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UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO

ESCOLA DE ENFERMAGEM

GUILHERME GIANI PENICHE

EFEITO DA AROMATERAPIA NO ALÍVIO DA DOR EM ATLETAS DE


ALTO RENDIMENTO: ESTUDO PILOTO

SÃO PAULO
2016
UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO
ESCOLA DE ENFERMAGEM

GUILHERME GIANI PENICHE

EFEITO DA AROMATERAPIA NO ALÍVIO DA DOR EM ATLETAS DE


ALTO RENDIMENTO: ESTUDO PILOTO

Tese apresentada ao Programa de Pós-


Graduação em Gerenciamento em
Enfermagem da Escola de Enfermagem da
Universidade de São Paulo para obtenção do
título de Mestre em Ciências.
Área de Concentração: Enfermagem na
Saúde do Adulto e do Idoso
Orientador: Profª. Drª. Ruth Natalia Teresa
Turrini.

SÃO PAULO
2016
AUTORIZO A REPRODUÇÃO E DIVULGAÇÃO TOTAL OU PARCIAL DESTE TRABALHO,
POR QUALQUER MEIO CONVENCIONAL OU ELETRÔNICO, PARA FINS DE ESTUDO E
PESQUISA, DESDE QUE CITADA A FONTE.

Assinatura: _________________________________

Data:___/____/___

Catalogação na Publicação (CIP)


Biblioteca “Wanda de Aguiar Horta”
Escola de Enfermagem da Universidade de São Paulo

Peniche, Guilherme Giani


Efeito da aromaterapia no alívio da dor em atletas de alto rendimento:
estudo piloto / Guilherme Giani Peniche. São Paulo, 2016.
99 p.

Dissertação (Mestrado) - Escola de Enfermagem da Universidade de


São Paulo.
Orientador: Profª. Dª. Ruth Natalia Teresa Turrini
Área de concentração: Enfermagem na Saúde do Adulto e do Idoso

1. Aromaterapia. 2. Desporto de rendimento 3. Dor. 4. Terapias


complementares I. Título.
DEDICATÓRIA

À minha família, pela presença, incentivo, força e por sempre me mostrar que
sempre tenho para onde voltar e para onde me voltar. Obrigado mãe pelo exemplo a
ser seguido, obrigado pai pela tranquilidade que leva e ensina a levar a vida, Gu e
Glauco por serem não só irmãos, mas guardiões também. Meus padrinhos (Du e tia
Didi) por serem tão presentes quantos meus pais.
Aos atletas, não somente aos que se voluntariaram, mas a todos, que mesmo
com pouco ou nenhum incentivo continuam a praticar seu esporte, com o único intuito,
muitas vezes, de somente se superar. Vocês me inspiram e me orgulham.
AGRADECIMENTOS ESPECIAIS

À CAPES pela bolsa de estudos concedida ao longo desses dois anos.


À minha orientadora, Ruth Natalia Teresa Turrini, por toda a paciência,
carinho, florais, orientação e pela oportunidade de crescimento pessoal e profissional.
Obrigado por me abrir os caminhos da academia e da pesquisa. Agradeço por ter sido
tão humana e ter me ensinado também a ser uma pessoa melhor.
Ao Fabian Laszlo por ceder os óleos vegetais e essenciais que foram utilizados
na pesquisa. Agradeço por acreditar na pesquisa, em mim e na possibilidade de abrir a
ciência dos óleos a todos.
Ao Pietro, meu companheiro, pelo respeito, pelo carinho, por me manter são,
por compreender a ausência de corpo presente, pelos jantares e almoços. Agradeço
por entender a necessidade de me voltar para a pesquisa e por saber a hora de me tirar
dela.
AGRADECIMENTOS

Aos meus amigos, pela paciência, por compreender minha ausência e pelo
tempo que pude estar junto, fazendo sempre valer tanto a pena. Amanda, Priscila,
Fernando e especialmente Malu que se empenhou na correção de todo o texto. Muito
obrigado, vocês talvez não tenham a ideia do quanto são importantes.
Agradeço à Paty, que talvez sem saber o quão importante foi, com a maior
paciência, formatou toda a dissertação e me tranquilizou. Obrigado!!
Aos meus colegas de departamento que caminharam comigo e nas horas
cruciais estavam lá presentes e dando força. Que nosso caminho sempre possa se
cruzar. Etienne e Rodrigo, vocês foram ótimos.
À três atletas, em especial, AA, JB e RM que mesmo tendo finalizado a
pesquisa, fizeram questão de acompanhar todos os resultados e vibraram comigo por
todas as etapas.
Aos colegas do grupo de estudo que, com conselhos, apontamentos e
encorajamento fizeram parte da formatação das ideias em minha mente, tornando essa
pesquisa possível.
E por último, aos mais presentes, agradeço aos meus Guias espirituais, que
nas horas mais difíceis, estavam a me amparar e me impulsionar adiante.
“Contos de fadas são a pura verdade; não porque eles nos contam que dragões
existem, mas porque eles podem ser derrotados. ”

(Neil Gaiman, 2003)


Peniche GG. Efeito da aromaterapia no alívio da dor em atletas de alto rendimento:
estudo piloto. [dissertação]. São Paulo: Escola de Enfermagem da Universidade de São
Paulo; 2016.

RESUMO

Introdução: A experiência da dor vivida pelo atleta de alto rendimento é tida como
cotidiana e marcador de bom rendimento nos treinos e competições. Há uma crescente
procura pelas terapias integrativas e complementares à saúde visando o bem-estar,
qualidade de vida, rendimento e, principalmente, uma prática livre do risco de dopping.
A aromaterapia, ciência que estuda o uso terapêutico dos óleos essenciais (OEs), tem
mostrado resultados positivos empiricamente, porém, fazem-se necessárias pesquisas
que validem tais práticas a fim de, com segurança e eficácia, servir àqueles que a
necessitam e procuram. Objetivo: Avaliar o efeito dos óleos essenciais (OEs) sobre a
dor no atleta de alto rendimento. Métodos: Estudo piloto quasi-experimental, cegado
para o participante, com duas fases: a primeira com utilização de placebo (15 dias)
denominada grupo Dor A, a segunda com OEs (15 dias) chamada grupo Dor B e um
follow-up de sete dias. Amostra de conveniência composta por 26 atletas adultos de
alto rendimento. A intervenção foi realizada com uma sinergia de OEs (lavanda,
gengibre e sucupira) e como placebo foi utilizado óleo vegetal inerte (OV). Para a coleta
de dados foram utilizados um questionário com dados sóciodemográficos e prática do
esporte, recordatório de dor e tratamentos durante o período de estudo, e escalas de
Humor de Brunel (BRUMS) e Inventário Breve de Dor (IBD). Para análise de dados
utilizou-se o modelo de efeitos fixos e o teste de Bonferroni, teste d Cohen, além de
medidas descritivas de tendência central e de variabilidade. Resultados: No início do
tratamento, os 26 atletas apresentaram médias de dor de 5,2 no grupo Dor A e 5,6 no
grupo Dor B. Após o tratamento com o óleo medicado houve redução de 79% na dor
logo após os 15 dias de aplicação e de 81% ao final do período de follow-up (p <
0,001). O nível de tensão medido pela Escala de Humor de Brunel indicou melhora de
37%, logo após o período de aplicação do óleo medicado e 49% após o período de
follow-up (p < 0,05). Conclusão: Os resultados mostraram que a sinergia de óleos
essências em diluição de 10% teve efeito sobre a dor de atletas de alto rendimento em
três aplicações diárias por 15 dias e possuiu efeito residual em sete dias de follow-up (p
< 0,05). Observou-se efeito sobre o humor dos atletas, com diminuição da tensão
(preocupação e tensão musculoesquelética).

Descritores: Aromaterapia, Desporto de rendimento, Dor, Terapias complementares.


Peniche GG. The effect of Aromatherapy on high performance athletes’ pain relieve
Pilot [dissertation]. São Paulo: Escola de Enfermagem da Universidade de São Paulo;
2016.

ABSTRACT

Introduction: The experience of pain felt by high performance athletes is very


common, and it is a sign of good performance in training and in competition too. There is
a growing demand for integrative and complementary therapies aiming wellness, quality
of life and performance increase, without the risk of doping. The science of
aromatherapy, that studies the therapeutic use of essential oils (EOs), has shown
positive results empirically, however, research is necessary to validate such practices in
order to safely and effectively serve those who need it and seek it. Objective: evaluate
the effect of essential oils over high performance athlete’s pain. Methods: Quasi-
experimental pilot study, blinded to the participant, with two phases: the first one with the
use of placebo (15 days) called Pain A group; the second with EOs (15 days) called
Pain B group; and a follow-up of seven days. Convenience sample of 26 high
performance adult athletes. For intervention, a synergy of EOs (lavender, ginger and
sucupira) was used, and for placebo an inert vegetable oil (OV). For data collection, the
following questionnaires were used: a sociodemographic data and sports practice
questionnaire; a pain and treatment recall questionnaire; the Brunel Mood Scale
(BRUMS), and the Brief Pain Inventory (IBD). For data analysis, it was used the fixed-
effect model, the Bonferroni test, the d Cohen test, and descriptive measures of central
tendency and variability. Results: At the beginning of the treatment, the 26 athletes
scored 5.2 of pain average (Pain A group) and 5.6 of pain average (Pain B group). After
the treatment with OE (15 days), the pain was reduced by 79% and 81% at the end of
the follow-up period (p <0.001). The tension level measured by the Brunel Mood Scale
indicated improvement of 37% after the period of OE application, and 49% after the
follow-up period (p <0, 05). Conclusion: The results showed that the synergy of
essential oils at 10% dilution had effect on the pain of high performance athletes in three
daily applications for 15 days and residual effect by seven days of follow-up (p <0.05). In
addition, the results showed effect on the athletes’ mood, with reduced tension (tension
and musculoskeletal strain).

KEYWORDS: Aromatherapy, high performance athletes, Pain, Complementary


Therapies
LISTA DE ILUSTRAÇÕES

Figura 1 - Fluxograma do estudo piloto de intervenção............................................................. 43

Figura 2 - Distribuição dos atletas segundo sexo. São Paulo, 2016. ......................................... 46

Figura 3 - Distribuição dos atletas quanto a cirurgias ortopédicas. São Paulo, 2016................. 48

Figura 4 – Média da pior dor nas últimas 24h (IBD3), de acordo com o grupo e uso de
medicamentos. São Paulo, 2016. ............................................................................................. 59

Figura 5 – Média da dor mais fraca nas últimas 24h (IBD4), de acordo com o grupo e uso de
medicamentos. São Paulo, 2016. ............................................................................................. 60

Figura 6 – Média da dor média nas últimas 24h (IBD5), de acordo com o grupo e uso de
medicamentos. São Paulo, 2016. ............................................................................................. 60

Figura 7 – Média da dor no momento da avalição (IBD6), de acordo com o grupo e uso de
medicamentos. São Paulo, 2016. ............................................................................................. 61

Figura 8 – Média da interferência da dor no caminhar (IBD9C), de acordo com o grupo e uso de
medicamentos. São Paulo, 2016. ............................................................................................. 62

Figura 9 – Média da interferência da dor no trabalho (IBD9D), de acordo com o grupo e uso de
medicamentos. São Paulo, 2016. ............................................................................................. 62

Figura 10 – Média da interferência da dor no sono (IBD9F), de acordo com o grupo e uso de
medicamentos. São Paulo, 2016. ............................................................................................. 63

Figura 11 – Média da interferência da dor para apreciar a vida (IBD9G), de acordo com o grupo
e uso de medicamentos. São Paulo, 2016. ............................................................................... 63

Figura 12 – Escore do domínio tensão da Escala de BRUMS de acordo com o grupo e a


utilização de medicamentos. São Paulo, 2016. ......................................................................... 68

Figura 13 – Escore do domínio vigor da Escala de BRUMS de acordo com o grupo e a utilização
de medicamentos. São Paulo, 2016. ........................................................................................ 68

Figura 14 – Escore do domínio fadiga da Escala de BRUMS de acordo com o grupo e a


utilização de medicamentos. São Paulo, 2016. ......................................................................... 69
LISTA DE TABELAS

Tabela 1 - Composição química do óleo essencial de gengibre extraído por CO2 supercrítico e
por hidrodestilação. .................................................................................................................. 34
Tabela 2 - Distribuição dos atletas por tipo de modalidade esportiva. São Paulo, 2016. .......... 47
Tabela 3 – Frequência de treino semanal. São Paulo, 2016. .................................................... 47
Tabela 4 - Medidas de tendência central e de variabilidade para tempo de esporte, tempo de
alto rendimento e horas de treinos diárias. São Paulo, 2016. ................................................... 48
Tabela 5 - Distribuição do local da dor no grupo Dor A e grupo Dor B. São Paulo, 2016. ........ 49
Tabela 6 - Valores inciais de média e desvio padrão das dores nas últimas 24h e interferência
da dor na vida diária pelos itens do IBD no ínicio dos diferentes tratamentos (placebo e
tratamento). São Paulo, 2016. .................................................................................................. 51
Tabela 7 – Valores de média e desvio padrão das dores nas últimas 24h e interferência da dor
na vida diária pelos itens do IBD antes e após os diferentes tratamentos (placebo e
aromaterapia). São Paulo, 2016. .............................................................................................. 53
Tabela 8 – Médias e desvios-padrão dos itens do IBD segundo o momento (antes e após uso
de OV) no grupo Dor A (placebo). São Paulo, 2016. ................................................................ 54
Tabela 9 - Médias e desvios-padrão dos itens do IBD segundo o momento (antes e após uso de
OE) no grupo Dor B (aromaterapia). São Paulo, 2016. ............................................................. 55
Tabela 10 - Análise comparativa do efeito dos óleos (inerte e medicado) na intensidade e
interferência da dor nos atletas. São Paulo, 2016. .................................................................... 57
Tabela 11 – Distribuição de atletas segundo o tipo de tratamento complementar mencionado do
item IBDQ7 do IBD. São Paulo, 2016. ...................................................................................... 58
Tabela 12 - Valores de média e desvio-padrão dos domínios da escala de BRUMS antes e
após os diferentes tratamentos (placebo e aromaterapia). São Paulo, 2016. ........................... 64
Tabela 13 – Valores de média e desvio padrão dos escores da Escala de Humor de BRUMS
geral e por domínios antes e após os diferentes tratamentos (placebo e aromaterapia). São
Paulo, 2016. ............................................................................................................................. 65
Tabela 14 – Efeito da aplicação do OV (placebo) sobre a dor no humor dos atletas (Grupo Dor
A) medido pela escala de Humor de BRUMS, segundo domínios. São Paulo, 2016. ............... 66
Tabela 15 – Efeito da aplicação do OE (aromaterapia) sobre a dor no humor dos atletas (Grupo
Dor B). São Paulo, 2016. .......................................................................................................... 66
Tabela 16 – Efeito da aplicação do OV (placebo) em relação ao OE (aromaterapia) e follow up
sobre a dor no humor dos atletas. São Paulo, 2016.................................................................. 67
Tabela 17 - Efeito da aplicação do OE (aromaterapia) em relação ao follow up sobre a dor no
humor dos atletas. São Paulo, 2016. ........................................................................................ 67
Tabela 18 – Valores de D Cohen e do tamanho de efeito para os itens do IBD e domínios da
Escla de BRUMS. São Paulo, 2016 .......................................................................................... 70
Tabela 19 – Valores de D Cohen, tamanho de efeito e coeficiente de determinação em
porcentagem entregrupos para os itens do IBD e domínios da Escala de BRUMS. São Paulo,
2016 ......................................................................................................................................... 71
LISTA DE QUADROS

Quadro 1 - Relação de quantidade de OE administrado em determinada via de absorção e


biodisponibilidade* .................................................................................................................... 21
Quadro 2 – Síntese panorâmica dos estudos sobre práticas complementares em atletas
encontrados na literatura. São Paulo, 2015. ............................................................................. 29
Quadro 3 – Domínios da escala de humor de Brunel – BRUMS ............................................... 41
SUMÁRIO

1.INTRODUÇÃO ............................................................................................................ 17

2. REFERENCIAL TEÓRICO ......................................................................................... 23

2.1 Dor em atletas ....................................................................................................... 23

2.2 Manejo da dor pela aromaterapia ......................................................................... 27

2.2.1 Lavanda – Lavandula angustifólia. ................................................................. 32

2.2.2 Gengibre – Zingiber officinale. ........................................................................ 33

2.2.3 Sucupira branca – Pterodon emarginatus. ...................................................... 35

3. OBJETIVO.................................................................................................................. 38

4. MATERIAL E MÉTODO ............................................................................................. 40

5. RESULTADOS ........................................................................................................... 46

5.1 Características sócio demográficas ...................................................................... 46

6. DISCUSSÃO .............................................................................................................. 73

7.CONCLUSÃO.............................................................................................................. 81

8. REFERÊNCIAS .......................................................................................................... 84

9. APÊNDICES............................................................................................................... 93

10. ANEXOS .................................................................................................................. 98


1.
Introdução
Introdução 17
Guilherme Giane Peniche

1.INTRODUÇÃO

Por um longo tempo as terapias naturais foram relegadas ao misticismo,


curandeirismo, esoterismo e até charlatanismo. Hoje, a realidade vem se alterando aos
poucos. Na década de 1970 (mais precisamente em 1978), a Organização Mundial de
Saúde (OMS) determinou que as ditas terapias alternativas, naturais e/ou
complementares devem ser aplicadas à população como meio de promoção de saúde e
como método de prevenção de doenças (WHO, 1999).
Mais recentemente, em 2004, a OMS reforçou a necessidade de fortalecer as
políticas que propiciam o uso racional das terapias complementares, por meio de sua
implantação nos sistemas de saúde de todo o mundo e do encorajamento ao
desenvolvimento de estudos científicos que verifiquem a eficácia e segurança das
práticas complementares.
As Terapias Alternativas, Complementares e Naturais são definidas pela lei
municipal de São Paulo nº13.717 como “todas as práticas de promoção de saúde e
prevenção de doenças que utilizem basicamente recursos naturais” (SÃO PAULO,
2004).
A Política Nacional de Práticas Integrativas e Complementares (PNPIC) no SUS,
publicada na forma da portaria ministerial nº 971, de 3 de maio de 2006, recomendou a
adoção pelas Secretarias de Saúde dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios,
da implantação e implementação das ações e serviços relativos às Práticas Integrativas
e Complementares (BRASIL, 2015).
A inserção das práticas integrativas nos sistemas de saúde envolve justificativas
de natureza política, técnica, econômica, social e cultural. Esta política atende,
sobretudo, à necessidade de se conhecer, apoiar, incorporar e implementar
experiências que já vêm sendo desenvolvidas tanto na rede pública como nas
praticadas informalmente pela população (BRASIL, 2015).
Nesse contexto, nasce o primeiro o curso de Naturologia em Santa Catarina em
1998 e, em 2002, em São Paulo, visando introduzir no mercado de trabalho,
profissionais que, além de possuírem o conhecimento acadêmico-técnico comum às
Introdução 18
Guilherme Giane Peniche

ciências da saúde, agregassem os conhecimentos das Terapias Complementares,


Alternativas e Naturais -TCAN (HELLMANN; VERDI, 2012).
Segundo o projeto de implantação do curso de Naturologia em São Paulo,
Naturologia tem como raiz a palavra natureza, significando: aquilo que é igual ou
propício à vida e o sufixo “logia”, significando um ramo de aprendizagem ou ciência.
Assim, a Naturologia pode ser definida como uma ciência que estuda e utiliza métodos
e recursos naturais antigos, tradicionais e modernos de tratamento visando à prevenção
e à recuperação da saúde. Também, busca compreender os caminhos que a natureza
oferece para uma melhor qualidade de vida, com harmonia e equilíbrio por meio de uma
relação de convívio e troca entre os homens e os elementos naturais. Neste sentido,
visando o equilíbrio integral como resultado de uma abordagem multifocal, o naturólogo
é um profissional capaz de tornar sua profissão em estilo de vida (DA SILVA, 2012).
A grade curricular do curso de Naturologia compreende o ensino de diversas
terapias alternativas e complementares, como a Medicina Tradicional Chinesa e Indiana
(Ayurvédica), Terapias Vibracionais e Florais, Terapias Antroposóficas, Aromaterapia,
Hidroterapia, Arteterapia, Massoterapia, Fitoterapia, entre outras.
Com o intuito de promover a saúde de modo integral, o naturólogo se utiliza
dessas diversas técnicas. Dentre elas, destaca-se a Aromaterapia que seguindo a visão
integral respeita e considera a ação dos óleos essenciais no indivíduo (MACHADO,
2009).
Desde minha formação como naturólogo, venho trabalhando com atletas de alto
rendimento e a principal queixa apresentada é a dor. Independente da natureza, ela
limita física e emocionalmente. O atleta, na ânsia de se superar e superar seu
adversário, faz uso de anti-inflamatórios e analgésicos, muitas vezes, de modo
indiscriminado (até mesmo previamente ao aparecimento da dor ou inflamação) e sem
indicação médica. De acordo com Warden (2010), essa prática pode acarretar diversos
efeitos colaterais, como o surgimento e/ou agravamento de condições gastrointestinais
e cardíacas, assim como o comprometimento do sistema renal e músculo esquelético.
Os tratamentos, que aplicava pela Naturologia, tiveram por base a massoterapia
e a acupuntura, mas dada a pouca disponibilidade de tempo dos atletas para sessões
semanais de tratamento, passei a utilizar óleos essenciais para alivio da dor. O uso da
Introdução 19
Guilherme Giane Peniche

aromaterapia permitiria que o atleta participasse do seu tratamento pelo autocuidado.


Os óleos essenciais diluídos em óleo vegetal foram dados aos atletas para que fosse
aplicado no local da dor duas vezes ao dia pelo período de uma semana. E, ao retornar
à consulta semanal, seria avaliada a performance do preparado, para eventuais
adaptações, tanto na diluição (concentração de óleo essencial) como na escolha de
algum outro óleo essencial para complementar a sinergia.
Ao longo das semanas, essa estratégia se mostrou eficaz e por fim, concluí que
havia obtido um bom resultado quando os próprios atletas começaram a pedir maior
quantidade de óleo quando, em razão de viagens e competições, não podiam
comparecer semanalmente às consultas. Os atletas também relataram a diminuição na
utilização de medicamentos anti-inflamatórios e analgésicos, as sessões de fisioterapia
tinham maior e melhor resultado e até começaram a se interessar pela Aromaterapia e
por seus termos técnicos.
Assim, a Aromaterapia tem-se mostrado uma terapia que complementa e
algumas vezes reduz o uso da medicação alopática, dada a complexidade e a
variedade de componentes bioquímicos dos óleos essenciais com propriedade
terapêutica (WOLFFENBÜTTEL, 2010). Assim como efeitos fisiológicos, os óleos
essenciais também possuem ação psicoemocional, atuando de maneira integral na
percepção e elaboração da dor.
Aromaterapia é um nome cunhado no início do século XX por cientistas
europeus, para designar a ciência que faz uso terapêutico de óleos essenciais (OEs)
100% puros, naturais e complexos de espécies vegetais variadas, assim como suas
partes usadas (JÄGGER; BUCHBAUER; JIROVETZ; FRITZER 1992).
Apesar de o termo ter sido definido “recentemente”, o uso das plantas, como
método de cura e remédio, data desde muito antes do advento da escrita. Dioscorides
foi o primeiro que registrou o uso dos óleos essenciais e suas propriedades em seu livro
De Materia Medica, escrito no primeiro século (GUNTHER, 1959).
Os óleos essenciais possuem uma natureza volátil, hidrofóbica e lipofílica.
Podem ser administrados pela via dérmica, por inalação, por mucosa e por ingestão. No
entanto, no Brasil, as únicas vias permitidas por lei são a inalatória por difusão aérea e
Introdução 20
Guilherme Giane Peniche

a via dérmica, esta utilizada topicamente ou por administração dérmica, também


referida como transdérmica (WOLFFENBÜTTEL, 2010).
Conhecer a biodisponibilidade (vias de administração) torna-se matéria essencial
visto que, pode-se saber a porcentagem de OE que atinge efetivamente a corrente
sanguínea, determinando, assim, o potencial terapêutico.
Em um estudo de biodisponibilidade dos componentes químicos (linalol e acetato
de linalila) do óleo essencial de lavanda (Lavandula angustifólia) se observou a relação
entre a dosagem e a quantidade de princípio ativo que atinge a circulação sistêmica de
forma inalterada. Concluiu-se que o óleo essencial de lavanda, diluído a 2% em óleo
vegetal, com 24,8% de linalol e 29,6% de acetato de linalila na sua composição, chegou
a concentração máxima plasmática de 120µg/ml após 20 minutos do término da
aplicação dérmica (massagem) (JÄGGER; BUCHBAUER; JIROVETZ; FRITZER 1992).
O componente α-pineno está presente em diversos óleos essenciais, como no
óleo de eucalipto, pinho, alecrim e cipreste. Um estudo analisou a absorção pulmonar
dessa substância em voluntários expostos por duas horas à inalação de α-pineno
(substância presente em óleos essenciais) em diferentes concentrações: 10, 225 e
450mg/m3. Após esse período verificou-se que a captação relativa pulmonar de α-
pineno foi de 60%, com uma eliminação urinária de 0,001% da captação total e uma
eliminação de 8% pela própria expiração (FALK; HAGBERG; LÖF; WIGAEUS-HJELM;
WANG, 1990).
De acordo com Meamarbashi e Rajabi (2013), a utilização de óleo essencial de
hortelã pimenta (Mentha piperita) diluído em água, em administração oral, na fase de
pré-treinamento, aumentou a capacidade pulmonar, baixando os níveis de lactato
corrente no sangue, com isso, melhorando o desempenho do atleta em treinamento.
Compreender a biodisponibilidade da via de administração (Quadro 1), é o ideal,
pois permite conhecer o tempo necessário para a ação terapêutica atingir seu pico e a
sua eliminação pelo organismo, a diluição em óleo vegetal ou qualquer outro meio
carreador e, por fim, qual óleo utilizar.
Introdução 21
Guilherme Giane Peniche

Quadro 1 - Relação de quantidade de OE administrado em determinada via de


absorção e biodisponibilidade*
Via Quantidade de OE Biodisponibilidade
Dérmica Variável Variável
Inalatória Pequena Alta
*Dados de pesquisa não divulgados
2.
Referencial Teórico
Referencial Teórico 23
Guilherme Giane Peniche

2. REFERENCIAL TEÓRICO

2.1 DOR EM ATLETAS

A dor por si só é limitante. A Associação Internacional de Estudo da Dor (IASP)


define a dor como uma experiência sensorial e emocional desagradável associada com
“um dano tecidual real ou potencial” (SILVA; RABELO; RUBIO, 2010). Por ser uma
experiência subjetiva, com vários fatores, dentre eles a intensidade e a interpretação do
estímulo doloroso, que influenciam na sua percepção e manifestação (PALMER;
EPLER, 2000), a dor é de complexa compreensão, tratando-se de uma manifestação
física, psíquica e cultural (PEDROSO; CELICH, 2006).
A dor está associada a um dano (trauma) real ou potencial. Como pode ocorrer
em qualquer parte do organismo, nas práticas esportivas são concentradas em
tendões, músculos, cartilagens, cápsulas articulares, ossos, meniscos e ligamentos. O
agente causador da dor, é geralmente decorrente da prática esportiva ou fortuitos a
mesma. (PEDRINELLI, 2014). A dor é caracterizada como: dor por sobrecarga
funcional, decorrente de processos musculares/articulares inflamatórios, fadiga,
traumas, cãibras, contraturas, espasmos, tetania, miotonia, distonia e isquemia
(TEIXEIRA; LIN; KAZIYAMA; RAMOS, 2001). Outra maneira de classificar a dor é com
relação a sua natureza: aguda ou crônica. A dor aguda geralmente decorre de um
trauma pontual, e a dor crônica é aquela que se prolonga por mais de três meses após
o trauma (PEDRINELLI, 2014).
A dor pode ser classificada em sete fases bem definidas: I - leve (com duração
menor de 24 horas); II - posterior ao exercício (com duração superior a 24 horas, porém
alivia com aquecimento); III - durante o exercício, sem alterar a função; IV - durante o
exercício com alteração de função; V - durante as atividades diárias e de cotidiano; VI -
durante atividades da vida diária, leve e, eventualmente em repouso; e VII - constante,
em repouso, atrapalhando o sono (PEDRINELLI, 2014).
Fisiologicamente, a dor musculoesquelética é desencadeada pela ativação de
nociceptores musculares que são terminações nervosas livres que estão conectadas ao
Referencial Teórico 24
Guilherme Giane Peniche

Sistema Nervoso Central por fibras mielinizadas finas do tipo III e fibras não
mielinizadas do tipo IV (amielínicas, fibras C) encontradas condensadas nos tendões,
fáscias, cápsulas e aponeuroses. O estímulo doloroso deforma uma terminação
nervosa aferente sensorial nociceptiva, abre os canais de íons presentes na membrana
e, como resultado, desenvolve um fluxo de íons através desta membrana com
consequente despolarização (TEIXEIRA; LIN; KAZIYAMA; RAMOS, 2001).
Dentre os neurotransmissores envolvidos no processamento da dor, estão a
serotonina, a substância P e o Fator de Crescimento Neural (NGF). Ainda no trato
descendente, as fibras provocam a migração de NGF para a medula espinal,
juntamente com o transporte de substância P para a periferia, ocasionando
vasodilatação, aumento da permeabilidade vascular, atração celular do sistema imune
para o local lesionado e liberação de diversos neurotransmissores que irão responder
ao estímulo doloroso (TEIXEIRA; LIN; KAZIYAMA; RAMOS, 2001).
Forças mecânicas elevadas causam distúrbios nas proteínas estruturais
encontradas na célula muscular e no tecido conectivo. Associado a estes fatores, os
danos estruturais no sarcolema (membrana plasmática que envolve as células do tecido
muscular) são acompanhados por um influxo de íons de cálcio do interstício para o
interior da fibra muscular, resultando em níveis elevados de cálcio intracelular. A
sobrecarga de cálcio, então, precipita uma fase patogênica onde um aumento na ação
de proteases e fosfolipases resulta na degradação das miofibrilas e da membrana
celular. A progressiva deterioração do sarcolema, no período pós-exercício, seria
acompanhada pela difusão dos componentes intracelulares para o interstício e para o
plasma, onde eles atrairiam monócitos que se converteriam em macrófagos nas áreas
da lesão. Um acúmulo adicional de histaminas e quininas no interstício, como resultado
da fagocitose e da necrose celular, bem como uma pressão tecidual elevada,
decorrente do edema no local, poderiam então, ativar os receptores de dor e resultar na
sensação de dor e desconforto tardio (FOSCHINI, 2007). Também pode acontecer uma
ampliação da área referencial da dor e da sensação dolorosa devido à sensibilização
das unidades neuronais na medula espinal e no tálamo (TEIXEIRA; LIN; KAZIYAMA;
RAMOS, 2001).
Referencial Teórico 25
Guilherme Giane Peniche

Apesar de toda a resposta fisiopatológica, a dor é subjetiva, e fatores como: perfil


comportamental psíquico, condições estressantes em ginásio de treinamento e de
competição, ambiente familiar, reforço da condição de incapacidade, negação de
condição de bem-estar e ganhos pessoais são os principais fatores envolvidos nos
eventos que induzem a ocorrência e agravam a condição dos atletas que são
acometidos por episódios de dores, sejam eles crônicos ou agudos (TEIXEIRA; LIN;
KAZIYAMA; RAMOS, 2001).
De acordo com Silva, Rabelo e Rubio (2010), a dor é presença constante na vida
do atleta de alto rendimento e, embora façam uso de medicamentos analgésicos e anti-
inflamatórios (muitos deles sem receita ou indicação médica), visitas constantes à
fisioterapeutas e, em último caso cirurgias, o que realmente torna o atleta mais tolerante
a dor é sua capacidade de superar obstáculos, e a vontade de superar a própria dor. Os
atletas do estudo desses autores relataram que superam a dor rezando, outros
superam a dor “esquecendo-se” dela durante a competição, priorizando o resultado. Ao
criar essas estratégias de transcendência, o atleta, faz um jogo consigo mesmo,
afastando o pensamento referente à dor, podendo assim, se concentrar no resultado.
Essa habilidade, conhecida como resistência mental, é inerente ao atleta de alto
rendimento (CONNAUGHTON; HANTON; JONES; WADEY, 2008).
A crença de que o limiar de dor do atleta de alto rendimento é diferenciado de
atletas de outras categorias de rendimento ou de pessoas que sequer praticam esporte
surgiu, pois, mesmo com dor, o atleta continua a treinar e competir (TESARZ ET AL,
2012).
Existem três conceitos necessários a compreensão nesse momento. O primeiro
deles é o de percepção da dor que se traduz em como o indivíduo, neste caso, o atleta,
percebe a dor. Foi postulado por pesquisadores, por um longo período de tempo, que a
atividade física prolongada alteraria o quadro de percepção da dor. Tesarz et al (2012),
em uma revisão sistemática com meta analise, concluiram que esse conceito é
inconsistente e parcialmente contraditório.
O segundo a ser explorado é o de limiar de dor, caracterizado pelo limite, ou
seja, o quanto de dor o atleta consegue sentir antes dela se tornar insuportável. Esse
Referencial Teórico 26
Guilherme Giane Peniche

limiar difere pouco entre atletas de alto rendimento, atletas eventuais e não praticantes
(SCOTT; GISJBERS,1981).
Por fim, o conceito de tolerância de dor. Esse sim difere nos atletas de alto
rendimento, pois essa é a habilidade de lidar com a dor. Os atletas que visam
resultados e tem como objetivo competições de alto nível criam diversos subterfúgios,
não para dilatar o limiar da dor, mas sim para torná-la secundária, colocando sua meta
como objetivo primário (PEN et al., 1995).
Silva, Rabelo e Rubio (2010) ressaltam algumas declarações de atletas que
somente sentem que treinaram o suficiente ou que seu treino foi efetivo se sentem dor
ao final do treinamento, mesmo sabendo que a dor não está ligada diretamente com o
bom rendimento em treinamento.
Estudo em estudantes atletas para identificar o consumo de anti-inflamatórios
não esteroides, observou que dos 604 atletas estudados somente 153 não eram
usuários de qualquer anti-inflamatório, ou seja, 362 utilizaram o medicamento em algum
momento nos três meses que precederam a pesquisa e 90 deles faziam uso diário
(WARNER; SCHNEPF; BARRETT; DIAN; SWIGONSKI, 2002).
Em contraste, de acordo com Maroon et al. (2006), atletas tem procurado
alternativas à medicação anti-inflamatória e analgésica alopática, tanto a prescrita por
um profissional habilitado quanto a auto prescrição. Procura essa, cada vez mais
frequente, devido a resistência que o organismo vem adquirindo à medicação e aos
efeitos colaterais advindos dos medicamentos referidos. Em paralelo, Nichols e
Harrigan (2006) mostraram que atletas universitários dos Estados Unidos da América
procuram mais pelas práticas integrativas e complementares (PICS) do que adultos
pelo resto da nação.
Mediante esse quadro – em que é evidenciado que a dor é uma resposta
complexa do organismo, que não se limita apenas a sinais fisiológicos, mas que
também depende de fatores mais subjetivos, – faz-se necessário o uso de práticas que
considerem a complexidade do evento, assim como a complexidade do organismo e do
ser humano.
Referencial Teórico 27
Guilherme Giane Peniche

2.2 MANEJO DA DOR PELA AROMATERAPIA

Os OEs têm sido utilizados com o intuito de melhorar o desempenho do atleta e,


por conseguinte, sua vida pessoal. Focando no resultado psicoemocional, o uso do OE
de limão tahiti (Citrus aurantifolia) foi utilizado para avaliar a diminuição da percepção
de fadiga emocional em bailarinas clássicas (BRANDT, 2008). O OE de lavanda
(Lavandula angustifolia) mostrou-se eficaz na recuperação muscular esquelética de
atletas, diminuindo a pressão sistólica e diastólica, os batimentos cardíacos, com
melhora no tempo de recuperação (ROMINE et al, 1999). Outra abordagem relacionou
a utilização do OE de cardamomo (Elettaria cardamomum) para a diminuição do
estresse advindo de exercícios aeróbicos, não só tornando a prática esportiva mais
agradável (devido ao aroma terroso e refrescante) como melhorando o desempenho,
aumentando a excitação fisiológica devido à mudança do padrão de equilíbrio do
sistema nervoso autônomo para a predominância do sistema nervoso parassimpático
(PATIL; SREEKUMARAN; KRISHNA, 2011).
Outros autores centraram suas pesquisas científicas na questão da dor,
independentemente de sua natureza. Seltzer (1992) estudou o eugenol, o
monoterpeno encontrado em grande concentração (principal componente) no OE de
cravo (Eugenia caryophyllata), e Galeotti, Ghelardini e Mannelli (2001), estudaram os
efeitos do mentol, o monoterpeno (ambos os isômeros, positivos e negativos), principal
componente do OE de menta (Mentha piperita), e observaram que ambos provocam
ação anestésica tópica atuando na inibição (nos nervos sensitivos) do íon cálcio.
Wolffenbüttel (2010) cita, que outros monoterpenos como o geraniol, linalol,
terpineol-4 possuem propriedades analgésicas, provavelmente pelo mesmo mecanismo
ou similar à inibição do íon cálcio nos nervos sensitivos.
Dores derivadas de processos inflamatórios foram também estudadas com a
intervenção de óleos essenciais. Substâncias como o 1,8-cineol e o alfa-pineno
demonstraram inibir o processo inflamatório (BEUSCHER; BIEN; ELSTNER;
KIETZMANN, 1998). O OE de olíbano (Boswellia serrata) extraído pelo processo
supercrítico com CO2 é rico em triterpenóides, que possuem importante ação anti-
inflamatória (SAFAYHI; BODEN; SCHWEIZER et al, 2000). Vale ressaltar que o OE de
Referencial Teórico 28
Guilherme Giane Peniche

olíbano extraído por arraste a vapor não possui esses triterpenóides, pois são
degradados durante o processo (WOLFFENBÜTTEL, 2010).
Realizou-se uma busca na Biblioteca Virtual em saúde (BVS), PUBMED, PCM,
LILACS, COCHRANE, BIREME e WEB OF KNOWLEDGE para localizar publicações
que abordassem o efeito uso de OEs na dor em atletas (28 de março de 2015). A
primeira pesquisa foi feita utilizando-se os três descritores essential oil AND athletes
AND pain, sendo que o sinônimo volatile oil foi automaticamente incluído pelo sistema
de buscas, e o resultado da pesquisa foi zero.
Uma segunda pesquisa realizada utilizando-se somente os descritores essential
oil AND pain retornou 297 artigos. Após o uso do filtro “humanos”, o resultado obtido foi
de 88 artigos, dos quais nenhum deles envolvia atletas em sua população de estudo.
Fez-se então, uma terceira pesquisa agora utilizando os descritores essential oil
AND athletes, obtendo-se o resultado de quatro artigos, dos quais dois eram do mesmo
pesquisador, somente com dados diferentes (o primeiro sobre a capacidade pulmonar e
o segundo sobre efeitos fisiológicos da intervenção). Um dos artigos encontrados foi
descartado por abordar somente o uso do extrato vegetal (infusão). Três artigos foram
considerados, pois indiretamente tratavam a questão dor como fator limitante do atleta,
gerada pela fadiga física ou pela presença de lactato no sangue.
Uma pesquisa complementar foi realizada utilizando-se os descritores
complementary therapy AND athletes, sendo que complementary medicine e
complementery therapy foi considerado sinônimo pelo sistema, obtendo-se dois
resultados, além dos três previamente selecionados. Como se observa no Quadro 2.
Referencial Teórico 29
Guilherme Giane Peniche

Quadro 2 – Síntese panorâmica dos estudos sobre práticas complementares em atletas encontrados na literatura.
São Paulo, 2015.

Autores Título Revista/Periódico Ano País Tipo de estudo Procedimento

MEARMABASHI, Instant effect of Avicenna J 2014 Irã Quasi experimental Aromaterapia em


A. peppermint Phytomed administração
essential oil on the oral
physiological
parameters and
exercise
performance
MEARMABASHI, The effects of Journal of the 2013 Irã Quasi experimental Aromaterapia em
A; RAJABI, A. peppermint on Internation Society administração
excerise of Sports Nutrition oral
performance
SIMPSON, W.F., The effect of Kinesiology On 2001 EUA Estudo piloto Aromaterapia em
COADY, R.C., aromatherapy on Line administração
OSOWSKI, E.E., exercise inalatória
BODE, D.S. performance
MAROON, Natural Surg Neurol Int. 2 2010 EUA Revisão Terapias
J.C., BOST, antiinflammatory complementares
MAROON, A. agents for pain
relief in athletes.
NICHOLS, A.W., Complementary Clin J Sport Med 2006 EUA Estudo de Terapias
HARRIGAN, R. prevalência complementares
and alternative
medicine usage by
intercollegiate
athletes.
Referencial Teórico 30
Guilherme Giane Peniche

O estudo de Mearmabashi (2014), trata da aplicação de 50µl (0,05ml) de óleo


essencial de hortelã pimenta (Mentha piperita) diretamente na língua no grupo
experimental e no grupo controle a mesma quantidade de água mineral. O estudo foi
realizado com 30 estudantes universitários saudáveis alocados nos dois grupos sem
randomização. Testes espirométricos e testes de força foram realizados e mostraram
um aumento na capacidade pulmonar, possivelmente devido ao efeito sobre a
tonicidade da musculatura lisa brônquica resultando no aumento do desempenho nas
atividades físicas no grupo experimental. Embora os testes de força tenham também
indicado aumento no desempenho, não há evidência científica que comprove nesse
estudo.
Outro estudo de Mearmabashi e Rajabi (2013), semelhante ao anterior, trata da
ingestão do óleo essencial de Mentha piperita, 0,05ml, diluídos em uma garrafa de
500ml de água. Devendo ser tomado os 500ml por dia, por 10 dias. Testes
espirométricos, de força, capacidade pulmonar e medidas corporais foram realizados
nos 12 participantes selecionados randomicamente dentre 40 voluntários. Os resultados
positivamente apontaram a eficácia da experimentação proposta de melhora no
desempenho do exercício físico, variáveis de função respiratória, pressão sanguínea
sistólica, frequência cardíaca e parâmetros de troca gasosa (p < 0,001).
Semelhante a ambos, Simpson et al (2001) estudaram a melhora da
performance do atleta através da aromaterapia, fazendo uso do mesmo óleo (hortelã)
embora através da inalação antes e após o exercício físico. O que notaram é, que
embora os resultados não tenham mostrado grande diferença entre os grupos controle
e intervenção, ao se aumentar o tempo de exercício e diminuir a intensidade os
resultados começam a sofrer diferença estatisticamente significativa; melhorando assim
a performance do grupo que fez uso do óleo essencial de hortelã pimenta (no ensaio
realizado os voluntários corriam em uma esteira por 14 min em alta velocidade. Logo
propõe-se aumentar para 120 min em velocidade baixa a média). Outra hipótese
levantada é que diferentes tipos esportes afetam de diferentes maneiras os níveis de
cortisol, logo não existiria um óleo padrão para todos os esportes no quesito aumento
de rendimento.
Referencial Teórico 31
Guilherme Giane Peniche

Maroon et al (2010), revisaram a fisiologia da inflamação e a terapêutica


tradicional para tal (medicamentos anti-inflamatórios não esteroidais) e apresentaram
algumas substâncias naturais utilizadas popularmente, mas já clinicamente estudadas,
como a capsaícina (presente nas pimentas), a curcumina (presente no açafrão), a
casca do salgueiro branco (popularmente conhecido como chorão), entre outros.
Concluem os autores que as substâncias naturais mencionadas, podem,
possivelmente, apresentar efeitos semelhantes aos anti-inflamatórios não esteroidais
sem os efeitos colaterais prejudiciais já conhecidos, embora ressalta-se que,
medicamentos naturais também podem ter efeitos colaterais se não utilizados de
maneira correta. Citam a necessidade da continuidade nas pesquisas que atestem a
eficácia dos medicamentos vegetais de derivados de animais.
Ao realizar a revisão, percebeu-se a carência de pesquisa com óleos essenciais
visando a analgesia de atletas, visto que três artigos (MEARMABASHI, 2014;
MEARMABASHI, RAJABI, 2013; SIMPSON et al, 2001) estão focados somente na
performance esportiva (resultado) do atleta em treinamento e/ou competição. Embora o
artigo de Maroon et al (2010) trate de agentes anti-inflamatórios analgésicos naturais
para atletas, os óleos essenciais não são citados como uma possibilidade, assim como
no artigo de Nichols e Harrigan (2006) em que são catalogadas as terapias usadas por
atletas onde mais uma vez, a aromaterapia e os óleos essenciais sequer são citados ou
considerados.
Constitui-se uma prática comum, na área esportiva, focar somente nos
resultados, descuidando-se do processo global de preparação do atleta. Não se investe
em medidas que auxiliem o atleta a ter uma melhor qualidade de treinamento, atenção
a sua saúde, preparação física para fortalecimento e por fim, práticas que auxiliem a
melhor recuperação física evitando, por exemplo, que processos inflamatórios tornem a
prática esportiva fonte de danos físicos e até psicológicos.
Diante desse panorama, este trabalho se propõe a estudar a possibilidade da
utilização de óleos essenciais como terapia complementar na redução ou alívio da dor
em atletas de alto rendimento.
Durante a revisão de literatura também se atentou para a identificação de quais
óleos iriam compor a sinergia a ser testada nos atletas voluntários. Dentre diversas
Referencial Teórico 32
Guilherme Giane Peniche

possibilidades indicadas em inúmeros livros especializados em aromaterapia e artigos


pesquisados nas bases de dados optou-se por três óleos essenciais: Lavanda
(Lavandula angustifólia), Gengibre (Zingiber officinale) e Sucupira branca (Pterodon
emarginatus).
Vale ressaltar que os três óleos escolhidos tiveram suas cromatografias
analisadas, visando a segurança dos voluntários em relação ao risco de doping, visto
que muitos deles são cotados para competições de alto nível, inclusive os jogos
olímpicos, a se realizar este ano. A lista de substâncias proibidas encontra-se
disponível pelo site da Agência Mundial Anti-Doping (WADA-AMA, 2016).

2.2.1 Lavanda – Lavandula angustifólia.

Historicamente o óleo essencial de lavanda tem sido um dos óleos mais


populares, se não o mais popular, na aromaterapia mundial. Tradicionalmente tem sido
utilizado como analgésico, anti-inflamatório, antisséptico, anticonvulsivo, antidepressivo,
carminativo, emenagogo entre outros (HUANG et al, 2012). Estudo como o de Bradley
et al (2007) demostra o efeito ansiolítico do óleo essencial de lavanda semelhante ao
efeito do diazepam. Esse experimento, realizado com roedores (gerbril mongol),
analisou o efeito de exposição de 24h de óleo essencial (por vaporizador eletrônico) em
comparação com a administração de diazepam (1mg/kg) em que ambos os grupos
foram expostos por duas semanas.
Focado no efeito anti-inflamatório do óleo essencial de lavanda, Huang et al.
(2012) realizaram um experimento, onde analisou-se o efeito do óleo essencial de
lavanda em monócitos humanos (in vitro) com indução infamatória por LPS
(lipopolissacarídeo bacteriano). LPS é conhecido como um eficaz estimulador do
sistema imune, sendo que a exposição ao mesmo ativa a resposta anti-inflamatória,
que por sua vez é mediada por monócitos e macrófagos que liberam uma série de
citocinas inflamatórias. Essa liberação está associada à HSP (heat shock protein ou em
português PCT, proteína de choque térmico), ativada quando a célula é exposta a altas
temperaturas ou a grande estresse (IWASAKI, A.; MEDSHITOV, R. 2004). Com os
resultados desse estudo, Huang et al. (2012) puderam não só validar o potencial anti-
Referencial Teórico 33
Guilherme Giane Peniche

inflamatório do óleo essencial (in vitro) e fornecer uma estratégia terapêutica alternativa,
como também comprovar o mecanismo molecular da ação desse óleo.
Um outro estudo, em anos anteriores, realizado por Hajhashemi et al (2003),
avaliou o efeito anti-inflamatório do óleo essencial de lavanda em camundongos, após a
injeção de carragenina (polissacarídeo que induz a inflamação) em suas patas traseiras
causando edema. Os resultados desse estudo mostraram que o óleo essencial reduziu
48% do edema causado pela carragenina. Um comparativo foi realizado com
dexametazona (corticóide) onde ela reduziu 60% do edema.
Em se tratando do efeito anti-nocioceptivo (que anula ou reduz a percepção e
transmissão de estímulo que causa a dor) do óleo essencial de lavanda, um estudo
realizado por Da Silva et al (2015) mostrou que o efeito anti-nocioceptivo foi semelhante
ao do tramadol, quando administrados antes da injeção de formalina a 2% na pata
traseira de roedores.
Em uma revisão sistemática realizada por Gagnier et al (2016) sobre dores na
coluna vertebral lombar e a utilização de diversas plantas para tratamento, dentre elas a
lavanda (óleo essencial), constatou-se resultado positivo, embora tenha-se concluído
que são necessários outros experimentos, maiores, e que atendam as recomendações
do CONSORT (Consolidating Standards of Reporting Trials), confirmação desse
achado.

2.2.2 Gengibre – Zingiber officinale.

O gengibre é uma raiz pertencente à família das Zingiberaceae, e largamente


utilizada pelas medicinas tradicionais Chinesa e Indiana como anti-inflamatório, no
tratamento da artrite, de desordens respiratórias e outras condições crônicas
(GRZANNA, 2005).
Estudos e experimentos realizados ao longo dos anos (iniciados nos anos 70)
comprovaram que o gengibre, além de possuir atividade anti-inflamatória – semelhante
aos anti-inflamatórios não esteroidais sintéticos de atuação dupla, que inibem o
metabolismo de ácido araquidônico via cicloxigenase e lipoxigenase - também possui
Referencial Teórico 34
Guilherme Giane Peniche

bem menos efeitos adversos que tais fármacos sintéticos de atividade semelhante
(MARTEL-PELLETIER, 2003).
De acordo com Grzanna (2005), o mecanismo pelo qual o gengibre tem ação
anti-inflamatória vai além, atuando na produção de citocinas (produzidas e secretadas
nas zonas afetadas por inflamação) e, desta forma, o gengibre também possui ação
analgésica.
O óleo de gengibre selecionado para o presente projeto foi obtido pela extração
por dióxido de carbono (CO2) supercrítico, processo em que pela regulação da pressão
e da temperatura do solvente (CO2), consegue-se um padrão de extração com maior
volume de óleo essencial, maior concentração de substâncias e outras substâncias que
poderiam ser perdidas no processo de hidrodestilação (por arraste a vapor). Neste
processo, substâncias não são perdidas ou degradadas como pode ser observado na
Tabela 1 (MESOMO et al 2003).

Tabela 1 - Composição química do óleo essencial de gengibre extraído por CO2


supercrítico e por hidrodestilação.

Fonte: MESOMO, 2003.

A maior concentração das substâncias na extração por CO2, indica


provavelmente maior potencial terapêutico.
Referencial Teórico 35
Guilherme Giane Peniche

2.2.3 Sucupira branca – Pterodon emarginatus.

Natural do cerrado, a sucupira branca é uma espécie arbórea que vem


despertando atenção no meio acadêmico devido ao seu uso pela medicina popular e
indígena do Brasil (LORENZI, 2002).
Registros etnobotânicos coletados (HOSCHEID; CARDOZO, 2015), relatam que
se faz uso de quase todas as partes do vegetal, como as sementes, as folhas e a casca
do caule, para as mais diversas finalidades: anti-inflamatória, analgésica,
antinociceptiva, antimicrobiana, antirreumática, depurativa, protetora e antioxidante.
Desde os anos 70 vem se analisando o potencial anti-inflamatório da sucupira, e
Corrêa (1975) já apontava o seu uso medicinal, advindo de sabedoria empírica e
popular, visando sanar dores decorrentes de processos inflamatórios. Carvalho et al
(1999), em um experimento in vivo, em edema por carregenina nas patas de ratos
Wistar e camundongos, todos machos, encontrou evidências positivas e pertinentes ao
uso popular. A carregenina tem papel importante no estímulo inflamatório e os animais
que foram tratados com sucupira, tiveram inibição leucocitária de 43%, enquanto os que
foram tratados com dexametasona tiveram inibição de 54%, sugerindo que a sucupira
pode ter efeito anti-inflamatório, pois atua diretamente nos mediadores como a
prostaglandina que são gerados pelo edema causado por carregenina.
Outra propriedade do óleo de sucupira, relacionada com os efeitos inflamatórios,
é a antioxidante, que atua como um protetor da musculatura. O exercício de contração
excêntrica é um fator estressante para a musculatura e causa ruptura das fibras
musculares e lesões celulares. Além disso, o estresse oxidativo contribui para a dor e
inflamação. No experimento, realizado por Paula et al (2005), foi utilizado estímulo
elétrico em ratos para promover a contração excêntrica semelhante à contração gerada
durante o exercício tanto agudo quanto crônico e o uso do óleo de sucupira (a
498mg/kg) em três doses. Ao se avaliar os resultados, percebeu-se que o óleo de
sucupira reduziu a infiltração de macrófagos na musculatura exercitada, reduziu a
peroxidação lipídica e os níveis de óxido nítrico nos músculos, cérebro e fígado e
protegeu o cérebro e os músculos da nitração. Em suma, mostra a possível capacidade
da sucupira contra os danos oxidativos gerados pelo exercício.
Referencial Teórico 36
Guilherme Giane Peniche

Em outro experimento (ALVES, 2012), avaliou-se o potencial efeito


antinociceptivo do óleo de sucupira, utilizando-se uma placa quente, onde seriam
avaliados quantos segundos o animal (oito camundongos brancos e machos) resistiria
sem demonstrar reação à dor, sendo que o tempo máximo permitido foi de 30
segundos, com o intuito de não causar dano tecidual. O resultado apontou que os
animais tiveram redução de reatividade à dor de 61,5%.
Pelos estudos citados, nota-se que as pesquisas realizadas com a sucupira
branca são crescentes, com o predomínio de estudos experimentais em modelos
animais que evidenciam as propriedades anti-inflamatórias, analgésicas e
antinociceptivas do OE de sucupira. Dada a utilização popular desse óleo sem
indicação profissional e os resultados positivos obtidos em experimentos com animais,
carece que os estudos sejam ampliados em humanos seja por demanda acadêmica ou
por demanda popular.
3.
Objetivos
Objetivo 38
Guilherme Giane Peniche

3. OBJETIVO

Avaliar o efeito da combinação dos óleos essências de sucupira, lavanda e


gengibre como terapia complementar no alívio da dor em atletas de alto rendimento.
4.
Material e Método
Material Teórico 40
Guilherme Giane Peniche

4. MATERIAL E MÉTODO

Tipo de estudo: Estudo piloto quasi-experimental, cegado para o participante,


com duas fases: a primeira com utilização de placebo e a segunda com OEs.
Local do estudo: Os atendimentos foram realizados em consultório de
naturologia localizado no bairro de Pinheiros, cidade de São Paulo.
População de estudo: Atletas adultos de alto rendimento. A amostragem foi de
conveniência, com um número de 26 participantes.
Critérios de inclusão: atletas adultos de alto rendimento de qualquer gênero, com
queixa de dor ≥ 5 pela escala analógica, advindas de lesão real (diagnosticada) ou
lesão potencial (quadro álgico). O treinamento de alto rendimento se refere ao
treinamento para atletas que visam competições de nível federal, continental e mundial
(VALLE, 2003).
Critérios de exclusão: Atletas de outra categoria de rendimento, de idade inferior
a 18 anos e atletas que fizeram uso de aromaterapia nos últimos dois meses.
Técnica de alocação: devido a dispersão dos atletas em clubes e cidades
diferentes, optou-se por alocar todos os participantes inicialmente no momento placebo
(utilização do óleo de amêndoa doce – inerte) e após quinze dias realizar o tratamento
com OEs (fazendo uso do óleo medicado em diluição dos óleos essenciais).
Recrutamento: os participantes foram recrutados em ginásios esportivos na
região de São Paulo com treinamento de alto rendimento. Foi feito contato inicial com a
administração desses locais para obter autorização para a divulgação do estudo entre
os atletas.
Instrumentos de coleta: Ficha de identificação do atleta, dados
sóciodemográficos, características do treinamento e da dor (APÊNDICE 1),
Recordatório de uso de medicamento: medicamentos em uso, dose, horário,
frequência, e se houve ou não indicação médica para o uso (APÊNDICE 2), escala de
BRUMS (Escala de Humor de Brunel – Brunel mood scale) (ANEXO 1) e o Inventário
Breve de Dor (ANEXO 2).
Material Teórico 41
Guilherme Giane Peniche

A escala de BRUMS ou escala de humor de Brunel foi validada para o português


por Rohlfs (2006), apresentou boa consistência com valores de alfa de Cronbach
superiores a 0,70. Essa escala avalia os estados de humor dos atletas, visto que esses
são determinantes, em se tratando de tomada de decisões, concentração, coping de
dor e, por fim, o humor pode estar relacionado a pré-disposição a lesões. O BRUMS
consiste em um questionário com 24 perguntas, todas elas com níveis de graduação de
0 (nada) a 4 (extremamente), permitindo que o atleta se posicione com relação a como
se sente no momento. Por fim, esses 24 itens são rearranjados em seis domínios
(Quadro 3).

Quadro 3 – Domínios da escala de humor de Brunel – BRUMS

Dimensão Definição
Tensão Estado de tensão musculoesquelética e preocupação
Depressão Estado emocional de desânimo, tristeza e infelicidade.
Raiva Estado de hostilidade, relativamente aos outros.
Vigor Estado de energia e vigor físico.
Fadiga Estado de cansaço e baixa energia.
Confusão mental Estado de atordoamento e instabilidade nas emoções.
Fonte: BRANDT et al, (2011).

O Inventário Breve de Dor (IBD – Brief Pain Inventory), traduzido, adaptado e


validado para o português (AZEVEDO et al, 2007), permite ao atleta, em dois
momentos, graduar a intensidade da sua dor quanto a severidade (pergunta 3, 4, 5 e 6)
e quanto a interferência (pergunta 9 dividida em sete subgrupos – a, b, c, d, e, f, g) com
valores de alfa de Cronbach de 0,985 e 0,842, respectivamente. A graduação da dor,
quanto a severidade, varia de zero, sem dor; a 10, pior dor que se pode imaginar. A
graduação quanto a interferência da dor varia de zero, não interferiu; a 10, interferiu
completamente.
Intervenção: A intervenção foi realizada em duas fases, de modo a poder
comparar a utilização do OV (placebo) e o uso de OE (tratamento) no alívio a dor.
Fase I - Placebo: Óleo vegetal (OV) de semente de amêndoa doce.
Material Teórico 42
Guilherme Giane Peniche

Fase II - Aromaterapia: Os OEs serão veiculados em óleo vegetal de semente de


uva puro na concentração de 10%. Os OEs que comporão a fórmula serão: Lavanda
(Lavandula angustifólia), Gengibre (Zinziber officinale) e Sucupira branca (Pterodon
emarginatus).
Os óleos foram fornecidos aos participantes gratuitamente em frasco âmbar de
30ml com tampa.
Como os participantes foram os mesmos em ambas as fases e os grupos de
comparação foram constituídos pela área da dor, para efeitos de análise, o grupo Dor A
foi tratado com OV (placebo) e o grupo Dor B, foi tratado com OE (aromaterapia).
Técnica de aplicação: Os participantes receberam orientação e demonstração
de como proceder à aplicação tópica do óleo no local da dor. O óleo foi aplicado pré e
pós-treinamento e antes de dormir, com movimentos circulares até a absorção do óleo
pela pele. Se a região da dor estivesse em local inacessível para auto-aplicação, o
participante deveria orientar um colega de como aplicá-lo.
Desfecho: Redução de 30% do quadro álgico mencionado na avaliação pré-
intervenção. Novos focos de dores que surgiram durante a intervenção e/ou não
mencionados na primeira avaliação não foram considerados mesmo que o atleta tenha
aplicado o óleo nessas outras regiões dolorosas.
Procedimento de coleta: Foi feito contato com a diretoria ou setor administrativo
do ginásio para autorizar o acesso aos esportistas e conhecer qual o melhor momento
para abordá-los. Uma vez definido o momento, foi explicado aos esportistas o objetivo
do estudo. Aos que manifestaram interesse em participar foi fornecido o Termo de
Consentimento Livre e Esclarecido – TCLE (APÊNDICE 3), que continha todas as
informações necessárias, bem como informações para contato, se necessário, tanto
com o pesquisador responsável, como o da instituição de ensino e pesquisa. Com o
termo assinado, foi entregue a ficha de identificação do atleta e de dor, o recordatório
de medicamentos, e as escala de BRUMS e o IBD para preenchimento.
No primeiro atendimento foi feita a avaliação da dor do paciente (foi eleita
apenas uma região com dor ≥ 5 para seguimento na primeira fase – placebo) e o atleta
recebeu um treinamento sobre como deveria ser aplicado o OV durante todo período de
tratamento, além da orientação de trazerem o frasco de óleo fornecido no dia do
Material Teórico 43
Guilherme Giane Peniche

retorno. Ao fim da primeira etapa (após 15 dias), o pesquisador se reuniu com os


atletas para recolhimento dos frascos, aplicação novamente dos questionários e
escalas de avaliação.
Nesse momento optou-se por não seguir os sete dias de wash-out, habituais,
pois como o óleo inicial era inerte não havia a necessidade desta pausa.
Para a segunda fase de tratamento, avaliou-se a presença de dor ≥ 5 pela escala
analógica (poderia ser o mesmo local da dor anterior ou um novo local), foram aplicadas
as escalas e entregue os questionários juntamente com o diário recordatório. Repetiu-
se o mesmo protocolo até o fim da segunda quinzena. Ao final da segunda quinzena
aplicaram-se novamente as escalas e fez-se um follow-up de sete dias. Após este
seguimento, os participantes retornaram para responderem novamente os instrumentos.
A Figura 1 ilustra o fluxo das fases do estudo piloto de intervenção.

Figura 1 - Fluxograma do estudo piloto de intervenção

1o. encontro: apresentação da 3o. encontro: Recolhimento


pesquisa aos atletas, assinatura do frasco do óleo,
do TCLE, preenchimento do
questionario, recordatório de
preechimento do Follow-up de 7 dias
medicamento, escalas e início de recordatório de
procedimento. Dor A (t0) medicamentos e escalas (te1)

4o. encontro: Preechimento


15 dias de intervenção com 15 dias de intervenção com o do recordatório de
óleo vegetal inerte (t0) OE medicamentos e escalas
(follow-up).

Ainda no segundo encontro:


2o. encontro: Recolhimento
Preenchimento do
do frasco de óleo vegetal
recordatório de
inerte, preechimento do
medicamentos, escalas e
recordatório de
entrega do segundo óleo (OE)
medicamentos e escalas. (t1)
Dor B (te0).

Análise de dados: Análise descritiva foi realizada com frequências absolutas e


relativas para variáveis categóricas e medidas de tendência central (média e mediana)
e de dispersão (desvio-padrão e amplitude) para as variáveis numéricas. Para a
comparação das médias das variáveis de interesse (IBD, escalas) ao longo das fases
Material Teórico 44
Guilherme Giane Peniche

foi ajustado um modelo linear de efeitos mistos controlando para o uso de medicamento
analgésico semanal. A estrutura de correlação adotada para modelar as medidas
repetidas foi a autorregressiva de primeira ordem (AR1) em que a correlação decai
polinomialmente com a distância entre duas medidas (e.g., a correlação entre T 0 e T1 é
de ρ, enquanto a correlação entre T0 e T2 é de ρ², 0 ≤ ρ ≤ 1). Comparações de interesse
entre as fases foram avaliadas com contrastes lineares. Foi realizado o teste d Cohen
para analisar o tamanho do efeito. As análises foram executadas no SPSS 22 e o erro
tipo I adotado foi de 5%.
Aspectos éticos: O projeto foi aprovado pela Comissão de Ética em Pesquisa
da Escola de Enfermagem da Universidade de São Paulo (parecer nº. 1.274.740). Além
da explanação dos objetivos para todos os atletas, foi fornecido o Termo de
Consentimento Livre e Esclarecido – TCLE (APÊNDICE 3). Não foram identificados
eventos adversos ao longo do estudo.
5.
Resultados
Resultados 46
Guilherme Giani Peniche

5. RESULTADOS

5.1 CARACTERÍSTICAS SÓCIO DEMOGRÁFICAS

Houve um predomínio do sexo masculino entre os participantes. Dos 26 atletas


recrutados, 17 (65%) eram homens e 9 (35%) mulheres (Figura 2).

Figura 2 – Distribuição dos atletas segundo sexo. São Paulo, 2016.

Atletas

35% Masculino

Feminino
65%

A média de idade dos atletas foi de 26,2 anos, mediana de 25,5 anos, desvio
padrão de ± 5,2 anos com idade mínima de 19 e máxima de 34 anos.
Na Tabela 2 apresenta-se a distribuição dos atletas por esporte. Três atletas da
modalidade salto com vara, lançamento de dardo e lançamento de martelo foram
alocados na mesma modalidade: atletismo. A principal modalidade esportiva foi o judô
(38,5%), seguida pela ginástica artística (30,8%)
Resultados 47
Guilherme Giani Peniche

Tabela 2 - Distribuição dos atletas por tipo de modalidade esportiva. São Paulo, 2016.

Esporte n %

Atletismo 3 11,5

Cross Fit 5 19,2

Ginástica Artística 8 30,8

Judô 10 38,5

Total 26 100

A freqüência de treinamento esportivo ou preparo físico orientado foi de quatro a


seis vezes por semana, sendo mais freqüente o de seis vezes por semana (76,9%)
(Tabela 3).

Tabela 3 – Frequência de treino semanal. São Paulo, 2016.

Dias de treino na semana n %

Quatro 1 3,8

Cinco 5 19,2

Seis 20 76,9

Total 26 100

As horas de treino, tempo de alto rendimento e tempo de esporte dos atletas


apresentaram elevada amplitude (Tabela 4), com média de tempo de esporte de 12,8
anos, tempo de alto rendimento de 7,7 anos e horas médias diárias de treinamento de
4,6h. Apesar da larga amplitude de variação, os valores das médias e medianas dessas
variáveis estiveram próximos.
Resultados 48
Guilherme Giani Peniche

Tabela 4 - Medidas de tendência central e de variabilidade para tempo de esporte,


tempo de alto rendimento e horas de treinos diárias. São Paulo, 2016.

Variáveis Média Mediana DP Mínima Máxima

Tempo de esporte (anos) 12,8 12 5,7 3 23

Tempo de alto rendimento (anos) 7,7 7 3,9 1 15

Horas diárias de treinamento 4,6 4 1,4 3 8,5

5.2 Condição clínica dos atletas

Com relação a procedimentos cirúrgicos, 54% (n=14) não se submeteram a


cirurgias ortopédicas até a data final da coleta de dados (Figura 3).

Figura 3 - Distribuição dos atletas quanto a cirurgias ortopédicas. São Paulo, 2016.

Sem cirurgias

46% Cirurgias realizadas


54%

Na avaliação sobre a utilização de medicamentos, 6 (23,1%) atletas faziam uso


de medicação alopática, sendo três anti-inflamatórios (citoprofeno, diclofenaco com
vitamina B12 e nimesulida), um recuperador de cartilagem (condroitina associada a
glicosamina), um relaxante muscular, e um analgésico opióide (tramadol). Desses seis
atletas, somente três utilizavam medicação sob orientação médica. O diclofenaco com
vitamina B12 foi o único medicamento tomado diariamente (3 vezes ao dia).
Resultados 49
Guilherme Giani Peniche

Como critério de inclusão para a participação nesse estudo, os atletas deveriam


graduar a sua dor com valor maior ou igual a 5 na escala visual numérica contida no
IBD. Quanto a origem da dor, 84,6% (n=22) relataram que essas dores surgiram por
excesso de treinamento; 7,7% (n=2) mencionaram que a queda (impacto) foi o fator
causador; 3,8% (n=1) relataram que a dor provinha de uma lesão em uma vértebra
lombar, causando sobrecarga na musculatura do glúteo e, por fim, um deles (3,8%)
descreve sua dor como decorrente de uma torção inesperada durante o treino. Ainda,
na primeira avaliação (Dor A), somente 30% dos atletas relataram não possuir limitação
física alguma com relação a dor.
Com intuito de esclarecimento, o Grupo Dor A constitui a fase I do estudo com
OV (placebo) e o Grupo Dor B a fase II com OE (aromaterapia).
A tabela 5 apresenta o local da dor tratada no grupo Dor A e no grupo Dor B.
Dos atletas, 34,6% (n=8) optaram por tratar a mesma região da Dor A na fase II com
OE. As principais áreas de dor tratadas no grupo Dor A foi o ombro (23,2%) e joelho
(19,2%), enquanto no grupo Dor B foi o joelho (23,2%) e região lombar (19,2%).

Tabela 5 - Distribuição do local da dor no grupo Dor A e grupo Dor B. São Paulo, 2016.
Dor A Dor B
Local da dor n (%) n (%)
Antebraço 2 (7,7) 3 (11,6)
Bíceps - - 1 (3,8)
Cotovelo 4 (15,4) 2 (7,7)
Coxa 2 (7,7) 2 (7,7)
Glúteo 1 (3,8) 1 (3,8)
Trapézio 1 (3,8) 1 (3,8)
Joelho 5 (19,2) 6 (23,2)
Lombar 4 (15,4) 5 (19,2)
Ombro 6 (23,2) 3 (11,6)
Tendão de Aquiles - - 1 (3,8)
Tibial 1 (3,8) 1 (3,8)
Total 26 (100) 26 (100)
Resultados 50
Guilherme Giani Peniche

Compararam-se inicialmente as características da dor nas últimas 24h e o grau


de interferência na vida diária pelo IBD no grupo Dor A e grupo Dor B no ínicio de cada
um dos tratamentos (t0 – placebo e te0 – aromaterapia), observando-se que os grupos
de dor eram homogênios (p≥ 0,05) (Tabela 6).
Resultados 51
Guilherme Giani Peniche

Tabela 6 - Valores inciais de média e desvio padrão das dores nas últimas 24h e interferência da dor na vida diária pelos
itens do IBD no ínicio dos diferentes tratamentos (placebo e tratamento). São Paulo, 2016.
Dor A (placebo) Dor B (aromaterapia)
Itens t0 média (DP) te0 média (DP) p*
IBD3 – pior dor nas ultimas 24h (0-10) 6,4 (1,5) 6,5 (1,3) 1,000
IBD4 – dor mais fraca nas últimas 24 h (0-10) 3,1 (1,9) 3,4 (1,8) 1,000
IBD5 – média da dor (0-10) 5,2 (1,3) 5,6 (1,4) 1,000
IBD6 – dor no momento 5,0 (2,0) 5,7 (1,8) 0,250
IBD8 – intensidade de melhora nas últimas 24h (%) 33,5 (26,4) 29,6 (17,1) 1,000
IBD9A – interferência da dor na atividade geral 3,9 (2,3) 4,5 (1,7) 1,000
IBD9B - interferência da dor no humor 3,7 (2,2) 4,0 (1,4) 1,000
IBD9C - interferência da dor no caminhar 1,9 (2,4) 2,4 (2,6) 1,000
IBD9D - interferência da dor no trabalho 4,7 (2,67) 4,7 (2,1) 1,000
IBD9E - interferência da dor no relacionamento 2,1 (2,6) 3,2 (2,1) 0,236
IBD9F - interferência da dor no sono 2,1 (2,6) 2,7 (2,8) 1,000
IBD9G - interferência da dor para apreciar a vida 1,7 (2,0) 2,4 (2,1) 1,000
* Ajustado pelo teste de Bonferroni
Resultados 52
Guilherme Giani Peniche

Ainda pela Tabela 6, esclarece-se que para o grupo Dor A, a pergunta sobre a
melhora da dor nas últimas 24h considerou o tratamento em vigência em t 0, se havia, e
para o grupo B, o te0 incluía a aplicação do OV (placebo) na fase I.
Ao se observar o valor das médias do IBD nos momento antes e pós-intervenção e no
follow-up para o grupo Dor A e grupo Dor B (Tabela 7), observou-se uma redução das
médias no tratamento com aromaterapia (grupo Dor B) para todos os itens, exceto para
o item IBD8 (percentagem de melhora nas últimas 24h com o tratamento utilizado).
Ao se analisar a evolução longitudinal dos efeitos, observou-se pelo teste de
efeitos fixos que não houve efeito sobre a dor quando avaliado pelo item IBD9A
(interferência da dor na atividal geral), com p=0,990. A análise considerando a interação
com a utilização de medicamentos mostrou que para os itens IBD8 (intensidade de
melhora na últimas 24h), IBD9B (interferência da dor no humor) e IBD9E (interferência
da dor no relacionamento) houve interação estatísticamente significativa (p<0,005).
Resultados 53
Guilherme Giani Peniche

Tabela 7 – Valores de média e desvio padrão das dores nas últimas 24h e interferência da dor na vida diária pelos itens
do IBD antes e após os diferentes tratamentos (placebo e aromaterapia). São Paulo, 2016.
Teste efeitos fixos
Dor A (placebo) Dor B (aromaterapia) (p)
t0 t1 te0 te1 Follow-up Efeito Interação
Itens IBD média (DP) média (DP) média (DP) média (DP) média (DP) principal** medica/o*
IBD3 – pior dor nas ultimas 24h (0-10) 6,4 (1,5) 5,7 (2,2) 6,5 (1,37) 2,3 (0,9) 2,2 (0,9) <0,001 0,184
IBD4 – dor mais fraca nas últimas 24 h (0-10) 3,1 (1,9) 3,3 (1,84) 3,4 (1,8) 0,5 (0,7) 0,8 (0,7) <0,001 0,870
IBD5 – média da dor (0-10) 5,6 (1,3) 5,2 (2,0) 5,6 (1,4) 1,2 (0,7) 1,2 (0,6) <0,001 0,866
IBD6 – dor no momento 5,0 (2,0) 5,0 (2,6) 5,7 (1,8) 0,7 (0,8) 0,5 (0,7) <0,001 0,374
IBD8 – intensidade de melhora nas últimas 24h (%) 33,5 (26,4) 29,6 (20,3) 29,6 (17,1) 33,9 (27,3) 30,4 (24,7) <0,001 <0,001
IBD9A – interferência da dor na atividade geral 3,9 (2,3) 3,6 (2,21) 4,5 (1,7) 1,6 (1,0) 1,2 (0,8) 0,990 0,402
IBD9B - interferência da dor no humor 3,75 (2,2) 3,1 (2,1) 4,0 (1,4) 1,2 (1,0) 0,8 (0,8) <0,001 0,016
IBD9C - interferência da dor no caminhar 1,9 (2,4) 2,4 (2,2) 2,4 (2,6) 0,5 (0,8) 0,4 (0,6) 0,001 0,454
IBD9D - interferência da dor no trabalho 4,7 (2,7) 3,5 (2,7) 4,7 (2,1) 1,4(1,1) 1,2 (1,1) <0,001 0,536
IBD9E - interferência da dor no relacionamento 2,1 (2,6) 2,2 (2,0) 3,2 (2,1) 1,4 (1,3) 1,0 (1,0) <0,001 0,019
IBD9F - interferência da dor no sono 2,1 (2,6) 2,0 (2,9) 2,7 (2,8) 0,7 (1,0) 0,3 (0,5) <0,001 0,378
IBD9G - interferência da dor para apreciar a vida 1,7 (2,0) 1,8 (2,1) 2,4 (2,1) 0,3 (0,6) 0,3 (0,5) 0,001 0,029
* efeito de interação fase-medicação ** efeito principal de fase
Resultados 54
Guilherme Giani Peniche

Dada a interação do uso da medicação com a melhora da dor para alguns itens
do IBD, não será analisado o teste de Bonferroni para os itens IBD8, IBD9B e IBD9E.
Ainda, como para o item IBD9A não se observou efeito na evolução do experimento,
este item também foi excluído das análises posteriores.
A tabela 8 mostra a evolução do quadro de dor com o uso do OV (placebo).
Nota-se que houve melhora em relação ao quanto a dor interferiu no trabalho (IBD9D).
Todos os outros itens do IBD não tiveram alteração estatísticamente significativa com a
utilização do OV (placebo).

Tabela 8 – Médias e desvios-padrão dos itens do IBD segundo o momento (antes e


após uso de OV) no grupo Dor A (placebo). São Paulo, 2016.
FASE I Dor A Dor A
Itens do IBD t0 t1 p*
média (DP) média (DP)
IBD3 – pior dor nas ultimas 24h (0-10) 6,4 (1,5) 5,7 (2,2) 0,087
IBD4 – dor mais fraca nas últimas 24 h (0-10) 3,1 (1,9) 3,3 (1,8) 1,000
IBD5 – média da dor (0-10) 5,2 (1,3) 5,2 (2,0) 1,000
IBD6 – dor no momento 5,0 (2,0) 5,0 (2,6) 1,000
IBD9C - interferência da dor no caminhar 1,9 (2,4) 2,4 (2,2) 1,000
IBD9D - interferência da dor no trabalho 4,7 (2,7) 3,5 (2,7) 0,018
IBD9F - interferência da dor no sono 2,1 (2,6) 2,0 (2,9) 1,000
IBD9G - interferência da dor - apreciar a vida 1,7 (2,0) 1,8 (2,1) 1,000
* Ajustado pelo teste de Bonferroni.

Após analisar a evolução da dor com OV (placebo – Fase I) foi analisado na


Tabela 9 a evolução da intensidade e da interferencia da dor com a utilização dos OEs
(aromaterapia – Fase II).
Resultados 55
Guilherme Giani Peniche

Tabela 9 - Médias e desvios-padrão dos itens do IBD segundo o momento (antes e após uso de OE) no grupo Dor B
(aromaterapia). São Paulo, 2016.

FASE II te0 te1 follow up te0 - te1 -


follow up follow up
Itens IBD média (DP) média (DP) p* média (DP) p* p*
IBD3 – pior dor nas ultimas 24h (0-10) 6,5 (1,3) 2,3 (0,9) <0,001 2,2 (0,9) <0,001 1,000
IBD4 – dor mais fraca nas últimas 24 h (0-10) 3,4 (1,8) 0,5 (0,7) 0,001 0,8 (0,7) <0,001 1,000
IBD5 – média da dor (0-10) 5,6 (1,4) 1,2 (0,7) <0,001 1,2 (0,6) <0,001 1,000
IBD6 – dor no momento 5,7 (1,8) 0,7 (0,8) <0,001 0,5 (0,7) <0,001 1,000
IBD9C - interferência da dor no caminhar 2,4 (2,6) 0,5 (0,8) 0,434 0,4 (0,6) 0,071 1,000
IBD9D - interferência da dor no trabalho 4,7 (2,1) 1,4 (1,1) 0,001 1,2 (1,1) <0,001 1,000
IBD9F - interferência da dor no sono 2,7 (2,8) 0,7 (1,0) 0,516 0,3 (0,5) 0,009 1,000
IBD9G - interferência da dor - apreciar a vida 2,4 (2,1) 0,3 (0,6) 0,026 0,3 (0,5) 0,026 1,000
* Ajustado pelo teste de Bonferroni.
Resultados 56
Guilherme Giani Peniche

Observou-se intragrupo Dor B melhora significativa nos itens relacionados à


intensidade da dor (IBD3, IBD4, IBD5 e IBD6). Nos itens que abordavam a interferencia
da dor, só não se obteve melhora no item ralacionado ao caminhar e ao sono (Tabela
9). Com relação ao follow-up, a média da dor do momento inicial do uso da
aromaterapia (te0) foi significativamente maior que após 15 dias após o tratamento
(p<0,05), com exceção da interferência no caminhar. Ao se comparar as médias dos
momentos te1 (final do tramento com aromaterapia) e o follow-up após 15 dias,
observou-se que o efeito do OE sobre a dor não se alterou.
A comparação dos resultados entre grupos, Dor A (OV) e Dor B(OE), mostrou
que a aromaterapia apresentou resultados estatisticamente significativos (p<0,05) em
relação ao placebo (OV) no alívio da dor, no entanto não houve diferença com relação à
interferência da dor nas atividades de vida do atleta (Tabela 10). A aromaterapia (OE)
mostrou melhor efeito sobre a dor que o OV, mesmo depois da suspensão da aplicação
(follow up), onde observou-se também melhora estatisticamente significativa (p<0,05)
com relação a interferência da dor no caminhar e no trabalho.
Resultados 57
Guilherme Giani Peniche

Tabela 10 - Análise comparativa do efeito dos óleos (inerte e medicado) na intensidade e interferência da dor nos atletas.
São Paulo, 2016.

Dor A Dor B Dor B


Itens IBD t1 te1 t1 – te1 follow up t1-follow up
média (DP) media (DP) p* media (DP) p*
IBD3 – pior dor nas ultimas 24h (0-10) 5,73 (2,2) 2,31 (0,9) 0,001 2,2 (0,9) <0,001
IBD4 – dor mais fraca nas últimas 24 h (0-10) 3,27 (1,8) 0,50 (0,7) 0,013 0,8 (0,7) <0,001
IBD5 – média da dor (0-10) 5,23 (2,0) 1,23 (0,7) <0,001 1,2 (0,6) <0,001
IBD6 – dor no momento 5,04 (2,6) 0,65 (0,8) <0,001 0,5 (0,7) <0,001
IBD9C - interferência da dor no caminhar 2,35 (2,2) 0,46 (0,8) 0,227 0,4 (0,6) 0,017
IBD9D - interferência da dor no trabalho 3,46 (2,7) 1,35 (1,1) 0,374 1,2 (1,1) 0,047
IBD9F - interferência da dor no sono 2,04 (2,9) 0,73 (1,0) 1,000 0,3 (0,5) 0,236
IBD9G - interferência da dor - apreciar a vida 1,77 (2,1) 0,31 (0,6) 1,000 0,3 (0,5) 0,386
* Ajustado pelo teste de Bonferroni.
Resultados 58
Guilherme Giani Peniche

Embora o estudo tenha analisado o efeito da aromaterapia sobre a dor, dado ao


tipo de população estudada, não se restringiu durante o estudo a utilização de outros
tratamentos habituais entre os atletas, nem sempre com indicação de profissional
especialista.
A Tabela 11 apresenta a frequência de tratamentos que os atletas realizaram ao
longo do estudo.

Tabela 11 – Distribuição de atletas segundo o tipo de tratamento complementar


mencionado do item IBDQ7 do IBD. São Paulo, 2016.

ITEM IBDQ7
Dor B
Dor A t0 Dor A t1 Dor B te0 Dor B te1 follow-up
%
Tratamento n % n % n % n % n
- - 3 11,5 3 11,5 2 7,7 2 7,7
massagem

2 7,7 4 15,4 6 23,1 6 23,1 6 23,1


crioterapia

crioterapia+punção 1 3,9 - - - - - - - -
articular
3 11,5 1 3,9 1 3,9 1 3,9 2 7,7
fisioterapia+crioterapia

7 26,9 9 34,5 9 34,5 8 30,1 7 26,9


fisioterapia
Fisi 1 3,9 - - - - - - - -
oterapia+anti-
inflamatório
- - 2 7,7 2 7,7 1 3,9 - -
anti-inflamatório

- - 1 3,9 1 3,9 1 3,9 1 3,9


analgésico opióide

12 46,1 6 23,1 4 15,4 7 26,9 8 30,1


Nenhum

Total 26 100 26 100 26 100 26 100 26 100


Resultados 59
Guilherme Giani Peniche

A seguir apresentam-se figuras que mostram os resultados da pontuação dos


itens do IBD de acordo com o grupo e a utilização semanal de medicamentos. Vale
ressaltar que os atletas não utilizaram medicação alopática no período de follow up.
Na Figura 4 nota-se a diminuição no escore do IBD3 (pior dor nas últimas 24h),
de modo semelhante entre quem utilizou ou não medicação para a aromaterapia.

Figura 4 – Média da pior dor nas últimas 24h (IBD3), de acordo com o grupo e uso de
medicamentos. São Paulo, 2016.

O padrão de diminuição da intensidade da dor para os demais itens do IBD


(Figuras 5,6 e 7) no grupo de aromaterapia (Grupo Dor B) foi semelhante ao da Figura
4. No entanto para o grupo placebo (Grupo Dor A), observou-se aumento da média de
escores para a dor fraca (IBD4) e média (IBD5) (Figuras 5 e 6).
Resultados 60
Guilherme Giani Peniche

Figura 5 – Média da dor mais fraca nas últimas 24h (IBD4), de acordo com o grupo e
uso de medicamentos. São Paulo, 2016.

Figura 6 – Média da dor média nas últimas 24h (IBD5), de acordo com o grupo e uso
de medicamentos. São Paulo, 2016.
Resultados 61
Guilherme Giani Peniche

Figura 7 – Média da dor no momento da avalição (IBD6), de acordo com o grupo e uso
de medicamentos. São Paulo, 2016.

Para os itens do IBD (9C, 9D, 9F e 9G) relacionados a interferência da dor nas
atividades de vida, também não houve interação da utilização de medicamentos com os
tratamentos.
Com exceção do IBD9C (Figura 8), houve diminuição dos escores tanto no grupo
com medicação quanto sem medicação para o grupo com aromaterapia (Dor B)
(Figuras 9, 10, e 11 ). Para o IBD9C da interferência no caminhar, os escores de dor no
grupo de Dor B (aromaterapia) se elevaram um pouco para o grupo que tomou
medicação (Figura 8).
No grupo placebo (Dor A), aqueles sem medicamentos a interferência da dor
apresentou escores superiores para IBD9C, IBD9F eIBD9G (Figuras 8, 10 e 11).
Resultados 62
Guilherme Giani Peniche

Figura 8 – Média da interferência da dor no caminhar (IBD9C), de acordo com o grupo


e uso de medicamentos. São Paulo, 2016.

Figura 9 – Média da interferência da dor no trabalho (IBD9D), de acordo com o grupo e


uso de medicamentos. São Paulo, 2016.
Resultados 63
Guilherme Giani Peniche

Figura 10 – Média da interferência da dor no sono (IBD9F), de acordo com o grupo e


uso de medicamentos. São Paulo, 2016.

Figura 11 – Média da interferência da dor para apreciar a vida (IBD9G), de acordo com
o grupo e uso de medicamentos. São Paulo, 2016.
Resultados 64
Guilherme Giani Peniche

Importante também, é caracterizar o aspecto emocional do atleta. A escala de


Brums apresentou boa confiabilidade com alfa de Cronbach de 0,826. Os valores de
alfa de Cronbach para os domínios foram de 0,776 para tensão, 0,858 para a
depressão, 0,753 para a raiva, 0,610 para o vigor, 0,785 para a fadiga e 0,746 para a
confusão mental.
A Tabela 12 apresenta a média e desvio-padrão dos domínios da escala de
BRUMS no grupo Dor A e Dor B.

Tabela 12 - Valores de média e desvio-padrão dos domínios da escala de BRUMS


antes e após os diferentes tratamentos (placebo e aromaterapia). São Paulo, 2016.
Grupor Dor A (placebo ) Grupo Dor B (aromaterapia )
Domínios t0 t1 te0 te1 follow up
média (DP) média (DP) média (DP) média (DP) média (DP)
Tensão 4,1 (2,6) 8,0 (4,0) 7,9 (3,5) 3,6 (1,9) 2,6 (1,5)

Depressão 2,5 (3,5) 2,9 (2,8) 3,4 (3,1) 3,2 (3,0) 3,2 (3,0)

Raiva 2,6 (2,4) 2,6 (2,2) 2,5 (2,3) 2,4 (2,2) 2,4 (2,1)

Vigor 8,5 (3,2) 9,3 (2,4) 8,6 (2,9) 9,7 (2,4) 10,2 (2,3)

Fadiga 6,2 (3,5) 6,0 (3,6) 5,9 (3,4) 3,4 (2,4) 3,0 (2,1)

Cf. Mental 2,9 (2,9) 2,9 (2,3) 3,1 (3,1) 2,9 (2,7) 2,8 (2,7)

A dor avaliada no início da fase I (t0) apresentou menor tensão que aquela
avaliada no início da fase II (te0) com p<0,000. Para os demais domínios da escala de
Humor de BRUMS, o escore foi homogêneo entre o grupo Dor A e grupo Dor B
(p=1,000) no momento inicial.
Ao se analisar a evolução longitudinal dos efeitos, observou-se pelo teste de
efeitos fixos que não houve efeito da dor sobre o humor nos domínios depressão, raiva
e confusão mental (Tabela 13), sendo assim, foram excluídos das análises posteriores.
Resultados 65
Guilherme Giani Peniche

Tabela 13 – Valores de média e desvio padrão dos escores da Escala de Humor de BRUMS geral e por domínios antes
e após os diferentes tratamentos (placebo e aromaterapia). São Paulo, 2016.

Teste efeitos fixos


Dor A (placebo) Dor B (aromaterapia) (p)
t0 t1 te0 te1 Follow-up Efeito Interação
Escala de Humor de BRUMS
média (DP) média (DP) média (DP) média (DP) média (DP) principal** medica/o*

Domínio Tensão 4,1 (2,6) 7,9 (4,0) 7,9 (3,5) 3,6 (1,9) 2,6 (1,5) <0,001 0,392

Domínio Depressão 2,5 (3,5) 2,9 (2,8) 3,4 (3,1) 3,2 (3,0) 3,2 (3,0) 0,682 0,917

Domínio Raiva 2,6 (2,4) 2,9 (2,2) 2,5 (2,3) 2,4 (2,2) 2,4 (2,1) 0,715 0,108

Domínio Vigor 8,5 (3,1) 9,3 (2,4) 8,6 (2,9) 9,7 (2,3) 10,2 (2,7) 0,001 0,092

Domínio Fadiga 6,2 (3,4) 6,0 (3,6) 5,9 (3,4) 3,4 (2,4) 3,0 (2,1) 0,003 0,543

Domínio Confusão Mental 2,9 (2,9) 2,9 (2,3) 3,1 (3,1) 2,9 (2,7) 2,8 (2,7) 0,767 0,748
* efeito da interação fase-medicação **efeito principal de fase
Resultados 66
Guilherme Giani Peniche

A análise considerando a utilização de medicamentos mostrou-se que para todos


os domínios da Escala de Humor de BRUMS não houve interação estatísticamente
significativa (p>0,005).
Para identificação do momento em que houve efeito no alívio da dor realizou-se
o teste de Bonferroni.
O efeito do OV (placebo) na fase I do estudo mostrou que houve piora
estatísticamente significativa (p=0,001) no domínio tensão da Escala de Humor de
BRUMS (Tabela 14).

Tabela 14 – Efeito da aplicação do OV (placebo) sobre a dor no humor dos atletas


(Grupo Dor A) medido pela escala de Humor de BRUMS, segundo domínios. São
Paulo, 2016.
Grupo Dor A t0 t1
Domínios Média (DP) Média (DP) p*
Tensão 4,1 (2,6) 7,9 (4,0) 0,001
Vigor 8,5 (3,1) 9,3 (2,4) 0,185
Fadiga 6,2 (3,4) 6,0 (3,6) 1,000
* Ajustado pelo teste de Bonferroni.

Na avaliação intragrupo Dor B observou-se que não houve efeito significativo


para qualquer dos domínios da escala de Humor de BRUMS (Tabela 15).

Tabela 15 – Efeito da aplicação do OE (aromaterapia) sobre a dor no humor dos atletas


(Grupo Dor B). São Paulo, 2016.
Grupo Dor B te0 te1
Domínios média (DP) média (DP) p*
Tensão 7,9 (3,5) 3,6 (1,9) 0,082
Vigor 8,6 (2,9) 9,7 (2,3) 0,132
Fadiga 5,9 (3,4) 3,4 (2,4) 1,000
* Ajustado pelo teste de Bonferroni.
Resultados 67
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A tabela 16 mostra o efeito da aplicação do OE (aromaterapia) em relação ao OV


(placebo) e a relação do OV com o resultado do follow up. Nota-se que não houve
efeito significativo entre o OV e o OE, porém houve diferença no follow up, com
melhora na tensão e na fadiga dos atletas com a aromaterapia.

Tabela 16 – Efeito da aplicação do OV (placebo) em relação ao OE (aromaterapia) e


follow up sobre a dor no humor dos atletas. São Paulo, 2016.
Grupos Dor A Dor B Follow up
t1 te1 t1-te1 t1-follow up
Domínios média (DP) média (DP) p* média (DP) p*
Tensão 7,9 (4,0) 3,6 (1,9) 0,457 2,6 (1,5) <0,001
Vigor 9,3 (2,4) 9,7 (2,3) 1,000 10,2 (2,7) 1,000
Fadiga 6,0 (3,6) 3,4 (2,4) 1,000 3,0 (2,1) 0,002
* Ajustado pelo teste de Bonferroni.

A Tabela 17 compara o efeito intragrupo de aromaterapia e o follow-up.


Observou-se que embora o efeito do OE não tenha sido significativo ao final da
aplicação do OE, em relação ao follow up os resultados foram promissores. O alívio da
dor apresentou melhora do humor nos domínios de tensão, fadiga e vigor da Escala de
BRUMS (p<0,05). Ao se analisar o momento do fim da aplicação do OE (te1) com o
follow up, não houve diferença significativa em nenhum dos domínios da Escala de
BRUMS, o que significa que a interrupção da aplicação dos OEs não piorou a dor do
atleta.

Tabela 17 - Efeito da aplicação do OE (aromaterapia) em relação ao follow up sobre a


dor no humor dos atletas. São Paulo, 2016.
te0 te1 follow up te0- foll-up te1- foll-up
Domínios média (DP) média (DP) p* média (DP) p* p*
Tensão 7,9 (3,5) 3,6 (1,9) 0,082 2,6 (1,5) 0,000 1,000
Vigor 8,6 (2,9) 9,7 (2,3) 0,132 10,2 (2,3) 0,018 1,000
Fadiga 5,9 (3,4) 3,4 (2,4) 1,000 3,0 (2,1) 0,000 0,777
* Ajustado pelo teste de Bonferroni.
Resultados 68
Guilherme Giani Peniche

A seguir apresentam-se figuras 12, 13 e 14 que mostram os resultados da


pontuação dos domínios da Escala de BRUMS de acordo com o grupo e a utilização
semanal de medicamentos. Novamente, vale ressaltar que os atletas não utilizaram
medicação alopática no período de follow up.

Figura 12 – Escore do domínio tensão da Escala de BRUMS de acordo com o grupo e


a utilização de medicamentos. São Paulo, 2016.

Figura 13 – Escore do domínio vigor da Escala de BRUMS de acordo com o grupo e a


utilização de medicamentos. São Paulo, 2016.
Resultados 69
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Figura 14 – Escore do domínio fadiga da Escala de BRUMS de acordo com o grupo e a


utilização de medicamentos. São Paulo, 2016.

Ao se analisar o tamanho do efeito dos OV e OE intragrupo observa-se que para


o grupo da Dor A (placebo) o tamanho do efeito foi elevado para o domínio tensão e
fadiga (valores acima de 0,80) e médio para o IBD3, IBD9F e vigor (valores entre 0,40 e
0,70) e para os demais foi desprezível (Tabela 18). O melhor efeito do OV foi para a
fadiga e tensão (49%).
Quanto ao grupo Dor B, o valor de d Cohen foi elavado para todos os itens do
IBD e para os domínios tensão e fadiga, com valor médio para o domínio vigor. A
melhora relativa aos OE foi superior a 50% nos itens de intensidade da dor, nos itens
interferência da dor os melhores resultados foram para o IBD9D (49%) e IBD9G (31%);
na escala de humor melhor percentual para o domínio tensão (37%). A melhora da dor
pelo uso da aromaterapia no follow up apresentou pouca variação em relação ao
momento final de uso dos OE.
Resultados 70
Guilherme Giani Peniche

Tabela 18 – Valores de D Cohen e do tamanho de efeito para os itens do IBD e domínios da Escla de BRUMS. São
Paulo, 2016

Região de dor Dor A Dor B


t0 – t1 te0 – te1 te0 – follow-up
D Cohen Tamanho Coef. D Cohen Tamanho Coef. D Tamanho Coef.
Itens do IBD efeito(r) Determ* efeito (r) Determ* Cohen efeito (r) Determ*
IBD3 – pior dor nas ultimas 24h -0,37 -0,18 3% -2,28 -0,75 56% -3,65 -0,88 77%

IBD4 – dor mais fraca nas últimas 24 0,1 0,05 0,3% -2,12 -0,73 53% -1,9 -0,69 48%

IBD5 – média da dor 0,11 0,06 0,4% -3,98 -0,89 79% -4,09 -0,9 81%

IBD6 – dor no momento 0 0 0 -3,59 -0,87 76% -3,59 -0,87 76%

IBD9C - interferência - dor no caminhar 0,21 0,11 1% -0,99 -0,44 19% -1,06 -0,47 22%

IBD9D - interferência - dor no trabalho -0,44 -0,22 5% -1,97 -0,7 49% -2,09 -0,72 52%

IBD9F - interferência - dor no sono -0,04 -0,02 <0,0 -0,95 -0,43 18% -1,19 -0,51 26%

IBD9G - interferência dor - apreciar a vida 0,05 0,02 <0,0 -1,36 -0,56 31% -1,38 -0,57 32%

Escala de BRUMS

Tensão 1,13 0,49 24% -1,53 -0,61 37% -1,97 -0,7 49%

Vigor 0,36 0,18 18% 0,42 0,21 4% 0,57 0,27 7%

Fadiga 1,12 0,49 49% -0,85 -0,39 15% -1,03 -0,46 21%

Nota: sinal (-) significa diminuição * Coeficiente de determinação em porcentagem


Resultados 71
Guilherme Giani Peniche

A análise do tamanho de efeito entre os grupos Dor A e Dor B mostrou valores


de d Cohen de grande efeito para os itens IBD3, IBD4, IBD5, IBD6,IBD9C, IBD9D e
IBD9G (valores acima de 0,80) e para o valor de IBD9F de médio efeito (0,60). O
coeficiente de determinação mostra que houve melhora da dor com o uso da
aromaterapia, superando 50% para os itens de intensidade de dor IBD3, IBD4, IBD5e
IBD6 (Tabela 19).

Tabela 19 – Valores de D Cohen, tamanho de efeito e coeficiente de determinação em


porcentagem entregrupos para os itens do IBD e domínios da Escala de BRUMS. São
Paulo, 2016

Medidas Efeito entregrupos Dor A e Dor B


t1 – te1
D Cohen Tamanho Coeficiente
Itens do IBD
efeito determinação
IBD3 – pior dor nas ultimas 24h -2,02 -0,71 51%
IBD4 – dor mais fraca nas últimas 24 -2,05 -0,72 52%
IBD5 – média da dor -2,67 -0,80 64%
IBD6 – dor no momento -2,24 -0,75 56%
IBD9C - interferência - dor no caminhar -1,15 -0,50 25%
IBD9D - interferência - dor no trabalho -1,02 -0,45 20%
IBD9F - interferência - dor no sono -0,60 -0,29 8%
IBD9G - interferência da dor - apreciar a vida -0,97 -0,44 19%
Escala de BRUMS
Tensão -1,37 -0,57 32%
Vigor 0,17 0,08 1%
Fadiga -0,85 -0,39 15%
Nota: sinal (-) significa diminuição * Coeficiente de determinação em porcentagem

O tamanho do efeito entregrupos foi elevado para a tensão e fadiga, mas a


melhora pela aromaterapia foi de 32% somente para o domínio tensão da Escala de
Brums, para a fadiga foi de 15% e para o vigor de 1%, quase sem efeito.
6.
Discussão
Discussão 73
Guilherme Giane Peniche

6. DISCUSSÃO

Quase metade dos atletas relatou ter sido submetido a alguma cirurgia, dado
semelhante ao encontrado em outros estudos (PRATI e VIEIRA, 1998; NERY, 2014;
FERNANDEZ et al.. 2007).
Estudos observacionais mostram que o esporte recreativo é tido como uma
prática saudável, mas essa realidade muda quando se trata da prática esportiva de alto
rendimento (SARNA; KAPRIO, 1994; SAMITZ; EGGER; ZWAHLEN, 2011).
Aproximadamente cerca de 3 a 5 milhões de lesões são registradas no cenário de alto
rendimento anualmente. A falta de acompanhamento médico e especializado aos
atletas faz com que a prática do alto rendimento se torne um fator desencadeador de
lesões, dor e sindromes metabólicas, podendo também, reduzir a longevidade no
esporte, principalmente se o atleta tem relação profissional-financeira com a prática
(HOWARD; NIXON, 1993). Mesmo que os atletas deste estudo tenham
acompanhamento de equipe de assistência a saúde composta por diversos
profissionais, dentre eles, médicos, fisioterapeutas, nutricionistas e psicólogos, não é
incomum o atleta procurar esses profissionais somente quando sinais e sintomas se
tornam intoleráveis.
De acordo com Pen et al. (1995), lidar com a dor é um dos fatores determinantes
que destacam o atleta de alto rendimento em seu grupo, não somente em treinamento
e em competição, mas também no cenário de reabilitação. Dor relacionada com lesão
ou por esforço, real ou percebida, tem forte impacto (negativo), tanto no rendimento
quanto na resposta da reabilitação física. A experiência da dor pode ser tão
esmagadora e incapacitante que, se prolongada (caráter crônico) compromete todo e
qualquer mecanismo de enfrentamento que foi construído durante a carreira do atleta.
O Comitê Olímpico Internacional, preocupado com a saúde do atleta, propôs
medidas para minimizar acidentes e agravamentos de saúde em decorrência da prática
esportiva de alto nível. Medidas essas que perpassam diversas categorias inclusive as
injurias musculoesqueléticas. Essa medida, chamada de Avaliação Periódica de Saúde
prevê exames periódicos tanto de imagens quanto testes musculares, palpação,
Discussão 74
Guilherme Giane Peniche

amplitude de movimento etc. com isso, pode-se juntamente com o contato direto com o
atleta, traçar uma curva de risco de lesão (LJUNGKVIST et al., 2009).
Portanto, atletas de alto rendimento não medem esforços para conquistar seus
objetivos, podendo procurar e criar métodos extremamente criativos para melhorar seu
desempenho. Koh, Freeman, Zaslawski (2012) afirmam que, nos Estados Unidos, os
atletas são os que mais procuram as práticas complementares visando alívio da dor
para melhora de desempenho, embora erronaeamente pensem que, as práticas
complementares são livres do risco de dopping e com pouco ou nenhum efeito colateral
adverso.
Embora se perceba uma crescente procura por técnicas alternativas e
complementares vinda dos atletas, ainda há muito que se caminhar em pesquisa para
se validar técnicas que não somente visem eliminar a dor, como também prevenir
lesões e desgastes, auxiliar na recuperação e não somente focar no aumento do
desempenho. Talvez esse seja o grande erro que muitos podem cometer: Quando se
foca somente nos resultados deixando de lado a base, aquele que almeja a grandeza,
pode até alcançar a meta, mas não se sustenta.
Durante a execução da etapa placebo (OV), os atletas não relataram melhora
significativa quanto às variáveis quantitativas ligadas à intensidade da dor e em relação
às variaveis de interferência nas atividades, obteve-se melhora no humor e no trabalho.
No entanto, a avaliação de humor pela escala de BRUMS não se alterou com o uso do
placebo (OV), apesar de ter-se observado piora significativa no domínio tensão.
Pesquisas mostram que o domínio tensão está ligado não somente com o estado
emocional de preocupação, mas também com a tensão musculoesquelética, sendo
esse domínio indicador da interferencia da dor no humor e vice versa (ROHLFS, 2006;
BRANDT, 2011).
Para Neves e Wink (2007), exercer o autocuidado é mobilizar o poder de si
mesmo. Assim sendo, no presente estudo, o atleta poderia despertar para um novo
manejo para dor, o que se notou na mudança na sua percepção da interferência no
humor e no trabalho referidos no IBD com a aplicação placebo. A autoaplicação do
óleo, tanto interte (OV) como o medicado (OE), mobilizaria o esse conteúdo de cada
atleta, fazendo com que questões relacionadas a dor convergessem num processo de
Discussão 75
Guilherme Giane Peniche

autocura. Um dos motivos para a escolha inicial da aplicação do OV foi para criar um
senso de responsabilidade para com o procedimento, o hábito rotineiro de aplicar o óleo
três vezes ao dia e incutir o conceito de autocuidado no atleta e, assim, aumentar a
chance do OE ser aplicado corretamente e sistematicamente.
Ao verificar a eficácia do uso do OE no alívio pelo IBD e escala de BRUMS,
percebeu-se diferença estatística significativa em quase todos itens do IBD, somente
não tendo relevancia estatística a interferência da dor na habilidade de caminhar e no
sono. Esse resultado deve-se ao valor do desvio padrão em relação à média no início
da aplicação do óleo medicado. Após o periodo de follow-up a interferência no sono
regrediu (p < 0,05), porém a interferência na habilidade de caminhar não obteve essa
resposta (p > 0,05).
Analisando a escala de BRUMS durante a aplicação do óleo medicado pode-se
observar que não houve diferença estatítica nesse período, entretetanto, quando se
observa a resposta obtida no período de follow-up percebe-se melhora estatíticamente
significativa nos domínios tensão (redução), fadiga (redução) e vigor (aumento). São
diversos os fatores que culminam na elevação da dor do atleta bem como na lesão.
Pesquisadores indicam que há uma estreita relação entre aumento da dor e lesão e
fatores psicológicos, podendo ser evitado e até previsto se marcadores
psicoemocionais em fases de treinamento ou competição intensos forem observados e
respeitados (BREWER, 2003; JOHNSON, 1997; VAN MECHELEN et al., 1992).
Marcadores esses que podem ser observados como domínios na escala de BRUMS
como depressão e tensão (GALAMBOS et al., 2005).
Vieira et al. (2010), em um estudo longitudinal, analisando estados de humor de
fundistas de alto rendimento notou que os estados de humor dos atletas não se
alteraram, independente da periodização dos treinos durante doze semanas que
comportaram três períodos característicos de treinamento (pré-competitivo, competitivo
e de transição).
Percebeu-se melhora nos estados de fadiga dos atletas, embora não se tenha
notado tal melhora na interferência da dor no sono. Analisando posteriormente os
resultados, percebeu-se que possivelmente o estado de fadiga pode ter melhorado
devido à função sedativa e de promoção do bem estar já analisados da lavanda,
Discussão 76
Guilherme Giane Peniche

juntamente com os efeitos anti-inflamatório, anti-nociceptivo, antioxidante e protetor da


musculatura da sucupira e dos efeitos anti-inflamatório e anti-nociceptivo do gengibre.
Percebeu-se também, que mesmo com a interrupção do uso, por sete dias
(follow-up) do óleo medicado, os efeitos continuam a persistir. Resposta essa também
observável não somente pela diminuição estatísticamente significante nos valores de
respostas, mas também pela declaração de não uso de medicamentos alopáticos no
período de follow-up.
Embora não haja estudos sobre efeito residual de óleos essenciais no tratamento
de dor, pesquisadores como Montes-Belmont, Carvajal (1998) avaliando as
propriedades antifúngicas, Morozumo et al. (1978) e Bagamboula (2004) avaliando
propriedades antibióticas de óleos essenciais, perceberam efeito residual variável.
Ao escolher a tríade de OE em relação à sinergia foi cuidado para que os efeitos
não se anulassem. É difícil prever como os componentes de um OE podem se
comportar na presença de componentes de outros óleos. De acordo com Steflitsch e
Steflitsch (2008) deve se cuidar para que a ação de componentes não seja antagonista,
anulando a função terapêutica de algum outro componente. Portanto a escolha do óleo
essencial de gengibre, tido com estimulante, juntamente com o óleo de lavanda, tido
como calmante, pode parecer, em primeira instância, improvável, porém, a revisão de
Chrubasik, Pittler e Roufogalis (2004) refuta um amplo espectro medicinal do gengibre,
dentre os quais o efeito estimulante, porém o único sistema beneficiado seria o
digestivo (provável efeito anti-helmíntico, e anti emético). Outras propriedades
medicinais do gengibre incluem: anti-inflamatória, antioxidante, antinociceptivo e de
acordo com Zhou et al. (2006), o gengibre tem propriedades imunomoduladores
(observadas in vitro e in vivo – camundongos) e também corrobora a propriedade anti-
inflamatória do gengibre.
Em busca de algum possível efeito tóxico do óleo do gengibre alguns autores
concordam não haver toxicidade conhecida para células normais, sendo, na verdade,
protetor de diversas classes celulares e apresentando somente toxicidade para diversas
células tumorais (CHRUBASIK, PITTLER, ROUFOGALIS, 2004; ZHOU et al., 2006;
PENG et al., 2012).
Discussão 77
Guilherme Giane Peniche

Propriedades anti-inflamatórias, analgésicas, antinociceptivas, do óleo de


lavanda, tem sido estudadas por diversos autores (DA SILVA et al. 2015; PEANA et al.
2002; KIM, CHO, 1999) tanto in vitro quanto in vivo e com relevantes indícios de
eficácia. Possuindo também efeito antioxidante de 50% sobre os radicais livre IC 50 (DA
SILVA et al. 2015).
Pesquisas sugerem que a lavanda tem potente efeito neurológico e rápida
absorção cutânea, sendo que dos seus constituintes, o acetato de linalila possui efeito
narcótico e o linalol possui efeito sedativo, que atingindo pico plasmático em menos de
20 min deprimem o sistema nervoso central resultando em sensação de bem-estar e
leve relaxamento (RE et al., 2000; JAGER et al. 1992). O óleo de lavanda, de acordo
com a revisão feita por Cavanagh e Wilkinson (2002) aponta que não somente possui
propriedades neurológicas, analgésicas, antinociceptivas, mas também propriedades
antimicrobianas, pesticida e também tem destaque no cuidado dérmico, onde
historicamente vem sendo utilizada com cicatrizante e para aliviar condições como a
psoríase, eczema e dermatites comuns. Ao se observar efeitos sobre a fadiga e tensão
nos atletas, pode-se dizer que esse efeito foi alcançado pela ação do óleo de lavanda.
Nota-se também que o vigor dos atletas aumentou durante o mesmo período, provável
efeito indireto de redução da dor.
O óleo de sucupira, árvore aromática brasileira, tem suscitado a curiosidade de
pesquisadores quanto às suas propriedades anti-inflamatórias e antinociceptivas e,
também, tem se mostrado forte agente anticancerígeno para as células humanas de
câncer de mama e carcinoma pulmonar, gliomas de ratos e de ovários e rins de
camundongos (DUTRA et al., 2012). Além da atividade anticancerígena, a sucupira
mostrou atividade antimicrobiana para bactérias gram positivas (SANTOS et al., 2010).
Autores concordam que no OE de Sucupira, há predominância majoritária de
sesquiterpenos – trans cariofileno, alfa cariofileno, gama muruleno e biciclogermacreno
– que comprovadamente tem ação anti-inflamatória (DUTRA et al., 2012; SANTOS et
al., 2010; CARVALHO, 2004).
Embora em toda a literatura consultada nenhuma indicação de toxicidade para
células normais dos três óleos escolhidos, foi necessário conhecer a dose letal, ou
LD50, que mostra a dose (g/kg geralmente) capaz de levar a óbito 50% de uma
Discussão 78
Guilherme Giane Peniche

população, geralmente de cobaias (ratos ou camundongos). Para o óleo de Gengibre a


LD50 foi de 5 g/kg (RONG et al., 2009). O óleo de lavanda, de acordo com Da Silva
(2015), apresentou LD50 de 3,55g/kg e o óleo de sucupira um LD50 de 4.02 g/kg
(CARVALHO et al., 1999). Nenhuma queixa de processo alérgico foi relatada durante a
intervenção, tanto com o OV ou com OE.
Outro fator que foi exigiu cuidado de escolha foi a diluição escolhida do óleo
essencial. Existem diversas variáveis que necessitam ser dominadas ao máximo para
que a prática clínica da aromaterapia seja ao máximo eficaz e igual a todos os
participantes. Lyra (2009) cita que existem três grandes variáveis: as farmacológicas
como concentração (diluição), o óleo escolhido, dose, posologia e via de administração;
as relativas aos indivíduos como idade, gênero, massa e características corporais; e as
procedimento como duração total do processo terapêutico e tempo de aplicação.
Mediante esse panorama, decidiu-se por uma concentração maior que a
observada em alguns trabalhos (YIP, TAM, 2008; OU et al. 2012; KIM et al. 2011; YIP,
TSE, 2006.) que propunham baixas diluições (de 1,5% até 3 %) em pacientes idosos e
mulheres no puerpério. Logo com três aplicações diárias, viagens para competições,
diferentes constituições físicas (massa corporal, tipo de pele, padrão de sudorese),
diferentes esportes, diferentes tempos de treinamento e intensidade, pensou-se numa
concentração que tivesse maior biodisponibilidade devido às diferentes características.
No I Simpósio Internacional de Aromaterapia em São Paulo em 2014, o
convidado de honra foi Robert Tisserand, que em sua expertise, ao conhecer este
estudo sugeriu uma diluição a 10%, como satisfatória em detrimento aos fatores
supracitados.

Limitações do estudo

A cidade de São Paulo embora uma metrópole, possui número reduzido de


altetas de alto rendimento e com a proximidade dos jogos olímpicos, sediados pela
cidade do Rio de Janeiro, a amostra foi pequena. São necessários estudos com uma
maior amostragem, onde seja possível realizar ensaios clínicos controlados e
randomizados. O tipo de população incluída no estudo também trouxe vieses. Os
Discussão 79
Guilherme Giane Peniche

atletas de alto rendimento apresentam dores em diversas áreas do corpo e neste


estudo tratou-se uma das “áreas dolorosas” escolhida pelo atleta, portanto, não foi
possível evitar que os atletas utilizassem outros tramentos alopáticos ou
complementares. Dada a proximidade das olimpíadas, os atletas estavam submetidos a
um treinamento mais intenso que em períodos inter-competições.
7.
Conclusão
Conclusão 81
Guilherme Giane Peniche

7.CONCLUSÃO

A amostra foi composta por 26 atletas de alto rendimento da cidade de São


Paulo. A queixa de dor foi prevalente em todos os atletas voluntários a esse estudo com
média de intensidade de 6,4.
Para o grupo Dor A, o OV mostrou tamanho de efeito de 18 a 49% na Escala de
BRUMS para maior efeito sobre o domínio fadiga ao final do tratamento. Para o grupo
Dor B, o OE mostrou tamanhos de efeitos acima de 30% nos itens do IBD, exceto para
a interferência da dor no caminhar e no sono; pela medida da Escala de BRUMS efeitos
acima de 30% somente para o domínio tensão e após o follow up o efeito sobre o alívio
da dor se mantive com discreto aumento para alguns itens do IBD e domínios da Escala
de BRUMS.
A análise comparativa entre o final do tratamento com OV e o OE, mostrou que o
tamanho do efeito na intensidade da dor medida pelo IBD foi superior a 50%, para a
interferência dor nas atividades diárias o tamanho do efeito oscilou em torno de 20%,
exceto para a interferência do sono com efeito menor. Pela Escala de BRUMS, o
melhor tamanho de feito foi para o domínio tensão com 32% e baixíssimo para o
domínio vigor.
Os resultados encontrados neste presente estudo mostraram que a sinergia de
óleos essências de Sucupira branca (Pterodon emarginatus), Gengibre (Zingiber
officinale) e Lavanda (Lavandula angustifolia) em diluição de 10% teve efeito sobre a
dor de atletas de alto rendimento em três aplicações diárias por 15 dias e possuiu efeito
residual em sete dias de follow-up (p < 0,05). Observou-se efeito sobre o humor dos
atletas, com diminuição da tensão (preocupação e tensão musculoesquelética), fadiga
(cansaço e baixa energia) e aumento do vigor (energia e vigor físico).
O uso da aromaterapia pode ser uma estratégia e técnica para atletas de alto
rendimento de diferentes esportes e idades.
Faz-se necessário repensar o modelo assistencial ao atleta junto ao clube, visto
que o atleta, quanto contratado, quer melhorar cada vez mais seu rendimento, porém
quer manter-se saudável e seguro, e o clube como contratante que ver resultado nos
Conclusão 82
Guilherme Giane Peniche

recursos investidos. A aromaterapia pode ser um caminho complementar, em que seu


custo de manutenção é relativamente baixo se comparado com o investimento que se
faz com remédios alopáticos, mostrando também que tem atuação psicoemocional,
embora não tenha sido observado no presente estudo com relação à raiva e depressão.
Caminho complementar, esse que além de atuar positivamente sobre a dor do
atleta trabalha integralmente o atleta, considerando que esse, não é uma máquina
disposta a grandes feitos, e sim um ser humano, com todas as faculdades, qualidade,
defeitos, angustias, alegrias e que pode fazer grandes feitos.
8.
Referências
Referências 84
Guilherme Giane Peniche

8. REFERÊNCIAS

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9.
Apêndices
Apêndices 93
Guilherme Giane Peniche

9. APÊNDICES

APÊNDICE 1

Nome:

Data de nascimento: Idade:

Esporte que pratica:

Há quantos anos pratica o esporte?:

Há quantos anos é atleta de alto rendimento?:

Treino diário: ( ) sim ( ) não Se não, quanto dias da semana.

Duração do treino em minutos:

Toma algum medicamento no momento?:

Qual?: ______________________ Com que freqüência_______________

Onde sente dor?

Como ela surgiu?:

Possui alguma lesão? Onde?:

Já fez alguma cirurgia? Onde?:

Sente alguma limitação física em decorrência da dor? Conte sobre:


Apêndices 94
Guilherme Giane Peniche

APÊNDICE 2

Diário recordatório de medicamentos

Nome do(a) atleta:

Tomou algum medicamento essa semana em decorrência da dor?:

Qual?:

Quando?:

Dose:

Horário:

Houve indicação?:

Automedicação?:
Apêndices 95
Guilherme Giane Peniche

APÊNCIDE 3

TCLE – Termo de Consentimento Livre Esclarecido

Projeto de mestrado: O USO DA AROMATERAPIA PARA ANALGESIA EM ATLETAS


DE ALTO RENDIMENTO. Pesquisador responsável: Guilherme Giani Peniche

Venho convidar você a participar de um estudo sobre o efeito de óleos essências


aplicados topicamente na dor em atletas.
Sua participação consistirá em participar de 5 atendimentos para avaliação da
evolução da dor, fazer uso do óleo vegetal + essência autoaplicando-o três vezes ao dia
em movimentos circulares até a total absorção do óleo, conforme orientação que
receberá no atendimento. Durante os atendimentos lhe será fornecido três instrumentos
a serem preenchidos: dois sobre as características da dor e um sobre seu estado de
humor. Os atendimentos ocorrerão no 1º, no 15º dia, no 21º, no 36º e no 42º dia após o
início do tratamento, e há previsão de 40 minutos para cada atendimento. Entre o 15º e
21º haverá uma pausa na utilização da fórmula para reiniciar novamente com outra
fórmula. No 15º dia e no 36º será preciso trazer o frasco de óleo para o atendimento.
Além da autoaplicação do óleo, também deverá preencher um diário durante a semana
sobre a evolução de sua dor e uso de medicamentos ou outras ações para a redução
da dor. No último atendimento será pedido que dê sua opinião sobre o tratamento com
os óleos essências, e se concordar sua fala será gravada. Os atendimentos serão
realizados em consultório próximo ao ginásio que permite o acesso a pé.
O estudo oferece riscos mínimos relativos ao tempo e possível desconforto para
realizar a aplicação do óleo essencial 3 vezes ao dia e os relatos escritos no diário. Se
houver alergia a algum dos componentes dos óleos, suspender imediatamente a
aplicação, lavar com água e sabão, e reportar o fato ao pesquisador, que é naturólogo
de formação. A técnica proposta será indolor e não invasiva. As essências utilizadas
não interferem em testes anti-dopping. Como benefício espera-se evidenciar a redução
da dor com óleos essenciais e, consequentemente, a redução no consumo de anti-
inflamatórios e analgésicos.
Apêndices 96
Guilherme Giane Peniche

Sua participação é voluntária e você não receberá nenhum tipo de compensação


financeira pela sua participação neste estudo. Você não terá qualquer prejuízo se não
quiser participar e poderá retirar seu consentimento a qualquer momento, basta
informar ao pesquisador. Não haverá indenizações, a não ser que haja comprovação
ético-legal relacionada ao uso de óleos vegetais.
Garanto que seus dados e informações da entrevista e do diário serão mantidos
em sigilo e seu nome em anonimato, de posse apenas do pesquisador e após a
pesquisa serão destruídos. Os resultados deste trabalho poderão ser apresentados em
eventos ou revistas científicas, mantendo a confidencialidade.
Qualquer informação a respeito da ética do estudo poderá ser obtida junto ao
Comitê de Ética em pesquisa da Escola de Enfermagem da Universidade de São Paulo,
contato: (11) 3061-7548, e-mail:edipesq@usp.br. ou no endereço; Av Dr Eneas de
Carvalho Aguiar, 419 (SP). O contato do pesquisador também estará disponível pelo
telefone (11) 995637230 ou no consultório à rua Bartholomeu Zunega, 44. Pinheiros,
São Paulo, SP.
Antes de assinar faça perguntas sobre tudo o que não tiver entendido
bem. Responderei às suas perguntas a qualquer momento (antes, durante e após o
estudo).

Se estiver esclarecido sobre o estudo e concordar em participar da pesquisa,


solicito que assine este termo em duas vias, da qual uma ficará com você.

Após receber uma explicação completa dos objetivos do estudo e dos


procedimentos envolvidos concordo voluntariamente em fazer parte deste estudo.

São Paulo, _____ de _____________________ de _______

______________________________________________________

Participante
Apêndices 97
Guilherme Giane Peniche

__________________________________

Responsável Legal

______________________________________________________

Pesquisador(a): Guilherme Giani Peniche


Apêndices 98
Guilherme Giane Peniche

10. ANEXOS

ANEXO 1

A Escala de Humor de Brunel (BRUMS)

Nome:____________________________________________________________

Abaixo esta uma lista de palavras que descrevem sentimentos. Por favor, leia tudo
atenciosamente. Em seguida assinale, em cada linha, o quadrado que melhor descreve
COMO VOCE SE SENTE AGORA. Tenha certeza de sua resposta para cada questao,
antes de assinalar.
Apêndices 99
Guilherme Giane Peniche

ANEXO 2

Inventário Breve de Dor

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