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SUMÁRIO
1. NOÇÕES PRELIMINARES ................................................................................................................................ 4
2. CONCEITO DE TRIBUTO ................................................................................................................................. 4
3. COMPETÊNCIA TRIBUTÁRIA .......................................................................................................................... 8
3.1 COMPETÊNCIA PRIVATIVA ................................................................................................................... 10
3.2 COMPETÊNCIA RESIDUAL ..................................................................................................................... 10
3.3. COMPETÊNCIA COMUM ..................................................................................................................... 10
3.4 COMPETÊNCIA EXTRAORDINÁRIA ....................................................................................................... 10
4. ESPÉCIES DE TRIBUTOS ................................................................................................................................ 10
4.1 IMPOSTOS ............................................................................................................................................ 11
4.1.1 IMPOSTOS RESIDUAIS .................................................................................................................. 12
4.1.2 IMPOSTO EXTRAORDINÁRIO DE GUERRA ................................................................................... 12
4.2 TAXAS ................................................................................................................................................... 13
4.3 CONTRIBUIÇÃO DE MELHORIA ............................................................................................................ 18
4.4. EMPRÉSTIMO COMPULSÓRIO ............................................................................................................ 20
4.5 CONTRIBUIÇÕES SOCIAIS, ECONÔMICAS E CORPORATIVAS .............................................................. 22
5. OUTRAS CLASSIFICAÇÕES ............................................................................................................................ 28
DISPOSITIVOS PARA CICLOS DE LEGISLAÇÃO ................................................................................................. 32
BIBLIOGRAFIA UTILIZADA ............................................................................................................................... 32
ATUALIZADO EM 03/01/20201
SISTEMA TRIBUTÁRIO NACIONAL
1. Noções preliminares
A disciplina jurídica dos tributos, antes compreendida pelo direito financeiro, constitui hoje um campo
específico da ciência jurídica.
Dado o extraordinário desenvolvimento do direito dos tributos, ganhou autonomia o conjunto de
princípios e regras que disciplinam essa parcela da atividade financeira do Estado, podendo falar hoje em um
ramo autônomo da ciência jurídica, apartado do direito financeiro. Essa divisão é evidenciada pela própria
organização da nossa Constituição Federal (Título VI “Da Tributação e do Orçamento”).
Assim, diz‐se que o direito tributário é a disciplina jurídica dos tributos, compreendendo todo o
conjunto de princípios e normas reguladores da criação, fiscalização e arrecadação das prestações de natureza
tributária.
Além das regras previstas no próprio Texto Constitucional, as normas gerais sobre Direito Tributário
estão na Lei n. 5.172/66, o Código Tributário Nacional.
O CTN é formalmente uma lei ordinária, mas com a entrada em vigor da Constituição Federal de 1988,
as normas gerais sobre Direito Tributário passaram a sujeitar‐se a uma reserva de lei complementar. Por isso, o
CTN foi recepcionado pela nova ordem constitucional como lei complementar.
Art. 146. Cabe à lei complementar:
III ‐ estabelecer normas gerais em matéria de legislação tributária, especialmente sobre:
2. Conceito de tributo
1
As FUCS são constantemente atualizadas e aperfeiçoadas pela nossa equipe. Por isso, mantemos um canal aberto de
diálogo (setordematerialciclos@gmail.com) com os alunos da #famíliaciclos, onde críticas, sugestões e equívocos,
porventura identificados no material, são muito bem‐vindos. Obs1. Solicitamos que o e‐mail enviado contenha o título do
material e o número da página para melhor identificação do assunto tratado. Obs2. O canal não se destina a tirar dúvidas
jurídicas acerca do conteúdo abordado nos materiais, mas tão somente para que o aluno reporte à equipe quaisquer dos
eventos anteriormente citados.
O artigo 3º do Código Tribunal Nacional nos apresenta o conceito mais completo de tributo, definindo‐
o como “toda prestação pecuniária compulsória, em moeda ou cujo valor nela se possa exprimir, que não
constitua sanção de ato ilícito, instituída em lei e cobrada mediante atividade administrativa plenamente
vinculada.”
A doutrina destrincha esse conceito para analisar cada um de seus elementos da seguinte forma:
a) Prestação pecuniária: significa afirmar que o tributo corresponde a um pagamento em moeda pelo
contribuinte, não entrando nesse conceito o pagamento in natura ou mediante a prestação de serviços (in
labore). Embora o art. 3º se refira a essa característica, a Lei Complementar 104 de 2001 alterou o art. 156 do
Código Tributário Nacional para incluir como causa de extinção do crédito tributário a dação em pagamento,
que corresponde à entrega, pelo contribuinte, de bens imóveis no lugar da prestação devida via tributo. Além
disso, é preciso ressaltar que o CTN admite o pagamento do tributo em cheque (art. 162, inciso I).
Art. 162. O pagamento é efetuado:
I ‐ em moeda corrente, cheque ou vale postal;
II ‐ nos casos previstos em lei, em estampilha, em papel selado, ou por processo mecânico.
#ATENÇÃO: Conforme ensina a doutrina, a dação em pagamento é admitida como forma de extinção do crédito
tributário desde que preenchidas três condições: a) existência de lei específica autorizando; b) haja manifesto
interesse do fisco no bem; c) o bem oferecido seja imóvel. Não é possível a dação em pagamento de bens
móveis porque isto representaria uma violação aos princípios constitucionais da isonomia e necessidade prévia
de licitação.
#DEOLHONAJURIS: O Tribunal julgou procedente pedido formulado em ação direta ajuizada pelo Governador
do Distrito Federal para declarar a inconstitucionalidade da Lei distrital 1.624/97, que dispõe sobre o pagamento
de débitos das microempresas, das empresas de pequeno porte e das médias empresas, mediante dação em
pagamento de materiais destinados a atender a programas de Governo do Distrito Federal. Entendeu‐se que a
norma impugnada viola o art. 37, XXI, da CF, porquanto afasta a incidência do processo licitatório, por ele
exigido, para aquisição de materiais pela Administração Pública, bem como o art. 146, III, da CF, que prevê caber
à lei complementar o estabelecimento de normas gerais em matéria de legislação tributária, eis que cria nova
causa de extinção de crédito tributário. ADIn 1.917/DF, rel. Min. Ricardo Lewandowski, 26‐4‐2007.
b) Prestação compulsória: o caráter obrigatório dos tributos possui fundamento no princípio da
legalidade (insculpido no art. 5º, II, da Constituição Federal), e na supremacia do interesse público – que orienta
e limita a atuação estatal nos ramos do Direito Público brasileiro. O contribuinte, enquanto tal, não pode optar
por não pagar o tributo (essa situação somente pode advir de ato de vontade estatal, manifestado pelos meios
legais adequados – ex.: isenção).
c) Prestação que não constitui sanção de ato ilícito: tributo não é a mesma coisa que multa. O dever
de pagar tributo surge da realização de um ato conforme ao direito (fato gerador), ao passo que a obrigação
de pagar uma multa nasce como resposta do ordenamento jurídico à prática de um ato ilícito (infração). Disso
decorre que é proibido ao Poder Público valer‐se das chamadas sanções políticas para impor o pagamento de
obrigação tributária.
#DEOLHONAJURIS: Supremo Tribunal Federal, tendo presentes os postulados constitucionais que asseguram a
livre prática de atividades econômicas lícitas, de um lado, e a liberdade de exercício profissional, de outro – e
considerando, ainda, que o Poder Público dispõe de meios legítimos que lhe permitem tornar efetivos os
créditos tributários ‐, firmou orientação jurisprudencial, hoje consubstanciada em enunciados sumulares, no
sentido de que a imposição, pela autoridade fiscal, de restrições de índole punitiva, quando motivadas tais
limitações pela mera inadimplência do contribuinte, revela‐se contrária às liberdades públicas ora referidas. O
Estado não pode valer‐se de meios indiretos de coerção, convertendo‐os em instrumentos de acertamento da
relação tributária, para, em função deles – e mediante interdição ou grave restrição ao exercício da atividade
empresarial, econômica ou profissional –, constranger o contribuinte a adimplir obrigações fiscais
eventualmente em atraso. Exemplo de sanção tributária claramente desproporcional em sentido estrito é a
interdição de estabelecimento comercial ou industrial motivada pela impontualidade do sujeito passivo
tributário relativamente ao cumprimento de seus deveres tributários. Embora contumaz devedor tributário, um
sujeito passivo jamais pode ver aniquilado completamente o seu direito à livre iniciativa em razão do
descumprimento do dever de recolher os tributos por ele devidos aos cofres públicos. O Estado deve responder
à impontualidade do sujeito passivo com o lançamento e a execução céleres dos tributos que entende devidos,
jamais com o fechamento da unidade econômica. RE 550.769/RJ.
O Estado não pode adotar sanções políticas para constranger o contribuinte ao pagamento de tributos em
atraso. STJ. 1ª Turma. RMS 53.989‐SE, Rel. Min. Gurgel de Faria, julgado em 17/04/2018 (Info 626).
Por outro lado, e é preciso que não se confunda, o Poder Público pode se valer de instrumentos
tributários com efeito sancionatório (não são sanções políticas, portanto) para estimular ou desestimular
determinado comportamento do contribuinte. Exemplo bastante comum adotado pelo Fisco é a tributação
progressiva sancionatória, manifestação própria de uma característica de alguns tributos: a extrafiscalidade.
Art. 153, CF. Compete à União instituir impostos sobre:
VI ‐ propriedade territorial rural;
§ 4º O imposto previsto no inciso VI do caput:
I ‐ será progressivo e terá suas alíquotas fixadas de forma a desestimular a manutenção de propriedades
improdutivas;
Art. 182, CF. § 4º É facultado ao Poder Público municipal, mediante lei específica para área incluída no plano
diretor, exigir, nos termos da lei federal, do proprietário do solo urbano não edificado, subutilizado ou não
utilizado, que promova seu adequado aproveitamento, sob pena, sucessivamente, de:
II ‐ imposto sobre a propriedade predial e territorial urbana progressivo no tempo;
d) Prestação instituída por lei: tal característica está intimamente ligada ao caráter compulsório do
tributo. Somente a ordem legal pode impor o pagamento de tributos, de maneira que a vontade dos particulares
é inócua frente ao poder de império do Estado. O princípio da legalidade tributária exige que todos os aspectos
da hipótese de incidência tributária (aspectos pessoal, material, territorial, temporal e quantitativo) estejam
definidos em lei. Somente após a definição legal desses cinco aspectos considera‐se instituído o tributo.
Art. 114, CTN. Fato gerador da obrigação principal é a situação definida em lei como necessária e suficiente à
sua ocorrência.
e) Prestação cobrada mediante atividade administrativa plenamente vinculada: significa afirmar que
a atividade Estatal, prestada mediante seus servidores e membros, que visa a cobrança e arrecadação aos cofres
públicos, não é uma escolha discricionária. E essa atividade administrativa plenamente vinculada a que se
refere o art. 3º do CTN corresponde exatamente ao LANÇAMENTO do tributo.
Art. 142. Compete privativamente à autoridade administrativa constituir o crédito tributário pelo lançamento,
assim entendido o procedimento administrativo tendente a verificar a ocorrência do fato gerador da obrigação
correspondente, determinar a matéria tributável, calcular o montante do tributo devido, identificar o sujeito
passivo e, sendo caso, propor a aplicação da penalidade cabível.
Parágrafo único. A atividade administrativa de lançamento é vinculada e obrigatória, sob pena de
responsabilidade funcional.
#OLHAOGANCHO: Qual a natureza jurídica da Compensação Financeira pela Exploração de Recursos Minerais
(CFEM)? A resposta ainda não está consolidada nem na jurisprudência, nem na doutrina. Certo é que a CFEM
não constitui tributo. Com previsão no art. 20, §1º, da CF, a CFEM consiste em um instrumento de
contraprestação pela exploração financeira de recursos minerais e riquezas do solo. Para a 1ª Turma do STJ, a
CFEM tem natureza jurídica de preço público (REsp 756.530/DF). Já a 2ª Turma do Supremo Tribunal Federal
vem se posicionando no sentido de que a exação seria uma simples “participação no resultado da exploração”
(RE 228.800/DF).
3. Competência tributária
Competência tributária é a aptidão para criar tributos. Todos os entes federativos – União, Estados,
Distrito Federal e Municípios – têm, dentro de certos limites, o poder de criar determinados tributos e definir
seu alcance, obedecidos os critérios de partilha de competência estabelecidos pela Constituição.
Sendo uma competência legislativa, a competência tributária é atribuída exclusivamente pela
Constituição Federal, inexistindo qualquer possibilidade de ser conferida ou modificada por leis, constituições
estaduais ou qualquer outro veículo normativo.
A Constituição Federal não cria tributos; ela outorga competência tributária, ou seja, atribui aptidão
para criar tributos.
Como regra, a lei ordinária é o veículo idôneo à criação ou instituição do tributo, e, por consequência,
à sua eventual modificação ou revogação (como regra). Por isso, a competência tributária implica a
competência para legislar, inovando o ordenamento jurídico, criando o tributo ou modificando sua expressão
qualitativa ou quantitativa, respeitados os limites fixados na Constituição.
A competência tributária é indelegável. Ao seu destinatário é dado não exercê‐la, ou fazê‐lo
parcialmente, mas não lhe é permitido transferir a competência. O princípio da indelegabilidade da competência
tributária está previsto no CTN:
Art. 7º A competência tributária é indelegável, salvo atribuição das funções de arrecadar ou fiscalizar tributos,
ou de executar leis, serviços, atos ou decisões administrativas em matéria tributária, conferida por uma pessoa
jurídica de direito público a outra, nos termos do § 3º do artigo 18 da Constituição.
§ 1º A atribuição compreende as garantias e os privilégios processuais que competem à pessoa jurídica de direito
público que a conferir.
§ 2º A atribuição pode ser revogada, a qualquer tempo, por ato unilateral da pessoa jurídica de direito público
que a tenha conferido.
§ 3º Não constitui delegação de competência o cometimento, a pessoas de direito privado, do encargo ou da
função de arrecadar tributos.
Como visto, a titularidade da competência tributária é exclusiva de pessoas jurídicas de direito
público integrantes da Administração Direta. Não se deve confundi‐la, no entanto, com a capacidade tributária
ativa, que corresponde à aptidão, de natureza administrativa, de cobrar ou arrecadar tributos aos cofres
públicos.
Embora a competência tributária seja indelegável, nada impede a delegação legal da capacidade
tributária ativa, e isso ocorre por meio da denominada parafiscalidade.2
#SELIGA: A parafiscalidade é, pois, a delegação, por meio de lei, da capacidade tributária ativa. Exemplo típico
é a arrecadação de contribuição pelos conselhos de fiscalização. Esse instituto, no entanto, não pode favorecer
empresas privadas voltadas à obtenção de lucro, porque seria uma forma de violar a isonomia e a livre
concorrência.
Além de indelegável, a competência tributária é:
a) Privativa: a competência atribuída a determinada entidade federativa exclui seu exercício pelas
demais pessoas políticas.
b) Facultativa: o legislador não está constitucionalmente obrigado a criar os tributos de sua
competência.
#ATENÇÃO: Parte da doutrina defende a inconstitucionalidade do art. 11 da Lei Complementar 101/2000, a Lei
de Responsabilidade Fiscal, o qual dispõe:
Art. 11. Constituem requisitos essenciais da responsabilidade na gestão fiscal a instituição, previsão e efetiva
arrecadação de todos os tributos da competência constitucional do ente da Federação.
2
Não confunda com a extrafiscalidade.
Parágrafo único. É vedada a realização de transferências voluntárias para o ente que não observe o disposto
no caput, no que se refere aos impostos.
c) Irrenunciável: a entidade federativa não pode abrir mão definitivamente de sua competência
tributária.
d) Imprescritível: a falta de uso não faz a competência tributária desaparecer nem ser transferida a
outra entidade.
Art. 8º, CTN. O não‐exercício da competência tributária não a defere a pessoa jurídica de direito público diversa
daquela a que a Constituição a tenha atribuído.
A doutrina costuma identificar quatro modalidades de competência tributária: privativa, residual,
comum e extraordinária.
3.1 Competência privativa
Atribuída com exclusividade a determinado ente político. Exemplo: o Imposto de Importação é de
competência privativa da União.
3.2 Competência residual
Atribuída à União para instituir, por lei complementar, impostos não previstos na Constituição
Federal e novas fontes de custeio da Seguridade Social.
3.3. Competência comum
Atribuída a todos os entes políticos. Exemplo: taxas e contribuições de melhoria.
3.4 Competência extraordinária
Conferida à União, no caso de guerra externa ou sua iminência, para instituição de impostos
extraordinários de guerra.
4. Espécies de tributos
A Constituição Federal atribui à lei complementar a função de conceituar tributo e suas espécies. O
Código Tributário Nacional, ainda na vigência da Constituição de 1946 e da Emenda 18/65, cuidou dessas
definições, com algumas deficiências.
Art. 146. Cabe à lei complementar:
III ‐ estabelecer normas gerais em matéria de legislação tributária, especialmente sobre:
a) definição de tributos e de suas espécies, bem como, em relação aos impostos discriminados nesta
Constituição, a dos respectivos fatos geradores, bases de cálculo e contribuintes;
A Constituição não se preocupou em definir as espécies de tributos nem em classificá‐las, limitando‐
se a indicar os impostos, as taxas, a contribuição de melhoria, os empréstimos compulsórios, as contribuições
sociais, as contribuições de intervenção no domínio econômico, a contribuição para custeio do regime
previdenciário e a contribuição para custeio do serviço de iluminação pública.
Sempre existiu grande controvérsia acerca de quantas espécies tributárias são admitidas no Direito
brasileiro. Muitas são as teorias, mas vamos nos ater às mais cobradas em provas (e, portanto, mais relevantes):
a teoria tripartite e a teoria quinquipartida.
A primeira, teoria tripartite (ou tricotômica), foi a adotada expressamente pelo CTN, que considera
como tributos apenas os impostos, as taxas e as contribuições de melhoria. Para essa teoria, os empréstimos
compulsórios e as contribuições especiais não configuram espécies autônomas de tributos, mas se encaixam
dentro da classificação já existente (ou são taxas, ou impostos, ou contribuições de melhoria). Essa, porém, é a
concepção minoritária.
A segunda, a teoria pentapartida (ou quinária), é a teoria adotada pelo Supremo Tribunal Federal (RE
138.284 e RE 146.733) e, segundo a Corte, pela Constituição Federal, e identifica a existência de cinco espécies
tributárias: os impostos, as taxas, os empréstimos compulsórios, as contribuições especiais e as contribuições
de melhoria.
4.1 Impostos
Imposto é o tributo cuja obrigação tem por fato gerador uma situação independente de qualquer
atividade específica relativa ao contribuinte.
Art. 16, CTN. Imposto é o tributo cuja obrigação tem por fato gerador uma situação independente de qualquer
atividade estatal específica, relativa ao contribuinte.
O fato gerador do imposto é uma situação que não supõe nem se conecta com nenhuma atividade do
Estado especificamente dirigida ao contribuinte. Portanto, para que o Estado exija do contribuinte certo
imposto, não é preciso que ele, Estado, lhe preste algo determinado em troca. Para tanto, o legislador deve
escolher determinadas situações materiais que evidenciem a capacidade contributiva do indivíduo (e essas
situação serão tipificadas como fatos geradores da obrigação tributária).
4.1.1 Impostos residuais
Art. 154. A União poderá instituir:
I ‐ mediante lei complementar, impostos não previstos no artigo anterior, desde que sejam não‐cumulativos e
não tenham fato gerador ou base de cálculo próprios dos discriminados nesta Constituição;
Trata‐se da chamada competência impositiva residual, isto é, da competência para instituir impostos
novos ainda não previstos entre os atualmente atribuídos pela Constituição às entidades federativas. Os
requisitos são:
‐ Instituição pela União;
‐ Por meio de lei complementar;
‐ Devem ser não cumulativos;
‐ Não podem gerar situação de bitributação.
4.1.2 Imposto extraordinário de guerra
Art. 154. A União poderá instituir:
II ‐ na iminência ou no caso de guerra externa, impostos extraordinários, compreendidos ou não em sua
competência tributária, os quais serão suprimidos, gradativamente, cessadas as causas de sua criação.
Trata‐se de tributo de emergência, razão pela qual a Constitucional autoriza sua cobrança incidindo
em bitributação, isto é, recaindo sobre base de cálculo ou fato gerador de imposto já existente (ainda que
estadual ou municipal).
4.2 Taxas
Art. 145. A União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios poderão instituir os seguintes tributos:
II ‐ taxas, em razão do exercício do poder de polícia ou pela utilização, efetiva ou potencial, de serviços públicos
específicos e divisíveis, prestados ao contribuinte ou postos a sua disposição;
As taxas são tributos cujo fato gerador é configurado por uma atuação estatal específica, referível ao
contribuinte, que pode consistir no exercício regular do poder de polícia OU na prestação ao contribuinte, ou
colocação à sua disposição, de serviço público específico e divisível. O Estado, pois, exerce determinada
atividade e, por isso, cobra a taxa da pessoa a quem dela se aproveita.
Art. 77, CTN. As taxas cobradas pela União, pelos Estados, pelo Distrito Federal ou pelos Municípios, no âmbito
de suas respectivas atribuições, têm como fato gerador o exercício regular do poder de polícia, ou a utilização,
efetiva ou potencial, de serviço público específico e divisível, prestado ao contribuinte ou posto à sua disposição.
Parágrafo único. A taxa não pode ter base de cálculo ou fato gerador idênticos aos que correspondam a imposto
nem ser calculada em função do capital das empresas.
As taxas são criadas e disciplinadas sempre por meio de lei ordinária editada pela entidade federativa
competente para sua instituição. A sua base de cálculo é o custo da atividade estatal a ser remunerada pela
cobrança do tributo. Deve haver uma necessária correlação lógica entre a base de cálculo da taxa e sua hipótese
de incidência. Por isso, também, a CF e o CTN preceituam que as taxas não podem ter base de cálculo ou fato
gerador idêntico ao de imposto (e evita a bitributação).
#DEOLHONASÚMULA:
Súmula vinculante 29: É constitucional a adoção, no cálculo do valor de taxa, de um ou mais elementos da base
de cálculo própria de determinado imposto, desde que não haja integral identidade entre uma base e outra.
#DEOLHONAJURIS: É inconstitucional taxa de combate a sinistros instituída por lei municipal. A prevenção e o
combate a incêndios são atividades desenvolvidas pelo Corpo de Bombeiros, sendo consideradas atividades de
segurança pública, nos termos do art. 144, V e § 5º da CF/88. A segurança pública é atividade essencial do Estado
e, por isso, é sustentada por meio de impostos (e não por taxa). Desse modo, não é possível que, a pretexto de
prevenir sinistro relativo a incêndio, o Município venha a se substituir ao Estado, com a criação de tributo sob o
rótulo de taxa. Tese fixada pelo STF: “A segurança pública, presentes a prevenção e o combate a incêndios, faz‐
se, no campo da atividade precípua, pela unidade da Federação, e, porque serviço essencial, tem como a
viabilizá‐la a arrecadação de impostos, não cabendo ao Município a criação de taxa para tal fim.” STF. Plenário.
RE 643247/SP, Rel. Min. Marco Aurélio, julgado em 1º/8/2017 (repercussão geral) (Info 871).
a) Taxa de polícia: é cobrada em razão da atividade do Estado, que verifica o cumprimento das
exigências legais pertinentes e concede a licença (ou o ato administrativo correspondente); são instituídas pelo
ente político a que couber a atribuição.
Art. 78. Considera‐se poder de polícia atividade da administração pública que, limitando ou disciplinando direito,
interesse ou liberdade, regula a prática de ato ou abstenção de fato, em razão de interesse público concernente
à segurança, à higiene, à ordem, aos costumes, à disciplina da produção e do mercado, ao exercício de atividades
econômicas dependentes de concessão ou autorização do Poder Público, à tranquilidade pública ou ao respeito
à propriedade e aos direitos individuais ou coletivos.
Parágrafo único. Considera‐se regular o exercício do poder de polícia quando desempenhado pelo órgão
competente nos limites da lei aplicável, com observância do processo legal e, tratando‐se de atividade que a lei
tenha como discricionária, sem abuso ou desvio de poder.
Ao contrário das taxas de serviço, que podem ser cobradas pela utilização efetiva ou potencial, as
taxas de polícia só podem ser arrecadadas se o Estado tiver efetivamente realizado a atividade de polícia. Não
se admite cobrança de taxa por fiscalização potencial ou posta à disposição do contribuinte.
#OUSESABER: O STF, em diversos julgados, tem aceitado a PRESUNÇÃO do exercício do poder de polícia, para
fins de cobrança de taxa, quando EXISTENTE O ÓRGÃO FISCALIZADOR, mesmo que NÃO seja comprovada a
realização de fiscalização individualizada no estabelecimento de cada contribuinte. Ressalte‐se que, com esse
entendimento, não foi dispensada a exigência de EFETIVO exercício do poder de polícia, legitimadora da
cobrança da taxa respectiva. Houve apenas uma presunção desse exercício pela Suprema Corte, a qual
entendeu SUFICIENTE a manutenção de um órgão de controle em devido funcionamento pelo sujeito ativo do
tributo, dispensando a vistoria “porta a porta” (que não mais se coaduna com a realidade atual).
b) Taxa de serviço: tem por fato gerador uma atuação estatal consistente na execução de um serviço
público, específico e divisível, efetivamente prestado ou posto à disposição do contribuinte. Serviços divisíveis
são aqueles suscetíveis de ser fruídos por cada usuário. Serviços indivisíveis, portanto, não comportam taxação.
Art. 79. Os serviços públicos a que se refere o artigo 77 consideram‐se:
I ‐ utilizados pelo contribuinte:
a) efetivamente, quando por ele usufruídos a qualquer título;
b) potencialmente, quando, sendo de utilização compulsória, sejam postos à sua disposição mediante atividade
administrativa em efetivo funcionamento;
II ‐ específicos, quando possam ser destacados em unidades autônomas de intervenção, de utilidade, ou de
necessidades públicas;
III ‐ divisíveis, quando suscetíveis de utilização, separadamente, por parte de cada um dos seus usuários.
A utilização do serviço público, para que a taxa seja devida, pode ser efetiva ou potencial. Ocorre que
a disponibilização de um serviço público tem um custo e, mesmo que o contribuinte decida não utilizar, o
prestador pode exigir um valor fixo mínimo somente pelo fato de o serviço estar disponível para utilização a
qualquer momento.
*#DEOLHONAJURIS #DIZERODIREITO #STF: O STF declarou a inconstitucionalidade de Lei do Estado do Amapá,
que instituiu a Taxa de Controle, Acompanhamento e Fiscalização das Atividades de Exploração e
Aproveitamento de Recursos Hídricos (TFRH). A Corte entendeu que o valor cobrado é muito superior em
relação ao custo da atividade estatal relacionada (fiscalização das empresas que exploram recursos hídricos).
Logo, não há proporcionalidade entre o custo da atividade estatal e o valor que será pago pelos particulares pela
taxa. Isso viola as características da taxa, que é um tributo orientado pelo princípio da retributividade e que
possui caráter contraprestacional e sinalagmático. Além disso, a lei previa que apenas 30% dos valores
arrecadados com a taxa seriam utilizados em atividades relacionadas com a política de recursos hídricos e os
70% restantes iriam para a conta única do Tesouro Estadual. Isso demonstra o caráter arrecadatório desta taxa.
Por fim, ao onerar excessivamente as empresas que exploram recursos hídricos, a referida taxa adquiriu feições
verdadeiramente confiscatórias, dificultando, ou mesmo inviabilizando, o desenvolvimento da atividade
econômica. Houve, portanto, violação ao que prevê o art. 150, IV, da CF/88, que proíbe que os tributos sejam
utilizados com efeito de confisco. STF. Plenário. ADI 6211/AP, Rel. Min. Marco Aurélio, julgado em 4/12/2019
(Info 962).
#DEOLHONAJURIS: As taxas municipais de fiscalização e funcionamento não podem ter como base de cálculo o
número de empregados ou ramo de atividade exercida pelo contribuinte. STF. 2ª Turma. ARE 990914/SP, Rel.
Min. Dias Toffoli, julgado em 20/6/2017 (Info 870). A taxa de fiscalização e funcionamento pode ter como base
de cálculo a área de fiscalização, na medida em que traduz o custo da atividade estatal de fiscalização. STF. 1ª
Turma. RE 856185 AgR, Rel. Min. Roberto Barroso, julgado em 04/08/2015.
Em um determinado Município, foi instituída uma taxa de localização e funcionamento de estabelecimento
industrial e comercial. Assim, os estabelecimentos comerciais e industriais eram obrigados a pagar uma taxa ao
Município por conta da fiscalização que ele exercia nesses empreendimentos (taxa de poder de polícia).
Comumente, era conhecida como “alvará de funcionamento”. Ocorre que a lei municipal previu que a base de
cálculo dessa taxa seria o número de empregados da empresa. Assim, quanto mais trabalhadores, maior a base
de cálculo. Esse critério escolhido é constitucional? NÃO. O STF entendeu que o número de empregados não
pode ser utilizado como base de cálculo para a cobrança da taxa de localização e funcionamento de
estabelecimento industrial e comercial. O legislador municipal, ao escolher o número de empregados para fixar
a base de cálculo, levou em consideração qualidades externas e estranhas ao exercício do poder de polícia, sem
pertinência quanto ao aspecto material da hipótese de incidência. A taxa é tributo contraprestacional
(vinculado), usado na remuneração de atividade específica, seja serviço ou exercício do poder de polícia e, por
isso, não pode fixar a base de cálculo usando como critério os sinais presuntivos de riqueza do contribuinte. O
valor das taxas deve estar relacionado com o custo do serviço que as motiva, ou com a atividade de polícia
desenvolvida. STF. 1ª Turma. RE 554951/SP, Rel. Min. Dias Toffoli, julgado em 15/10/2013 (Info 724).
Não viola a legalidade tributária a lei que, prescrevendo o teto, possibilita o ato normativo infralegal fixar o valor
de taxa em proporção razoável com os custos da atuação estatal, valor esse que não pode ser atualizado por ato
do próprio conselho de fiscalização em percentual superior aos índices de correção monetária legalmente
previstos. STF. Plenário. RE 838284/SC, Rel. Min. Dias Toffoli, julgado em 19/10/2016 (repercussão geral) (Info
842 e 844).
A isenção do recolhimento da taxa para emissão, renovação, transferência e expedição de segunda via de
certificado de registro de arma de fogo particular prevista no art. 11, § 2º, da Lei nº 10.826/2003 não se estende
aos policiais rodoviários federais aposentados. STJ. 1ª Turma. REsp 1530017‐PR, Rel. Min. Regina Helena Costa,
julgado em 21/09/2017 (Info 612).
O valor cobrado pelo Tribunal de Justiça para que o interessado possa desarquivar autos de processos findos
possui natureza jurídica de TAXA. As taxas somente podem ser instituídas por meio de lei em sentido estrito
(princípio constitucional da legalidade tributária). Se essa taxa de desarquivamento é instituída por Portaria do
TJ, é inconstitucional. STJ. Corte Especial. AI no RMS 31170‐SP, Rel. Min. Teori Albino Zavascki, julgado em
18/4/2012.
A concessionária de água e esgoto pode cobrar “tarifa de esgotamento sanitário” mesmo na hipótese em que
realiza apenas a coleta e o transporte dos dejetos sanitários, sem fazer o tratamento final dos efluentes. Assim,
é legal a cobrança de tarifa de esgoto na hipótese em que a concessionária realize apenas uma — e não todas
— das quatro etapas em que se desdobra o serviço de esgotamento sanitário (a coleta, o transporte, o
tratamento e a disposição final de dejetos). STJ. 2ª Turma. REsp 1330195‐RJ, Rel. Min. Castro Meira, julgado em
6/12/2012 (Info 514). STJ. 1ª Seção. REsp 1339313‐RJ, Rel. Min. Benedito Gonçalves, julgado em 12/6/2013
(recurso repetitivo) (Info 530).
#DEOLHONASSÚMULAS:
Súmula 407‐STJ: É legítima a cobrança da tarifa de água fixada de acordo com as categorias de usuários e as
faixas de consumo.
Súmula 412‐STJ: A ação de repetição de indébito de tarifas de água e esgoto sujeita‐se ao prazo prescricional
estabelecido no Código Civil.
#SELIGA: Existe diferença entre taxa e preço público? A taxa é um tributo, sendo, portanto, objeto de uma
obrigação instituída por lei; já o preço é obrigação contratual, assumida voluntariamente – ao contrário da taxa,
que é imposta pela lei a todas as pessoas que se encontrem na situação de usuários (efetivos ou potenciais) de
determinado serviço estatal.
E a tarifa?
A tarifa, uma espécie de preço público, é o preço de venda do bem, exigido por empresas prestacionistas de
serviços públicos (concessionárias e permissionárias), como se fossem vendedoras.
Segundo Eduardo Sabbag, “a característica essencial que deve diferenciar taxa de preço público está na
inerência ou não da atividade à função do Estado. Ou seja, se houver notória vinculação do serviço com o
desempenho de função estatal, teremos a taxa. Por outro lado, se houver desvinculação deste serviço com a
ação estatal, inexistindo óbice ao desempenho da atividade por particulares, teremos a tarifa. Nesse passo,
ressalte‐se que, hodiernamente, o critério considerado importante para distinguir tais institutos não é o de saber
se o pagamento é voluntário ou compulsório, mas, sim, de averiguar se a atividade concretamente executada
pelo Poder Público configura um serviço público ou não. Nesse passo, sempre que o serviço, específico e
divisível, deva ser prestado pela Administração Pública diretamente, por ordem constitucional ou legal, o regime
será o de taxa, mesmo que a lei adote outro. Nos casos em que a realização do serviço puder ser delegada a
outra entidade, pública ou privada, o legislador poderá escolher entre o regime de taxa e o de tarifa (sobre este
tema, ver julgado, da lavra do Ministro Carlos Velloso, no RE 209.365‐3/SP).”
E o pedágio?
Conforme entendimento do STF (ADI 800), o pedágio cobrado pela efetiva utilização de rodovias conservadas
pelo Poder Público, cuja cobrança está autorizada pelo inciso V, parte final, do art. 150 da Constituição de 1988,
não tem natureza jurídica de taxa, mas sim de preço público, não estando a sua instituição, consequentemente,
sujeita ao princípio da legalidade estrita”.
4.3 Contribuição de melhoria3
Art. 145. A União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios poderão instituir os seguintes tributos:
III ‐ contribuição de melhoria, decorrente de obras públicas.
Esse tributo, a exemplo das taxas, conecta‐se com determinada atuação estatal, qual seja, a realização
de uma obra pública de que decorra, para os proprietários de imóveis adjacentes, uma valorização de suas
propriedades.
São, pois, tributos vinculados de competência comum entre União, Estados, Distrito Federal e
Municípios, cobrados quando a realização de uma obra pública causa acréscimo no valor do imóvel localizado
nas áreas beneficiadas direta ou indiretamente pela obra. Assim, a melhoria decorre diretamente da obra,
sendo diretamente proporcional essa correspondência.
#ATENÇÃO: A contribuição de melhoria não se legitima pela simples realização da obra.
A doutrina aponta que o fundamento último para a instituição dessa espécie tributária é evitar o
locupletamento injustificado de proprietários favorecidos por obras públicas.
A grande semelhança entre serviços públicos e obras públicas vem criando dificuldades para identificar
se, em face de uma determinada atividade estatal, o tributo correto a ser cobrado seria taxa ou contribuição de
melhoria. Para o Direito Administrativo, a diferença entre obra e serviço deve ser feita com base no critério da
preponderância. Se em determinada atuação prepondera o resultado final sobre a atividade, trata‐se de uma
obra pública. É o caso do asfaltamento de rua (pavimentação), verdadeira obra pública ensejadora, se valorizar
imóvel particular, da cobrança de contribuição de melhoria. Porém, havendo predominância da atividade sobre
o resultado final, a atuação da Administração tem natureza jurídica de serviço público autorizando a cobrança
de taxa. Exemplo: recapeamento asfáltico.
#ATENÇÃO: “A realização de pavimentação nova, suscetível de vir a caracterizar benefício direto a imóvel
determinado com incremento do seu valor pode justificar a cobrança de contribuição de melhoria, o que não
acontece com o “mero recapeamento de via pública já asfaltada”, que constitui simples serviço de manutenção
e conservação.” RE 116.148, STF.
3
O Decreto‐lei n. 195/67 define o devido processo legal para cobrança da contribuição de melhoria.
#ATENÇÃO: Decisão: Vistos. Município de Tupã interpõe recurso extraordinário, com fundamento na alínea
“a”do permissivo constitucional, contra decisão que negou provimento aos embargos infringentes,
consignando que: “(...) No caso vertente, é pressuposto do tributo, portanto, que o imóvel beneficiado tenha
seu valor aumentado em razão da obra. No entanto, o bem pertencente ao contribuinte, conforme restou
provado no autos, já era servido por pavimentação asfáltica, de forma que o mero reparo, ainda que sob a
forma de recapeamento, não é capaz de trazer ao imóvel nem uma sensível valorização. Nenhum imóvel
vale mais ou menos porque o asfalto passa em sua frente está em bom ou mau estado de conservação. Com
efeito, não havendo sequer sensível valorização do bem, é manifestamente ilegal a cobrança do tributo,
mormente na forma que lhe é peculiar, ou seja, contribuição de melhoria. E diga‐se de passagem, mesmo
que no caso fosse possível a cobrança por meio de taxa, o recapeamento asfáltico não guarda a
característica de ser divisível, indispensável à espécie. O asfalto que passa pela frente de um imóvel
beneficia a população de um modo geral, ou seja, é ‘uti universi’, por natureza imensuráveis
individualmente, insuscetível portanto de ser cobrado por meio de taxa (…)”. Alega o recorrente violação
dos artigos 30, III, e 145, II, da Constituição Federal, uma vez que: “A r. Sentença dos Embargos Infringentes,
prolatada pelo MM Juízo de primeira instância às fls. 54/58, e manteve a r. sentença de fls. 39/43, negando
provimento, julgou ilegal a taxa de pavimentação (melhoria asfáltica), quando, na verdade, através de tais
normas nada mais se fez do que se exercitar a competência municipal, assegurada pela própria Lei Maior”.
Contra‐arrazoado, o recurso extraordinário foi admitido. Decido. Não merece trânsito o apelo extremo.
Verifico que o art. 30, III, da Constituição Federal carece do necessário prequestionamento, sendo certo que
não foram opostos embargos de declaração para sanar eventual omissão no acórdão recorrido. Incidem na
espécie as Súmulas nºs 282 e 356 desta Corte. Ademais, o Plenário desta Corte, no julgamento do RE nº
140.779/SP, Relator o Ministro Ilmar Galvão, entendeu pela impossibilidade da remuneração do serviço de
pavimentação asfáltica por meio de taxa, já que o tributo tem por fato gerador benefício resultante de obra
pública, próprio de contribuição de melhoria. O julgado restou assim do: “EMENTA: TRIBUTÁRIO. MUNICÍPIO
DE SANTO ANDRÉ/SP. TAXA DE PAVIMENTAÇÃO ASFÁLTICA. LEI Nº 3.999/72, ART. 244.
INCONSTITUCIONALIDADE. Tributo que tem por fato gerador benefício resultante de obra pública, próprio de
contribuição de melhoria, e não a utilização, pelo contribuinte, de serviço público específico e divisível,
prestado ao contribuinte ou posto à sua disposição. Impossibilidade de sua cobrança como contribuição, por
inobservância das formalidades legais que constituem o pressuposto do lançamento dessa espécie tributária.
Inocorrência da alegada afronta ao art. 18, II, da EC 01/69. Inconstitucionalidade, que se declara, do art. 276
da Lei nº 3.999, de 29 de dezembro de 1972, do Município de Santo André/SP. Recurso não conhecido” (DJ
de 8/9/95). No mesmo sentido: RE nº 579.574/RJ, Relator o Ministro Ayres Britto, DJe de 2/4/12. Ante o
exposto, nos termos do artigo 557, caput, do Código de Processo Civil, nego seguimento ao recurso
extraordinário. Publique‐se. Brasília, 17 de dezembro de 2012.Ministro Dias ToffoliRelatorDocumento
assinado digitalmente. (STF ‐ RE: 704954 SP, Relator: Min. DIAS TOFFOLI, Data de Julgamento: 17/12/2012,
Data de Publicação: DJe‐023 DIVULG 01/02/2013 PUBLIC 04/02/2013)
O valor exigido do sujeito passivo a título de contribuição de melhoria encontra dois limites
estabelecidos pela legislação: a) limite total; b) limite individual. O limite total ou global é a despesa realizada
(custo da obra). O limite individual está vinculado à condição de cada imóvel isoladamente analisada.
Art. 81, CTN. A contribuição de melhoria cobrada pela União, pelos Estados, pelo Distrito Federal ou pelos
Municípios, no âmbito de suas respectivas atribuições, é instituída para fazer face ao custo de obras públicas de
que decorra valorização imobiliária, tendo como limite total a despesa realizada e como limite individual o
acréscimo de valor que da obra resultar para cada imóvel beneficiado.
4.4. Empréstimo compulsório
Art. 148. A União, mediante lei complementar, poderá instituir empréstimos compulsórios:
I ‐ para atender a despesas extraordinárias, decorrentes de calamidade pública, de guerra externa ou sua
iminência;
II ‐ no caso de investimento público de caráter urgente e de relevante interesse nacional, observado o disposto
no art. 150, III, "b".
Parágrafo único. A aplicação dos recursos provenientes de empréstimo compulsório será vinculada à despesa
que fundamentou sua instituição.
Art. 15, CTN. Somente a União, nos seguintes casos excepcionais, pode instituir empréstimos compulsórios:
I ‐ guerra externa, ou sua iminência;
II ‐ calamidade pública que exija auxílio federal impossível de atender com os recursos orçamentários
disponíveis;
III ‐ conjuntura que exija a absorção temporária de poder aquisitivo.
Parágrafo único. A lei fixará obrigatoriamente o prazo do empréstimo e as condições de seu resgate,
observando, no que for aplicável, o disposto nesta Lei.
Corresponde ao ingresso de recursos temporários nos cofres do Estado, gerando, em sequência, a
obrigação do Estado de restituir a importância auferida. Os recursos arrecadas devem ser destinados ao
atendimento das despesas que fundamentaram a instituição do empréstimo. A competência para instituição
dos empréstimos compulsórios é exclusiva da União.
Sua instituição ocorre por meio de LEI COMPLEMENTAR. Assim, é uma exceção à regra de que os
tributos em geral são instituídos por lei ordinária.
A Constituição Federal prevê a instituição de empréstimos compulsórios pela União em duas situações:
a) despesas extraordinárias, decorrentes de calamidade pública e de guerra externa efetiva ou
iminente;
b) investimento público de caráter urgente e de relevante interesse nacional.
#NÃOCONFUNDA: A Constituição Federal não indica quais os possíveis fatos geradores dos empréstimos
compulsórios. Ela apenas define situações (guerra externa ou sua iminência, calamidade pública, investimento
público urgente e relevante) que condicionam o exercício da competência tributária e direcionam a aplicação
do produto da arrecadação. À lei complementar que instituir o empréstimo compulsório caberá definir‐lhe o
fato gerador
A calamidade pública deve corresponder a uma situação emergencial transitória provocada pela ação
humana ou evento da natureza e cujo enfrentamento exija uma captação extraordinária de recursos pelo Poder
Público junto à iniciativa privada. Embora a competência para instituição de empréstimos compulsórios seja
exclusiva da União, a calamidade pública não precisa ser de proporção nacional, podendo ter seu alcance restrito
ao âmbito territorial até mesmo de um único Município. Nesse caso, o empréstimo compulsório é de cobrança
imediata, não se sujeitando nem à anterioridade anual, nem à nonagesimal, podendo ser cobrado no dia
seguinte ao da publicação da lei complementar.
Não existe qualquer possibilidade de criação de empréstimo compulsório para custear guerra interna,
civil ou de secessão. Nesse caso de guerra externa ou sua iminência, o empréstimo compulsório também será
cobrado imediatamente (não precisar observar a anterioridade).
Por outro lado, no caso de investimento público de caráter urgente e relevante interesse nacional
predomina amplamente a orientação segundo a qual deve observar simultaneamente a anterioridade anual e
nonagesimal.
#ATENÇÃO: O art. 15, III, do CTN foi tacitamente revogado pela Constituição de 1988 na medida em que as
únicas hipóteses de empréstimo compulsório para despesas extraordinárias são aquelas previstas no art. 148, I,
do Texto Maior (calamidade pública e guerra externa).
A lei complementar de criação dessa espécie tributária sempre deve declarar para qual finalidade a
exação está sendo instituída.
#DEOLHONAJURIS: Segundo o STF, a restituição precisa ser efetuada na mesma espécie em que o tributo foi
recolhido (isto é, se foi pago em dinheiro o resgate deve ser em dinheiro). RE 175.385/CE.
*#STJ: No empréstimo compulsório sobre energia elétrica, são devidos juros remuneratórios sobre a diferença
de correção monetária não paga nem convertida em ações, no percentual de 6% ao ano, nos termos do art. 2º
do Decreto‐Lei nº 1.512/76. STJ. 1ª Seção. EDv nos EAREsp 790.288‐PR, Rel. Min. Gurgel de Faria, julgado em
12/06/2019 (Info 656).
4.5 Contribuições sociais, econômicas e corporativas
O art. 149 da Constituição Federal agrupa três figuras indicadas como “contribuições”:
‐ Contribuições sociais;
‐ Contribuições de intervenção no domínio econômico;
‐ Contribuições de interesse de categorias profissionais ou econômicas.
Todas elas são de competência da União, que deve utilizá‐las como instrumento de sua atuação nas
respectivas áreas.
Art. 149. Compete exclusivamente à União instituir contribuições sociais, de intervenção no domínio econômico
e de interesse das categorias profissionais ou econômicas, como instrumento de sua atuação nas respectivas
áreas, observado o disposto nos arts. 146, III, e 150, I e III, e sem prejuízo do previsto no art. 195, § 6º,
relativamente às contribuições a que alude o dispositivo.
§ 1º Os Estados, o Distrito Federal e os Municípios instituirão contribuição, cobrada de seus servidores, para o
custeio, em benefício destes, do regime previdenciário de que trata o art. 40, cuja alíquota não será inferior à
da contribuição dos servidores titulares de cargos efetivos da União.
#ATENÇÃO: O §1º do art. 149 faculta aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios a instituição de
contribuições, cobráveis de seus funcionários, para o custeio, em benefício destes, de sistema previdenciário.
Essas exações participam da natureza das contribuições sociais, destinadas à seguridade social, embora atuem
no âmbito restrito do funcionalismo público dos Estados, DF e Municípios.
#OLHAOGANCHO #DEOLHONAJURIS: A partir de 14/4/2010 deve ser reconhecida a natureza contratual da
relação firmada entre os servidores do Estado de Minas Gerais e o IPSEMG, instituída pelo art. 85 da Lei
Complementar Estadual nº 64/2002, sendo garantida a restituição de indébito somente àqueles que, após essa
data, não tenham aderido expressa ou tacitamente aos serviços de saúde disponibilizados. STJ. 1ª Seção. REsp
1348679‐MG, Rel. Min. Herman Benjamin, julgado em 23/11/2016 (recurso repetitivo) (Info 604).
Contribuições especiais são, portanto, tributos finalísticos qualificados pela destinação. Em regra,
compete à União instituir contribuições especiais, com exceção daquelas previstas nos arts. 149, §1º, e 149‐A,
da CF.
a) Contribuições destinadas à seguridade social (ou contribuições sociais)
Art. 195. A seguridade social será financiada por toda a sociedade, de forma direta e indireta, nos termos da lei,
mediante recursos provenientes dos orçamentos da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, e
das seguintes contribuições sociais:
I ‐ do empregador, da empresa e da entidade a ela equiparada na forma da lei, incidentes sobre:
a) a folha de salários e demais rendimentos do trabalho pagos ou creditados, a qualquer título, à pessoa física
que lhe preste serviço, mesmo sem vínculo empregatício;
b) a receita ou o faturamento;
c) o lucro;
II ‐ do trabalhador e dos demais segurados da previdência social, não incidindo contribuição sobre
aposentadoria e pensão concedidas pelo regime geral de previdência social de que trata o art. 201;
III ‐ sobre a receita de concursos de prognósticos.
IV ‐ do importador de bens ou serviços do exterior, ou de quem a lei a ele equiparar.
Esse rol não é exaustivo, pois o art. 195, §4º, da CF abre a possibilidade de a lei instituir outras fontes
destinadas a garantir a manutenção ou expansão da seguridade social. É uma disciplina análoga à da
competência residual conferida à União para a criação de novos impostos. Mas essas novas contribuições não
poderão ter natureza cumulativa nem fato gerador ou base de cálculo próprios dos impostos já discriminados
na Constituição Federal.
As contribuições sociais devem respeitar a regra da anterioridade nonagesimal.
Art. 195, CF. § 6º As contribuições sociais de que trata este artigo só poderão ser exigidas após decorridos
noventa dias da data da publicação da lei que as houver instituído ou modificado, não se lhes aplicando o
disposto no art. 150, III, "b".
É importante não confundir contribuições sociais, que são todas aquelas voltadas genericamente ao
custeio da Seguridade Social (Previdência + Assistência + Saúde), com contribuições previdenciárias.
Contribuições previdenciárias são somente aquelas especificamente destinadas a custear benefícios
previdenciários, devidas pelos segurados e pelas empresas.
Segundo o STF, entendem‐se como “contribuições sociais” as (I) contribuições sociais gerais (aquelas
não destinadas à seguridade), as (II) contribuições de seguridade social e as (III) outras contribuições sociais.
As “contribuições sociais gerais” são de competência da União e estão regradas pelo mesmo regime
jurídico das demais contribuições previstas no art. 149 da CF. Sujeitam‐se integralmente ao regime
constitucional tributário, sem comportar nenhuma exceção. Além disso, são instituídas por lei ordinária e
observam o princípio da anterioridade comum.
As “contribuições sociais gerais” são a contribuição ao salário‐educação (art. 212, § 5.º, da CF) e as
contribuições ao Sistema “S” (art. 240 da CF).
Já as contribuições para a seguridade social possuem quatro fontes de custeio, previstas no art. 195, I
a IV, da CF: o importador (art. 195, IV, da CF); a receita de loterias (art. 195, III, da CF); o trabalhador (art. 195,
II, da CF); o empregador e empresa (art. 195, I, da CF).
Por fim, o STF associa as “outras contribuições” às que podem ser criadas no plano da competência
residual da União, conforme se prevê no art. 195, § 4.º, da CF.
#ATENÇÃO: Por força do art. 195, § 4º, da CF, a criação de novas fontes de custeio da seguridade deve obedecer
aos seguintes condicionamentos: a) competência exclusiva da União; b) necessidade de lei complementar; c)
vedação de edição de medida provisória para tal finalidade; d) o tributo deve ser não cumulativo; e) não pode
ter fato gerador ou base de cálculo já utilizados para arrecadação de outra contribuição já existente.
#JÁCAIU:
(TJSP 188, 2019) Com relação às contribuições sociais, pode‐se afirmar que constituem espécie de tributo e
diferem dos impostos pela destinação do produto da arrecadação.
b) Contribuições para intervenção no domínio econômico
São tributos federais utilizados pela União como ferramenta de regulação sobre setores estratégicos
da economia. Submetem‐se às duas anterioridades (anual e nonagesimal).
Existem atividades econômicas que necessitam sofrer intervenção do Estado Federal, de modo a se
provocar ora um controle fiscalizatório, regulando o fluxo de produção, ora uma atividade de fomento, tendente
à melhoria do setor beneficiado, pontualmente selecionada. Assim, as CIDEs devem ter as finalidades ligadas às
disposições constitucionais relativas à ordem econômica e financeira, sob a égide do art. 170, I a IX e seguintes
da CF.
Segundo as regras constitucionais específicas, não incidirão sobre receitas decorrentes de exportação;
incidirão sobre a importação de produtos estrangeiros ou serviços; poderão ter alíquotas: a) ad valorem
(variáveis conforme o valor do bem): tendo por base o faturamento, a receita bruta ou o valor da operação e,
no caso da importação, o valor aduaneiro; b) específica: tendo por base a unidade de medida adotada.
#DEOLHONAJURIS: A contribuição destinada ao SEBRAE possui natureza de contribuição de intervenção no
domínio econômico (art. 149 da CF/88) e não necessita de edição de lei complementar para ser instituída. STF.
Plenário. RE 635682/RJ, rel. Min. Gilmar Mendes, 25/4/2013. (Info 703)
#DEOLHONASÚMULA:
Súmula 499‐STJ: As empresas prestadoras de serviços estão sujeitas às contribuições ao Sesc e Senac, salvo se
integradas noutro serviço social.
*#DEOLHONAJURIS #DIZERODIREITO #STJ: As entidades dos serviços sociais autônomos não possuem
legitimidade passiva nas ações judiciais em que se discute a relação jurídico‐tributária entre o contribuinte e a
União e a repetição de indébito das contribuições sociais recolhidas. Os serviços sociais são meros destinatários
de subvenção econômica e, como pessoas jurídicas de direito privado, não participam diretamente da relação
jurídico‐tributária entre contribuinte e ente federado. O direito que tais entidades possuem à receita decorrente
da subvenção não gera interesse jurídico a ponto de justificar a ocorrência de litisconsórcio com a União. O
interesse dos serviços sociais autônomos nesta lide é reflexo e meramente econômico. STJ. 1ª Seção. EREsp
1.619.954‐SC, Rel. Min. Gurgel de Faria, julgado em 10/04/2019 (Info 646).
c) Contribuições no interesse de categorias profissionais ou econômicas
São tributos destinados ao custeio das atividades das instituições fiscalizadoras e representativas de
categorias econômicas ou profissionais, que exercem funções legalmente reputadas como de interesse
público. Também chamadas de contribuição‐anuidade, buscam prover de recursos os órgãos controladores e
fiscalizadores das profissões, ou seja, os Conselhos Regionais de Fiscalização, como o CREA, CRM, CRC, CRE,
entre outros, cujas atividades são legalmente entendidas como de interesse público. Esses órgãos são,
geralmente, pessoas jurídicas de direito público. Estão submetidas à anterioridade anual e nonagesimal.
O fato gerador dessas contribuições reside no exercício, pelo contribuinte, de determinada atividade
profissional ou econômica, a que se atrelam as funções de interesse público exercidas pela entidade credora das
contribuições (fiscalização, representatividade, defesa de interesses etc.).
As entidades profissionais exercem a atribuição administrativa de cobrar o tributo, podendo também
aplicar os recursos arrecadados em suas finalidades, mas a instituição e regramento normativo da contribuição
constituem competências indelegáveis da União.
#OLHAOGANCHO: São compatíveis com a Constituição Federal os dispositivos da Lei nº 13.467/2017 (Reforma
Trabalhista) que extinguiram a obrigatoriedade da contribuição sindical e condicionaram o seu pagamento à
prévia e expressa autorização dos filiados. No âmbito formal, o STF entendeu que a Lei nº 13.467/2017 não
contempla normas gerais de direito tributário (art. 146, III, “a”, da CF/88). Assim, não era necessária a edição de
lei complementar para tratar sobre matéria relativa a contribuições. Também não se aplica ao caso a exigência
de lei específica prevista no art. 150, § 6º, da CF/88, pois a norma impugnada não disciplinou nenhum dos
benefícios fiscais nele mencionados, quais sejam, subsídio ou isenção, redução de base de cálculo, concessão de
crédito presumido, anistia ou remissão. Sob o ângulo material, o STF afirmou que a Constituição assegura a livre
associação profissional ou sindical, de modo que ninguém é obrigado a filiar‐se ou a manter‐se filiado a sindicato
(art. 8º, V, da CF/88). O princípio constitucional da liberdade sindical garante tanto ao trabalhador quanto ao
empregador a liberdade de se associar a uma organização sindical, passando a contribuir voluntariamente com
essa representação. Não há nenhum comando na CF/88 determinando que a contribuição sindical é
compulsória. Não se pode admitir que o texto constitucional, de um lado, consagre a liberdade de associação,
sindicalização e expressão (art. 5º, IV e XVII, e art. 8º) e, de outro, imponha uma contribuição compulsória a
todos os integrantes das categorias econômicas e profissionais. STF. Plenário. ADI 5794/DF, Rel. Min. Edson
Fachin, red. p/ o ac. Min. Luiz Fux, julgado em 29/6/2018 (Info 908).
É inconstitucional, por ofensa ao princípio da legalidade tributária, lei que delega aos conselhos de fiscalização
de profissões regulamentadas a competência de fixar ou majorar, sem parâmetro legal, o valor das contribuições
de interesse das categorias profissionais e econômicas, usualmente cobradas sob o título de anuidades, vedada,
ademais, a atualização desse valor pelos conselhos em percentual superior aos índices legalmente previstos.
STF. Plenário. RE 704292/PR, Rel. Min. Dias Toffoli, julgado em 19/10/2016 (repercussão geral) (Info 844).
A Lei nº 12.514/2011, que trata sobre as contribuições (anuidades) devidas aos Conselhos Profissionais, é
constitucional. Sob o ponto de vista formal, esta Lei, apesar de ser fruto de uma MP que originalmente dispunha
sobre outro assunto, não pode ser declarada inconstitucional porque foi editada antes do STF declarar ilegítima
a prática do “contrabando legislativo” (ADI 5127/DF). Ainda quanto ao aspecto formal, esta Lei não trata sobre
normas gerais de Direito Tributário, motivo pelo qual não precisava ser veiculada por lei complementar. Sob o
ponto de vista material, a Lei respeitou os princípios da capacidade contributiva, da vedação ao confisco e da
legalidade. STF. Plenário. ADI 4697/DF, Rel. Min. Edson Fachin, julgado em 06/10/2016 (Info 842).
c) Contribuição para iluminação pública
Art. 149‐A Os Municípios e o Distrito Federal poderão instituir contribuição, na forma das respectivas leis, para
o custeio do serviço de iluminação pública, observado o disposto no art. 150, I e III. (Incluído pela Emenda
Constitucional nº 39, de 2002)
Parágrafo único. É facultada a cobrança da contribuição a que se refere o caput, na fatura de consumo de energia
elétrica.
Criada pela Emenda Constitucional 39/2002, atribui competência aos Municípios e ao Distrito Federal,
em razão da declaração de inconstitucionalidade pelo STF da antiga taxa de iluminação pública.
#DEOLHONASÚMULA:
Súmula vinculante 41: O serviço de iluminação pública não pode ser remunerado mediante taxa.
Admite‐se a cobrança da Cosip na fatura da energia elétrica (o valor do tributo pode ser exigido junto
com a conta de luz). Sua instituição deve observar a anterioridade anual e nonagesimal.
5. Outras classificações
Os tributos dizem‐se federais, estaduais ou municipais, conforme correspondam à competência
tributária da União, dos Estados, ou dos Municípios. Os tributos estaduais são também conferidos ao Distrito
Federal e, nos Territórios Federais, à União. Os impostos municiais são igualmente atribuídos ao Distrito Federal
e, nos Territórios Federais, à União.
a) Tributos federais: art. 153, art. 154, I (impostos residuais), art. 154, II (imposto extraordinário de
guerra), art. 148 (empréstimos compulsórios), art. 149 e 195 (contribuições especiais), todos da CF; além de
taxas e contribuições de melhoria.
Art. 153. Compete à União instituir impostos sobre:
I ‐ importação de produtos estrangeiros;
II ‐ exportação, para o exterior, de produtos nacionais ou nacionalizados;
III ‐ renda e proventos de qualquer natureza;
IV ‐ produtos industrializados;
V ‐ operações de crédito, câmbio e seguro, ou relativas a títulos ou valores mobiliários;
VI ‐ propriedade territorial rural;
VII ‐ grandes fortunas, nos termos de lei complementar.
Art. 154. A União poderá instituir:
I ‐ mediante lei complementar, impostos não previstos no artigo anterior, desde que sejam não‐cumulativos e
não tenham fato gerador ou base de cálculo próprios dos discriminados nesta Constituição;
II ‐ na iminência ou no caso de guerra externa, impostos extraordinários, compreendidos ou não em sua
competência tributária, os quais serão suprimidos, gradativamente, cessadas as causas de sua criação.
Art. 148. A União, mediante lei complementar, poderá instituir empréstimos compulsórios:
I ‐ para atender a despesas extraordinárias, decorrentes de calamidade pública, de guerra externa ou sua
iminência;
II ‐ no caso de investimento público de caráter urgente e de relevante interesse nacional, observado o disposto
no art. 150, III, "b".
Parágrafo único. A aplicação dos recursos provenientes de empréstimo compulsório será vinculada à despesa
que fundamentou sua instituição.
Art. 149. Compete exclusivamente à União instituir contribuições sociais, de intervenção no domínio econômico
e de interesse das categorias profissionais ou econômicas, como instrumento de sua atuação nas respectivas
áreas, observado o disposto nos arts. 146, III, e 150, I e III, e sem prejuízo do previsto no art. 195, § 6º,
relativamente às contribuições a que alude o dispositivo.
Art. 195. A seguridade social será financiada por toda a sociedade, de forma direta e indireta, nos termos da lei,
mediante recursos provenientes dos orçamentos da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, e
das seguintes contribuições sociais:
I ‐ do empregador, da empresa e da entidade a ela equiparada na forma da lei, incidentes sobre:
a) a folha de salários e demais rendimentos do trabalho pagos ou creditados, a qualquer título, à pessoa física
que lhe preste serviço, mesmo sem vínculo empregatício;
b) a receita ou o faturamento;
c) o lucro;
II ‐ do trabalhador e dos demais segurados da previdência social, não incidindo contribuição sobre aposentadoria
e pensão concedidas pelo regime geral de previdência social de que trata o art. 201;
III ‐ sobre a receita de concursos de prognósticos.
IV ‐ do importador de bens ou serviços do exterior, ou de quem a lei a ele equiparar.
b) Tributos estaduais: art. 155, art. 149, §1º, da CF, além de taxas e contribuições de melhoria.
Art. 155. Compete aos Estados e ao Distrito Federal instituir impostos sobre:
I ‐ transmissão causa mortis e doação, de quaisquer bens ou direitos;
II ‐ operações relativas à circulação de mercadorias e sobre prestações de serviços de transporte interestadual
e intermunicipal e de comunicação, ainda que as operações e as prestações se iniciem no exterior;
III ‐ propriedade de veículos automotores.
Art. 149. Compete exclusivamente à União instituir contribuições sociais, de intervenção no domínio econômico
e de interesse das categorias profissionais ou econômicas, como instrumento de sua atuação nas respectivas
áreas, observado o disposto nos arts. 146, III, e 150, I e III, e sem prejuízo do previsto no art. 195, § 6º,
relativamente às contribuições a que alude o dispositivo.
§ 1º Os Estados, o Distrito Federal e os Municípios instituirão contribuição, cobrada de seus servidores, para
o custeio, em benefício destes, do regime previdenciário de que trata o art. 40, cuja alíquota não será inferior
à da contribuição dos servidores titulares de cargos efetivos da União.
c) Tributos municipais: art. 156, art. 149, §1º, da CF, além de taxas, contribuição de melhoria e
contribuição de iluminação pública.
Art. 156. Compete aos Municípios instituir impostos sobre:
I ‐ propriedade predial e territorial urbana;
II ‐ transmissão "inter vivos", a qualquer título, por ato oneroso, de bens imóveis, por natureza ou acessão física,
e de direitos reais sobre imóveis, exceto os de garantia, bem como cessão de direitos a sua aquisição;
III ‐ serviços de qualquer natureza, não compreendidos no art. 155, II, definidos em lei complementar.
Art. 149. Compete exclusivamente à União instituir contribuições sociais, de intervenção no domínio econômico
e de interesse das categorias profissionais ou econômicas, como instrumento de sua atuação nas respectivas
áreas, observado o disposto nos arts. 146, III, e 150, I e III, e sem prejuízo do previsto no art. 195, § 6º,
relativamente às contribuições a que alude o dispositivo.
§ 1º Os Estados, o Distrito Federal e os Municípios instituirão contribuição, cobrada de seus servidores, para
o custeio, em benefício destes, do regime previdenciário de que trata o art. 40, cuja alíquota não será inferior
à da contribuição dos servidores titulares de cargos efetivos da União.
Art. 149‐A Os Municípios e o Distrito Federal poderão instituir contribuição, na forma das respectivas leis, para
o custeio do serviço de iluminação pública, observado o disposto no art. 150, I e III.
Parágrafo único. É facultada a cobrança da contribuição a que se refere o caput, na fatura de consumo de energia
elétrica.
Conforme o sujeito ativo da obrigação tributária seja ou não o Estado (aqui compreendendo União,
Estados‐membros, DF e Municípios), o tributo diz‐se fiscal ou parafiscal.
Segundo o objetivo visado pela lei de incidência seja: (a) prover de recursos a entidade arrecadadora:
ou (b) induzir comportamentos, diz‐se que os tributos têm finalidade arrecadatória (ou fiscal) ou finalidade
regulatória (ou extrafiscal). A extrafiscalidade, em maior ou menor grau, pode estar presente nas várias figuras
tributárias.
Outra classificação dos tributos, que os separa em reais ou pessoais, depende de se verificar se
predominam características objetivas ou subjetivas na configuração do fato gerador. Se o tributo leva em
consideração aspectos pessoais do contribuinte (nível de renda, estado civil, etc.), ele se diz pessoal. Real será
o tributo que ignore esses aspectos.
Os tributos podem, ainda, ser vinculados ou desvinculados (tributos bilaterais ou unilaterais).
Vinculados são aqueles que pressupõem uma atividade estatal a ser por eles remunerada. Os desvinculados
independem de uma atividade estatal relativa ao contribuinte.
Uma classificação, de fundo econômico, mas com reflexos jurídicos, é a que divide os tributos em
diretos e indiretos. Os primeiros são devidos, ‘de direito”, pelas mesmas pessoas que, “de fato”, suportam o
ônus do tributo (exemplo clássico é o Imposto de Renda). Os indiretos, ao contrário, são devidos, “de direito”,
por uma pessoa (dita “contribuinte de direito”), mas suportados por outra (“contribuinte de fato”): o
“contribuinte de direito” recolhe o tributo, mas repassa o respectivo encargo financeiro para o “contribuinte de
fato”. Exemplo clássico dessa última divisão são os impostos que gravam o consumo de bens e serviços (IPI,
ICMS e ISS).
Consoante grave apenas uma das fases do processo produtivo, ou mais de uma delas, o tributo diz‐se
monofásico (exemplo: IOF) ou plurifásico (exemplo: IPI e ICMS).
A classificação dos tributos em cumulativos e não cumulativos diz respeito à técnica de aplicação dos
tributos multifásicos; os cumulativos incidem em várias fases de circulação do bem, sem se computar ou sem se
deduzir o valor que já incidiu nas fases anteriores. Não cumulativo é o tributo que, em cada fase, incide apenas
sobre o valor que nela se agregou, ou grava todo o valor acumulado do bem, descontando‐se, porém, o valor
que já gravou as fases anteriores (exemplo: IPI e ICMS).
Os tributos podem, ainda, ser progressivos ou não progressivos; seletivos ou não seletivos. Os tributos
progressivos têm alíquotas graduadas conforme a capacidade econômica do contribuinte. Os tributos não
progressivos são cobrados de modo uniforme em relação a todos os contribuintes, sem levar em consideração
a capacidade econômica de cada um. Os tributos seletivos têm sua força econômica graduada conforme a
relevância social do produto ou do serviço. Os tributos não seletivos são cobrados sem levar em consideração
a importância social do objeto tributado.
#OUSESABER: Havendo tredestinação da receita de tributos vinculados, como as contribuições sociais, cabe ao
contribuinte o direito à repetição do montante correspondente ao percentual indevidamente aplicado?
Resposta: NÃO. A tese dos contribuintes era a de que o desvio na aplicação da receita de tributos com destinação
vinculada configuraria inconstitucionalidade a macular a própria exação fiscal, cuja cobrança tornar‐se‐ia
indevida, havendo direito à repetição. O STF, contudo, ao analisar a questão sob a sistemática da repercussão
geral (RE 566.007), decidiu que só caberia a restituição do tributo pago se este fosse declarado inconstitucional,
situação diversa da inconstitucionalidade decretada na aplicação da receita correlata. Nesse sentido, o tema 277
da Repercussão Geral no STF: Tema 277 da Repercussão Geral no STF: I ‐ A eventual inconstitucionalidade de
desvinculação de receita de contribuições sociais não acarreta a devolução ao contribuinte do montante
correspondente ao percentual desvinculado, pois a tributação não seria inconstitucional ou ilegal, única
hipótese autorizadora da repetição do indébito tributário; II ‐ Não é inconstitucional a desvinculação, ainda que
parcial, do produto da arrecadação das contribuições sociais instituídas pelo art. 76 do ADCT, seja em sua
redação original, seja naquela resultante das Emendas Constitucionais 27/2000, 42/2003, 56/2007, 59/2009 e
68/2011.
DISPOSITIVOS PARA CICLOS DE LEGISLAÇÃO
DIPLOMA DISPOSITIVO
Constituição Federal Art. 145 a 149‐A, art. 195
Código Tributário Nacional Art. 2º a 8º, art. 16, art. 77, a 82
BIBLIOGRAFIA UTILIZADA
Manual de Direito Tributário – Alexandre Mazza (2018).
Manual de Direito Tributário – Ricardo Alexandre (2017).
Direito Tributário Essencial – Eduardo Sabbag (2018).
Direito Tributário Brasileiro – Luciano Amaro.
Cavalcante, Márcio André Lopes, Informativos esquematizados do Dizer o Direito.