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ESCOLA DE ENFERMAGEM
SÃO PAULO
2016
UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO
ESCOLA DE ENFERMAGEM
SÃO PAULO
2016
AUTORIZO A REPRODUÇÃO E DIVULGAÇÃO TOTAL OU PARCIAL DESTE TRABALHO,
POR QUALQUER MEIO CONVENCIONAL OU ELETRÔNICO, PARA FINS DE ESTUDO E
PESQUISA, DESDE QUE CITADA A FONTE.
Assinatura: _________________________________
Data:___/____/___
À minha família, pela presença, incentivo, força e por sempre me mostrar que
sempre tenho para onde voltar e para onde me voltar. Obrigado mãe pelo exemplo a
ser seguido, obrigado pai pela tranquilidade que leva e ensina a levar a vida, Gu e
Glauco por serem não só irmãos, mas guardiões também. Meus padrinhos (Du e tia
Didi) por serem tão presentes quantos meus pais.
Aos atletas, não somente aos que se voluntariaram, mas a todos, que mesmo
com pouco ou nenhum incentivo continuam a praticar seu esporte, com o único intuito,
muitas vezes, de somente se superar. Vocês me inspiram e me orgulham.
AGRADECIMENTOS ESPECIAIS
Aos meus amigos, pela paciência, por compreender minha ausência e pelo
tempo que pude estar junto, fazendo sempre valer tanto a pena. Amanda, Priscila,
Fernando e especialmente Malu que se empenhou na correção de todo o texto. Muito
obrigado, vocês talvez não tenham a ideia do quanto são importantes.
Agradeço à Paty, que talvez sem saber o quão importante foi, com a maior
paciência, formatou toda a dissertação e me tranquilizou. Obrigado!!
Aos meus colegas de departamento que caminharam comigo e nas horas
cruciais estavam lá presentes e dando força. Que nosso caminho sempre possa se
cruzar. Etienne e Rodrigo, vocês foram ótimos.
À três atletas, em especial, AA, JB e RM que mesmo tendo finalizado a
pesquisa, fizeram questão de acompanhar todos os resultados e vibraram comigo por
todas as etapas.
Aos colegas do grupo de estudo que, com conselhos, apontamentos e
encorajamento fizeram parte da formatação das ideias em minha mente, tornando essa
pesquisa possível.
E por último, aos mais presentes, agradeço aos meus Guias espirituais, que
nas horas mais difíceis, estavam a me amparar e me impulsionar adiante.
“Contos de fadas são a pura verdade; não porque eles nos contam que dragões
existem, mas porque eles podem ser derrotados. ”
RESUMO
Introdução: A experiência da dor vivida pelo atleta de alto rendimento é tida como
cotidiana e marcador de bom rendimento nos treinos e competições. Há uma crescente
procura pelas terapias integrativas e complementares à saúde visando o bem-estar,
qualidade de vida, rendimento e, principalmente, uma prática livre do risco de dopping.
A aromaterapia, ciência que estuda o uso terapêutico dos óleos essenciais (OEs), tem
mostrado resultados positivos empiricamente, porém, fazem-se necessárias pesquisas
que validem tais práticas a fim de, com segurança e eficácia, servir àqueles que a
necessitam e procuram. Objetivo: Avaliar o efeito dos óleos essenciais (OEs) sobre a
dor no atleta de alto rendimento. Métodos: Estudo piloto quasi-experimental, cegado
para o participante, com duas fases: a primeira com utilização de placebo (15 dias)
denominada grupo Dor A, a segunda com OEs (15 dias) chamada grupo Dor B e um
follow-up de sete dias. Amostra de conveniência composta por 26 atletas adultos de
alto rendimento. A intervenção foi realizada com uma sinergia de OEs (lavanda,
gengibre e sucupira) e como placebo foi utilizado óleo vegetal inerte (OV). Para a coleta
de dados foram utilizados um questionário com dados sóciodemográficos e prática do
esporte, recordatório de dor e tratamentos durante o período de estudo, e escalas de
Humor de Brunel (BRUMS) e Inventário Breve de Dor (IBD). Para análise de dados
utilizou-se o modelo de efeitos fixos e o teste de Bonferroni, teste d Cohen, além de
medidas descritivas de tendência central e de variabilidade. Resultados: No início do
tratamento, os 26 atletas apresentaram médias de dor de 5,2 no grupo Dor A e 5,6 no
grupo Dor B. Após o tratamento com o óleo medicado houve redução de 79% na dor
logo após os 15 dias de aplicação e de 81% ao final do período de follow-up (p <
0,001). O nível de tensão medido pela Escala de Humor de Brunel indicou melhora de
37%, logo após o período de aplicação do óleo medicado e 49% após o período de
follow-up (p < 0,05). Conclusão: Os resultados mostraram que a sinergia de óleos
essências em diluição de 10% teve efeito sobre a dor de atletas de alto rendimento em
três aplicações diárias por 15 dias e possuiu efeito residual em sete dias de follow-up (p
< 0,05). Observou-se efeito sobre o humor dos atletas, com diminuição da tensão
(preocupação e tensão musculoesquelética).
ABSTRACT
Figura 2 - Distribuição dos atletas segundo sexo. São Paulo, 2016. ......................................... 46
Figura 3 - Distribuição dos atletas quanto a cirurgias ortopédicas. São Paulo, 2016................. 48
Figura 4 – Média da pior dor nas últimas 24h (IBD3), de acordo com o grupo e uso de
medicamentos. São Paulo, 2016. ............................................................................................. 59
Figura 5 – Média da dor mais fraca nas últimas 24h (IBD4), de acordo com o grupo e uso de
medicamentos. São Paulo, 2016. ............................................................................................. 60
Figura 6 – Média da dor média nas últimas 24h (IBD5), de acordo com o grupo e uso de
medicamentos. São Paulo, 2016. ............................................................................................. 60
Figura 7 – Média da dor no momento da avalição (IBD6), de acordo com o grupo e uso de
medicamentos. São Paulo, 2016. ............................................................................................. 61
Figura 8 – Média da interferência da dor no caminhar (IBD9C), de acordo com o grupo e uso de
medicamentos. São Paulo, 2016. ............................................................................................. 62
Figura 9 – Média da interferência da dor no trabalho (IBD9D), de acordo com o grupo e uso de
medicamentos. São Paulo, 2016. ............................................................................................. 62
Figura 10 – Média da interferência da dor no sono (IBD9F), de acordo com o grupo e uso de
medicamentos. São Paulo, 2016. ............................................................................................. 63
Figura 11 – Média da interferência da dor para apreciar a vida (IBD9G), de acordo com o grupo
e uso de medicamentos. São Paulo, 2016. ............................................................................... 63
Figura 13 – Escore do domínio vigor da Escala de BRUMS de acordo com o grupo e a utilização
de medicamentos. São Paulo, 2016. ........................................................................................ 68
Tabela 1 - Composição química do óleo essencial de gengibre extraído por CO2 supercrítico e
por hidrodestilação. .................................................................................................................. 34
Tabela 2 - Distribuição dos atletas por tipo de modalidade esportiva. São Paulo, 2016. .......... 47
Tabela 3 – Frequência de treino semanal. São Paulo, 2016. .................................................... 47
Tabela 4 - Medidas de tendência central e de variabilidade para tempo de esporte, tempo de
alto rendimento e horas de treinos diárias. São Paulo, 2016. ................................................... 48
Tabela 5 - Distribuição do local da dor no grupo Dor A e grupo Dor B. São Paulo, 2016. ........ 49
Tabela 6 - Valores inciais de média e desvio padrão das dores nas últimas 24h e interferência
da dor na vida diária pelos itens do IBD no ínicio dos diferentes tratamentos (placebo e
tratamento). São Paulo, 2016. .................................................................................................. 51
Tabela 7 – Valores de média e desvio padrão das dores nas últimas 24h e interferência da dor
na vida diária pelos itens do IBD antes e após os diferentes tratamentos (placebo e
aromaterapia). São Paulo, 2016. .............................................................................................. 53
Tabela 8 – Médias e desvios-padrão dos itens do IBD segundo o momento (antes e após uso
de OV) no grupo Dor A (placebo). São Paulo, 2016. ................................................................ 54
Tabela 9 - Médias e desvios-padrão dos itens do IBD segundo o momento (antes e após uso de
OE) no grupo Dor B (aromaterapia). São Paulo, 2016. ............................................................. 55
Tabela 10 - Análise comparativa do efeito dos óleos (inerte e medicado) na intensidade e
interferência da dor nos atletas. São Paulo, 2016. .................................................................... 57
Tabela 11 – Distribuição de atletas segundo o tipo de tratamento complementar mencionado do
item IBDQ7 do IBD. São Paulo, 2016. ...................................................................................... 58
Tabela 12 - Valores de média e desvio-padrão dos domínios da escala de BRUMS antes e
após os diferentes tratamentos (placebo e aromaterapia). São Paulo, 2016. ........................... 64
Tabela 13 – Valores de média e desvio padrão dos escores da Escala de Humor de BRUMS
geral e por domínios antes e após os diferentes tratamentos (placebo e aromaterapia). São
Paulo, 2016. ............................................................................................................................. 65
Tabela 14 – Efeito da aplicação do OV (placebo) sobre a dor no humor dos atletas (Grupo Dor
A) medido pela escala de Humor de BRUMS, segundo domínios. São Paulo, 2016. ............... 66
Tabela 15 – Efeito da aplicação do OE (aromaterapia) sobre a dor no humor dos atletas (Grupo
Dor B). São Paulo, 2016. .......................................................................................................... 66
Tabela 16 – Efeito da aplicação do OV (placebo) em relação ao OE (aromaterapia) e follow up
sobre a dor no humor dos atletas. São Paulo, 2016.................................................................. 67
Tabela 17 - Efeito da aplicação do OE (aromaterapia) em relação ao follow up sobre a dor no
humor dos atletas. São Paulo, 2016. ........................................................................................ 67
Tabela 18 – Valores de D Cohen e do tamanho de efeito para os itens do IBD e domínios da
Escla de BRUMS. São Paulo, 2016 .......................................................................................... 70
Tabela 19 – Valores de D Cohen, tamanho de efeito e coeficiente de determinação em
porcentagem entregrupos para os itens do IBD e domínios da Escala de BRUMS. São Paulo,
2016 ......................................................................................................................................... 71
LISTA DE QUADROS
1.INTRODUÇÃO ............................................................................................................ 17
3. OBJETIVO.................................................................................................................. 38
5. RESULTADOS ........................................................................................................... 46
6. DISCUSSÃO .............................................................................................................. 73
7.CONCLUSÃO.............................................................................................................. 81
8. REFERÊNCIAS .......................................................................................................... 84
9. APÊNDICES............................................................................................................... 93
1.INTRODUÇÃO
2. REFERENCIAL TEÓRICO
Sistema Nervoso Central por fibras mielinizadas finas do tipo III e fibras não
mielinizadas do tipo IV (amielínicas, fibras C) encontradas condensadas nos tendões,
fáscias, cápsulas e aponeuroses. O estímulo doloroso deforma uma terminação
nervosa aferente sensorial nociceptiva, abre os canais de íons presentes na membrana
e, como resultado, desenvolve um fluxo de íons através desta membrana com
consequente despolarização (TEIXEIRA; LIN; KAZIYAMA; RAMOS, 2001).
Dentre os neurotransmissores envolvidos no processamento da dor, estão a
serotonina, a substância P e o Fator de Crescimento Neural (NGF). Ainda no trato
descendente, as fibras provocam a migração de NGF para a medula espinal,
juntamente com o transporte de substância P para a periferia, ocasionando
vasodilatação, aumento da permeabilidade vascular, atração celular do sistema imune
para o local lesionado e liberação de diversos neurotransmissores que irão responder
ao estímulo doloroso (TEIXEIRA; LIN; KAZIYAMA; RAMOS, 2001).
Forças mecânicas elevadas causam distúrbios nas proteínas estruturais
encontradas na célula muscular e no tecido conectivo. Associado a estes fatores, os
danos estruturais no sarcolema (membrana plasmática que envolve as células do tecido
muscular) são acompanhados por um influxo de íons de cálcio do interstício para o
interior da fibra muscular, resultando em níveis elevados de cálcio intracelular. A
sobrecarga de cálcio, então, precipita uma fase patogênica onde um aumento na ação
de proteases e fosfolipases resulta na degradação das miofibrilas e da membrana
celular. A progressiva deterioração do sarcolema, no período pós-exercício, seria
acompanhada pela difusão dos componentes intracelulares para o interstício e para o
plasma, onde eles atrairiam monócitos que se converteriam em macrófagos nas áreas
da lesão. Um acúmulo adicional de histaminas e quininas no interstício, como resultado
da fagocitose e da necrose celular, bem como uma pressão tecidual elevada,
decorrente do edema no local, poderiam então, ativar os receptores de dor e resultar na
sensação de dor e desconforto tardio (FOSCHINI, 2007). Também pode acontecer uma
ampliação da área referencial da dor e da sensação dolorosa devido à sensibilização
das unidades neuronais na medula espinal e no tálamo (TEIXEIRA; LIN; KAZIYAMA;
RAMOS, 2001).
Referencial Teórico 25
Guilherme Giane Peniche
limiar difere pouco entre atletas de alto rendimento, atletas eventuais e não praticantes
(SCOTT; GISJBERS,1981).
Por fim, o conceito de tolerância de dor. Esse sim difere nos atletas de alto
rendimento, pois essa é a habilidade de lidar com a dor. Os atletas que visam
resultados e tem como objetivo competições de alto nível criam diversos subterfúgios,
não para dilatar o limiar da dor, mas sim para torná-la secundária, colocando sua meta
como objetivo primário (PEN et al., 1995).
Silva, Rabelo e Rubio (2010) ressaltam algumas declarações de atletas que
somente sentem que treinaram o suficiente ou que seu treino foi efetivo se sentem dor
ao final do treinamento, mesmo sabendo que a dor não está ligada diretamente com o
bom rendimento em treinamento.
Estudo em estudantes atletas para identificar o consumo de anti-inflamatórios
não esteroides, observou que dos 604 atletas estudados somente 153 não eram
usuários de qualquer anti-inflamatório, ou seja, 362 utilizaram o medicamento em algum
momento nos três meses que precederam a pesquisa e 90 deles faziam uso diário
(WARNER; SCHNEPF; BARRETT; DIAN; SWIGONSKI, 2002).
Em contraste, de acordo com Maroon et al. (2006), atletas tem procurado
alternativas à medicação anti-inflamatória e analgésica alopática, tanto a prescrita por
um profissional habilitado quanto a auto prescrição. Procura essa, cada vez mais
frequente, devido a resistência que o organismo vem adquirindo à medicação e aos
efeitos colaterais advindos dos medicamentos referidos. Em paralelo, Nichols e
Harrigan (2006) mostraram que atletas universitários dos Estados Unidos da América
procuram mais pelas práticas integrativas e complementares (PICS) do que adultos
pelo resto da nação.
Mediante esse quadro – em que é evidenciado que a dor é uma resposta
complexa do organismo, que não se limita apenas a sinais fisiológicos, mas que
também depende de fatores mais subjetivos, – faz-se necessário o uso de práticas que
considerem a complexidade do evento, assim como a complexidade do organismo e do
ser humano.
Referencial Teórico 27
Guilherme Giane Peniche
olíbano extraído por arraste a vapor não possui esses triterpenóides, pois são
degradados durante o processo (WOLFFENBÜTTEL, 2010).
Realizou-se uma busca na Biblioteca Virtual em saúde (BVS), PUBMED, PCM,
LILACS, COCHRANE, BIREME e WEB OF KNOWLEDGE para localizar publicações
que abordassem o efeito uso de OEs na dor em atletas (28 de março de 2015). A
primeira pesquisa foi feita utilizando-se os três descritores essential oil AND athletes
AND pain, sendo que o sinônimo volatile oil foi automaticamente incluído pelo sistema
de buscas, e o resultado da pesquisa foi zero.
Uma segunda pesquisa realizada utilizando-se somente os descritores essential
oil AND pain retornou 297 artigos. Após o uso do filtro “humanos”, o resultado obtido foi
de 88 artigos, dos quais nenhum deles envolvia atletas em sua população de estudo.
Fez-se então, uma terceira pesquisa agora utilizando os descritores essential oil
AND athletes, obtendo-se o resultado de quatro artigos, dos quais dois eram do mesmo
pesquisador, somente com dados diferentes (o primeiro sobre a capacidade pulmonar e
o segundo sobre efeitos fisiológicos da intervenção). Um dos artigos encontrados foi
descartado por abordar somente o uso do extrato vegetal (infusão). Três artigos foram
considerados, pois indiretamente tratavam a questão dor como fator limitante do atleta,
gerada pela fadiga física ou pela presença de lactato no sangue.
Uma pesquisa complementar foi realizada utilizando-se os descritores
complementary therapy AND athletes, sendo que complementary medicine e
complementery therapy foi considerado sinônimo pelo sistema, obtendo-se dois
resultados, além dos três previamente selecionados. Como se observa no Quadro 2.
Referencial Teórico 29
Guilherme Giane Peniche
Quadro 2 – Síntese panorâmica dos estudos sobre práticas complementares em atletas encontrados na literatura.
São Paulo, 2015.
inflamatório do óleo essencial (in vitro) e fornecer uma estratégia terapêutica alternativa,
como também comprovar o mecanismo molecular da ação desse óleo.
Um outro estudo, em anos anteriores, realizado por Hajhashemi et al (2003),
avaliou o efeito anti-inflamatório do óleo essencial de lavanda em camundongos, após a
injeção de carragenina (polissacarídeo que induz a inflamação) em suas patas traseiras
causando edema. Os resultados desse estudo mostraram que o óleo essencial reduziu
48% do edema causado pela carragenina. Um comparativo foi realizado com
dexametazona (corticóide) onde ela reduziu 60% do edema.
Em se tratando do efeito anti-nocioceptivo (que anula ou reduz a percepção e
transmissão de estímulo que causa a dor) do óleo essencial de lavanda, um estudo
realizado por Da Silva et al (2015) mostrou que o efeito anti-nocioceptivo foi semelhante
ao do tramadol, quando administrados antes da injeção de formalina a 2% na pata
traseira de roedores.
Em uma revisão sistemática realizada por Gagnier et al (2016) sobre dores na
coluna vertebral lombar e a utilização de diversas plantas para tratamento, dentre elas a
lavanda (óleo essencial), constatou-se resultado positivo, embora tenha-se concluído
que são necessários outros experimentos, maiores, e que atendam as recomendações
do CONSORT (Consolidating Standards of Reporting Trials), confirmação desse
achado.
bem menos efeitos adversos que tais fármacos sintéticos de atividade semelhante
(MARTEL-PELLETIER, 2003).
De acordo com Grzanna (2005), o mecanismo pelo qual o gengibre tem ação
anti-inflamatória vai além, atuando na produção de citocinas (produzidas e secretadas
nas zonas afetadas por inflamação) e, desta forma, o gengibre também possui ação
analgésica.
O óleo de gengibre selecionado para o presente projeto foi obtido pela extração
por dióxido de carbono (CO2) supercrítico, processo em que pela regulação da pressão
e da temperatura do solvente (CO2), consegue-se um padrão de extração com maior
volume de óleo essencial, maior concentração de substâncias e outras substâncias que
poderiam ser perdidas no processo de hidrodestilação (por arraste a vapor). Neste
processo, substâncias não são perdidas ou degradadas como pode ser observado na
Tabela 1 (MESOMO et al 2003).
3. OBJETIVO
4. MATERIAL E MÉTODO
Dimensão Definição
Tensão Estado de tensão musculoesquelética e preocupação
Depressão Estado emocional de desânimo, tristeza e infelicidade.
Raiva Estado de hostilidade, relativamente aos outros.
Vigor Estado de energia e vigor físico.
Fadiga Estado de cansaço e baixa energia.
Confusão mental Estado de atordoamento e instabilidade nas emoções.
Fonte: BRANDT et al, (2011).
foi ajustado um modelo linear de efeitos mistos controlando para o uso de medicamento
analgésico semanal. A estrutura de correlação adotada para modelar as medidas
repetidas foi a autorregressiva de primeira ordem (AR1) em que a correlação decai
polinomialmente com a distância entre duas medidas (e.g., a correlação entre T 0 e T1 é
de ρ, enquanto a correlação entre T0 e T2 é de ρ², 0 ≤ ρ ≤ 1). Comparações de interesse
entre as fases foram avaliadas com contrastes lineares. Foi realizado o teste d Cohen
para analisar o tamanho do efeito. As análises foram executadas no SPSS 22 e o erro
tipo I adotado foi de 5%.
Aspectos éticos: O projeto foi aprovado pela Comissão de Ética em Pesquisa
da Escola de Enfermagem da Universidade de São Paulo (parecer nº. 1.274.740). Além
da explanação dos objetivos para todos os atletas, foi fornecido o Termo de
Consentimento Livre e Esclarecido – TCLE (APÊNDICE 3). Não foram identificados
eventos adversos ao longo do estudo.
5.
Resultados
Resultados 46
Guilherme Giani Peniche
5. RESULTADOS
Atletas
35% Masculino
Feminino
65%
A média de idade dos atletas foi de 26,2 anos, mediana de 25,5 anos, desvio
padrão de ± 5,2 anos com idade mínima de 19 e máxima de 34 anos.
Na Tabela 2 apresenta-se a distribuição dos atletas por esporte. Três atletas da
modalidade salto com vara, lançamento de dardo e lançamento de martelo foram
alocados na mesma modalidade: atletismo. A principal modalidade esportiva foi o judô
(38,5%), seguida pela ginástica artística (30,8%)
Resultados 47
Guilherme Giani Peniche
Tabela 2 - Distribuição dos atletas por tipo de modalidade esportiva. São Paulo, 2016.
Esporte n %
Atletismo 3 11,5
Judô 10 38,5
Total 26 100
Quatro 1 3,8
Cinco 5 19,2
Seis 20 76,9
Total 26 100
Figura 3 - Distribuição dos atletas quanto a cirurgias ortopédicas. São Paulo, 2016.
Sem cirurgias
Tabela 5 - Distribuição do local da dor no grupo Dor A e grupo Dor B. São Paulo, 2016.
Dor A Dor B
Local da dor n (%) n (%)
Antebraço 2 (7,7) 3 (11,6)
Bíceps - - 1 (3,8)
Cotovelo 4 (15,4) 2 (7,7)
Coxa 2 (7,7) 2 (7,7)
Glúteo 1 (3,8) 1 (3,8)
Trapézio 1 (3,8) 1 (3,8)
Joelho 5 (19,2) 6 (23,2)
Lombar 4 (15,4) 5 (19,2)
Ombro 6 (23,2) 3 (11,6)
Tendão de Aquiles - - 1 (3,8)
Tibial 1 (3,8) 1 (3,8)
Total 26 (100) 26 (100)
Resultados 50
Guilherme Giani Peniche
Tabela 6 - Valores inciais de média e desvio padrão das dores nas últimas 24h e interferência da dor na vida diária pelos
itens do IBD no ínicio dos diferentes tratamentos (placebo e tratamento). São Paulo, 2016.
Dor A (placebo) Dor B (aromaterapia)
Itens t0 média (DP) te0 média (DP) p*
IBD3 – pior dor nas ultimas 24h (0-10) 6,4 (1,5) 6,5 (1,3) 1,000
IBD4 – dor mais fraca nas últimas 24 h (0-10) 3,1 (1,9) 3,4 (1,8) 1,000
IBD5 – média da dor (0-10) 5,2 (1,3) 5,6 (1,4) 1,000
IBD6 – dor no momento 5,0 (2,0) 5,7 (1,8) 0,250
IBD8 – intensidade de melhora nas últimas 24h (%) 33,5 (26,4) 29,6 (17,1) 1,000
IBD9A – interferência da dor na atividade geral 3,9 (2,3) 4,5 (1,7) 1,000
IBD9B - interferência da dor no humor 3,7 (2,2) 4,0 (1,4) 1,000
IBD9C - interferência da dor no caminhar 1,9 (2,4) 2,4 (2,6) 1,000
IBD9D - interferência da dor no trabalho 4,7 (2,67) 4,7 (2,1) 1,000
IBD9E - interferência da dor no relacionamento 2,1 (2,6) 3,2 (2,1) 0,236
IBD9F - interferência da dor no sono 2,1 (2,6) 2,7 (2,8) 1,000
IBD9G - interferência da dor para apreciar a vida 1,7 (2,0) 2,4 (2,1) 1,000
* Ajustado pelo teste de Bonferroni
Resultados 52
Guilherme Giani Peniche
Ainda pela Tabela 6, esclarece-se que para o grupo Dor A, a pergunta sobre a
melhora da dor nas últimas 24h considerou o tratamento em vigência em t 0, se havia, e
para o grupo B, o te0 incluía a aplicação do OV (placebo) na fase I.
Ao se observar o valor das médias do IBD nos momento antes e pós-intervenção e no
follow-up para o grupo Dor A e grupo Dor B (Tabela 7), observou-se uma redução das
médias no tratamento com aromaterapia (grupo Dor B) para todos os itens, exceto para
o item IBD8 (percentagem de melhora nas últimas 24h com o tratamento utilizado).
Ao se analisar a evolução longitudinal dos efeitos, observou-se pelo teste de
efeitos fixos que não houve efeito sobre a dor quando avaliado pelo item IBD9A
(interferência da dor na atividal geral), com p=0,990. A análise considerando a interação
com a utilização de medicamentos mostrou que para os itens IBD8 (intensidade de
melhora na últimas 24h), IBD9B (interferência da dor no humor) e IBD9E (interferência
da dor no relacionamento) houve interação estatísticamente significativa (p<0,005).
Resultados 53
Guilherme Giani Peniche
Tabela 7 – Valores de média e desvio padrão das dores nas últimas 24h e interferência da dor na vida diária pelos itens
do IBD antes e após os diferentes tratamentos (placebo e aromaterapia). São Paulo, 2016.
Teste efeitos fixos
Dor A (placebo) Dor B (aromaterapia) (p)
t0 t1 te0 te1 Follow-up Efeito Interação
Itens IBD média (DP) média (DP) média (DP) média (DP) média (DP) principal** medica/o*
IBD3 – pior dor nas ultimas 24h (0-10) 6,4 (1,5) 5,7 (2,2) 6,5 (1,37) 2,3 (0,9) 2,2 (0,9) <0,001 0,184
IBD4 – dor mais fraca nas últimas 24 h (0-10) 3,1 (1,9) 3,3 (1,84) 3,4 (1,8) 0,5 (0,7) 0,8 (0,7) <0,001 0,870
IBD5 – média da dor (0-10) 5,6 (1,3) 5,2 (2,0) 5,6 (1,4) 1,2 (0,7) 1,2 (0,6) <0,001 0,866
IBD6 – dor no momento 5,0 (2,0) 5,0 (2,6) 5,7 (1,8) 0,7 (0,8) 0,5 (0,7) <0,001 0,374
IBD8 – intensidade de melhora nas últimas 24h (%) 33,5 (26,4) 29,6 (20,3) 29,6 (17,1) 33,9 (27,3) 30,4 (24,7) <0,001 <0,001
IBD9A – interferência da dor na atividade geral 3,9 (2,3) 3,6 (2,21) 4,5 (1,7) 1,6 (1,0) 1,2 (0,8) 0,990 0,402
IBD9B - interferência da dor no humor 3,75 (2,2) 3,1 (2,1) 4,0 (1,4) 1,2 (1,0) 0,8 (0,8) <0,001 0,016
IBD9C - interferência da dor no caminhar 1,9 (2,4) 2,4 (2,2) 2,4 (2,6) 0,5 (0,8) 0,4 (0,6) 0,001 0,454
IBD9D - interferência da dor no trabalho 4,7 (2,7) 3,5 (2,7) 4,7 (2,1) 1,4(1,1) 1,2 (1,1) <0,001 0,536
IBD9E - interferência da dor no relacionamento 2,1 (2,6) 2,2 (2,0) 3,2 (2,1) 1,4 (1,3) 1,0 (1,0) <0,001 0,019
IBD9F - interferência da dor no sono 2,1 (2,6) 2,0 (2,9) 2,7 (2,8) 0,7 (1,0) 0,3 (0,5) <0,001 0,378
IBD9G - interferência da dor para apreciar a vida 1,7 (2,0) 1,8 (2,1) 2,4 (2,1) 0,3 (0,6) 0,3 (0,5) 0,001 0,029
* efeito de interação fase-medicação ** efeito principal de fase
Resultados 54
Guilherme Giani Peniche
Dada a interação do uso da medicação com a melhora da dor para alguns itens
do IBD, não será analisado o teste de Bonferroni para os itens IBD8, IBD9B e IBD9E.
Ainda, como para o item IBD9A não se observou efeito na evolução do experimento,
este item também foi excluído das análises posteriores.
A tabela 8 mostra a evolução do quadro de dor com o uso do OV (placebo).
Nota-se que houve melhora em relação ao quanto a dor interferiu no trabalho (IBD9D).
Todos os outros itens do IBD não tiveram alteração estatísticamente significativa com a
utilização do OV (placebo).
Tabela 9 - Médias e desvios-padrão dos itens do IBD segundo o momento (antes e após uso de OE) no grupo Dor B
(aromaterapia). São Paulo, 2016.
Tabela 10 - Análise comparativa do efeito dos óleos (inerte e medicado) na intensidade e interferência da dor nos atletas.
São Paulo, 2016.
ITEM IBDQ7
Dor B
Dor A t0 Dor A t1 Dor B te0 Dor B te1 follow-up
%
Tratamento n % n % n % n % n
- - 3 11,5 3 11,5 2 7,7 2 7,7
massagem
crioterapia+punção 1 3,9 - - - - - - - -
articular
3 11,5 1 3,9 1 3,9 1 3,9 2 7,7
fisioterapia+crioterapia
Figura 4 – Média da pior dor nas últimas 24h (IBD3), de acordo com o grupo e uso de
medicamentos. São Paulo, 2016.
Figura 5 – Média da dor mais fraca nas últimas 24h (IBD4), de acordo com o grupo e
uso de medicamentos. São Paulo, 2016.
Figura 6 – Média da dor média nas últimas 24h (IBD5), de acordo com o grupo e uso
de medicamentos. São Paulo, 2016.
Resultados 61
Guilherme Giani Peniche
Figura 7 – Média da dor no momento da avalição (IBD6), de acordo com o grupo e uso
de medicamentos. São Paulo, 2016.
Para os itens do IBD (9C, 9D, 9F e 9G) relacionados a interferência da dor nas
atividades de vida, também não houve interação da utilização de medicamentos com os
tratamentos.
Com exceção do IBD9C (Figura 8), houve diminuição dos escores tanto no grupo
com medicação quanto sem medicação para o grupo com aromaterapia (Dor B)
(Figuras 9, 10, e 11 ). Para o IBD9C da interferência no caminhar, os escores de dor no
grupo de Dor B (aromaterapia) se elevaram um pouco para o grupo que tomou
medicação (Figura 8).
No grupo placebo (Dor A), aqueles sem medicamentos a interferência da dor
apresentou escores superiores para IBD9C, IBD9F eIBD9G (Figuras 8, 10 e 11).
Resultados 62
Guilherme Giani Peniche
Figura 11 – Média da interferência da dor para apreciar a vida (IBD9G), de acordo com
o grupo e uso de medicamentos. São Paulo, 2016.
Resultados 64
Guilherme Giani Peniche
Depressão 2,5 (3,5) 2,9 (2,8) 3,4 (3,1) 3,2 (3,0) 3,2 (3,0)
Raiva 2,6 (2,4) 2,6 (2,2) 2,5 (2,3) 2,4 (2,2) 2,4 (2,1)
Vigor 8,5 (3,2) 9,3 (2,4) 8,6 (2,9) 9,7 (2,4) 10,2 (2,3)
Fadiga 6,2 (3,5) 6,0 (3,6) 5,9 (3,4) 3,4 (2,4) 3,0 (2,1)
Cf. Mental 2,9 (2,9) 2,9 (2,3) 3,1 (3,1) 2,9 (2,7) 2,8 (2,7)
A dor avaliada no início da fase I (t0) apresentou menor tensão que aquela
avaliada no início da fase II (te0) com p<0,000. Para os demais domínios da escala de
Humor de BRUMS, o escore foi homogêneo entre o grupo Dor A e grupo Dor B
(p=1,000) no momento inicial.
Ao se analisar a evolução longitudinal dos efeitos, observou-se pelo teste de
efeitos fixos que não houve efeito da dor sobre o humor nos domínios depressão, raiva
e confusão mental (Tabela 13), sendo assim, foram excluídos das análises posteriores.
Resultados 65
Guilherme Giani Peniche
Tabela 13 – Valores de média e desvio padrão dos escores da Escala de Humor de BRUMS geral e por domínios antes
e após os diferentes tratamentos (placebo e aromaterapia). São Paulo, 2016.
Domínio Tensão 4,1 (2,6) 7,9 (4,0) 7,9 (3,5) 3,6 (1,9) 2,6 (1,5) <0,001 0,392
Domínio Depressão 2,5 (3,5) 2,9 (2,8) 3,4 (3,1) 3,2 (3,0) 3,2 (3,0) 0,682 0,917
Domínio Raiva 2,6 (2,4) 2,9 (2,2) 2,5 (2,3) 2,4 (2,2) 2,4 (2,1) 0,715 0,108
Domínio Vigor 8,5 (3,1) 9,3 (2,4) 8,6 (2,9) 9,7 (2,3) 10,2 (2,7) 0,001 0,092
Domínio Fadiga 6,2 (3,4) 6,0 (3,6) 5,9 (3,4) 3,4 (2,4) 3,0 (2,1) 0,003 0,543
Domínio Confusão Mental 2,9 (2,9) 2,9 (2,3) 3,1 (3,1) 2,9 (2,7) 2,8 (2,7) 0,767 0,748
* efeito da interação fase-medicação **efeito principal de fase
Resultados 66
Guilherme Giani Peniche
Tabela 18 – Valores de D Cohen e do tamanho de efeito para os itens do IBD e domínios da Escla de BRUMS. São
Paulo, 2016
IBD4 – dor mais fraca nas últimas 24 0,1 0,05 0,3% -2,12 -0,73 53% -1,9 -0,69 48%
IBD5 – média da dor 0,11 0,06 0,4% -3,98 -0,89 79% -4,09 -0,9 81%
IBD9C - interferência - dor no caminhar 0,21 0,11 1% -0,99 -0,44 19% -1,06 -0,47 22%
IBD9D - interferência - dor no trabalho -0,44 -0,22 5% -1,97 -0,7 49% -2,09 -0,72 52%
IBD9F - interferência - dor no sono -0,04 -0,02 <0,0 -0,95 -0,43 18% -1,19 -0,51 26%
IBD9G - interferência dor - apreciar a vida 0,05 0,02 <0,0 -1,36 -0,56 31% -1,38 -0,57 32%
Escala de BRUMS
Tensão 1,13 0,49 24% -1,53 -0,61 37% -1,97 -0,7 49%
Fadiga 1,12 0,49 49% -0,85 -0,39 15% -1,03 -0,46 21%
6. DISCUSSÃO
Quase metade dos atletas relatou ter sido submetido a alguma cirurgia, dado
semelhante ao encontrado em outros estudos (PRATI e VIEIRA, 1998; NERY, 2014;
FERNANDEZ et al.. 2007).
Estudos observacionais mostram que o esporte recreativo é tido como uma
prática saudável, mas essa realidade muda quando se trata da prática esportiva de alto
rendimento (SARNA; KAPRIO, 1994; SAMITZ; EGGER; ZWAHLEN, 2011).
Aproximadamente cerca de 3 a 5 milhões de lesões são registradas no cenário de alto
rendimento anualmente. A falta de acompanhamento médico e especializado aos
atletas faz com que a prática do alto rendimento se torne um fator desencadeador de
lesões, dor e sindromes metabólicas, podendo também, reduzir a longevidade no
esporte, principalmente se o atleta tem relação profissional-financeira com a prática
(HOWARD; NIXON, 1993). Mesmo que os atletas deste estudo tenham
acompanhamento de equipe de assistência a saúde composta por diversos
profissionais, dentre eles, médicos, fisioterapeutas, nutricionistas e psicólogos, não é
incomum o atleta procurar esses profissionais somente quando sinais e sintomas se
tornam intoleráveis.
De acordo com Pen et al. (1995), lidar com a dor é um dos fatores determinantes
que destacam o atleta de alto rendimento em seu grupo, não somente em treinamento
e em competição, mas também no cenário de reabilitação. Dor relacionada com lesão
ou por esforço, real ou percebida, tem forte impacto (negativo), tanto no rendimento
quanto na resposta da reabilitação física. A experiência da dor pode ser tão
esmagadora e incapacitante que, se prolongada (caráter crônico) compromete todo e
qualquer mecanismo de enfrentamento que foi construído durante a carreira do atleta.
O Comitê Olímpico Internacional, preocupado com a saúde do atleta, propôs
medidas para minimizar acidentes e agravamentos de saúde em decorrência da prática
esportiva de alto nível. Medidas essas que perpassam diversas categorias inclusive as
injurias musculoesqueléticas. Essa medida, chamada de Avaliação Periódica de Saúde
prevê exames periódicos tanto de imagens quanto testes musculares, palpação,
Discussão 74
Guilherme Giane Peniche
amplitude de movimento etc. com isso, pode-se juntamente com o contato direto com o
atleta, traçar uma curva de risco de lesão (LJUNGKVIST et al., 2009).
Portanto, atletas de alto rendimento não medem esforços para conquistar seus
objetivos, podendo procurar e criar métodos extremamente criativos para melhorar seu
desempenho. Koh, Freeman, Zaslawski (2012) afirmam que, nos Estados Unidos, os
atletas são os que mais procuram as práticas complementares visando alívio da dor
para melhora de desempenho, embora erronaeamente pensem que, as práticas
complementares são livres do risco de dopping e com pouco ou nenhum efeito colateral
adverso.
Embora se perceba uma crescente procura por técnicas alternativas e
complementares vinda dos atletas, ainda há muito que se caminhar em pesquisa para
se validar técnicas que não somente visem eliminar a dor, como também prevenir
lesões e desgastes, auxiliar na recuperação e não somente focar no aumento do
desempenho. Talvez esse seja o grande erro que muitos podem cometer: Quando se
foca somente nos resultados deixando de lado a base, aquele que almeja a grandeza,
pode até alcançar a meta, mas não se sustenta.
Durante a execução da etapa placebo (OV), os atletas não relataram melhora
significativa quanto às variáveis quantitativas ligadas à intensidade da dor e em relação
às variaveis de interferência nas atividades, obteve-se melhora no humor e no trabalho.
No entanto, a avaliação de humor pela escala de BRUMS não se alterou com o uso do
placebo (OV), apesar de ter-se observado piora significativa no domínio tensão.
Pesquisas mostram que o domínio tensão está ligado não somente com o estado
emocional de preocupação, mas também com a tensão musculoesquelética, sendo
esse domínio indicador da interferencia da dor no humor e vice versa (ROHLFS, 2006;
BRANDT, 2011).
Para Neves e Wink (2007), exercer o autocuidado é mobilizar o poder de si
mesmo. Assim sendo, no presente estudo, o atleta poderia despertar para um novo
manejo para dor, o que se notou na mudança na sua percepção da interferência no
humor e no trabalho referidos no IBD com a aplicação placebo. A autoaplicação do
óleo, tanto interte (OV) como o medicado (OE), mobilizaria o esse conteúdo de cada
atleta, fazendo com que questões relacionadas a dor convergessem num processo de
Discussão 75
Guilherme Giane Peniche
autocura. Um dos motivos para a escolha inicial da aplicação do OV foi para criar um
senso de responsabilidade para com o procedimento, o hábito rotineiro de aplicar o óleo
três vezes ao dia e incutir o conceito de autocuidado no atleta e, assim, aumentar a
chance do OE ser aplicado corretamente e sistematicamente.
Ao verificar a eficácia do uso do OE no alívio pelo IBD e escala de BRUMS,
percebeu-se diferença estatística significativa em quase todos itens do IBD, somente
não tendo relevancia estatística a interferência da dor na habilidade de caminhar e no
sono. Esse resultado deve-se ao valor do desvio padrão em relação à média no início
da aplicação do óleo medicado. Após o periodo de follow-up a interferência no sono
regrediu (p < 0,05), porém a interferência na habilidade de caminhar não obteve essa
resposta (p > 0,05).
Analisando a escala de BRUMS durante a aplicação do óleo medicado pode-se
observar que não houve diferença estatítica nesse período, entretetanto, quando se
observa a resposta obtida no período de follow-up percebe-se melhora estatíticamente
significativa nos domínios tensão (redução), fadiga (redução) e vigor (aumento). São
diversos os fatores que culminam na elevação da dor do atleta bem como na lesão.
Pesquisadores indicam que há uma estreita relação entre aumento da dor e lesão e
fatores psicológicos, podendo ser evitado e até previsto se marcadores
psicoemocionais em fases de treinamento ou competição intensos forem observados e
respeitados (BREWER, 2003; JOHNSON, 1997; VAN MECHELEN et al., 1992).
Marcadores esses que podem ser observados como domínios na escala de BRUMS
como depressão e tensão (GALAMBOS et al., 2005).
Vieira et al. (2010), em um estudo longitudinal, analisando estados de humor de
fundistas de alto rendimento notou que os estados de humor dos atletas não se
alteraram, independente da periodização dos treinos durante doze semanas que
comportaram três períodos característicos de treinamento (pré-competitivo, competitivo
e de transição).
Percebeu-se melhora nos estados de fadiga dos atletas, embora não se tenha
notado tal melhora na interferência da dor no sono. Analisando posteriormente os
resultados, percebeu-se que possivelmente o estado de fadiga pode ter melhorado
devido à função sedativa e de promoção do bem estar já analisados da lavanda,
Discussão 76
Guilherme Giane Peniche
Limitações do estudo
7.CONCLUSÃO
8. REFERÊNCIAS
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9.
Apêndices
Apêndices 93
Guilherme Giane Peniche
9. APÊNDICES
APÊNDICE 1
Nome:
APÊNDICE 2
Qual?:
Quando?:
Dose:
Horário:
Houve indicação?:
Automedicação?:
Apêndices 95
Guilherme Giane Peniche
APÊNCIDE 3
______________________________________________________
Participante
Apêndices 97
Guilherme Giane Peniche
__________________________________
Responsável Legal
______________________________________________________
10. ANEXOS
ANEXO 1
Nome:____________________________________________________________
Abaixo esta uma lista de palavras que descrevem sentimentos. Por favor, leia tudo
atenciosamente. Em seguida assinale, em cada linha, o quadrado que melhor descreve
COMO VOCE SE SENTE AGORA. Tenha certeza de sua resposta para cada questao,
antes de assinalar.
Apêndices 99
Guilherme Giane Peniche
ANEXO 2