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Net0) ole ele) ya = 0) 007. Xero REGINA MIGLIORI G4M NEUROCIENCIAS E EDUCACAO “a Tedesco Su SISTA oR TOA, ‘ata eco 20-9 nt Cos 52 Ma Bae 19012 40-5 T:(10319-505 ritamdmerehntuentaekina cmt ni aoe opal esac pe me mou paces spent persons sro ana eyo pt fet, ethene eel ec ‘eri ovate ten anna eeprom ue stem pean ots ce ib apa erence ges ein Aa ets atria cts prado Pel on pe dep el, ete neg asian 0 Ds 240 6988 0S ETS TOS, orroea concauzacio Na mI. Houta Pesquisa rao rusrmaces ecco Decoouatn ‘HD aUNERA Proveocaseico cE MIOLO Des Due ‘sia pa incu Ponracutsa mdaibesncom STAR Ova AC nronagto care FNAL, upeessho Deconustst USSHARAEEoTORALION stern Dados Internacionais de Catelogagio na Publicacéo (CIP) __(Cimara Brasileira do Livro, SP, Brasil) Mighiorl, regina Neurociéncias © educagso / Regina Migliori. -- 1, ed. == Si Paulo + Branil Sustentavel ditora, 2013. amu 976-85~96847~24-5 1. cézebro - Fistotogia 2. ducagia - Finalidades ¢ objetivos 3. Inveligenels emocionat 4. Heuraciencias 5. Neuropricologia 6, Professores Formagio 7. Psicologia da sprendizagen 1. Titulor 13-11702 eop-330.35 Indices para cataloge sistomitico: 1. Neurociéneias + Eduescie 370.15 NaunoCIENGIS EEDUCAGAO NEUROCIENCIAS E EDUCACAO REGINA MIGLIORI SK Brasil Sustentavel Editora eocitNcis EEDUCACKO NeMROCIENCIS FEOUCACKO @ PrEFAcIO Regina Miglori aborda, neste iro, dols temas fascinantes sobre conhecimento, que se situam nos extremos opostos de escola temporal: neurociéncios, considerada a fronteira do conhecmento atual, a incursGo no fuluro: e educago, reconhaciga ‘desde os tempos pré-histicos como a estratégia da espécie humana pare trans- valores © Go mesmo tempo promover a evoluctie dasses valores. A educacéo repousa em sofsticados mecanisrnos de mimetismo e de meméra, de imaginacéo « criatividade. de fontasia e utopia. A educacdo é ancorada em itadicdes @ inte- resses varios e vem sendo, desde tempos imemorais, organizada e estuturada, de {forma empitica, segundo normas dominantes da sociedade. Regina Miglotl esté en condi¢éo prvilegiada, tanto como académica quanto ‘come profisional, para relacionar esses dois temas. Tern vasla experiéncia focal- zando 0 abjelive principal da educagao, que a formagao de recursos humonos para atuar na sociedade, e para pensar modelos alternatives que contempiem 8 quoidade de ser human, com dighidade © berrestar para facios. Além dsc, ‘ecompenhe atentamente os recentes avangos das neurociéncies, que aprofun- ‘dam nossos conhecimentos sobre o cérebro, sua estutura e seu funcionamento 180 complexes. Regina cnaiisa como 0 cérebro @ os comportamentos do sistema nervoso sda com- pplementores para determinar nossas relacGes corpo © mento, nossas maneits de ‘oprender € ensinor, nosso imaginério e nossas explicagées, nossas fantesias e nossa ctialividade. $é0 esses elementos que compiem o desempenho consciente da ‘missG0 do educador sela como pal, mestre ou gestor. Leltores empenhdos nessas ‘miss0es SerGo beneficiados por este livro tao fem organized, escrito em ume: lin- ‘quager simples e didtica, ao mesma tempo que igarosa, Ubirotan D'Ambrosio Protessor Emit de UNICAMP Membre fundandor do Cente Intemational de Recherches et Eudes Tonscicipinaies/CIRET NUROCIENCIAS EEDUCACAO emociINcias EADUCAGRO @ acravecimentos Nao existem formulas mégicos. embora exista a magia, pois o que é mégico née ‘cobe em formulas. Foi assim que surgiu este Evra @ todos os demcis desta série de BublicagGes. £ 0 resullado da magia que 0 cérebro e o mente exercem sobre és, Cor sucs infiriios possblidades. Uma magia que esié em todo lugar, mas nd abe completamente em lugar nenhum. € por ester em muitos lugares que este trabalho s6 se tornou reaiidade por conte da ago e dei colaborage de muitos. Agradege a todos 05 jovens, educedores, pais, empresérios, governcntes,lderan- 08 de diferentes tradigdes. pesquisadores, esludiosos e cienistas com quem ve- ‘tho convivendo, que me controntem com um dasejo investigative sobre 0 que ‘nos fora humans ~ 0 que nos permite pensar sent, escolher com base em um. Conjunto de valores. Fol essa espiracdo que me conduziu & pesquisa sobre neuro- cléncios ¢ educccdo, Fol muito relevante a postura da UNIFESP @ do CON - Centro Diagnéstice Psicol6- siico. pela aberiura @ cisoosicdo em me receber na pés-craduacdo vincuiada & Sade - mesmo eu nao fendo formacae nesta érec- permitirqve minhosidelas sobre neurociéncias e educagac pudessem se traduzr em estudio e pesquisc. Fol fundamental o apoio de Rataela Ribeiro e Ivanda Souza e Siva. Meus agrace- cimentos também ao Dr, César Lorenzano, por acolher a proposta de pesquisa sobre as neurociéncias como pauta desafacora de paradigmas cientificos vigen- tes, © a0 Ubiatan D'Ambrosio, pals imensa contriouigde humana e cientifica. Quero agradecer a Tamara Russel, Bisa Kozasa, Senda Fortes, Marcelo Demaro ¢ Femando Bignardi, por inspirarem @ compartihharem seus projalos @ resultados de pesquisa. Agradéco a Alon Wallace, Lia Diskin, Rosa Maria Viana, Kaiya Siu- bing. Rosemarie Inojasa, Walmir Cardoso, Lama Rinchen Khyenrab, Lame Padma Samien, Tereziic Pagani, Alberto Cabus e Carles Sebastiée Ancrioni, que me esti- mulam a seguir com 0 desafio de oproximer o conhecimento de culturas milencres & pesquisa neurocientifica aplcada & educacdo e co desenvolvimento humane, Reconhego o incansével trabaiho de edicao de Anna Maric Brasi, que rapida- mente visiumbrou a possioiidade de publicagdo e coordencu, com maestiia, a ‘savipe que dev vide: esta obra. particularments o inspirade trabalho dos oristos Diego Duailbi e Fabio Olvera, que traduzram concettos nos cores e imagens que conduzem alelive. Sinto-me em divide com os ecucadores que vem comportihando sua experiencia, Ccomigo, 6 também com todos os que, no ambiente empresorial ena geside publ- co, vem aplicando essa abordagem como fundamenta ce modelos sustentavess. Agree cos mihares dle pestone qua paticinaram des programas a projetos ate tive a opertunidade de conduzir; todas elas me inspiram e renovam 0 desafo de ‘ferecer clgo que posse ser benefico para o mundo. rurocitvcust roucAcKo NEUROCHENCIAS EEOUCAGAO @ DEPOIMENTOS "0 irabaiho de Regina Miglor é fascinante. Hé mullo a oprender com a sua vasia experiéncia em tomo da educacdo, no seu trabalho em uma voriedade de seto- res, bern como no seu desenvolvimenta de evidéncias neurocientiicas de ponte.” Dr. Tamara Russell Visiting Lecturer King's College Loncion Director Mincfuiness Centre of Excellence, london “Este fio nos mostra como as neurociéncias esléo aunifanclo no melhor enfencf- mento sobre 0 cérebro, a mente, c afengdo, a percepedo, visando permifr boas ‘escalhas por parte do individu, saja buscando o seu proprio interesse seja buscan- do 0 interesse Social. A professora Regina, com ampta experiancia sobre o tema, ‘vem, no tempo preciso, atender a uma lacuna sobre neurociéncia no educacao, oferecendo esta pubicacdo que vem ausiiar os educaderes a darem um passe ‘a mois no conhecimento sobre o ser humano @ na insirumentaleacdo de seu iro- baiho visando uma o¢do mals consistente de contibuicdo para que o polencial hnumano possa ser aripiamenie realizado, tslamos em uma era onde os valores humanes, a visdo de ser humano injegral se sobrepde a outros caminhos. Reco ‘mendamos a leitura deste vro que. sem divide, vai contribu pora c melhor dos ‘Piojelos pedagégicos e da consirucdo de um novo caminho para a educo¢so.” Carlos Sebostido Andriani PhD na rea humana da gestao ISCTELsboo Presidente da Fundagae Douglas Andiian’ ‘Chairman do 8 internotional “Regina Wigton tem se decicado ae tema que opresenta neste iro com mult ano. O resultado é uma obra simples @ acessivel, pele qual as educadores po~ ‘derdo tomar confato com um tema complexo e essenciol para os dias de hoje! Prof Dr Walmir Thomazi Cardoso - Professor da PUC-SP ‘Apresentacior des programas “Sala de Professor" © "Acero" da TY Escola do MEC “Trabaihar com Regina Migfori no programa Mediacdo, Neurociéncias e Educa {go em Valores, voltade pora a formagdo de educadores e inirodugGo das pré- ticas contemplativas em nossa escola, tem franstormado 0 ambiente educativo. Educadores e esfuciantes exercitando @ mecitacdo da atencao plena ~ mindful ness. esid0 experimentando uma mudanga pessoa! e coletiva, proporcionando um estado de hormonia enire cérebro e coracao, methorando os niveis de aten- ofa @. conequentamenta. cle apeencizagem @ cecanvalvimantn humana” Dilson Costa - Dister Geral da Escola $ES| Abelardo Lopes NeUROCIENCIAS EEDUCAGKO B swwiz0 NEUROGIENCIAS E EDUCACAO " Ss 0 os Neurockencias 3 Formas de vero cérebro 4 De que trotam as Neurociéncias 15 Romos de Nevrociéncla 16 Sslema Newvoso Cental -SNC 21 ‘AS partes do Encéfalo 2 ‘As dobros do tecico cerebral Pore que sewemt 24 ‘A evolucde do Encéfalo 25 Ee POuco Sobre Neurons € SInapses 7 ‘Como urn neuténio prosatse o informagee » Héldos tos bésicos do Siopses : eloticas © Quimicas 2 ‘A histéia dos neurénies @ de dois centss 2 Neurotransmisores os mensagetts co cerebro 3 Sees Neutocienclas e cevendzagem Neuroplasickiade A plosicidade pode serbenétca cu nao ‘A copacidade de aprendar ‘Aprendizagem @ mens Sstemas atencionais Percepcdes @ FungSes Visuoespaciols fates neurodgicns do Inguagem excita Distirbos, rarsternos,e ciculdades de oprendizagem Fungdes execufivas Autonomia e défi de atencdo ‘Mingtuiness~ 0 Mecilagbo da Atenséo Plena ‘Sistema imbico Exprensande at emasdor ‘A exoressco fociol dos emogSes Motivagdo e Sstema ce Recompenses etroctnciasEeDUCACLO evsocitncis eDuCAGO NEUROCIENCIAS E EDUCACAO |A maiovia de nés no pensa sobre como pensamos. Também n6o nos preocupc- ‘mos em sentir como 6 que sentimos. Nosso cérebro porece ser tao eficiente, ave também nao pensames muito nele. Nao precisamos estar cientes de que o cérebro tem muitas éreas funcionando de forma sist@mica, para que ele funcione bem. Podemos ndo saber que, « cada nova experiéncia na vida, nosso cérebro muda esitulurcimenie e se frarsforma. Tudo afeta nossa estutura cerebral, sefa um acontecimento imporiente ou uma ‘aco contiquelta como ler esta pagina, Pode ser que ao pensor nc evolugdo da nossa espécie néo fagames muita elaco_ entre cérebro © comportamento, @ muito menos enire educagao e evolugdo da espécie. vg GG CO objetive deste Iva 6 conduzirvoc® por uma viagem pelos entrenhas do sistemas ervoso e suas interrelagdes com nossos pensamentos. sentimentos © agdes. Ou seja, uma jornade pelos vias que fecem a tama enite nosso mundo inteme © & realdade externa. [As pesquises sobre a estrutura e o funcionamento do cérebro, somades as retacdes deste com nosior manitestagdes mentais © comportamentais, vém produzindo mites impactos na educacae e nos processos de aprendizagem. Espero que estas informagdes possom coniribuir com a atualizagéo dione de pesavisas cientiices e viabiizem apicagbes préticas que ompliem 0 processo Educative valtado para o desenvolvimento dos nivels de excetencia das pessoas. IneuRocHENCUsE eUCACKO eurocitucus epucagko NeeSCINCIASEEDLERCKO @ © QUE SAO AS NEUROCIENCIAS Steven Rose, nevrocientisia inglés, afrrna que um dos desafios dos neurociéncias (0 plural é importante} 6 fundir todos 0s conhecimentos sobre © cérebro: “Porque o cérebro esid cheio de paradoxos. Ele é simulfaneamente uma estrutura fea e um conjun- 10 de processos dindmicos, em porte coerentes, fem parte independentes, As propriedades ~ fungdes ~ es{Go simultaneamente locailzadas e desiocadas, embutidas em pequenos agrypa- mentos de céluias ou aspectos do funcionamen- fo como um todo." Com seus 100 bilhbes de neurénios @ cerca de 100 ‘rihdes de conexdes, 0 cérebro humano vam se con- figurando como 0 fenémeno mais complexe no uni- verso conhecido. Somese a iso as consequenies dagagées sobre a mente e a consciéncia humana. Dionte de tomanha complexidede, pode-se atfimar que as pesquisos ainda esléio em um estigio ico em ‘dados ¢ pobre em leorios. Torna-se bastante desaiio~ dor integrar ospectos que até entao constituiam cam- pos de conhecimento separados, fais come quimice, biclesic, neurocnatomia, neurofsiclosic, genétice, Psicologia, flosofa, pecagogia, economic. Apossibiicade,¢ a esperanga, de montaroquetxa-co- begas se renavou no final do século XX. com 0 estabe- lecimento de um campo de conhecimento abrangen- fro, os neueciéncios, que so ceraciorzam como um cconjunto de conhecimentos sobre 0 cérebro, sua es ‘nytura e seu funcionamento, € as respectivas relacbes ‘com nossas manifestagdes meniais © comeoriamentas. NEMOCIENGIAS EEDUCAGAD Estamos ampltando nossa compreenséo sobre as Interfaces enke 0 cérebro @.05 comportamentos. Isso impacta em transfor. mages nas dindmicas do ser humane, ¢ cons quenlemente, nos pro- cessos educativos. Some-s0 a iso a inevitével aproximagéo com a neurotecnolagio, « possiolidade de mapear 0 cérebro par meio de imagens, de exercitar habiidades em equipc- mentos dle neurofeedback, de encontrar solucdes genétices ou formacolégicas ppora problemas indivicuas, sso nos fazrefeti sobre o fato de que as neurociéncias nde podem ser compreendidas somente no émbito dos processos que envolvem ‘cérebI0 € mente, dissociados do contexto sécio-econémico-culfural no qual essa produce de conhecimento esté se desenvolvendo. £ relevante compreender que os neurociéncias oferecem @ perspectiva para ‘oredicae, muclanca e controle das mentes. so ampli 0 enfoque ético sobre 0 quanto a crescenie capacidade de explicar a cérebro faz consigo 0 poder de conserter, modular, ¢ menipulor a mente, Estamos ampliando nossa capacidade de compreensdo sobre as interfaces entre 0 cérebro € os comportamentos. Iso impacta em transformagbes nas dingmicas ddo ser humana e, consequentemente, nos processos educativos. @ Formas DE VER O CEREBRO ‘A neuroonotomia @ a neurafidologia 16m como foco a organizagdo anatémica ‘do sistema nervoso, 0 deineamento das regides do cérebro, a distincGo entre os cstruluras cerebrais, as inumerivels Igacbes entre 0 cérebro € todas cs regibes do corpo, € como este complexo sistema trabalha, eueoctcias eoucAcKO ‘As concepgées sobre educagio se mpliam & medida que se compreende um POUCE mais sobre a esitutura’e © funcionamento do cérebro. Mas existem cifo- Tenies maneiros de ver 0 cérebto, assim como héi diferentes formas de ver a vido. Podemos vélo camo um conjunte de células que interagem através de finos fprolongamentos, formando trihdes ce complexes circuitos infercomunicantes. Podemos anaiisar 0s sina elétricos produzidos pelos neurorics. E possivel esivdar as reagdes quimicas que acorrem entre as moléculas dentro e fora das células ner vosas. Peciemos também compreendisr o envolvimento do eérebro na producdo de comportamenias emeergentes do sistema nervoso. Als bem pouco tempo, seria simples reconhecer a existéncia desses olferentes rivets do sistema nervaso e actecitar na prevaléncia de clgum deles sobre os de- mais. Na visdo do neurocientista Roberto Lent, *O ma’ comum era acreditar que os fendmenos de cada nivel poderiam sermais bem explicadias pelo nival inferior: 0s fenémenos prieoldgicos seria, ‘assim, reduzidos @ suas manifestacdes fioligicas. os fendmencs fkiologicos reduzidos a suas monifestagées calvlores, e 0s fenémenos celulares a suas ‘manifesiacGes molecuieres. Tyco ento se esumilia ds inlevuydes erie es moléculas componentes do sisterna nervosa. Uma frase tipica dessa Gbor dagem é:0 consciéncia é uma propriedace das moléculas do cérebro, Hoje fd cloro que esta altude reducionista néo é uma baa explicacae, embora passa ser um bom método de estudo. Os niveis de exsténcia do sistema ner- "Yos0.ndo s80 uns consequéncias dos outros. Coexistom simultaneamente, em paraielo.” Portanio, admitese a divisdo do sistema nervoso em liferentos nivels somente com {a finalidede de anéilse dos fendmencs, som perder de vista 0 cordter sskémico e simulléneo das estruturas, do funcionomento @ das interagBes com nossas compor- famentos. Nosso foco a abordargem de alguns desses aspectos, considerados relevantes para a aprendizagem, e © processo de acaio humans. a DE QUE TRATAM AS NEUROCIENCIAS © campo de estudo © pesquiso das Neurociéncias tam sua origem em questées ‘gue hd séculos vém insligando as pessoas. O que a céretxo tem a ver com a con clencia® Hé evidéncias sobre ssa relacGo? Como acontecem os mecanismos da cogni¢do? Como surgem as emogbes? Como todo este sistema tangivel inlaryivel fumiona® Estos questoes continua sendo paula de perquisas, que se organizam am con- juntos de conhecimentos, que, por sua vez, se tornam ramos das Neurociéncias. euroctwcias eeDucAcKO (@ RAMOS DAS NEUROCIENCIAS UM CAMPO INTERDISCIPLINAR © NEUROANATOMIA Ramo da cnatomia ave estuda 0 organizagto € a esttutura do sistema nerveso. | NEUROFISIOLOGIA amo do fisiologia que esluda o funcionamento de sistema nervoso. | NEUROLOGIA Espectaliacle médica que lide com o sistema nervoso e seus dstirbios. |= NEUROBIOLOGIA Esiudo bioldgico do sstema nervoso e de sues partes. | NEUROENDOCRINOLOGIA Estudo dos inioragdes entre 0 sstema nervoso @ 0 sistema endéctino, suas giandu- las e respectivas secrecoes, {8 NEUROFARMACOLOGIA fstudo das crogas (temédios e medicamentos] sobre o sistema nervoso. ®@ NEUROGENETICA Estudo de fatores genéticos que contribem para o desenvolvimento neuroiégico © seus eventuais distirbios. |B NEUROPATOLOGIA Estudo de doengos do sistema nervoso. noceEcIAsEDUCAGAO TWadicionalmente. as Neurocién- clos eram vistas como um ramo da biologic. Entretanto, com as investigagSes sobre as interfaces entre cérebro-mente-comporta- mento, 0 escopo das Neuiociér- clos vem sendo ampliado. | NEUROPSICOLOGIA amo de conhecimento que lida com os relacdes enlre o sistema nervoso, a fuN- Seoe corebroit © mantcis, «a8 respectivos comportamentos. | NEUROPSIQUIATRIA Bstudo mécico sobre distirbios neuroiégices e psiquidtricos. | NEURORRADIOLOGIA Romo da radiologia que lida com o sistema nervoso utlizando raios X pera o diage néslico e o tratamenta de cistorbies do sistema nervoto, 1B NEUROQUIMICA Fstudo das composigbes quimicas, dos processes do sistema nervoso e dos efettos de substancios quimicas sobre ele. [NEUROCIENCIA SOCIAL ‘Compo intexdiscipinar que estuda simultaneamente cérebros @ inter-telacdo mu- foo, combinande as aberdagens da Neuropsicologia e da Nevreciéncia Cognitive ‘com as questbes @ teorias de varias ciéncios socials, |S NEUROECONOMIA Estudos dos processos cetebrois relacionados ds questées fnancetras @ econdmi- cos dos inavidves. neurocitwcus eeDvcacho NEIROCIENCIAS EOUCKGAO tra anaes GAP) ESTRUTURA DO SISTEMA NERVOSO sistema nervosa pode ser considerado 0 sistema mais complexo ¢ mais ergani- z0Uo entre os vétios sistemas do corpo humano. Para o estude anatémica, ele é vide em duas partes: centrale petitérico, sistema nervoso central (SNC| corresponde as partes que sido sitvados den- fo do crdnio e da colina vertebral. E onde esté a matoria das céluies nervosas, seus prclongamentos ¢ 08 cantatos que estabelecem entre 1, No sistema nenvos0. pexiférico (SNP} né um ndmero menor de céiulor e um grande numero de prolon- gamentos ~ floras nervosos agrupacias em fetes chamados nervos, que se prolon- {gam por todo o compe. @ SISTEMA NERVOSO PERIFERICO - SNP Os nervos petiféticos se dividem em grupes inlimamente conectados, @ sto osneu- rOnios que conectamo cérebro 6 « medula espinal ao restante do compo. Esses ner- vos periéticos se dividem em dois grupos: cerebroespinhal e aulénomo, dispostos ‘om Guas colunes situadas imediatamente ao lado de cokne vertebral. (Os nervos cerbroespinhais possuem funcdes motore ¢ sensitiva, Essas redes senso- Ficis e motoros do sistema nervoso peniérico esiGo conectacas ao ssterna nervosa ‘central, Nervos sensoriais sao aqueles relacionados cos nossos sentidos. As informagées dos receptores sensofcis sdo levadas ao cérebro, onde sG0 irobalhadas em redes para cconstiuir imagens do momento atucl, memérias de eventos passados ¢ exectati- vyos em relacéo a9 futur. INEUROCIENCIASEEBUCACAO Os nerwos motores conectam o cérabro @ a medula expinhal aos misculos do cor. po. S80 essas redes motoras que nesie momento esldo sendo uilizadas para voce ler este lvro: 0 movimento dos olhos. 05 mds vrando as paginas, a posture que sustente seu corpe enquanto Ie. ss05 vios moteras tomibém s60 usadas pora o funcionemento dos ératios do corpo. Farem parte de uma outta subdWvisio, 0 sistema nervaso auténomo, composto de outonios que recedem e enviom mensagens para os éraGios do corpo. Os nervos ‘auténomos controlam todos 0s fendmenos nao votuntérios, como o funcionamen- todo aparalho digestivo, o calibre dos vasos sanguineos, 0 diémetro da pupila, salvage, as balidas de coragae etc. £0 sistema oulénomo que fez. genie sentir fome antes de comer e saiislacto depots da refei¢o. Também regula a cigesteo dos alimentos ingerics. Em resumo, € ele que reguia todos as funcdes corpora, NSUROGIENGIA EEDUCAGAO a SISTEMA NERVOSO CENTRAL - SNC (© sistema nervoso central (SNC) 6 composto por meduia espinhal e encéfalo, ‘MEDULA ESPINHAL Ea porte do SNC que se estendie peic interior co canal de colina vertebral Approiongacao do encéfalo compoe o medula espinhal euRocibueis eroUCACKO ENCEFALO E 9 parte do SNC conta no ine tefior da caixa craniana. ou sejo. dentio da cabeca. Comumente omeamas tudo © que esté dentro do cabeca como "cérebro", mas narealidade o nome correlc 6 er céfolo, © encéfolo & constituido por um Conjunto de trés estruturas espe- Cializades, que funciona de for ma integrada: tronco enceféiico, cerabelo © cérebro, vaio na imo gem: @ As PARTES DO ENCEFALO A) TRONCO ENCEFALICO £0 Grea do encéfolo que fica préximo & medula espinhal, Possul vérias esituluras: ‘© bubo, o mesencéfalo e a ponte. Algumas dessas dreas sé0 responséveis por fungdes bésicas para a monutencdo da vida, como a respitagda, @ batimento ‘cerdiaco €.a pressdo arterial eunocitnciaseEDUCACAO B) CEREBELO Fa drea do encéfalo que estd stuada atés do e&- robro. E um centro para o controle dos movimentos, ‘opresentando extensos conexées com 0 cérebro ‘2 meddle espinhal. Suas principais fungdes so: ma- nutengdo do ecuilforio e da posture. controle do ténus ‘muscular @ controle clos movimentas voluntérios C) CEREBRO O cérebro é consttuido por duos metodes chamacas de hemistérios cerebreis, as quoisse stam um do lado: reife e outro do lace esquerdio. tao simétrico quan: foo corpo, que tem, por exemplo, dois bragas e duas pemes. uROCIENEIASEEBUCACKO O cérebro abrange dois hemistrios, direto.e ‘esquerdo, Sua camada extema 6 chamada cér- tox. um fecido enrugado, com muitas dobras para se encaixe dentro do cerénio, As pregos deste fecido sto chamadas de tos. Cada hemistério & ville am quer labo * frontol, pariental, temporal @ ocipital *g AS DOBRAS DO TECIDO CEREBRAL - PARA QUE ‘oto Pron " DICA: sua méo fechada pode ser SERVEM vir como guia de orientacéo para lo- obo Feral callzar os lobos no cérebro. O polegor A superiicie externa do cérebro consiste em um tecicio enrugado, com multas do- bras, para que se encixe dentro do ardnio. As pregas deste tecido so chamadas de girs e sulcos. Essa camiada externa & conhecida come céttex cerebral, £sse nome vem do laiim: @ palavra cérlex significa casca nome bem adequade pare fessa camada to enrugada que cobre a molor patie do encéfalo. representa 0 lobo temporal: os outros dedos flexicnades representam o lobo frontal; os nés dos decios s60 0 lobo parietal 6, por fim, 0 punho represenia lobo ocipital @ wrens weer SS e (Gio Frontal Superior N @ cern wo @ A EVOLUGAO DO ENCEFALO _S ‘ATTearia do Cérobro Trio fol elaborada em 1990, pelo nevrocientista Paul Maclean, @ crores rr 2 atoolaaue corde cimire dhitus erdtersuaaaae incsren ater Cada uma is topiecrfaneo tr mensch eave do dcr haves os volar 0 cértex de cade hemistério 6 cividico em quatro lobos, grandes regides que re- ‘eebem nomes relacionados aos ossos cranians locaiizados préximos a eles. © lobo locatzade na frente do cérebro € denorinado lobo frontal. No lateral esto labo temporal. No topo da cabeca, atrés de lobo frontal, esté 0 lobo parietal: eo a lobo occipital constiui a érea no parte posterior da cabeca, estan @ am CEREBRO REPTILIANO (sore Eunidade cerebral mei primitiv,responséiveloela cutopreservacdo e pela coresséo. @ or! CEREBRO EMOCIONAL ‘Também chamado de cérebo limbico, ¢ responsdivel pelas emocées dos mamife- @ ree ros. formade peles exrulves do abtema lnbica, CEREBRO RACIONAL CCoresponde & uniciade cerebro! dos momiteros superores os primatas @ © homo sopiens, neuocitweus eRouCACKO NeUROcENCIS #UCACAO a COMO TUDO FUNCIONA (UM POUCO SOBRE NEURONIOS E SINAPSES voto. £4 informacé sos unidades funcionais de ‘grandes conjuntos de neurénic © que dey Gia odaptada pore 0 prec e COMO UM NEURONIO PROCESSA A INFORMACAO Snapticas bina de micina no deranvier : cxrpo neuronal zona de dsparo do potencal de ar50 © corpo neural apres ‘quais 0 neurénio rec Um grancie numero Cs infornagées aferentes, ou soja, que chegam aié onevrério, Um desses prolongamentos € mals longo, ramificondo-se bastante na sua porcdo jerrinal é 0 cx6nio ou fibra nervosa. Cade neurGnio fem um nico cxénio, por onde sem os informacdes digidas 9 muitos outs neurénios de um crcuito neural. POra mutipicar 6 capacidade de saida da infoemagSo, o cx6nio se ramifica em suc por (G60 terminal, once também esto os vesiculas sinépticas, pequenas bokinhas que rmazenom substéncies chamadas neurotrensmissores ¢ sGo ilkeradas no momento fem que ocome a sinapse. E essencial que 0 sina! seja conduzido com a maior velocidade possivel. Paro tanto, he uma cameda isolante em torn de fista nervosa, a beinha de mielina. que pos- Sbiia a conducdo uirarrdpida dos sina elsiicos procusidos pelos neurdnios. que bproticomente *saltam” pelos nés de Ranvier em ditegdo a sua poreéo terminal Esses impulsos nervoses sd tronsmiidos alravés de um fenémeno elatroquimico, 0 potencial de agdo, que ocorre devido « mociicades na permeabiicade da mem Brana do neuron: uma répida variagdo do potencial de repouso, ov seja, do po- tencial negativo para 0 potencial posilvo, com um rGpido retorne pare 6 patencial de repovse negative « membrana muda sua polaridade e depo volta ao normal Jude isso acontece em apenas algurs milésimas de segundos. permitindo ao nev- ‘Brio produzk vérias cantenos de impulsos em cada segundo. A distibuicdo desses impulsos no tempo serve comme um cédigo de comunicacdo, como se fossem pola- ‘ros de uma linguagem, que se mociica de acordo com os necessidoces. (OS EVENTOS ELETRICOS E AS INTERACOES BIOQUIMICAS PROPAGAM UM SINAL DENTRO DO NEURONIO, E DE UM NEURONIO A OUTRO. © CONTATO ENTRE UM NEURONIO E OUTRO, ATRAVES DO QUAL OCORRE A TRANSMISSAO DE MENSA- ‘GENS, £ DENOMINADO SINAPSE. impulso elétrico Pr impulso elico rneurtnioprésinanton neubnio péssinapten descarga cletromagnética NeUROCIENCIAS EEDUCAGA el Na sinopse, os sinais emitidos por um neutério, que chegam outro, nemserore pas- ‘sam sem alteracdo. Pocem ser mutipicades ou bloqueads total ou parcialmente. 5e as nformagdes entre os neutdnios fossem fodas transmilidas integroimente, endo nem haveria necessidade de sinapses! Teriomios uma continuidade de membranas, « estatia garantide a passagem do mesmo potencial de acdo par todas os células Era 0 modo coma se pensava anies que o hisiologita espenhol Santiago Ramén y Cajal individualzasse 0 neurério em um mictoscépio éptico, pelo que recabeu 0 Prérrio Nobel de Medicina em 1906. Se houvesse uma *continuidade de membranes", garantindo @ passagem dos mes- mos potenciais de a¢ao, feriamos come consequéncia um sistema nervoso ineapaz de tomar decisées. ou sea, de interpretar e modiiicer as informacBes ‘A PARTIR DA INDIVIDUAGAO DO NEURONIO, TORNOU-SE POSS{VEL IDENTIFI- ‘CAR AS SINAPSES. O FATO DE A INFORMACAO PODER SER MODIFICADA NA PASSAGEM DE UM NEURONIO PARA O OUTRO DURANTE A SINAPSE £ O QUE GARANTE A GRANDE FLEXIBILIDADE DO SISTEMA NERVOSO E NOS PERMITE (CRIAR E PENSAR EM INFINITAS POSSIBILIDADES. Sem nenhum cardter reducioniste, poderiamos dizer que a qualidade © @ fexiit dade dias nossas sinapses esta intimamente relacionadas com © que nos ferna hu- mangs: 0 capacidade de sent, pensar, criar @ escolher, @ HA vos rieos BAsICos DE SINAPSES: ELETRICAS E QUIMICAS. As sinapses eléticas sto de estrutura mols simples, s60 sincronizadores celuiores, Permitem transferéncia deta da corente iOnica de uma céivla para 6 célvie seguinta, som intermeciésios quiricos, Ocortem em locais especiallzades, chomedos jungdes Comunicantes. € uma fransmissGo muito répide da informacao, come ume épia, de uma cia para outra. Esa rapidez e ideldade na transmissdo permite & sincronizagdo de numerosos popuiagées de céLias acoplacas — por exempio, nos céUlas cardliacas, onde é necessérie fazer que se contaiam ao mesmo lempo pare impussionar 0 sangue adiante, ‘Sd sinapses muito velozes. mas, por serem de lia fidelidade, 'ém boa capaci- ‘dade de modutacae @, se fossem majoritdrios, recuziiam a fexibiidade do sisiema Tnervose @ estebbeleceriam comportarnentos muito mais simples ¢ esteriotipados. Acredita-se que nosso complexo processo evolve ocorreu das sinapses eléricas ord’ as sinapses auimicas. 0 ave fez suri. entre dois neurénios. uma regido especial- zada de cantato ~ a fend sindpiica -, bastante maior que 3 jung comunicante ‘dos sinapses elétricas, neueocincins EDUCACKO Esse espaco € ocupado por uma matt proleica adesiva, que permile a fkagdo dos neurénios ¢ a difusdo de meléculas no interior da fenda. Como a iransmiss0 sinéptica unicrecional, podemnes chamar o neurénio que antecede a fenda de 6 Sindptico @ 0 segundo de pés-sinéptico. © lermingl do neurénio pré-singptico detém vesiculas singpticas. minisculs esferas responséveis pelo armazenamento das svbsiGncios que serfo fberacias na fenda = os neuralransmissores, cuja compasicéo determina a quatidade do estimulo trans- rritide co outro neveério. ‘Asim, « informacdo chega aos terminais pxé-sindptices nai forma de potenciais de ‘ae80 conduridos pelo axnio. Parc uilapassar a larga fenda sindptica, esse infor- mocao eleticaé converiida em informacéo quirica. Os potencicis de agGocausam ‘liberagde las substéncias armazenadas nas vesiculassindplicas: 0s neurotransmis- sores, Uma ver na fenda sinépica, essa subst@ncias difundemse até a membrane do neuidnio pés-sindptlee, onde acone a conversdo da informacGe quimica em Informacdo elética. Ese processo se repetité em toda uma via de comunicagce. ‘Osneuronies excsant [igam) au inert (uesfyurn) ovlros neurGrios. Ou soja, enviam sinals uns para os outros: "sim" mensagens excitalérias, ou “ndo” - mensogens in bitérios. Cada neurénio ervie @ recebe mihares dessas mensagens excitalérias € Inibitéras por segundo. NemOcINCIASEsDUCAEKO . . EE As Snapses quimicas podem moaificar os mensagers que transmite, em razdo de inémeras creunsténcies. As substancias neurolransrrissoras @ neuromockodoras, de ‘coxéier inibitstio ou excitatério, iberadas na fenca sinéptica, pravocom alteroges no potencial de a¢Go, modiicam o sinol, @ cédigo de camunicagéo, em infintes combinacdes entre os neurérios. (© que © neurénio faz com os mires de mensagens de “SIM ou "NAO" que re- cobe? © neurério tem uma attitude bem damocrétice. Ele soma os entradas: e sé ser6 es fimulodo © agir se as entradas excitatGrias form em maior nUmero do que as ini bitéras. Se ocomer 6 contratio, ele née air. De ume forma simplificada. a transmissdo sindptice envolve a converséic do impulse nervoso de natureza elética em uma mensagem quimica caregada por substén- clos neurotransmisoras, @ novamente transiormada em impuso elético, jan célule péssinéptica. 'A copacidade de processamento do sistema nervoso provém da integragdo das Imihores de

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