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Entrei para a faculdade sem saber exatamente o que era o processamento de dados,
seguindo o conselho de meu pai segundo o qual esse “negócio” dava muito dinheiro.
Ele tinha razão quanto a isso. Em 1977, nem tinha completado a faculdade, já tinha um
emprego como programadora Cobol, ganhando “os tubos” segundo um amigo advogado
cujo salário hoje é três vezes maior que o meu.
Esse tipo de coisa dava a nós, profissionais de TI, muito orgulho e com razão. Mas
trazia também uma certa arrogância. Afinal, era um conhecimento não muito difundido
que exigia um potencial diferenciado, raciocínio lógico apurado, muita pesquisa e
dedicação. Enfim, TI era um assunto que não dava para discutir com “qualquer um”.
O primeiro susto, levei quando em 1985 fui trabalhar num banco. O sistema de
contabilidade estava totalmente apoiado num programa que ninguém sabia exatamente
como trabalhava. Como em time que está ganhando ninguém mexe (principalmente se o
“time” é uma peça importante no negócio da instituição) um determinado analista, que
era quem dominava o código, ia acrescentando umas linhas de programação aqui e ali e
assim eram agregadas novas funcionalidades à contabilidade e corrigidos eventuais
“bugs”.
Afinal performance e rapidez naquela época não estavam entre as nossas preocupações.
O importante era a contabilidade fechar no final do mês e emitir os relatórios corretos.
Fui contratada especificamente para entender e documentar o programa, aparentemente
uma tarefa pouco nobre com a qual um analista experiente não podia “perder tempo”.
Como resultado do trabalho e em função do compartilhamento da documentação, outros
profissionais passaram a atuar no sistema, minorando o tempo despendido no trabalho
de manutenção. O código foi racionalizado e gerou economia de algumas horas de
processamento; de quebra acabei entendendo mais da contabilidade do banco do que
muitos dos analistas que já estavam lá há alguns anos. Guardei a lição: documentar é
importante e partilhar conhecimento traz eficiência.
Fui mudando de emprego (era muito fácil !!) até que em 1987 me deparei com uma
nova realidade.
O meu trabalho que até então, tinha sempre tido como alvo a própria organização
precisava agora resultar em benefícios para o cliente externo. O cliente não entendia
muito de sistemas operacionais, técnicas de programação ou fluxogramas. Mas o fato é
que era ele quem pagava meu salário e queria resultados rápidos, informações online e
confiáveis.
Percebi que para produzir algo que ele realmente gostasse era necessário entender o que
ele queria. Existia um abismo na nossa comunicação. Outra lição aprendida: a mais
moderna tecnologia e o mais especializado conhecimento não são nada quando a
necessidade do cliente não é entendida.
Desde então, vi com apreensão durante muito tempo alagar–se a distância entre a TI e
os clientes internos ou externos da organização.
Apesar de tais pressões terem sido endereçadas inicialmente para instituições de cunho
financeiro, a maioria das organizações já entende a adoção de práticas de governança
não mais como ações desejáveis e sim como um fator condicionante para o crescimento
empresarial.
O mercado hoje nos brinda com uma variedade de padrões e frameworks que podem
nos auxiliar no alcance das metas propostas pela boa governança. Cobit (Control
Objectives for Information and Related Technology) e ITIL (Information Technology
Infrastructure Libray), somente para citar alguns, são modelos amplamente difundidos,
que quando utilizados em conjunto ajudam a responder não somente o “para quê” é
necessário utilizar a TI, mas também a justificar o seu custo e comprovar o que afinal já
sabemos de longa data: que o uso eficiente da tecnologia agrega valor e pode, num
mercado tão competitivo como o atual, representar o diferencial necessário para a
sobrevivência de uma organização. [Webinsider]