Ayurveda classifica as
plantas principalmente por seus sabores, ação térmica e efeito pós-digestivo. Foram
encontradas as propriedades organolépticas apenas duas plantas em comparação,
22

entre elas a Pfaffia paniculata e a Ptychopetalum olacoides. Não foram encontradas


tais propriedades das espécies Trichilia catigua e Heteropterys aphrodisiaca. Mas
foram obtidas informações sobre os sabores de alguns componentes químicos,
frequentemente encontrados nas plantas, sendo assim o ácido urônico possuí sabor
doce e qualidade fria, as saponinas possuem sabor amargo, os glicosinolatos e o
sabor picante, a narigina predomina os sabores amargo e adstringente, os taninos são
adstringentes, os mono, di, tri e sesquiterpenoídes e as lactonas possuem sabor
amargo e a capsaina, a piperina e o gingerol possuem sabor picante.

Conclusão

Não foram encontradas plantas com todos os mesmos princípios ativos da


ashwagandha. Das plantas encontradas com efeitos semelhantes, a Pfaffia paniculata
foi considerada a mais semelhante, com isso, pode ser sugerida como uma planta
potencial para a substituição do ashwagandha conforme seus efeitos terapêuticos.

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2002.

GLOSSÁRIO
25

Agni: A palavra agni é originária do sânscrito, traduzida significa ‘fogo’. Pode ser
denominada como fogo biológico, o ayurveda considera que o agni governa o
organismo, sendo responsável pela boa digestão, absorção e assimilação de
nutrientes, pelo equilíbrio da mente, bom funcionamento do sistema imunológico e
pelas respostas neurais para o funcionamento orgânico geral.

Dosha: Significa aquilo que se desequilibra facilmente. Os doshas são como os cinco
elementos (éter, ar, água, fogo e terra) se manifestam no organismo.

Dosha vata: É formado pela combinação dos elementos éter e ar. É o princípio que
governo o movimento.

Dosha pitta: É formado pela combinação dos elementos fogo e água. É o princípio que
governa a digestão e metabolismo.

Dosha kapha: É formado pela combinação dos elementos terra e água. É o princípio
da coesão e lubrificação.

Vyana vayu: É um dos 5 subtipos do dosha vata, responsável por se espalhar pelo
corpo todo a partir do coração. Governa toda a atividade cardíaca, circulação e
distribuição sanguínea, transporte de oxigênio e entrega de nutrientes.

Rasayana: É uma das 8 especialidades do Ayurveda. Lida com os problemas de


saúde relacionados ao processo de envelhecimento (geriatria) e rejuvenescimento.

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