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Estratégias de desenvolvimento em questão: um plano de

investigação sobre Brasil e México (2000- 2013)

Ricardo Neves Streich


XII Congresso Brasileiro de História Econômica & 13ª Conferência Internacional de História de Empresas
Estratégias de desenvolvimento em questão: um plano de investigação sobre Brasil e
México (2000- 2013)

Estratégias de desenvolvimento em questão: um plano de investigação


sobre Brasil e México (2000- 2013)
Ricardo Neves Streich1

Resumo
O presente trabalho pretende discutir o plano de pesquisa da investigação de doutoramento por
ora denominada “Estratégias de desenvolvimento em questão: o papel do Estado no Brasil e no
México (2000-2013)”. O objetivo principal desta pesquisa é comparar as estratégias de
desenvolvimento adotadas pelos governantes do Brasil e do México, a partir de suas políticas
econômicas e os respectivos desempenhos dos indicadores sociais no período de 2000 até 2013.
Trata-se de acompanhar as estratégias e as práticas político-econômicas de governantes com um
discurso de tom liberal (México) e outro com um discurso (neo)desenvolvimentista (Brasil) em
um contexto favorável no cenário econômico internacional (boom das commodities) quanto em
um período de crise internacional (após 2008), pontuando suas semelhanças e diferenças.

Palavras-chave: Brasil, México, Partidos dos Trabalhadores, Partido da Ação Nacional, crise
financeira de 2008

Abstract
The present paper intends to discuss the plan of the doctoral research named "Development
strategies issues: the role of the State in Brazil and Mexico (2000-2013)". The main objective of
this research is to compare the development strategies adopted by the rulers of Brazil and
Mexico. The comparison will focus on their economic policies and the respective performance
of social indicators in the period of 2000 to 2013. In matter of fact, we will evaluate similarities
and differences in the strategies and political-economic practices of the rulers with a liberal
tone (Mexico) and another with a neo-development alism discourse (Brazil) in a favorable
context in the international economic scenario (commodities boom) and in a period of financial
crisis (post-2008).

Keywords: Brazil, México, Worker’s party (PT), National Action Party (PAN), 2008 financial
crisis

1
Bacharel, licenciado e Mestre em História Social pela Universidade de São Paulo.

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Estratégias de desenvolvimento em questão: um plano de investigação sobre Brasil e
México (2000- 2013)

Brasil e México nos anos 2000

A presente pesquisa teve início em um artigo publicado pela revista do ILPES-


CEPAL, no qual elaborei (IGLECIAS, W; CARDOSO, E. W; STREICH, R. N., 2014),
conjuntamente com Wagner Iglecias e Eliel Cardoso, uma análise, em perspectiva
histórica e comparativa, das políticas de desenvolvimento no Brasil, México e
Venezuela.Na ocasião demos especial atenção ao período de emergência do paradigma
neoliberal no fim dos anos 1980 e início dos 1990, bem como o período abarcado pelos
anos 2000, no qual setores questionadores do paradigma neoliberal alcançaram o poder
em diversos países da América Latina. Minha intenção, na pesquisa de doutoramento, é
desenvolver e aprofundar os aspectos não desenvolvidos naquele artigo, daí a opção de
reduzir o número de países a serem comparados e restringir o escopo temporal da
análise. Por isso, o objetivo da pesquisa de doutoramento é comparar as estratégias de
desenvolvimento adotadas pelos governantes de Brasil e México de 2000 a 2013.
Historicamente, o Estado ocupou um papel muito importante nos processos de
industrialização dos países latino-americanos2. Contudo, os padrões de financiamento
estabelecidos durante o século XX3 entraram em crise após a consolidação da nova
dinâmica internacional do capitalismo e do paradigma neoliberal, já nos anos 19804.
Dentre os diversos aspectos (ideológicos, políticos, sociais, dentre outros) que poderiam
ser desenvolvidos em uma análise sobre a emergência do neoliberalismo, basta apontar
que esse novo paradigma econômico buscou naturalizar o protagonismo da iniciativa

2
Observar por exemplo o estímulo ao desenvolvimento industrial realizado em diversos países do
continente pelos chamados “regimes populistas” da primeira metade do século XX com as chamadas
políticas de “substituição de importações” (Cf. BRESSER-PEREIRA, 2003.Ver também TAVARES,
2000). De um ponto de vista mais teórico, poderíamos citar as posições defendidas pelos comunistas, os
quais defendiam, ainda que com diferentes nuances ao longo do século XX, a necessidade do
“desenvolvimento capitalista” nos países da região. Contudo, as proposições “desenvolvimentistas”
ganharam força com o surgimento da CEPAL, tendo Celso Furtado como um de seus maiores expoentes
(VER BIELSCHOWSKY, 2000). Em uma perspectiva crítica, do ponto de vista analítico e/ou político,
podemos citar as diversas matizes da Teoria da Dependência nas obras de Cardoso e Falleto (1970), Frank
(1980) e Marini (2000).
3
“[...] sem uma base de acumulação própria o suficiente para manter este esquema – via arrecadação fiscal
ou geração de lucros de suas empresas -, o Estado recorre ao financiamento externo por meio do qual cria
a ‘força’ que não possui.” (GOLDENSTEIN, 1994, p.67).
4
Segundo Carlos Eduardo Martins (2011, p.312): “O neoliberalismo apresentou duas grandes fases de
articulação da América Latina na economia mundial. A primeira nos anos 1980, quando o país
hegemônico, mergulhado em sua crise de longo prazo, drenou os excedentes da economia mundial e não
ofereceu nenhum tipo de reorganização da divisão do trabalho ou projeto de desenvolvimento para a
região; a segunda, que se estabelece no início dos anos 1990, quando os Estados Unidos se organizam
para um novo ciclo expansivo e estabelecem um novo projeto de inserção internacional para a América
Latina, condensado num conjunto de políticas públicas chamadas de Consenso de Washington.”

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privada como única saída para os impasses político-econômicos alcançados pelo


desenvolvimentismo5.
Ainda assim, apesar de seu caráter homogeneizador (no sentido de reduzir a vida
social à lógica do mercado), houve muitas diferenças na aplicação das fórmulas do
Consenso de Washington nos diversos países da América Latina. Isso ocorreu em
função da dinâmica de resistência de amplos setores da sociedade civil organizada em
partidos, sindicatos e movimentos sociais.Esses questionaram o caráter socialmente
excludente das reformas liberalizantes então em curso e também os seus efeitos de
desnacionalização das economias. Daí, por exemplo, o fato de algumas das maiores
empresas estatais do continente - como a PETROBRAS, a PEMEX e a PDVSA6-, não
terem sido privatizadas, muito embora tenham sofrido flexibilizações que facilitaram o
vínculo com o capital estrangeiro.
Na virada para o século XXI, inaugurou-se um contexto de transformações no
cenário político do continente latino-americano. O desgaste das forças políticas que
impuseram e/ou sustentaram a implementação do neoliberalismo abriu espaços para que
outros segmentos alcançassem o poder. Nesse contexto, resolvemos comparar as
trajetórias político-econômicas de Brasil e México. A escolha dos países se deu,
fundamentalmente por três razões, a saber: 1) trata-se das duas maiores economias do
continente; 2) A estrutura econômica dos países é relativamente parecida, já que ambos
possuem um parque industrial desenvolvido, especialmente no tocante à indústria
automotiva, grandes conglomerados de comunicação, petrolíferas importantes, além de
serem exportadores de commodities; 3) Ambos países possuem historicamente um grave
problema de desigualdade econômica.
Nesse sentido, no ano 2000 – início do nosso recorte cronológico - o eleitorado
mexicano impôs a primeira derrota eleitoral ao PRI (Partido Revolucionário
Institucional) em 70 anos, quando levou ao poder Vicente Fox do Pan (Partido da Ação
Nacional). Já no Brasil, em 2002, foi eleito Luís Inácio Lula da Silva do PT (Partido dos

5
Sobre as implicações e concepções sociais dos ideólogos neoliberais ver a obra de Dardot e Laval
(2016). Para o problema a crise dos anos 1980 no Brasil e México ver Bruno, Di Tella, Dornbusch e
Fischer (1988)
6
Em 2009, respectivamente, as Petrolíferas de Brasil, México e Venezuela eram as 3 maiores empresas
do continente. (Cf. AMERICA ECONOMIA, 2009). Sete anos depois, em 2016, apenas a Petrobrás
continua figurando na lista das 25 maiores empresas do continente (Cf. EXAME, 2016). Importante notar
que a PETROBRAS e a PEMEX são empresas de capital misto, ao passo que a PDVSA continua
funcionando como uma empresa estatal.

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Trabalhadores), o primeiro governante de esquerda após o fim da Ditadura Militar


brasileira.
Ambos governantes encontraram seus países em situações frágeis econômica e
socialmente. As crises dos anos 19907 perpetuavam as altas taxas de pobreza8, problema
histórico de ambos os países9. Curioso observar que apesar das retóricas díspares
(enquanto Lula conclamava o combate à pobreza como prioridade10, Fox continuou a
retórica da responsabilidade administrativa e do Estado mínimo típica da hegemonia
neoliberal) os dois presidentes apostaram, nesse primeiro momento, em estratégias
macroeconômicas similares. A fim de evitar pressões inflacionária, buscou-se manter o
equilíbrio fiscal e o superávit primário.Nesse primeiro período, até 2006, a razão dívida
pública/PIB diminuiu nos dois países. No caso brasileiro de 51,8% a 44%(IPEADATA),
no México, por sua vez, o percentual continuou praticamente estável, de 22,6% a21,4%
(INEGI, 2006)11.
Os países viveram, então, anos de crescimento econômico, além de um processo
de desconcentração de renda. O crescimento do PIB obteve médias de 3,7% no mandato
Fox e 3,45% no primeiro mandato de Lula (BANCO MUNDIAL), ao passo que a taxa
de pobreza caiu de 41,10% para 31,7% no México e de 37,8% para 33,4% no Brasil12
(CEPALSTAT).Os resultados dos indicadores econômicos e sociais acabaram por
ajudar a garantir sucessos eleitorais para os dois governantes13.

7
O México passou, em 1994, por uma crise causada pela falta de reservas internacionais, o que provocou
uma enorme fuga de capitais e a desvalorização do peso. A crise acabou se espalhando para os mercados
asiáticos e posteriormente chegou ao brasileiro, no que ficou conhecido como “efeito tequila”. O Brasil,
por sua vez, foi duramente atingido pela crise das economias asiáticas de 1997/98 e viveu dois anos
(1998/99) de crescimento econômico quase igual a zero. Para mais detalhes ver Fenkel (2008), Calvo
(1996) e Fernandes (2012).
8
Pessoas que vivem com menos de U$ 1,25 por dia.
9
De acordo com a CEPAL (CEPALSTAT), em 2000, 41,10% da população mexicana vivia em
condições de pobreza. No Brasil, em 2002, o número era de 37,8%.
10
Ainda em 2003, o governo Lula anunciou a criação do programa “Fome Zero”, com intuito de atacar as
causas estruturais da fome no Brasil. Contudo, já em 2004, o “Bolsa Família” – programa de distribuição
de renda sob condicionalidades – que havia sido criado como medida provisória foi transformado em lei.
Ao longo dos anos, o “Bolsa Família” virou um carro-chefe dos governos petistas e a discussão pública
sobre a causas estruturais da fome foi abandonada.
11
Para uma análise mais acurada ver: para o caso brasileiro Sales (2012) e Palácio Muñoz, Santacruz de
León e Montessillo Cedillo (2007) para o México.
12
Um dos temas a serem desenvolvidos na pesquisa de doutoramento é justamente a razão que levou o
México, nesse primeiro momento, a obter um maior sucesso no combate à pobreza, se comparado ao
Brasil, que naquele momento desenvolvia ações específicas para esse fim.
13
Os sucessos eleitorais no pleito de 2006 ocorreram apesar dos diversos escândalos de corrupção em
torno das figuras e/ou de pessoas próximas aos presidentes. No Brasil, Lula conseguiu sua reeleição
(48,6% dos votos no primeiro e 60,83% no segundo turno) apesar das acusações sofridas pela cúpula do
Partido de Trabalhadores de um esquema de compra de votos (popularmente conhecido como
“mensalão”) no legislativo. No México, o grande número de acusações de favorecimento ilícito em torno

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Dessa forma, os pleitos presidenciais de 2006 em ambos os países deram vitória


a projetos de continuidade. No Brasil, Lula foi reeleito para mais um mandato de quatro
anos. No México, onde a reeleição não é permitida, o vencedor foi Felipe Calderón do
mesmo partido de seu antecessor, o PAN. Em termos de conjuntura econômica, naquele
momento o continente latino-americano estava favorecido pelo aumento generalizado
de preços de matérias-primas – fenômeno conhecido como boom das commodities –
impulsionado principalmente pelas altas taxas de crescimento da economia chinesa14.
Sendo assim, nos dois anos iniciais de seu governo, Calderón manteve a retórica
de seu antecessor (responsabilidade e equilíbrio fiscal)e os resultados econômicos, tais
como:a razão Dívida Pública/PIB 21,4%, em 2007, e 26,5% em 2008 (INEGI);
crescimento do PIB médio de 2,25% (BANCO MUNDIAL); a taxa de pobreza, por sua
vez, subiu de 31,7% em 2006, para 34,8% (CEPALSTATS). É possível vislumbrar que
a piora dos indicadores em 2008 já esteja relacionada com os efeitos da crise que
explodiu em outubro de 2008 nos Estados Unidos.
Lula, por sua vez, obteve um sucesso eleitoral que permitiu um maior espaço à
vertente desenvolvimentista em sua equipe de governo15, como indica o lançamento do
PAC16 – Programa de Aceleração do Crescimento – que buscava retomar a ideia do
Estado como agente indutor da economia. Em um primeiro momento, as medidas
pareceram dar resultados, já que o PIB brasileiro cresceu um montante bastante acima
da média do primeiro mandato, 5,65% (BANCO MUNDIAL) nos anos de 2007 e 2008.
A razão Dívida Pública/PIB, por sua vez, sofreu queda. Indo de 41% em 2007 para
34,6% (IPEADATA) no ano seguinte. A pobreza também foi bastante reduzida,
partindo de 33,4% no final do primeiro mandato para 25,8% no ano de 2008
(CEPALSTAT).

da figura presidencial levou a oposição (tanto o PRI quanto a oposição de esquerda) a cunhar o termo
“Foxilândia”, o qual possui um verbete na Wikipedia com 51 referências de acusações de corrupção (Cf.
WIKIPEDIA)
14
Trata-se de outro tema a ser desenvolvido pela futura pesquisa. Importante dizer que à época, aventou-
se a possibilidade dos dois países estivessem vivendo a chamada “doença holandesa”. Para uma
abordagem mais ampla ver Bresser-Pereira (2008), Carneiro (2012). Para o Brasil, ver Veríssimo, Xavier
e Vieira (2012). Para o México, ver Ramírez (2014).
15
De maneira geral, os dois governos de Lula foram tensionados por dois extremos em termos de agenda
da política econômica: os ortodoxos e os neodesenvolvimentistas. Ainda em 2006, a indicação de Guido
Mantega para o Ministério da Fazenda representou um trunfo do último grupo, que agora poderia se
contrapor à ortodoxia de Henrique Meireles, diretor do Banco Central.
16
O PAC consistiu em um conjunto de investimentos realizados em infraestrutura urbana e logística, a
fim de estimular o setor privado (Cf. PAC)

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Todavia, a conciliação entre políticas macroeconômicas conservadoras,


crescimento econômico e distribuição de renda foi colocada em xeque pela crise de
2008 e, por isso, representou um grande desafio para os dois governantes17. David
Harvey (2011, p.9-40) aponta que a desregulamentação do mercado de derivativos e as
apostas de alto risco foram responsáveis pela quebra do sistema financeiro americano. A
abundância de crédito característica do período anterior deu lugar a incertezas que logo
se espalharam por todos os setores da economia dos EUA. O passo seguinte foi o
impacto nos países cujas economias se apoiam majoritariamente em exportações como
o caso dos países asiáticos e da Alemanha. Em um mundo cada vez mais globalizado, a
destruição de U$ 50 trilhões acarretou em sérias dificuldades econômicas – tais como
desemprego, dificuldade de crédito e outros - para a grande maioria dos países.
O México foi um dos países duramente afetados pela crise de 2008. No ano
seguinte, o país vivenciou um drástico encolhimento de 6 % do seu PIB (BANCO
MUNDIAL). O Investimento Externo Direto também foi seriamente afetado, já que
houve uma queda de quase 40% (BANCO MUNDIAL) entre os anos de 2008 e 2009. O
Brasil, por sua vez, foi menos afetado pela crise. A confiança na estratégia político-
econômica era de tal ordem que o ex-presidente Lula declarou em outubro de 2008 que
se a crise econômica chegasse ao Brasil seria apenas uma “marolinha” (O GLOBO). Em
que pesem as contradições do petismo – que posteriormente utilizou-se largamente da
crise para justificar os problemas econômicos do país – em um primeiro momento a
declaração do presidente pareceu justa. Até mesmo revistas bastante conservadoras do
ponto de vista econômico – como a The Economist–, reconheceram a robustez brasileira
no combate a crise18. Quanto aos dados, o Brasil cresceu 0% no ano de 2009 (BANCO
MUNDIAL). Ainda assim, apesar da diminuição do Investimento Externo Direto ter
caído 38% (BANCO MUNDIAL) em 2009, a pobreza naquele ano diminuiu em quase
1% (CEPALSTAT).
Em 2010, ambos os países se recuperaram dos impactos iniciais da crise
econômica. Tanto em termos de crescimento de PIB, que superaram as médias

17
Dentre a vasta bibliografia sobre a crise econômica, além do trabalho de Harvey supracitado,
destacamos os trabalhos de Chesnais (2010). Numa perspectiva de análise mais ampla sobre as
vulnerabilidades dos países em desenvolvimento, ver Nayyar (2014). Destacamos ainda os textos de
Paulani (2009), Dulci (2009) e Sawaya (2009) na Revista que o Instituto de Estudos Avançados publicou
para debater a crise em 2009. Citamos também os trabalhos de Duménil e Lévy (2014), Magalhães
(2009), Sampaio Jr. (2009) e de Varoufakis (2016).
18
Ver a célebre capa da revista The Economist do dia 14 de novembro de 2009 na qual o Cristo Redentor
aparece decolando, tal qual um foguete com a manchete: “Braziltakes off”.

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históricas da década, quanto em Investimento Externo Direto. No caso do primeiro


indicador, o Brasil cresceu 7,5% e o México 5,5% (BANCO MUNDIAL), no que tange
ao segundo indicador, o Brasil logrou superar o nível de Investimentos Estrangeiros
Diretos do pré-crise ao alcançar U$ 53 bilhões, enquanto México quase recuperou os
níveis pré-2008 alcançando U$ 20 bilhões (ante U$ 27 bilhões nos marcos pré-crise)
(BANCO MUNDIAL).
É curioso notar que governos de orientação política tão distintas optaram por
políticas econômicas bastante semelhantes para combater os efeitos da crise de 2008.
México e Brasil pautaram sua recuperação no expansionismo fiscal anticíclico. No
Brasil, o sucesso19da fórmula política econômica lulista levou vitória de sua sucessora
no pleito eleitoral de 2014. Em linhas gerais, o governo de Dilma Roussef (2010-
2016)20tentou aprofundar a tendência do segundo mandato de Lula em relação ao papel
do Estado como agente indutor da economia. Nesse sentido é que houve a tentativa de
implementar a chamada “Nova Matriz Econômica”21. Uma vez mais, o gerenciamento
macroeconômico dos dois países teve conduções e resultados semelhantes. A tendência
de decrescimento da razão dívida pública em relação ao PIB foi revertida em ambos os
países. No caso mexicano de 26,5% em 2008 para 33,9% em 2012 (INEGI) 22; no caso

19
A euforia brasileira pode ser bem percebida em um debate político econômico sobre a chamada “Nova
Classe Média”. Diversos autores buscaram questionar a tese do então presidente do Instituto de Pesquisa
Econômica Aplicada Marcelo Neri (2008) para quem os brasileiros que ascenderam socialmente durante a
bonança do governo Lula formavam uma “nova classe média”. Diversos autores – especialmente Marcio
Pochmann (2012) – e Jessé de Souza (2010) criticaram essa tese sustentando que a formalização dos
postos de trabalho promovida pelo crescimento econômico na verdade teria gerado uma “nova classe
trabalhadora”. Para um excelente resumo do debate ver o trabalho de Scalon e Salata (2012).
20
Dilma Roussef foi eleita em 2010 a primeira presidenta do Brasil com 46,91% dos votos no primeiro
turno e 56,05% no segundo turno. Em 2014 – já fora do nosso escopo cronológico – foi reeleita em um
segundo turno bastante apertado (51,64%). O ritmo de polarização eleitoral acompanhou o seu mandato,
encerrado precocemente, com o impeachment em agosto de 2016.
21
As implicações político-econômicas da “Nova Matriz Econômica”, além de suas diferenças em relação
à estratégia lulista, serão melhor discutidas no decorrer da pesquisa. Diversos autores tem se debruçado
sobre a experiência petista no comando do governo brasileiro para compreender as razões do
impeachment sofrido por Roussef. Na mídia encontram-se artigos diversos de perspectiva ortodoxa, tal
como o emblemático “Foi a Nova Matriz” dos professores Pedro Cavalcanti Ferreira e Renato Fragelli
(2015), segundo os quais o problema consistiu no excesso de intervencionismo estatal na economia e no
descontrole dos gastos públicos. A melhor explicação até o presente momento está no texto de André
Singer (2016) chamado “A (falta) de apoio político para o ensaio desenvolvimentista”, no qual o autor
procura compreender as relações entre as dinâmicas da economia e da política do país, justamente no
sentido no qual o nosso trabalho pretende contribuir.
22
A forte tônica liberal do debate público acerca da economia no México tornou o expansionismo fiscal
anticíclico iniciado por Calderón e aprofundado por Peña Nieto (PRI), eleito em dezembro de 2012, o
grande vilão da frágil situação econômica que o país enfrenta hoje. O consenso narrativo pode ser
constatado se analisamos o discurso de consultorias como a Consultores Internacionales (2012) e
midiático, tanto de veículos internacionais, ver Forbes (2013), quanto nacionais, ver El Economista
(2016).

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brasileiro 53,4% em 2010 para 58,8%23(BANCO MUNDIAL). Ademais, os dois países


cresceram a taxas semelhantes após as recuperação vigorosa de 2010, a saber: médias de
2% entre os anos de 2011 e 2012 (INEGI; BANCO MUNDIAL).
Observar as respostas que os governantes ofereceram nos quatro anos
posteriores à crise nos permite avaliar as transformações – além das semelhanças e
diferenças - das estratégias de desenvolvimento de governantes com orientações
político-ideológicas tão distintas e, assim, alçar luz a novas perspectivas, especialmente
no tocante às limitações impostas pela conjuntura econômica, sobre a análise do
período.Desse modo, optamos por encerrar os marcos cronológicos do presente trabalho
de pesquisa no ano de 2013. A data nos parece importante, pois no México assistimos,
em dezembro de 2012, ao encerramento da hegemonia eleitoral do PAN, uma vez que o
Partido Revolucionário Institucional (PRI) retornou ao poder. No Brasil, em meados de
2013, explodiram, em todo o Brasil, as diversas manifestações populares denominadas
“Manifestações de Junho”. Não se trata de apontar as causas de fenômeno tão
complexo, mas parece fato inegável que aquelas manifestações marcam o início do
processo de esgotamento da estratégia petista de governar o país que culminou no
impeachment de Roussef, em agosto de 201624.
O objetivo do trabalho então, como se nota, é compreender a atuação dos
governantes de distintas perspectivas ideológicas como sujeitos ativos no cenário da
política – daí a preocupação em compreender suas estratégias – nos diferentes contextos
econômicos, ou seja no período de fartura (o boom das commodities) e nos tempos de
crise (pós-2008). Nesse sentido, a fim de recuperar/problematizar o papel preponderante
do Estado como indutor do desenvolvimento econômico e social os analistas e
ideólogos latino-americanos desenvolveram uma série de debates, nos anos 2000.Em
termos distintos dos debates sobre desenvolvimento dos anos 1950/60, surgiram termos
como “neodesenvolvimentismo”, “novo-desenvolvimentismo”, “social-

23
Há um curioso aspecto nas medições da razão Dívida Pública/PIB no primeiro mandato de Dilma
Roussef. Enquanto a dívida pública liquida diminuiu, a dívida pública bruta aumentou. A explicação
desse fenômeno será mais uma de nossas contribuições nessa pesquisa de doutoramento.
24
André Singer (2012) e Ruy Braga (2012) defendem que uma das bases do lulismo é a desmobilização
da classe trabalhadora. Nesse sentido, a afirmação de Lula da Silva (2013) em uma coluna do New York
Times – segundo a qual os protestos não significaram um rechaço da política, mas sim um desejo de
participação, advindo dos ganhos materiais da década anterior – pode ser tomada como evidência do
desgaste que os eventos de 2013 significaram para o modo petista de governar.

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desenvolvimentismo” para explicar as estratégias dos governantes latino-americanos,


além das possibilidades e limitações impostas pela conjuntura econômica25.
Por fim, a justificativa do trabalho de pesquisa reside no acompanhamento
histórico e sincrônico das opções de desenvolvimento que guiaram as duas maiores
economias latino-americanas no começo século XXI. Trata-se de compreender
concretamente as disputas políticas em torno da esfera econômica, a fim de qualificar o
debate sobre as possibilidades de desenvolvimento econômico na região. O modus
operandi do historiador - a saber: partir do concreto e alcançar o teórico/abstrato – é
muito útil para evitar as emboscadas dos economistas de formação ortodoxa que
reduzem à dinâmica social a tabelas e equações, sem cair no exato oposto – posição de
muitos entusiastas dos governos de esquerda da região no período – para os quais
somente a vontade política basta para determinar os rumos e a condução da história.

Por que comparar?

O objetivo principal desta pesquisa é comparar as estratégias de


desenvolvimento adotadas pelos governantes do Brasil e do México, a partir de suas
políticas econômicas26 e os respectivos desempenhos dos indicadores sociais no período
de 2000 até 2013. É importante salientar que a escolha dos dois países se deu por conta
das semelhanças de suas estruturas econômicas (um forte mercado interno, a presença
de um considerável parque industrial, a presença de uma petrolífera estatal forte, além

25
Artur Monte-Cardoso (2014, p.50) em um excelente resumo nos diz sobre as vertentes do
“neodesenvolvimentismo”: “seriam três as correntes neodesenvolvimentistas. A primeira corresponderia à
leitura oficial, elaborada de forma menos organizada e defendendo o papel primordial do governo Lula.
Suas principais expressões são Oliva (2010a, 2010b) e Barbosa e Souza (2010), com aportes relevantes de
Sader e Garcia (2010), Mantega (2007), Coutinho (2011), Pochmann (2012), dentre outros. O novo-
desenvolvimentismo, corrente mais organizada do ponto de vista teórico, defende uma estratégia
macroeconômica export-led com equilíbrio macroeconômico e fiscal. Suas principais teses podem ser
encontradas em Sicsú, Paula e Michel (2007), Bresser-Pereira (2010a, 2010b), Oreiro (2012) e Oreiro e
Paula (2011). Por fim, o social desenvolvimentismo, uma outra variante acadêmica que disputa os rumos
do governo e ainda não tão organizada, advoga o esgotamento do crescimento baseado no consumo
interno e prescreve uma estratégia baseada no investimento autônomo, fundamentalmente em
infraestrutura. Os trabalhos mais destacados nessa visão são os de Carneiro (2011, 2012), Costa (2012) e
Bastos (2012)”. Para mais detalhes ver também a Revista do IEA, edição 75, que possui um interessante
dossiê sobre o “novo desenvolvimentismo”.
26
Além dos indicadores utilizados nesse projeto (“Razão Dívida Pública/PIB”, “Investimentos
Estrangeiros Diretos”, “Crescimento do PIB” e “Percentual da população em condições de pobreza”),
durante o trabalho de pesquisa iremos levantar e mobilizar outros dados, como: “gastos com políticas
sociais”, “políticas de desoneração fiscal”, “Razão Carga Tributária/PIB”, “Balança de pagamentos”,
dentre outros.

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do peso das commodities). Ademais, durante esse período os governantes desses países
possuíam perspectivas ideológicas bastante distintas no tocante ao papel do Estado na
condução da economia. Assim, podemos acompanhar as estratégias e as práticas
político-econômicas de governantes com um discurso de tom liberal (México) e outro
com um discurso (neo)desenvolvimentista (Brasil) em um contexto favorável no cenário
econômico internacional (boom das commodities) quanto em um período de crise
internacional (após 2008), pontuando suas semelhanças e diferenças.
Nesse sentido, podemos dizer que o presente trabalho possui três objetivos
específicos:
1) Analisar de forma particular e comparativa os fundamentos político-
econômicos dos governos de ambos países no período delimitado;
2) Verificar, a partir do método comparativo, as limitações e oportunidades que
a conjuntura econômica (boom das commodities dos anos 2000 e a crise financeira de
2008) impôs aos governantes de cada país, além das medidas adotadas para aproveitá-la
e/ou superá-la;
3) Verificar as diferentes concepções de “desenvolvimento” e as estratégias de
legitimação que guiaram os governantes no período abordado, especialmente no tocante
a questões como: “democracia e a relação Estado/sociedade civil” e “inserção no
cenário internacional/política externa”.
Em termos de uma hipótese geral de trabalho, podemos dizer que a comparação
da atuação de governos de orientações ideológicas distintas nas mesmas conjuntas
econômicas internacionais permite uma reflexão empírica sobre as relações de
determinação entre política e economia no capitalismo globalizado do século XXI.
Nesse sentido, sustentamos inicialmente, que a crise de 2008 representou um
esgotamento nas possibilidades colocadas pelas estratégias de desenvolvimento
características do período anterior.Contudo, é preciso observar as estratégias adotadas
por cada governo, a fim de compreender as diferenças no tocante ao impacto imediato
da crise. Assim, o impacto devastador da crise de 2008 na economia mexicana pode ser
ligado à histórica dependência da economia dos EUA. O Brasil, nos anos 2000, por
outro lado procurou estabelecer uma maior diversificação no rol de seus parceiros
comerciais e, por isso, ficou um pouco menos vulnerável às vicissitudes do mercado

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Estratégias de desenvolvimento em questão: um plano de investigação sobre Brasil e
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americano27. Nesse sentido, as semelhanças – apesar das diferenças em termos de


retórica - das respostas à crise e de seus efeitos (um crescimento notável em 2010 com
tendência à diminuição nos dois anos posteriores, além do expansionismo fiscal) devem
ser compreendidas como uma limitação que a conjuntura econômica de crise
internacional impôs às possibilidades de atuação política dos governantes. Uma vez que
depois da crise, a conciliação entre crescimento econômico, superávit primário e
desconcentração de renda se torna muito mais difícil, se não impossível.

Observações sobre o método comparativo

No campo da Historiografia, a reflexão sobre o potencial do método


comparativo é relativamente tardia, se comparada às outras ciências sociais. O primeiro
grande texto sobre o assunto é de Marc Bloch e foi publicado apenas em 1928.
Apropriando-se das discussões sociologia clássica28, o autor francês defende que a
comparação é instrumento privilegiado para o historiador, pois permite constatar as
diferenças e as semelhanças entre os objetos analisados. Contudo, Bloch desloca a
preocupação do universal (e do âmbito da busca por “leis invariáveis”) para a
compreensão do particular. Por isso, o método comparativo preconizado por Bloch
exige que o historiador siga além de uma mera justaposição de narrativas, uma vez que
a constatação de diferenças e semelhanças possibilita o estabelecimento de novas
questões e novos olhares se comparados aos objetos tomados isoladamente (Cf.
BLOCH, 1928). No caso do recorte proposto, isso significa compreender, por exemplo,
o peso e as possibilidades que as ações dos sujeitos políticos no governo encontraram
em uma dada conjuntura econômica

27
Seguramente, a aproximação com a China foi estratégica nesse sentido. Não a toa, a China se tornou o
maior parceiro comercial do Brasil em 2009. Sobre a importância da ascensão chinesa na América Latina
do período ver Galllagher e Porzecanski (2009).
28
A comparação – principal ferramenta metodológica da futura tese – é parte fundamental da
problematização proposta pelo surgimento e consolidação das ciências sociais no século XIX. Augusto
Comte, por exemplo, defendia a comparação com meio dedutivo de descobrir regularidades com valor de
leis sociais. Durkheim, por sua vez, enxergava na comparação a ferramenta ideal para o estabelecimento
de tipos ideais e, por isso, proclamava que toda sociologia era/devia ser uma sociologia comparada. Max
Weber, em uma reflexão mais sofisticada, utilizou-se de comparações para alcançar problemas de cunho
universal (como demonstra sua clássica contraposição entre Ocidente e Oriente), ainda que reconhecesse
as manifestações singulares da problemática universal e cada elemento comparado (Cf. SCHNEIDER;
SCHIMITT, 1998, p.1-31)

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Na esteira das clássicas reflexões propostas por Marc Bloch, Maria Lígia Prado
(2005)defende que a comparação é um exercício intelectual que possibilita ao
historiador extrapolar os territórios nacionais, sem que isso signifique o estabelecimento
de “modelos atemporais” que a priori respondam às indagações do historiador.No caso
do trabalho de pesquisa aqui proposto, trata-se de evitar dois desses “modelos”. O
primeiro – geralmente ligado às posições oficiais - é o que salienta a autonomia do
governante, tornando-o um paladino da justiça que enfrentou e venceu todas as
condições adversas impostas pela estrutura econômica. Um estratagema comum dessa
perspectiva é comparar o governante, a partir de indicadores econômicos e sociais, com
algum outro governante anterior (geralmente do partido de oposição) que vivenciou
uma conjuntura econômica bastante distinta da do “herói”.29 O segundo – geralmente
ligado a grupos de esquerda mais radical – normalmente são tributários e/ou apoiam na
teoria da dependência para dizer que os partidos hegemônicos “são todos iguais”30.
Uma saída para escapar da armadilha dos “modelos atemporais”, especialmente
quando se lida com temas que despertam interesses e paixões, é justamente a utilização
do método comparativo. Por isso, a proposta fundamental do método de investigação da
futura tese reside em dois pontos, a saber: 1) observar países sincrônica e
diacronicamente torna possível avaliar melhor as limitações e possibilidades impostas
pelas conjunturas econômicas, afinal, trata-se de observar as diferentes respostas que os
distintos sujeitos deram aos dilemas/possibilidades da conjuntura; 2) Dada a existência
de uma conjuntura comum, é possível observar – justamente no processo de
comparação – a efetividade/eficácia das ações propostas pelos distintos sujeitos que
atuam naquela conjuntura. Daí a escolha de dois países com estrutura econômica
semelhante e governados por presidentes de orientação ideológica distintas.
Os eixos de comparação que nortearão a realização do trabalho de pesquisa, por
sua vez, são: 1) As medidas de política econômica que indiquem o peso e o tamanho
que o Estado deveria ter na economia de cada país; 2) Os discursos e as retóricas – ou

29
No caso brasileiro, essa perspectiva narrativa ganhou força após a deposição de Dilma Roussef.
Contudo, ela se fez presente desde a disputa de Lula pela reeleição. Essa perspectiva pode ser encontrada
nos âmbitos acadêmicos, como o trabalho de Sales (2012), midiáticos, como a reportagem de Lima
(2014), e político-partidário (MARILÍA CAMPOS)
30
Veja-se, por exemplo, as posições de ValerioArcary (2011) – líder histórico do Partido Socialista dos
Trabalhadores Unificado, embora tenha se afastado do partido no último período - no Brasil e de López
Obrador (2016) – figura histórica da esquerda mexicana, rival de Calderón no pleito de 2006 pelo
Movimiento de Regeneración Nacional (MORENA) – no México.

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seja, as estratégias de legitimação - que alimentam e subsidiam as práticas político-


econômicas dos governantes de México e Brasil no período pré e pós-crise de 2008.
No que tange ao primeiro dos eixos, a apresentação e os objetivos desse projeto
demonstram a preocupação em compreender a dinâmica entre a ação dos sujeitos
políticos no âmbito nacional e a conjuntura econômica internacional. Para tal finalidade,
utilizarei dados quantitativos que dizem respeito à ação governamental, à economia e à
sociedade dos países no período de 2000 a 2013. Em linhas gerais, esses dados foram
compilados e publicados por institutos de pesquisa nacionais (IBGE no Brasil e INEGI
no México) e órgãos governamentais (Bancos Centrais, Ministérios e outros). Também
serão utilizados dados compilados por organismos internacionais, justamente em função
de sua credibilidade, tais como a CEPAL, o FMI, UNCTAD e o Banco Mundial. Por
isso, em termos de metodologia, na futura tese o cruzamento de dados
macroeconômicos e de indicadores sociais, - com respaldo na literatura especializada
que discute essas relações e correlações - será o mecanismo inicial de comparação entre
os governos dos dois países.
Em relação ao segundo eixo, trata-se de compreender as particularidades dos
projetos que venceram as eleições em 2000 no México e 2002 no Brasil.Para isso, além
dos documentos relativos à história dos partidos, amparar-nos-emos na bibliografia
produzida por historiadores, cientistas políticos, sociólogos e economistas sobre a
história do PAN e do PT31. O acompanhamento das transformações no âmbito da
retórica – especialmente no tocante ao diálogo com a sociedade civil - e das elaborações
de política econômica ao longo do período analisado também é objeto privilegiado de
minha atenção. Para atingir essa finalidade, dentro do escopo documental da futura tese,
também estarão os pronunciamentos públicos, as inserções midiáticas dos governantes e
documentos produzidos pelos partidos, por seus intelectuais e centros de pesquisa.
A excepcionalidade do período em questão nos dois países (no México, a derrota
do PRI após 70 anos e a primeira vitória eleitoral da esquerda brasileira em âmbito
nacional após o golpe de 1964) gerou um fértil debate político-intelectual que também
constitui ponto de partida importante para nossa análise. De partida, é interessante notar
que as variáveis mobilizadores do debate são fundamentalmente distintas. Enquanto no
Brasil o projeto de conciliação de classe petista foi o principal combustível das

31
Sobre a história do PT, destacam-se dois livros: o de Lincoln Secco(2011) e o de Mauro Iasi (2006). No
que diz respeito ao PAN, destacamos Arriola (2008) e Soledad Loaeza (2010).

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discussões acerca da experiência petista no poder, no México a questão principal foi o


“sistema de partidos” – ou seja, as configurações político-institucionais que permitiram
o PRI se manter no poder por setenta anos e as “brechas” que levaram o PAN ao poder.
No caso brasileiro, a principal obra é a de André Singer (2012). O lulismo para
Singer consistiu na estratégia de desmobilizar os setores combativos da classe
trabalhadora a fim de garantir a ascensão dos setores historicamente marginalizados via
consumo (distribuição direta de renda, aumento real do salário mínimo e facilidades na
obtenção de crédito). Em que pesem as divergências políticas, as variáveis apontadas
por Singer permeiam todo o debate acerca do legado petista. Nesse sentido, poderíamos
destacar os livros de Ruy Braga (2012), no qual as condições de trabalho das parcelas
economicamente ascendentes – o “precariado” –são duramente criticadas. Além disso,
Braga também aborda as transformações na condição de acumulação de capital, em
função do aumento da exploração do trabalho. Por sua vez, a conciliação com o capital
financeiro, dentro dessa nova lógica de acumulação de capital, foi alvo da atenção de
Armando Boito (2007)32.
No México, por sua vez, um tópico bastante discutido foi a vitória eleitoral do
PAN sem a maioria parlamentar. Como apontam os trabalhos de Casar (2008) e
PaoliBolio (2016) que em tom simpático ao PAN aponta a presidência como uma Via
Crúcisdo partido em direção à salvação do México. A análise das alianças e da coesão
partidária no legislativo foi objeto de estudo detalhado de González Tule (2007). Em
uma perspectiva mais histórica Lujambio (2001) qualifica o enfraquecimento do PRI
como um amadurecimento da democracia mexicana. Em uma perspectiva oposta,
segundo a qual a vitória do PAN significou uma continuidade nas tendências
oligárquicas da política mexicana, temos a coletânea organizada por Casanova Álvarez
e Corona Armenta (2013). Ainda na esteira das críticas ao PAN temos o trabalho de
Shirk (2000) que enxerga no PAN uma nova roupagem para o velho conservadorismo,
perspectiva compartilhada pelos diversos da coletânea organizada por Hernández, Paz e
Sierra (2009) ao refletir sobre as especificidades dos problemas indígenas.
Importante observar que não se trata de defender, a priori, qualquer uma das
interpretações acerca dos fenômenos escrutinados. Muitas das posições desses debates
32
Dentre a miríade de livros surgidos sobre o assunto no processo de impeachment de Roussef, havemos
de destacar o fechamento da “trilogia do CENEDIC” (Centro de Pesquisa ligado ao Departamento de
Sociologia da Universidade de São Paulo), no livro de Singer e Loureiro (2016). Também aqueles que
bradam e reiteram a “traição de classe” cometida pelo lulismo, tais como Santos (2016), Chagas (2014) e
o já mencionado livro de Arcary (2011)

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estão relacionadas aos interesses dos governantes, e também das oposições, de cada
país. Não a toa, muitos dos envolvidos são figuras públicas ligadas, ou próximas, aos
grandes partidos nacionais – situação e oposição – de Brasil e México. Os debates
político-intelectuais supracitados fornecem pistas e pontos de partida férteis para os
desígnios de nosso trabalho analítico. A principal delas – e é fundamental frisar que não
se trata de uma variável econômica – tange à necessidade de negociações inerentes à
democracia33.
Por conta da necessidade de coalizões em um sistema democrático, não podemos
tomar os governos de maneira monolítica e analisa-los apenas a partir de documentos
produzidos pelos partidos que ocupam a “cabeça” da estrutura de poder. As reflexões de
Antonio Gramsci (1978), então, são de especial importância para o desenvolvimento de
nosso trabalho. Trata-se, pois, de compreender as disputas acerca do “desenvolvimento”
como disputas pela Hegemonia, na acepção gramsciana. Para o marxista italiano, a
hegemonia consiste na capacidade que um grupo, uma classe (ou um bloco de aliança
de classes) tem de impor suas posições e interesses para o restante da sociedade. No
nosso caso, cumpre então, compreender as articulações políticas e os
(re)estabelecimentos de hegemonia que conduziram as respostas aos desafios impostos
pelas diferentes conjunturas políticas e econômicas.
Essas observações demandam uma abordagem transversal dos elementos
econômicos, políticos e discursivos acerca das “estratégias” e das concepções de
“desenvolvimento” que guiaram os governantes de México e Brasil no período em
questão. Como essas concepções devem ser analisadas como expressões das disputas
políticas e econômicas em torno do Estado, é necessário atentar-se às configurações das
coalizões encabeçadas por PT e PAN – atentando-se às semelhanças e diferenças na
condução dos processos políticos e econômicos, a fim de estabelecer uma justa medida
entre as possibilidades dos sujeitos políticos e as limitações impostas pelas conjunturas
econômicas, sociais e políticas.

Referências Bibliográficas

33
Evitar determinismos apriorísticos impõe conceber o Estado como algo além de um bloco monolítico
que (re)produz as condições dadas pela conjuntura econômica. Por isso, devemos compreender as ações e
decisões dos governantes como expressão das disputas em torno dos desafios impostos pelo contexto.

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