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TEMA 1

DIREITOS DO ADVOGADO

O Estatuto trata como sinônimos as expressões “direitos” e “prerrogativas” do advogado.


Portanto, inicialmente, cabe-nos fazer um breve esclarecimento sobre a diferença técnica entre
elas.
Pode-se dizer que o “direito” está relacionado a todas as pessoas, ao passo que a “prer-
rogativa” é um direito exclusivo de determinada profissão para o seu pleno exercício. Desse
modo, todos têm o direito à livre locomoção no território nacional em tempo de paz (art. 5º, XV,
CRFB), mas os advogados têm a prerrogativa de examinar, em qualquer instituição responsá-
vel por conduzir investigação, mesmo sem procuração, autos de flagrante e de investigações
de qualquer natureza, findos ou em andamento, ainda que conclusos à autoridade, podendo
copiar peças e tomar apontamentos, em meio físico ou digital (art. 7º, XIV, da Lei nº 8.906/94).
Entretanto, por questões didáticas também empregaremos as expressões “direitos” e “prerro-
gativas” sem distinção, como se sinônimos fossem.
O Estatuto da Advocacia e da OAB disciplina os direitos dos advogados ao longo de to-
da a lei, sendo que as concentra em maior número no Capítulo II do Título I (arts. 6º e 7º).
Sendo a advocacia indispensável à realização da justiça – ao lado da Magistratura do
Ministério Público –, o art. 6º logo determina que não há hierarquia nem subordinação entre
advogados, magistrados e membros do Ministério Público, devendo todos tratar-se com consi-
deração e respeito recíprocos. E para que o advogado possa exercer de maneira plena, sem
embaraços, a sua atividade, impõe-se às autoridades, aos servidores públicos e aos serventuá-
rios da justiça o dever de tratar os advogados, no exercício da profissão, de forma compatível
com a dignidade da advocacia, inclusive com condições adequadas ao seu desempenho.
Este tema é de muita relevância para o Exame de Ordem. Desse modo, vamos ler a se-
guir todos os incisos e parágrafos do art. 7º do Estatuto, que trata dos direitos do advogado.

São direitos dos advogados:


I - exercer, com liberdade, a profissão em todo o território nacional;
II – a inviolabilidade de seu escritório ou local de trabalho, bem como de seus instrumen-
tos de trabalho, de sua correspondência escrita, eletrônica, telefônica e telemática, desde que
relativas ao exercício da advocacia;
III - comunicar-se com seus clientes, pessoal e reservadamente, mesmo sem procura-
ção, quando estes se acharem presos, detidos ou recolhidos em estabelecimentos civis ou mili-
tares, ainda que considerados incomunicáveis;
IV - ter a presença de representante da OAB, quando preso em flagrante, por motivo
ligado ao exercício da advocacia, para lavratura do auto respectivo, sob pena de nulidade e,
nos demais casos, a comunicação expressa à seccional da OAB;
V - não ser recolhido preso, antes de sentença transitada em julgado, senão em sala de
Estado Maior, com instalações e comodidades condignas, assim reconhecidas pela OAB, e, na
sua falta, em prisão domiciliar; Essa parte destacada foi considerda inconsticional pelo STF ao
julgar a ADI 1.127-8)
VI - ingressar livremente:
a) nas salas de sessões dos tribunais, mesmo além dos cancelos que separam a parte
reservada aos magistrados;

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b) nas salas e dependências de audiências, secretarias, cartórios, ofícios de justiça, ser-
viços notariais e de registro, e, no caso de delegacias e prisões, mesmo fora da hora de expe-
diente e independentemente da presença de seus titulares;
c) em qualquer edifício ou recinto em que funcione repartição judicial ou outro serviço
público onde o advogado deva praticar ato ou colher prova ou informação útil ao exercício da
atividade profissional, dentro do expediente ou fora dele, e ser atendido, desde que se ache
presente qualquer servidor ou empregado;
d) em qualquer assembléia ou reunião de que participe ou possa participar o seu cliente,
ou perante a qual este deva comparecer, desde que munido de poderes especiais;
VII - permanecer sentado ou em pé e retirar-se de quaisquer locais indicados no inciso
anterior, independentemente de licença;
VIII - dirigir-se diretamente aos magistrados nas salas e gabinetes de trabalho, indepen-
dentemente de horário previamente marcado ou outra condição, observando-se a ordem de
chegada;
IX - sustentar oralmente as razões de qualquer recurso ou processo, nas sessões de
julgamento, após o voto do relator, em instância judicial ou administrativa, pelo prazo de quinze
minutos, salvo se prazo maior for concedido;
OBS: todo este inciso foi considerado inconstitucional pelo STF ao julgar as ADIs 1.127-8 e
1.105-7.
X - usar da palavra, pela ordem, em qualquer juízo ou tribunal, mediante intervenção
sumária, para esclarecer equívoco ou dúvida surgida em relação a fatos, documentos ou afir-
mações que influam no julgamento, bem como para replicar acusação ou censura que lhe fo-
rem feitas;
XI - reclamar, verbalmente ou por escrito, perante qualquer juízo, tribunal ou autoridade,
contra a inobservância de preceito de lei, regulamento ou regimento;
XII - falar, sentado ou em pé, em juízo, tribunal ou órgão de deliberação coletiva da Ad-
ministração Pública ou do Poder Legislativo;
XIII - examinar, em qualquer órgão dos Poderes Judiciário e Legislativo, ou da Adminis-
tração Pública em geral, autos de processos findos ou em andamento, mesmo sem procura-
ção, quando não estiverem sujeitos a sigilo ou segredo de justiça, assegurada a obtenção de
cópias, com possibilidade de tomar apontamentos; (Redação dada pela Lei nº 13.793, de 2019)
XIV - examinar, em qualquer instituição responsável por conduzir investigação, mesmo
sem procuração, autos de flagrante e de investigações de qualquer natureza, findos ou em an-
damento, ainda que conclusos à autoridade, podendo copiar peças e tomar apontamentos, em
meio físico ou digital; (Redação dada pela Lei nº 13.245, de 2016)
XV - ter vista dos processos judiciais ou administrativos de qualquer natureza, em cartó-
rio ou na repartição competente, ou retirá-los pelos prazos legais;
XVI - retirar autos de processos findos, mesmo sem procuração, pelo prazo de dez dias;
XVII - ser publicamente desagravado, quando ofendido no exercício da profissão ou em
razão dela;
XVIII - usar os símbolos privativos da profissão de advogado;
XIX - recusar-se a depor como testemunha em processo no qual funcionou ou deva fun-
cionar, ou sobre fato relacionado com pessoa de quem seja ou foi advogado, mesmo quando
autorizado ou solicitado pelo constituinte, bem como sobre fato que constitua sigilo profissional;
XX - retirar-se do recinto onde se encontre aguardando pregão para ato judicial, após
trinta minutos do horário designado e ao qual ainda não tenha comparecido a autoridade que
deva presidir a ele, mediante comunicação protocolizada em juízo.

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XXI - assistir a seus clientes investigados durante a apuração de infrações, sob pena de
nulidade absoluta do respectivo interrogatório ou depoimento e, subsequentemente, de todos
os elementos investigatórios e probatórios dele decorrentes ou derivados, direta ou indireta-
mente, podendo, inclusive, no curso da respectiva apuração: (Incluído pela Lei nº 13.245, de
2016)
a) apresentar razões e quesitos; (Incluído pela Lei nº 13.245, de 2016)
b) (VETADO). (Incluído pela Lei nº 13.245, de 2016)
§ 1º Não se aplica o disposto nos incisos XV e XVI:
1) aos processos sob regime de segredo de justiça;
2) quando existirem nos autos documentos originais de difícil restauração ou ocorrer cir-
cunstância relevante que justifique a permanência dos autos no cartório, secretaria ou reparti-
ção, reconhecida pela autoridade em despacho motivado, proferido de ofício, mediante repre-
sentação ou a requerimento da parte interessada;
3) até o encerramento do processo, ao advogado que houver deixado de devolver os
respectivos autos no prazo legal, e só o fizer depois de intimado.
§ 2º O advogado tem imunidade profissional, não constituindo injúria, difamação ou de-
sacato puníveis qualquer manifestação de sua parte, no exercício de sua atividade, em juízo ou
fora dele, sem prejuízo das sanções disciplinares perante a OAB, pelos excessos que cometer.
(A expressão “desacato” foi considerada inconstitucional pelo STJ ao julgar a ADI 1.127-8)
§ 3º O advogado somente poderá ser preso em flagrante, por motivo de exercício da
profissão, em caso de crime inafiançável, observado o disposto no inciso IV deste artigo.
§ 4º O Poder Judiciário e o Poder Executivo devem instalar, em todos os juizados, fó-
runs, tribunais, delegacias de polícia e presídios, salas especiais permanentes para os advo-
gados, com uso e controle assegurados à OAB. (A expressão “e controle” foi considerada in-
constitucional pela ADI 1.127-8)
§ 5º No caso de ofensa a inscrito na OAB, no exercício da profissão ou de cargo ou fun-
ção de órgão da OAB, o conselho competente deve promover o desagravo público do ofendido,
sem prejuízo da responsabilidade criminal em que incorrer o infrator.
§ 6o Presentes indícios de autoria e materialidade da prática de crime por parte de ad-
vogado, a autoridade judiciária competente poderá decretar a quebra da inviolabilidade de que
trata o inciso II do caput deste artigo, em decisão motivada, expedindo mandado de busca e
apreensão, específico e pormenorizado, a ser cumprido na presença de representante da OAB,
sendo, em qualquer hipótese, vedada a utilização dos documentos, das mídias e dos objetos
pertencentes a clientes do advogado averiguado, bem como dos demais instrumentos de traba-
lho que contenham informações sobre clientes. (Incluído pela Lei nº 11.767, de 2008)
§ 7o A ressalva constante do § 6o deste artigo não se estende a clientes do advogado
averiguado que estejam sendo formalmente investigados como seus partícipes ou co-autores
pela prática do mesmo crime que deu causa à quebra da inviolabilidade. (Incluído pela Lei nº
11.767, de 2008)
§ 8o (VETADO) (Incluído pela Lei nº 11.767, de 2008)
§ 9o (VETADO) (Incluído pela Lei nº 11.767, de 2008)
§ 10. Nos autos sujeitos a sigilo, deve o advogado apresentar procuração para o exercí-
cio dos direitos de que trata o inciso XIV. (Incluído pela Lei nº 13.245, de 2016)
§ 11. No caso previsto no inciso XIV, a autoridade competente poderá delimitar o aces-
so do advogado aos elementos de prova relacionados a diligências em andamento e ainda não
documentados nos autos, quando houver risco de comprometimento da eficiência, da eficácia
ou da finalidade das diligências. (Incluído pela Lei nº 13.245, de 2016)

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§ 12. A inobservância aos direitos estabelecidos no inciso XIV, o fornecimento incom-
pleto de autos ou o fornecimento de autos em que houve a retirada de peças já incluídas no
caderno investigativo implicará responsabilização criminal e funcional por abuso de autoridade
do responsável que impedir o acesso do advogado com o intuito de prejudicar o exercício da
defesa, sem prejuízo do direito subjetivo do advogado de requerer acesso aos autos ao juiz
competente. (Incluído pela Lei nº 13.245, de 2016)
§ 13. O disposto nos incisos XIII e XIV do caput deste artigo aplica-se integralmente a
processos e a procedimentos eletrônicos, ressalvado o disposto nos §§ 10 e 11 deste artigo.
(Incluído pela Lei nº 13.793, de 2019)

TEMA 2

RESPONSABILIDADE DISCIPLINAR

A responsabilidade disciplinar é aquela apurada e aplicada pela OAB. O advogado, ou o


estagiário, que infringir as normas contidas no Estatuto da Advocacia, no Regulamento Geral e
no Código de Ética e Disciplina será processado e punido pela OAB.
Passaremos, então, ao estudo das sanções e infrações disciplinares (arts. 34 ao 41 do
EAOAB).
Sanções disciplinares
O art. 35 do Estatuto lista as sanções disciplinares que podem ser aplicadas pela OAB:
censura, suspensão, exclusão e multa.
A censura é uma das sanções mais leves aplicadas pela OAB, de maneira que ela pune a
prática das infrações mais leves cometidas pelos advogados, que são aquelas arroladas no art.
36 do Estatuto. Com essa punição, o advogado pode continuar exercendo a sua profissão, po-
rém, tal reprimenda deve ser registrada nos assentamentos do inscrito, deixando o mesmo de
ser primário, e com isso uma eventual prática de outra infração será considerada como reinci-
dência, ensejando, por sua vez, a aplicação de uma sanção mais grave (suspensão de 30 dias
a 12 meses - art. 37, II, EAOAB).
O art. 36, parágrafo único, do Estatuto da Advocacia, prevê que a censura poderá ser con-
vertida em uma simples advertência, constituindo em ofício reservado encaminhado ao advo-
gado, sem registro nos assentamentos, desde que presente circunstância atenuante. Essas
atenuantes estão no art. 40 do Estatuto (falta cometida na defesa de prerrogativa profissional,
ausência de punição disciplinar anterior - primariedade -, exercício assíduo e proficiente de
mandado ou cargo em qualquer órgão da OAB e prestação de relevantes serviços à advocacia
ou à causa pública).
Entendemos que a advertência não é essencialmente uma punição. Primeiro, porque ela
não consta no art. 35 do Estatuto da Advocacia; segundo, porque não é considerada para fins
de reincidência. Trata-se, portanto, de um benefício aplicado ao advogado que comete uma
infração de natureza leve e possui alguma circunstância atenuante. Assim, caso um advogado
viole um segredo profissional (art. 34, VII, EAOAB), mas já exerceu um cargo na OAB com as-
siduidade e proficiência, deverá ser tão-somente advertido pela OAB, sem aplicação de censu-
ra. Se porventura uma nova infração leve for novamente cometida pelo profissional, agora sim,
sofrerá uma censura, devendo tal sanção ser lançada nos seus assentamentos.
A suspensão é uma sanção mais grave do que a censura, eis que impossibilita o advoga-
do de exercer sua atividade profissional, em todo o país, por um prazo que pode variar, em re-
gra, de 30 (trinta) dias a 12 (doze) meses. O prazo da suspensão pode ainda se estender por
prazo indeterminado nas hipóteses do art. 37, §§ 2º e 3º: (1) recusar-se injustificadamente a

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prestar contas ao cliente de quantias recebidas dele ou de terceiros por conta dele; (2) deixar
de pagar as contribuições, multas e preços de serviços devidos à OAB, depois de regularmente
notificado a fazê-lo; e (3) incidir em erros reiterados que evidenciem inépcia profissional. Nes-
ses casos específicos, a suspensão perdura até que o advogado satisfaça integralmente a dí-
vida, inclusive com correção monetária ou até que preste novas provas de habilitação.
Neste último caso de suspensão por prazo indeterminado (inépcia profissional), há de ser
feita uma observação. A inépcia profissional ocorre quando o advogado comete erros reitera-
dos no exercício da advocacia. Não basta um erro isolado. Há de ser comprovada a repetição
de falhas para que haja punição pela OAB.
Ainda, neste ponto, cabe-nos uma explicação a respeito da expressão “prestar novas pro-
vas de habilitação”. Para Geronimo Theml de Macedo, o conteúdo deve ser entendido como
nova aprovação no Exame da Ordem (obra citada, p. 130). Tal entendimento parece ser o
mesmo do Conselho Federal da OAB na decisão mencionada pelo autor: “inépcia profissional
evidente e comprovada deve gerar a necessidade da suspensão exercício profissional até que
o representado faça novo exame de ordem” (processo nº 1.875/98/SCA-SP, Relator Clovis Cu-
nha da Gama Malcher Filho (PA), DJ 26.05.99).
No que pese os respeitáveis entendimentos, defendemos um posicionamento diferente, no
sentido de que “prestar novas provas de habilitação” não é prestar novo Exame da Ordem.
Uma, porque se o legislador quisesse que o advogado punido por inépcia profissional se sub-
metesse a novo Exame, assim teria dito expressamente. Outra, porque o Estatuto somente faz
referência à aprovação no Exame da Ordem para quem desejar se inscrever no quadro de ad-
vogados da OAB (art. 8º, IV).
A exclusão é a sanção mais grave aplicada pela OAB. O advogado que for excluído terá
sua inscrição cancelada (art. 11, II, EAOAB) e, consequentemente, não poderá advogar até
seja reabilitado. Para a aplicação da sanção disciplinar de exclusão é necessária a manifesta-
ção favorável de 2/3 (dois terços) dos membros do Conselho Seccional competente.
Por fim, a multa é uma sanção acessória, ou seja, ela não será aplicada isoladamente,
sendo aplicada em conjunto com uma censura ou com uma suspensão sempre que houver
circunstâncias agravantes, como a reincidência. O valor da multa pode variar de 1 (uma) a 10
(dez) anuidades.
As sanções disciplinares (censura, suspensão, exclusão e multa) devem constar nos as-
sentamentos do inscrito após o trânsito em julgado da decisão, não podendo ser objeto de pu-
blicidade a de censura, justamente porque nesta não há problema em alguém o contratar. Na
suspensão e na exclusão, a OAB deve ter todo o cuidado para que ninguém contrate o profis-
sional. Os atos praticados por advogado suspenso ou excluído são nulos (art. 4º e parágrafo
único do EAOAB).
Das infrações e suas respectivas sanções
O art. 34 do Estatuto da Advocacia e da OAB tem 29 incisos, trazendo uma série de infra-
ções disciplinares.
Essas infrações podem ser dividas em três grupos: leves, graves e gravíssimas. Advirta-se
que a lei não faz essa classificação. Nós assim fizemos para melhor entendimento do leitor.
Dessa forma, as infrações leves são punidas com censura (que, conforme já vimos, pode
ser convertida em mera advertência, se presentes circunstâncias atenuantes), as graves com
suspensão e as gravíssimas com exclusão.
Infrações punidas com censura.

O art. 36 do Estatuto determina que a censura será aplicada nos casos de:
a) infrações definidas nos incisos I a XVI e XXIX do art. 34;

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b) violação ao Código de Ética e Disciplina;
c) violação a preceito desta lei, quando para a infração não se tenha estabelecido sanção
mais grave.

Veremos a seguir as infrações dos incisos I a XVI e XXIX do art. 34:


I – exercer a profissão, quando impedido de fazê-lo, ou facilitar, por qualquer meio, o seu
exercício aos não-inscritos, proibidos ou impedidos;
II – manter sociedade profissional fora das normas e preceitos estabelecidos nesta lei;
III – valer-se de agenciador de causas mediante participação nos honorários a receber;
IV – angariar ou captar causas, com ou sem a intervenção de terceiros;
V – assinar qualquer escrito destinado a processo judicial ou para fim extrajudicial que não
tenha feito ou em que não tenha colaborado;
VI – advogar contra literal disposição de lei, presumindo-se a boa-fé quando fundamentado
na inconstitucionalidade, na injustiça da lei ou em pronunciamento judicial anterior;
VII – violar, sem justa causa, sigilo profissional;
VIII – estabelecer entendimento com a parte adversa sem autorização do cliente ou ciência
do advogado da parte contrária;
IX – prejudicar, por culpa grave, interesse confiado ao seu patrocínio;
X – acarretar, conscientemente, por ato próprio, a anulação ou a nulidade do processo em
que funcione;
XI – abandonar a causa sem justo motivo ou antes de decorridos 10 (dez) dias da comuni-
cação da renúncia;
XII – recusar-se a prestar, sem justo motivo, assistência jurídica, quando nomeado em vir-
tude de impossibilidade da Defensoria Pública;
XIII – fazer publicar na imprensa, desnecessária e habitualmente, alegações forenses ou
relativas a causas pendentes;
XIV – deturpar o teor de dispositivo de lei ou de citação doutrinária ou de julgado, bem co-
mo de depoimentos, documentos e alegações da parte contrária, para confundir o adversário
ou iludir o juiz da causa;
XV – fazer, em nome do constituinte, sem autorização escrita deste, imputação a terceiro
de fato definido como crime;
XVI – deixar de cumprir, no prazo estabelecido, determinação emanada do órgão ou auto-
ridade da OAB, em matéria da competência desta, depois de regularmente notificado;
XXIX – praticar o estagiário ato excedente de sua habilitação.
Infrações punidas com suspensão

A suspensão é aplicada nos casos do art. 37 do Estatuto da Advocacia, a saber:


a) infrações definidas nos incisos XVII a XXV do art. 34;
b) reincidência.

Vejamos as infrações de natureza grave (art. 34, XVII ao XXV):


XVII – prestar concurso a clientes ou a terceiros para a realização de ato contrário à lei ou
destinado a fraudá-la;
XVIII – solicitar ou receber de constituinte qualquer importância para aplicação ilícita ou
desonesta;
XIX – receber valores da parte contrária, ou de terceiros, relacionados com o objeto do
mandato sem expressa autorização do constituinte;

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XX – locupletar-se, por qualquer forma, à custa do cliente ou da parte adversa, por si ou in-
terposta pessoa;
XXI – recusar-se, injustificadamente, a prestar contas ao cliente de quantias recebidas dele
ou de terceiros por conta dele;
XXII – reter, abusivamente, ou extraviar autos recebidos com vista ou em confiança;
XXIII – deixar de pagar as contribuições, multas e preços de serviços devidos à OAB, de-
pois de regularmente notificado a fazê-lo;
XXIV – incidir em erros reiterados que evidenciem inépcia profissional;
XXV – manter conduta incompatível com a advocacia.
Para o parágrafo único do art. 34 do Estatuto, inclui-se na conduta incompatível a prática
reiterada de jogo de azar não autorizado por lei, a incontinência pública e escandalosa e a em-
briaguez ou toxicomania habituais.
Reincidência
O advogado que já foi punido com uma censura ou uma suspensão deixa de ser primário.
Desse modo, caso venha a cometer uma nova infração disciplinar será considerado reinciden-
te. Por exemplo: um advogado anteriormente punido com uma censura que vem a ser conde-
nado por ter abandonado uma causa sem justo motivo (art. 34, XI – infração de natureza leve)
será considerado reincidente e será suspenso pelo prazo de 30 (trinta) dias a 12 (doze) meses.
Infrações punidas com exclusão

A exclusão será infligida nas hipóteses mencionadas no art. 38 do Estatuto da Advocacia,


sendo elas:
a) na aplicação por 3 (três) vezes de suspensão: o advogado que for suspenso pela tercei-
ra vez, seja qual for a infração cometida, após o trânsito em julgado da decisão que a fi-
xou, será excluído dos quadros da OAB. A exclusão exige o quorum de 2/3 (dois terços)
dos membros do Conselho competente.
b) nas infrações definidas nos incisos XXVI a XXVIII do art. 34.
Veja a seguir as infrações gravíssimas:
XXVI – fazer falsa prova de qualquer dos requisitos necessários para a inscrição na OAB;
XXVII – tornar-se moralmente inidôneo para o exercício da advocacia;
XXVIII – praticar crime infamante.

Atenuantes (art. 40, caput do EAOAB)

São consideradas atenuantes, para a aplicação das sanções disciplinares, as seguintes


circunstâncias:
a) falta cometida na defesa de prerrogativa profissional;
b) ausência de punição disciplinar anterior (primariedade);
c) exercício assíduo e proficiente de mandado ou cargo em qualquer órgão da OAB;
d) prestação de relevantes serviços à advocacia ou à causa pública.

Dosimetria da sanção disciplinar (art. 39, parágrafo único, do EAOAB)

Os antecedentes profissionais do advogado ou do estagiário, as atenuantes, o grau de


culpa por eles revelada, as circunstâncias e as consequências da infração serão consideradas
para o fim de decidir sobre a conveniência da aplicação cumulativa da multa e de outra sanção
disciplinar, bem como sobre o tempo de suspensão e o valor da multa aplicáveis.

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Assim, se um advogado comete uma infração de natureza leve, como, por exemplo, violar
um segredo profissional (art. 34, VII, EAOAB), e é primário, terá a censura convertida em uma
simples advertência. Entretanto, o advogado que já foi punido com uma censura, e agora viola
um segredo profissional, deverá ser suspenso, podendo, ainda, ser aplicada uma multa no va-
lor de uma a dez anuidades.

Prescrição da pretensão punitiva (art. 43, caput, do EAOAB)

A aplicação da punibilidade às infrações disciplinares prescreve em 5 (cinco) anos, conta-


dos da data da constatação oficial do fato.
Prescrição intercorrente (art. 43, § 1º, do EAOAB)

Dar-se-á a prescrição intercorrente quando, durante o decorrer do processo, o mesmo fica


paralisado por mais de 3 (três) anos, pendente de despacho ou julgamento, devendo ser arqui-
vado ex officio ou por requerimento da parte interessada. Os eventuais responsáveis pela para-
lisação deverão ser punidos pela OAB.

Interrupção da prescrição (art. 43, § 2º, do EAOAB)

Interrompe-se a prescrição, devendo ter sua contagem reiniciada, em duas situações:


a) pela instauração de processo disciplinar ou pela notificação válida feita diretamente ao
representado;
b) pela decisão condenatória recorrível de qualquer órgão julgador da OAB.

TEMA 3

HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS

Considerações gerais

Honorários advocatícios é a denominação que se dá à contraprestação recebida pelo ad-


vogado em razão da atividade profissional desenvolvida, que não decorra de relação de em-
prego (o advogado empregado recebe salário, podendo, também, receber honorários sucum-
benciais).
A Lei nº 8.906/94 (EAOAB) traz uma hipótese em que o advogado trabalhará gratuitamen-
te. Isso ocorrerá quando o advogado defender outro colega em processo originário de ação ou
omissão no exercício da profissão. Entende-se, aqui, que as prerrogativas da advocacia estão
em debate, motivo pelo qual há interesse de toda a classe, e não só daquele profissional. Veja
que o defensor dativo nomeado pela OAB faz a representação do advogado processado disci-
plinarmente por delegação da própria Ordem, constituindo um múnus (e um motivo) extrema-
mente célebre.
O Novo Código de Ética e disciplina passou a tratar da advocacia pro bono no art. 30 e
seus parágrafos. Considera-se advocacia pro bono a prestação gratuita, eventual e voluntária
de serviços jurídicos em favor de instituições sociais sem fins econômicos e aos seus assisti-
dos, sempre que os beneficiários não dispuserem de recursos para a contratação de profissio-
nal.

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No exercício da advocacia pro bono, e ao atuar como defensor nomeado, conveniado ou
dativo, o advogado empregará o zelo e a dedicação habituais, de modo que a parte por ele as-
sistida se sinta amparada e confie no seu patrocínio.
A advocacia pro bono pode ser exercida em favor de pessoas naturais que, igualmente,
não dispuserem de recursos para, sem prejuízo do próprio sustento, contratar advogado e não
pode ser utilizada para fins político-partidários ou eleitorais, nem beneficiar instituições que vi-
sem a tais objetivos, ou como instrumento de publicidade para captação de clientela.
O Estatuto da Advocacia e da OAB apresenta três tipos de honorários advocatícios: con-
vencionados, arbitrados judicialmente e sucumbenciais (art. 22).
Os convencionados, como o próprio nome diz, o advogado e o cliente combinam um valor
fixo. O valor fixo é a principal característica deste tipo de honorários. Esse valor fixo pode ser
contratado de forma verbal ou por escrito, mediante o contrato de honorários advocatícios. Re-
comenda-se ao advogado fazer o contrato por escrito, por ser mais seguro, inclusive para fins
de cobrança, como se verá mais abaixo.
Na ausência de combinação entre advogado e cliente sobre o valor dos honorários, os
mesmos serão arbitrados pelo juiz, ou seja, serão fixados por arbitramento judicial, com remu-
neração compatível com o trabalho e o valor econômico da questão. Advirta-se que, mesmo
nesse caso, o valor dos honorários não pode ser inferior ao estabelecido na tabela de honorá-
rios criada por cada Conselho Seccional da OAB.
O art. 22, § 1º, do Estatuto, determina que quando o advogado for indicado para atuar em
causa de pessoa juridicamente necessitada, naqueles casos dos estados que não têm Defen-
soria Pública, ou têm, mas por qualquer motivo está impossibilitada (greve, por exemplo), o
profissional tem direito a receber honorários fixados pelo juiz e pagos pelo Estado.
Os honorários sucumbenciais são aqueles pagos pela parte vencida (parte sucumbente)
ao advogado da parte vencedora.

Importante lembrar que a Lei nº 13.467/17, que alterou a CLT incluiu a possibilidade de
honorários sucumbenciais ao acrescentar o art. 791-A. Vejamos:

Art. 791-A. Ao advogado, ainda que atue em causa própria, serão devidos honorários de
sucumbência, fixados entre o mínimo de 5% (cinco por cento) e o máximo de 15% (quinze por
cento) sobre o valor que resultar da liquidação da sentença, do proveito econômico obtido ou,
não sendo possível mensurá-lo, sobre o valor atualizado da causa. (Incluído pela Lei nº 13.467,
de 2017)
§ 1o Os honorários são devidos também nas ações contra a Fazenda Pública e nas
ações em que a parte estiver assistida ou substituída pelo sindicato de sua categoria. (Incluído
pela Lei nº 13.467, de 2017)
§ 2o Ao fixar os honorários, o juízo observará: (Incluído pela Lei nº 13.467, de 2017)
I - o grau de zelo do profissional; (Incluído pela Lei nº 13.467, de 2017)
II - o lugar de prestação do serviço; (Incluído pela Lei nº 13.467, de 2017)
III - a natureza e a importância da causa; (Incluído pela Lei nº 13.467, de 2017)
IV - o trabalho realizado pelo advogado e o tempo exigido para o seu serviço. (Incluído
pela Lei nº 13.467, de 2017)
§ 3o Na hipótese de procedência parcial, o juízo arbitrará honorários de sucumbência re-
cíproca, vedada a compensação entre os honorários. (Incluído pela Lei nº 13.467, de 2017)
§ 4o Vencido o beneficiário da justiça gratuita, desde que não tenha obtido em juízo, ain-
da que em outro processo, créditos capazes de suportar a despesa, as obrigações decorrentes
de sua sucumbência ficarão sob condição suspensiva de exigibilidade e somente poderão ser

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executadas se, nos dois anos subsequentes ao trânsito em julgado da decisão que as certifi-
cou, o credor demonstrar que deixou de existir a situação de insuficiência de recursos que justi-
ficou a concessão de gratuidade, extinguindo-se, passado esse prazo, tais obrigações do bene-
ficiário. (Incluído pela Lei nº 13.467, de 2017)
§ 5o São devidos honorários de sucumbência na reconvenção. (Incluído pela Lei nº
13.467, de 2017)

Em caso de falecimento do advogado, ou se este vier a se tornar incapaz civilmente, os


honorários de sucumbência, proporcionalmente ao trabalho por ele desenvolvido, são devidos
aos seus sucessores ou representantes legais.
Apesar de o art. 24, § 3º, do Estatuto, estipular que “é nula qualquer disposição, cláusula,
regulamento ou convenção individual ou coletiva que retire do advogado o direito ao recebi-
mento dos honorários de sucumbência”, o STF, na Ação Direta de Inconstitucionalidade nº
1.194-4, declarou o aludido dispositivo inconstitucional.

O Novo CED reservou um capítulo próprio para tratar dos honorários profissionais (Título I,
Capítulo IX, arts. 48 ao 54). Vejamos:
“Art. 48. A prestação de serviços profissionais por advogado, individualmente ou integrado
em sociedades, será contratada, preferentemente, por escrito.
§ 1º O contrato de prestação de serviços de advocacia não exige forma especial, devendo
estabelecer, porém, com clareza e precisão, o seu objeto, os honorários ajustados, a for-
ma de pagamento, a extensão do patrocínio, esclarecendo se este abrangerá todos os
atos do processo ou limitar-se-á a determinado grau de jurisdição, além de dispor sobre a
hipótese de a causa encerrar-se mediante transação ou acordo.
§ 2º A compensação de créditos, pelo advogado, de importâncias devidas ao cliente, so-
mente será admissível quando o contrato de prestação de serviços a autorizar ou quando
houver autorização especial do cliente para esse fim, por este firmada.
§ 3º O contrato de prestação de serviços poderá dispor sobre a forma de contratação de
profissionais para serviços auxiliares, bem como sobre o pagamento de custas e emolu-
mentos, os quais, na ausência de disposição em contrário, presumem-se devam ser
atendidos pelo cliente. Caso o contrato preveja que o advogado antecipe tais despesas,
ser-lhe-á lícito reter o respectivo valor atualizado, no ato de prestação de contas, median-
te comprovação documental.
§ 4º As disposições deste capítulo aplicam-se à mediação, à conciliação, à arbitragem ou
a qualquer outro método adequado de solução dos conflitos.
§ 5º É vedada, em qualquer hipótese, a diminuição dos honorários contratados em decor-
rência da solução do litígio por qualquer mecanismo adequado de solução extrajudicial.
§ 6º Deverá o advogado observar o valor mínimo da Tabela de Honorários instituída pelo
respectivo Conselho Seccional onde for realizado o serviço, inclusive aquele referente às
diligências, sob pena de caracterizar-se aviltamento de honorários.
§ 7º O advogado promoverá, preferentemente, de forma destacada a execução dos hono-
rários contratuais ou sucumbenciais.

Art. 49. Os honorários profissionais devem ser fixados com moderação, atendidos os
elementos seguintes:
I - a relevância, o vulto, a complexidade e a dificuldade das questões versadas;
II - o trabalho e o tempo a ser empregados;
III - a possibilidade de ficar o advogado impedido de intervir em outros casos, ou de se

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desavir com outros clientes ou terceiros;
IV - o valor da causa, a condição econômica do cliente e o proveito para este resultante
do serviço profissional;
V - o caráter da intervenção, conforme se trate de serviço a cliente eventual, frequente ou
constante;
VI - o lugar da prestação dos serviços, conforme se trate do domicílio do advogado ou de
outro;
VII - a competência do profissional;
VIII - a praxe do foro sobre trabalhos análogos.

Art. 50. Na hipótese da adoção de cláusula quota litis, os honorários devem ser necessa-
riamente representados por pecúnia e, quando acrescidos dos honorários da sucumbên-
cia, não podem ser superiores às vantagens advindas a favor do cliente.
§ 1º A participação do advogado em bens particulares do cliente só é admitida em caráter
excepcional, quando esse, comprovadamente, não tiver condições pecuniárias de satisfa-
zer o débito de honorários e ajustar com o seu patrono, em instrumento contratual, tal
forma de pagamento.
§ 2º Quando o objeto do serviço jurídico versar sobre prestações vencidas e vincendas,
os honorários advocatícios poderão incidir sobre o valor de umas e outras, atendidos os
requisitos da moderação e da razoabilidade.

Art. 51. Os honorários da sucumbência e os honorários contratuais, pertencendo ao ad-


vogado que houver atuado na causa, poderão ser por ele executados, assistindo-lhe direi-
to autônomo para promover a execução do capítulo da sentença que os estabelecer ou
para postular, quando for o caso, a expedição de precatório ou requisição de pequeno va-
lor em seu favor.
§ 1º No caso de substabelecimento, a verba correspondente aos honorários da sucum-
bência será repartida entre o substabelecente e o substabelecido, proporcionalmente à
atuação de cada um no processo ou conforme haja sido entre eles ajustado.
§ 2º Quando for o caso, a Ordem dos Advogados do Brasil ou os seus Tribunais de Ética
e Disciplina poderão ser solicitados a indicar mediador que contribua no sentido de que a
distribuição dos honorários da sucumbência, entre advogados, se faça segundo o critério
estabelecido no § 1º.
§ 3º Nos processos disciplinares que envolverem divergência sobre a percepção de hono-
rários da sucumbência, entre advogados, deverá ser tentada a conciliação destes, preli-
minarmente, pelo relator.

Art. 52. O crédito por honorários advocatícios, seja do advogado autônomo, seja de soci-
edade de advogados, não autoriza o saque de duplicatas ou qualquer outro título de cré-
dito de natureza mercantil, podendo, apenas, ser emitida fatura, quando o cliente assim
pretender, com fundamento no contrato de prestação de serviços, a qual, porém, não po-
derá ser levada a protesto.
Parágrafo único. Pode, todavia, ser levado a protesto o cheque ou a nota promissória
emitido pelo cliente em favor do advogado, depois de frustrada a tentativa de recebimento
amigável.

Art. 53. É lícito ao advogado ou à sociedade de advogados empregar, para o recebimento


de honorários, sistema de cartão de crédito, mediante credenciamento junto a empresa

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operadora do ramo.
Parágrafo único. Eventuais ajustes com a empresa operadora que impliquem pagamento
antecipado não afetarão a responsabilidade do advogado perante o cliente, em caso de
rescisão do contrato de prestação de serviços, devendo ser observadas as disposições
deste quanto à hipótese.

Art. 54. Havendo necessidade de promover arbitramento ou cobrança judicial de honorá-


rios, deve o advogado renunciar previamente ao mandato que recebera do cliente em dé-
bito.”

Pacto quota litis

Pacto ou cláusula quota litis é a participação do advogado no resultado ou ganho obtido na


causa. Paulo Lôbo lembra que o direito romano e as Ordenações Filipinas condenavam essa
forma de contratar (obra citada, p. 141). Com razão. Neste caso, o advogado se transforma em
“sócio” do cliente naquela demanda. O advogado, nesta situação, é “quase” parte...

Entretanto, o Código de Ética e Disciplina trouxe a possibilidade de ser feito esse pacto,
desde que estejam presentes as condições do art. 50 e seus parágrafos:
Art. 50. Na hipótese da adoção de cláusula quota litis, os honorários devem ser necessa-
riamente representados por pecúnia e, quando acrescidos dos honorários da sucumbên-
cia, não podem ser superiores às vantagens advindas a favor do cliente.
§ 1º A participação do advogado em bens particulares do cliente só é admitida em caráter
excepcional, quando esse, comprovadamente, não tiver condições pecuniárias de satisfa-
zer o débito de honorários e ajustar com o seu patrono, em instrumento contratual, tal
forma de pagamento.
§ 2º Quando o objeto do serviço jurídico versar sobre prestações vencidas e vincendas,
os honorários advocatícios poderão incidir sobre o valor de umas e outras, atendidos os
requisitos da moderação e da razoabilidade.

De toda forma, apesar da permissão pelo Código de Ética, todo zelo deve ter o advogado
para que não incorra em infração disciplinar.
Formas judiciais de cobrança
Na hipótese de o constituinte faltar com a obrigação de pagar os honorários ao advogado,
este deve procurar ao máximo resolver a situação amigavelmente. Chegando ao ponto de não
haver mais solução pela forma preliminar, surge a necessidade de se buscar a via judicial. Para
isso, deve o advogado renunciar ao patrocínio da causa e constituir outro advogado para fazer
a cobrança, conforme dispõe o art. 54 do Novo Código de Ética e Disciplina.
O art. 24 do Estatuto determina que o contrato feito por escrito (contrato de honorários ad-
vocatícios) constitui título executivo. Desse modo, o advogado não precisará propor ação de
conhecimento. A cobrança será feita, neste caso, através da execução por quantia certa.
Já quando o advogado contrata de forma verbal, resta claro que não há o que executar,
ensejando, assim, uma ação de cobrança.
Quando for o caso de o advogado juntar aos autos o contrato de honorários advocatícios
antes da expedição do mandado de levantamento ou precatório, deve o juiz determinar que lhe
sejam pagos diretamente, deduzindo o valor respectivo da quantia a ser recebida pelo consti-
tuinte, a não ser que este comprove que já o pagou.

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Os honorários incluídos na condenação, seja por arbitramento, seja por sucumbência, per-
tencem ao advogado, tendo o profissional direito autônomo de exigir o cumprimento da senten-
ça, podendo, ainda, solicitar ao juiz que o precatório seja expedido em seu nome, quando for o
caso.
O art. 24 do Estatuto enfatiza que a decisão judicial que fixar ou arbitrar honorários, bem
como o contrato feito por escrito, têm força de título executivo e constituem crédito privilegiado
na falência, concordata, concurso de credores, insolvência civil e liquidação extrajudicial.
Quando o advogado receber um substabelecimento com reserva de poderes, não poderá
cobrar os honorários respectivos sem a intervenção daquele que lhe substabeleceu (art. 26 do
EAOAB).

Prescrição (art. 25, EAOAB)

A ação de cobrança de honorários advocatícios prescreve em 5 (cinco) anos, que serão


contados a partir:
a) do vencimento do contrato, quando houver;
b) do trânsito em julgado da decisão que os fixar ou arbitrar;
c) da finalização do serviço extrajudicial (assessoria, consultoria e direção jurídicas; acom-
panhamento de inquérito policial);
d) da desistência ou transação;
e) da renúncia ou revogação de mandato.

Em 2009, foi acrescentado o art. 25-A, que também trouxe o prazo prescricional de 5 (cin-
co) anos para a ação de prestação de contas das quantias recebidas pelo advogado do seu
cliente, ou de terceiros por conta dele.

TEMA 4
IMPEDIMENTO E INCOMPATIBILIDADE

Essas nomenclaturas também são encontradas em diversos ramos do Direito, sendo que,
em cada um deles, os conceitos e as consequências variam. No Direito Civil, a título de exem-
plo, existe o impedimento para o casamento entre irmãos. No Direito Processual Civil e no Di-
reito Processual Penal, o impedimento é regra de natureza objetiva em que um juiz, por exem-
plo, não pode atuar num processo em que tenha um parentesco muito próximo com o advoga-
do ou com a parte, ou o advogado que não pode ingressar nos autos de um processo quando
já existe aquela relação de parentesco. Para a Deontologia Jurídica, impedimento e incompati-
bilidade significam outras coisas (art. 27 do EAOAB).
Para o Estatuto da Advocacia e da OAB, impedimento é a proibição parcial do exercício da
advocacia, ou seja, o advogado pode continuar exercendo a profissão, menos contra ou a favor
de determinadas pessoas. No caso, são aquelas mencionadas no art. 30, I e II, que serão es-
tudas abaixo. Somente para ilustrar, um agente administrativo da Prefeitura de Salvador pode
advogar, exceto contra o Município de Salvador.
Já a incompatibilidade gera a proibição total do exercício da advocacia, não podendo ad-
vogar em hipótese alguma, nem mesmo em causa própria. Essa proibição total pode ensejar
apenas uma licença, quando a atividade incompatível tiver natureza temporária (art. 12, II, EA-
OAB), como nos casos do Prefeito, do Governador ou do Presidente da República (Chefes do
Poder Executivo: art. 28, I, primeira parte, do EAOAB); ou pode gerar o cancelamento da ins-

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crição, no caso de atividade incompatível em caráter definitivo: juiz, promotor de justiça, analis-
ta judiciário, delegado de polícia, entre outras.
O motivo para a criação de impedimentos e de incompatibilidades é o de evitar que alguns
advogados levem vantagens ou desvantagens em relação aos demais que não exerçam tais
atividades, e até mesmo por implicações éticas, como no caso supracitado do funcionário vin-
culado ao Município de Salvador se pudesse advogar contra quem o remunera. As vantagens
podem ser em relação à captação de clientela, ao poder de influência nas decisões, etc. Um
exemplo de desvantagem seria a falta de independência dos militares das Forças Armadas,
que, em virtude do regime próprio a que são subordinados, podem ficar presos no quartel, vin-
do a faltar uma audiência ou deixar de interpor um recurso tempestivamente.
Resumindo, são atividades incompatíveis aquelas que não poderão ser desenvolvidas
concomitantemente com a advocacia. Caso a pessoa já exerça uma atividade incompatível,
não poderá se inscrever na OAB (mas pode prestar o Exame da Ordem, conforme visto mais
acima), pois um dos requisitos mencionados no art. 8º do Estatuto para ser advogado é “não
exercer atividade incompatível com a advocacia”. Por outro lado, quem já é advogado e depois
passa a exercer qualquer atividade incompatível deverá licenciar-se da OAB ou cancelar sua
inscrição. No impedimento, ele continua com sua inscrição, ficando apenas uma anotação em
sua carteira profissional de que há restrições para a advocacia.
Casos de incompatibilidade
O art. 28 do Estatuto traz em oito incisos todos os casos de atividades incompatíveis. Po-
rém, o legislador não definiu quais têm natureza temporária e quais têm caráter definitivo, de-
vendo ser analisadas cada uma das situações em conjunto com a Constituição, leis ordinárias,
leis complementares, leis orgânicas, etc.

I – Chefe do Poder Executivo e membros da Mesa do Poder Legislativo e seus subs-


titutos legais.
Em razão deste primeiro inciso, não podem exercer a advocacia os Prefeitos, os Governa-
dores, o Presidente da República e seus substitutos legais (Chefes do Poder Executivo).
Também são incompatíveis os membros da Mesa do Poder Legislativo. Observe que os
membros do Poder Legislativo, conforme o art. 30, II, são impedidos (podem exercer a advoca-
cia, menos contra ou a favor de determinadas pessoas), ao passo que os membros da Mesa
não podem advogar em hipótese alguma.
Para melhor entendimento do leitor, relembremos a composição do Poder Legislativo no
Brasil:
Na União, há o Congresso Nacional, que, por adotar o sistema do bicameralismo, é inte-
grado pelo Senado Federal (que representa os Estados e o Distrito Federal) e a Câmara do
Deputados (que representa o povo). Nos Estados existem as Câmaras Legislativas; nos muni-
cípios, as Câmaras Municipais; e no Distrito Federal, a Câmara Distrital. Cada uma dessas Ca-
sas tem uma Mesa que a representa (Mesa Diretora), que é formada pelo Presidente, Vice-
Presidente e Secretários, cuja numeração varia de acordo com cada Regimento Interno.
Dessa forma, se o advogado for eleito Deputado Estadual, ele pode continuar exercendo a
advocacia parcialmente, mas, se passar a ser Presidente da Assembléia Legislativa, deverá
solicitar sua licença da OAB, por se tratar de atividade incompatível temporária.
Aliás, todos os casos deste inciso têm caráter temporário, ensejando a licença.

II – membros de órgãos do Poder Judiciário, do Ministério Público, dos tribunais e


conselhos de contas, dos juizados especiais, da justiça de paz, juízes classistas,
bem como todos os que exerçam função de julgamento em órgãos de deliberação

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coletiva da administração pública direta ou indireta.

Uma primeira observação em relação a este inciso é que “membro” se difere de “servidor”.
São membros do Poder Judiciário, os magistrados: juízes substitutos, juízes de Direito, desem-
bargadores e os Ministros dos Tribunais. São membros do Ministério Público os promotores de
justiça, procuradores de justiça, procuradores da República, procuradores regionais da Repú-
blica.
Outra ressalva é a extinção dos juízes classistas, que eram os juízes que representavam a
classe dos empregados e a classe dos empregadores nas antigas Juntas de Conciliação e Jul-
gamento (JCJ) ao lado dos juízes togados. Atualmente, temos as Varas do Trabalho, com juí-
zes togados e sem juízes classistas.
Em relação aos membros dos juizados especiais, não podemos deixar de mencionar o que
dispõe o art. 7º, parágrafo único, da Lei nº 9.099/95: “Os juízes leigos ficarão impedidos de
exercer a advocacia perante os Juizados Especiais, enquanto no desempenho de suas fun-
ções”. Parece-nos que, pelo fato de uma lei de mesma hierarquia (ordinária federal) ter tratado
do mesmo assunto de modo diverso, é o que deve prevalecer na prática.
Por fim, mister salientar que o Supremo Tribunal Federal, por ocasião do julgamento da
Ação Direta de Inconstitucionalidade nº 1.127-8, no dia 17 de maio de 2008 (publicado no Diá-
rio Oficial da União em 26.05.2008) ratificou a liminar concedida e decidiu que não se incluem
nessa regra os juízes eleitorais e seus suplentes.

III – ocupantes de cargos ou funções de direção em órgãos da Administração Pú-


blica direta ou indireta, em suas fundações e em suas empresas controladas ou
concessionárias de serviço público.

O art. 28, § 2º, do Estatuto traz duas exceções a este tipo de incompatibilidade:
1 – Não se incluem nessa hipótese os que não detenham poder de decisão relevante so-
bre interesses de terceiros, a juízo do Conselho competente da OAB, ou seja, a Ordem irá veri-
ficar se na prática há, ou não, poder de decisão relevante, para definir se haverá, ou não, a
incompatibilidade.
2 – Também não se incluem no inciso III aqueles que desempenham a administração aca-
dêmica diretamente relacionada ao magistério jurídico.

IV – ocupantes de cargos ou funções vinculados direta ou indiretamente a qualquer


órgão do Poder Judiciário e os que exercem serviços notariais e de registro.

O legislador tratou dos membros do Poder Judiciário no inciso II, e dos servidores e de ou-
tros ocupantes de cargos ou funções vinculados direta ou indiretamente ao Judiciário, neste
inciso. Fazem parte desta incompatibilidade os técnicos de atividade judiciária, os analistas
judiciários, os contadores judiciais, os assessores dos desembargadores e até mesmo aqueles
ligados indiretamente a este Poder, tais como os psicólogos, seguranças e demais cargos auxi-
liares ligados ao Poder Judiciário.
Encontram-se nessa situação incompatível os que exercem serviços notariais e de registro
(tabeliães, notários, registradores e escreventes de cartório extrajudicial).

V – ocupantes de cargos ou funções vinculados direta ou indiretamente à atividade


policial de qualquer natureza.

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Da mesma forma que no inciso anterior, o Estatuto fez menção a vínculo de natureza dire-
ta ou indireta, só que aqui é em relação à atividade policial. Como exemplo, podemos citar os
próprios policiais: policiais federais (agentes, escrivães e delegados), policiais civis (investiga-
dores, comissários, delegados), policiais militares, policiais rodoviários (estaduais e federais),
dentre outros (art. 144 da CRFB). São também incompatíveis os integrantes do Corpo de Bom-
beiro Militar.
O Órgão Especial do Conselho Federal da OAB decidiu que os guardas municipais se en-
quadram nessa hipótese de incompatibilidade (processo nº 252/99, DJ 19.10.99).
O Provimento nº 62/1988, embora tenha disposto sobre a incompatibilidade que cuidava o
inciso XII do art. 84 do antigo Estatuto (Lei nº 4.215/63), ainda nos serve, compreendendo-se
entre os cargos incompatíveis os de perito criminal, papiloscopista e seus auxiliares (como o
auxiliar de necropsia) e médico-legista.
Paulo Luis Netto Lôbo entende que “em virtude da crescente terceirização, a vedação en-
volve igualmente os que prestam serviços às atividades policiais diretas ou indiretas, mesmo
que empregados de empresas privadas” (obra citada, p. 170).

VI – militares de qualquer natureza, na ativa.

São os militares das Forças Armadas (Exército, Marinha e Aeronáutica), seja qual for a pa-
tente e desde que estejam na ativa.

VII – ocupantes de cargos ou funções que tenham competência de lançamento, ar-


recadação ou fiscalização de tributos e contribuições parafiscais.

É o caso dos fiscais e de outros servidores que tenham competência de lançamento, arre-
cadação ou fiscalização de tributos ou contribuições parafiscais. Exemplificando, temos os au-
ditores fiscais, fiscais de receita previdenciária, fiscais de renda e fiscais do trabalho.

VIII – ocupantes de funções de direção e gerência em instituições financeiras, in-


clusive privadas.

A última hipótese de incompatibilidade trazida pelo Estatuto é a dos diretores e gerentes de


instituições financeiras públicas ou privadas.
Afastamento temporário da atividade incompatível
O § 1º do art. 28 do Estatuto determina que a incompatibilidade permanece mesmo que os
ocupantes de cargos e funções incompatíveis deixem de exercê-los temporariamente. Desse
modo, os juízes não poderão advogar enquanto estiverem de férias ou de licença da magistra-
tura.
Afastamento definitivo da atividade incompatível - desincompatibilização
Apesar de apenas o art. 28, VI, do EAOAB determinar que a incompatibilidade ocorre so-
mente enquanto no exercício da atividade (“na ativa”), às demais hipóteses deve-se dar o
mesmo entendimento. Assim, ex-policiais, ex-fiscais podem advogar.
Uma ressalva há de ser feita no que diz respeito aos magistrados e aos membros do Minis-
tério Público aposentados ou exonerados. É que a Emenda Constitucional nº 45/2004 acres-
centou o inciso V ao art. 95, parágrafo único, e o § 6º ao art. 128. Assim, é vedado a eles o
exercício da advocacia no juízo ou tribunal do qual se afastaram, antes de decorridos três anos
do afastamento de seus cargos por aposentadoria ou exoneração.

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Casos de impedimento:

I – servidores da administração pública direta, indireta e fundacional.

São impedidos, ou seja, estão proibidos de exercer a advocacia parcialmente, os servido-


res da administração pública direta, indireta e fundacional. Neste caso, eles podem advogar,
menos contra a Fazenda Pública que os remunere ou à qual seja vinculada a entidade empre-
gadora.
Aqui encontramos, por exemplo, o funcionário da Prefeitura do Rio de Janeiro, que só não
pode advogar contra o município do Rio de Janeiro; o agente administrativo do INSS, que não
pode advogar contra a União, por se tratar de autarquia federal; os professores de escolas es-
taduais, que não podem litigar contra o Estado; entre outros.
Exceção para advogados que sejam docentes de cursos jurídicos
A exceção legal é para os docentes dos cursos jurídicos (art. 30, parágrafo único), que,
apesar de serem servidores públicos, podem advogar livremente.
Embora a lei, neste inciso, nada mencione, Marco Antonio Silva de Macedo Junior e Celso
Coccaro discorrem exemplificando na obra conjunta Ética Profissional e Estatuto da Advocacia
(p. 40), que “docente da Faculdade de Direito da Universidade de São Paulo (autarquia esta-
dual) poderá advogar contra o Estado de São Paulo (“Fazenda que o remunera”), mas não de-
verá fazê-lo contra a própria Universidade, em decorrência de limitações éticas”.
No entanto, Paulo Lôbo (obra citada, p. 178) entende que os docentes dos cursos jurídi-
cos “não sofrem qualquer incompatibilidade ou impedimento para advogar. Esclarece, ainda,
que “essa explicitação deve-se ao fato de que é importante, para a formação dos futuros ad-
vogados, o magistério de profissionais qualificados que doutra forma estariam impedidos de
advogar, inclusive totalmente, se sua especialidade fosse o direito público”. Somamos a este
entendimento, por se tratar de exceção legal, ousando apenas salientar outro motivo: se a
Constituição possibilita aos magistrados e aos membros do Ministério Público o exercício de
suas atividades cumulativamente com o magistério (art. 95, parágrafo único, e art. 128, § 5º,
II, d, da Constituição), igual tratamento deve ser estendido aos advogados, mesmo que em
situação privada, sob o aspecto de que não podem ver prejudicada sua atuação no mercado
por causa da docência em cursos jurídicos públicos. Assim como os juízes e promotores de
justiça não sofrem descontos nos seus subsídios, não vemos motivo para o legislador vedar a
advocacia integral para advogados. Há de ter um tratamento isonômico para os três agentes
indispensáveis à administração da justiça. Embora se saiba que a Constituição se refere aos
casos das exceções à acumulação de cargos públicos, tal como acontece com os profissio-
nais da área da saúde, externamos aqui o nosso posicionamento sobre o tema.
Todavia, como a lei menciona apenas os docentes dos cursos jurídicos, os docentes de
outros cursos (medicina, engenharia, letras, administração) ficam impedidos, nos termos do art.
30, inciso I, do Estatuto da Advocacia e da OAB.

II – membros do Poder Legislativo

O impedimento deste inciso II é mais abrangente do que o anterior (inciso I). Aqui, o impe-
dimento é maior, estendendo-se contra ou a favor de qualquer órgão da administração pública
direta ou indireta e não só contra quem ou remunera.
É o caso dos membros do Poder Legislativo, em seus diferentes níveis (senador, deputado
federal, deputado estadual, deputado distrital e vereador), que podem advogar, menos contra
ou a favor das pessoas jurídicas de direito público, empresas públicas, sociedades de econo-

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mia mista, fundações públicas, entidades paraestatais ou empresas concessionárias ou per-
missionárias de serviço público.

Impedimentos especiais (ou impedimentos sui generis)

Já foi dito que o Estatuto da Advocacia e da OAB determina que o impedimento é a proibi-
ção parcial do exercício da advocacia. No entanto, encontramos algumas hipóteses diferentes,
nas quais a pessoa pode advogar, mas somente no âmbito do cargo público que ocupam ou,
então, podem advogar menos no setor onde trabalham. Denominamos aqui “impedimento es-
pecial”. Essa denominação não pela lei.
Conforme disposto no art. 29 do Estatuto, os Procuradores Gerais, os Advogados Gerais,
Defensores Gerais e dirigentes de órgãos jurídicos da Administração Pública direta, indireta e
fundacional, são exclusivamente legitimados para o exercício da advocacia vinculada à função
que exerçam, durante o período da investidura.
Alertamos sobre a possibilidade de outras leis trazerem outras hipóteses de “impedimentos
especiais”, como é o caso dos Defensores Públicos que prestaram concurso anteriormente à
Lei Complementar nº 80/94, podendo advogar particularmente. Os que foram aprovados em
concursos posteriores só podem advogar no âmbito da Defensoria Pública.

Apesar de, em recente decisão, a 2ª Turma do STJ ter entendido que Defensor Público es-
tá dispensado de ter inscrição nos quadros da OAB, todo cuidado deve ter o candidato ao rea-
lizar o Exame de Ordem, pois a pergunta da prova pode estar de acordo com as normas do
EAOAB.

TEMA 5
ATOS PRIVATIVOS DE ADVOGADO

O art. 1º do Estatuto da Advocacia e da OAB trata dos atos privativos de advogado, ou se-
ja, daqueles que somente podem ser praticados por pessoas devidamente inscritas no quadro
de advogados da OAB, após terem preenchido as exigências do seu art. 8º.
Podemos dizer que, no inciso I, estão os atos judiciais (“a postulação a qualquer órgão do
Poder Judiciário e aos juizados especiais”) e, no inciso II, os atos extrajudiciais (“consultoria,
assessoria e direção jurídicas”). Vejamos alguns comentários acerca desses dispositivos:

“Art. 1º São atividades privativas de advocacia”:


I – a postulação a qualquer órgão do Poder Judiciário e aos juizados especiais.
Em relação a este inciso I, do art. 1º do Estatuto, foi proposta, pela Associação dos Magis-
trados Brasileiros (AMB), a ADI nº 1.127-8, tendo o STF declarado a inconstitucionalidade da
expressão “qualquer”. Com razão, pois há hipóteses previstas em lei em que a pessoa pode ir
ao Poder Judiciário sem estar representada por um advogado. Essas hipóteses são verdadei-
ras exceções os ius postulandi do advogado, que serão analisadas mais adiante, em item pró-
prio.
O advogado pode postular em juízo ou fora dele fazendo prova do mandato que lhe foi ou-
torgado. Todavia, afirmando urgência, pode atuar sem procuração, obrigando-se a apresentá-la
no prazo de 15 (dias), prorrogável por igual período (art. 5º, § 1º, EAOAB). Saliente-se que,
nesse ponto, o Estatuto não traz a exigência mencionada no art. 104, § 1º, do CPC/2015, de
que haverá necessidade de “despacho do juiz” para que o prazo seja prorrogado.

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“Art. 104. O advogado não será admitido a postular em juízo sem procuração, salvo para
evitar preclusão, decadência ou prescrição, ou para praticar ato considerado urgente.
§ 1º Nas hipóteses previstas no caput, o advogado deverá, independentemente de cau-
ção, exibir a procuração no prazo de 15 (quinze) dias, prorrogável por igual período por
despacho do juiz.
§ 2º O ato não ratificado será considerado ineficaz relativamente àquele em cujo nome foi
praticado, respondendo o advogado pelas despesas e por perdas e danos.”
Entendemos que, por se tratar o EAOAB (Lei nº 8.906/94) de lei especial, cuja finalidade é
garantir o bom desempenho da advocacia – função essencial à Justiça – tal exigência de ter
despacho do juiz não deve prevalecer, bastando ao advogado informar a necessidade e o direi-
to de prorrogação antes de expirar o primeiro prazo. É um direito do advogado e não deve de-
pender de aprovação do juiz! Este é o nosso entendimento, que deve ser adotado caso a ques-
tão do Exame de Ordem peça: “marque a resposta correta de acordo com o Estatuto da Advo-
cacia e da OAB”.
Entretanto, caso a pergunta venha a ser feita na parte de Direito Processual Civil, reco-
mendamos que os candidatos sigam o art. 104 do CPC/2015, ou seja, é prorrogável por des-
pacho do juiz. Realmente este é um ponto delicado, mas até as provas de hoje, sempre que a
questão pediu “de acordo com tal lei”, deveríamos seguir à risca a letra da lei na hora de assi-
nalar a resposta. Pode até ser que a banca venha a fazer de forma diferente, mas, repito, até
hoje foi assim.
Advirta-se que, na instância especial os tribunais não têm admitido a interposição de recur-
so por advogado sem procuração nos autos (Súmula 115 do STJ).

A propósito:
STJ - AGRAVO REGIMENTAL NO AGRAVO EM RECURSO ESPECIAL AgRg no
AREsp 669129 SP 2015/0020599-1 (STJ)
Data de publicação: 20/04/2015
Ementa: AGRAVO REGIMENTAL NO AGRAVO EM RECURSO ESPECIAL. PROCU-
RAÇÃO E OU SUBSTABELECIMENTO. AUSÊNCIA. SÚMULA 115/STJ. INCIDÊNCIA. 1.
A ausência de procuração ou substabelecimento conferindo poderes ao subscritor do
agravo regimental atrai a incidência da Súmula 115 deste Superior Tribunal, segundo a
qual: “Na instância especial é inexistente recurso interposto por advogado sem procura-
ção nos autos”. Precedente. 2. Agravo regimental não conhecido.
II – as atividades de assessoria, consultoria e direção jurídicas.

Embora sejam atividades extrajudiciais, apenas podem ser exercidas por advogado regu-
larmente inscrito na OAB.
Assessoria e consultoria são atividades distintas. Paulo Lôbo 1 explica: “assessoria jurídica
é espécie do gênero advocacia extrajudicial, pública ou privada, que se perfaz auxiliando quem
deva tomar decisões, realizar atos ou participar de situações com efeitos jurídicos, reunindo
dados e informações de natureza jurídica, sem exercício formal de consultoria. Se o assessor
proferir pareceres, conjuga a atividade de assessoria sem sentido estrito com a atividade de
consultoria jurídica”.

1. LOBO, Paulo em “Comentários ao Estatuto da Advocacia e da OAB”. Editora Saraiva. São Paulo. Página 21.

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A atividade de direção jurídica também é privativa de advogado. Os departamentos jurí-
dicos de empresas só podem ter como diretores jurídicos profissionais regularmente inscritos
no quadro de advogados.
O art. 7º do Regulamento Geral enfatiza: “A função de diretoria e gerência jurídicas em
qualquer empresa pública, privada ou paraestatal, inclusive em instituições financeiras, é priva-
tiva de advogado, não podendo ser exercida por quem não se encontre inscrito regularmente
na OAB.”
Veja que o cargo de gerência jurídica também é privativo do advogado, de acordo com este
art. 7º do RG. O EAOAB não menciona este cargo (gerência jurídica), mas o RG sim!
Atos e contratos
O parágrafo 2º do art. 1º do Estatuto da Advocacia prevê mais um ato privativo de advoga-
do: os atos e contratos constitutivos de pessoas jurídicas somente podem ser admitidos a re-
gistro nos órgãos competentes (juntas comerciais, cartórios de registro civil de pessoas jurídi-
cas) após visados por advogados. Na ausência deste “visto”, por advogado, o Estatuto consi-
dera nulos tais atos.
Advirta-se que este visto não se resume à simples rubrica do advogado. O profissional
deve, cuidadosamente, e com total responsabilidade, analisar de forma integral o seu conte-
údo. Quis assim o legislador evitar (ou pelo menos diminuir) o risco de futuros problemas ou
conflitos decorrentes do contrato. A razão não é para reserva de mercado da advocacia. A
questão é de absoluta ordem pública. No final, ganha a sociedade. Quando um advogado
analisa o contrato e dá o seu “aval” com o visto, a chance de dar algum problema diminui
bastante.
Entretanto, a Lei Complementar nº 123/06, no art. 9º, § 2º, trouxe uma exceção a essa exi-
gência, determinando que “não se aplica às microempresas e às empresas de pequeno porte o
disposto no § 2º do art. 1º da Lei nº 8.906/94”, ou seja, nesses casos não se exige o visto do
advogado. Isto ocorre porque, nessas situações, o registro é mais simples, muitas das vezes
se realizando com o mero preenchimento de formulários já padronizados.

Exceções ao ius postulandi do advogado.


Via de regra, o ius postulandi (capacidade postulatória, capacidade de representar alguém
em juízo) é do advogado. Porém, há casos em que a parte pode ir ao Judiciário sem constituir
advogado. Senão vejamos, tais como nos JEC, HC e Justiça do Trabalho.

TEMA 6
SOCIEDADE DE ADVOGADOS

Quando um advogado começa a assumir uma quantidade maior de causas, surge a ne-
cessidade de se unir a outro ou a outros advogados, para juntos dividirem as tarefas (e, até
mesmo, as despesas) e, ao final, ratearem os ganhos obtidos. Não raro, audiências são mar-
cadas para o mesmo dia, em juízos, em comarcas, em estados diferentes. Para o auxílio recí-
proco, os advogados constituem uma sociedade de advogados.
O tema está disciplinado nos arts. 15 ao 17 do Estatuto da Advocacia e da OAB (que foram
alterados pela Lei 13.247/16), nos arts. 37 ao 43 do Regulamento Geral e no Provimento nº
112/06 do Conselho Federal da OAB.

Natureza jurídica
De acordo com o texto original do art. 15 do Estatuto da Advocacia e da OAB, os advoga-
dos poderiam se reunir em sociedade civil de prestação de serviços de advocacia.

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Por essa redação, poderíamos dizer que a natureza jurídica de uma sociedade de advoga-
dos é uma sociedade civil. Acontece que o EAOAB é uma lei de 1994 (Lei nº 8.906/94), quando
ainda vigorava o Código Civil de 1916, que, por sua vez, classificava as sociedades em civis e
mercantis. Com o advento do novo Código Civil (2002), a classificação passou a ser em socie-
dades simples e sociedades empresarias, razão pela qual, atualmente, sua natureza jurídica é
de sociedade simples. Porém, apenas com o advento da Lei 13.247/16 é que o mencionado
art. 15 foi alterado, constando agora, que os advogados podem reunir-se em sociedade sim-
ples de prestação de serviços de advocacia.
Acrescente-se que mais uma novidade veio com essa alteração da Lei 8.906/94. A partir
de então os advogados também podem constituir uma sociedade unipessoal de advocacia,
como se percebe na redação abaixo destacada:
Art. 15. Os advogados podem reunir-se em sociedade simples de prestação de serviços
de advocacia ou constituir sociedade unipessoal de advocacia, na forma disciplinada nes-
ta Lei e no regulamento geral.
Sem a intenção de nos aprofundarmos no tema, há quem entenda que a sociedade de ad-
vogados é uma sociedade simples sui generis, uma vez que há peculiaridades trazidas pela Lei
nº 8.906/94 que a torna diferente das demais sociedades simples do Código Civil. Essas carac-
terísticas serão abordadas logo abaixo.

Personalidade jurídica
Para qualquer sociedade adquirir personalidade jurídica, há de ser feito o registro de seus
atos constitutivos em um órgão competente.
Em relação à sociedade de advogados, esta adquire personalidade jurídica com o registro
aprovado dos seus atos constitutivos no Conselho Seccional da OAB, em cuja base territorial
tiver sede, seja esta uma sociedade simples ou uma sociedade unipessoal de advocacia, sen-
do proibido o registro nos cartórios de registro civil de pessoas jurídicas e nas juntas comerci-
ais.
Prevê o Estatuto que não são admitidas a registro, e nem podem funcionar, as sociedades
simples de advogados ou sociedades unipessoais de advocacia que apresentem formas ou
características mercantis, que adotem denominação fantasia, que realizem atividades estra-
nhas à advocacia, que incluam sócios não inscritos no quadro de advogados da OAB ou que
estejam totalmente proibidos de advogar.

Denominação
No contrato social, que será registrado no Conselho Seccional da OAB, deve constar a de-
nominação (razão social) da sociedade. No entanto, existem regras a serem seguidas para que
o registro seja aprovado.
Conforme dito, não se admite o uso do nome fantasia (por exemplo, “Justa Causa, advo-
gados”. Tampouco se permite a utilização do nome de algum advogado renomado já falecido
(“Escritório de Advocacia Rui Barbosa” ou “Evandro Lins e Silva, advogados associados”).
Quando se tratar de uma sociedade simples de advocacia, a denominação adequada deve
trazer o nome de, pelo menos, um advogado responsável pela sociedade, acompanhado de
uma expressão que indique a finalidade do escritório. Assim, se três advogados – Pedro Meira
Júnior, Ana Cristina Secioso de Sá Pereira e Carlos Henrique Afonso Dias – resolvem constituir
uma sociedade simples de advogados, poderão ser colocadas, entre outras, as seguintes de-
nominações: “Meira e advogados”; “Ana Cristina Secioso de Sá Pereira, advocacia”; “Escritório
de Advocacia Carlos Dias”; “Escritório Jurídico Meira, Secioso e Dias”. Não importa se a ex-
pressão indicadora da finalidade vem antes ou depois do nome do advogado.

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O Regulamento Geral permite o uso do nome abreviado do advogado, o que não significa
que serão utilizadas siglas com as iniciais de cada parte do seu nome completo. Apenas para
melhor ilustração, o nome completo de uma pessoa é formado por um prenome mais um so-
brenome, podendo, ainda, ter um agnome. O prenome pode ser simples (p. ex., Pedro, Fabia-
na, Rafael) ou composto (Pedro Henrique Tiago, Ana Cristina), do mesmo modo que pode ser
o sobrenome (Vidal, sobrenome simples; Meira Matos, sobrenome composto). O agnome só
deve constar quando houver nomes iguais na mesma família, justamente, para que possa ser
feita a distinção: Júnior, Neto, Sobrinho, Filho. Então, quando o Regulamento Geral disse “no-
me abreviado”, quis dizer, qualquer parte do nome.
Por autorização do Provimento nº 112/06, pode ser utilizado o símbolo “&” na denominação
da sociedade de advogados (Meira & Dias, Sociedade de Advogados – por exemplo).
Quando vigorava o Código Civil de 1916, era possível constar a abreviatura “S.C.”, de so-
ciedade civil no final da denominação (p. ex., Escritório de Advocacia Pedro Meira S.C.), mas,
pelo fato de o novo Código Civil não mais adotar esta classificação, hoje, não se pode utilizá-la.
Advirta-se que sempre foi proibida, por motivo óbvio, a adoção das expressões “Ltda”, “Cia”,
“S/A” e “ME”.
Em caso de falecimento de um dos sócios, cujo nome é utilizado na denominação da soci-
edade simples de advogados, o Estatuto determina que a permanência do nome é condiciona-
da à previsão no contrato social (art. 16, §1º, in fine).
Quando houver licenciamento de um sócio para o exercício de atividade incompatível com
a advocacia em caráter temporário, deverá tal fato ser averbado no registro da sociedade, não
alterando sua constituição. Por outro turno, caso o advogado passe a exercer atividade incom-
patível em caráter definitivo, gerando o cancelamento da inscrição, será obrigatória a alteração
contratual para que seja retirado o nome daquele sócio. Lembre-se de que a razão social deve
ter o nome de pelo menos um advogado da sociedade. Neste caso, ele não será mais advoga-
do em virtude do cancelamento da inscrição.
Em relação à grande novidade trazida pela Lei 13.247/16, quando se tratar de sociedade
unipessoal de advocacia, a sua denominação deve ser obrigatoriamente formada pelo nome do
seu titular, completo ou parcial, com a expressão “Sociedade Individual de Advocacia”, como
por exemplo, “Ana Cristina, sociedade individual de advocacia” ou “Ana Cristina Pereira, soci-
edade individual de advocacia” (conforme art. 16, §4º, do EAOAB).
Outras considerações
Os mandamentos do Código de Ética e Disciplina são aplicados às sociedades simples de
advogados ou às sociedades unipessoais de advocacia, no que couber.
A sociedade unipessoal de advocacia pode resultar da concentração por um advogado das
quotas de uma sociedade de advogados, independentemente das razões que motivaram tal
concentração.
Nenhum advogado pode integrar mais de uma sociedade de advogados, constituir mais de
uma sociedade unipessoal de advocacia, ou integrar, simultaneamente, uma sociedade de ad-
vogados e uma sociedade unipessoal de advocacia, com sede ou filial na mesma área territori-
al do respectivo Conselho Seccional. Dessa forma, se um advogado já é sócio de um escritório
de advocacia no Estado do Rio de Janeiro, não poderá integrar, como sócio, nenhuma outra
sociedade simples de advogados nem constituir uma sociedade unipessoal de advogados nes-
te Estado. Poderá, todavia, ser sócio de outra sociedade de advogados (simples ou unipessoal)
no Estado de Minas Gerais, por exemplo.
Já na hipótese de constituição de filial em outro estado, o ato de constituição deve ser
averbado no registro da sociedade e arquivado no Conselho Seccional onde se fixar, ficando

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os sócios obrigados à inscrição suplementar. Essa obrigação também é exigida para o titular
da sociedade unipessoal de advocacia (art. 15, § 5º, do EAOAB).
Os sócios de uma mesma sociedade simples de advogados não podem representar em ju-
ízo clientes com interesses opostos.
As procurações passadas aos advogados devem ser outorgadas individualmente aos pro-
fissionais, mencionando a sociedade de que façam parte. As atividades de advocacia são
exercidas pelos próprios advogados, ainda que os honorários se revertam à sociedade. No en-
tanto, podem ser praticados pela sociedade, com o uso da razão social, os atos indispensáveis
às suas finalidades, que não sejam privativos de advogado.
A sociedade simples de advogados pode contemplar qualquer tipo de administração social,
sendo permitida a existência de sócios gerentes, com indicação dos poderes atribuídos (art. 41
do Regulamento Geral).
Por fim, no que diz respeito à responsabilidade civil, os advogados sócios, o titular da soci-
edade individual de advocacia e os advogados associados respondem subsidiária e ilimitada-
mente pelos danos causados diretamente ao cliente, por dolo ou culpa, por ação ou omissão,
no exercício da advocacia, sem prejuízo da responsabilidade disciplinar e penal em que pos-
sam incorrer (art. 17 do EAOAB, com a redação dada pela Lei 13.247/16, combinado com o art.
40 do Regulamento Geral).

TEMA 7
REGRAS DO PROCESSO DISCIPLINAR

O poder de punir disciplinarmente os inscritos na Ordem compete ao Conselho Seccional


do estado onde ocorreu a infração, exceto se a falta for cometida perante o Conselho Federal.
Em verdade, compete ao Tribunal de Ética e Disciplina daquele Conselho Seccional julgar os
processos disciplinares instruídos pelas Subseções ou por relatores do próprio Conselho Sec-
cional. A representação contra membros do Conselho Federal também deve ser processada e
julgada pelo Conselho Federal (art. 70 do EAOAB).

As regras do processo disciplinar são tratadas tanto na Lei 8.906/94 (EAOAB), quanto no
Código de Ética e Disciplina. O Novo CED trouxe mais detalhes a respeito do aludido tema no
Capítulo 1 do Título II (arts. 55 a 71). Vejamos:

Art. 55. O processo disciplinar instaura-se de ofício ou mediante representação do inte-


ressado.
§ 1º A instauração, de ofício, do processo disciplinar dar-se-á em função do conhecimento
do fato, quando obtido por meio de fonte idônea ou em virtude de comunicação da autori-
dade competente.
§ 2º Não se considera fonte idônea a que consistir em denúncia anônima.

Art. 56. A representação será formulada ao Presidente do Conselho Seccional ou ao Pre-


sidente da Subseção, por escrito ou verbalmente, devendo, neste último caso, ser reduzi-
da a termo.
Parágrafo único. Nas Seccionais cujos Regimentos Internos atribuírem competência ao
Tribunal de Ética e Disciplina para instaurar o processo ético disciplinar, a representação
poderá ser dirigida ao seu Presidente ou será a este encaminhada por qualquer dos diri-
gentes referidos no caput deste artigo que a houver recebido.

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Art. 57. A representação deverá conter:
I - a identificação do representante, com a sua qualificação civil e endereço;
II - a narração dos fatos que a motivam, de forma que permita verificar a existência, em
tese, de infração disciplinar;
III - os documentos que eventualmente a instruam e a indicação de outras provas a ser
produzidas, bem como, se for o caso, o rol de testemunhas, até o máximo de cinco;
IV - a assinatura do representante ou a certificação de quem a tomou por termo, na im-
possibilidade de obtê-la.

Art. 58. Recebida a representação, o Presidente do Conselho Seccional ou o da Subse-


ção, quando esta dispuser de Conselho, designa relator, por sorteio, um de seus integran-
tes, para presidir a instrução processual.
§ 1º Os atos de instrução processual podem ser delegados ao Tribunal de Ética e Disci-
plina, conforme dispuser o regimento interno do Conselho Seccional, caso em que caberá
ao seu Presidente, por sorteio, designar relator.
§ 2º Antes do encaminhamento dos autos ao relator, serão juntadas a ficha cadastral do
representado e certidão negativa ou positiva sobre a existência de punições anteriores,
com menção das faltas atribuídas. Será providenciada, ainda, certidão sobre a existência
ou não de representações em andamento, a qual, se positiva, será acompanhada da in-
formação sobre as faltas imputadas.
§ 3º O relator, atendendo aos critérios de admissibilidade, emitirá parecer propondo a ins-
tauração de processo disciplinar ou o arquivamento liminar da representação, no prazo de
30 (trinta) dias, sob pena de redistribuição do feito pelo Presidente do Conselho Seccional
ou da Subseção para outro relator, observando-se o mesmo prazo.
§ 4º O Presidente do Conselho competente ou, conforme o caso, o do Tribunal de Ética e
Disciplina, proferirá despacho declarando instaurado o processo disciplinar ou determi-
nando o arquivamento da representação, nos termos do parecer do relator ou segundo os
fundamentos que adotar.
§ 5º A representação contra membros do Conselho Federal e Presidentes de Conselhos
Seccionais é processada e julgada pelo Conselho Federal, sendo competente a Segunda
Câmara reunida em sessão plenária. A representação contra membros da diretoria do
Conselho Federal, Membros Honorários Vitalícios e detentores da Medalha Rui Barbosa
será processada e julgada pelo Conselho Federal, sendo competente o Conselho Pleno.
§ 6º A representação contra dirigente de Subseção é processada e julgada pelo Conselho
Seccional.
§ 7º Os Conselhos Seccionais poderão instituir Comissões de Admissibilidade no âmbito
dos Tribunais de Ética e Disciplina, compostas por seus membros ou por Conselheiros
Seccionais, com atribuição de análise prévia dos pressupostos de admissibilidade das re-
presentações ético-disciplinares, podendo propor seu arquivamento liminar.

Art. 59. Compete ao relator do processo disciplinar determinar a notificação dos interes-
sados para prestar esclarecimentos ou a do representado para apresentar defesa prévia,
no prazo de 15 (quinze) dias, em qualquer caso.
§ 1º A notificação será expedida para o endereço constante do cadastro de inscritos do
Conselho Seccional, observando-se, quanto ao mais, o disposto no Regulamento Geral.
§ 2º Se o representado não for encontrado ou ficar revel, o Presidente do Conselho com-
petente ou, conforme o caso, o do Tribunal de Ética e Disciplina designar-lhe-á defensor
dativo.

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§ 3º Oferecida a defesa prévia, que deve ser acompanhada dos documentos que possam
instruí-la e do rol de testemunhas, até o limite de 5 (cinco), será proferido despacho sane-
ador e, ressalvada a hipótese do § 2º do art. 73 do EAOAB, designada, se for o caso, au-
diência para oitiva do representante, do representado e das testemunhas.
§ 4º O representante e o representado incumbir-se-ão do comparecimento de suas teste-
munhas, salvo se, ao apresentarem o respectivo rol, requererem, por motivo justificado,
sejam elas notificadas a comparecer à audiência de instrução do processo. 15
§ 5º O relator pode determinar a realização de diligências que julgar convenientes, cum-
prindo-lhe dar andamento ao processo, de modo que este se desenvolva por impulso ofi-
cial.
§ 6º O relator somente indeferirá a produção de determinado meio de prova quando esse
for ilícito, impertinente, desnecessário ou protelatório, devendo fazê-lo fundamentadamen-
te.
§ 7º Concluída a instrução, o relator profere parecer preliminar, a ser submetido ao Tribu-
nal de Ética e Disciplina, dando enquadramento legal aos fatos imputados ao representa-
do.
§ 8º Abre-se, em seguida, prazo comum de 15 (quinze) dias para apresentação de razões
finais.

Art. 60. O Presidente do Tribunal de Ética e Disciplina, após o recebimento do processo,


devidamente instruído, designa, por sorteio, relator para proferir voto.
§ 1º Se o processo já estiver tramitando perante o Tribunal de Ética e Disciplina ou peran-
te o Conselho competente, o relator não será o mesmo designado na fase de instrução.
§ 2º O processo será incluído em pauta na primeira sessão de julgamentos após a distri-
buição ao relator
§ 3º O representante e o representado são notificados pela Secretaria do Tribunal, com
15 (quinze) dias de antecedência, para comparecerem à sessão de julgamento.
§ 4º Na sessão de julgamento, após o voto do relator, é facultada a sustentação oral pelo
tempo de 15 (quinze) minutos, primeiro pelo representante e, em seguida, pelo represen-
tado.

Art. 61. Do julgamento do processo disciplinar lavrar-se-á acórdão, do qual constarão,


quando procedente a representação, o enquadramento legal da infração, a sanção apli-
cada, o quórum de instalação e o de deliberação, a indicação de haver sido esta adotada
com base no voto do relator ou em voto divergente, bem como as circunstâncias agravan-
tes ou atenuantes consideradas e as razões determinantes de eventual conversão da
censura aplicada em advertência sem registro nos assentamentos do inscrito.

Art. 62. Nos acórdãos serão observadas, ainda, as seguintes regras:


§ 1º O acórdão trará sempre a ementa, contendo a essência da decisão.
§ 2º O autor do voto divergente que tenha prevalecido figurará como redator para o acór-
dão.
§ 3º O voto condutor da decisão deverá ser lançado nos autos, com os seus fundamen-
tos.
§ 4º O voto divergente, ainda que vencido, deverá ter seus fundamentos lançados nos au-
tos, em voto escrito ou em transcrição na ata de julgamento do voto oral proferido, com
seus fundamentos.
§ 5º Será atualizado nos autos o relatório de antecedentes do representado, sempre que

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o relator o determinar.

Art. 63. Na hipótese prevista no art. 70, § 3º, do EAOAB, em sessão especial designada
pelo Presidente do Tribunal, serão facultadas ao representado ou ao seu defensor a
apresentação de defesa, a produção de prova e a sustentação oral.

Art. 64. As consultas submetidas ao Tribunal de Ética e Disciplina receberão autuação


própria, sendo designado relator, por sorteio, para o seu exame, podendo o Presidente,
em face da complexidade da questão, designar, subsequentemente, revisor.
Parágrafo único. O relator e o revisor têm prazo de 10 (dez) dias cada um para elabora-
ção de seus pareceres, apresentando-os na primeira sessão seguinte, para deliberação.

Art. 65. As sessões do Tribunal de Ética e Disciplina obedecerão ao disposto no respecti-


vo Regimento Interno, aplicando-se-lhes, subsidiariamente, o do Conselho Seccional.

Art. 66. A conduta dos interessados, no processo disciplinar, que se revele temerária ou
caracterize a intenção de alterar a verdade dos fatos, assim como a interposição de re-
cursos com intuito manifestamente protelatório, contrariam os princípios deste Código, su-
jeitando os responsáveis à correspondente sanção.
Art. 67. Os recursos contra decisões do Tribunal de Ética e Disciplina, ao Conselho Sec-
cional, regem-se pelas disposições do Estatuto da Advocacia e da Ordem dos Advogados
do Brasil, do Regulamento Geral e do Regimento Interno do Conselho Seccional.
Parágrafo único. O Tribunal dará conhecimento de todas as suas decisões ao Conselho
Seccional, para que determine periodicamente a publicação de seus julgados.

Art. 68. Cabe revisão do processo disciplinar, na forma prevista no Estatuto da Advocacia
e da Ordem dos Advogados do Brasil (art. 73, § 5º).
§ 1º Tem legitimidade para requerer a revisão o advogado punido com a sanção discipli-
nar.
§ 2º A competência para processar e julgar o processo de revisão é do órgão de que
emanou a condenação final.
§ 3º Quando o órgão competente for o Conselho Federal, a revisão processar-se-á peran-
te a Segunda Câmara, reunida em sessão plenária.
§ 4º Observar-se-á, na revisão, o procedimento do processo disciplinar, no que couber.
§ 5º O pedido de revisão terá autuação própria, devendo os autos respectivos ser apen-
sados aos do processo disciplinar a que se refira.
§ 6º O pedido de revisão não suspende os efeitos da decisão condenatória, salvo quando
o relator, ante a relevância dos fundamentos e o risco de consequências irreparáveis para
o requerente, conceder tutela cautelar para que se suspenda a execução.
§ 7º A parte representante somente será notificada para integrar o processo de revisão
quando o relator entender que deste poderá resultar dano ao interesse jurídico que haja
motivado a representação.

Art. 69. O advogado que tenha sofrido sanção disciplinar poderá requerer reabilitação, no
prazo e nas condições previstos no Estatuto da Advocacia e da Ordem dos Advogados do
Brasil (art. 41).
§ 1º A competência para processar e julgar o pedido de reabilitação é do Conselho Secci-
onal em que tenha sido aplicada a sanção disciplinar. Nos casos de competência originá-

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ria do Conselho Federal, perante este tramitará o pedido de reabilitação.
§ 2º Observar-se-á, no pedido de reabilitação, o procedimento do processo disciplinar, no
que couber.
§ 3º O pedido de reabilitação terá autuação própria, devendo os autos respectivos ser
apensados aos do processo disciplinar a que se refira.
§ 4º O pedido de reabilitação será instruído com provas de bom comportamento, no exer-
cício da advocacia e na vida social, cumprindo à Secretaria do Conselho competente cer-
tificar, nos autos, o efetivo cumprimento da sanção disciplinar pelo requerente.
§ 5º Quando o pedido não estiver suficientemente instruído, o relator assinará prazo ao
requerente para que complemente a documentação; não cumprida a determinação, o pe-
dido será liminarmente arquivado.

Dos prazos

Os prazos necessários para a manifestação de advogados, estagiários e terceiros, nos


processos em geral na OAB, são de 15 (quinze) dias, inclusive para a interposição de recursos
(art. 69 do EAOAB).
Em caso de comunicação mediante ofício reservado, ou de notificação pessoal, o prazo
contar-se-á a partir do dia útil imediato ao da notificação do recebimento (art. 69, § 1º, do EA-
OAB) e nos casos de publicação na imprensa oficial do ato ou da decisão, o prazo inicia-se no
primeiro dia útil seguinte (art. 69, § 2º, do EAOAB).
O prazo para a defesa prévia pode ser prorrogado por motivo relevante, a juízo do relator
(art. 73, § 3º, do EAOAB).
Dos recursos
Das decisões emanadas pelo Presidente do Conselho Seccional, pelo Tribunal de Ética e
Disciplina ou, ainda, pela Diretoria da Subseção ou da Caixa de Assistência dos Advogados
caberá recurso para o Conselho Seccional (art. 76 do EAOAB).
Já das decisões proferidas pelo Conselho Seccional, desde que não sejam unânimes ou,
sendo unânimes, contrariarem o Estatuto, o Regulamento Geral, o Código de Ética e Disciplina,
os Provimentos, as decisões do Conselho Federal ou de outro Conselho Seccional (requisitos
de admissibilidade), caberá recurso ao Conselho Federal, órgão supremo da OAB. O Presiden-
te do Conselho Seccional, além dos interessados, tem legitimidade para interpor esse recurso.
Todos os recursos na OAB têm efeito suspensivo, salvo quando se tratarem de eleições,
de suspensão preventiva decidida pelo TED e de cancelamento de inscrição obtida com falsa
prova (art. 77 do EAOAB).

Revisão disciplinar (art. 73, § 5º, do EAOAB e art. 68 do NCED)


Tal como no processo penal, o Estatuto da Advocacia e da OAB permite que seja feita uma
revisão do processo disciplinar por erro de julgamento ou por condenação baseada em falsa
prova. Como o art. 68 do Estatuto determina que se aplica o direito processual penal subsidia-
riamente ao processo disciplinar, entendemos que também cabe a revisão quando, após a de-
cisão, forem descobertas novas provas da inocência do punido ou de circunstância que deter-
mine a diminuição da sanção imposta (art. 621 do Código de Processo Penal).

TEMA 8
DO MANDATO JUDICIAL

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O mandato se opera quando alguém recebe poderes de outrem para praticar atos ou ad-
ministrar interesses em seu nome (art. 653, CC). Então, mandado judicial é quando alguém (no
caso, o advogado, que é o detentor do ius postulandi) recebe de outrem (outorgante) poderes
para atuar perante o Poder Judiciário em seu nome.
Para o Estatuto da Advocacia e da OAB, o advogado postula em juízo ou fora dele, fazendo
prova do mandato. Todavia, afirmando urgência, pode atuar sem procuração, obrigando-se a
apresentá-la no prazo de 15 (dias), prorrogável por igual período (art. 5º, § 1º, EAOAB).
A procuração é o instrumento do mandato, onde ficam consignados os poderes outorgados
pelo constituinte (outorgante) ao advogado (outorgado). Verifica-se, contudo, na legislação pá-
tria, que a constituição de advogado pode ocorrer verbalmente em alguns casos:
(1) se o acusado o indicar por ocasião do interrogatório (art. 266 do CPP) e
(2) nos juizados especiais, salvo quanto aos poderes especiais (art. 9º, § 3º, da Lei nº
9.099/95).

Diz-se, nesses casos, que a outorga é apud acta (do latim: na ata, conforme está na ata),
pois, embora seja verbal na origem, é consignada na assentada da audiência.
Para o EAOAB e para o NCED, nos casos das sociedades de advogados, o mandato judi-
cial ou extrajudicial deve ser outorgado individualmente aos advogados e indicar a sociedade
de que façam parte, não podendo ser fornecidos poderes para a própria sociedade (pessoa
jurídica), muito menos coletivamente (como por exemplo: “outorga poderes para todos os ad-
vogados do Escritório de Advocacia Pedro Meira”, sem menção ao nome de um ou mais advo-
gados).
Para o CPC/2015 (art. 272, § 1º), os advogados poderão requerer que, na intimação a eles
dirigida, figure apenas o nome da sociedade a que pertençam, desde que devidamente re-
gistrada na Ordem dos Advogados do Brasil. Atente-se que o EAOAB e o NCED não falam na-
da sobre isso. Apenas o CPC/2015 (veja abaixo a primeira questão comentada, que caiu no
XXI Exame).

Poderes gerais e especiais


Na procuração pode constar a outorga de poderes gerais e poderes especiais. Poderes ge-
rais (ou poderes para o foro em geral, em substituição à antiga expressão “poderes da cláusula
ad judicia et extra”) são os poderes básicos que o advogado precisa para poder atuar desde a
distribuição de uma ação até os recursos nos tribunais. Já os poderes especiais são aqueles
que devem constar quando exigidos por lei, a exemplo do art. 105 do CPC/2015 (“A procuração
geral para o foro, outorgada por instrumento público ou particular assinado pela parte, habilita o
advogado a praticar todos os atos do processo, exceto receber citação, confessar, reconhecer
a procedência do pedido, transigir, desistir, renunciar ao direito sobre o qual se funda a ação,
receber, dar quitação, firmar compromisso e assinar declaração de hipossuficiência econômica,
que devem constar de cláusula específica.”), do art. 39 do Código de Processo Penal (“o direito
de representação poderá ser exercido, pessoalmente ou por procurador com poderes especi-
ais”), do art. 44 do CPP (“a queixa poderá ser dada por procurador com poderes especiais”) e
do art. 55 do CPP (“o perdão poderá ser aceito por procurador com poderes especiais”).

Vejamos a seguir os dispositivos do Novo Código de Processo Civil que tratam do tema da
procuração:
Art. 105. A procuração geral para o foro, outorgada por instrumento público ou particular
assinado pela parte, habilita o advogado a praticar todos os atos do processo, exceto rece-

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ber citação, confessar, reconhecer a procedência do pedido, transigir, desistir, renunciar ao
direito sobre o qual se funda a ação, receber, dar quitação, firmar compromisso e assinar
declaração de hipossuficiência econômica, que devem constar de cláusula específica.
§ 1º A procuração pode ser assinada digitalmente, na forma da lei.
§ 2º A procuração deverá conter o nome do advogado, seu número de inscrição na Or-
dem dos Advogados do Brasil e endereço completo.
§ 3º Se o outorgado integrar sociedade de advogados, a procuração também deverá con-
ter o nome dessa, seu número de registro na Ordem dos Advogados do Brasil e endereço
completo.
§ 4º Salvo disposição expressa em sentido contrário constante do próprio instrumento, a
procuração outorgada na fase de conhecimento é eficaz para todas as fases do processo,
inclusive para o cumprimento de sentença.

Renúncia e revogação
Renúncia e revogação são formas através das quais o advogado e o cliente desistem dos
poderes recebidos ou outorgados no mandato.
O advogado que renunciar, não precisa justificar o motivo, mas deve permanecer pelos 10
(dez) dias seguintes à notificação a representar o mandante, salvo se for substituído antes do
término desse prazo (art. 10, § 3º, do EAOAB) ou “desde que necessário para evitar prejuízo”
(art. 112, § 1º, do CPC/2015), sob pena de cometer infração disciplinar (art. 34, XI, do EAOAB)
e de responsabilização civil (neste caso, havendo prova do prejuízo sofrido pelo constituinte).
A ciência pode ser provada por aviso de recebimento, por notificação do Cartório de Títulos
e Documentos ou pela própria ciência do cliente, quando este assina o documento que comu-
nica a renúncia. O art. 6º do Regulamento Geral prefere que seja “mediante carta com aviso de
recepção, comunicando, após, o Juízo.
O art. 17 do Novo Código de Ética e Disciplina diz que a revogação do mandato judicial por
vontade do cliente não o desobriga do pagamento das verbas honorárias contratadas e não
retira do advogado o direito de receber o quanto lhe seja devida em eventual verba honorária
de sucumbência, calculada, proporcionalmente, em razão do serviço efetivamente prestado.
O cliente que revogar o mandato outorgado ao advogado, no mesmo ato, deverá constituir
outro profissional que assuma o patrocínio da causa. Sendo descumprido, o juiz, verificando a
irregularidade da representação, suspenderá o processo e marcará prazo razoável para ser
sanado o defeito. Não sendo regularizado dentro do interstício judicial, se a providência couber
ao autor, será extinto o processo; cabendo ao réu, reputar-se-á revel; cabendo a terceiro, será
excluído do processo ou decreta sua revelia, dependendo do polo em que se encontre. Des-
cumprida a determinação em fase recursal perante tribunal de justiça, tribunal regional federal
ou tribunal superior, o relator não conhecerá do recurso, se a providência couber ao recorrente
ou determinará o desentranhamento das contrarrazões, se a providência couber ao recorrido. É
o que determina o art. 76 e §§ 1º e 2º do CPC/2015, abaixo transcritos.
Art. 76. Verificada a incapacidade processual ou a irregularidade da representação da
parte, o juiz suspenderá o processo e designará prazo razoável para que seja sanado o
vício.
§ 1º Descumprida a determinação, caso o processo esteja na instância originária:
I - o processo será extinto, se a providência couber ao autor;
II - o réu será considerado revel, se a providência lhe couber;
III - o terceiro será considerado revel ou excluído do processo, dependendo do polo em
que se encontre.
§ 2º Descumprida a determinação em fase recursal perante tribunal de justiça, tribunal re-

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gional federal ou tribunal superior, o relator:
I - não conhecerá do recurso, se a providência couber ao recorrente;
II - determinará o desentranhamento das contrarrazões, se a providência couber ao recor-
rido.

TEMA 9
RELAÇÕES COM O CLIENTE

Este tema esta disciplinado nos artigos abaixo do CED. Senão vejamos:

Art. 9º O advogado deve informar o cliente, de modo claro e inequívoco, quanto a even-
tuais riscos da sua pretensão, e das consequências que poderão advir da demanda. Deve,
igualmente, denunciar, desde logo, a quem lhe solicite parecer ou patrocínio, qualquer circuns-
tância que possa influir na resolução de submeter-lhe a consulta ou confiar-lhe a causa.

Art. 10. As relações entre advogado e cliente baseiam-se na confiança recíproca. Sen-
tindo o advogado que essa confiança lhe falta, é recomendável que externe ao cliente sua im-
pressão e, não se dissipando as dúvidas existentes, promova, em seguida, o substabelecimen-
to do mandato ou a ele renuncie.

Art. 11. O advogado, no exercício do mandato, atua como patrono da parte, cumprindo-
lhe, por isso, imprimir à causa orientação que lhe pareça mais adequada, sem se subordinar a
intenções contrárias do cliente, mas, antes, procurando esclarecêlo quanto à estratégia traça-
da.

Art. 12. A conclusão ou desistência da causa, tenha havido, ou não, extinção do manda-
to, obriga o advogado a devolver ao cliente bens, valores e documentos que lhe hajam sido
confiados e ainda estejam em seu poder, bem como a prestar-lhe contas, pormenorizadamen-
te, sem prejuízo de esclarecimentos complementares que se mostrem pertinentes e necessá-
rios.
Parágrafo único. A parcela dos honorários paga pelos serviços até então prestados não
se inclui entre os valores a ser devolvidos.

Art. 13. Concluída a causa ou arquivado o processo, presume-se cumprido e extinto o


mandato.

Art. 14. O advogado não deve aceitar procuração de quem já tenha patrono constituído,
sem prévio conhecimento deste, salvo por motivo plenamente justificável ou para adoção de
medidas judiciais urgentes e inadiáveis.

Art. 15. O advogado não deve deixar ao abandono ou ao desamparo as causas sob seu
patrocínio, sendo recomendável que, em face de dificuldades insuperáveis ou inércia do cliente
quanto a providências que lhe tenham sido solicitadas, renuncie ao mandato.

Art. 16. A renúncia ao patrocínio deve ser feita sem menção do motivo que a determi-
nou, fazendo cessar a responsabilidade profissional pelo acompanhamento da causa, uma vez
decorrido o prazo previsto em lei (EAOAB, art. 5º, § 3º).
§ 1º A renúncia ao mandato não exclui responsabilidade por danos eventualmente cau-

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sados ao cliente ou a terceiros.
§ 2º O advogado não será responsabilizado por omissão do cliente quanto a documento
ou informação que lhe devesse fornecer para a prática oportuna de ato processual do seu inte-
resse.

Art. 17. A revogação do mandato judicial por vontade do cliente não o desobriga do pa-
gamento das verbas honorárias contratadas, assim como não retira o direito do advogado de
receber o quanto lhe seja devido em eventual verba honorária de sucumbência, calculada pro-
porcionalmente em face do serviço efetivamente prestado.

Art. 18. O mandato judicial ou extrajudicial não se extingue pelo decurso de tempo, salvo
se o contrário for consignado no respectivo instrumento.

Art. 19. Os advogados integrantes da mesma sociedade profissional, ou reunidos em


caráter permanente para cooperação recíproca, não podem representar, em juízo ou fora dele,
clientes com interesses opostos.

Art. 20. Sobrevindo conflitos de interesse entre seus constituintes e não conseguindo o
advogado harmonizá-los, caber-lhe-á optar, com prudência e discrição, por um dos mandatos,
renunciando aos demais, resguardado sempre o sigilo profissional.

Art. 21. O advogado, ao postular em nome de terceiros, contra ex-cliente ou exemprega-


dor, judicial e extrajudicialmente, deve resguardar o sigilo profissional.

Art. 22. Ao advogado cumpre abster-se de patrocinar causa contrária à validade ou legi-
timidade de ato jurídico em cuja formação haja colaborado ou intervindo de qualquer maneira;
da mesma forma, deve declinar seu impedimento ou o da sociedade que integre quando hou-
ver conflito de interesses motivado por intervenção anterior no trato de assunto que se prenda
ao patrocínio solicitado.

Art. 23. É direito e dever do advogado assumir a defesa criminal, sem considerar sua
própria opinião sobre a culpa do acusado.
Parágrafo único. Não há causa criminal indigna de defesa, cumprindo ao advogado agir,
como defensor, no sentido de que a todos seja concedido tratamento condizente com a digni-
dade da pessoa humana, sob a égide das garantias constitucionais.

Art. 24. O advogado não se sujeita à imposição do cliente que pretenda ver com ele atu-
ando outros advogados, nem fica na contingência de aceitar a indicação de outro profissional
para com ele trabalhar no processo.

Art. 25. É defeso ao advogado funcionar no mesmo processo, simultaneamente, como


patrono e preposto do empregador ou cliente.

Art. 26. O substabelecimento do mandato, com reserva de poderes, é ato pessoal do


advogado da causa.
§ 1º O substabelecimento do mandato sem reserva de poderes exige o prévio e inequí-
voco conhecimento do cliente.
§ 2º O substabelecido com reserva de poderes deve ajustar antecipadamente seus ho-

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norários com o substabelecente.

TEMA 10
ÉTICA DO ADVOGADO

Assim como o tema anterior, o tema da Ética do advogado, exige leitura da letra da “lei”,
ou melhor, do CED. Vejamos os artigos a seguir:

Art. 1º O exercício da advocacia exige conduta compatível com os preceitos deste Códi-
go, do Estatuto, do Regulamento Geral, dos Provimentos e com os princípios da moral indivi-
dual, social e profissional.

Art. 2º O advogado, indispensável à administração da Justiça, é defensor do Estado


Democrático de Direito, dos direitos humanos e garantias fundamentais, da cidadania, da mo-
ralidade, da Justiça e da paz social, cumprindo-lhe exercer o seu ministério em consonância
com a sua elevada função pública e com os valores que lhe são inerentes.
Parágrafo único. São deveres do advogado: I - preservar, em sua conduta, a honra, a
nobreza e a dignidade da profissão, zelando pelo caráter de essencialidade e indispensabilida-
de da advocacia; II - atuar com destemor, independência, honestidade, decoro, veracidade,
lealdade, dignidade e boa-fé; III - velar por sua reputação pessoal e profissional; IV - empe-
nhar-se, permanentemente, no aperfeiçoamento pessoal e profissional; V - contribuir para o
aprimoramento das instituições, do Direito e das leis; VI - estimular, a qualquer tempo, a conci-
liação e a mediação entre os litigantes, prevenindo, sempre que possível, a instauração de lití-
gios; VII - desaconselhar lides temerárias, a partir de um juízo preliminar de viabilidade jurídica;
VIII - abster-se de: a) utilizar de influência indevida, em seu benefício ou do cliente; b) vincular
seu nome a empreendimentos sabidamente escusos; c) emprestar concurso aos que atentem
contra a ética, a moral, a honestidade e a dignidade da pessoa humana; d) entender-se direta-
mente com a parte adversa que tenha patrono constituído, sem o assentimento deste; e) in-
gressar ou atuar em pleitos administrativos ou judiciais perante autoridades com as quais tenha
vínculos negociais ou familiares; f) contratar honorários advocatícios em valores aviltantes. IX -
pugnar pela solução dos problemas da cidadania e pela efetivação dos direitos individuais, co-
letivos e difusos; X - adotar conduta consentânea com o papel de elemento indispensável à
administração da Justiça; XI - cumprir os encargos assumidos no âmbito da Ordem dos Advo-
gados do Brasil ou na representação da classe; XII - zelar pelos valores institucionais da OAB e
da advocacia; XIII - ater-se, quando no exercício da função de defensor público, à defesa dos
necessitados.

Art. 3º O advogado deve ter consciência de que o Direito é um meio de mitigar as desi-
gualdades para o encontro de soluções justas e que a lei é um instrumento para garantir a
igualdade de todos.

Art. 4º O advogado, ainda que vinculado ao cliente ou constituinte, mediante relação


empregatícia ou por contrato de prestação permanente de serviços, ou como integrante de de-
partamento jurídico, ou de órgão de assessoria jurídica, público ou privado, deve zelar pela sua
liberdade e independência.
Parágrafo único. É legítima a recusa, pelo advogado, do patrocínio de causa e de mani-
festação, no âmbito consultivo, de pretensão concernente a direito que também lhe seja aplicá-
vel ou contrarie orientação que tenha manifestado anteriormente.

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TEMA 11
CONSELHOS SECCIONAIS

De acordo com o art. 45, § 2º, do EAOAB, os Conselhos Seccionais têm “jurisdição” sobre os respectivos
Estados-membros, do Distrito Federal e dos territórios, embora se saiba que no Brasil, atualmente, não há mais
territórios.

Composição e voto
A composição desses conselhos é diferente do Conselho Federal. Nos Conselhos Seccionais, a composi-
ção é proporcional ao número de advogados inscritos (art. 106 do Regulamento Geral do EAOAB com nova reda-
ção dada pela Resolução 02 de 2009 do Conselho Federal). Desse modo, se houver menos de 3.000 advogados
inscritos na Seccional, poderá ter até 30 conselheiros seccionais, podendo ser acrescentado mais um conselheiro
a cada grupo completo de 3.000, até atingir o número máximo de 80 conselheiros seccionais.
Integram, ainda, os Conselhos Seccionais os seus ex-presidentes, na qualidade de membros honorários
vitalícios, valendo para estes a mesma regra do art. 81 do EAOAB quanto ao direito de voto, ou seja, continuam
com direito de voz e voto apenas os que tenham assumido originariamente o cargo de Presidente até a data da
publicação da Lei nº 8.906/94 (05 de julho de 1994). Os demais, de acordo com esta lei, possuem apenas o direito
de voz.
O Presidente do Instituto dos Advogados local é membro honorário do Conselho Seccional, tendo direito a
voz em suas sessões.

Diretoria do Conselho Seccional


A Diretoria do Conselho Seccional tem composição idêntica e atribuições equivalentes às do Conselho
Federal: Presidente, Vice-Presidente, Secretário Geral, Secretário Geral Adjunto e Tesoureiro.

Competências do Conselho Seccional


O art. 58 do Estatuto da Advocacia diz competir privativamente ao Conselho Seccional:
a) editar seu Regimento Interno e Resoluções;
b) criar as Subseções e a Caixa de Assistência dos Advogados;
A criação das Subseções e da Caixa de Assistência dos Advogados é da competência exclusiva dos Con-
selhos Seccionais, não podendo ser criadas pelo Conselho Federal.
c) julgar, em grau de recurso, as questões decididas por seu Presidente, por sua diretoria, pelo
Tribunal de Ética e Disciplina, pelas Diretorias das Subseções e pela Caixa de Assistência dos Advogados;
O Conselho Seccional também funciona como tribunal de recursos. Digamos que, via de regra, os recur-
sos em segunda instância na OAB são julgados por esse Conselho.
Na OAB, algumas decisões são da competência do Presidente, outras da Diretoria do Conselho, das Sub-
seções ou da Caixa de Assistência dos Advogados. Já os processos disciplinares contra advogados e estagiários
são, em regra, julgados pelo Tribunal de Ética e Disciplina (TED). As decisões proferidas pelo Presidente do Con-
selho Seccional, por aquelas Diretorias ou pelo TED terão seus recursos encaminhados para o Conselho Seccio-
nal, não podendo ser remetidos diretamente ao Conselho Federal, sob pena de supressão de instância.
d) fiscalizar a aplicação da receita, apreciar o relatório anual e deliberar sobre o balanço e as con-
tas de sua diretoria, das diretorias das Subseções e da Caixa de Assistência dos Advogados;
Sendo da competência do Conselho Seccional a criação das Subseções e da Caixa de Assistência dos
Advogados, será também de sua responsabilidade a fiscalização da aplicação da receita, da apreciação do relató-
rio anual e da deliberação sobre as contas e os balanços desses órgãos.
e) fixar a tabela de honorários, válida para todo o território estadual;
Compete a cada Conselho Seccional determinar a tabela de honorários advocatícios, que terá validade
para aquele Estado-membro ou Distrito Federal. Não existe, portanto, uma tabela nacional. A tabela de honorários
do Rio de Janeiro, por exemplo, é diferente da tabela fixada pelo Conselho Seccional da Bahia.
f) realizar o Exame de Ordem;
O art. 58, VI, do Estatuto determina que cabe a cada Conselho Seccional realizar o Exame de Ordem.
Entretanto, na prática, por convênio entre os Conselhos Seccionais, a competência passou a ser do Con-
selho Federal
g) decidir os pedidos de inscrição nos quadros de advogados e estagiários;
h) manter cadastro de seus inscritos;
Incumbe aos Conselhos Seccionais atualizar, até o dia 31 de dezembro de cada ano, o cadastro dos ad-
vogados inscritos, organizando a lista correspondente. Esse cadastro contém o nome completo de cada advogado

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com os respectivos números de inscrição (principal e suplementar), além dos endereços e os telefones dos locais
onde exerçam sua profissão e o nome da sociedade de que faça parte, se for o caso.
Nesse cadastro devem ser incluídas a lista dos cancelamentos de inscrição e a lista das sociedades de
advogados registradas nos Conselhos Seccionais, indicando os nomes dos sócios e o número do registro na OAB.
i) fixar, alterar e receber contribuições obrigatórias, preços de serviços e multas;

Cada Conselho Seccional fica responsável para estabelecer e receber:


i.1) as contribuições, que são as anuidades, tanto dos advogados como dos estagiários;
i.2) os preços de serviços, que são os valores fixados para emissão de carteira, inscrição no Exame da
Ordem, etc.
i.3) as multas.

j) participar da elaboração dos concursos públicos, em todas as suas fases, nos casos previstos
na Constituição e nas leis, no âmbito do seu território;
Compete ao Conselho Seccional participar de forma efetiva nos concursos públicos de âmbito estadual,
quando houver previsão na Constituição e em leis específicas como, por exemplo, nos concursos públicos para o
ingresso na Magistratura, no Ministério Público e em outras carreiras jurídicas.
O representante da OAB, indicado pelo Conselho Seccional, tem atuação em todas as fases do concurso,
desde a fase da elaboração do edital, fiscalizando e intervindo quando houver suspeita de irregularidades.
Quando os concursos tiverem abrangência nacional ou interestadual, a competência será do Conselho
Federal (art. 54, XVII, EAOAB).
k) determinar, com exclusividade, critérios para o traje dos advogados no exercício profissional;
É competência exclusiva dos Conselhos Seccionais a determinação dos trajes dos advogados, não po-
dendo nem mesmo os magistrados interferir nessa regulamentação.
l) aprovar e modificar seu orçamento anual;
Compete ao Conselho Seccional da OAB aprovar e, se necessário, modificar o orçamento do ano que se
segue.
m) definir a composição e o funcionamento do Tribunal de Ética e Disciplina, e escolher os seus
membros;
O Tribunal de Ética e Disciplina, localizado em cada Conselho Seccional, será por este organizado, recru-
tando seus membros, que podem, ou não, ser conselheiros seccionais.
n) eleger as listas, constitucionalmente previstas, para preenchimento dos cargos nos tribunais
judiciários, no âmbito de sua competência e na forma do provimento do Conselho Federal, vedada a inclu-
são de membros do próprio Conselho e de qualquer órgão da OAB;
Será competência do Conselho Seccional elaborar a lista sêxtupla, quando a indicação for para tribunais
de abrangência estadual. Se o tribunal tiver abrangência nacional ou interestadual, a competência será do Conse-
lho Federal (art. 54, XIII, EAOAB).
A proibição para a inclusão de membros do próprio Conselho Seccional ou de outro órgão da OAB é justa
e ética, já que são os conselheiros que irão escolher os seis indicados para o respectivo tribunal judi ciário, evitan-
do-se, com isso, que haja qualquer privilégio ou tráfico de influência.
o) intervir nas Subseções e na Caixa de Assistência dos Advogados;
Vimos acima que compete ao Conselho Seccional criar as Subseções e a Caixa de Assistência dos Advo-
gados, podendo, entretanto, intervir nestes. O quorum nesse caso é de 2/3 (dois terços).
Assim, não se deve confundir: compete ao Conselho Federal intervir nos Conselhos Seccionais, mas compete ao
Conselho Seccional intervir nas Subseções e na Caixa de Assistência dos Advogados.
p) desempenhar outras atribuições previstas no Regulamento Geral.
O Regulamento Geral tem função supletiva aos casos omissos no Estatuto da Advocacia e da OAB.

TEMA 12
PUBLICIDADE

A publicidade da advocacia no Brasil é permitida com as considerações e limitações es-


tipuladas no CED.
Assim, para esgotarmos o tema em todos os seus detalhes, vamos ler os artigos abaixo
do CED.

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Art. 39. A publicidade profissional do advogado tem caráter meramente informativo e
deve primar pela discrição e sobriedade, não podendo configurar captação de clientela ou mer-
cantilização da profissão.

Art. 40. Os meios utilizados para a publicidade profissional hão de ser compatíveis com
a diretriz estabelecida no artigo anterior, sendo vedados: I - a veiculação da publicidade por
meio de rádio, cinema e televisão; II - o uso de outdoors, painéis luminosos ou formas asseme-
lhadas de publicidade; III - as inscrições em muros, paredes, veículos, elevadores ou em qual-
quer espaço público; IV - a divulgação de serviços de advocacia juntamente com a de outras
atividades ou a indicação de vínculos entre uns e outras; V - o fornecimento de dados de conta-
to, como endereço e telefone, em colunas ou artigos literários, culturais, acadêmicos ou jurídi-
cos, publicados na imprensa, bem assim quando de eventual participação em programas de
rádio ou televisão, ou em veiculação de matérias pela internet, sendo permitida a referência a
e-mail; VI - a utilização de mala direta, a distribuição de panfletos ou formas assemelhadas de
publicidade, com o intuito de captação de clientela. Parágrafo único. Exclusivamente para fins
de identificação dos escritórios de advocacia, é permitida a utilização de placas, painéis lumi-
nosos e inscrições em suas fachadas, desde que respeitadas as diretrizes previstas no artigo
39.

Art. 41. As colunas que o advogado mantiver nos meios de comunicação social ou os
textos que por meio deles divulgar não deverão induzir o leitor a litigar nem promover, dessa
forma, captação de clientela.

Art. 42. É vedado ao advogado: I - responder com habitualidade a consulta sobre maté-
ria jurídica, nos meios de comunicação social; II - debater, em qualquer meio de comunicação,
causa sob o patrocínio de outro advogado; III - abordar tema de modo a comprometer a digni-
dade da profissão e da instituição que o congrega; IV - divulgar ou deixar que sejam divulga-
das listas de clientes e demandas; V - insinuar-se para reportagens e declarações públicas.

Art. 43. O advogado que eventualmente participar de programa de televisão ou de rádio,


de entrevista na imprensa, de reportagem televisionada ou veiculada por qualquer outro meio,
para manifestação profissional, deve visar a objetivos exclusivamente ilustrativos, educacionais
e instrutivos, sem propósito de promoção pessoal ou profissional, vedados pronunciamentos
sobre métodos de trabalho usados por seus colegas de profissão.
Parágrafo único. Quando convidado para manifestação pública, por qualquer modo e
forma, visando ao esclarecimento de tema jurídico de interesse geral, deve o advogado evitar
insinuações com o sentido de promoção pessoal ou profissional, bem como o debate de cará-
ter sensacionalista.

Art. 44. Na publicidade profissional que promover ou nos cartões e material de escritório
de que se utilizar, o advogado fará constar seu nome ou o da sociedade de advogados, o nú-
mero ou os números de inscrição na OAB.
§ 1º Poderão ser referidos apenas os títulos acadêmicos do advogado e as distinções
honoríficas relacionadas à vida profissional, bem como as instituições jurídicas de que faça par-
te, e as especialidades a que se dedicar, o endereço, e-mail, site, página eletrônica, QR code,
logotipo e a fotografia do escritório, o horário de atendimento e os idiomas em que o cliente
poderá ser atendido.

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§ 2º É vedada a inclusão de fotografias pessoais ou de terceiros nos cartões de visitas
do advogado, bem como menção a qualquer emprego, cargo ou função ocupado, atual ou pre-
térito, em qualquer órgão ou instituição, salvo o de professor universitário.

Art. 45. São admissíveis como formas de publicidade o patrocínio de eventos ou publi-
cações de caráter científico ou cultural, assim como a divulgação de boletins, por meio físico ou
eletrônico, sobre matéria cultural de interesse dos advogados, desde que sua circulação fique
adstrita a clientes e a interessados do meio jurídico.

Art. 46. A publicidade veiculada pela internet ou por outros meios eletrônicos deverá ob-
servar as diretrizes estabelecidas neste capítulo. Parágrafo único. A telefonia e a internet po-
dem ser utilizadas como veículo de publicidade, inclusive para o envio de mensagens a desti-
natários certos, desde que estas não impliquem o oferecimento de serviços ou representem
forma de captação de clientela.

Art. 47. As normas sobre publicidade profissional constantes deste capítulo poderão ser
complementadas por outras que o Conselho Federal aprovar, observadas as diretrizes do pre-
sente Código.

TEMA 13
TIPOS DE INSCRIÇÃO

O Estatuto prevê três tipos de inscrição para advogados (principal, suplementar e por
transferência) e um tipo para os estagiários (inscrição de estagiário).

a) Inscrição principal
Obtida a aprovação no Exame, e caso a pessoa não exerça atividade incompatível com
a advocacia (art. 28 do EAOAB), a inscrição principal deve ser feita no Conselho Seccional em
cujo estado pretende estabelecer seu domicílio profissional. O Estatuto da Advocacia e da OAB
considera domicílio profissional a sede principal da atividade de advocacia, prevalecendo, na
dúvida, o domicílio da pessoa física do advogado (domicílio civil).
Com a inscrição principal, o advogado pode exercer livremente (ilimitadamente) a profis-
são no Estado-membro (ou no Distrito Federal) respectivo e, eventualmente (limitadamente),
em qualquer outro Estado do país. Passando a exercer a advocacia com habitualidade na área
de outro Conselho Seccional, será obrigado a fazer outra inscrição naquele local. Chama-se
inscrição suplementar.

b) Inscrição suplementar
A inscrição suplementar é outra inscrição que deve ser feita pelo advogado quando pas-
sa a exercer a advocacia habitualmente em outro estado, diverso daquele onde tem a inscrição
principal. O art. 10, § 2º, do Estatuto da Advocacia considera habitualidade a intervenção judi-
cial que exceder de cinco causas por ano.
Nesse ponto, alguns aspectos devem ser evidenciados:
O primeiro é em relação à expressão “mais de cinco causas por ano”, que pode dar en-
sejo a duas interpretações: (1) mais de cinco causas em andamento ou (2) mais de cinco cau-
sas distribuídas por ano. Adotando-se aquele entendimento, caso um advogado, que tenha
inscrição principal no Conselho Seccional do Rio de Janeiro, passasse a atuar em cinco causas
em São Paulo no ano de 2009 e, no ano seguinte, distribuísse mais uma causa, ficando agora

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com 6 causas em andamento, seria obrigado a fazer uma inscrição suplementar no Conselho
Seccional de São Paulo. Esse é o entendimento adotado por Geronimo Theml de Macedo. Se-
guindo a outra interpretação, no mesmo exemplo acima citado, não haveria necessidade de o
advogado providenciar a inscrição suplementar em São Paulo, uma vez que ele teve cinco
causas em 2009 e apenas uma em 2010. Neste caso, ele somente teria de fazer a suplementar
se num mesmo ano passasse a atuar em seis ou mais causas novas, podendo, perfeitamente,
ter cinco causas em 2009 mais cinco causas em 2010, mesmo que as antigas (de 2009) não
tenham se encerrado, totalizando 10 causas em andamento. Somos por esta última interpreta-
ção, principalmente porque o legislador parece ter sido bem claro quando determinou que a
habitualidade é aferida com mais de cinco causas por ano. Esse parece ter sido também o
entendimento do Conselho Federal da OAB quando decidiu no processo nº 0136/1997 (DJ
08.07.97) que “intervenção, para fins do art. 10, do Estatuto, é sempre a primeira, sendo irrele-
vante o acompanhamento nos anos subseqüentes”.
É de salientar, ainda, que nos casos de procurações conjuntas ou de substabelecimento
recebido com reserva de poderes, somente serão computadas as causas em que o advogado,
efetivamente, passar atuar, assinando petições, fazendo audiências, etc.
Outro aspecto relevante é acerca da expressão “intervenção judicial”, que consta no art.
10, § 2º, do Estatuto. Desse modo, não contam para fins de habitualidade as intervenções ex-
trajudiciais. O art. 1º, e seu § 2º, do Estatuto determinam que são atos privativos de advogado
a assessoria, consultoria e direção jurídicas, bem como o visto nos atos e contratos constituti-
vos de pessoas jurídicas para registro nos órgãos competentes. Assim, o advogado que tem
inscrição principal, por exemplo, no Conselho Seccional do Rio de Janeiro pode elaborar mais
de cinco - e muito mais - pareceres jurídicos na Bahia, sem a necessidade de fazer a inscrição
suplementar.
Também não se deve contar o acompanhamento de cartas precatórias em outro estado.
A carta precatória é um ato processual de comunicação, não exigindo do advogado inscrição
suplementar no Conselho Seccional, mesmo sendo superior a cinco. A respeito, já se manifes-
tou o Conselho Federal da OAB na mesma consulta supracitada (processo nº 0136/1997, DJ
08.07.97): “A defesa em processos administrativos, em inquéritos policiais, o visto em contratos
constitutivos de pessoas jurídicas, a impetração de habeas corpus e o simples cumprimento de
cartas precatórias não constituem intervenção judicial para os efeitos do art. 10, § 2º.”
Em relação aos recursos para tribunais localizados fora do Estado, Paulo Lôbo, em
“Comentários ao Estatuto da Advocacia e da OAB (página 110), diz que “não se entende, evi-
dentemente, no sentido de causa os recursos decorrentes e processados em tribunais localiza-
dos fora do território da sede principal”. E completa o assunto: “A instalação ou participação em
escritórios de advocacia ou vínculo permanente a setor jurídico de empresa ou entidade públi-
ca fazem presumir a habitualidade da profissão, deixando de ser eventual”. Na primeira parte, é
o caso dos recursos para o STJ, STF, TST, TSE, STM ou TRF, quando sediados fora do local
de inscrição do advogado, não se exigindo outra inscrição.

c) Inscrição por transferência


A inscrição por transferência deve ser feita pelo advogado quando houver mudança efe-
tiva de seu domicílio profissional para outra unidade federativa.
Difere-se da inscrição suplementar, porque nesta o advogado permanece com a inscri-
ção principal. Com a transferência da inscrição, a principal é cancelada.
Por determinação do art. 10, § 4º, do Estatuto, o Conselho Seccional deve suspender o
pedido de inscrição suplementar ou de transferência ao verificar a existência de vício ou ilegali-
dade na inscrição principal, representando contra ela ao Conselho Federal.

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TEMA 14
SIGILO PROFISSIONAL

Este tema foi modificado com o advento do Novo CED da OAB. Assim, atente-se para
este relevante tópico, lendo os artigos abaixo.

Art. 35. O advogado tem o dever de guardar sigilo dos fatos de que tome conhecimento
no exercício da profissão.
Parágrafo único. O sigilo profissional abrange os fatos de que o advogado tenha tido
conhecimento em virtude de funções desempenhadas na Ordem dos Advogados do Brasil.

Art. 36. O sigilo profissional é de ordem pública, independendo de solicitação de reserva


que lhe seja feita pelo cliente.
§ 1º Presumem-se confidenciais as comunicações de qualquer natureza entre advogado
e cliente.
§ 2º O advogado, quando no exercício das funções de mediador, conciliador e árbitro, se
submete às regras de sigilo profissional.

Art. 37. O sigilo profissional cederá em face de circunstâncias excepcionais que configu-
rem justa causa, como nos casos de grave ameaça ao direito à vida e à honra ou que envol-
vam defesa própria.

Art. 38. O advogado não é obrigado a depor, em processo ou procedimento judicial, ad-
ministrativo ou arbitral, sobre fatos a cujo respeito deva guardar sigilo profissional.

TEMA 15
INSCRIÇÃO NA OAB

Os arts. 8º e 9º do Estatuto da Advocacia e da OAB trazem os requisitos necessários


para inscrição no quadro de advogados e de estagiários na OAB. Vejamos:

Art. 8º Para inscrição como advogado é necessário:


I - capacidade civil;
II - diploma ou certidão de graduação em direito, obtido em instituição de ensino oficial-
mente autorizada e credenciada;
III - título de eleitor e quitação do serviço militar, se brasileiro;
IV - aprovação em Exame de Ordem;
V - não exercer atividade incompatível com a advocacia;
VI - idoneidade moral;
VII - prestar compromisso perante o conselho.
§ 1º O Exame da Ordem é regulamentado em provimento do Conselho Federal da OAB.
§ 2º O estrangeiro ou brasileiro, quando não graduado em direito no Brasil, deve fazer
prova do título de graduação, obtido em instituição estrangeira, devidamente revalidado, além
de atender aos demais requisitos previstos neste artigo.
§ 3º A inidoneidade moral, suscitada por qualquer pessoa, deve ser declarada mediante
decisão que obtenha no mínimo dois terços dos votos de todos os membros do conselho com-
petente, em procedimento que observe os termos do processo disciplinar.

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§ 4º Não atende ao requisito de idoneidade moral aquele que tiver sido condenado por
crime infamante, salvo reabilitação judicial.

Art. 9º Para inscrição como estagiário é necessário:


I - preencher os requisitos mencionados nos incisos I, III, V, VI e VII do art. 8º;
II - ter sido admitido em estágio profissional de advocacia.
§ 1º O estágio profissional de advocacia, com duração de dois anos, realizado nos últi-
mos anos do curso jurídico, pode ser mantido pelas respectivas instituições de ensino superior
pelos Conselhos da OAB, ou por setores, órgãos jurídicos e escritórios de advocacia credenci-
ados pela OAB, sendo obrigatório o estudo deste Estatuto e do Código de Ética e Disciplina.
§ 2º A inscrição do estagiário é feita no Conselho Seccional em cujo território se localize
seu curso jurídico.
§ 3º O aluno de curso jurídico que exerça atividade incompatível com a advocacia pode
freqüentar o estágio ministrado pela respectiva instituição de ensino superior, para fins de
aprendizagem, vedada a inscrição na OAB.
§ 4º O estágio profissional poderá ser cumprido por bacharel em Direito que queira se
inscrever na Ordem.

TEMA 16
FINALIDADES DA OAB

O art. 44 do Estatuto trata das finalidades institucionais e corporativas da OAB.


Finalidades institucionais são aquelas cumpridas pela OAB externamente, ou seja, a OAB
como instituição vai agir com o objetivo de alterar ou preservar algo fora do seu corpo; finali-
dades corporativas são aquelas que a OAB cumpre internamente, de modo a mudar ou man-
ter algo dentro de si, relativamente aos seus quadros de advogados e de estagiários. Vejamos:

Finalidades institucionais:
a) defender a Constituição, a ordem jurídica do Estado Democrático de Direito, os direi-
tos humanos e a justiça social;
b) pugnar pela boa aplicação das leis, pela rápida administração da justiça e pelo aper-
feiçoamento da cultura e das instituições jurídicas.

Finalidades corporativas:
a) promover, com exclusividade, a representação, a defesa, a seleção e a disciplina em
toda a República Federativa do Brasil.

O art. 11 do Regulamento Geral determina que “compete ao sindicato de advogados e,


na sua falta, à federação ou confederação de advogados, a representação destes nas conven-
ções coletivas celebradas com as entidades sindicais representativas dos empregadores, nos
acordos coletivos celebrados com a empresa empregadora e nos dissídios coletivos perante a
Justiça do Trabalho, aplicáveis às relações de trabalho”, o que poderia ir de encontro ao dis-
posto no art. 44, II, do EAOAB (“promover, com exclusividade, a representação”). Se há exclu-
sividade da OAB, por que o Regulamento Geral diz competir ao sindicato? O Regulamento Ge-
ral está contrariando a Lei nº 8.906/94?
A resposta é simples: quando se tratar de assunto de interesse de toda a classe dos ad-
vogados, como por exemplo, se uma prerrogativa estiver sendo violada, a OAB (através de
seus órgãos) representará os advogados judicial e extrajudicialmente; mas, quando se tratar de

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assunto referente aos direitos dos advogados empregados (como no caso de violação ao salá-
rio mínimo do advogado empregado), essa representação ficará a cargo do sindicato ou, na
falta deste, da federação ou confederação dos advogados.

TEMA 17
CONSELHO FEDERAL

O Conselho Federal é o órgão supremo da OAB e tem sua sede na capital do país (Brasília).

Composição do Conselho Federal

O Conselho Federal é composto pelos conselheiros federais, conforme o disposto no art. 51 do EAOAB.

São conselheiros federais:


a) os integrantes das delegações de cada unidade federativa;
b) os ex-presidentes do próprio Conselho Federal.

Quanto ao primeiro grupo (integrantes das delegações de cada unidade federativa), cada Conselho Secci-
onal elegerá três advogados (conselheiros federais) para representá-lo no Conselho Federal. Esses conselheiros
federais são eleitos pelo voto direto dos advogados nas eleições que se realizam trienalmente nos Conselhos
Seccionais por meio de chapas. As chapas contêm os candidatos à Diretoria do Conselho Seccional (Presidente,
Vice-Presidente, Secretário Geral, Secretário Geral Adjunto e Tesoureiro), os conselheiros seccionais, a Diretoria
da Caixa de Assistência dos Advogados e a delegação de conselheiros federais.
Quando o Presidente do Conselho Federal, que é o Presidente Nacional da OAB, encerra o seu mandato,
passando a ser ex-presidente, ele continua sendo conselheiro federal, na qualidade de membro honorário vitalício.
Assim, há 81 conselheiros federais provenientes das delegações (já que no Brasil há 27 unidades federa-
tivas, contando com o Distrito Federal) mais os ex-presidentes.

Votação no Conselho Federal

Os votos no Conselho Federal são tomados por delegação. Cada delegação tem direito a um voto.
Sendo a delegação composta por três conselheiros federais, o voto será tomado por maioria (3x0 ou 2x1).
No caso de falta de um conselheiro, e na ausência de um suplente, esta delegação só poderá votar se os
dois que estiverem presente votarem no mesmo sentido. Caso contrário, haverá empate e o voto da delegação
não será computado (será inválido).
Os conselheiros federais integrantes das delegações não poderão exercer o direito de voto nas matérias
de interesse específico da unidade federativa que represente, podendo, no entanto, opinar sobre o assunto (art.
68, § 2º, do Regulamento Geral). Assim, por exemplo, se estiver sendo decidido se o Conselho Federal deve, ou
não, intervir no Conselho Seccional de São Paulo, os integrantes da delegação de São Paulo ficarão impedidos de
votar.
De acordo com art. 51, § 2º, do atual Estatuto da Advocacia, os ex-presidentes não têm mais direito a
voto, como se permitia no passado, por ocasião da Lei nº 4.215/63, tendo agora apenas direito de voz. Entretanto,
o art. 81 da Lei nº 8.906/94 determinou que não se aplica essa restrição de direito de voto aos que tenham assu-
mido originariamente o cargo de Presidente do Conselho Federal até a data da publicação desta lei (05 de julho
de 1994), ficando assegurados o pleno direito de voz e voto em suas sessões, ou nas palavras do art. 77, § 2º, do
Regulamento Geral: “Os ex-Presidentes empossados antes de julho de 1994, têm direito de voto equivalente ao
de uma delegação, em todas as matérias, exceto na eleição dos membros da Diretoria do Conselho Federal.”

Atribuições do Presidente do Conselho Federal

O Presidente deste órgão tem apenas o voto de qualidade (voto de minerva, voto de desempate), compe-
tindo-lhe exercer a representação nacional e internacional da OAB, convocar o Conselho Federal, presidi-lo, re-
presentá-lo, ativa e passivamente, em juízo ou fora dele, promover-lhe a administração patrimonial e ainda dar
execução às suas decisões.

Diretoria do Conselho Federal

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Todos os órgãos da OAB possuem uma diretoria. A Diretoria do Conselho Federal é composta pelo Presi-
dente, Vice-Presidente, Secretário Geral, Secretário Geral Adjunto e Tesoureiro, sendo que, nas deliberações
deste Conselho, esses membros votam como membros de suas delegações, exceto quanto ao Presidente, que
somente lhe cabe o voto de desempate e o direito de embargar da decisão, se esta não for unânime.

Outras considerações

Os Presidentes dos Conselhos Seccionais, nas sessões do Conselho Federal, têm lugar reservado junto à
sua delegação e somente direito de voz, ou seja, não podem votar nas sessões do Conselho Federal.
O Presidente do Instituto dos Advogados Brasileiros e os agraciados com a Medalha Rui Barbosa podem
participar das sessões do Conselho Pleno do Conselho Federal com direito somente à voz (veja mais sobre Meda-
lha Rui Barbosa no item próprio mais abaixo).
Apesar de o art. 50 do Estatuto possibilitar, para o cumprimento de suas finalidades, aos Presidentes dos
Conselhos da OAB e das Subseções a requisição de cópias de peças de autos ou de outros documentos a qual-
quer tribunal, magistrado, cartório e órgãos da Administração Pública, o Supremo Tribunal Federal, na Ação Direta
de Inconstitucionalidade nº 1.127-8, deu interpretação a este dispositivo, sem redução do texto, para fazer enten-
der a palavra requisitar como dependente de motivação, compatibilização com as finalidades da lei e atendimento
de custos, ficando, ressalvados, os documentos sigilosos.

Competências do Conselho Federal

As competências do Conselho Federal estão arroladas no art. 54 do Estatuto da Advocacia, sendo elas:
a) dar cumprimento efetivo às finalidades da OAB;
O art. 44 do Estatuto define as finalidades institucionais e corporativas da OAB. Dessa forma, é através de
seus órgãos que elas serão efetivadas.

b) representar, em juízo ou fora dele, os interesses coletivos ou individuais dos advogados;


Essa competência também é em cumprimento às finalidades da OAB (art. 44, II, EAOAB).

c) velar pela dignidade, independência, prerrogativas e valorização da advocacia;

d) representar, com exclusividade, os advogados brasileiros nos órgãos e eventos internacionais


da advocacia;
Pelo EAOAB, esta competência é do Conselho Federal. Porém, o Regulamento Geral, no art. 80, parágra-
fo único, determina que os Conselhos Seccionais podem representar a OAB em geral ou os advogados brasileiros
em eventos internacionais ou no exterior, quando autorizados pelo Presidente Nacional da OAB, que é o Presi-
dente do Conselho Federal.

e) editar e alterar o Regulamento Geral, o Código de Ética e Disciplina, e os Provimentos que julgar
necessários;
O Regulamente Geral e o Código de Ética e Disciplina não são leis em sentido material. São atos normati-
vos criados pelo Conselho Federal da OAB. Se este Conselho pode criá-los, também pode alterá-los.

f) adotar medidas para assegurar o regular funcionamento dos Conselhos Seccionais;


Sendo o Conselho Federal o órgão supremo da OAB, com “jurisdição” em todo o território nacional, com-
pete-lhe assegurar o regular funcionamento dos Conselhos Seccionais, localizados nos Estados-membros e no
Distrito Federal.

g) intervir no Conselho Seccional, onde e quando constatar grave violação desta lei ou do Regula-
mento Geral;
Essa intervenção depende de prévia aprovação por 2/3 (dois terços) das delegações, sendo garantido o
amplo direito de defesa do Conselho Seccional respectivo, nomeando-se diretoria provisória para o prazo que se
fixar.

h) cassar ou modificar, de ofício ou mediante representação, qualquer ato, de órgão ou autoridade


da OAB, contrário à presente lei, ao Regulamento Geral, ao Código de Ética e Disciplina e aos Provimen-
tos, ouvida a autoridade ou o órgão em causa;
O Conselho Federal é guardião da legislação da advocacia e da OAB.

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i) julgar, em grau de recurso, as questões decididas pelos Conselhos Seccionais nos casos previs-
tos neste Estatuto e no Regulamento Geral;
O Conselho Federal, órgão supremo da OAB, tem competência para julgar em última instância os recur-
sos na Ordem.
j) dispor sobre a identificação dos inscritos na OAB e sobre os respectivos símbolos privativos;
Para que haja uniformidade, o Conselho Federal é o órgão responsável pela identificação dos inscritos na
OAB e pelos símbolos privativos da advocacia.

k) apreciar o relatório anual e deliberar sobre o balanço e as contas de sua diretoria;

l) homologar ou mandar suprir relatório anual, o balanço e as contas dos Conselhos seccionais;

m) elaborar as listas constitucionalmente previstas, para o preenchimento dos cargos nos tribu-
nais judiciários de âmbito nacional ou interestadual, com advogados que estejam em pleno exercício da
profissão, vedada a inclusão de nome de membro do próprio Conselho ou de outro órgão da OAB;
É competência do Conselho Federal elaborar a lista sêxtupla quando a destinação for para os tribunais de
abrangência nacional ou interestadual, ou seja, o Superior Tribunal de Justiça, o Tribunal Superior do Trabalho ou
os tribunais federais cuja competência territorial alcance mais de um estado. Sendo tribunal estadual, a compe-
tência passa a ser dos Conselhos Seccionais.
A proibição para a inclusão de membros do próprio Conselho Federal ou de outro órgão da OAB é justa e
ética, já que são os conselheiros que irão escolher os seis indicados para o Tribunal Judiciário, evitando-se assim
que possa haver qualquer privilégio ou tráfico de influência.

n) ajuizar ação direta de inconstitucionalidade de normas legais e atos normativos, ação civil pú-
blica, mandado de segurança coletivo, mandado de injunção e demais ações cuja legitimação lhe seja
outorgada por lei;
O Estatuto da Advocacia e da OAB entrou em vigor no ano de 1994, quando a Constituição Federal arro-
lava no art. 103 as pessoas legitimadas a propor a Ação Direta de Inconstitucionalidade (ADI) e, no art. 105, aque-
las com legitimidade para propor a Ação Declaratória de Constitucionalidade (ADC). Acontece que, por ocasião da
Emenda Constitucional nº 45/2004, que trouxe a reforma do Judiciário, passou a ser determinado no art. 103 que
as mesmas pessoas legitimadas a propor a ADI, agora, também podem propor a ADC, e o Conselho Federal da
OAB lá está.
A Lei nº 9.882/99, no art. 2º, I, prevê que os legitimados para a Ação Direta de Inconstitucionalidade têm
competência para propor Ação de Descumprimento de Preceito Fundamental, razão pela qual a OAB também
pode propor a ADPF.

o) colaborar com o aperfeiçoamento dos cursos jurídicos, e opinar, previamente, nos pedidos
apresentados aos órgãos competentes para criação, reconhecimento ou credenciamento desses cursos;
Também em cumprimento às finalidades da OAB (art. 44, EAOAB), o Conselho Federal desempenha o
relevante papel de opinar, antecipadamente, nos pedidos de criação, reconhecimento e credenciamento dos cur-
sos jurídicos nos órgãos competentes.

p) autorizar, pela maioria absoluta das delegações, a oneração ou alienação de seus bens imóveis;
Atente-se para o quorum exigido neste inciso: maioria absoluta.

q) participar de concursos públicos, nos casos previstos na Constituição e na lei, em todas as su-
as fases, quando tiverem abrangência nacional ou interestadual;
Deve a OAB, através do Conselho Federal, participar de forma efetiva nos concursos públicos de âmbito
nacional ou interestadual, quando houver previsão na Constituição Federal e nas leis, como, por exemplo, nos
concursos públicos para o ingresso na Magistratura, no Ministério Público e na Advocacia Geral da União.
Quando os concursos não tiverem abrangência nacional ou interestadual, a competência será dos Conse-
lhos Seccionais (art. 58, X, EAOAB).

r) resolver os casos omissos neste Estatuto.

TEMA 18

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DIREITOS DA ADVOGADA

Este tema foi inserido no Estatuto no ano de 2016 com o art. 7º-A, abaixo transcrito.

Art. 7º-A. São direitos da advogada:


I - gestante:
a) entrada em tribunais sem ser submetida a detectores de metais e aparelhos de raios
X;
b) reserva de vaga em garagens dos fóruns dos tribunais;
II - lactante, adotante ou que der à luz, acesso a creche, onde houver, ou a local ade-
quado ao atendimento das necessidades do bebê;
III - gestante, lactante, adotante ou que der à luz, preferência na ordem das sustenta-
ções orais e das audiências a serem realizadas a cada dia, mediante comprovação de sua
condição;
IV - adotante ou que der à luz, suspensão de prazos processuais quando for a única pa-
trona da causa, desde que haja notificação por escrito ao cliente.
§ 1º Os direitos previstos à advogada gestante ou lactante aplicam-se enquanto perdu-
rar, respectivamente, o estado gravídico ou o período de amamentação.
§ 2º Os direitos assegurados nos incisos II e III deste artigo à advogada adotante ou
que der à luz serão concedidos pelo prazo previsto no art. 392 do Decreto-Lei nº 5.452, de
1º de maio de 1943 (Consolidação das Leis do Trabalho).
§ 3º O direito assegurado no inciso IV deste artigo à advogada adotante ou que der à luz
será concedido pelo prazo previsto no § 6º do art. 313 da Lei nº 13.105, de 16 de março de
2015 (Código de Processo Civil).

Este art. 7º-A foi acrescentado no EAOAB pela Lei 13.363/16.

Os artigos referidos nos parágrafos 2º e 3º deste art. 7º - A estão transcritos abaixo:

Art. 392 da CLT. A empregada gestante tem direito à licença-maternidade de 120 (cento
e vinte) dias, sem prejuízo do emprego e do salário.

Art. 313, § 6º, do CPC: (...) o período de suspensão será de 30 (trinta) dias, contado a
partir da data do parto ou da concessão da adoção, mediante apresentação de certidão de
nascimento ou documento similar que comprove a realização do parto, ou de termo judicial que
tenha concedido a adoção, desde que haja notificação ao cliente.

TEMA 19
DO ADVOGADO EMPREGADO

O advogado empregado é tratado nos arts. 18 ao 21 do EAOAB. Para esgotarmos o assun-


to, vamos ler os artigos abaixo:

Art. 18. A relação de emprego, na qualidade de advogado, não retira a isenção técnica
nem reduz a independência profissional inerentes à advocacia.
Parágrafo único. O advogado empregado não está obrigado à prestação de serviços
profissionais de interesse pessoal dos empregadores, fora da relação de emprego.

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Art. 19. O salário mínimo profissional do advogado será fixado em sentença normativa,
salvo se ajustado em acordo ou convenção coletiva de trabalho.

Art. 20. A jornada de trabalho do advogado empregado, no exercício da profissão, não


poderá exceder a duração diária de quatro horas contínuas e a de vinte horas semanais, salvo
acordo ou convenção coletiva ou em caso de dedicação exclusiva.
§ 1º Para efeitos deste artigo, considera-se como período de trabalho o tempo em que o
advogado estiver à disposição do empregador, aguardando ou executando ordens, no seu es-
critório ou em atividades externas, sendo-lhe reembolsadas as despesas feitas com transporte,
hospedagem e alimentação.
§ 2º As horas trabalhadas que excederem a jornada normal são remuneradas por um
adicional não inferior a cem por cento sobre o valor da hora normal, mesmo havendo contrato
escrito.
§ 3º As horas trabalhadas no período das vinte horas de um dia até as cinco horas do
dia seguinte são remuneradas como noturnas, acrescidas do adicional de vinte e cinco por cen-
to.

Art. 21. Nas causas em que for parte o empregador, ou pessoa por este representada,
os honorários de sucumbência são devidos aos advogados empregados.
Parágrafo único. Os honorários de sucumbência, percebidos por advogado empregado
de sociedade de advogados são partilhados entre ele e a empregadora, na forma estabelecida
em acordo.

TEMA 20
ORGANIZAÇÃO DA OAB

A OAB não mantém com órgãos da Administração Pública qualquer vínculo funcional ou
hierárquico.

O uso da sigla OAB é privativo da Ordem dos Advogados do Brasil.

Nos termos do art. 45 do EAOAB, são órgãos da OAB:


I - o Conselho Federal;
II - os Conselhos Seccionais;
III - as Subseções;
IV - as Caixas de Assistência dos Advogados.

O Conselho Federal, dotado de personalidade jurídica própria, com sede na capital da


República, é o órgão supremo da OAB.
Os Conselhos Seccionais, dotados de personalidade jurídica própria, têm jurisdição so-
bre os respectivos territórios dos Estados-membros, do Distrito Federal e dos Territórios.
As Subseções são partes autônomas do Conselho Seccional, na forma desta lei e de
seu ato constitutivo. Esse é o único órgão da OAB que não tem personalidade jurídica
própria.
As Caixas de Assistência dos Advogados, dotadas de personalidade jurídica própria, são
criadas pelos Conselhos Seccionais, quando estes contarem com mais de mil e quinhentos
inscritos.

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Outro ponto importante neste tópico é que a OAB, por constituir serviço público, goza de
imunidade tributária total em relação a seus bens, rendas e serviços.

TEMA 21
QUINTO CONSTITUCIONAL

Um quinto das vagas nos tribunais se destinam a membros da advocacia e do MP.

Assim, quando surge uma vaga de desembargador a ser preenchida por advogado, a
OAB divulga e os advogados com mais de 10 anos de efetiva atividade de advocacia, notório
saber jurídico e conduta ilibada , poderão se candidatar.

O advogado não pode exercer cargo ou função na OAB para concorrer.

A OAB escolhe 6 desta lista e envia ao Tribunal respectivo, que faz uma lista tríplice,
enviando ao Chefe do Executivo, que, por sua vez , escolhe o novo desembargador.

Sendo o escolhido, o advogado deverá cancelar sua inscrição na OAB, nos termos do
art. 28,II, e art. 11, IV, do EAOAB.

TEMA 22
ELEIÇÕES E MANDATOS NA OAB

As eleições na OAB são realizadas trienalmente. Assim, todos os mandatos na OAB têm a duração de
três anos.
As eleições dos membros de todos os órgãos da OAB se realizam na segunda quinzena do mês de no-
vembro do último ano do mandato, mediante cédula única e votação direta dos advogados regularmente inscritos.
O voto é obrigatório para todos os advogados, sob pena de multa equivalente a 20 % (vinte por cento) do
valor da anuidade, a não ser que a ausência seja justificada por escrito. Os estagiários não votam.
O advogado que tem inscrição suplementar pode exercer opção de voto, comunicando ao Conselho Sec-
cional no qual tem inscrição principal.
É vedada a votação em trânsito, ou seja, votar, por exemplo, no local mais perto do seu escritório, da sua
residência ou na comarca onde o profissional for participar de uma audiência. Para isso, a OAB designa ao advo-
gado o local onde deve votar.

O candidato a membro da OAB deve fazer prova dos seguintes requisitos, a saber:
a) ser advogado regularmente inscrito no respectivo Conselho Seccional (com inscrição principal ou su-
plementar);
b) estar em dia com as anuidades;
c) não ocupar cargos ou funções incompatíveis com a advocacia (art.28, EAOAB) em caráter permanente
ou temporário;
d) não ocupar cargos ou funções dos quais possa ser exonerável ad nutum (mesmo que compatíveis com
a advocacia);
e) não ter sido condenado por qualquer infração disciplinar por decisão transitada em julgado, salvo de
estiver reabilitado pela OAB;
f) exercer efetivamente a profissão há mais de cinco anos (não se conta o período de estagiário);
g) não estar em débito com a prestação de contas ao Conselho Federal, caso seja dirigente do Conselho
Seccional.

A chapa para o Conselho Seccional é composta dos candidatos à Diretoria (Presidente, Vice-Presidente,
Secretário Geral, Secretário Geral Adjunto e Tesoureiro) e ao Conselho (conselheiros seccionais), à delegação do
Conselho Federal e à Diretoria da Caixa de Assistência dos Advogados.
A eleição é conjunta e consideram-se eleitos os candidatos integrantes da chapa que obtiver a maioria dos
votos válidos (art. 64, EAOAB).

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A chapa para a Subseção é composta com os candidatos à sua Diretoria e ao Conselho da Subseção,
quando houver.
Os mandatos na OAB têm início em 1º de janeiro do ano seguinte ao da eleição para os todos os órgãos
da OAB, com exceção para o Conselho Federal (os conselheiros federais eleitos na chapa iniciam os seus man-
datos no dia 1º de fevereiro do ano seguinte ao da eleição).

Ocorre a extinção do mandato, automaticamente, antes de seu término, quando:


a) ocorrer qualquer hipótese de cancelamento da inscrição ou de licença do advogado;
b) o titular sofrer condenação disciplinar na OAB;
c) o titular faltar, sem motivo justificado, a três reuniões ordinárias consecutivas de cada órgão deliberativo
do Conselho, da Diretoria da Subseção ou da Caixa de Assistência dos Advogados, não podendo ser reconduzido
no mesmo período de mandado.
Nos casos de extinção de qualquer mandato na OAB, resultante das hipóteses supracitadas, caberá ao
Conselho Seccional escolher o substituto, no caso de não haver suplentes (art. 66, parágrafo único, do EAOAB).
Conforme acima comentado, a votação será de forma direta nos Conselhos Seccionais, sendo na modalidade
indireta para a escolha da Diretoria do Conselho Federal.

Dispõe o art. 67 do EAOAB que:


“A eleição da Diretoria do Conselho Federal, que tomará posse no dia primeiro de fevereiro, obedecerá às
seguintes regras:
I – será admitido o registro, junto ao Conselho Federal, de candidaturas à presidência, desde 6 (seis) me-
ses até 1 (um) mês antes da eleição;
II – o requerimento de registro deverá vir acompanhado do apoio de, no mínimo, 6 (seis) Conselhos Sec-
cionais;
III – até 1 (um) mês antes das eleições, deverá ser requerido o registro da chapa completa, sob pena de
cancelamento da candidatura respectiva;
IV – no dia 31 de janeiro do ano seguinte ao da eleição, o Conselheiro Federal elegerá, em reunião presi-
dida pelo conselheiro mais antigo, por voto secreto e para mandato de 3 (três) anos, sua diretoria, que tomará
posse no dia seguinte;
V – será considerada eleita a chapa que obtiver maioria simples dos votos dos Conselheiros Federais,
presente a metade mais 1 (um) de seus membros.”

Com exceção do candidato à Presidente do Conselho Federal, os demais integrantes da deverão ser con-
selheiros federais eleitos.

TEMA 23
CONFERÊNCIA NACIONAL DA ADVOCACIA BRASILEIRA

A Conferência Nacional da Advocacia Brasileira é órgão de consulta máximo do Conse-


lho Federal da OAB, tendo por objetivo o estudo e o debate das questões e dos problemas que
digam respeito às finalidades da OAB (art. 44 do EAOAB) e ao congraçamento dos advogados.
Há também as Conferências da Advocacia Estaduais e a Distrital, que são órgãos con-
sultivos dos Conselhos Seccionais.
As Conferências dos Advogados (a Nacional, as Estaduais e a Distrital) se reúnem de
três em três anos, no segundo ano do mandato. A data, o local e o tema central serão decidi-
dos no primeiro ano do mandato do Conselho Federal ou do Conselho Seccional.
As conclusões das Conferências possuem caráter de mera recomendação aos respecti-
vos Conselhos, não tendo, portanto, caráter vinculante.

Membros das Conferências

De acordo com o art. 146 do Regulamento Geral, as Conferências são formadas por
membros efetivos e membros convidados.

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São membros efetivos os Conselheiros e os Presidentes dos órgãos da OAB que este-
jam presentes, os advogados e estagiários inscritos na Conferência. Todos esses têm direito
de voto.
Os membros convidados são aqueles a quem a Comissão Organizadora conceder essa
qualidade. Os convidados somente terão direito de voto, se forem advogados.
Os convidados, expositores e membros dos órgãos da OAB têm identificação especial
durante o funcionamento da Conferência.
O art. 146, § 2º, do Regulamento Geral menciona a existência de membros ouvintes,
que são os estudantes de Direito, mesmo inscritos como estagiários na OAB, os quais escolhe-
rão um porta-voz entre os presentes em cada sessão da Conferência.

Da Comissão Organizadora e dos trabalhos da Conferência

A direção da Conferência ficará por conta de uma Comissão Organizadora, designada


pelo Presidente do Conselho, que será por ele presidida e integrada pelos membros da Direto-
ria e outros convidados.
Cabe à Comissão Organizadora definir a distribuição do temário, os nomes dos exposi-
tores, a programação dos trabalhos, os serviços de apoio e infra-estrutura e o regimento inter-
no da Conferência dos Advogados.
A Comissão Organizadora é representada pelo Presidente, tendo estes poderes para
cumprir a programação estabelecida e decidir as questões ocorrentes e os casos omissos.
Os trabalhos da Conferência são desenvolvidos sem sessões plenárias, painéis ou ou-
tros modos de exposição ou atuação dos participantes.
As sessões plenárias são dirigidas por um Presidente e um relator, escolhidos pela Co-
missão Organizadora. Quando as sessões se desenvolverem em forma de painéis, os exposi-
tores ocupam a metade do tempo total, sendo a outra parte destinada para os debates e para a
votação de propostas ou conclusões dos participantes. É facultado aos expositores submeter
as suas conclusões à aprovação dos participantes.

TEMA 24
REABILITAÇÃO (ART. 41 DO EAOAB)

O ordenamento jurídico pátrio não admite efeitos perpétuos de nenhuma punição. A par
disso, o Estatuto da Advocacia permite ao que tenha sofrido qualquer sanção disciplinar reque-
rer, um ano após o seu cumprimento, a reabilitação, diante de provas efetivas de bom compor-
tamento. Porém, quando a sanção disciplinar resultar da prática de crime, o pedido de reabili-
tação na OAB dependerá também da correspondente reabilitação criminal (arts. 93 a 95 do
Código Penal).

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