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Conheça o jazz: origem,

história, principais artistas e


expressões do estilo musical
O que é o Jazz?
O Jazz é um estilo musical e uma expressão artística que surgiu nos
Estados Unidos, entre o final do século XIX e início do século XX. Uma
manifestação musical que se originou principalmente de um legado
religioso afro-americano, que influenciou diretamente na cultura do país.

Não se sabe ao certo a origem da palavra jazz, mas era uma gíria usada
entre os norte-americanos antes mesmo do surgimento da manifestação
artística.

Se você quer saber mais sobre essa manifestação musical, sua história,
principais artistas e músicas, continue a leitura deste artigo que vem
acompanhado de muita música!

História do Jazz
A história do estilo musical começa desde a época da escravidão negra
nos Estados Unidos. Naquela época, os escravos festejavam diversas
cerimônias com seus cantos e tambores. Alguns desses festejos eram
religiosos.

Quando o tráfico de escravos começou, vieram muitos africanos do oeste


da África, que trouxeram suas fortes manifestações culturais.

Os africanos tinham muitas tradições ao som de tambores, tradições


tribais e religiosas.
Na época da escravatura a maioria dos donos dos escravos incentivavam
os negros a cantarem e dançarem, pois achavam que essa atividade os
deixava mais animados e em forma, mas é claro que nem todos os
donos gostavam dessa manifestação cultura, principalmente por causa
do uso do tambor.

O início do jazz

O jazz é um encontro de ritmos e tradições. Com a manifestação musical


dos africanos e a influência da música europeia, foram surgindo alguns
estilos musicais que deram origem ao jazz: o ragtime, blues e spirituals.

O Spiritual era uma música de manifestação essencialmente religiosa, de


natureza sobretudo vocal que se perpetuavam oralmente.
O Jazz então foi formado pela junção de diversos elementos do Ragtime,
Spiritual e Blues.

New Orleans e o Jazz

New Orleans é a cidade que viu o Jazz surgir. Uma cidade do estado de
Louisiana que habitava negros africanos, americanos, brancos, asiáticos
e outros. Uma mistura perfeita para ver o surgimento de uma
manifestação artística como o Jazz.

Você talvez nem imaginasse, mas o novo estilo musical surgia nos
bordéis da cidade de New Orleans, especificamente no bairro de
Storyville, anos em que a prostituição não era considerada ilícita – 1897
a 1917.
Os ritmos que formavam o novo estilo musical eram ouvidos nos
pequenos bares de Storyvilles, os honk tonks, como eram chamados e
viram o novo estilo musical se formar, sendo palco para uma nova
expressão artística. Em New Orleans o Jazz se formou e se expandiu e o
que contribuiu muito para isso foi justamente a sua essência livre. Mas
algumas cidades do sul também foram importantes contribuições para a
formação e expansão do jazz, tais quais Baltimore, Memphis, St Louis e
outras.
A popularização do Jazz

Com o passar do tempo a popularização do Jazz foi inevitável, a partir


do início do século XX surgiam as primeiras bandas que tinham uma
formação composta de trombone, contrabaixo, piano, corneta, clarineta.

Uma banda em particular foi a responsável por propagar a nomenclatura


“jazz” e tornar o estilo mais conhecido, essa banda era a “Original
Dixieland Jass Band”.
A partir dos anos de 1910 os brancos ouviam e tocavam jazz, mas
somente a partir de 1920 que a manifestação artística passou a ser fazer
parte da cultura branca.

Uma dos grandes motivos para a popularização do jazz foi quando os


americanos brancos passaram a se interessar por shows, teatro e
cinema. Isso aconteceu logo após a Primeira Guerra Mundial. Nesse
cenário, ouve uma forte emigração dos negros para grandes cidades,
como Nova Iorque e isso difundiu o Jazz mais do que nunca.

A popularização do Jazz, a partir de 1920 alcançou patamares


internacionais. As orquestras viajam por aqui pela América do Sul e pela
Europa e a música passa a ser conhecida mundialmente.
A partir dos anos 20, com a indústria de discos se desenvolvendo cada
vez mais, essa manifestação artística não parou de crescer e hoje é um
dos estilos mais consagrados da história, com diversas expressões,
artistas renomados e muitos seguidores.

Você pode conferir a lista dos melhores jazz dos anos 20 clicando aqui.

Melhores cantores de Jazz de todos os tempos


O século XX criou o Jazz, que imortalizou diversos artistas que formam a
cultura do Jazz e hoje são considerados os melhores cantores de todos
os tempos. Você deve conhecer muitos deles, pois são ícones do Jazz.
Criamos uma lista com os melhores cantores e artistas de Jazz de todos
os tempos, veja se você conhece algum(a):

Billie Holliday

Billie Holiday

Billie Hollyday é uma das mais importantes vozes do Jazz. Começou a


sua carreira na década de 30. Teve uma infância muito complicada e
acabou se mudando para Nova Iorque aos 14 anos, onde passou a
trabalhar como servente de bordéis. Morreu aos 44 anos, no ano de
1959, por seu vício em heroína.

Louis Armstrong

Louis Armstrong tocando tompete

Quem nunca ouviu falar em Louis Armstrong, uma lenda do Jazz. Dono
de uma voz marcante, o trompetista gravou jazz pela primeira vez no
ano de 1917. Era um músico talentoso e você provavelmente já ouviu
um dos seus maiores clássicos “What a wonderful world”.

Miles Davis

Brilhante trompetista, Miles Davis também é um dos nomes que fizeram


um marco na história do jazz. Foi responsável por criar o “cool jazz”, um
dos estilos ou subgêneros do Jazz. Em 1959 Mile Davis lançou o seu
mais notável álbum, Kind of Blue e que também se tornou um dos
álbuns mais memoráveis da história da música.

Ella Fitzgerald

Nascida em Virgínia, no ano de 1917, Ella Fitzgerald, também conhecida


como “The first Lady song” ou “Primeira dama da canção”, é uma das
mais notáveis cantoras de Jazz do século XX. Estreou nos palcos com
apenas 17 anos e se consagrou como uma grande artista do jazz. Ella
morreu aos 79, em 1996.
John Coltrane

John Coltrane iniciou sua carreira no Jazz ao 20 anos. Esteve junto com
Miles Davis porque fazia parte da banda do trompetista. A convivência
dos dois artistas era conturbada porque John Coltrane era viciado em
heroína. Aos 33 anos passou à carreira solo e morreu novo, com apenas
40 anos.

Estilos de Jazz
Quando o Jazz foi se popularizando e se expandindo por novas
localidades, foi agregando novos ritmos, novas culturas, outras músicas.
A cada tempo surgiam novos estilos de Jazz e muitos deles até hoje são
consagrados. O New Orleans Jazz, cidade onde surgiu o estilo musical é
conhecido como o primeiro estilo. Conheça alguns outros estilos de jazz
mais famosos:

Swing

O Swing é um subgênero que se expandiu principalmente entre os anos


de 1938 a 1943. O Swing é muito tocado até hoje, conta arranjos
perfeitos e sua característica principal é a presença de orquestras que
fazem o grande diferencial nas apresentações ou na música. Um estilo
que estima a perfeição técnica.

Bebop

Um nome engraçado, não é? Bebop suriu em 1945 e surge em


contraponto com o Swing. Nos bebops os solistas são as grandes
sensações, bem como conjuntos menores. As síncopas são as
caraterísticas rítmicas desse subgênero do jazz.

Para executar um bebop é necessário uma técnica boa, instrumentistas


bons, já que é cheio de ângulos e saltos.
O nome bebop se refere às onomatopeias que os cantores fazem ao
imitar seus instrumentos.
Principais figuras do estilo de jazz bebop são Charile Parjer e Dizze
Gillespie, seus fundadores. Mas até hoje o estilo é tocado e reproduzido.

Hard Bop

Hard Bop é dito por alguns críticos como uma evolução do bebop, mas
seu nascimento vem de movimentos opostos.

Cool Jazz

Um dos estilos mais famosos, o cool Jazz teve como fundador o exímio
trompetista Miles Davis. Em 1949 Miles Davis faz o Cool Jazz ganhar o
mundo com seu disco Birth of the Cool. É um estilo de jazz mais
introspectivo, mas ainda podem ser encontradas síncopes e bons solos.
O Cool Jazz ainda gerou outros estilos mais tarde.

Mulheres no Jazz
As mulheres foram expressões brilhantes no Jazz. Foram vários nomes
que trouxeram vida à arte do Jazz. Pianistas, compositoras, cantoras e
outras artistas gravaram seu nome na história. Além das cantoras que
você já viu anteriormente, outras mulheres podem se destacar, confira:

Mari Lou Williams

Mari Lou Williams e seu inseparável piano

Um grande nome no Jazz, Mari Lou Williams foi uma distinta


compositora, arranjadora e pianista e aprendeu a tocar sozinha, como
autodidata.

Sarah Vaughan

Sarah Vaughan
Uma grande voz do jazz, Sarah Vaughan teve grandes sucessos e era
muito elogiada pela sua voz e seu trabalho como artista. Scott Yanow diz
que é “uma das vozes mais maravilhosas do século 20”

Nina Simone

Nina foi uma grande expoente do Jazz. Compositora, pianista, a artista


transitou entre diversos gêneros musicais e foi ativista do direito civis
dos negros nos EUA.

Jazz e moda
A moda é uma expressão do que se vive em determinado momento e
não somente um monte de roupa aleatória. Como você sabe, de tempos
em tempos surgem novas tendências e vamos nos vestindo de forma
diferente.

As expressões artísticas são uma das responsáveis pela mudança na


moda. Desde os anos 20, quando o Jazz se expandiu para o mundo, a
moda também se influenciou por essa manifestação artística.

Era do jazz – anos 20

A moda dos anos 20 foi muito marcada pela liberdade que a música fazia
os jovens sentir, principalmente ao som da bandas da época. Entre as
mulheres, nada de espartilhos e sim vestidos mais soltos, com braços à
mostra.

Moda feminina nos anos 20

Entre os homens, a moda também se modificava e se desafiava. O uso


dos smokings para eventos mais formais uma dessas mudanças. Nas
apresentações de Jazz, os homens costumavam se vestir com smoking.

Nas condições adversas de seu surgimento, entre escravidão e


preconceito, os que faziam jazz usaram a moda, como ferramenta para
desafiar a sociedade, criando uma nova estética. Músicos de jazz e
cantores ao longo da história usaram moda para desafiar estereótipos de
raça, classe e gênero. Os chapéus que se usavam nos anos 20 até hoje
podem ser encontrados em lojas e em visuais, bem como outros estilos
de vestimenta. Influência do jazz nos dias de hoje

As maiores Músicas do jazz


Agora é hora de você apreciar as músicas consideradas as melhores do
movimento artístico. Em uma pesquisa que considerou 10 mil
participações, de pessoas do mundo todo, os sites Jazz24 e NPR Música
elegeram as 15 melhores canções de Jazz de todos os tempos. Você
pode ouvir a todas clicando aqui. A lista das canções:

Take Five, Dave Brubeck (1920 — 2012)


So What, Miles Davis (1926 — 1991)
Take The A Train, Duke Ellington (1899 — 1974)
Round Midnight, Thelonious Monk (1917 — 1982)
My Favorite Things, John Coltrane (1926 — 1967)
Acknowledgement, John Coltrane (1926 — 1967)
All Blues, Miles Davis (1926 — 1991)
Birdland, Weather Report (1970 — 2006)
The Girl From Ipanema, Stan Getz & Astrud Gilberto (1927 — 1991)
(1940 —)
Sing, Sing, Sing, Benny Goodman (1909 — 1986)
Strange Fruit, Billie Holiday (1915 — 1959)
A Night in Tunisia, Dizzy Gillespie (1917 — 1993)
Giant Steps, John Coltrane (1926 — 1967)
Blue Rondo a la Turk, Dave Brubeck (1920 — 2012)
Goodbye Pork Pie Hat, Charles Mingus (1922 — 1979)

E para você, quais são seus artistas e músicas mais interessantes do


Jazz?
Jazz é uma manifestação artístico-musical originária de comunidades de Nova Orleães,
nos Estados Unidos.[1] Tal manifestação teria surgido por volta do final do século XIX na
região de Nova Orleães, tendo origem na cultura popular e na criatividade das
comunidades negras que ali viviam, um de seus espaços de desenvolvimento mais
importantes.
O jazz se desenvolveu com a mistura de várias tradições religiosas, em particular a afro-
americana. Esta nova forma de se fazer música incorporava blue notes, chamada e
resposta, forma sincopada, polirritmia, improvisação e notas com swing do ragtime. Os
instrumentos musicais básicos para o Jazz são aqueles usados em bandas marciais e
bandas de dança: metais, palhetas e baterias. No entanto, o jazz, em suas várias formas,
aceita praticamente todo tipo de instrumento.
As origens da palavra "jazz" são incertas. A palavra tem suas raízes na gíria norte-
americana e várias derivações têm sugerido tal fato. O jazz não foi aplicado como música
até por volta de 1915. Earl Hines, nascido em 1903 e mais tarde se tornou celebrado
músico de jazz, costumava dizer que estava "tocando o piano antes mesmo da palavra
"jazz" ser inventada".
Desde o começo do seu desenvolvimento, no início do século XX, o jazz produziu uma
grande variedade de subgêneros, como o dixieland da década de 1910, o Swing das Big
bands das décadas 1930 e 1940, o bebop de meados da década de 1940, o jazz latino das
décadas de 1950 e 1960 e o fusion das décadas de 1970 e 1980. Devido à sua divulgação
mundial, o jazz se adaptou a muitos estilos musicais locais, obtendo, assim, uma grande
variedade melódica, harmônica e rítmica.

Conceituação
Como o termo "jazz" tem, desde longa data, sido usado para uma grande variedade de
estilos, uma definição abrangente que incluísse todas as variações é difícil de ser
encontrada. Enquanto alguns entusiastas de certos tipos de jazz tem colocado definições
menos amplas, que excluem outros tipos, que também são habitualmente descritas como
"jazz", os próprios jazzistas são muitas vezes relutantes quanto a definição da música que
são executadas. Duke Ellington dizia, "é tudo música." Alguns críticos tem dito que a
música de Ellington não era de fato jazz, como a sua própria definição, segundo esses
críticos, o jazz não pode ser orquestrado.
Por outro lado, os 20 solos de Earl Hines "versões modificadas" das composições de Duke
Ellington (em Earl Hines Plays Duke Ellington gravado por volta dos anos 70) foi descrito
por Ben Ratliff, crítico do New York Times, como "um exemplo tão bom do processo de
jazz quanto qualquer outra coisa que temos." [2]
Há bastante tempo existem debates na comunidade do jazz sobre a definição e as
fronteiras do jazz. Em meados da década de 1930, amantes do jazz de Nova Orleans
criticaram as "inovações" da era do swing como contrárias a improvisação coletiva, eles
pensavam nisso como essencial para a natureza do "verdadeiro" jazz.
Pelos anos 40, 50 e 60, eram ouvidas criticas dos entusiastas do jazz tradicional e dos fãs
do BeBop, na maioria das vezes dizendo que o outro estilo não era, de alguma forma, o
jazz "autêntico". Entretanto, a alteração ou transformação do jazz por novas influências
tem sido desde o princípio criticada como "degradação", Andrew Gilbert diz que o jazz tem
a "habilidade de absorver e transformar influências" dos mais diversos estilos de música. [3]
As formas de música tendo como objetivo comercial ou com influência da música "popular"
tem sido ambas criticadas, ao menos quando ocorre o surgimento do bop. Fãs do jazz
tradicional rejeitaram o bop, o "jazz fusion" da era dos anos 70, é definido por eles como
um período de degradação comercial da música. Todavia, de acordo com Bruce Johnson,
jazz sempre teve uma "tensão entre jazz como música comercial e uma forma musical". [4]
Gilbert nota que como a noção de um cânone de jazz está se desenvolvendo, as
"conquistas do passado" podem se tornar "...privilegiadas sob a criatividade particular..." e
a inovação dos artistas atuais. O crítico de jazz da Village Voice Gary Giddins diz que
assim que a disseminação e a criação do jazz está se tornando cada vez institucionalizada
e dominada por firmas de entretenimento maiores, o jazz está lidando com "...um perigoso
futuro de aceitação de respeitabilidade e desinteresse." David Ake adverte que a criação
de "normas" no jazz e o estabelecimento de um "jazz tradicional" pode excluir ou deixar de
lado outras mais novas, formas de jazz avant-garde.[5]
Uma maneira de resolver os problemas de definição é expor o termo "jazz" de uma forma
mais abrangente. De acordo com Kin Gabbard "jazz é um conceito" ou categoria que,
enquanto artificial, ainda é útil ser designada como: "um número de músicas com
elementos suficientes em parte comum de uma tradição coerente". Travis Jackson também
define o jazz de uma forma mais ampla, afirmando que é uma música que incluí atributos
tais como: "swinging, improvisação, interação em grupo, desenvolvimento de uma "voz
individual", e estar "aberto" a diferentes possibilidades musicais". [5]

Improvisação

Um músico tocando saxofone, instrumento muito usado no jazz.

Enquanto o jazz pode ser de difícil definição, improvisação é claramente um dos


elementos essenciais. O blues mais antigo era habitualmente estruturado sob o repetitivo
padrão pergunta e resposta, elemento comum em músicas tradicionais. Uma forma de
música tradicional que aumentou em parte devido as canções de trabalho e field hollers.
No blues mais antigo a improvisação era usada com bastante propriedade.
Essas características são fundamentais para a natureza do jazz. Enquanto na música
clássica europeia elementos de interpretação, ornamento e acompanhamento são, às
vezes, deixados a critério do intérprete, o objetivo elementar do intérprete é executar a
composição como está escrita. No jazz, entretanto, o músico irá interpretar a música de
forma peculiar, nunca executando a mesma composição exatamente da mesma forma
mais de uma vez.
Dependendo do humor e da experiência pessoal do intérprete, interações com músicos
companheiros, ou mesmo membros do público, um intérprete ou músico de jazz pode
alterar melodias, harmonias ou fórmulas de compasso da maneira que achar melhor. No
Dixieland Jazz, os músicos revezavam tocando a melodia, enquanto outros improvisavam
contra melodias. A música clássica da Europa tem sido conhecida como um meio para o
compositor. O jazz, contudo, é muitas vezes caracterizado como um produto de
criatividade democrática, interação e colaboração, colocando valor igual na contribuição do
compositor e do intérprete.
Na era do swing, big bands passaram a ser mais baseadas em arranjos musicais - os
arranjos foram tanto escritos como aprendidos de ouvido e memorizados (muitos músicos
de jazz não liam partituras). Solistas improvisavam dentro desses arranjos. Mais tarde no
bebop, o foco mudou para os grupos menores e arranjos mínimos; a melodia (conhecida
como "head") era indicada brevemente no início e ao término da música, e o âmago da
performance era uma série de improvisações no meio.
Estilos de jazz que vieram posteriormente, tais como o jazz modal, abandonando a noção
estrita de progressão harmônica, permitindo aos músicos improviso com ainda mais
liberdade, dentro de um contexto de uma dada escala ou modo (ex.: "So What" no álbum
do Miles Davis, Kind of Blue).
As linguagens avant-garde jazz e o free-jazz permitem, e exigem, o abandono de acordes,
escalas, e métrica rítmica, o grupo Das erste Wiener Gemüseorchester é um exemplo de
free-jazz. Quando um pianista, violonista ou outro instrumentista com instrumentos
harmônicos, improvisam um acompanhamento enquanto um solista está tocando, isso é
chamado de comping (contração da palavra "accompanying"). "Vamping" é um modo de
comping que é normalmente restrito a poucos acordes repetitivos ou compassos, como
oposição ao comping na estrutura do acorde ao longo da composição. O Vamping também
é usado como uma maneira simples de estender o começo ou fim de uma música ou
continuar uma segue.
Em algumas composições modernas de jazz, onde os acordes fundamentais da
composição são complexos ou de mudança rápida, o compositor ou o intérprete podem
criar uma série de "blowing changes", que é uma série de acordes simplificada, melhor
aplicada em comping e no improviso solo.

História
Origens
Por volta de 1808 o tráfico de escravos no Atlântico trouxe aproximadamente meio milhão
de africanos aos Estados Unidos, em grande quantidade para os estados do sul. Grande
parte dos escravos vieram do oeste da África e trouxeram fortes tradições da música tribal.
[6]
Em 1774 um visitante os descreveu, dançando ao som do banjo de 4 cordas e cantando
"a música maluca", satirizando a maneira com que eram tratados. Uma década mais tarde
Thomas Jefferson similarmente notou "o banjar, que foi trazido da distante África". Foi feita
de cabaça, como a bânia senegalesa ou como a akonting do Oeste da África. Festas de
abundância com danças africanas, ao som de tambores, eram organizadas aos domingos
em Place Congo Nova Orleães, até 1843, sendo como uma festa similar em Nova Orleães
e Nova Iorque.
Escravos da mesma tribo eram separados para evitar formações de revolta. E, pela
mesma razão, nos estados da Geórgia e Mississippi não era permitido aos escravos a
utilização de tambores ou instrumentos de sopro que fossem muito sonoros, pois poderiam
ser usados no envio de mensagens codificadas. Entretanto, muitos fizeram seus próprios
instrumentos com materiais disponíveis, e a maioria dos chefes das plantações
incentivaram o canto para que fosse mantida a confiança do grupo. A música africana foi
altamente funcional, tanto para o trabalho quanto para os ritos.
As work songs e field hollers incorporaram um estilo que poderia ser ainda encontrado em
penitenciárias dos anos 1960, e em um caso eram parecidas com uma canção nativa
ainda utilizada em Senegal. No porto de Nova Orleães, estivadores negros ficaram
famosos pelas suas canções de trabalho. Essas canções mostravam complexidade rítmica
com características de polirrítmica do jazz. Na tradição africana eles tinham uma linha
melódica e com o padrão pergunta e resposta, contudo, sem o conceito de harmonia do
Ocidente. O ritmo refletido no padrão africano da fala e o sistema tonal africano levaram às
blue notes do jazz.
No começo do século XIX, um número crescente de músicos negros aprendiam a tocar
instrumentos do ocidente, particularmente o violino, provendo entretenimento para os
chefes das plantações e aumentando o valor de venda daqueles que ainda eram escravos.
Conforme aprendiam a música de dança europeia, eles parodiavam as músicas nas suas
próprias danças cakewalk. Por sua vez, apresentadores dos minstrel show, euro-
americanos com blackface, estilo de maquiagem usado para sátira, popularizavam tal
música internacional, a qual era combinação de síncopas com acompanhamento
harmônico europeu. Louis Moreau Gottschalk adaptou música latina e melodia de
escravos para músicas de piano de salão, com músicas tais como Bamboula, danse de
nègres de 1849, Fantaisie grotesque de 1855 e Le Banjo, enquanto sua música polka
Pasquinade, em torno do ano 1860, antecipou ragtime e foi orquestrado como parte do
repertório de concerto da banda de John Philip Sousa, fundada em 1892.
Outra influência veio dos negros que frequentavam as igrejas. Eles aprenderam o estilo
harmônico dos hinos e os adaptavam em spirituals. As origens do blues não estão
registradas em documentos, entretanto, elas podem ser vistas como contemporâneas dos
negro spirituals. Paul Oliver chamou a atenção à similaridade dos instrumentos, música e
função social dos griots da savana do oeste africano, sob influência Islâmica. Ele notou
estudos mostrando a complexidade rítmica da orquestra de tambores da costa da floresta
temperada, que sobreviveram relativamente intacta no Haiti e outras partes do oeste das
Índias mas não era farta nos Estados Unidos. Ele sugeriu que a música de cordas do
interior sudanês se adaptou melhor com a música popular e baladas narrativas, dos
ingleses e dos donos de escravos scots-irish e influenciaram tanto o jazz como o blues.

Décadas de 1890-1910
Nessa época, salões para baile público e tea rooms foram abertos nas cidades. A música
popular de bailes na época eram em estilos blues-ragtime. A música era vibrante,
entusiástica e, quase sempre, improvisada. A música ragtime daquele tempo era em
formato de marchas, valsas e outras formas tradicionais de músicas, porém, a
característica consistente era a sincopação. Notas e ritmos sincopados se tornaram tão
populares com o público que os editores de partituras incluíram a palavra "sincopado" em
seus anúncios. Em 1899, um pianista jovem e treinado, de Missouri, Scott Joplin, publicou
o primeiro de muitas composições de Ragtime que viriam a ser música de gosto popular.
As apresentações do líder de banda Buddy Bolden em Nova Orleães, desfiles e danças
são um exemplo de estilo de improviso do jazz. O rápido crescimento do público que
apreciava a música no pós-guerra produziu mais músicos treinados que fossem formais.
Por exemplo, Lorenzo Tio, Scott Joplin e muitas outras importantes figuras, no período
inicial do jazz tiveram como base os paradigmas da música clássica.

A abolição da escravidão levou a novas oportunidades para a educação dos afro-


americanos que eram livres, mas a segregação racial ainda limitava muito o acesso ao
mercado de trabalho. Havia exceções: ser professor, pregador ou músico; e muitos
obtinham educação musical. Euro-americanos costumavam ver os músicos negros como
provedores de entretenimento de "classe-inferior" nas danças e nos minstrel shows, e mais
tarde o vaudeville. Várias bandas marciais foram formadas, aproveitando a disponibilidade
dos instrumentos usados nas bandas do exército. Um pianista negro não podia ser aceito
em salas de concertos, mas poderia ser encontrado tocando na igreja ou tinham
oportunidades de trabalho em bares, clubes e bordéis de zonas de prostituição, sendo
que, aqueles que liam partitura eram chamados de "professores" enquanto os outros eram
tocadores(ticklers)" que tocavam marfim. Antonin Dvorák escreveu um artigo controverso,
publicado em fevereiro de 1898 no Harper's New Montly Magazine, aconselhando os
compositores americanos a basearem a sua música nas melodias dos negros.

A Wikipédia possui o
Projeto Jazz

As danças são normalmente inspiradas pelos movimentos de dança africanos, e foram


adotadas por um público de pessoas brancas que viram as danças em vaudeville shows.
O cake walk, desenvolvido por escravos como uma cópia satirizada dos bailes formais, se
tornou popular. Os Cakewalks, as canções de negros e a música de Jig Bands se
desenvolveram em ragtime, em 1895. Posteriormente, Tin Pan Alley, Irving Berlin
começaram a incorporar o ragtime em suas composições.
O ragtime, gradualmente, se desenvolveu como música de improviso, com fontes incluindo
o cakewalk, as marchas de Sousa e as peças para piano de salão, tais como as variações
de Gottschalk, baseados na América Latina e nas melodias dos escravos. Apareceram
registradas como partitura, através do animador Ernest Hogan, canções supostamente
ditas como canções de sucesso em 1895, e dois anos mais tarde Vess Ossman gravou um
medley dessas músicas no banjo solo: "Rag Time Medley".
Também em 1897, o compositor William H. Krell publicou seu "Mississippi Rag"; como a
primeira peça de rag escrita para piano. Scott Joplin, pianista instruído na forma clássica,
produziu seu "Original Rags" no ano seguinte, então em 1899 o "Maple leaf Rag" foi um
sucesso internacional. Ele compôs vários rags populares, combinando sincopação,
figurações do banjo e, às vezes call-and-response, entretanto, suas tentativas no ragtime
na ópera e no balé foram sem sucesso. Porém, a banda de Philip Sousa tocou ragtime em
suas jornada pela Europa, de 1900 até 1905, e a linguagem "ragtime" foi continuada por
compositores clássicos, incluindo Claude Debussy e Igor Stravinsky.
O suave sincopado de Irving Berlin, Tin Pan Alley marcha "Alexander's Ragtime Band" foi
um hit em 1911.
A música blues foi publicada e popularizada por W. C. Handy, no qual "Memphis Blues" de
1912 e "St. Louis Blues" de 1914, se tornaram jazz standards.
Nova Orleães
Nova Orleães tinha se tornado uma mistura de raças. Os franco-criolos aproveitavam
muitas das oportunidades dos brancos, e grupos de negros participavam em músicas
clássicas e em óperas da cidade. Entretanto, a lei de segregação, que entrou em vigor no
ano de 1894, classificou a população afro-crioula como "negra", colocando as duas
comunidades em uma só definição. Desde 1857, existia prostituição legalizada na área
conhecida como "The Tenderloin", e em 1897 essa zona de meretrício, próximo a Basin
Street, ficou conhecida como "Storyville", lendário provedor de emprego para os talentos
do jazz que surgia.
Na época, diversas bandas marciais, tais como a Onward Brass Band (fundada por volta
de 1880), encontraram serviço em diversas situações, particularmente em funerais
luxuosos. Neles, se tocava música solene no caminho do cemitério, e posteriormente no
caminho de volta eram executadas versões de músicas como a Marcha Fúnebre em estilo
ragtime.
A partir do ano de 1890, o trompetista Buddy Bolden liderou uma banda que fazia
apresentações em Storyville, incorporando dança Afro-criola, música com elementos de
blues e adicionando swing ao ritmo, trazendo inspiração a futuros músicos de jazz. Sua
carreira acabou abruptamente em 1907, antes que ele gravasse, até então não se sabe ao
certo o seu estilo. Suas apresentações nos desfiles e danças de Nova Orleães parecem
ter sido exemplos iniciais do improviso no jazz.
O inovador pianista afro-criolo Jelly Roll Morton começou sua carreira em Storyville, e mais
tarde disse ter usado o termo jazz em 1902 quando demonstrou a diferença entre ragtime
como um tipo de sincopação, adequada somente para algumas canções, e jazz como "um
estilo que pode ser aplicado a qualquer tipo se canção", inclusive clássicos populares, tais
como as árias de Giuseppe Verdi. De 1904, ele fez tours com shows vaudeville, em torno
das cidades do sul, também tocando em Chicago e Nova Iorque.
O "Jelly Roll Blues", composta por Jelly Morton em 1905 e publicada em 1915, foi o
primeiro arranjo de jazz impresso. Isso permitiu que mais músicos fossem apresentados
ao estilo de Nova Orleãs. Bolden influenciou Freddie Keppard, o qual iniciou tocando por
volta de 1906. Rapidamente obteve sucesso. Aproximadamente em 1917, Keppard se
juntou à Bill Johnson's Original Creole Orchestra, que fazia performances em Los Angeles,
California, meses antes de fazer tours em várias cidades com o vaudeville, introduzindo o
estilo nas áreas do norte.
No mesmo ano a liderança estava com Joe "King" Oliver, que possuía um estilo mais
relativo ao blues. Oliver tocava com o trombonista Kid Ory, e ensinava o jovem fã de
Bolden Louis Armstrong. Enquanto a maioria das bandas eram afro-criolas ou negras,
Papa Jack Laine era talvez o primeiro músico de jazz que não era negro. Sua banda,
Reliance Brass Band, começou em 1888 e continuou com várias etnias apesar das leis de
segregação.

Décadas de 1920-1930
A proibição da venda de bebidas alcoólicas nos Estados Unidos, que vigorou de 1920 a
1933, resultou na criação dos speakeasies, locais onde a bebida era vendida ilegalmente.
Esses estabelecimentos acabaram sendo grandes difusores do jazz, que, por isso, ganhou
a reputação de ser um estilo musical imoral.
Nesse período, em 1922, a Original Creole Jazz Band se tornou a primeira banda de jazz
de músicos negros de Nova Orléans a fazer gravações. [7][8] No entanto, era Chicago o novo
centro do desenvolvimento do Dixieland, porque lá se juntaram King Oliver e Bill Jonhson.
Naquele ano Bessie Smith, famosa cantora de blues, também gravou pela primeira vez.
Bix Beiderbecke formou o grupo "The Wolverines" em 1924. No mesmo ano Louis
Armstrong se tornou solista da banda de Fletcher Henderson por um ano e depois formou
o seu próprio grupo, o Hot Five. Jelly Roll Morton gravou com os New Orleans Rhythm
Kings, e em 1926 formou os Red Hot Peppers. Na época havia um grande mercado para a
música dançante influenciada pelo Jazz tocada por orquestras de músicos brancos, como
a de Jean GoldKette e a de Paul Whiteman. Em 1924 Whiteman pediu ao compositor
George Gershwin que ele criasse um concerto que misturasse características de Jazz com
a música clássica, o que resultou na famosa Rhapsody in Blue, que foi executada na
première o concerto An Experiment in Modern Music, regido por Whiteman.
Conheça a história do Jazz, o
ritmo que mudou o mundo.
 
Para um desavisado o jazz pode parecer desordeiro ou transgressor, mas o ritmo que
nasceu no começo do século XX em New Orleans, Louisiana, está muito mais perto de
uma celebração e uma elevação da cultura do que qualquer outro adjetivo.  
 
Essa manifestação musical tem sua origem no legado religioso afro-americano e no
blues. Os seus primeiros acordes puderam ser ouvidos no bairro de Storyville, em
pequenos bares conhecidos como Honk Tonks. 
 
As vozes poderosas, os metais impecáveis e os improvisos levaram o jazz  para o
mundo, saindo de New Orleans, chegando em Chicago com o virtuoso Louis
Armstrong, passando pelo Harlem em New York, o jazz ganhou o mundo e se
diversificou. 
 
Os três reis

Louis Armstrong

Quem nunca ouviu falar em Louis Armstrong, uma lenda do jazz, provavelmente não é
desse planeta. O trompetista tem sua primeira gravação no ano de 1917 e é chamado por
alguns por "a personificação do jazz".
 
Miles Davis 

Outro trompetista incrível, Miles Davis também foi um marco na história do


estilo musical já que criou o subgênero do jazz, o cool jazz. Em 1959, Davis, lança seu
álbum mitológico, Kind of Blue e entra de vez para a história. 
 
John Coltrane 

John Coltrane o grande sax tenor de todos os tempos foi um gigante na música, tanto
que sua influência ultrapassa o jazz, chegando ao rock e à música erudita. Um
curiosidade desse mestre do sax foi que ele participou em 1955 da banda de Miles
Davis, saindo um pouco após devido ao seu vício em heroína. 
 
A expansão do Jazz - Gêneros
 
Swing 
O Swing começou perto de 1930 e é caracterizado por suas orquestras e ritmo dançante.
Além disso ele possui uma batida menos acentuada e alto nível técnico. 
 
Bebop 
O Bebop surge logo após a Segunda Guerra, em 1945, em contraponto ao Swing.
No Bebop as grandes orquestras dão lugar aos solistas e as bandas menores. Porém o
nível alto técnico continua, afinal o estilo é cheio de ângulos e saltos.  
A curiosidade do nome Bebop é que ele e uma onomatopéia que os cantores faziam ao
imitar seus instrumentos. Charlie Parker e Dizze Gillespie são os fundadores do estilo.
 
Cool Jazz 
O estilo do gigante Miles Davis é caracterizado pelo seu ritmo mais lento
e introspectivo, com pausas maiores e solos de arrepiar.  
 
Acid Jazz 
O jazz e suas variações continuam a evolui até hoje, e nesse movimento nasce
o Acid Jazz, um gênero musical que combina elementos do soul, jazz, funk e disco com
batidas em loop. Nesse estilo um grande artista é Jamiroquai. 
 
Mulheres no Jazz
Grandes mulheres também dominaram o gênero, entre elas, Mari Lou Williams, Sarah
Vaughan e a sensacional Nina Simone. Que além de compositora, pianista e intérprete
foi uma grande ativista dos direitos civis dos negros nos EUA. 

 
Jazz e Moda
A moda também muito influenciada por esse estilo, nos anos 20, a liberdade
do jazz reverberou na moda. As mulheres abandonaram os espartilhos e começaram a
usar vestidos mais soltos e braços à mostra. Já os homens usam a moda como
ferramenta para criticar a escravidão e o preconceito da sociedade. 

Depois de tudo isso é fácil perceber a importância do jazz, afinal essa expressão musical


não só fez parte da história da música, mas também mudou a história da humanidade.
Uma viagem pela história do
Jazz
Matérias , Noticias , Teatro

O começo da história do jazz


Em outra matéria, abordamos orquestras sinfônicas… o tema da vez é o gênero musical
mais sexy de todos: o jazz! É uma tarefa difícil apontar o início exato da história do
jazz. Por definição, o gênero envolve improvisação e livre expressão. Seu surgimento
não foi concreto, e sim, espontâneo.
O jazz foi originalmente uma mistura de influências da África e da Europa. Os
escravos africanos levados aos Estados Unidos, colônia inglesa, desenvolveram uma
síntese cultural com as tradições musicais locais. Na África, a qualidade da música era
mais funcional do que artística. Rituais de fertilidade, de religião e de trabalho
envolviam a expressão musical. Nos ingredientes fundamentais do jazz, os africanos
contribuíram com:
 Os ritmos característicos, especialmente a polirritmia (mais de um ritmo sendo
desenvolvido ao mesmo tempo durante a música);
 O expressionismo vocal (afastamento da estrutura mecânica da música, dando abertura
à livre expressão com os instrumentos e vozes).
Os americanos (de estilos musicais importados da Europa) forneceram as harmonias da
escala pentatônica e sua convencional estrutura melódica. É importante destacarmos
a ‘blue note’ (nota azul), uma nota usada nas escalas do jazz que garante a emoção
doce-amarga do gênero. É daí que também parte o blues, outro gênero que cresceu lado
a lado com o jazz, facilmente confundindo-se entre si.

A banda de ragtime de Buddy Bolden (1905)


Há personalidades que concorrem pelo título de ‘fundador do Jazz’. Buddy Bolden e
Jelly Roll Morton são frequentemente citados como pioneiros. Bolden é talvez o mais
importante: um sofredor nato, criou o arquétipo essencial do jazz, o herói romântico
frustrado. É impossível sabermos exatamente como era a música de Bolden.
O músico sofreu um colapso mental em 1907, aos 30 anos de idade, e passou o resto de
sua vida em um asilo. Isso tudo antes das tecnologias de gravação musical serem
popularizadas. Seu jazz nunca foi gravado. No entanto, suas performances inspiraram
jovens que um dia entrariam no mundo da música e se tornariam lendas da história do
jazz.

Explosão de jazz
O lendário Django Reinhardt, que tocava jazz mesmo perdendo o movimento de dois dedos da mão esquerda (1946)
O jazz ganhava popularidade e evoluía vários anos antes de ser gravado. Um dos pontos
fortes do jazz é sua mutabilidade. Cada artista poderia desenvolver sua própria
expressão de jazz incorporando elementos únicos e diferentes. “Jazz” era escrito com S
em seus primórdios.
A palavra ‘jass’, por vezes até ‘jas’, nunca possuiu uma etimologia tão clara: era uma
gíria que fazia referência sutil ao espírito de vigor, de sexualidade, de gingado. A
Original Dixieland Jass Band realizou a primeira gravação de jazz em 1917, que
vendeu mundialmente e deu início a uma febre global pelo jazz. A partir daí, o jazz
decolava como cena artística aberta aos exploradores musicais.

Gênios musicais
Louis Armstrong, a voz da inesquecível ‘What a Wonderful World’ (1946)
O jazz foi responsável por produzir alguns dos maiores músicos de todos os tempos. O
músico demonstra sua grandiosidade quando, ao explorar os sons, consegue evocar
emoções de maneira genuína e intensa. Foi exatamente isso que Louis Armstrong fez.
Talvez o maior nome do jazz, comprou sua primeira corneta corneta por dez dólares em
uma loja de usados em Nova Orleans quando era criança. O garoto tocava por trocados
na rua até ser descoberto por Joe “King” Oliver, grande músico da cidade. Louis entrou
para a banda de King e seu expressionismo único traçou seu caminho para a fama.
Sua voz rouca e seus solos de trompete se tornaram ícones globais do jazz. O músico foi
figura central no desenvolvimento artístico do gênero, introduzindo uma riqueza
emocional e pessoal nas melodias do jazz. Em 1958, o jazz atingiu seu absoluto ápice –
Kind of Blue, de Miles Davis, foi lançado – reconhecido por críticos como um dos
álbuns mais importantes da história da música
. A obra reuniu gênios que, em duas sessões de gravação, produziram 45 minutos de
jazz modal divino. O jazz modal se caracteriza por tons e solos baseados no tom geral,
mudando sutilmente a todo tempo. Kind of Blue emana a essência do jazz. É pura
elegância e emoção em improvisação.
Miles Davis não era o único músico lendário a participar: o disco contou com John
Coltrane, o maior sax tenor de todo o jazz, e Paul Chambers, um dos maiores
contrabaixistas de jazz, além de outros grandes talentos. Todos os participantes
seguiram carreiras espetaculares.

Reinvenções
Duke Ellington em frente a seu piano (aprox. 1930)
O jazz foi explorado de muitas maneiras diferentes. Miles Davis aperfeiçoou o jazz
modal. Duke Ellington compôs obras-primas de jazz complexas (porém acessíveis) que
emanavam drama, tornando-se também um dos grandes nomes do jazz. Assim como a
maioria dos gêneros musicais, o jazz passou por renovações totais conforme a música,
como um todo, evoluía.
John Coltrane, prosseguindo em sucesso, lançou outro disco monumental na história
do jazz, A Love Supreme. Charles Mingus comandou as vanguardas do jazz com The
Black Saint and the Sinner Lady, uma composição atemporal com pianos que evocam
imagens misteriosas.
Nos anos 70, a história do jazz foi marcada pela desenfreada absorção de influências de
outros gêneros. Nascia o jazz-rock ou jazz fusion, que absorve influências de R&B,
rock e música latina. O rock, filho dos Beatles, estava em sua infância. Carla Bley,
música espetacular, ouviu o disco Sgt. Pepper’s, dos quatro meninos, e lançou o
monumental álbum duplo Escalator Over the Hill, inspirado no rock.
Já Miles Davis introduziu o caos em sua música, lançando o indispensável Bitches
Brew, que marcou definitivamente a história do jazz como prova da gama artística
absurda que o gênero tinha a explorar. Daqui em diante, o jazz nunca foi o mesmo. Com
a comercialidade do rock em alta, o jazz adotou muitas de suas características. Isso não
necessariamente é algo ruim: nestes meados o gênio da música e da comédia Frank
Zappa lançou Hot Rats, uma divertidíssima viagem por acordes de jazz e melodias de
guitarra.
Legado
Nenhum gênero musical mantém a sua pureza para sempre. O jazz sempre foi uma
caixinha de surpresas. O gênero hoje é um resgate do passado – um replay de sua antiga
essência. Sempre confundido com o blues, hoje quase sinônimo: artistas como John
Mayer incorporam elementos tradicionalíssimos a músicas pop que agitam multidões.
O nascer do modernismo e pós-modernismo na arte permite também que o jazz genuíno
continue a ser explorado mesmo depois de seu advento definitivo. John Zorn, em 1990,
ícone da vanguarda do jazz, conseguiu o inacreditável, impensável feito de unir
grindcore (uma das vertentes do heavy metal extremo) ao jazz, no disco Naked City.
É possível dizer categoricamente que o jazz não está morto, apenas foi explorado com
criatividade exorbitante durante toda sua existência. Portanto, daqui em diante, todo jazz
de qualidade é provavelmente uma exploração inédita. Jazz, de certa forma, deixou de
ser apenas um gênero musical. É uma maneira de se expressar, uma forma única de
enxergar paixões, desilusões e de encontrar conforto em noites escuras. O jazz é
sentimento!
História do Jazz

Nascido do blues, das work songs dos trabalhadores negros norte-americanos, do negro spiritual
protestante e do ragtime, o jazz passou por uma extraordinária sucessão de transformações no século
XX. É notável como essa música se modificou tão profundamente durante um período de apenas um
século.

O termo jazz começa a ser usado no final dos anos 10 e início dos anos 20, para descrever um tipo de
música que surgia nessa época em New Orleans, Chicago e New York. Seus expoentes são
considerados "oficialmente" os primeiros músicos de jazz: a Original Dixieland Jass Band do cornetista
Nick LaRocca, o pianista Jelly Roll Morton (que se auto-denominava "criador do jazz"), o cornetista King
Oliver com sua Original Creole Jazz Band, e o clarinetista e sax-sopranista Sidney Bechet. Em seguida,
vamos encontrar em Chicago os trompetistas Louis Armstrong e Bix Beiderbecke, e em New York o
histriônico pianista Fats Waller e o pioneiro bandleader Fletcher Henderson. Em 1930 o jazz já possui
uma "massa crítica" considerável e já se acham consolidadas várias grandes orquestras, como as de
Duke Ellington , Count Basie , Cab Calloway e Earl Hines.

A evolução histórica do jazz, assim como da literatura, das artes plásticas e da música clássica, segue um
padrão de movimento pendular, com tendências que se alternam apontando em direções opostas. Em
meados dos anos 30 surge o primeiro estilo maciçamente popular do jazz, o swing , dançante e
palatável, que agradava imensamente às multidões durante a época da guerra. Em 1945 surge um estilo
muito mais radical e que fazia menos concessões ao gosto popular, o bebop , que seria revisto,
radicalizado e ampliado nos anos 50 com o hard bop . Em resposta à agressividade do bebop e do hard
bop, aparece nos anos 50 o cool jazz , com uma proposta intelectualizada que está para o jazz assim
como a música de câmara está para a música erudita.

O cool e o bop dominam a década de 50, até a chegada do free jazz, dando voz às perplexidades e
incertezas dos anos 60. No final dos anos 60, acontece a inevitável fusão do jazz com o rock,
resultando primeiro em obras inovadoras e vigorosas, e posteriormente em pastiches produzidos em série
e de gosto duvidoso. Hoje existe espaço para cultivar todos os gêneros de jazz, desde o dixieland até o
experimentalismo free, desde os velhos e sempre amados standards até as mais ambiciosas
composições originais para grandes formações. Mas qual seria o estilo de jazz próprio dos dias de hoje?
Talvez o jazz feito com instrumentos eletrônicos - samplers e sequenciadores - num cruzamento com o
tecno e o drum´n´bass. Se esse jazz possui a consistência para não se dissolver como tantos outros
modismos, só o tempo dirá

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