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Meishu Sama

EVANGELHO DO CÉU

I - Iniciação

Tradução

Minoru Nakahashi

Lux Oriens Editora


Meishu Sama

Evangelho do Céu
I – Iniciação

Lux Oriens
2
Meishu Sarna

Evangelho do Céu
Volume I – Iniciação
Lux Oriens Editora Ltda
Rua Itapicuru, 849 - Perdizes
São Paulo - SP - Cep. 05006-000
Foner(Oxxll) 3675-6947
Homepage: http:/ /www.lux-oriens.com.br
E-mail: editora@lux-oriens.com.br
1a edição: 15 de junho de 2002
ISBN nº 85-88311-06-2

Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIF)


(Câmara Brasileira do Livro, SP, Brasil)

Sama, Meishu, 1882-1955.


Evangelho do céu / Meishu Sama; tradução Minoru Nakahashi. São
Paulo : Lux Oriens, 2001.

Título original: Tengoku no fukuin

1. Sama, Meishu, 1882-1955 - Ensinamentos I.

Título
01-5332
CDD-299.56

3
Deus e Meishu Sama!

Exultantes de alegria e sinceramente agradecidos pela força e


proteção constantes, esteio permanente na elaboração
desta obra, dizemos-Vos, do fundo dos nossos corações,
obrigado!

Rogamos também que o Evangelho do Céu traga para a


humanidade a Boa Nova da Era do Dia.

4
ÍNDICE

INTRODUÇÃO 156
MAKOTO 177
CAPÍTULO I - NOÇÕES PRELIMINARES 18
1 - PARA ENTENDER O CONCEITO DE INICIAÇÃO 18
1.1 - Seja um novo homem 18
1.2 - Nobreza de atitudes 20
1.3 - Linha divisória 21
2 - OBJETIVO DO PROCESSO INICIÁTICO 21
2.1 - Entender a finalidade da fé 21
2.2 - Arrepender-se 22
2.3 - Buscar o aprirnoramento 22
2.4 - Mudar de vida 23
CAPÍTULO II - CONDIÇÕES BÁSICAS PARA INICIAR O CAMINHO DA
ELEVAÇÃO 24
1 - MAKOTO 24
1.1 - Para entender o significado 24
1.1.1 - O que é makoto? 24
1.1.2 - Atitude correta 24
1.1.3 - Prática do makoto 25
1.2 - Para adquirir makoto 27
1.2.1 - Respeitar os compromissos 27
1.2.1.1 - Desempenho das obrigações 27
1.2.2 - Ser honesto 29
1.2.2.1 - Fé verdadeira 29
1.2.2.2 - Honestidade 30
2.3 - Amar ao próximo 31
1.2.3.1 - Censuras 31
1.2.3.2 - Julgamentos 32
1.2.3.3 - Bom senso 33
1.2.4 - Praticar a humildade 34
1.2.4.1 - Os últimos 34
1.2.5 - Combater medos e culpas 37
1.2.5.1 - Fé e liberdade 37
1.2.5.2 - Respeito 39
1.2.5.3 - Opressões 40
2 – JUSTIÇA 40
2.1 - Senso de justiça 40
2.1.1 - Fatores determinantes 40
2.1.2 - Grande tolice 42
5
2.1.3 - Caminho da felicidade 43
2.2 - O domínio dos jashin 43
2.3 - Justiça e religião 46
3 - ELIMINAÇÃO DE EGOS E APEGOS 47
3.1 - Como eliminar? 47
3.2 - Apego entre casais 48
3.3 - Apego na propagação da fé 48
3.4 - Superar o Ego 49
4 - PACIÊNCIA 50
4.1 - Controlar a ira 50
4.2 - Preparo para grandes missões 52
4.3 - Um exemplo marcante 52
4.4 - Evitar precipitações 53
5 - TRANQÜILIDADE 53
5.1 - Esperar com tranqüilidade 53
5.2 - Entregar-se a Deus 55
5.3 - Agir com tranqüilidade 56
CAPÍTULO III - NOÇÕES DE SABEDORIA 58
1 - DISCERNIMENTO 58
1.1 - O homem pode mudar o seu destino 58
1.2 - Ser amado por Deus 60
1.3 - O Bem e o Mal 62
1.3.1 - Causas determinantes 62
1.3.2 - Diferença entre Bem e Mal 63
1.3.3 - Esperteza 65
1.3.4 - Autopunição 65
1.3.5 - Conclusão 66
1.4 - Uma nova etapa 66
1.5 - Fé celestial e infernal 67
1.5.1 - Diferenças 67
1.5.2 - Missão da Messiânica 68
1.5.3 - Messiânica e outras religiões 70
1.5.4 - Conclusão 71
1.6 - O homem mau 72
1.6.1 - Como é? 72
1.6.2 - Sentimentos do homem mau 74
1.7 - Não ser odiado 74
1.8 - Dívidas 76
2 - DOMÍNIO DO MATERIALISMO 77
2.1 - Desonestidade 77
2.2 - Solução possível 79
2.3 - Educação verdadeira 80
3 - PODER DA LUZ DE DEUS 82
6
3.1 - Luz Divina versus dogma 82
3.1.1 - Luz Divina 82
3.1.2 - Dogmas 82
3.1.3 - Importância das leis 84
3.2 - Milagre 85
3.2.1 - O que é? 85
3.2.2 - Significado da aura 86
3.2.3 - Forças extramateriais 87
3.2.4 - Conclusões gerais 88
3.2.4.1 - Milagre, uma ocorrência normal 88
3.2.4.2 - Ampliação da aura 88
3.3 - Sermões 89
3.4 - Luz Divina e luz material 91
3.5 - Ohikari 92
CAPÍTULO IV - PURIFICAÇÃO 94
1 - NOÇÕES BÁSICAS 94
1.1 - O homem mau é um doente 94
1.2 - Causas das doenças 95
1.3 - Toxina congênita 95
1.4 - Toxina úrica 97
1.5 - Toxina medicamentosa 98
1.6 - Considerações finais 99
1.7 - Purificações severas 99
1.8 - Auto-recuperação 100
2 - TIPOS DE PURIFICAÇÃO 101
2.1 - Físicas 101
2.1.1 - Causas 101
2.1.2 - Todo remédio é droga 102
2.1.3 - Toxinas e doenças 103
2.1.4 - Produção de remédios 104
2.2 - Materiais 108
2.2.1 - Danos materiais 108
2.2.2 - Incêndios 109
2.3 - Mentais 111
2.3.1 - Causas 111
2.3.1.1 - Encosto espiritual 111
2.3.1.2 - Enrijecimento do pescoço 111
2.3.2 - Anemia cerebral e fenômeno do encosto 112
2.3.3 - Funções do cérebro 113
2.3.4 - Manifestação da vontade 113
2.3.5 - Esperteza do negativo 114
2.3.6 - Poder de atuação do encosto 115
2.3.7 - Histeria 115
7
2.3.8 - Os criminosos 116
2.3.9 - Conclusões 116
2.4 - Espirituais 117
2.4.1 - Doenças e espíritos 117
2.4.2 - Nuvens espirituais 119
2.4.3 - Máculas e doenças 120
2.4.4 - Dissipação das máculas 120
3 - APROFUNDAMENTO SOBRE A LEI DA PURIFICAÇÃO 122
3.1 - Instrumentos de purificação 122
3.2 - Relação entre remédio e doença 123
3.3 - Processos de eliminação das toxinas 124
3.4 - Capacidade de regeneração do organismo 127
3.5 - Poder natural de cura 128
3.6 - Alimentos e manutenção da saúde 130
3.7 - Eliminação de máculas 131
3.8 - Despertar para a vontade de Deus 132
3.9 - Sofrimentos intensos 133
3.10 - Misericórdia de Deus 134
3.11 - Causa da infelicidade 135
3.12 - Hospital e religião 135
3.13 - O trabalho messiânico 137
3.14 - Delinqüência juvenil 137
3.15 - Corrupção e criminalidade 139
CAPÍTULO V – MUNDO INVISÍVEL 141
1 - PLANO ESPIRITUAL 141
1.1 - Organização do plano espiritual 141
1.2 - Camadas do Reino Espiritual 142
1.3 - Relação do homem com o Mundo Espiritual 143
1.4 - Elevação do yukon 144
1.5 - Enigma do Mundo Espiritual 145
1.6 - Espírito Protetor 147
1.7 - Espíritos demoníacos 148
1.8 - Crianças superdotadas 149
1.9 - Causas da existência de superdotados 150
1.10 - Os três grandes planos 151
2 - FIOS ESPIRITUAIS 154
2.1 - Em que consistem? 154
2.2 - Ligações por fios espirituais 154
2.3 - Variações de espessura 155
2.4 - Luminosidade 155
2.5 - Importância dos fios espirituais 155
2.6 - Influência exercida pelos fios espirituais 156
2.7 - Diferenças entre fios espirituais 158
8
2.8 - Fios espirituais divinos 159
2.9 - Fios espirituais e objetos 160
2.10 - Ligações cármicas 161
3 - VIBRAÇÃO ESPIRITUAL E AURA 163
3.1 - O que é aura? 163
3.2 - Cor 163
3.3 - Espessura 163
3.3.1 - Modificações de espessura 164
3.4 - Essência da aura 164
3.5 - Causa dos insucessos 165
3.6 - Exemplos dignos de nota 166
3.7 - Algumas conclusões correlatas 168
3.8 - Conclusões finais 169
4 - VIDA E MORTE 169
4.1 - Vida após a morte 169
4.2 - Conceito de morte 171
4.3 - Reminiscências de vidas passadas 172
4.4 - Idade espiritual 173
4.5 - Afinidades 174
4.6 - Reencarnação 175
4.6.1 - Processo evolutivo 175
4.6.2 - Prematuras 175
4.7 - Causa da infelicidade na atual vida terrena 176
4.8 - Respeito aos mortos 177
4.9 - Desapego 178
4.10 - Vida e morte de mamehito 180
5 - COMPOSIÇÃO DO MUNDO ESPIRITUAL 180
5.1 - Reino do Céu 180
5.1.1 - Níveis 180
5.1.2 - Atuação do Reino do Céu 182
5.1.3 - Mundo búdico 183
5.1.3.1 - Gokuraku 183
5.1.3.2 - Joodo 184
5.1.3.3 - Kannon no mundo búdico 185
5.2 - Inferno 185
5.2.1 - Mundo infernal 185
5.2.2 - Montanha de agulhas 186
5.2.3 - Lagoa de sangue 186
5.2.4 - Região dos famintos 187
5.2.5 - Inferno animalesco 188
5.2.6 - Shura-do 190
5.2.7 - Shiki-do 191
5.2.8 - Shonetsu 192
9
5.2.9 - Inferno das cobras 192
5.2.10 - Inferno das formigas 192
5.2.11 - Quarto das abelhas 193
6 - FENÔMENOS ESPIRITUAIS 194
6.1 - Espírito dos seres 194
6.2 - Ondas cerebrais 196
6.3 - Espírito vivo 197
6.4 - Paixões incontroláveis 199
6.5 - Indiferença após o casamento 199
6.6 - Troca de Protetor 200
6.7 - Namoro do ponto de vista espiritual 201
6.8 - Amortecimento corporal 202
6.9 - Influência de antepassados 206
PROPOSIÇÃO FINAL 207
ADENDO 208
GLOSSÁRIO 210

10
PREFÁCIO

Meishu Sama sempre divulgou os Ensinamentos que lhe foram


revelados por Deus através de publicações em jornais e
revistas da Igreja, bem como por meio de palestras feitas para
mamehito e ministros. Nessas ocasiões, abordava assuntos
variados que abrangiam não só o campo religioso, moral
ou filosófico, mas também ciência, especialmente a
Medicina, Política, Educação, Arte, História, Agricultura da
Grande Natureza, além de outros temas diversos, tais como:
ordem social, sabedoria, Mundo Espiritual, Bem e Mal, enfim
qualquer ocorrência que, direta ou indiretamente, interferisse
no comportamento humano.

De um modo geral, os artigos ou mesmo o conteúdo das palestras


analisavam, de uma só vez, as mais diversas questões,
todas elas consideradas sob um ponto de vista totalmente
inovador, tendo por base a revelação divina, bem como
experiências vividas e pesquisas realizadas por Meishu
Sama, cuja finalidade era formar o homem para viver na Nova
Civilização, que se iniciaria no presente século XXI.

De outra parte, todos os princípios contidos nos Ensinamentos


foram sendo gradativamente explicados de acordo com as
necessidades do momento. Assim, muitos deles constituíram
respostas a perguntas formuladas pelos estudiosos e
seguidores da Messiânica. Daí também o outro motivo de, numa
mesma palestra ou nos artigos para jornais e revistas, serem
tratadas questões diversas sem a centralização específica
de um tema único.
11
Sempre foi, entretanto, bastante evidente a necessidade de se
organizarem os Ensinamentos de acordo com os assuntos a
fim de se tornarem mais claros, especialmente para os
ocidentais, e também para todas as pessoas interessadas
em estudá-los. Dessa forma, tornar-se-ia mais fácil
visualizar, na sua totalidade, preciosíssimas lições de
inestimável valor.
Entretanto, desde 1955 (Goshoten1 de Meishu Sarna) até hoje, nada
de concreto tinha sido feito no sentido de ordenar
sistematicamente os Ensinamentos, separando-os de acordo
com os diversos assuntos tratados pelo Mestre.

Sentindo, então, a urgência de iniciar um trabalho mais específico


na tentativa de ser atingido certo grau de sistematização,
nosso esforço visou, na medida do possível, a atingir esse
objetivo. Numa primeira etapa, a tarefa consistiu na
separação dos textos que, depois, foram reunidos e
remontados de forma esquemática, colocando sempre em
evidência pontos básicos considerados indispensáveis a quem
deseja trilhar o caminho da salvação. Sob esse aspecto, foi uma
atividade semelhante à da construção de uma casa na qual a
primeira etapa corresponde ao estabelecimento do alicerce para,
em seguida, serem levantadas as colunas, paredes e telhado,
e finalmente a conclusão, com os arremates e acabamento para,
mais tarde, se acrescentarem os últimos retoques da decoração,
feita com valiosas obras de arte das mais variadas tendências.
Em outras palavras, quero dizer que Meishu Sama deixou,
1
Passagem de Meishu Sama para o Reino Divino (10/02/1955).
12
nos Ensinamentos, todo o material para a edificação da nova
morada da humanidade. A nós cabe, apenas, a missão de
distribuí-lo, colocando cada mensagem, cada preceito, cada
orientação no seu exato lugar. Dessa forma, os leitores poderão
obter, numa visão tridimensional, uma idéia mais concreta da
beleza desta nova casa planejada por Deus para todos os
Seus filhos.

Tendo, então, como linha mestra o aspecto construtivo ascendente,


tomamos, como base, na elaboração deste livro, o processo da
Iniciação, significando a primeira etapa a ser transposta no
caminho do aprimoramento espiritual. Nesta fase inicial, o que
se destaca é a necessidade da purificação, entendida como
um recurso irrefutável de limpeza das máculas do espírito e das
toxinas presentes no corpo físico.
Uma vez vencida a fase da iniciação, o praticante, um pouco mais livre
de impurezas, tem condições de discernimento e vai, assim,
adquirindo a verdadeira sabedoria num processo contínuo
de aprimoramento espiritual. Daí que, para atender a esse
objetivo, o segundo volume desta Obra contém
exclusivamente Ensinamentos referentes à Sabedoria.
Através deles, o leitor vai poder orientar-se na busca do seu
próprio desenvolvimento espiritual. Assim, passo a passo,
irá conseguindo escalar pontos cada vez mais altos, até
atingir a Comunhão Perfeita com Deus.

Então, o conteúdo do terceiro volume é constituído de Escritos


Sagrados que têm como objetivo mostrar o poder da Luz
através da qual cada um de nós, seguindo o exemplo de
Meishu Sama, poderá atingir o grau de Kenshinjitsu.
13
Foi também considerando todas as colocações até aqui expostas,
que dividimos o presente livro — Evangelho do Céu — em
três volumes, a saber: I -Iniciação, II - Sabedoria e III -
Reino Divino, simbolizando, no seu conjunto, a nova
habitação para a humanidade inteira, onde cada um poderá
cultuar a Beleza, praticar a Virtude e vivenciar plenamente a
Verdade absoluta.

Minoru Nakahashi

14
INTRODUÇÃO

A idéia de iniciar está relacionada à tarefa de preparo, escolha,


limpeza. Assim, tomando como exemplo a construção de
uma casa, uma das primeiras medidas a serem
consideradas diz respeito à determinação do local, aquisição
do terreno. Logo depois, a preocupação se volta para a
limpeza e preparo do ambiente com a eliminação das arestas
e de outros componentes que possam impedir uma construção
harmoniosa.

A seguir, num processo contínuo, são estabelecidos os alicerces,


os tipos de materiais empregados, a forma arquitetônica da
casa e todos os demais recursos indispensáveis.

Em síntese, o início de uma edificação está intimamente relacionado a


um trabalho que visa determinar quais elementos são úteis
e, ao mesmo tempo, eliminar o desnecessário ou tudo que
possa atrapalhar o bom andamento da obra.

Um processo semelhante ao de uma construção ocorre com


quem busca um encontro mais íntimo com Deus. Eis por que
o primeiro volume do Evangelho do Céu contém as
condições básicas para iniciar o caminho da elevação
espiritual. Por meio delas, todos poderão, sem embargo,
estabelecer as suas prioridades.

É também desejo do tradutor que o maior número possível de leitores


possa usufruir das bênçãos divinas, objetivo primordial deste
trabalho feito com o sentimento sincero daquele amor
15
verdadeiro em cuja etapa final reside exclusivamente o
bem da humanidade e a glória de Deus.

Minoru Nakahashi

16
MAKOTO
(Amor, sinceridade, honestidade, fidelidade, constância)

Chave preciosa!
Resolve todos os problemas do mundo
É a base para a formação do verdadeiro país,
Bem como de cada ser humano

Sublime guia!
Quando ausente, traz
O empobrecimento das ideologias pollíticas,
A escassez de bens materiais,
A decadência da moral
E todos os demais odiosos conflitos
E funestos assuntos que envolvem as criaturas.

Poderosa força!
Destrói a desordem.
Religião, Ciência e Arte
Se não tiveream como centro,
Torna-se-ão míseros cadáveres.

Ah! Makoto! Makoto!


Somente nesta essência,
Oh! Humanidade,
Encontrarás a solução
Dos teus destruidores infortúnios.

Meishu Sama

17
CAPÍTULO I - NOÇÕES PRELIMINARES

1 - Para entender o conceito de iniciação

1.1 - Seja um novo homem

Os homens devem procurar evoluir sempre, especialmente


aqueles que professam uma fé.

De um modo geral, entretanto, quando alguém fala de religião, é


considerado fora de época. Inegavelmente, o comportamento
normal da maioria dos adeptos das religiões existentes é de
pessoas antiquadas.

Os seguidores da Messiânica, contudo, precisam adotar uma atitude


oposta. Convém que todos observem, em especial, a
Grande Natureza, onde tudo evolui incessantemente, num
ininterrupto processo de renovação. Vejam como, a cada ano,
aumenta a população e o aproveitamento das terras; como
progridem os meios de transporte, os processos de construção
e os recursos tecnológicos. As plantas e as árvores crescem em
direção ao céu; nunca para baixo. Assim, também o homem
deve acompanhar e imitar a evolução de todos os elementos
da Grande Natureza.

Seguindo o mesmo princípio, esforço-me para que o meu


aprimoramento seja, a cada mês, a cada ano, maior e
mais profundo.

18
Aquele que se preocupa apenas em melhorar os aspectos materiais
da vida, tais como posição social, empreendimentos,
profissão, flutua sem criar bases firmes. É preciso, por todos os
meios, elevar a alma e aperfeiçoar o espírito. Quem tiver esse
cuidado, construirá, passo a passo, um novo "Eu".

Não há necessidade de pressa. Aos poucos, no decorrer dos anos,


todos vocês poderão tornar-se pessoas magníficas. Basta a
mera intenção de pôr em prática os Ensinamentos para que já
sejam consideradas almas superiores. Desse modo,
desfrutarão, com certeza, da confiança de todos, terão
sucesso e serão felizes.

Talvez os jovens achem que estou dizendo banalidades, ou


pregando uma moral antiquada. Muito pelo contrário. Quem
segue o que eu ensino transforma-se num novo homem.
Ultrapassados são aqueles que não apresentam, durante a
vida toda, a menor evolução, conservando sempre idêntico
modo de pensar e de falar sobre os mesmos assuntos.
Mantendo somente conversas mundanas, desinteressantes,
sem nenhuma preocupação religiosa, política, filosófica ou
artística, não progridem; permanecem estáticos.

Embora a maioria das pessoas se comporte dessa maneira, não


tenho intenção alguma de censurá-las. Estou apenas
chamando a atenção para uma realidade irrefutável.

Atitudes semelhantes, contudo, não são muito louváveis


especialmente para os seguidores da Messiânica que, neste
período de transição, procura salvar toda a humanidade,
19
despertando-a para os erros da cultura atual. O nosso objetivo
é aprimorar o ser humano, para construir um mundo pleno de
felicidade. Portanto, quando digo que todos precisam tornar-se
pessoas da cultura do século XXI, estou me referindo à
formação desse novo homem.

1.2 - Nobreza de atitudes

Para atingir um nível superior de aprimoramento espiritual, são


necessárias algumas práticas, entre as quais se inclui a
nobreza de atitudes.

Como é notório, a maioria das pessoas vive constantemente


empenhada em ganhar dinheiro, pensando em uma
maneira de agir para que tudo na sua vida corra bem, de
acordo com os próprios desejos. Tal atitude corresponde
apenas à valorização de interesses pessoais, sem uma
direção voltada a ideais mais elevados. Na verdade, quem
age assim ou cultiva somente essa forma de pensar, ainda
está espiritualmente posicionado num plano bem inferior.

Então, os filósofos e os pensadores em geral, embora sejam


semelhantes aos demais seres humanos, já possuem um
estado superior de consciência. Quer dizer: sua alma se
encontra numa posição mais elevada dentro daqueles cento e
oitenta graus2 diferentes dos quais lhes tenho, muitas vezes,
falado. Dessa forma, quanto mais alto for o nível espiritual

2
O Plano Espiritual está dividido em 180 (cento e oitenta) camadas
semelhantes aos andares de um prédio. Cada andar corresponde a um plano
do Mundo Espiritual.
20
alcançado por alguém, tanto mais nobre se torna o seu
trabalho.

1.3 - Linha divisória

Existe uma linha que divide, ao meio, os cento e oitenta graus do


Plano Espiritual. Então, para atingir um nível mais alto, é
preciso ultrapassá-la, a fim de pertencer à área divina; um
estágio abaixo desse marco divisório corresponde ao domínio
animal; portanto, o espírito que se encontra nesse nível não
consegue agir com nobreza, porque não tem muito clara a
consciência de Deus. Mesmo em se tratando de pessoa
ilustre, se for um ateu, jamais conseguirá atingir a área
divina; pode até se aproximar da linha divisória, mas não a
ultrapassará.

2 - Objetivo do processo iniciático

2.1 - Entender a finalidade da fé

A finalidade da fé é desenvolver homens perfeitos. Mas como


neste mundo não se pode exigir perfeição absoluta, a
correta maneira de proceder está em buscar
gradativamente o aprimoramento num esforço contínuo
para atingir, passo a passo, um nível de maior elevação.
Quanto mais profunda a fé, mais simples e natural
deverá ser a conduta da pessoa. Quem já chegou a esse
estágio de vivência fala e age com bom senso,
exercendo uma influência muito benéfica sobre todo o
ambiente ao seu redor e jamais deixa que os outros
21
percebam a qual credo pertence. Modesto, bondoso e
afável, preocupa-se exclusivamente com o desenvolvimento
espiritual e o bem-estar da humanidade. É comparável à
suave brisa da primavera.

2.2 - Arrepender-se

Para a vida humana se tornar autêntica, é preciso que as pessoas,


por si mesmas, despertem e reconheçam, do fundo do
coração, as suas falhas e se arrependam de as terem
cometido.

2.3 - Buscar o aprirnoramento

Pode-se afirmar que a missão primeira do ser humano é buscar o


aprirnoramento espiritual, através de sucessões de mortes e
vidas, até atingir a meta ideal. Então, sobre esse aspecto, o
Bem e o Mal, a guerra e a paz, a destruição e a criação,
fazem parte de um processo evolutivo permanente e
constituem o curso natural da história e do
desenvolvimento cultural da humanidade.

Como atualmente estamos vivendo a Transição da Noite para o Dia,


existe, no mundo inteiro, a preocupação de se atingir um
nível altamente civilizado para que a barbárie seja
eliminada. Posso afirmar, por isso, que o aparecimento da
nossa medicina pioneira, o Johrei, constitui o prenúncio da
concretização desse objetivo, pois é o único método capaz
de acabar com guerras, doenças e pobreza.

22
2.4 - Mudar de vida

Quem conhece a Deus e tem certeza absoluta de Sua existência, já


se encontra acima da linha divisória; por conseguinte, vive na
área divina. Essa diferença, embora pouquíssima,
determina uma mudança total de vida.

Então, mesmo sendo ilustre e tendo muito conhecimento, quem


se encontra no plano abaixo desse marco divisório tem uma
índole malévola e usa a sua inteligência para praticar o mal.
De outra parte, para alguém que já ultrapassou a linha, indo
para cima, tudo que pensa ou faz corresponde a ações
verdadeiras, próprias de seres humanos. Também não cria
máculas para si mesmo nem causa sofrimento aos outros. É
bom e, por isso, raramente erra. Pelo contrário, constrói muita
felicidade.

Viver, portanto, buscando sempre um nível elevado de


espiritualidade e acreditando convictamente nessa
postura constitui a base fundamental da fé. E o papel da
religião deve ser, antes de tudo, o de ensinar ao ser humano
tão importante verdade.

23
CAPÍTULO II - CONDIÇÕES BÁSICAS PARA INICIAR O CAMINHO
DA ELEVAÇÃO

1 - Makoto

1.1 - Para entender o significado

1.1.1 - O que é makoto?

É um vocábulo japonês que está associado às acepções de amor,


sinceridade, fidelidade, honestidade, constância, devoção,
franqueza, pureza e autenticidade.

O termo makoto engloba, portanto, um conjunto de virtudes, cuja


prática é extremamente necessária para quem deseja
iniciar-se no caminho da luz.

1.1.2 - Atitude correta

Seria cada um vigiar constantemente a si próprio, procurando


saber se está agindo certo ou errado. Quem assim procede
possui o verdadeiro makoto. Ao contrário, condenar o mal dos
outros, chamar-lhes a atenção, embora socialmente pareça
correto, para um mamehito não é atitude digna. Se, de fato,
alguém estiver errado, a Deus cabe julgar. Aqui reside o grande
mistério da fé. Portanto, todo aquele que age contra esse
princípio está tentando colocar a vontade humana acima do
poder divino.

24
De outra parte, entretanto, existem situações que precisam ser
definidas. Então, o que, na realidade, não está correta é a
tentativa de se estabelecer o Bem e o Mal para os outros. No
momento em que alguém age assim, erra.

Por isso, torna-se necessário que cada mamehito mantenha uma


atitude mental de não-julgamento, levando em consideração
também as circunstâncias que exigem algumas definições
precisas. Esse tipo de postura corresponde a um nível
espiritual, sutil e misterioso, envolto em transmutações
intermináveis. Mesmo assim, é importante que cada
mamehito procure aproximar-se um pouco dele. Desse
modo, estará polindo a alma. Além disso, tal maneira de agir
corresponde à prática de uma fé altamente elevada. É
também um princípio que nunca foi ensinado por nenhuma
das religiões existentes. Quem o praticar, contudo, jamais
cometerá erros e estará sempre no caminho da verdade.

1.1.3 - Prática do makoto

Pergunta: Como praticar makoto?

Resposta de Meishu Sama: Deve-se colocar em segundo


plano os próprios interesses e procurar fazer o melhor
para os outros. Tal atitude corresponde ao desejo sincero de
querer o bem do próximo e de agir altruisticamente,
buscando a melhoria do mundo e da sociedade.

Makoto é uma atitude contrária à da mentira. Refere-se às ações

25
honestas praticadas com discernimento e fundamentadas
no bom senso.

Procurar, apenas, beneficiar o país ou a classe social a que se


pertence parece um ato nobre, mas ainda é makoto restrito. A
grandeza da alma, alicerçada no amor à humanidade inteira,
é que corresponde, de fato, ao verdadeiro makoto.

26
1.2 - Para adquirir makoto

1.2.1 - Respeitar os compromissos

1.2.1.1 - Desempenho das obrigações

Quem possui makoto respeita e cumpre, acima de tudo, os


seus compromissos. O desempenho correto das obrigações
assumidas, embora não seja considerada como uma atitude
relevante para a maioria das pessoas, é de suma importância
para o homem de fé. O não-cumprimento de um dever
acaba sendo uma espécie de delito porque é uma maneira de
enganar os outros.

Geralmente, o que mais costuma ser menosprezado num


compromisso é o horário. Quando alguém deixa de ser
pontual, está, de fato, causando aborrecimento e irritação
àqueles que ficam esperando.

Há um provérbio antigo que chama a atenção para estes


sentimentos: "É bom ser esperado; desagradável é esperar".
Daí a importância de se ficar atento à expectativa do próximo.
Quem não se preocupa com esses pequenos detalhes, não
tem makoto. Ainda que possua muitas outras qualidades,
pouco valor demonstrará, se não tiver sensibilidade e
respeito em relação aos horários assumidos.

Portanto, quem tem fé em Deus não pode menosprezar o rigoroso


cumprimento das obrigações. Se não conseguir, acima de
tudo, pôr em prática esse preceito, está reprovado na fé.
27
Guardem, pois, essa verdade bem no fundo do coração para que
nunca seja esquecida.

28
1.2.2 - Ser honesto

1.2.2.1 - Fé verdadeira

Inúmeras pessoas, neste mundo, seguem uma religião, mas os


crentes autênticos são raros. Ainda que alguém se
considere uma pessoa religiosa, não o será de fato se as
suas idéias não forem objetivamente comprovadas pelos
demais.

De que modo, então, se adquire a verdadeira fé? Em primeiro lugar


é preciso ter credibilidade, isto é, tornar-se uma pessoa da
mais absoluta confiança demonstrada pela ausência total de
falsidade tanto nos atos, quanto nas palavras.

O que é preciso fazer, para se chegar a esse nível?

Acima de tudo, não mentir e depois colocar, em primeiro


lugar, os interesses do próximo, relegando a um plano
secundário as necessidades pessoais.

Agindo assim, isto é, visando ao bem do outro, todos vão perceber


a lealdade de intenções, bem como constatarão a existência
de um sentimento de amizade desinteressada naqueles que
professam uma religião. Sentirão também uma agradável
sensação de bem-estar todas as vezes que entrarem em
contato com pessoas de verdadeira fé e desejarão
compartilhar sua presença. Quando um religioso age dessa
forma, torna-se uma pessoa benquista e respeitada por
todos.
29
Querer, portanto, a companhia de alguém que inspire confiança é
uma atitude perfeitamente compreensível, pois até nós
mesmos, se encontrássemos pessoas assim, gostaríamos
de aprofundar relacionamento com elas, tornando-nos seus
amigos inseparáveis.

Quero acrescentar, ainda, que essa boa impressão não deve ser
apenas momentânea. Como sempre digo, o homem precisa
ser como o arroz: a princípio, parece sem gosto, mas, à
medida que vai sendo mastigado, o sabor se manifesta e
aumenta gradativamente. É por isso também que constitui
um dos pratos indispensáveis à alimentação diária de todos
nós.

1.2.2.2 - Honestidade

No mundo atual, a maioria das pessoas faz questão de agir,


propositadamente, ao contrário. Dizem mentiras que não
tardam a ser descobertas. Procedem de maneira a perder a
confiança dos semelhantes, pois quem mente uma vez, mesmo
conservando outros valores, perde a credibilidade, que é
realmente um grande tesouro. Eis a razão pela qual muitos
não conseguem melhorar a sua sorte, apesar de trabalharem
arduamente. De outra parte, aqueles que forem confiáveis
jamais passarão dificuldades porque todos, generosamente,
lhes socorrerão nos momentos difíceis. Mentir é, portanto,
uma grande tolice.

30
Até agora me referi ao merecimento de crédito do ponto de vista
material. O bem mais precioso, contudo, é conquistar a
credibilidade de Deus. Para essas pessoas, tudo correrá
maravilhosamente bem e a vida lhes será plena de êxito e
alegria.

2.3 - Amar ao próximo

1.2.3.1 - Censuras

Às vezes alguém me pergunta se cabe ou não censurar. De fato, só o


Criador tem autoridade para julgar os homens. Assim, se
alguém condenar o próximo, estará querendo colocar-se na
posição de Deus. Além do mais, a censura nunca produz
bons resultados; provoca sempre um efeito contrário. Por essa
razão, a minha maneira correta de agir é a seguinte: quando
alguma pessoa comete erros, faço de conta que não vejo.
Espero até a hora em que ela, ao sofrer as conseqüências de
suas atitudes, percebe que não estava agindo de modo
certo. Nesse momento, despertará e, com certeza, se
arrependerá do fundo do coração. Portanto, censurá-la antes
de ter adquirido consciência de seus atos seria como tentar
deter uma pedra que estivesse rolando do alto da
montanha. Se alguém se dispusesse a tal façanha, com
certeza se machucaria. Por isso, o melhor é esperar que a
pessoa caia para então ser reerguida com tranqüilidade.

Não obstante, convém alertar freqüentemente a todos sobre a


maneira correta de agir, a fim de que muitos infortúnios sejam
evitados. E também para que cada um tenha condições
31
de recordar-se, no momento das adversidades, de todas as
recomendações anteriormente recebidas.

Meditem e ponham em prática estas verdades e nunca tentem


segurar a pedra que esteja rolando montanha abaixo. Ajam
com bastante discernimento.

1.2.3.2 - Julgamentos

Já falei sobre o assunto algumas vezes. Percebo, contudo, que os


membros ainda cometem esse erro até inconscientemente,
razão por que volto a abordá-lo.

Há gente que tem o hábito de comentar a maldade dos outros. E,


em casos extremos, chegam mesmo a dizer que é preciso
tomar cuidado com certas pessoas porque elas estão
endemoniadas. Na verdade, acontece bem ao contrário. Está
possesso quem faz um comentário como esse, pois nenhum
ser humano tem permissão de estabelecer para os outros
qual seja o comportamento certo ou errado, o Bem ou o Mal.
Tal procedimento diz respeito exclusivamente a Deus.

Então, quem julga os semelhantes está profanando a área divina e,


por isso, não seria errado encará-lo como um demônio contra
o qual convém ficar de guarda.

Qual seria a causa da existência de indivíduos que vivem a


censurar o próximo?

32
Evidentemente, a falta de fé em Deus leva algumas pessoas a
julgarem erradas as demais. Outras ainda acham que
certas crenças ou igrejas seguem uma orientação incorreta e,
por isso, precisam ser reformuladas. Quem assim pensa,
acredita mais na força dos homens do que no poder divino.
Não há falha maior nem atitude mais presunçosa. Portanto,
não cabe a uma pessoa de fé esse tipo de preocupação. Se
houver realmente erros, ou maus elementos entre os
seguidores de um credo, basta colocá-los nas mãos de Deus
que o julgamento virá do Alto.

Tenham, pois, sempre em mente que na Messiânica tudo é


supervisionado pelo Supremo Deus. Constantemente,
através de algum acontecimento particular, os membros
que estão agindo errado recebem advertências a fim de
poderem despertar para a verdade. Caso não mudem de
atitude, chegam, às vezes, até a perder a vida. E, em outras
circunstâncias, a têm profundamente ameaçada, como
bem sabem os messiânicos mais antigos.

Concluindo, podemos, de fato, afirmar que o comportamento correto


é cada um julgar-se continuamente a si mesmo, em vez de
ficar censurando os outros. Quem vive assim tem
verdadeira fé e cumpre a vontade de Deus.

1.2.3.3 - Bom senso

Bom senso nas palavras e atitudes é um princípio do qual não deve


desviar-se o homem de fé. Convém encarar com cautela a
crença expressa por meio de palavras extravagantes e
33
atos ostensivos, fato, aliás, bastante comum. Muitas pessoas,
entretanto, sentem maior inclinação por esse tipo de postura
religiosa, justamente por falta de conhecimentos
espirituais 3 . Também não é recomendável a atitude de
pessoas que se julgam superiores às demais e negam
amor a quem pertence a outra religião.

Quem tem verdadeira fé não fomenta a exclusividade nem o


separativismo. Ao contrário, tem consciência de que o
objetivo da religião é salvar toda a humanidade; não apenas
um pequeno grupo.

Como sempre repito, para se ter uma vida tranqüila e


harmoniosa, é preciso primeiramente fazer os outros
felizes. O bem estar de cada ser humano reside nas
divinas recompensas que receberá pelo amor e dedicação
devotados ao próximo.

Portanto, a pessoa que sacrifica o semelhante em seu próprio


benefício nunca vai encontrar a verdadeira felicidade.

1.2.4 - Praticar a humildade

1.2.4.1 - Os últimos

3
O maior inimigo da negatividade é o bom senso. Quem não o possui,
geralmente fica meio esquisito. É uma atitude bem oposta à das pessoas
equilibradas. Estas são bem evoluídas espiritualmente e agem com
simplicidade. Os insensatos, ao contrário, embora tentem a mostrar
naturalidade através da aparência, demonstram apenas transgressões de
personalidade.
34
Desde antigamente, ouve-se a expressão: "os últimos serão os
primeiros". Essa máxima, na verdade, refere-se a uma forma
de aprimoramento que permite permanecer numa posição
inferior, quer dizer, ter uma conduta de vida que não busque o
primeiro lugar, mas procure, antes de tudo, manter-se no
anonimato, praticando o bem sem muito alarde. Tal maneira
de agir é de suma importância para as pessoas que buscam
a vivência da fé verdadeira.

Freqüentemente se observa, em grupos religiosos, a falta de


humildade, de modo especial entre alguns chefes ou
propagadores de doutrinas, os quais alardeiam os seus
feitos através de grandes propagandas, julgando-se, por
isso, merecedores de honrarias especiais.

A atitude correta, porém, deve ser semelhante à da águia que,


esperta, esconde a unha, ou como a do cacho de arroz:
quanto mais carregado, mais se inclina.

Então, orgulhar-se das próprias ações querendo mostrar-se


grande sábio, vangloriando-se de tudo, sempre produz
efeitos contrários. É o que acontece, por exemplo, quando
alguém, mesmo não sendo tão importante, ao receber
qualquer elogio, julga-se o maior de todos. Este é um dos
pontos fracos do ser humano. Embora seja o modo de agir
mais comum, as pessoas de fé devem cultivar sempre, em
seus corações, o princípio segundo o qual quanto mais
sábio, mais humilde.

35
Muitas vezes, acontece de alguém que trabalhava em serviços
comuns, vivendo, como a maioria, nas camadas mais
inferiores da sociedade, de repente, passar a ser chamado
de Mestre. Mesmo nessas circunstâncias, a atitude de
humildade deve permanecer. Essa é uma forma de
aprimoramento constante, através da qual o fato de
manter-se numa posição inferior não significa menosprezo.
Freqüentemente, nessas ocasiões, a pessoa fica, de início,
contente e até vaidosa por parecer importante. Com o passar
do tempo, entretanto, esse sentimento intensifica o desejo
de ser visto como tal e, a partir daí, acaba desagradando aos
outros, sem que ela própria perceba o seu comportamento
tão inadequado e causador de insatisfação aos demais.

Deus não gosta, nem um pouco, de vaidades. Preciosa é para


Ele a virtude da humildade, de modo especial quando
praticada por aqueles que possuem certo nível cultural,
demonstrando assim educação e respeito pelo semelhante.

Muitas vezes se observam, especialmente em logradouros com


grandes aglomerações, ou ao se tomarem trens, bondes,
ônibus, pessoas cometendo atos de grosseria, empurrando
os outros, querendo sentar-se nos melhores lugares, por se
acharem os mais importantes. Todas essas atitudes de
orgulho revelam uma espécie de comportamento possessivo
e monopolizador, bastante desagradável.

Em contraposição, para se criar uma sociedade harmoniosa, que


satisfaça a todos, torna-se necessário manifestar sempre

36
idéias democráticas por meio das quais o direito de cada
cidadão deve ser respeitado.

Contudo, como pode ser observado através dos fatos, quase nada
se alterou, desde os primeiros tempos até os dias de hoje.

1.2.5 - Combater medos e culpas

1.2.5.1 - Fé e liberdade

Há, no mundo, vários tipos de religião; algumas mais, outras


menos notáveis, as quais podem ser classificadas como
grandes, médias, ou pequenas. Todas, sem exceção, se
consideram superiores e julgam as demais inferiores. Por
essa razão, proíbem os adeptos de manter contato com as
outras, afirmando que são crenças demoníacas. Além
disso, temem o próprio Deus no qual acreditam e dizem
que não há salvação para quem divide a sua fé entre dois
credos.

Algumas religiões são, nesse aspecto, extremamente rigorosas, a


tal ponto de os seus pregadores ameaçarem com terríveis
infortúnios, doenças graves, perda da própria vida, ou até a
morte de toda a família, caso algum de seus membros
manifeste o desejo de converter-se a outra crença. Por
incrível que pareça, essa espécie de fé, bastante comum nas
veneráveis e antigas religiões, ainda hoje se manifesta até
nas mais recentes doutrinas.

37
Vemos, assim, que em matéria de liberdade de pensamento, há
muitos pontos para aprimorar, pois persistem resquícios de
feudalismo não só no campo social e político, mas também no
religioso. Por isso quero esclarecer a questão da liberdade da
fé.

Nenhuma instituição religiosa deve, jamais, cercear o livre arbítrio


de seus membros com o objetivo de defender os próprios
interesses. E ameaçá-los com castigos de ordem espiritual é
um ato realmente imperdoável.

Vou citar um exemplo para elucidar bem essa questão. Certa vez,
uma pessoa procurou-me dizendo que, há muito tempo,
fazia parte de um núcleo religioso; mas, apesar de uma
devoção fervorosa, lutava constantemente com problemas
de doença e a família não conseguia livrar-se da purificação
da pobreza. Tais fatos a fizeram ir, aos poucos, perdendo a fé.
Quando, porém, quis abandonar a crença que professava, o
dirigente a ameaçou com predições terríveis. Por isso, incapaz
de tomar uma decisão, viera consultar-me. Expliquei-lhe, sem
receio, que a religião à qual pertencia não ensinava a
verdade; portanto, quanto mais cedo a deixasse, melhor
seria.

Infelizmente há, no mundo, religiões que recorrem ao terror a fim de


impedir a redução do número de seus seguidores. Na
Messiânica, contudo, há absoluta liberdade de ação e os
adeptos podem tomar a decisão que desejarem. Ainda mais:
sempre digo aos membros que procurem conhecer outras
organizações religiosas. Se encontrarem alguma que
38
julguem superior à Messiânica, podem a ela converter-se sem
medo de incidir em pecado. A vontade de Deus é,
exclusivamente, que os homens se salvem e se tornem
felizes.

1.2.5.2 - Respeito

As pessoas mais esclarecidas sempre comentam que a Messiânica


não critica outras religiões e, por isso, a vêem com muita
simpatia. Na verdade, ela abrange todos os demais credos.
Então, tecer comentários poucos elogiosos a eles seria como
se depreciasse a si mesmo.

Estando, pois, cada uma das religiões existentes incluídas na


Messiânica, sempre e sem objeção alguma, sugiro que as
estudem e as pesquisem tranqüilamente. Nunca coloco
obstáculos a nada. Essa minha postura nasce da plena
convicção que deposito nos princípios que prego. Sem
motivos para duvidar, a confiança se torna absoluta, não
havendo, portanto, o que temer.

Foi também o mesmo princípio de fé e segurança na Messiânica que


me levou a colocar na primeira igreja estruturada por mim o
nome de Sekai Meshiya Kyo (Igreja do Messias para o Mundo).
Importou-me apenas tratar-se de um patrimônio da
humanidade que nunca cria antagonismos ou qualquer outro
tipo de confrontação. Muito pelo contrário. É um conjunto de
preceitos que procura unir e reunir, eliminando rivalidades,
para levar o mundo inteiro ao encontro de Deus.

39
1.2.5.3 - Opressões

Um ponto importante a ser considerado é que a censura constitui


uma forma de opressão.

Assim, então, se alguém, usando de sua autoridade, ou de algum


outro recurso, ameaçar os demais homens, atrelando-os a
preceitos ou mandamentos, conseguirá apenas efeitos
temporários. Chegará, infalivelmente, o dia em que as
conseqüências dessas atitudes opressivas ficarão evidentes.

2 – Justiça

2.1 - Senso de justiça

2.1.1 - Fatores determinantes

O senso de justiça deveria ser algo natural, mas


surpreendentemente, nos dias de hoje, quase ninguém o
possui. As pessoas só pensam em obter vantagens e, quando
alguém fala em justiça, não o levam a sério; desprezam-no,
considerando-o um antiquado.

Percebe-se, todavia, com certa freqüência, que nem tudo corre


bem às pessoas que não agem de acordo com a lógica.
Normalmente surgem muitos reveses. Julgando, porém, ser uma
situação normal da vida, ninguém procura descobrir a causa de
tantos malogros.

40
Do nosso ponto de vista, contudo, a razão de tantos infortúnios
reside exatamente na falta de senso de justiça. De um modo
geral, as pessoas não têm consciência dessa verdade porque
são incessantemente atacadas por pensamentos negativos
que lhes criam nuvens na alma, tornando-as mentalmente
cegas.

Por ter acompanhado, durante vários anos, a sorte e o infortúnio


dos seres humanos, posso afirmar, com absoluta certeza,
que a causa fundamental da falta do senso de justiça está
no Mundo Espiritual; é invisível, portanto.

Lamentavelmente, porém, o homem não admite nem entende


quando lhe dizem ser ele mesmo o responsável pela sua
infelicidade, ao tentar, através de hábeis palavras, exaltar o
próprio valor e apresentar de si mesmo uma imagem
favorável. Não acredita também que o olho penetrante de
Deus perscruta-lhe o fundo do coração, pesando o Bem e o
Mal e determinando-lhe o destino através de um julgamento
imparcial, que ocorre de forma totalmente contrária à lei dos
homens.

Lógica tão simples! No entanto, poucos a compreendem. Até


pessoas ilustres, homens de cultura e de elevadas posições
sociais não têm esse discernimento. Só vêem o aspecto
material, tangível. Desconhecem totalmente a importância
do Mundo Espiritual. Por isso usam sua curta inteligência
exclusivamente para enganar os outros. Embora se julguem
muito espertos, na verdade, não passam de pobres infelizes,

41
pois nada lhes corre bem e chegam sempre a resultados
opostos aos que imaginavam

Esse pensamento de aparente esperteza domina, nos dias de hoje,


toda a sociedade. Eis a razão do aumento do número de
criminosos e da crescente intranqüilidade social.

2.1.2 - Grande tolice

Normalmente, quaisquer pessoas cuja única preocupação consiste


em tirar vantagem de tudo quanto tentam realizar sempre
acabam malogrando. Às vezes até fornecem assunto para os
noticiários por meio de rumorosos processos judiciais.

A meu ver, esses supostos espertos são, na verdade, muito tolos;


por isso, eu me esforço para despertá-los, levando-os a
reconhecer a existência de Deus. É, entretanto, um trabalho
difícil, pois, de modo especial nas classes dirigentes, impera a
idéia de que homem culto e qualificado deve nutrir
pensamentos ateístas. Dessa forma, só poderão despertar
verdadeiramente se tiverem a oportunidade de presenciar
milagres. Nesse aspecto, eu já sinto muita alegria e
esperança de alcançar o meu objetivo porque, com o poder
que me foi dado por Deus, estou realizando prodígios, os
quais, pouco a pouco, começam a ser reconhecidos pela
maioria das pessoas.

Então, em síntese, pode-se dizer que a felicidade do ser humano


depende da compreensão do verdadeiro conceito de
justiça, o qual está diretamente ligado à vida de união
42
com Deus. Portanto, nada será mais inútil, nem haverá
maior tolice do que a prática do mal. Essa é uma verdade
fundamental que precisa ser compreendida do fundo do
coração e aceita por todos.

2.1.3 - Caminho da felicidade

Uma vez que o homem tenha consciência da presença de Deus, já


começa a trilhar o caminho da felicidade fundamentado no
conceito da grande e verdadeira justiça, ou seja, aquela que
visa ao bem de toda a humanidade. Dedicar-se, então,
somente aos pais, aos superiores, ou apenas ao país, não
corresponde a um legítimo sentimento de eqüidade, pois tal
atitude se apóia numa base de egoísmo. Foi por esse motivo
que o Japão perdeu a Segunda Guerra Mundial. Visou
exclusivamente aos próprios interesses.

A verdade, portanto, é que só poderá haver prosperidade eterna


quando a vida de cada um tiver como objetivo o benefício de
todos. O mesmo se aplica à religião. E aqui está a causa do
declínio de algumas grandes doutrinas que, aparentemente
promovendo o bem comum, se detiveram em objetivos
menores.

Dentro dessa linha de raciocínio, o princípio fundamental da


Messiânica é criar um mundo isento de doença, pobreza e
conflito, para que toda a humanidade possa viver
plenamente feliz. Eis o verdadeiro senso de justiça.

2.2 - O domínio dos jashin


43
Pergunta de ministro: existem alguns mamehito que estão sob o
domínio dos jashin. Outros, bastante dedicados, também
apresentam tendência a serem atraídos por essas
entidades negativas. Gostaria de sua orientação, para
saber como agir nessas circunstâncias.

Resposta de Meishu Sama: o que está errado é o seu


pensamento, ao afirmar que o mamehito está dominado ou
sendo atraído pelos jashin. Nenhum ser humano tem
capacidade de julgar, dizendo que determinado modo de agir
advém da influência de uma entidade negativa. Só Deus
possui esse discernimento. Portanto, quem comenta tais
assuntos está violando a esfera divina, ou seja, julga sem ter o
direito de fazê-lo.

Na verdade, nunca nenhum ser humano vai saber se alguém se


encontra, ou não, possuído por um espírito do mal. É mais
provável ser jashin aquele que condena o outro, dizendo
tratar-se de uma entidade maligna. Por isso, nunca se deve,
em absoluto, referir-se a alguém como se fosse a
manifestação de algo negativo, pois ninguém, em sã
consciência, possui argumentos para falar sobre o assunto.

Nota-se também, com muita clareza, que geralmente quem faz esse
tipo de comentário aponta, como possuídos pelos jashin,
todos aqueles com os quais não simpatiza. Por outro
lado, pode-se constatar ainda que, de uma maneira geral, as
pessoas consideradas más desenvolvem trabalhos
excelentes; e outras tidas como boas e virtuosas podem
44
ser negativas e devassas. De fato, ninguém, senão Deus,
conseguirá saber qual é o verdadeiro jashin, pois,
semelhante ao que ocorre num teatro, o Criador se utiliza dos
bons e dos maus para compor o Seu misterioso plano.

Um outro ponto importante diz respeito à diferença entre pessoas


que são jashin do fundo do coração e aquelas que
apenas têm o encosto desse ser negativo. Normalmente
as hostes dos jashin são compostas por dezenas deles e até
milhares. Em outras palavras, significa que, abaixo de Deus
Supremo, existem entidades malignas (yin) e benignas (yang).
É através delas que o Pai Criador desenvolve o Seu plano
neste mundo, sem fazer distinção entre o Bem e o Mal, ou
seja, entre pessoas justas ou perversas, porque ambas são
necessárias para a construção do Reino de Deus na Terra.

Mais uma vez, portanto, reafirmo que é muito difícil distinguir bons e
maus. O fundamental, porém, consiste em entender a
grandiosidade divina e, ao mesmo tempo, tentar, de todas as
formas, valorizar o Bem e descartar o Mal. Para tanto,
mantenham em seus corações a idéia de que Kanzeon
Bosatsu tem como missão salvar a todos sem separar bons e
maus, numa visão bem universalista.

Por outro lado, Bodhisattva Kannon, na sua origem conhecido


como Kunitokotachi no Mikoto, em hipótese alguma, admite o
mal. Por isso, julga os mortos como Deus da Justiça e Juiz
do Mundo Espiritual (Enma Daioo), numa atitude
absolutamente vertical. Na verdade, esses princípios
ensinam que nunca se deve tender apenas para um
45
lado. O certo é manter o equilíbrio de acordo com o tempo e
as circunstâncias que envolvem a pessoa com a qual se
entra em contato.

E preciso, então, usar de versatilidade e estar constantemente


adaptando-se às situações do momento.

2.3 - Justiça e religião

Não se pode esquecer que a justiça é o princípio da fé. Por mais


autêntica que pareça, uma doutrina só pode ser
considerada verdadeira se tiver fundamentada em leis
justas. Por outro lado, as pessoas que vivem de acordo com
o direito divino recebem proteção ilimitada de Deus e têm
sempre as suas preces atendidas.

46
3 - Eliminação de egos e apegos

3.1 - Como eliminar?

Os problemas complicados ou de difícil solução quase sempre se


devem ao ego e ao apego. Ambos coexistem no interior de
cada ser humano como se fossem irmãos. Esses dois males
são, portanto, a causa das desgraças que atingem todas as
pessoas.

Muitos políticos, por exemplo, deixam de afastar-se da vida


pública no momento oportuno, devido exatamente ao
excesso de apego a uma posição de destaque. Chegam, por
isso, às vezes, a situações deploráveis.

O mesmo acontece com grandes empresários que, desejosos de


muitos lucros, afugentam os clientes, trazendo desarmonia
à sua empresa e desequilíbrio aos negócios.

Também nas relações familiares, ocorre algo semelhante. Em


muitos casos, os problemas entre casais resultam de um
ego exagerado ou de apego excessivo. Geralmente o lado
mais insistente acaba sendo repelido.

Pode-se ainda verificar que todos os sofrimentos causados aos


outros e a nós mesmos advêm de fortes impulsos interiores
que acentuam os sentimentos de autovalorização. Por isso, um
dos principais objetivos da fé é a eliminação do ego e
do apego. Eu mesmo, desde que compreendi tão
importante princípio, tenho procurado esforçar-me o
47
máximo possível para abandonar esses dois males. À
medida que bons resultados vão sendo conseguidos,
percebo que os sofrimentos diminuem e o nível espiritual se
eleva.

Pode-se afirmar, então, que o aprimoramento de cada um de nós


será cada vez mais elevado quanto maior for o esforço
pessoal para a eliminação de egos e apegos.

Também a união verdadeira entre os homens só ocorrerá dentro


de um nível idêntico de espiritualidade e sem interferência
de sentimentos possessivos.

3.2 - Apego entre casais

Mesmo após a morte, os casais não terão permissão para viver juntos,
caso se encontrem em estágios espirituais diferentes. Às
vezes, contudo, após adquirirem certo grau de
desenvolvimento, recebem permissão divina para se
encontrarem. Não têm, entretanto, autorização para se
abraçarem a fim de matar saudades. Caso o façam, terão
seus corpos enrijecidos e perderão a oportunidade de
futuros encontros. Todavia, à medida que se vão
aprimorando, usufruem de maior liberdade para estarem
juntos.

Analisando essa verdade, dá para se perceber como difere, do que


ocorre na Terra, o comportamento no Mundo Espiritual.

3.3 - Apego na propagação da fé


48
É importantíssimo eliminar totalmente qualquer tipo de apego
quando se trata da propagação da fé. Embora pareça uma
atitude fervorosa, nunca serão obtidos bons resultados, se
alguém procurar convencer os outros ou transmitir algum
Ensinamento através de constantes insistências ou de
recursos exagerados. Nunca tentem, pois, impor suas
convicções religiosas a ninguém. Essa atitude constitui uma
blasfêmia. Quando apresentarem caminhos espirituais a
alguma pessoa, falem pouco. Só continuem expondo suas
idéias, ao sentirem que os ouvintes estão interessados. Caso
contrário, aguardem o tempo propício. Essa é a maneira de
agir que revela total ausência de ego e apego.
3.4 - Superar o Ego

É bom saber: na vida, nada existe mais terrível que o ego. Portanto,
para aprimorar-se espiritualmente, cada um deve superá-lo
de forma definitiva. Alguns preceitos da Oomoto dizem que
o ego é um inimigo terrível e até divindades têm errado por
isso. Não é bom, pois, deixá-lo salientar-se. Essa colocação
deixou-me bastante impressionado e levou-me a refletir
sobre ela profundamente.

Numa outra passagem dos Ensinamentos da Oomoto, encontram-


se também estas afirmações: "o homem deve, acima de
tudo, ser sunao (singelo, obediente)". Esse é um conceito
muito correto e confirma o que continuamente lhes estou
lembrando: para quem ouve as minhas palavras com
singeleza, tudo corre sem tropeços. Fico muito penalizado
quando vejo pessoas malograrem por causa de um forte
49
ego. Daí a razão de Eu estar sempre reafirmando: para
alcançar a verdadeira fé, é preciso, acima de tudo, superar o
próprio ego, agir com simplicidade e não mentir.

Procurem meditar profundamente sobre essa verdade perene.

4 - Paciência

4.1 - Controlar a ira

De acordo com um antigo provérbio "o que é fácil todos


suportam; mas a verdadeira tolerância consiste em
aceitar o insuportável". Uma outra sentença ensina que
se deve ter sempre pendurado ao pescoço um receptáculo
de paciência e, caso ele se rompa, consertá-lo tantas vezes
quantas forem necessárias. Eis uma grande verdade.

Muitas pessoas me perguntam a que espécie de ascetismo me


dediquei para tornar-me um mestre. Foram banhos de
cachoeira, jejuns e muitas penitências? Simplesmente
respondo que jamais me devotei a esse tipo de exercício
espiritual. Minha prática religiosa sempre se fundamentou
em dois princípios: suportar com paciência o sofrimento
das dívidas e reprimir a ira.

Ao ouvir essa resposta, muitos ficam boquiabertos. Contudo, foi


realmente assim. Creio que Deus me fez passar por essas
provações visando ao meu aprimoramento. Houve até um
tempo em que eu encontrava, a todo instante, motivos
suficientes para manifestar cólera ou indignação. Ainda
50
mais: além de sempre ter tido um temperamento irascível,
durante esse período, uma sucessão de acontecimentos
provocavam-me, constantemente, muita irritabilidade. Assim,
certo dia, em conseqüência de um sério mal-entendido, sofri
tamanha humilhação perante grande número de pessoas,
que não tinha sequer coragem de encará-las, nem conseguia
sufocar a minha aflição.

Mesmo em tais circunstâncias, tive de comparecer a uma festa para


a qual fora convidado e a cujo convite não poderia recusar.
Não havendo outra saída, dirigi-me à casa dos meus
anfitriões. Tamanho era o meu transtorno, que não
conseguia concentrar-me no que se passava ao meu
redor. Para tentar esquecer tão ingrata situação, pedi um
cálice de sake (uma espécie de vinho de arroz). Na verdade,
eu não apreciava essa bebida. Assim mesmo, tomei-a, tal era
o meu nível de intranqüilidade. Somente dois ou três dias
mais tarde, é que pude voltar ao meu estado normal.
Contudo, algum tempo depois, vim a saber que, devido àquele
desagradável incidente, havia escapado de um grande
infortúnio. Tão terrível humilhação livrara-me de um golpe
fatal. Assim, por meio de uma experiência exasperante, fui
salvo e me senti infinitamente grato pela proteção divina.

51
4.2 - Preparo para grandes missões

Dá para perceber que, muitas vezes, Deus emprega meios


especiais para aprimorar a alma daqueles com importantes
missões a cumprir. Entre esses recursos, está o controle da
ira como uma das maiores provações. Então, as pessoas de
fé, quando oprimidas por circunstâncias humilhantes,
devem saber que foram escolhidas por Deus para um
trabalho especial. Se conseguirem enfrentar o ultraje sem
perder a calma nem ficar iradas, é sinal de que já
ultrapassaram uma considerável etapa do aprimoramento
necessário para cumprir a missão a elas atribuída na Obra
Divina.

4.3 - Um exemplo marcante

Um exemplo digno de nota sobre o controle da ira é a história de


Buei Nakano, presidente da Associação do Comércio,
durante a Era Meiji. Esse homem jamais se irritava, por mais
grave que fosse o problema enfrentado. Certa vez,
perguntaram-lhe de onde vinha tamanha paciência.
Respondendo, ele contou o seguinte fato: sempre
costumava irritar-se com muita facilidade até que, certo dia,
foi visitar um famoso homem de negócios, chamado Eichi
Shibusawa. Enquanto esperava ser anunciado, ouviu-o
discutindo com a esposa no aposento contíguo. Informado,
porém, da sua presença, Shibusawa imediatamente abriu a
porta corrediça e entrou logo a seguir. Nakano ficou surpreso
ao ver-lhe a fisionomia serena sem o menor vestígio de
alteração. A partir daquele momento, sentiu ter
52
descoberto o segredo do enorme êxito de Shibusawa nos
negócios: o seu poder de controlar a ira. Daí por diante,
Nakano compreendeu que deveria aprender a dominar a
própria irritação com a mesma facilidade. Começou, então, a
aplicar-se nesse sentido e tudo passou a correr bem,
permitindo-lhe, inclusive, ocupar um cargo de grande
destaque durante o período Meiji.
Por isso, procurem controlar a ira. E, quando enfrentarem
situações humilhantes, lembrem-se de que Deus os
está aprimorando. Eis a verdadeira atitude espiritual do
homem de fé.

4.4 - Evitar precipitações

Analisadas em profundidade, a entrada e a causa da derrota do


Japão na Segunda Guerra Mundial deveram-se ao fato de os
dirigentes terem imposto uma solução política contrária à
ordem natural.

Ser, portanto, precipitado ou cultivar irritação leva à perda de


serenidade e impede o surgimento de idéias adequadas, além
de agravar situações que poderiam ser solucionadas com mais
acerto e rapidez, sem causar grandes prejuízos à humanidade.
Por conseguinte, é mais sábio agir somente quando surgirem
soluções ou planos infalíveis que resultem de uma reflexão
profunda.

5 - Tranqüilidade

5.1 - Esperar com tranqüilidade


53
Quando eu procuro a solução para algum problema e não a
encontro, concluo que ainda não chegou o tempo certo. Por
isso, paro de pensar no assunto, esqueço a questão e fico
esperando, com tranqüilidade, a hora exata para que as
coisas aconteçam naturalmente, na ordem correta, sem me
causar sofrimento. Então, de repente, percebo o que deve
ser feito e tenho convicção de estar agindo certo.

Acho inacreditável que ninguém, até hoje, tenha tido a


oportunidade de sentir o sabor verdadeiro do único modo
como a humanidade deveria viver para, sem dificuldade,
usufruir de todos os momentos da existência.

54
5.2 - Entregar-se a Deus

Sempre que considerarmos qualquer assunto, embora seja algo


complicado, devemos fazê-lo da maneira mais simples
possível. Se forçarmos demasiadamente o nosso
pensamento, exagerando na avaliação dos fatos,
chegaremos infalivelmente a resultados negativos. Comigo
também acontece de, às vezes, as coisas ficarem bastante
difíceis. Então procuro analisá-las sem exagero, com
simplicidade; em seguida, coloco-as nas mãos de
Deus e fico tranqüilo. Estabeleço assim um espaço
propício ao surgimento de boas idéias. Da mesma forma,
vocês também devem deixar a cabeça vazia para que o
Espírito Protetor possa introduzir sentimentos nobres.

Existe ainda outro ponto que precisam saber: Deus não se comunica
diretamente conosco, mas o faz através do Espírito
Protetor. Se, entretanto, a nossa mente estiver cheia de
preocupações, mesmo que o nosso Guardião queira, não
consegue transmitir nada, porque nossa antena está ruim e
não capta a mensagem. Por isso, é importante mantermos
sempre um estado mental de tranqüilidade absoluta.

Antigamente, quando eu tinha diversas preocupações, nada entrava


na minha cabeça; contudo, pouco a pouco, à medida que fui
aumentando a minha fé e entregando-me a Deus, comecei a
esquecer os problemas e acabei habituando-me a essa
espécie de aprimoramento. Hoje, quando as pessoas me
falam de suas preocupações, acho graça, mas elas não

55
compreendem essa minha atitude porque não conseguem,
ainda, proceder da mesma forma que eu.

5.3 - Agir com tranqüilidade

Neste sentido, tanto o Johrei como o método de Agricultura da


Grande Natureza e os demais conceitos que venho
difundindo sempre atingem os resultados previstos quando
praticados segundo a lógica divina da serenidade. É por
isso que, ao planejar algo, nunca me apresso. Estudo o
projeto sob todos os ângulos e submeto-o à contínua e
rigorosa reflexão. Quando me convenço de que se trata
de um plano justo em todos os pormenores e útil à
humanidade inteira, executo os preparativos e espero
chegar o tempo. Essa minha atitude já levou algumas pessoas
a se irritarem e outras a julgarem-me bastante estranho, pois,
de fato, nunca entenderam por que eu tardava a executar
planos que me eram propostos, embora os tivesse acatado
e prometido utilizá-los.

Comportamentos de ansiedade são comuns entre os seres


humanos, como resultado da falta de paciência em esperar
pelo tempo certo. Como se lançam à ação antes da hora,
inúmeros obstáculos começam a surgir, impedindo que o plano
se desenvolva naturalmente; daí vem o desespero e tudo
malogra.

Como, então, reconhecer o tempo propício? Não é tão complicado.


Basta observar atentamente a naturalidade com que um
trabalho se desenvolve, bem como notar a ausência de
56
grandes esforços para a sua execução. Essas circunstâncias
são sinais evidentes de que o tempo está plenamente de
acordo.

Meditem muitas vezes sobre o que lhes acabei de falar e procurem


pautar suas ações por esse princípio.

57
CAPÍTULO III - NOÇÕES DE SABEDORIA

1 - Discernimento

1.1 - O homem pode mudar o seu destino

Como já disse várias vezes, todo sofrimento é uma ação


purificadora porque através dele são eliminadas as nuvens
espirituais.

É normal especialmente os religiosos procurarem aprimorar-se por


meio do ascetismo, que é uma maneira voluntária de polir a
alma. Já as pessoas comuns sofrem sem o desejar. O
Bramanismo, por exemplo, afirma que os infortúnios são
meios de se alcançar a iluminação, porque extinguem
pecados e impurezas. Dessa forma, com o espírito
desanuviado, as pessoas enxergam com mais clareza os
fatos e distinguem facilmente o Bem e o Mal.

A verdade, contudo, se apresenta em níveis distintos. Alguns


mais profundos, outros menos. Por isso quem alcançou
somente um grau menor de elevação espiritual consegue
captar apenas os princípios mais superficiais da realidade.

Por outro lado, uma alma pura adquire maior discernimento e tem
menos incertezas, embora não consiga livrar-se
completamente das indecisões.

É, porém, normal ocorrerem dúvidas. Eu também as possuo. A


diferença está no tempo que gasto para escolher qual
58
caminho devo seguir. Quando me defronto com algum
problema, por exemplo, no projeto de um jardim ou de
qualquer outro tipo de construção, levo, no máximo, meio
dia para decidir como realizá-los. Normalmente a solução
surge num lampejo, sem muito esforço de minha parte.
Caso não surjam, de imediato, boas idéias, deixo o tempo
passar, não penso mais no assunto e mantenho a certeza de
que a resposta certa virá logo depois. Ajo assim porque sei que
Deus não revela nada antes da hora; somente no tempo
propício e na ordem exata, é que lampeja, na minha mente, a
solução adequada para cada problema.

Nos dias de hoje, entretanto, pelo fato de as pessoas terem muitas


máculas, dificilmente resolvem as dúvidas com rapidez. O
normal é ficarem pensando num problema por muito tempo.
Agindo assim, colocam-se cada vez mais distantes da
sabedoria e, por isso, quase sempre malogram. Essa é
também a razão por que os políticos revelam pouco
discernimento. Como têm muitas nuvens espirituais, são
incapazes de perceber, com sensatez, a verdade.

Então, torna-se imprescindível, antes de tudo, eliminar as máculas


espirituais através do Johrei. Não existe método melhor do
que a radiação da Luz de Deus, pertencente a Era do Dia,
para dissipar nuvens e polir a alma. Não será, portanto,
necessária nenhuma forma de ascetismo. Também pelo
mesmo processo, um doente pode ser recuperado, pois tanto
a luz que ilumina a alma, quanto a força que cura vêm de
Deus.

59
Pode-se, por conseguinte, concluir: quando as aspirações humanas
não se concretizam da maneira desejada, é porque existem
muitas máculas para serem eliminadas. Não há necessidade,
contudo, da prática do ascetismo. Resultados definitivos
podem ser obtidos facilmente pelo Johrei, a Luz Divina que
salva e proporciona ao ser humano alegria e felicidade.
Também a leitura dos Ensinamentos purifica a alma,
despertando-a para a verdade. Portanto, se cada pessoa
agir de acordo com esses princípios, alcançará, com toda
certeza, um grau bem mais elevado de aprimoramento
espiritual.

1.2 - Ser amado por Deus

O ponto-chave da fé é ser amado por Deus. E quais são as pessoas


que Deus ama?
Todas aquelas que se esforçam ao máximo para viver de acordo
com a Sua vontade, nunca fazendo nada que O desagrade.
É preciso, portanto, entender que, para viver de modo a
satisfazer a vontade de Deus, torna-se indispensável
seguir o caminho do bem, ou seja, não mentir nem causar
sofrimentos aos outros ou prejudicar a sociedade. Acredito
que qualquer pessoa de bom senso compreende esses
preceitos, embora poucos, hoje, se preocupem com o bem-
estar do semelhante.

Como então saber se estamos seguindo o caminho traçado por


Deus?

60
É muito simples. Quando os homens não estão satisfazendo ao
Criador, enfrentam muitos problemas. O trabalho não lhes
corre bem. Surgem dificuldades financeiras e a saúde torna-
se precária. Além do mais, usufruem de pouca
credibilidade nos meios sociais, não sendo, por isso, muito
respeitados. Se, ao contrário, levam uma vida maravilhosa
e tudo que acontece lhes proporciona alegria e tranqüilidade,
é sinal de que estão vivendo de acordo com a vontade
divina. Então, quem atingir esse estado de felicidade terá
condições de reconhecer o valor da fé e saberá, com certeza,
que está sendo amado por Deus.

Se vocês, entretanto, apesar da fé, não conseguirem sentir uma


paz profunda e duradoura, procurem analisar os seus
pensamentos, pois aí está a causa de todos os conflitos. Foi
exatamente o que aconteceu comigo. Muitas vezes, opus
forte resistência à vontade divina e, por isso, em várias
ocasiões, caí no abismo.

Vou explicar-lhes melhor o que ocorreu na minha vida a fim de


todos terem condições de meditar sobre o assunto. Como se
aproximava o tempo da extinção do Budismo, profetizado
por Sakiyamuni ou, conforme as palavras de Cristo, o Juízo
Final, o Criador precisava de homens para poder salvar a
humanidade. Então, a fim de ajudar o maior número
possível de pessoas a ultrapassar essa fase de transição,
Deus me havia escolhido como instrumento para a
concretização do Seu plano. Eu, porém, achava tal
incumbência extremamente pesada e dela procurava fugir.
Daí a razão de, em alguns momentos, ter tentado
61
desviar-me do caminho. Deus, porém, em Sua infinita
bondade, me arrebatava, às vezes, ao êxtase, o que me
fazia sentir um sabor sutil e profundo a envolver-me
num encantamento inexprimível. Foi assim que percebi
o verdadeiro prazer da vida e tive a certeza de qual seria o
caminho que deveria seguir para ser amado por Deus.

É por isso que estou constantemente insistindo: procurem, em


todos os instantes de suas vidas, descobrir qual é a vontade
do Pai para cada um de vocês. E, a partir daí, transformem
cada momento vivido em motivo de alegria e satisfação
divinas. Dessa forma, todos poderão ter certeza absoluta de
que estão sendo amados por Deus.

1.3 - O Bem e o Mal

1.3.1 - Causas determinantes

Bem e Mal estão misturados neste mundo e se evidenciam de


diversas maneiras. Todas as manifestações de infelicidade,
de sofrimentos, tragédias, guerras, conflitos são motivadas
pela maldade presente no coração humano. Por outro lado, a
felicidade, a paz, a tranqüilidade, o bem-estar resultam da
prática do Bem. Deve haver, todavia, uma causa que
determina a existência dessa dualidade. Para conhecê-la,
é necessário meditar mais profundamente sobre o
comportamento dos seres humanos.

É evidente que todos, por inclinação natural, desejam ser bons tanto
do ponto de vista social, quanto familiar. Além disso, têm
62
plena consciência, salvo raríssimas exceções, de que a paz
e a felicidade só podem advir de um coração puro e virtuoso.

1.3.2 - Diferença entre Bem e Mal

É preciso que fique muito claro a todos a diferença entre bons e


maus.

As pessoas que pautam a sua vida pelos princípios do Bem, em


primeiro lugar, acreditam na existência de Deus, nas
verdades invisíveis, na espiritualidade. Seus pensamentos
emanam amor, misericórdia e desejo de justiça social. E,
num sentido mais amplo, expressam um profundo
sentimento de dedicação a toda a humanidade e tudo
fazem para que os homens se aproximem mais e mais de
Deus. Além disso, procuram causar sempre boa impressão
através de suas atitudes. Agem com bondade, são fiéis e
devotados ao trabalho. Também vivem a profundeza da fé
e reverenciam a Deus em atitude de imensa e constante
gratidão e não medem esforços para submeter-se aos
desígnios divinos.

De outra parte, os homens maus admitem apenas a matéria, são


ateus, relegam o invisível. Só se comprazem na prática da
maldade e visam, através dela, a satisfazer seus próprios
interesses. Agem como se a razão estivesse com os que
detêm o poder a qualquer custo. Desse modo, provocam
incontáveis conflitos, assemelhando-se aos antigos heróis
que destruíam o outro para conquistar a glória. Além do
mais, estão sempre alimentando desejos de honrarias
63
sem fim. E, pensando que vão atingir esse objetivo, vivem na
ilusão da prosperidade, achando-se constantemente
vitoriosos. Chegará, porém, o momento em que o fracasso
lhes baterá à porta, em conseqüência do mal tão
intensamente praticado. Essa realidade é clara e
demonstrada, de modo bem evidente, pela História. Os
fatos comprovam: todo homem mau chega a um fim trágico,
cuja única causa reside exatamente nos inúmeros danos que
semeou e nos estragos que deixou no Universo.

64
1.3.3 - Esperteza

Outra atitude também determinante do aparecimento do Mal é a


esperteza. Muitas pessoas, procurando obter vantagens,
cometem o maior número possível de atos malignos.
Buscando levar uma vida faustosa, pensam exclusivamente
na matéria e ignoram a espiritualidade. O sucesso, no
entanto, ainda que tenham muita sorte, lhes será apenas
temporário. Acabarão infalivelmente destruídas. Basta uma
observação atenta e ampla dos fatos para comprovar o que
lhes estou dizendo.

1.3.4 - Autopunição

Um ponto para o qual lhes quero chamar a atenção é o estado da


consciência de pessoas maldosas. Embora se digam
incrédulas, vivem o terror da intranqüilidade e da angústia e,
quase sempre, numa atitude de desespero, acabam
delatoras de si mesmas. O mais interessante ainda é que,
algumas vezes, essa autocondenação representa um ato
de alívio, pois o insucesso próprio é, na verdade, uma forma
de repreensão divina que lhes atinge diretamente a alma.

Reações autopunitivas estão também fundamentadas na


capacidade que a alma humana tem de relacionar-se com a
divindade através do fio espiritual. Por essa razão, mesmo
que alguém queira, nunca conseguirá iludir a si mesmo,
embora lhe seja fácil camuflar a verdade aos olhos dos
outros.

65
1.3.5 - Conclusão

A estreita ligação entre a alma e Deus é o meio pelo qual Ele fica
conhecendo e pode registrar em detalhes cada ato praticado
por Suas criaturas.

Alerto, então, a todos que meditem profundamente sobre essas


verdades para que, nunca, nunhum de vocês seja
considerado infiel ao Criador por ter praticado o mal.

1.4 - Uma nova etapa

Freqüentemente ouvimos dizer que as portas estão fechadas e os


caminhos bloqueados. Na verdade, esses aparentes
obstáculos nada mais são que meios pelos quais poderemos
desenvolver a nossa espiritualidade. De fato, nenhuma porta
está realmente fechada. O que acontece é uma pausa
obrigatória quando passamos de uma etapa para outra do
aprimoramento espiritual. É um processo semelhante
àquelas paradas, muitas vezes necessárias para uma
tomada de fôlego durante as corridas.

Um outro exemplo que elucida bem esta questão é a maneira pela


qual se desenvolve o bambu. À medida que ele cresce, vão-se
formando nós, os quais, quanto mais numerosos forem,
maior resistência darão à planta. Observando-se, então,
atentamente a Grande Natureza, poderemos compreender
quase todas as ocorrências da nossa vida e ver, de modo
diferente, os acontecimentos do dia-a-dia. Assim
entenderemos facilmente que "portas e caminhos
66
fechados" é apenas uma etapa natural no processo do
aprimoramento.

Há, porém, alguns obstáculos gerados pela falta da sabedoria


necessária nos momentos em que tomamos determinadas
atitudes sem prever os resultados. Nessa hora,
normalmente não encontramos saída para os problemas e
nos desnorteamos. Portanto, é de grande valia sabermos
qual o motivo que determinou o aparecimento de
empecilhos: uma situação natural ou a ignorância? Assim é,
pois, fundamental estarmos constantemente polindo a alma
para adquirir sabedoria.

Como já lhes falei muitas vezes, se ficarmos atentos e buscarmos,


a cada dia, um pouco mais de elevação espiritual,
ultrapassaremos qualquer obstáculo sem dificuldades.

Leiam sempre os Ensinamentos, meditem sobre estas verdades


que lhes expus e as guardem no fundo do coração.

1.5 - Fé celestial e infernal

1.5.1 - Diferenças

Quando se fala a respeito de religião, geralmente os seguidores


ou adeptos acreditam encontrar nela um meio pelo qual
poderão receber muitas graças tanto espirituais, quanto
físicas, obtendo assim tranqüilidade e paz familiar. Através
desse procedimento, julgam também possível de ser
conseguida a melhoria da sociedade e do país, além de
67
condições especiais para transformar o mundo num
paraíso. Então, para alcançar esse objetivo, um grande
número de pessoas se dedica intensamente, rezando com
toda a firmeza, fato conhecido pela maioria.

Há, entretanto, algo muito importante que ninguém percebe:


mesmo dentro da religião, existe uma diferença marcante
entre a fé de característica celestial e a de caráter infernal.
Explicando mais diretamente, sem reserva alguma, posso
dizer que toda crença tem uma parte infernal. Na realidade,
nunca houve, de modo exclusivo, a verdadeira fé celestial
nas religiões até então existentes.

1.5.2 - Missão da Messiânica

Agora, porém, nasceu a Messiânica, tendo como uma de suas


metas transmitir ao mundo a fé essencialmente celestial. É
necessário, por isso, esclarecer, com detalhes, em que
consiste essa prática, cuja característica fundamental reside
no fato de curar, com relativa facilidade, doenças para as
quais até mesmo uma medicina tão avançada não encontra
solução. Todos os adeptos já têm conhecimento suficiente
dessa realidade não só pela própria experiência, mas
também através de inúmeros testemunhos e relatos
publicados no nosso jornal.

Como todos sabem, qualquer pessoa, assistindo somente a


alguns dias de aula, aprenderá e terá condições de
ministrar Johrei, manifestando assim maravilhosa força de
cura. É realmente quase impossível acreditar que um
68
doente desenganado pelos médicos possa curar-se,
usando ele mesmo, através do Autojohrei, tamanho poder
regenerador. Além do mais, um fato extremamente
verídico como esse pode ser testado na prática por quem
dele duvidar.

Com o passar do tempo, é possível também comprovar que,


ingressando na Messiânica, as pessoas todas, bem como os
seus familiares, dia-a-dia, conseguem mais saúde,
chegando a formar um lar sem doentes porque adquiriram
vigorosa vitalidade. À vista disso, também ocorre um
aumento da alegria familiar, assim como todos os
empreendimentos correm bem, favorecendo a vivência da
felicidade autêntica.

É, por isso, espantoso observar a vida de pessoas que estavam


tratando-se, há dezenas de anos, com remédios, agora não
precisarem mais de medicação alguma, recebendo, em
conseqüência, enormes benefícios do ponto de vista econômico
e espiritual.

Pode-se, então, dizer que uma fé verdadeiramente celestial é aquela


que transforma os sofredores deste mundo infernal de hoje
em seres humanos participantes do Reino do Céu, o que, de
fato, é o grande sonho de realização de toda a humanidade.

69
1.5.3 - Messiânica e outras religiões

Há diferenças bem marcantes entre as inúmeras religiões vigentes


no mundo e a Messiânica.

Como se pode observar, a maioria das pessoas que segue


qualquer um dos credos existentes, mesmo tendo uma fé
fervorosa, padece com doenças e, por isso, sua vida não é
muito diferente da levada por aqueles que não acreditam
nas verdades eternas. Por exemplo, sempre alguém está
precisando de tratamentos médicos e quase nunca consegue
curar-se definitivamente. Daí, acaba criando para si um
estado de completa infelicidade. Movido, porém, pela fé,
conforma-se com a situação, achando que o final do seu
tempo de vida chegou.

É normal também certas pessoas viverem constantemente


preocupadas em não pegar gripe ou temendo
contaminações por bactérias. Há ainda cuidados exagerados
para evitar tuberculose e outras doenças contagiosas. Existem
as que estão sempre alerta contra friagens noturnas,
excessos alimentares ou bebidas em demasia. Vivem,
assim, o seu dia-a-dia em constante temor, sob a pressão de
infindáveis recomendações.

Mais trágico e triste ainda é ficar longos anos sofrendo em cima de


uma cama e sentir-se satisfeita porque a própria pessoa se
julga salva, em conseqüência de um sofrimento
incomensurável. Essa atitude, a meu ver, é totalmente
ilusória, enganosa e contraditória, pois, em tais
70
condições, o doente se conforma com o destino,
suportando disfarçadamente o sofrimento, forçando uma
aparência de satisfação. É, na verdade, um tipo de atitude
difícil de ser aceita pelo bom senso. E o mais triste de tudo é
achar que tal estado de sofrimento é uma graça dada por
Deus e conquistada pela fé. Assim, então, embora com o
físico destruído, a pessoa se considera salva espiritualmente.

Lamentável, porém, torna-se a vida de quem está ao redor do


doente. Não que ele próprio desconheça tal situação, mas,
por estar dominado por tão profundo sofrimento físico, não
lhe sobra espaço para pensar no desgaste enfrentado pelos
familiares devido aos cuidados a ele dispensados.

1.5.4 - Conclusão

Em síntese, mesmo que alguém muito doente consiga salvar-se


espiritualmente, é como se tivesse realizado o seu intento
pela metade.

A verdadeira salvação, portanto, só se completa quando ambas as


partes forem atingidas: a matéria e o espírito.

Até agora, contudo, não havia no mundo uma religião capaz de


oferecer à humanidade, de uma forma integral, meios para
conseguir a salvação completa.

Mesmo assim, o ser humano, querendo conquistar a felicidade,


embora pela metade, ingressa numa das religiões existentes.

71
Entretanto, apesar do esforço, encontra-se bem longe ainda
do estado celestial.

Para mim, a fé que salva uma só parte não passa de um nível


infernal. Comprovando essa minha afirmação, está o fato de,
nos dias atuais, todas as grandes religiões dedicarem parte
de seu tempo à construção e à administração de hospitais,
considerando esse trabalho um importante
empreendimento de caráter religioso. Tal postura demonstra
claramente que os credos até então existentes não têm
nenhum poder para curar as doenças.

Além disso, apesar de, na sua origem, a religião ser uma presença
metafísica no mundo, diferente, por isso, das ciências
puramente materialistas, nos dias de hoje, foi colocada num
plano inferior. Em outras palavras, a religião morreu.
Ao contrário dos conceitos religiosos existentes, a característica
fundamental da Messiânica pode ser constatada através
dos efeitos de sua ação, ou seja, pela capacidade de curar,
de modo efetivo, as doenças, inclusive aquelas que não
encontram recuperação através da medicina. Essa prática
profundamente misteriosa é que pode ser declarada
religião viva, resultante de uma fé celestial.

1.6 - O homem mau

1.6.1 - Como é?

Hoje em dia, todos se queixam da desordem social. Com efeito, há


um excesso de homens maus em todas as partes. Em
72
minha caminhada, também tive de enfrentar
freqüentemente ataques de pessoas maléficas.

Se analisarmos as ações do homem mau, veremos que ele jamais


comete atos danosos sem conhecimento de causa, pois
qualquer maldade praticada por alguém é sempre
consciente, exceto quando o indivíduo é muito perverso
Em sua maioria, os malfazejos sabem que estão procedendo
de maneira incorreta. Desejosos, contudo, de dinheiro,
bebida, mulheres e bens materiais, saltam para o caminho do
mal e, nele tendo ingressado, dificilmente o abandonam. Em
geral temem a lei, mas sem condições de satisfazer com
facilidade os seus apetites por vias honestas, esforçam-se ao
máximo para não esbarrar nas malhas da justiça, ou para que
ninguém os veja. A fim de atingirem seus objetivos, os
malfeitores fingem, iludem e chegam a desenvolver uma
habilidade tal na elaboração de mentiras e falsidades, que
enganar os outros se torna para eles muito fácil.

Normalmente os lesados, por serem pessoas honestas, se


conformam e não reagem. Os maus disto se aproveitam
para praticar um número cada vez maior de iniqüidades.
Podem, assim, alcançar resultados mais rápidos do que se
agissem com honestidade. Ao chegarem a esse ponto, já se
encontram tão imersos na lama, que dificilmente conseguem
lavar os pés.

Um número bastante grande desse tipo de criminosos pode ser


encontrado nas classes mais abastadas.

73
1.6.2 - Sentimentos do homem mau

Conforme diz um antigo provérbio, cada homem tem seus pontos


fracos. Por isso, com certeza, até os maus devem sentir-se
culpados não só pelos pecados que cometem, mas também
por prejudicar os outros e semear a infelicidade no ambiente
onde vivem. Muitas vezes reconhecem inclusive que a
bebida, por exemplo, é um vício dispendioso que lhes
dificulta a vida e sofrem ao ver a aflição da esposa e dos
filhos; sabem muito bem que desejar mulheres lhes custa
caro, além de oferecer o risco de contaminação por moléstias
perniciosas; têm igualmente certeza de que jogos de azar
sempre acarretam prejuízos, mas, mesmo assim, não
conseguem abandoná-los. Quantos já não passaram por
experiências semelhantes a essas! Embora tendo consciência
do mal, não conseguem dominar-se. Por quê? Na
realidade, falta-lhes a verdadeira coragem, que é um bem
altamente precioso para qualquer pessoa.

Eu costumo repetir que, ao vencer o Mal, o ser humano torna-se


divino e passa a usufruir do poder de Deus, tornando-se
assim verdadeiramente forte.

Eis a razão de eu afirmar que o homem mau é um fraco.

1.7 - Não ser odiado

Já escrevi que não se deve abominar ninguém. Também é bom


tomarmos cuidado para não sermos odiados, pois, quando
alguém lança sobre nós esse tipo de sentimento, emite
74
também uma onda negativa que nos atinge através do fio
espiritual. Geralmente são pensamentos de ciúme,
vingança, rancor, que pertubam a nossa mente. Além disso,
provocam desânimo, criam obstáculos, impedem o bom
andamento do nosso trabalho e atrapalham a nossa felicidade.
É necessário, pois, ficarmos atentos para não atrair ódios ou
ressentimentos.

Há, porém, neste mundo, inúmeras criaturas insensíveis que


prejudicam a vida dos outros e semeiam discórdias. Como
algumas delas são materialmente bem sucedidas e elogiadas,
muitos tentam imitá-las. São incapazes de enxergar além das
aparências e, por isso, pensam que a melhor maneira de obter
sucesso é seguir o exemplo daqueles aparentemente
vitoriosos.

Atualmente é grande o número dos maldosos. Com isso, é claro, o


mundo não pode melhorar. Dotados, porém, de uma visão
mais ampla, podemos verificar que a má semente sempre
produz maus frutos e que os perversos serão
inexoravelmente destruídos. Então, se proporcionarmos
bem-estar aos semelhantes, tornando-os felizes, viveremos
constantemente alegres. Seremos inclusive bem sucedidos
no trabalho e evitaremos grandes infortúnios. Quem
promove o bem dos outros está, na verdade, tendo uma
atitude sábia e praticando um dos princípios básicos da fé.

Portanto, ao concluir, reafirmo o que sempre lhes estou ensinando:


não há maior tolo que o homem maldoso. Essa é uma
verdade eterna.
75
1.8 - Dívidas

Por experiência própria, sei que a causa das dívidas é a tentativa


de acelerar o desenvolvimento natural de um projeto. Não
há atitude pior do que tentar forçar a natureza. É possível até
que a precipitação traga bons resultados
momentaneamente. Cedo ou tarde, porém, surgirão
obstáculos inesperados que nos farão voltar ao ponto de
partida. É assim que acontece quando tentamos impor
uma situação. De acordo com esse raciocínio, só se pode
contrair uma dívida depois que um projeto for estudado sob
todos os ângulos, deixando a certeza absoluta de que não
falhará.

Além disso, é conveniente também que, ao assumir qualquer


dívida, se tenha bem clara a necessidade de saldá-la no
menor tempo possível. Geralmente, quando se prolongam,
ocorre um acúmulo exagerado de juros, o que causa a quem
as contraiu um intenso sofrimento mental, levando-o a
perder a tranqüilidade. Nessa situação, o devedor não
consegue agir com sabedoria e seu trabalho fica prejudicado.

Outro ponto importante a ser considerado é que existem dívidas


ativas, muitas vezes, inevitáveis, destinadas à expansão de
um negócio, e outras chamadas passivas, cuja finalidade é
cobrir um déficit. Estas últimas jamais devem ser contraídas.

Então, quando houver prejuízo, assumir uma atitude sábia é reduzir a

76
atividade comercial e esperar o momento propício para
incentivá-la.

Há ainda mais um aspecto importante, para o qual quero chamar a


atenção de todos: a ganância. Segundo um antigo
provérbio, "quem tudo quer, tudo perde". Deverão, vocês,
portanto, tomar bastante cuidado com propostas de
transações muito vantajosas porque, em quase noventa por
cento dos casos, os prejuízos advêm da ganância
excessiva. Fiquem, pois, atentos a negócios aparentemente
de arromba. Ao contrário, atividades menos lucrativas,
exercidas com bom senso, em geral prometem futuro. Como
exemplo, vou citar a minha própria experiência. Enquanto
estava preocupado em obter o dinheiro de que precisava
para saldar minhas dívidas e ampliar a parte administrativa
do trabalho religioso, nada conseguia. Quando, porém,
deixei de pensar na questão monetária e coloquei o
problema nas mãos de Deus, comecei a receber importâncias
imprevistas que iam muito além das minhas expectativas.
Tenham, por conseguinte, bem clara, em suas mentes, esta
verdade: nada, neste mundo, pode ser entendido apenas
pela razão.

2 - Domínio do materialismo

2.1 - Desonestidade

Nos últimos tempos, os casos de corrupção de funcionários públicos


vêm ocupando um espaço cada vez maior na imprensa. As
denúncias se sucedem uma após a outra, dando a
77
impressão de que a desonestidade alastra-se por toda a parte,
tal como o corpo de uma pessoa sifilítica do qual, onde quer
que se aperte, sai pus.

Nunca a desmoralização do funcionalismo chegou a tal ponto.


Principalmente nos altos escalões, são notórios os casos de
corrupção. Grupos de interesse convidam importantes
funcionários do governo para festas em restaurantes ou
casas noturnas bastante caros. Oferecem-lhes generosas
quantias em dinheiro e demais vantagens para induzi-los a
fechar negócios altamente rendosos para as suas empresas.
É evidente que as despesas decorrentes das referidas
negociatas são incluídas nos preços das mercadorias, ou
embutidas nos impostos, acarretando, por conseguinte,
prejuízo para toda a sociedade.

Urge, portanto, uma resolução para o problema dentro do mais


curto espaço de tempo possível. As autoridades têm
procurado cercear o mal aplicando medidas legais cabíveis,
mas o seu alcance é limitado; não conseguem resolver o
impasse, porque não tocam no ponto crítico. Dessa forma, as
atitudes ganaciosas continuam imbatíveis, pois nem as
autoridades, nem os intelectuais conhecem a causa
fundamental que leva o homem a cometer tamanhos
despropósitos.

78
2.2 - Solução possível

Quero mostrar-lhes de que modo é possível solucionar a questão


do domínio do materialismo.

À primeira vista, parece contraditório o fato de tantos delitos serem


cometidos por pessoas com nível universitário, o que
demonstra não haver relação alguma entre a criminalidade
e o grau de instrução.

É engano, portanto, pensar que, por serem pessoas cultas, não


têm má índole. Muito pelo contrário. Embora nem sempre
empreguem violência física, cometem crimes intelectualmente
planejados, cujas conseqüências são devastadoras, uma vez
que o mau exemplo delas se reflete em toda a sociedade.

O que leva pessoas com instrução superior a cometerem crimes,


às vezes, hediondos? A razão principal é um grande
desvio na linha do pensamento, decorrente de uma
personalidade egoísta, repleta de idéias materialistas. No
geral acham que, mesmo praticando atos incorretos, se
agirem com habilidade, ninguém vai perceber e tudo lhes
correrá bem. Muitas vezes, entretanto, acontece de o crime vir
à tona, apesar de toda a artimanha empregada. Mesmo
assim, em vez de procurarem corrigir o erro, põem-se a
indagar como puderam ser descobertos sem que houvesse
pistas evidentes e continuam agindo errado com maior
esperteza ainda. Essa é a tendência geral.

79
Naturalmente, suponho que alguns desses funcionários se
arrependam dos delitos e decidam tornar-se honestos,
enquanto cumprem as penas que lhes foram impostas pela
Lei. Contudo, por serem criaturas que não acreditam em
Deus, uma vez colocados novamente em liberdade, acabam
abandonando a decisão tomada e voltam a incorrer nos
mesmos erros.

Além do mais, são esses malfeitores criaturas extremamente


simplistas. Acham, por isso, que acima do Globo Terrestre só
se encontra o ar e nada mais. Então, se alguém lhes disser
que, embora invisível, Deus existe, será por eles chamado
de supersticioso. Não sabem que a ilusão, ao contrário, está
no ateísmo, onde reside a forte tendência ao materialismo
vazio e estéril, que conduz ao crime.

Fica, pois, bem claro que a única solução efetiva para a


delinqüência é quebrar a conduta materialista através do
desenvolvimento da fé. É ela que levará todos os seres
humanos a reconhecerem a existência de Deus e a se
libertarem dos grilhões do materialismo.

2.3 - Educação verdadeira

Uma das principais razões pelas quais tantas pessoas não acreditam na
existência de Deus é terem, desde criança, recebido uma
educação voltada unicamente para o materialismo. Daí que,
enquanto os políticos e educadores não tomarem consciência da
real importância desse fato e continuarem negligenciando a

80
educação baseada em princípios espiritualistas, todas as demais
medidas serão apenas paliativas.

Por conseguinte, nossa tarefa consiste em iluminar a humanidade, ou


seja, reeducá-la, oferecendo-lhe exemplos de comportamento
positivo que a conduzam a um estágio espiritual mais elevado.

É preciso fazer os criminosos entenderem que eles podem ocultar


dos homens as suas barbáries; jamais, porém, enganarão a
Deus. Somente através de tal atitude serão formadas
pessoas honestas, avessas a qualquer tipo de crime.

81
3 - Poder da Luz de Deus

3.1 - Luz Divina versus dogma

3.1.1 - Luz Divina

Não é doutrina, mas Luz de Deus, invisível, canalizada através


do Johrei. Tem o poder de mudar o homem. Em outras
palavras, atinge as profundezas da alma e a transforma
mesmo quando recebida com ceticismo. Desperta também a
natureza divina das pessoas, colocando-as em contato
direto com Deus. Daí a razão de muitos que consideram a
Messiânica como qualquer outra religião perguntarem por
que ela não tem dogmas específicos.

De fato, é um questionamento que deve ser atentamente


esclarecido. Se a religião consistisse apenas em doutrina,
não ofereceria mais do que padrões de moral. Estes, porém,
não bastam. O valor de um credo está na capacidade de
conscientizar seus adeptos do grande poder sobrenatural e
operador de milagres existente no Universo, o qual não pode
ser meramente explicado pela razão. De outra parte, consiste
também na atuação do poder de Deus, determinando a
ocorrência constante de inúmeros prodígios.

3.1.2 - Dogmas

Um exemplo poderá esclarecer melhor o que estou querendo dizer.


Li recentemente, num romance, um trecho em que a
personagem dizia o seguinte: "Quando eu era jovem,
82
freqüentava aulas de religião e um dia discutimos sobre os
milagres relatados na Bíblia. Alguns acreditavam, outros
não. Como eu mesmo não os aceitava, ao chegar em casa,
tentei riscar todas as referências feitas a eles. Depois li
novamente a Bíblia sem essas passagens e pude verificar
que se tratava apenas de um livro sobre moral. Um
conjunto de regras de conduta, portanto."

Da mesma forma são os mandamentos. Apresentam-se como leis


humanas, decretadas com a finalidade de desestimular as
transgressões e, assim, manter a ordem estabelecida na
sociedade. Também impõem punições quando essas
mesmas leis forem infringidas.

É, por isso, que há muitas religiões norteadas por preceitos


previamente estabelecidos. Os mais antigos e notórios são os
Dez Mandamentos dados a Moisés por Jeová. Durante a Era
da Noite, eles foram fundamentais. Como, porém, são
normas que determinam o que se deve fazer, ou não,
pressupõem penalidades e inibem, dessa maneira, pelo medo,
todos os atos contrários a eles.

Ameaças e castigos, contudo, não são a melhor maneira de impedir


que um homem pratique o mal. Um alcoólatra, por exemplo,
provavelmente não deixará o vício se lhe disserem que a
bebida lhe faz mal, ou que será castigado se beber. O único
meio eficaz de salvá-lo é dissipar-lhe as nuvens do corpo
espiritual, elevando-o a um nível em que a sua natureza
divina desperte e o faça sentir uma aversão natural pelo
álcool.
83
É, portanto, a tendência de perpetrar o Mal, ou de agir
desonestamente, que deve ser eliminada, pois são essas
práticas maléficas que deleitam as pessoas inclinadas a
elas.

Após essas reflexões, dá para concluir que os dogmas podem ser,


até certo ponto, necessários. Não constituem, entretanto, o
objetivo último de ruma religião. Este é bem mais profundo,
pois visa ao alcance de um nível superior de consciência. Eis
a verdade que procuro transmitir através dos Ensinamentos.

3.1.3 - Importância das leis

Muitas vezes, parece mais fascinante ganhar dinheiro


desonestamente. Assim acontece porque a natureza divina
de tais criaturas está debilitada, ocupando um plano bem
baixo. Com isso o espírito secundário fica fortalecido.
Quando, porém, são eliminadas as nuvens espirituais, a
alma se eleva e a pessoa torna-se incapaz de praticar o
mal.

Por outro lado, é perigoso ficar sem regulamentos e instituições


penais, uma vez que muitos ainda permanecem num nível
inferior de consciência. É notório que, apesar do rigor na
aplicação das leis, há muita gente decidida a infringi-las,
inclusive homens de elevada posição social, ou detentores
de altos cargos públicos, ou políticos.

84
Também não é suficiente que o ser humano se abstenha de cometer
o mal por causa de ameaças e penalidades. O verdadeiro
caminho é a conquista de um nível em que a pessoa sinta
prazer na prática do bem e não veja nas leis fatores coibitivos,
mas maneiras de despertar para a vontade de Deus.

Do ponto de vista humano, talvez seja difícil compreender o que


prego. Contudo, quem já sentiu, no âmago de sua alma,
uma mudança interior em conseqüência do recebimento do
Johrei, reconhece a força da Luz Divina. Até mesmo
aqueles que atribuem grande importância ao intelecto se
submetem ao poder inefável de Deus e O reverenciam pela
dádiva do Johrei.

3.2 - Milagre

3.2.1 - O que é?

A palavra "milagre" indica a ocorrência de um fato que


transcende às Leis da Grande Natureza. É algo, portanto,
impossível de acontecer, quando analisado a partir de um
conceito materialista que se baseia numa visão superficial dos
fenômenos naturais. Como hoje está bastante difundida a
avaliação dos fatos baseada apenas na matéria, as pessoas
estranham que acontecimentos extraordinários passem a
fazer parte do cotidiano.
Para melhor compreensão, lembremos alguns exemplos. Como
explicar o caso de uma criança que despencou de altura
bastante considerável indo cair num precipício sem nada
sofrer? Ou o de colisões entre carros e bicicletas, em que
85
o ciclista saiu ileso e a bicicleta sem dano algum? Ou ainda o
ocorrido com um homem que, por ter chegado atrasado à
estação, fora obrigado a viajar no horário seguinte e mais
tarde viera a saber do descarrilamento do trem que perdera
e do grave acidente do qual ficara livre.

Em maior ou menor escala, quase todos os messiânicos têm


vivenciado milagres. Há alguns notáveis: um membro
conseguiu afugentar de sua casa um ladrão, ministrando-lhe
Johrei à distância. Outro foi salvo de um incêndio ao canalizar
a Luz sobre as chamas, que se desviaram devido a uma
brusca mudança na direção do vento.

Tendo em vista tantos fatos aparentemente estranhos, fica claro


que prodígios acontecem porque a causa que os determina se
encontra no Mundo Espiritual.

3.2.2 - Significado da aura

Outro ponto importante a considerar é o que diz respeito aos tipos de


milagres, especialmente os originados pela força da própria
pessoa e aqueles advindos de um poder que se encontra
além da matéria. Os resultantes de intervenções pessoais
estão intimamente relacionados a uma vibração energética
própria de cada ser humano e, na maioria das vezes, invisível
para as pessoas comuns. A essa energia se dá o nome de
aura, uma espécie de névoa esbranquiçada que assume a
mesma conformação do corpo físico, ao envolvê-lo. Apresenta
também amplitudes diferentes dependendo da pureza da
alma de cada um. Quanto mais elevada for, maior será a
86
aura, podendo atingir até centenas de dezenas de metros
nas pessoas virtuosas. Já a do homem divino é quase
infinita.
Aqui está a explicação do porquê de tantos escaparem ilesos de
atropelamentos. É que, por terem auras amplas, ficam
protegidos, pois o choque é amortizado pelo fato de o espírito
do carro atingir primeiro a vibração energética da pessoa. O
mesmo acontece quando alguém cai de um lugar alto sem
nada sofrer. Na verdade, foi a sua aura que bateu antes no
espírito da terra ou da pedra, abrandando o impacto e
impedindo-o de que se machucasse.

Outro fato interessante é que a aura da casa dos que praticam


virtudes também se torna maior. Por isso, muitas vezes, em
casos de incêndio, essas residências não são atingidas pelas
chamas.

3.2.3 - Forças extramateriais

Vejamos agora como agem as forças extramateriais. Já lhes falei,


muitas vezes, que todo ser humano tem um Espírito
Protetor escolhido entre os seus ancestrais. É ele que
protege e avisa em sonhos, ou de alguma outra forma,
quando algo importante ou perigoso está para acontecer.

Por outro lado, se algumas pessoas têm missões especiais ou


estão servindo a Deus como instrumento, Ele envia um dos
seus auxiliares para salvá-las. É por isso que, em muitas
ocasiões, desastres aéreos ou terrestres são evitados no
último instante. O que ocorre, de fato, é a interferência de
87
um espírito divino, que tudo sabe, e pode salvar alguém
atravessando o espaço e o tempo numa fração de
segundo.

3.2.4 - Conclusões gerais

3.2.4.1 - Milagre, uma ocorrência normal

Com base nas observações sobre a ocorrência dos milagres, pode-se


afirmar que eles jamais acontecem por acaso ou por
coincidência. Existe sempre uma razão; portanto, não há
nenhum mistério neles. São, pois, ocorrências normais. A sua
ausência, sim, é que constitui uma estranheza. Eis a razão pela
qual diante de um problema de difícil solução, fico esperando
por um milagre e ele sempre acontece.

Certamente, quem já acumulou muitas virtudes e tem uma fé


profunda também deve ter vivido experiências desse gênero.

Torna-se, pois, necessário que cada um procure, no dia-a-dia,


levar uma vida de constante aprimoramento para fazer jus a
muitas experiências milagrosas.

3.2.4.2 - Ampliação da aura

Com certeza, pessoas virtuosas percebem que, se mantiverem o


coração puro e só praticarem o bem, ampliarão, cada vez
mais, a sua aura e dificilmente sofrerão acidentes graves.

88
É também comum a muita gente sentir calor humano e uma
sensação de bem-estar quando se aproxima de uma
pessoa com aura ampla. Além disso, quem tem uma
vibração energética bastante intensa exerce grande atração
sobre os demais e consegue enorme progresso no seu
campo de trabalho. É normal acontecer de as casas que eu
freqüento prosperarem abundantemente. Também aqueles
que se aproximam de mim se fortalecem e se tornam felizes
porque entram em sintonia com a minha aura.

3.3 - Sermões

Desde a Antigüidade, todas as religiões têm transmitido os seus


ensinamentos através de sermões na tentativa de convencer
os adeptos à prática de boas ações. Dificilmente, porém,
conseguem atingir o âmago da alma humana. Em geral,
tudo permanece no limite físico como uma espécie de lei
imposta, quase sempre, pelo medo ou pela coerção. Não se
pode negar, contudo, que, se as pregações atingirem o mais
profundo do nosso ser, constituirão um meio eficaz de queimar
máculas através dos ouvidos.

Por outro lado, a leitura de textos ou livros sagrados será também


uma extraordinária maneira de eliminar impurezas. Portanto,
usando os cinco sentidos, o homem pode purificar-se. E
ficando com a alma mais fortalecida, não conseguirá
cometer maldades. Ao contrário, tornar-se-á virtuoso e sentirá
prazer na prática do bem.

89
A Messiânica, entretanto, de modo muito especial, promove a
salvação pelo Johrei, cujo objetivo mais importante é atingir
diretamente as nuvens espirituais sem a interferência
material dos cinco sentidos. Assim, uma vez banhada pela
Luz Deus, a alma humana torna-se mais fortalecida; em
conseqüência, a pessoa usufrui benefícios
incomparavelmente maiores.

É o que ocorre, por exemplo, com a cura das enfermidades. Muitas


vezes, doentes submetidos às mais variadas formas de
tratamento são curados pelo Johrei em curto espaço de
tempo.

Por essa razão, na Messiânica, os sermões são empregados apenas


como um recurso secundário, pois o efeito da Luz de Deus é
mais rápido e menos trabalhoso. Também pelo mesmo
motivo, a Messiânica não pode ser considerada unicamente
uma religião como as demais que se fundamentam em leis
e regras a serem seguidas. Ao contrário. É um princípio de
fé que procura salvar o ser humano no seu todo,
oferecendo-lhe meios para a eliminação das máculas do
espírito e das toxinas do corpo. Portanto, não se limita
somente a incentivar a prática do bem ou a transmitir normas
através de pregações, mas oferece uma oportunidade
segura e única de salvação integral da vida humana.

90
3.4 - Luz Divina e luz material

Entre a Luz de Deus e a dos jashin, trava-se uma guerra


constante.

Falar em luz dos jashin pode até causar estranheza, mas, de fato,
eles a possuem. É semelhante ao raio X, cuja radiação,
aliás, foi também criada por eles.

Para entender melhor a ação dessas entidades negativas, é preciso


saber ainda que entre elas existe uma hierarquia. Então, as
que se encontram no topo da escala emitem uma vibração
falsa que pode, às vezes, ofuscar a Luz de Deus.

Há, porém, uma diferença marcante: essa energia emanada pelos


jashin é um princípio solidificador, baseado na luz
material, originária da Lua. É o mesmo processo
empregado pela medicina. Também os curandeiros e
algumas religiões se utilizam desse método, tentando o
restabelecimento de alguém doente ou que, por algum
motivo, está sofrendo.

De outro lado, a Luz de Deus tem o poder de queimar as máculas


espirituais e dissolver toxinas. Por essa razão, as curas
efetuadas pelo Johrei se fundamentam na eliminação das
impurezas e, desse modo, o homem readquire a perfeita
saúde tanto física, quanto espiritual e mental.

Deve-se, assim, perceber que agora, com a aproximação da Era


do Dia, o Mundo Espiritual está clareando cada vez
91
mais. E, proporcionalmente, a Luz de Deus vai-se
tornando mais forte; por isso, fica muito difícil para as
religiões e a própria ciência médica curarem por meio de
solidificações. É por esse motivo inclusive que o número de
hospitais aumenta ano a ano.

Também nos últimos tempos, os jornais têm alertado para o fato de


estar aumentando consideravelmente o número de pessoas
que morrem por terem manipulado raios-X durante longos
períodos. Neste particular, posso afirmar-lhes que o efeito
solidificador do raio X, de tão forte, chega a petrificar toxinas.
Como exemplo, cito-lhes o caso de uma pessoa que atendi há
alguns anos, a qual fora tratada de um tumor ganglionar
através de radioterapia. As toxinas estavam de tal modo
endurecidas, que tive dificuldades para dissolvê-las.

Outro ponto a ser considerado é que, segundo uma lei natural,


qualquer impureza precisa antes atingir certo grau de
solidificação para depois liqüefazer-se. Esse processo ocorre
especialmente com as toxinas que se acumulam ao redor do
pescoço. Mesmo quando alguém já está recebendo Johrei,
pode acontecer primeiro uma solidificação maior para, em
seguida, haver a dissolução. É também nessa etapa que
surgem as febres altas, as quais nada mais são que meios
normais e fáceis de eliminar impurezas do organismo.

3.5 - Ohikari

Certa vez uma pessoa acordou segurando o Ohikari. Por que,


mesmo dormindo, conseguiu tirá-lo do pescoço?
92
Respondendo a essa pergunta, Meishu Sama deu a seguinte
explicação: o espírito secundário da pessoa que portava o
Ohikari estava sofrendo muito com a intensidade da Luz e,
por isso, quis livrar-se dele. Não conseguiu, porém, jogá-lo
fora devido à intercessão do Espírito Protetor.

Portanto, quem tentou se afastar do Ohikari não foi a pessoa que


o usava.

93
CAPÍTULO IV - PURIFICAÇÃO

1 - Noções Básicas

1.1 - O homem mau é um doente

Este título pode causar estranheza, pois há muitos indivíduos


que, mesmo sendo maus, têm uma aparência saudável.
Externamente até parecem melhores que os outros, mas o
lado espiritual está muito doente.

Sempre estou dizendo que o homem perverso tem o seu espírito


primordial confinado por uma entidade maligna, a qual
enxotou inclusive o Protetor. Em suma, o corpo espiritual
do homem mau fica dominado por uma força negativa que
age a seu bel-prazer como amo e senhor.

Esses espíritos maldosos são, em geral, de animais. Por isso, as


pessoas por eles possuídas agem, muitas vezes, de um
modo extremamente grosseiro, cometendo, sem remorsos,
as maiores infâmias com a mais perfeita naturalidade e até
se comprazendo no que fazem. Torna-se difícil para
alguém de bom senso compreender como podem tais
indivíduos agir de modo tão desumano.

Sempre tenho ensinado também que todo o homem, desde o


seu nascimento, é acompanhado por um espírito
secundário de caráter animalesco.

94
Deus assim o permite por ser indispensável que o ser humano
satisfaça os seus desejos físicos para conseguir sobreviver.
No caso dos malfeitores, porém, o espírito secundário tornou-
se tão forte que o homem passa a expressar unicamente a sua
natureza animal. Algumas vezes, pode ocorrer ainda o encosto
de uma outra entidade do Mal. Em qualquer dos casos, o
espírito primordial é subjugado e, em conseqüência, o
homem passa a agir segundo a vontade dessa força maligna
que o está dominando. Assim acontece sempre que muitas
máculas se acumulam no espírito. E quanto maior a
quantidade das impurezas, mais forte será a atuação das
entidades negativas.

Devido também a essa mesma intensidade das nuvens espirituais


acumuladas, o sangue vai se tornando cada vez mais impuro.
Em conseqüência, a qualquer momento, poderá surgir uma
violenta ação purificadora representada por acidentes,
doenças e outros infortúnios.

Eis aí a causa dos muitos sofrimentos enfrentados pela


humanidade atualmente.

1.2 - Causas das doenças

Eu já expliquei anteriormente que todas as doenças têm sua


origem em três venenos, representados pelas toxinas
congênita, úrica e medicamentosa. Agora quero falar, um
pouco mais minuciosamente, sobre esse mesmo assunto.

1.3 - Toxina congênita


95
Corresponde àquela herdada dos venenos contidos nos remédios.
São impurezas que vão sendo acumuladas, através de
gerações, devido ao uso constante de medicamentos, as
quais, com o passar do tempo, transformam-se em uma
espécie de toxina muito perniciosa ao organismo.

Tal realidade a respeito da ação maléfica das toxinas, a História do


Japão mostra com bastante clareza. Consta, por exemplo,
que a varíola surgiu no país, após 1.300 (mil e trezentos)
anos da época do Imperador Kinmei. Sabe-se que no ano 538
d.C. chegou, ao Japão, o Budismo e, logo depois, em
várias partes do território, começou a surgir a varíola. Então,
nessa época, as autoridades atribuíram o acontecimento à ira
dos deuses pela chegada do Budismo e proibiram a sua
divulgação. Entretanto, apesar de a doutrina ter sido
impedida, a doença não diminuiu. O governo decidiu, por
isso, liberar a propagação do Budismo, dizendo que nada
tinha a ver com o surgimento da varíola.

A meu ver, a causa do aparecimento dessa moléstia encontra-se


num tempo bem anterior ao da chegada do Budismo, pois,
muito antes, já havia sido introduzido no Japão o Kampoo
(método de tratamento chinês que se fundamenta no
emprego de ervas consideradas possuidoras de poderes
curativos) e, por meio dele, muitas toxinas foram sendo
introduzidas no organismo humano.

Por outro lado, a medicina japonesa aponta, como causadora de


diversas enfermidades, a sífilis hereditária. Também na
96
Alemanha existe uma corrente médica que admite serem
todas as doenças originárias do mesmo mal.

Para mim, contudo, essas proposições constituem erro. Na verdade,


as doenças resultam das toxinas congênitas e não da sífilis
herdada. Basta, para isso, observar que até mesmo os
médicos, muitas vezes, não são capazes de provar que os
pais ou avós de um doente tenham contraído sífilis sendo,
por isso, impossível de ser herdada por um de seus
descendentes.

1.4 - Toxina úrica

Esta advém de urina que não foi totalmente eliminada devido ao


enfraquecimento da atividade renal.

Conforme a medicina postula, o rim é o processador da urina e, ao


mesmo tempo, o produtor de hormônios. Entretanto, não lhe
é possível, muitas vezes, eliminar todas as impurezas
juntamente com a parte desnecessária dos líquidos. Então
elas permanecem no interior do rim e, com o tempo, vazam e
se acumulam em torno dele, principalmente na parte de trás,
onde ficam solidificadas em forma de toxinas que o vão
pressionando até atrofiá-lo. Como resultado desse
procedimento, o excesso de urina, pouco a pouco, começa a
solidificar-se também nos dois lados da coluna vertebral,
chegando até à região do pescoço. Aqui está a causa do
enrijecimento das costas e dos ombros.

97
A seguir, essa mesma toxina se encaminha para a nuca e se
concentra nos gânglios linfáticos, nas parótidas e nas
amídalas.

A gengivite inclusive é uma doença causada pelas toxinas úricas


que estão tentando sair através da gengiva. Na verdade,
então, essa doença não passa de uma impureza
apodrecida que vai sendo eliminada pela boca. Daí a razão
de, ao tomarem conhecimento desse fato, as pessoas
sentirem-se enojadas, com uma desagradável sensação de
desconforto4.

1.5 - Toxina medicamentosa

Sobre esse assunto, já falei em outras ocasiões. Por isso, agora


somente quero explicar a maneira como tal impureza se
manifesta e as conseqüências que resultam de sua
existência.

A toxina medicamentosa causa alguns sofrimentos bastante


sérios, tais como febres elevadas, coceiras, diarréias,
vômitos, amortecimentos, desânimo, etc.

De acordo com a minha experiência, a elevação acentuada da


temperatura é mais freqüente nas pessoas que tomaram muito
remédio durante longo período da vida do que naquelas que
nunca o usaram.

4
Também acho que o mau hálito tem sua origem nesse tipo de toxina úrica.
98
Também a dor provocada pela toxina oriunda dos remédios,
especialmente os produzidos no Ocidente, é mais aguda.
Assemelha-se ao golpe dado por alguém com uma faca
que, depois de introduzida no corpo, ainda é remexida
dentro do ferimento. Em outros casos, é apenas uma dor forte
e rápida como um relâmpago que bate e passa. Já as causadas
em conseqüência do uso do Kampoo são quase todas pesadas,
lentas e constantes.

No que diz respeito às coceiras, a maioria delas resulta do


emprego de remédios ocidentais, especialmente injeções de
cálcio, que produzem uma dermatose chamada urticária.

1.6 - Considerações finais

Como expliquei, existem meios para se distinguir os três tipos de


toxina. Assim então, quando se tocar a parte solidificada do
corpo com a ponta dos dedos, se não doer, significa a
existência de toxina congênita, hereditária; se a dor for leve,
indica a presença de toxina úrica e, sendo forte, é sinal das
oriundas dos medicamentos.

Portanto, com um treinamento sistemático, é possível a qualquer


mamehito tornar-se perito na habilidade de distinguir as
diferenças entre esses três perigosos venenos.

1.7 - Purificações severas

É importante prestar atenção ao seguinte ponto: à medida que o


homem muito perverso começa a despertar a consciência,
99
ou dar leves sinais de arrependimento, os seus atos maus
vêm à tona e acabam sendo descobertos por todos. É o início
da purificação, do desmoronamento do Mal.

Há um antigo provérbio japonês que bem confirma esse fato:


"enquanto o Mal está prosperando, vence até o Céu.
Quando, porém, o Céu se afirma, o homem é derrotado".
Na verdade, esse provérbio quer dizer que, ao se
acumularem máculas no corpo espiritual, ocorrerá, como
conseqüência, uma purificação por meio de intensos
sofrimentos. É a Lei do Céu.
A partir dessas constatações, podemos concluir que o homem mau
é um doente muito grave. Assim então, quanto maior a sua
maldade, mais severos padecimentos e sérias
enfermidades enfrentará, como um processo normal de
purificação.

1.8 - Auto-recuperação

É normal haver terapias modernas tentando sustar as doenças


por meio de instrumentos de tortura, com resultados pouco
satisfatórios. O que, na verdade, ocorre, é o reaparecimento,
após algum tempo, da enfermidade com agravantes ainda
mais perniciosos.

No momento em que as pessoas atingirem maior compreensão,


relativamente ao processo das doenças, perceberão com
clareza o poder divino de cura agindo sem recursos
torturantes. É por isso que eu afirmo: a verdadeira medicina

100
é aquela capaz de desenvolver as habilidades de auto-
recuperação próprias do organismo humano.

2 - Tipos de Purificação

2.1 - Físicas

2.1.1 - Causas

A causa do surgimento das doenças são os remédios. Não se


assustem com essa afirmação, pois, na verdade, toda moléstia
é criada pelo tratamento médico. Então, o ponto central da
sua origem está no uso de medicamentos que, mesmo sendo
empregados como um meio de curar as enfermidades e
diminuir o número de doentes, produzem uma ação
contrária, gerando assim um engano quase impossível de
ser admitido pela maioria. De fato, é uma verdade tão clara que
nem precisaria de comprovações; entretanto as pessoas não a
percebem e continuam iludidas. Os remédios constituem, por
isso, o grande enigma que leva a humanidade a confiar,
cada vez mais, na medicina, acreditando piamente que,
através dela, podem ser resolvidos os problemas das
doenças.

Para esclarecimento de um problema tão misterioso, qual seja, a


causa das enfermidades, preciso dizer que o pensamento da
medicina está invertido, pois as interpreta no sentido
negativo. Quero, por isso, detalhar essa questão.

101
Desde a sua origem, o ser humano traz consigo toxinas hereditárias
e, após o nascimento, acumula outras, injetadas no corpo de
várias formas.

Ao expor esses conceitos diferentes, as pessoas podem ficar


surpresas, pois, desde tempos remotos, domina a idéia —
que se tornou um senso comum — de que os remédios
existem para curar as doenças ou auxiliar na manutenção
da saúde. Por isso, corre a crença de que a fabricação de
bons remédios resolveria o problema dos enfermos. Daí ser o
objetivo principal dos tratamentos medicinais a recuperação
da saúde. Eis a razão de, especialmente nos Estados
Unidos, empreenderem-se grandes esforços no sentido da
descoberta de medicamentos cada vez mais poderosos e
eficazes. Entretanto, apesar dessa busca contínua, ao
invés de as doenças diminuírem, continuam aumentando
gradativamente.

Não existe, portanto, nenhuma lógica na procura de novos remédios.

2.1.2 - Todo remédio é droga

Originariamente não existia, no Globo Terrestre, remédio algum.


Com o passar do tempo, contudo, foram aparecendo
determinadas drogas que diminuíam o sintoma das
doenças sem, contudo, curá-las definitivamente.

Na verdade, então, os remédios não passam de toxinas que são


introduzidas no organismo, deixando-o ainda mais
debilitado. Diante de tais constatações, deve-se ter
102
cautela e observar profundamente os fatos, procurando
entender o porquê de todo remédio ser uma droga altamente
perniciosa.

2.1.3 - Toxinas e doenças

Como já expliquei, todos os órgãos do corpo humano foram feitos


para não processar totalmente elementos estranhos, mas
somente aqueles estabelecidos por Deus como nutrientes
necessários à manutenção da vida.

Então, por serem componentes adversos, apenas uma pequena


parte dos remédios é absorvida como nutriente; o restante
permanece no organismo em forma de toxinas que se
acumulam em vários pontos e, no decorrer das atividades
humanas, solidificam-se, concentrando-se nas regiões
nervosas mais solicitadas pelo uso.

E óbvio que os nervos mais requeridos são aqueles localizados


na parte superior do corpo, especialmente em volta do
pescoço. Aí é que se concentra o maior número de toxinas, as
quais, depois, se encaminham para o cérebro, olhos, ouvidos,
nariz e boca, locais onde também se acumulam.

Eis, então, o motivo de, em qualquer pessoa, serem encontradas


solidificações em volta do pescoço e nos ombros. Quando
essas toxinas atingem certa quantidade, surge uma ação
natural para eliminá-las. Nesse momento, através da febre, se
liquefazem, transformando-se em catarro, suor, coriza,
urina quente. Tal processo, denominado comumente de
103
resfriado, não passa de um método de eliminação de
toxinas. Em geral, vem acompanhado de um pouco de
desconforto e mal-estar passageiros. Importa apenas saber
que se trata de um recurso de limpeza que purifica o corpo e
promove a cura.
Uma gripe, portanto, é uma ação maravilhosa do organismo. Mesmo
tratando-se de um ato fisiológico muito simples, traz resultados
surpreendentes. Por conseguinte, cada pessoa que dele se
beneficiasse deveria render graças à Providência Divina pela
incomparável proteção.

Como, entretanto, o ser humano não conhece o valor profundo do


sofrimento da purificação, interpreta-o no sentido negativo. E
ainda, para impedi-lo, foi inventado o tratamento médico.
Daí ser possível entender o quanto está errada essa postura.
Na verdade, uma ação purificadora quanto mais forte, maior
vitalidade proporciona ao corpo humano. Sendo, então,
bloqueado esse processo natural de limpeza, nada mais
ocorrerá senão o enfraquecimento da força vital, através dos
venenos chamados remédios.

2.1.4 - Produção de remédios

Desde antigamente, vêm sendo extraídas de ervas, raízes, cascas,


minerais, órgãos de animais, etc., certas substâncias que são
transformadas em remédios, na forma de chás, pós, glóbulos,
líquidos, cápsulas, pomadas, injeções. Quaisquer dessas
substâncias, uma vez aplicadas ao organismo, paralisam a
purificação.

104
Na verdade, tais remédios não passam de venenos fortíssimos
que, em muitos casos, ameaçam a vida. Daí a razão de
serem tomados em pequenas quantidades, diluídos e em
várias vezes ao dia, para não provocar intoxicação. Então, de
acordo com essas prescrições, um remédio, para ser eficiente,
deve apresentar elevado nível de veneno sem, contudo,
causar danos ao organismo.

Triste ilusão! O que, na verdade, acontece é o aumento exagerado


de solidificações de toxinas exatamente pelo uso de
drogas com alto teor de toxicidade, as quais, em lugar de
serem dissolvidas e eliminadas, permanecem no corpo, dando
origem às doenças, que afetam hoje grande parte da
humanidade.

Daí, então, ser muito comum ouvirem-se freqüentemente


recomendações sobre cuidados higiênicos e prevenção de
doenças. Tais alertas criam nas pessoas um temor incontido
de pegar gripes e, por outro lado, certo contentamento pelo
fato de a vida humana ter sido prolongada por um pouco
mais de sessenta anos. São, pois, dois grandes erros tidos
como importantes vitórias. De fato, uma pessoa saudável,
livre de impurezas, portanto, sem doença, pode viver
facilmente mais de cem anos, tendo inclusive uma morte
natural sem nenhum sofrimento.

Torna-se, por conseguinte, óbvio que a conquista de uma vida


longa, saudável, resulta de um organismo isento de toxinas;
por isso, tratamentos médicos nunca constituem meios de
cura. São apenas recursos para aliviar momentamente
105
os sofrimentos. Daí que procedimentos, tais como: repouso
absoluto, compressas, emprego de remédios, fricções com
pomadas, resfriamentos por gelo, aplicações com raios e
eletricidade, tudo não passa de um processo solidificador.

Mesmo assim, existem, dentre os inúmeros tratamentos em voga,


alguns um pouco diferentes. Um deles é a moxa (técnica da
medicina oriental que consiste em fazer pequenos pontos
de queimaduras nas partes do corpo afetadas por alguma
enfermidade. Produz um efeito semelhante ao da
acumpuntura). O outro é representado pelo aumento de
temperatura do local atingido pela doença para estimular a
febre. Ambos os recursos, contudo, trazem apenas um alívio
temporário. Depois de certo período de melhora, o
problema volta como antes.

Além desses dois métodos, cujo princípio se baseia no uso do


calor, existe ainda a radioterapia, empregada na destruição
de células cancerígenas. Seria um excelente processo, se
eliminasse apenas o câncer, mas, como acaba também com as
células sadias, produz efeitos colaterais indesejáveis, mais
negativos que positivos.

Após tantas constatações, pode-se afirmar que a única maneira


de ser obtida a cura definitiva consiste na dissolução das
toxinas e sua posterior eliminação.

Até mesmo entre os médicos, já é corrente a expressão "solidificar


a doença". Para isso, empregam os remédios como o meio
mais eficaz. Entretanto, eles mesmos sabem que os
106
medicamentos que usam causam outras doenças. Fica,
portanto, claro que, quanto mais intenso for o tratamento
médico, maior a probabilidade de novas doenças
aparecerem, além de o próprio paciente ir piorando cada vez
mais, pondo em risco a sua vida.

Para comprovar o que lhes digo, vou expor o resultado de algumas


observações. Em pacientes que desejam ardentemente
curar-se e, para tanto, usam remédios caríssimos, no geral,
os resultados são péssimos. Já outros que não ligam tanto
para suas doenças têm mais facilidade de obter a cura.

São comentários que ouço inclusive dos próprios médicos.

Da mesma forma, quem se preocupa exageradamente com


princípios de higiene torna-se mais fraco, enquanto aqueles
menos obsessivos possuem saúde melhor. Também
freqüentemente ouço dizer que as famílias dos médicos e
enfermeiras são mais suscetíveis a doenças.

Há ainda um outro fato interessante que sempre nos chama a


atenção: ao serem pesquisadas as causas da existência de
pessoas com notória saúde — na verdade, casos raros — os
entrevistados costumam dizer que nunca ficaram doentes,
nunca foram ao médico, nunca tomaram remédio.

Concluindo, do meu ponto de vista, acho extremamente necessário


refletir bem sobre o que é a verdadeira saúde e a maneira
correta de como conservá-la, sem precisar do emprego de
medicamentos.
107
2.2 - Materiais

2.2.1 - Danos materiais

Tendo por base as conseqüências advindas dos danos materiais,


pode-se verificar que as purificações assumem diferentes
formas de acordo com a causa que as originou. Quem, por
exemplo, pratica roubos ou apropriações indébitas,
acarretando prejuízos materiais aos outros, ou leva um
nível de vida superior às suas posses, sofrerá dificuldades
financeiras ou perda de bens materiais.

Outra ocorrência bastante freqüente em famílias abastadas é um


dos filhos desperdiçar a fortuna que lhe foi deixada pelos pais.
Nesse caso, o que realmente acontece é algum dos
antepassados ter escolhido um descendente para eliminar
os pecados dos ancestrais, purificando assim a sua
linhagem sanguínea para impedir-lhe a extinção e, ao
mesmo tempo, proporcionar-lhe condições de prosperidade
futura. É por isso que nunca surtirão efeito conselhos ou
advertências ao esbanjador. Ainda com respeito a esse fato,
observa-se comumente que o filho perdulário é visto como
mau, tido como o destruidor da família. Do ponto de vista
daijo, contudo, ele é superior aos demais, porque está
limpando as impurezas e corrigindo os erros dos
antepassados.

Percebe-se assim que, em momento algum, existe a

108
possibilidade de o Bem e o Mal serem determinados
simplesmente pela razão humana.

Então, pode-se concluir que a purificação sempre se processa de


acordo com a Lei da Sintonia. Assim, se alguém comete
falhas relacionadas a bens materiais, sofrerá, em
conseqüência, prejuízos causados por incêndios, assaltos,
roubos, perdas na Bolsa de Valores ou em jogos de azar,
por exemplo.

2.2.2 - Incêndios

Através de uma observação atenta, percebe-se que o destino de


pessoas, ou empresas, transforma-se, melhorando
bastante após grandes infortúnios como, por exemplo, um
incêndio. Na verdade, o que acontece é a queima das
impurezas pelo fogo. Tal foi o destino da cidade de Atami
a qual, depois de ter sido atingida por um incêndio, obteve
enorme progresso.

Portanto, pode-se concluir, com muita segurança, que não só


acontecimentos bons são maravilhosos; também os
desastrosos geram benefícios, uma vez que eliminam
impurezas do corpo, do espírito e do ambiente. E, quando
essa limpeza termina, tudo fica melhor que antes. Então, não
ter doenças é bom, mas ficar doente também será uma
bênção. Tendo, portanto, conhecimento bem claro a
respeito do verdadeiro significado de um processo de
purificação tanto física, quanto espiritual, o ser humano
pode viver com absoluta tranqüilidade.
109
São, entretanto, os Ensinamentos referentes à purificação,
verdades que só se aplicam aos homens de fé. Aos
incrédulos, qualquer sofrimento é uma desgraça contra a
qual empreendem lutas insanas. Nada conseguem, porém.
Além disso, quanto maior a batalha, mais a situação se
complica até, finalmente, mergulharem no abismo.

O segredo, portanto, da felicidade humana consiste em


compreender cada um, do fundo do seu coração, essas
verdades sobre as quais acabei de lhes falar.

110
2.3 - Mentais

2.3.1 - Causas

2.3.1.1 - Encosto espiritual

Hoje, muito se fala em desmoralização das opiniões, aumento da


criminalidade e degradação política. Todos esses assuntos
têm estreita relação com as doenças mentais, cujas causas
estão na parte física e, ao mesmo tempo, relacionadas ao
fenômeno do encosto espiritual.

Espero não causar estranheza com o que vou dizer. Qualquer


pessoa, contudo, desde que não seja um doente mental,
poderá compreender facilmente as minhas colocações.

Quem recebeu uma educação puramente materialista vai encontrar,


entretanto, certa dificuldade de compreensão, uma vez que
foram orientados a não acreditar no invisível. O fato de
poderem negar não significa, de forma alguma, inexistência de
verdade. Afirmar, então, que não há espírito pela simples
razão de serem invisíveis equivale a dizer que ar e
sentimentos também não existem.

Como este Ensinamento parte do princípio segundo o qual a


existência do espírito é uma realidade, posso concluir, sem
medo de ser considerado supersticioso, que as doenças
mentais se devam encosto espiritual.

2.3.1.2 - Enrijecimento do pescoço


111
Pela minha experiência, tenho notado que as pessoas, na sua
grande maioria, têm o pescoço e os ombros enrijecidos.
Raras, porém, o percebem porque, nesses casos, o
endurecimento é tal, que as leva à insensibilidade.
Exatamente nesse enrijecimento, contudo, está uma outra
causa das doenças mentais.

2.3.2 - Anemia cerebral e fenômeno do encosto

O enrijecimento do pescoço e dos ombros comprime as veias que


conduzem sangue ao cérebro e, com isso, provoca-lhe
anemia na parte frontal. O problema, porém, não se resume
apenas a uma simples deficiência de irrigação cerebral. Por
ser o sangue a materialização do espírito, a sua insuficiência
no cérebro causa também o empobrecimento das células
espirituais que o preenchem. Daí, entidades negativas se
aproveitarem desse enfraquecimento para aproximar-se das
pessoas que apresentam essa irrigação cerebral ineficaz.
Na maioria das vezes, o encosto é de um espírito animal.
(No caso dos japoneses, o principal é a raposa; pode também
ser o texugo5 e, mais raramente, cão u gato. Em se tratando
de raposas, ninguém sequer imagina quão grande é o seu
interesse em manipular qualquer pessoa. É para elas uma
forma de se destacarem entre as demais companheiras.

5
Mamífero carnívoro das florestas da Europa e norte da Ásia.
112
Às vezes, é possível ocorrer também a interferência simultânea de
espírito humano e animal. Em qualquer dos casos, porém,
o fator determinante do encosto é a anemia cerebral.

2.3.3 - Funções do cérebro

A parte frontal do cérebro tem a função de governar o raciocínio,


enquanto a posterior comanda o sentimento. Com base
nessa realidade, pode-se dizer que, na raça branca, com a
parte frontal bastante desenvolvida, predomina o raciocínio.
Já na amarela, que tem a parte posterior mais ampla,
imperam os sentimentos.

Por outro lado, no interior do ser humano, trava-se uma constante


batalha entre razão e emoções. Quando o racional vence, a
pessoa se torna cruel. Caso se sobreponham as sensações,
agem os instintos, o que é muito perigoso. O correto é
harmonizarem-se os dois lados, sem inclinação para
nenhum deles.

2.3.4 - Manifestação da vontade

E fundamental, para que as idéias se expressem em ação, uma


dose maior ou menor de vontade, cuja origem se encontra
no centro da região umbilical. É daí que partem as ações
humanas, posteriormente concretizadas através da trindade
das idéias, ou seja, da conjugação de três fatores, a saber: a
vontade, o sentimento e o raciocínio, constituindo este último o
poder ativo que controla os excessos das emoções e dos
instintos. Então, ao manter a vida em ordem, através do
113
controle, pela razão, dos impulsos espontâneos, o ser
humano consegue levar uma vida normal. Se, contudo,
perder a força dessa lei, qual seja, o domínio da razão, seus
sentimentos ficam desequilibrados e ele cai no abismo,
tornando-se assim um doente mental.

2.3.5 - Esperteza do negativo

Sabendo que a lei da razão impera na parte frontal do cérebro, o


espírito negativo invade e domina exatamente esse ponto.
Entretanto, para que tal fenômeno ocorra, é preciso que essa
região esteja espiritualmente debilitada. Além do mais, pelo
fato de ser a parte frontal do cérebro o ponto mais elevado do
corpo físico, ao invadi-la, o encosto manipula livremente o ser
humano.

Fica claro, então, que, se a pessoa estiver na plenitude de sua


energia espiritual, não há possibilidade de atuação do
negativo.

114
2.3.6 - Poder de atuação do encosto

O poder de atuação dos encostos é proporcional à escassez de


energia espiritual encontrada na parte frontal do cérebro.
Essa debilidade energética advém da solidificação de
toxinas nas regiões do pescoço e ombro que comprimem os
vasos sanguíneos, impedindo a livre circulação do sangue
no cérebro.

Pode-se dizer acertadamente que, nos dias atuais, ninguém tem


cem por cento de energia espiritual na cabeça. Conforme já
falei em outras ocasiões, mesmo as pessoas mais notáveis da
sociedade apresentam uma deficiência que varia entre vinte
e trinta por cento. Observem que, muitas vezes, perguntam
qual a razão de alguém respeitável ter cometido erros
imperdoáveis, ou estar impossibilitado de compreender
determinadas ocorrências, ou ainda ter falhado em pontos
relevantes. Na verdade, a causa são os vinte ou trinta por
cento a menos de energia espiritual no cérebro.

Até mesmo quando alguém consegue realizar atos louváveis,


apresenta uma deficiência energética de vinte por cento.
Mas, se cultivarem idéias negativas ou cometerem pecados,
a mesma debilidade atinge os quarenta por cento, estado
esse bastante comum no mundo atual, o que facilita
muitíssimo a atuação do espírito negativo.

2.3.7 - Histeria

115
Normalmente, as pessoas apresentam uma deficiência de energia
espiritual em torno de quarenta por cento, podendo, a
qualquer momento, ultrapassar os cinquenta. Nessa
situação, cometem atos malignos e erros imperdoáveis. É o
caso, por exemplo, das histerias, quase sempre causadas
por espíritos de raposa. Também as explosões de raiva ou
ciúme têm como causa a deficiência de energia espiritual do
cérebro que já foi além dos cinquenta por cento. Nesse
estágio, a pessoa emite idéias desconexas e arma
escândalos. É, porém, um estado passageiro, já que o teor
de deficiência volta para menos de cinquenta por cento.

O homem deve, por isso, permanecer vigilante para evitar cair


nesse estado desesperador de descontrole emocional.

2.3.8 - Os criminosos

A razão pela qual existem atualmente tantos criminosos reside no


fato de a deficiência de energia cerebral ter ultrapassado o
nível dos cinquenta por cento. Nesses casos, o encosto
costuma ser o de um espírito animal que leva as pessoas a
agirem e a se sentirem como tais, manifestando uma
crueldade bestial inimaginável, embora ainda conservem a
sua forma humana.

2.3.9 - Conclusões

a) Conforme já disse, não há ninguém que possua cem por cento


de energia espiritual. Por isso, todos podem ser

116
influenciados por encostos. Então, não existe ninguém que
esteja, de fato, livre das doenças mentais.

b) Em compensação, há um meio eficaz de cura para as


perturbações generalizadas que afligem a humanidade. É o
Johrei, que dissolve as toxinas solidificadas, permitindo que
sejam posteriormente eliminadas. Dessa forma, o sangue
poderá irrigar adequadamente o cérebro.

c) Como os messiânicos recebem Johrei com freqüência, jamais


ultrapassarão o limite de trinta por cento nas deficiências
espirituais. Nesse sentido, os Ensinamentos poderão
contribuir enormemente para a prevenção de um mal tão
assustador como o das doenças mentais.

d) Quanto à origem das solidificações em volta do pescoço e nos


ombros, nem preciso dizer que advêm dos remédios.

2.4 - Espirituais

2.4.1 - Doenças e espíritos

Conforme já expliquei anteriormente, as doenças são ações


purificadoras necessárias ao fortalecimento da vida humana.

É preciso, entretanto, saber que existem algumas enfermidades


causadas por encostos de espíritos.

Sobre esse fato, desde antigamente, muitas religiões têm-se

117
manifestado, colocando como causa de todas as doenças a
interferência de entidades negativas.

Contudo, pelas minhas pesquisas e observações, concluí que


existem duas maneiras de uma doença se materializar. A
primeira é como um processo natural de purificação do
corpo. A segunda, como uma manifestação de espíritos
doentes. Esses dois aspectos estão inseparavelmente
relacionados, porque a doença causada por encosto fica
limitada, no organismo, à parte correspondente ao Plano
Espiritual, a qual, com certeza, acumula muitas máculas.
Portanto, ao serem eliminadas essas nuvens, o corpo
espiritual atinge um determinado nível de purificação e, com
isso, a doença desaparece automaticamente do corpo físico.

Assim acontece porque torna-se impossível a um espírito doente


apoderar-se de um ser humano purificado e saudável. Em
outras palavras, quero dizer-lhes que a verdadeira causa de
qualquer doença são as nuvens espirituais. Daí a necessidade
de serem constantemente eliminadas pelo Johrei, para que o
organismo permaneça sempre revigorado.
Pode-se, então, concluir que o aparecimento de doenças não é
culpa do encosto. O princípio correto de sua origem são as
inúmeras máculas acumuladas pelos seres humanos.

Guardem, pois, no fundo do coração, esta verdade: nenhum


espírito negativo tem poder para aproximar-se de pessoas
cujo organismo esteja livre de toxinas, e tenham a alma
pura e fortalecida.

118
2.4.2 - Nuvens espirituais

Por que se acumulam nuvens no corpo espiritual?

Devido à falta de Luz, sem a qual o poder do espírito primordial fica


limitado.

O que fazer então?

Para evitar a concentração de nuvens espirituais, é preciso recorrer


à religião, pois, no momento em que o homem se volta para
Deus, a Luz Divina penetra em sua alma;
conseqüentemente, aumenta a força do espírito primordial
e não se acumulam tantas máculas. Ainda, no caso de
haver uma entidade animal parasitária, será automaticamente
afugentada e o espírito secundário perderá, desse modo, o
poder de praticar o mal.

Portanto, quem não se curva diante de Deus, corre o perigo de,


repentinamente, e por qualquer motivo, tornar-se um
homem mau. É por essa razão que eu afirmo: o homem
sem fé é perigoso.

Podemos, portanto, concluir que a causa pela qual os males sociais


não diminuem é exatamente a existência de muitas pessoas
incrédulas, nas quais não se pode confiar. Embora
aparentem bondade, nunca terão, de fato, uma índole
benévola porque lhes falta Deus no coração e, por esse
motivo, não merecem confiança. São, na realidade, pessoas
más e gravemente doentes.
119
2.4.3 - Máculas e doenças

Muitas religiões já falaram sobre a relação entre máculas


espirituais e doenças. Agora eu vou comentar esse assunto
do ponto de vista da ciência divina.

Como já ensinei em outras ocasiões, toda vez que surgem maus


pensamentos ou se cometem erros, aumentam as nuvens no
espírito. Quando elas atingem um elevado grau de
densidade, ocorre uma ação purificadora para dissipá-las. É
essa a lei do Mundo Espiritual e dela ninguém escapa. Na
maioria das vezes, são processos eliminatórios que se
apresentam como uma doença. Assim acontece porque as
máculas do espírito se manifestam no físico em forma de
sangue impuro ou pus.

Há, contudo, outros métodos de purificação representados pelos


mais variados infortúnios.

Um ponto fundamental também é saber que as doenças de origem


espiritual, ou seja, as causadas por pecados, são difíceis de
serem curadas. Geralmente a recuperação completa só
ocorre após longos anos. É o caso de moléstias como
tuberculose, câncer, osteomielite, por exemplo.

2.4.4 - Dissipação das máculas

Há duas formas de dissipar as máculas: pelo sofrimento e pela

120
prática de boas ações, as quais permitem que virtudes sejam
acumuladas.

Vou citar dois exemplos que poderão trazer a todos maior


esclarecimento a respeito das minhas considerações. Há
alguns anos, um jovem tuberculoso, que havia sido
desenganado pelos médicos, ingressou num credo
denominado Tenri. Ansioso por realizar algum benefício em
favor do próximo, decidiu limpar o catarro que as pessoas
cuspiam nas ruas de sua cidade. Dedicou-se a essa tarefa
durante três anos. Um dia, percebeu que sua moléstia havia
desaparecido e ele estava completamente curado.

O segundo fato refere-se ao episódio ocorrido com Tchogoro


Yamamoto, famoso bandido japonês, mais conhecido como
Jirotcho de Shimizu. Certa vez, Yamamoto encontrou-se com um
grão-sacerdote budista que lhe disse em tom bastante sério:
"Vejo em seu rosto o sinal da morte. Você tem, no máximo,
mais um ano de vida". Diante de tal presságio, algo tocou-lhe
a alma. Então Yamamoto doou toda a sua fortuna e retirou-
se a um templo budista para aguardar a morte. Passaram-
se dois anos e nada lhe aconteceu. Um dia, voltou a cruzar
com o religioso e dirigiu-se a ele pensando em acusá-lo de
o ter enganado. Mas, antes que tivesse tempo de pronunciar
qualquer palavra, o grão-sacerdote lhe falou: "Coisa
estranha! Aquele sinal de morte, que vi em seu rosto, quando
nos encontramos pela primeira vez, desapareceu por
completo. O que você fez?!" Jirotcho contou-lhe como havia
procedido e o religioso concluiu dizendo a ele que a prática
das boas ações o havia afastado da morte.
121
3 - Aprofundamento sobre a Lei da Purificação

3.1 - Instrumentos de purificação

Um outro comportamento pouco recomendável é as pessoas


sentirem-se prejudicadas por aqueles a quem já ajudaram
tantas vezes. Os que assim pensam, têm muitas impurezas
acumuladas; por isso, deveriam antes examinar-se a si
mesmos, pois quem aparentemente nos prejudica está, de
fato, ajudando-nos a queimar máculas. Portanto, aqueles
que nos perseguem ou nos fazem sofrer estão sendo
apenas instrumentos de uma ação purificadora. Se todos
compreendessem profundamente essa verdade, iriam
manifestar sempre muita gratidão às pessoas que lhes
causam sofrimentos, sem nunca as maldizer.

Vou relembrar o que aconteceu comigo para dar um exemplo


esclarecedor desses pontos aos quais acabei de me referir.
Em junho de 1950, houve uma séria perseguição à nossa
igreja e eu fui processado e preso. Alguns dos nossos
membros acharam a minha condenação injusta e criticaram,
várias vezes, o promotor. Até eu mesmo fiquei
momentaneamente amargurado. Mas, graças a esse
incidente, a minha alma foi profundamente polida e a nossa
Igreja se tornou mais sólida. Sinto, por isso, extrema gratidão
por aqueles que me injuriaram. Encarar, dessa forma, todas
as adversidades, corresponde ao pensamento daijo e é um
dos pontos essenciais da fé.

122
3.2 - Relação entre remédio e doença

A medicina não esclarece o que é a doença. Mesmo com relação


aos efeitos dos remédios, existe pouca lógica. Se alguns deles
forem eficazes em certos casos, já são considerados
excelentes, mas não há base científica para explicar o porquê
dos resultados satisfatórios, ou não. Os pontos de referência
fundamentam-se somente nas observações dos resultados
produzidos pelo medicamento quando usado pelo paciente.

Não há, portanto, prova evidente de que haja relação entre a


doença e o remédio. Sabe-se apenas que ocorrem alívios
temporários da dor ou do mal-estar. É, portanto, totalmente
errado admitir que existe comprovação científica de que os
remédios curam as doenças. Nem mesmo os
pesquisadores percebem esse ponto da questão.

Quando os estudiosos realmente souberem que não há relação


entre a cura das doenças e as inúmeras drogas existentes,
vão ter de corrigir a base. E a minha missão é exatamente
mostrar a eles todos que, se houvesse, de fato, comprovação
científica da eficácia de um remédio para a cura de
determinada doença, não haveria necessidade de descobrir
outro diferente.

Também é necessário não esquecer que são os medicamentos os


criadores da infelicidade.

Os mamehito já sabem que, tomando remédio, o sangue fica impuro.


Em conseqüência, criam-se nuvens no espírito, as quais, por
123
sua vez, causam-lhe o rebaixamento de posição no Mundo
Espiritual, fazendo-o chegar, às vezes, até o inferno.

Em razão da presença de tantas impurezas, o mundo atual


permanece sob o domínio do Mal. Quase ninguém vive, por
isso, feliz. Ao contrário, surge infortúnio após infortúnio. A
causa de todo esse sofrimento são os remédios que geram
impurezas. Estas, por sua vez, criam máculas que
determinam a queda do nível espiritual das pessoas.

Em síntese, são as drogas em geral que criam a infelicidade humana.


O remédio, portanto, não só causa doenças, mas também
todos os demais sofrimentos. Terrível realidade!!!

Para criar um mundo melhor, é preciso, portanto, eliminar


primeiramente o vício dos remédios, que é a causa de todos
os desmandos da humanidade.

3.3 - Processos de eliminação das toxinas

Um ponto sobre o qual quero me deter diz respeito a machucados


e queimaduras. Nestes casos, normalmente ocorrem
inflamações.

De acordo com o pensamento médico, vários recursos são utilizados


para impedir a eliminação do pus. Grande erro resultante do
medo! Na verdade, o estímulo gerado pelas queimaduras e
machucados determina a concentração de toxinas no local
atingido, uma vez que qualquer pessoa mantém, no seu
organismo, uma quantidade de impurezas muito
124
grande. Então, quando aparece alguma oportunidade, as
toxinas, naturalmente, se concentram nos locais atingidos
por lesões de qualquer natureza; ao mesmo tempo, vão sendo
eliminadas em forma de secreções purulentas. Daí que,
quanto maior for a parte queimada ou machucada, maior
será também a quantidade de toxinas eliminadas.

No entender da medicina, contudo, ferimentos grandes aumentam


a possibilidade da contaminação por bactérias; por isso,
quaisquer dos seus procedimentos visam impedir o processo
de supuração com o emprego de medicamentos
desinfetantes acrescidos, muitas vezes, de compressas que
tentam resfriar o local, além de aplicação de injeções e
recomendação de repouso absoluto.

Dentre todos os métodos usados pela medicina para evitar a


formação de pus, o que causa maior problema é o uso de
anti-sépticos, porque a toxina desse medicamento penetra
diretamente no músculo e, com o correr do tempo, provoca
intoxicação bastante séria.

Então, pode-se dizer que, embora a bactéria seja um pequeno ser


vivo, o remédio utilizado para matá-la deixa seqüelas terríveis
no corpo humano. Além disso, com o passar do tempo, o
anti-séptico anteriormente empregado vai-se acumulando
no corpo até se transformar numa toxina muito violenta. Esta,
mais tarde, provocará uma purificação caracterizada por
febre, dor, mal-estar, sintomas esses causadores sempre de
algum transtorno indesejável, embora, por outro lado,
constituam processos importantíssimos de eliminação
125
de impurezas. Normalmente, porém, quando consultados, os
médicos sempre dizem desconhecer a origem de tais
sofrimentos; na verdade, eles são causados pelos próprios
tratamentos feitos com anti-sépticos.
Ouço também, com freqüência, os médicos dizerem não haver
meio de tratar certas doenças. É que, na realidade,
desconhecem a verdadeira causa que as gera.

Outra questão fundamental no que diz respeito à eliminação das


toxinas é saber que o ponto focal da diarréia está localizado na
cabeça e nas costas. Torna-se, por isso, evidente que as
impurezas presentes nesses lugares, ao serem dissolvidas,
encaminham-se primeiramente para a barriga onde, mais
tarde, se manifestam em forma de disenteria.

Ainda é necessário não esquecer que há outros casos de desarranjos


intestinais provocados por intoxicação alimentar.

No que diz respeito à eliminação das toxinas acumuladas na cabeça,


normalmente são expulsas do organismo através das
hemorragias. Nesses casos, quando o sangue sai pelo ânus,
têm-se as chamadas hemorróidas hemorrágicas.

Em outras circunstâncias, essas mesmas toxinas da cabeça podem


também acumular-se, após a dissolução, primeiro na barriga,
para depois serem eliminadas através da disenteria. É um
trabalho feito naturalmente pelas bactérias causadoras da
diarréia, com muita rapidez. Por isso, quem tiver qualquer tipo
de problema intestinal, se não usar medicamento algum,
obterá a cura espontaneamente, apenas recebendo
126
Johrei, cujo poder trará, como resultado, a eliminação das
impurezas.

A medicina, entretanto, por desconhecer essa verdade, impede a


saída natural das toxinas pelo emprego de diversos
tratamentos que, em vez de melhorar, agravam ainda mais a
doença e o estado geral do paciente. Se a medicina
entendesse, de fato, essa lógica, a humanidade receberia
enorme ajuda e muitos sofrimentos seriam eliminados.

Causa-me profunda pena o não-entendimento de uma questão


deveras simples!

3.4 - Capacidade de regeneração do organismo

Um dos pontos mais errados da medicina contemporânea é não


admitir que o ser humano já traz, ao nascer, uma capacidade
natural de regeneração das partes do seu corpo que
eventualmente tenham sofrido perdas parciais, ou algum
tipo de lesão, ou mesmo tenham sido atacadas por alguma
moléstia.

De um modo geral, os doentes ouvem, nas consultas médicas, ter


sido bom procurar, de imediato, o tratamento, pois um atraso
poderia causar danos maiores. Na verdade, tal colocação
quer dizer que, do ponto de vista médico, deixar qualquer
doença seguir o seu caminho natural pode piorar a situação.
Daí a razão de, com o máximo esforço, tentarem impedir, o
mais rápido possível, o avanço da moléstia por meio de
tratamentos medicamentosos.
127
Eu quero, porém, mostrar que, neste ponto, existe um grande
engano porque, como sempre falo, a doença é um processo
de eliminação das toxinas do corpo; por isso, se não houver
interferência na ação purificadora, o organismo se
recompõe naturalmente, trazendo, como resultado, a cura
da doença. Quer dizer, então, que febres, catarros, tosses,
mucos nasais, suores, diarréias, dores, coceiras, etc.,
decorrem da eliminação das toxinas e, portanto, são
necessários. Com um pouco de paciência, todas as
impurezas serão expulsas do corpo por meio desses
agentes purificadores que o deixam completamente limpo.

Atrasar o tratamento não significa nada, portanto. Como, porém, a


medicina desconhece a lógica da purificação, entende ao
contrário e tem muito medo de deixar que o ciclo da doença
se desenvolva naturalmente. Adverte, por isso, para a
necessidade de combatê-lo por meio de remédios. Daí serem
tentadas todas as formas de impedir a eliminação das toxinas
através de procedimentos que, em vez de extirpá-las, as
solidificam em várias partes do corpo. Como resultado, a
doença não acaba, continua.

3.5 - Poder natural de cura

Como já expliquei anteriormente, o corpo do ser humano provoca,


toda vez que se faz necessária, uma ação de limpeza, através
da qual muitas toxinas são eliminadas. A esse processo é que
eu chamo de poder curador natural do corpo. Já ao nascer,
todos trazem intrinsicamente essa capacidade para curar
128
as doenças. Então, a verdadeira medicina deveria respeitar
essa potencialidade especial, própria do organismo humano.
Contudo, agindo ao contrário, incentiva o desenvolvimento de
recursos para impedir a manifestação desse prodigioso
poder de autocura, de restabelecimento completo e natural
da saúde, que o corpo possui e, muitas vezes, não
consegue usá-lo.

Os fatos mostram, claramente, as profundas contradições dos


métodos terapêuticos. Basta observar, por exemplo, uma
gripe. Cura-se rapidamente (mais ou menos, em uma
semana), deixando-a percorrer o seu ciclo natural, sem que
seja impedida com o emprego de remédios. Caso contrário,
pode estender-se por até três ou quatro semanas, além de
haver a possibilidade do aparecimento dos efeitos colaterais
dos remédios usados e até de chegar a uma tuberculose.

Embora sejam raras as vezes, existem, contudo, algumas pessoas


possuidoras de muita vitalidade que conseguem, usando a
sua força curativa natural, vencer os obstáculos do
tratamento médico. Na maioria delas, entretanto, após o
uso de um medicamento, ocorre a solidificação instantânea
das toxinas que estavam tentando dissolver-se. Como
resultado, o doente pensa que foi recuperado, mas é uma
situação apenas aparente, pois a cura definitiva não se
concretizou.
Concluindo, creio ter esclarecido a questão. Como se pode ver, a
medicina moderna teve grande progresso e, por isso, vem
recebendo da humanidade inteira calorosos elogios, mas é
exatamente aí que se encontra o ponto de interrogação.
129
Por que não conseguiu ainda proporcionar o tão desejado
bem-estar ao ser humano?

Pelo Johrei, entretanto, muito mais do que através de qualquer


tratamento médico, as pessoas alcançam momentos de
extrema felicidade, tendo o seu próprio poder natural de cura
altamente fortalecido. Pode-se, então, dessa forma saber
que o Johrei, a Luz de Deus canalizada através das mãos, é
um método de cura muito mais avançado e
incontestavelmente lógico.

3.6 - Alimentos e manutenção da saúde

O Criador preparou alimentos especiais para serem ingeridos pelo


homem a fim de manter-lhe a vida. Foi por isso que, em
algumas espécies, colocou um sabor especial, como a
maneira de os homens poderem estabelecer a separação
entre produtos recomendáveis à manutenção da vida e
aqueles considerados prejudicais à saúde. Na verdade, tal
princípio significa que os seres humanos devem comer
com alegria, sentindo prazer e gostando do sabor oferecido
pelos alimentos. Só dessa forma pode ser provida a
carência nutritiva do organismo. Tal realidade mostra,
claramente, como Deus preparou a vida humana na Terra.

Pode-se também compreender, através de constatações


relativas à nutrição, que as pessoas hoje não se alimentam
para viver, pois poucas são capazes de distinguir o sabor
verdadeiro e próprio de cada alimento. Ingerem, por isso,
qualquer coisa apenas para saciar a fome.
130
Ao ser analisado, então, do ponto de vista da lógica divina, o
processo alimentar se torna extremamente misterioso.
3.7 - Eliminação de máculas

Todos os sofrimentos são purificações através das quais se


eliminam as nuvens do corpo espiritual.

Há, porém, uma diferença enorme entre a penitência e o ascetismo


praticados pelos religiosos existentes e os infortúnios que
batem à porta, sem que ninguém os busque. Aqueles são
procurados de uma forma consciente, isto é, a pessoa faz
questão de sofrer intensamente para elevar-se, enquanto da
purificação não há como fugir; além de ser uma maneira
muito melhor de aprimorar, extingue, mais facilmente, as
nuvens do corpo espiritual, possibilitando ao ser humano
enxergar claramente a realidade. Como conseqüência, abre o
satori 6 , o que significa, em síntese, saber distinguir o
verdadeiro do falso.

A Messiânica, que pertence à Era do Dia, ensina não haver


necessidade de penitência ou ascetismo para eliminar as
máculas e modificar o pensamento. Basta queimar, através do
Johrei, as toxinas e as nuvens espirituais acumuladas, que a
alma acaba sendo polida e o homem adquire tieshokaku
(sabedoria).

6
Palavra amplamente usada no Zen-budismo. Significa despertar para a
verdade, para a iluminação.
131
3.8 - Despertar para a vontade de Deus

Em sua essência, o ser humano nasceu com a missão de criar o


mundo ideal planejado por Deus.

Quando, então, alguém se esforça para cumprir o que a Vontade


Suprema determinou, fica livre de doenças e demais
sofrimentos para poder executar o seu trabalho com
alegria. Também por isso, ao contrair alguma moléstia, cura-
se imediatamente.

Embora todos os homens tenham nascido com toxinas


hereditárias e adquirido outras no decorrer da vida terrena —
o que lhes traz inúmeros transtornos — ao se dedicarem à
Obra Divina, são agraciados com purificações rápidas e se
tornam mais saudáveis. Acontece assim para que a
concretização do plano divino não seja interrompida.
Fiquem, pois, sempre despreocupados e realizem o seu
trabalho com firmeza.

Ignorando, contudo, a importância da purificação, muitos empregam


toxinas, denominadas remédios, para refrear as suas doenças.
Por isso, desviando-se totalmente da verdade, não se
curam e ainda acumulam mais impurezas no corpo.

Para se corrigirem tantos erros, é necessário ficar bem claro que o


organismo precisa estar constantemente sob a ação de uma
limpeza realizada através da doença, bem como por meio de
todos os demais infortúnios que se acometem sobre a vida
humana.
132
Partindo desse princípio, terão moléstias nos olhos, por exemplo,
aqueles que pecarem enganando os outros pela visão.
Sofrerá distúrbios auditivos quem proferir palavras que firam
os ouvidos do próximo; poderá também enfrentar doenças na
língua ou relacionadas à fala. Do mesmo modo, dores de
cabeça são sentidas por quem as causou aos outros.
Problemas nos braços atacam aqueles que os utilizam
apenas em proveito próprio. Da mesma forma, outras
doenças poderão surgir, de acordo com a Lei da Sintonia, que
determina o aparecimento de uma ação purificadora nas partes
do corpo onde se verificar o acúmulo de toxinas ou de máculas
espirituais.

3.9 - Sofrimentos intensos

Ainda pode ocorrer outro fato interessante ao qual é preciso ficar


atento: quando alguém ingressa numa religião e procura
viver o mais fervorosamente possível, muitas vezes os seus
sofrimentos se tornam maiores. É bastante comum, nesses
momentos, surgirem dúvidas, de modo especial no coração
daqueles que não têm muita fé. Em situações semelhantes, a
atitude correta é procurar adquirir muita sabedoria para
entender que, na realidade, Deus está querendo
recompensar rapidamente tamanho fervor e dedicação,
trazendo a essa pessoa inúmeras graças. Mas, tal como um
vaso que precisa estar limpo para receber as flores,
também o recipiente humano deve purificar-se para fazer jus
às bênçãos de Deus. Portanto, nessas circunstâncias, se o
religioso for capaz de suportar com paciência todo o
133
processo de purificação, receberá, no final, graças acima de
qualquer expectativa.

Foi exatamente o que aconteceu com a minha própria vida. Durante


vinte anos, afligi-me com dívidas imensas, por mais que me
esforçasse para resgatá-las. Eu já me havia resignado
quando finalmente, em 1941, consegui saldá-las e me senti
muito aliviado. No ano seguinte, para minha surpresa,
começaram a entrar enormes e inesperadas quantias de
dinheiro. Fiquei extremamente perplexo ante a insondável
vontade de Deus.

3.10 - Misericórdia de Deus

Toda ação purificadora tem dois lados: ao mesmo tempo em que


o Criador deseja salvar o maior número possível de
pessoas, tem de corrigir os erros e limpar as impurezas.
Essa atitude manifesta não só o grande amor do Pai
querendo a salvação de muitos, mas também a imensa
tristeza divina por ter de causar inúmeras vítimas em
conseqüência dessa profunda queima de máculas
acumuladas. Por esse motivo, eu afirmo que, a partir de
agora, a tristeza de Deus será ainda mais intensa, pois vai
haver um número enorme de sacrificados por causa da
grande purificação.

134
3.11 - Causa da infelicidade

Até hoje, examinei os remédios sob todos os ângulos, mas ainda


não falei minuciosamente sobre a relação entre eles e a
infelicidade humana. Vou fazê-lo agora.

É óbvio que a causa fundamental de todas as desgraças ou


benesses que envolvem as pessoas se encontra no Mundo
Espiritual. Por essa razão, o assunto precisa ser muito bem
compreendido por todos.

Desde tempos remotos, as religiões têm-se referido a pecados e


máculas, mas sempre de uma maneira muito superficial.
Há, porém, uma causa bem mais profunda, onde está a
origem de todo o problema: os remédios e as drogas. São
eles, na verdade, a essência das nuvens espirituais,
embora venham sendo usados há muito tempo e
considerados como algo maravilhoso.

Ao falar assim, sinto que vocês ficam bastante perplexos, mas


gostaria de que acreditassem plenamente nas minhas
palavras, pois são verdades que me foram reveladas por
Deus. Por isso, insisto em dizer-lhes que, ao colocar remédio
dentro do corpo, vocês estão envenenando o próprio sangue
e simultaneamente criando infelicidade para si mesmo.

3.12 - Hospital e religião

Ministro — A religião Tenrikyo ficou famosa por ter curado muitas


doenças.
135
Meishu Sama: Sim, expandiu-se através desse trabalho.

Ministro — Sendo assim, por que agora administra hospitais?

Meishu Sama— Ah! Isso por que não consegue mais resolver
completamente o problema das doenças, o que vem
acontecendo desde 15 de junho de 1931. Num dos últimos
dias, alguém da Tenrikyo comentava não estar mais havendo
curas, fato que eu acho muito estranho porque, na época em
que o fundador vivia, as doenças eram sanadas. Foi isso que
respondi a essa pessoa, na ocasião. E ela até concordou
comigo.

Na verdade, porém, a razão mais profunda reside no fato de, como


sempre falo, a Era da Noite ser regida pela energia da Lua.
Como a Tenrikyo tem a proteção do Deus Lunar, ensina que
as pessoas vão para Kanro Dai (pedestal de néctar). Foi por
isso que construíram uma coluna em cima do templo a que
deram o nome de Kanro Dai, no topo da qual colocaram uma
vasilha semelhante a um prato para recolher, durante as
noites iluminadas pela Lua, as gotículas de orvalho, depois
distribuídas, em pequenas porções, aos membros, que
poderiam tomá-las quando ficassem doentes. Na realidade, a
Tenrikyo ensinava que as gotas de água energizadas pela
luz da Lua tinham o poder de curar as doenças.
Naturalmente, só poderia ser mesmo assim, pois, pela ação
dos raios solares, com certeza, essa porção de água
secaria muito rápido. Além disso, o Sol, pouco a pouco,
está levantando e expandindo-se no Universo.
136
Conseqüentemente, a luz lunar vai perdendo a força e, por
isso, não consegue mais curar. Daí a razão de, nos dias
atuais, o ritual do Kanro Dai não ser mais realizado.

3.13 - O trabalho messiânico

A Messiânica, devido ao aumento de kasso (espírito do fogo), tem


realizado inúmeras curas, concretizando um trabalho de
salvação cujo poder reside na canalização do Johrei. Em outras
palavras, pelo fato de a luz solar ir gradativamente
aumentando, a resolução dos problemas de saúde tanto
física, quanto mental ocorre com mais facilidade. Ao mesmo
tempo, torna-se também muito evidente a todos nós a
transformação do Mundo da Noite para o Dia.
3.14 - Delinqüência juvenil

Ministro — A delinqüência juvenil tem cura?

Meishu Sama— Sim, pode ser curada. Esse problema, em parte, é


conseqüência das máculas dos pais. Tanto assim que o
sofrimento vivido por eles, em forma de constantes
preocupações, devido ao comportamento inadequado dos
filhos, constitui uma ação purificadora que vai queimar-lhes as
impurezas acumuladas. Se, entretanto, os pais, em vez de
tentar corrigi-los, chamando-lhes a atenção ou reclamando
deles, se propuserem a fortalecer a fé e acumular virtudes
pela prática do bem e ajuda ao próximo, serão capazes de
diminuir consideravelmente as causas dos infortúnios
advindos dos atos irrefletidos de seus pupilos.

137
Outro ponto a ser levado em conta é que, de um modo geral, os
delinqüentes têm a parte frontal da cabeça febril. Então,
devido a essa situação, o seu raciocínio para discernir entre
Bem e Mal, certo e errado não funciona. À vista disso, não
conseguem dominar, na parte posterior, os impulsos ou
sentimentos inferiores que afloram. Torna-se, por conseguinte,
imprescindível ministrar Johrei na fronte para eliminar o
estado febril. Uma vez que essa região se mantenha fria, a
delinqüência é curada.

A propósito, estou escrevendo agora um Ensinamento no qual vou


mostrar que a causa das guerras e conflitos reside na
sensação de desconforto ou na indisposição geral vivida
pela maioria das pessoas.

Notem que o ser humano não consegue brigar quando se encontra


sentimentalmente bem e vivendo de maneira agradável. Já
uma fronte febril gera irritação, raiva, intranqüilidade,
impedindo a manifestação da força do raciocínio
equilibrado, o único capaz de criar condições para o
surgimento de um ambiente de paz.
A testa febril é também a causadora do surgimento desregrado de
apetites carnais e mundanos, os quais, em conseqüência
da liberdade de soonen, Deus permite que aflorem.
Entretanto, se forem postos em ação de maneira abusiva,
geram máculas. Então, quem mantiver fria a parte frontal da
cabeça conseguirá controlar perfeitamente esses desejos,
antes de colocá-los em prática. Não correrá, portanto, perigo
algum. São, contudo, muito poucos os que possuem essa
virtude.
138
A partir de tais evidências, pode-se concluir que, se toda a
humanidade conseguisse manter a parte frontal da cabeça
sem febre, desapareceriam as guerras e haveria paz.
Inclusive pequenas discórdias, desentendimentos
passageiros, briguinhas não ocorreriam. Além disso,
ninguém se deixaria enganar pelas incitações demagógicas
de ditadores de idéias ou de conceitos preestabelecidos.

3.15 - Corrupção e criminalidade

Os crimes de corrupção têm sua origem nos medicamentos


ingeridos. Estes geram toxinas no organismo as quais
anuviam o espírito. Então, tirando-se as drogas, o problema
seria automaticamente resolvido.

Não é, porém, nada fácil eliminar do mundo um erro tão sério quanto o
da corrupção que, em última instância, é também incentivado
por espíritos animais que, não conseguindo trabalhar, se
encostam nas pessoas cujo corpo possui muitas toxinas. Se,
contudo, não existissem os remédios, seria impossível ocorrer
essa espécie de aproximação. Caso acontecesse, o espírito
encostado teria impreterivelmente de arrepender-se dos erros
e pecados; por isso, nem tenta se aproximar de alguém
puro, isto é, sem máculas, sem impurezas.

Não tenho, pois, dúvidas em afirmar que a origem da


criminalidade se encontra nas toxinas dos remédios.
É notório também que, a cada dia, as maldades aumentam quase
na mesma proporção em que os jornais noticiam a
139
descoberta de novas drogas. Embora o efeito delas seja de
apenas vinte ou trinta por cento, a propaganda exagerada
para vendê-las faz com que as pessoas tomem grandes
quantidades de remédios, pensando tratar-se de algo bom,
quer dizer, necessário à manutenção da vida.

Atualmente, a indústria farmacêutica tem muito medo da


Messiânica. Na verdade, são os homens maus que a
temem; por isso, os bons, os fortes devem lutar bastante
para esclarecer a humanidade quanto ao perigo advindo do
uso de remédios.

140
CAPÍTULO V – MUNDO INVISÍVEL

1 - Plano espiritual

1.1 - Organização do plano espiritual

Quero mostrar-lhes como está organizado o Plano Espiritual. É, de


fato, uma realidade composta de três camadas, totalizando
cento e oitenta graus que, por sua vez, estão divididos em
três níveis, a saber: superior, médio e inferior. Cada um
desses níveis possui também sessenta graus, sendo que a
camada mais inferior corresponde ao mundo infernal; a
média, ao purgatório e a superior, ao Reino do Céu.

Ainda, dentro dessas sessenta categorias, existem três divisões,


cada uma de vinte graus, que correspondem também a
níveis inferior, médio e superior. Por fim, cada um dos vinte
graus apresenta mais três divisões semelhantes às
anteriores.

Daí a razão de o sofrimento, no Mundo Espiritual, aumentar à medida


que o nível vai descendo. Então, o mais baixo plano do mundo
infernal se caracteriza pela existência de inúmeras doenças,
muita pobreza e incontáveis conflitos. Tanto assim que o
Xintoísmo se refere a esse nível como sendo o nesoko no kuni,
quer dizer, lugar extremamente fundo. O Budismo, referindo-
se ao mesmo plano, o denomina mundo sem luz, onde impera
um frio intenso.

141
Por outro lado, à medida que se vai subindo para os outros níveis,
percebe-se um grande alívio, até que, ao chegar à camada
correspondente ao purgatório, começa um estado de
vivência equivalente à sociedade humana, com alegrias e
sofrimentos intercalados que corresponde a um estágio
médio.

Após ultrapassar o purgatório, chega-se ao Reino do Céu, plano


que segundo o Budismo é o gokuraku joodo, quer dizer, lugar
purificado, repleto de Luz, onde reina plena felicidade,
abundância e amor puro.

Observando-se atentamente essa realidade, ou seja, a organização


do Mundo Espiritual, dá para perceber que a maioria das
pessoas ocupa o purgatório. Nesse lugar, ninguém
consegue viver com tranqüilidade total. Além disso, é uma
posição em que o espírito está sempre subindo ou descendo
de nível, de acordo com os pensamentos emitidos, sentimentos
expressos ou ações realizadas por cada uma das
pessoas. Na verdade, a grande maioria desce. Tal fato
pode ser observado através do tipo de vida mostrado pela
humanidade.

Com o que acabei de expor, sintetizei a relação entre os Mundos


Material e Espiritual.

1.2 - Camadas do Reino Espiritual

O Reino Espiritual se divide em três camadas: céu, purgatório e


inferno. Cada um desses níveis, por sua vez, se
142
subdivide em sessenta graus, perfazendo um total de cento e
oitenta camadas, às quais chamei de Reino Espiritual. Essas
etapas distintas estão estritamente relacionadas ao destino
do ser humano.

Para ficar ainda mais clara a idéia do que seja o Mundo Espiritual, é
preciso que o homem compreenda, em primeiro lugar, que
veio à Terra por ordem de Deus. Só assim poderá agir
corretamente e alcançar a tranqüilidade sem correr o risco de
levar uma existência vazia.

Além disso, cada um deve também ter em mente que o desígnio


de Deus é a construção do Reino do Céu na Terra, ou seja,
o estabelecimento de um mundo ideal, livre de infortúnios, cuja
magnificência e glória jamais poderão ser imaginadas. Foi
exatamente para a realização desse objetivo que Deus
concedeu a cada um de nós uma missão específica.

1.3 - Relação do homem com o Mundo Espiritual

A fim de que todos compreendam claramente o papel que devem


desempenhar dentro do plano de Deus, é preciso saber que
cada ser humano tem a sua semente (à qual dei o nome de
yukon) numa das camadas do Mundo Espiritual. E, para a
concretização dos desígnios divinos, a alma humana recebe
continuamente, através do yukon, as determinações de Deus.
Como, porém, a maioria das pessoas tem o corpo espiritual
coberto por máculas, torna-se bastante difícil para elas intuir
a vontade divina. Somente aqueles que conseguem purificar-

143
se, queimando as nuvens espirituais pelo Johrei, são capazes
de perceber o que Deus lhes ordena.

Então, para a maioria dos homens, é muito difícil o desempenho


correto da própria missão. Além disso, existe ainda a influência
das entidades negativas, chamadas jashin, que se aproveitam
das máculas acumuladas para perturbar os seres humanos. A
fim de comprovar esse fato, basta ser lembrado o malogro de
muitos dos nossos planos. Há casos em que,
repentinamente, o destino vira, tomando rumos ignorados.
Nesse momento, o homem sente que algo, contra o qual
quase nada pode fazer, o domina, conduzindo-o a caminhos
estranhos.

1.4 - Elevação do yukon

É importante cada um estar constantemente purificando-se de


suas máculas para que o yukon permaneça numa camada
bem alta do Reino Espiritual. Dessa forma, o destino e a
missão do homem tornar-se-ão também grandiosos, pois
quanto mais alto for o grau a que ascendeu o yukon, maior
será a felicidade alcançada. Portanto, dependendo do nível
do yukon no Reino Espiritual, o homem poderá viver no
Céu, que é o mundo da alegria, onde não existem doenças
nem conflitos, ou simplesmente permanecer num plano
inferior correspondente a um estado de sofrimentos,
discórdias, pobreza. Tal situação poderá ocorrer num grau
de intensidade cada vez maior, quanto mais baixa for a
camada em que se encontra o seu yukon.

144
Para que o homem, então, se torne verdadeiramente feliz, é preciso,
em primeiro lugar, colocar o yukon num nível bem elevado. E o
único meio de conseguir esse ideal é através da eliminação
das máculas que, uma vez extintas, deixam a alma leve para
atingir as alturas.

O processo da purificação pelo qual são eliminadas as impurezas,


tornando-se assim possível a elevação do yukon, é,
entretanto, longo e exige muito sacrifício e também prática
de virtudes. Há, porém, um meio pelo qual se pode
ultrapassar, de uma só vez e com muita tranqüilidade,
dezenas de degraus nas camadas do Mundo Espiritual: a
canalização constante do Johrei.

Na verdade, equivale a dizer que, quem se inicia na Messiânica, tem


condições de modificar completamente a sua maneira de
encarar a vida. Além disso, adquire maior sabedoria e,
conseqüentemente, mais capacidade para apreender a
verdadeira essência das várias situações existenciais.

Também, sob o efeito da Luz de Deus, o homem torna-se otimista e


alcança a tão desejada paz. Inclusive materialmente,
prospera de modo misterioso. Não é, pois, de estranhar que
todos os dias pessoas afortunadas elevem suas vozes,
rendendo graças a Deus por terem sido salvas.

1.5 - Enigma do Mundo Espiritual

O Mundo Espiritual é realmente uma existência sutil e enigmática. É


quase impossível, por isso, compreendê-lo somente através
145
do bom senso do homem contemporâneo, pois há inúmeros
recursos através dos quais a mente humana o influencia.
Como é um mundo totalmente composto de soonen (energia
projetada pela união do pensamento, emoção e
vontade), muitas formas lá existentes surgem do nada e da
mesma maneira desaparecem. Tais transformações não têm
limites. Esse fato explica também o porquê de, ao ser criada
uma imagem, uma estátua, tanto através da pintura quanto
da escultura, dependendo da elevação espiritual do artista,
fazer diferença o nível da divindade que vai incorporá-las.

Quer dizer, tudo depende da alma do autor. Quando elevada, o


espírito divino que envolve a obra por ele criada é nobre e
virtuoso. Por outro lado, se o artista se encontrar num nível
inferior, o grau de elevação do espírito incorporado é muito
baixo, parecendo um substituto, uma subdivisão. Portanto,
imagens idênticas podem apresentar graus diferentes de
força espiritual, uma vez que tudo está relacionado ao
aprimoramento do artista que a confecciona.

Um outro ponto importante diz respeito à .postura de quem está


rezando. Assim, quando a oração é feita com bastante
makoto diante de uma imagem, o espírito divino manifesta
poder e irradia luz intensa. Ao contrário, se for uma prece
formal, sem sentimento e respeito, a força divina diminui.
Também é verdade que, quanto maior número de pessoas
rezarem imbuídas pela mesma gratidão e sinceridade, mais
intensa será a irradiação da Luz de Deus.

146
Desde antigamente, se ouve a máxima segundo a qual o que
importa é a fé. Assim, a pessoa acredita que a força divina
se manifesta, mesmo sendo a oração dirigida a uma cabeça
de sardinha. Em outras palavras, significa que, embora o
autor da prece não tenha nenhuma qualificação espiritual, se
criar uma imagem e dela fizer momentaneamente uma
propaganda bem elaborada e muitos devotos começarem a
dirigir-lhe preces, cria-se, através do soonen, uma forma
de divindade no Mundo Espiritual. A partir daí, essa
imagem começa a manifestar uma força relativa,
concedendo inclusive muitas graças. Tal fato, entretanto,
resulta exclusivamente de idéias projetadas pelo soonen
humano. Daí a razão de se poder afirmar que o Mundo
Espiritual é um enigma. É certo, porém, que essas projeções
duram pouco tempo, pois não são verdadeiras; apenas
ilusórias, como uma onda que surge e logo desaparece.

1.6 - Espírito Protetor

Todos nós temos um Espírito Protetor, selecionado entre os


ancestrais, com certo nível de elevação espiritual, que emite
um sinal de alerta, quando nos encontramos na iminência de
um perigo. Um exemplo pode elucidar melhor esse ponto. Se,
por acaso alguém, por um imprevisto qualquer, perde um
trem, com o qual tenha ocorrido um acidente, com muitas
mortes e feridos, esse fato nada mais é do que a intervenção
do Protetor para salvar a vida de quem se encontra sob seus
cuidados.

147
Conhecendo, portanto, antecipadamente a nossa sorte, os
espíritos guardiães procuram advertir-nos de todas as
maneiras.

1.7 - Espíritos demoníacos

Agora vou falar sobre os espíritos demoníacos que também


existem em grande quantidade. São, na verdade, os
malfeitores que, devido ao seu apetite infernal, criam
percalços e sofrimentos, gerando infelicidades para os
demais seres.

Obviamente, tudo resulta das idéias materialistas emanadas


pelos incrédulos, ou seja, por aqueles que não aceitam a
existência das realidades invisíveis. Tal ambiente, quando
observado do ponto exclusivamente espiritual, apresenta-se
assombroso, medonho.

Ao fazer o outro sofrer, o malfeitor torna-se odiado pela vítima que,


de alguma forma, tentará vingar-se. Então o agressor é
atingido através do fio espiritual, formando a redor dele uma
imagem horrível. Se os perversos a pudessem enxergar,
render-se-iam imediatamente. O que ocorre, entretanto, é o
contrário: dia a dia aumenta o número de vítimas, chegando,
às vezes, a milhares. Daí, todas elas juntas criarem, através do
soonen, um monstro tão pavoroso que cerca os malfeitores e
tenta destruí-los. Assim acontece mesmo com heróis e homens
ambiciosos. No final, não encontram outro destino a não ser a
destruição completa. É por isso que grandes
personalidades, historicamente famosas, seguem esse
148
destino. Por outro lado, tragédias que acontecem com
políticos inescrupulosos, decadência de grandes fortunas,
fim trágico de homens que fizeram muitas mulheres sofrer, ou
de mal-intencionados agiotas, têm a sua origem no mesmo
drama, ou seja, são vítimas do espírito vingativo daqueles a
quem prejudicaram.

Já quem pratica virtudes recebe pensamentos de gratidão que se


transformam num halo de luz que as envolve. Como
resultado, nenhum jashin consegue aproximar-se e a
pessoa torna-se infinitamente feliz. Por exemplo, a aura que
vemos acompanhando imagens representativas de espíritos
divinos resulta exatamente do sentimento de gratidão das
pessoas beneficiadas com alguma graça especial.

Por todas essas constatações, dá para concluir quão forte é o


soonen do ser humano, bem como quanta perniciosidade
advém da ação dos espíritos demoníacos.

1.8 - Crianças superdotadas

Uma notícia recente de jornal fazia referência à uma criança com seis
anos que desenhava maravilhosamente. Quero também tecer
alguns comentários sobre o porquê do nascimento de
superdotados.

Desde tempos remotos, gênios assim sempre apareceram. Mesmo no


Ocidente, sabe-se da existência de grandes músicos que, já aos
seis anos, tocavam de maneira excepcional e, a partir dos dez,
criaram obras extraordinárias. É o caso, por exemplo, de
149
Schubert que, dos dez aos trinta e um anos, compôs mais de
quinhentas músicas. Foi realmente um gênio na sua arte.

1.9 - Causas da existência de superdotados

O nascimento de superdotados está ligado a causas especiais


sobre as quais vou falar agora. Obviamente, todas elas
situam-se no Plano Espiritual. Daí ser difícil uma explicação
através da ciência materialista.

De acordo com as minhas idéias e observações, existem duas


causas fundamentais que determinam o aparecimento de
pessoas com dotes incomuns: a reencarnação, ou o encosto
do espírito de um grande gênio que já tenha vivido na Terra
em outras épocas.

Assim é que, muitas vezes, um grande músico, por exemplo,


mesmo vivendo hoje no Mundo Espiritual, não consegue
esquecer a sua especialidade, a que tanto se dedicava e de
que muito gostava. Em razão desse forte apego, reencarna
prematuramente.

A outra causa reside na ansiedade que impede esses espíritos de


gênio de esperar até a próxima vinda ao plano terreno. Por
essa razão, procuram, dentro da linhagem de sua família,
algum descendente no qual possam encostar. Como, na
maioria das vezes, trata-se de uma criança, após a terem
encontrado, ficam aguardando até que ela tenha maior
coordenação motora, o que acontece aproximadamente
aos seis anos. Nesse momento então ocorre o encosto.
150
A partir daí, por tratar-se da aproximação de espíritos de
extraordinária potencialidade, a criança superdotada, é óbvio,
vai manifestar surpreendente técnica e aptidão genial.
De outra parte, só pode ocorrer o encosto se o espírito tiver certo grau
de afinidade com a pessoa da qual se aproxima. Também é
sempre mais fácil encostar-se numa criança do que num
adulto.

Nenhum mistério representa, portanto, o aparecimento de


superdotados. São apenas seres livremente manipulados,
conforme o desejo do espírito do gênio que deles se
aproximou. Não haveria outra justificativa para crianças de
seis ou sete anos adquirirem técnicas que só um adulto
teria condições de desenvolvê-las.

Por outro lado, nem sempre essas pessoas conseguem alcançar


grande sucesso. De um modo geral, a sua genialidade vai
até certo período de tempo. Depois voltam a ser criaturas
comuns. É por isso que, nestes casos, não se trata de
reencarnação, mas apenas de um encosto permitido até certo
momento da vida, tendo em vista a missão recebida de Deus,
ou também por alguma deferência especial dos
antepassados.

1.10 - Os três grandes planos


0 Deus Supremo

151
60º Superior

60º
Médio

60º Inferior

Para maior compreensão, explicarei mais detalhadamente esse


ponto. Primeiramente, é preciso saber que o destino de cada
pessoa tem suas raízes no Mundo Espiritual, de onde
recebe influência de acordo com o nível em que se encontra
o seu espírito.

Entretanto o corpo inferior vive de elementos terrenos.


Esclarecendo melhor: tanto o Mundo Material como o Espiritual
apresentam-se em diferentes graus, dividindo-se em três
grandes planos: superior, médio e inferior. Cada um desses
três níveis se subdivide em sessenta subplanos, formando um
total de cento e oitenta graus, mais um. Um é o Supremo
Deus.
152
Todos os demais espíritos, divinos ou humanos, pertencem a um
dos cento e oitenta subplanos restantes. Essa é a
classificação vertical.

No sentido horizontal, cada subplano forma uma faixa que constitui


um mundo à parte. Essas camadas superpostas estendem-
se desde o inferno até o céu. Suponhamos que o espírito
de um homem viva num dos vinte subplanos do grau
inferior. Significa que está no ponto mais baixo do plano
inferior, lugar repleto de sofrimento abismal. Quando tal
estado se reflete no mundo físico, o homem enfrenta as piores
desgraças. Nos vinte graus imediatamente superiores, os
infortúnios já são menores. E, quando o espírito sobe
outros vinte graus, seu estado melhora acentuadamente.
Assim, a proporção de alegrias e sofrimentos difere de nível
para nível.

Ultrapassados os sessenta subplanos inferiores, o espírito atinge o


grau médio. Este ponto equivale ao purgatório e corresponde
ao mundo terreno.

Mas, quando o espírito sobe aos sessenta graus superiores,


ingressa no mundo celestial, o Reino dos Céus, e passa a
integrar a categoria dos anjos, que vivem num estado de
júbilo perene.
Conseqüentemente, o destino de cada pessoa corresponderá ao
nível em que se encontra o seu espírito. Por isso, o homem
deve esforçar-se para se elevar ainda que seja um único
grau. Quanto mais se aprimorar, menores serão os seus
153
infortúnios e ele passará a viver numa situação de muita
felicidade.

2 - Fios espirituais

2.1 - Em que consistem?

Não se emprega muito, ainda hoje, a expressão "fios espirituais"


porque sua importância é pouco conhecida. Na verdade,
são filetes energéticos invisíveis e mais rarefeitos que o ar,
os quais unem o homem à sua origem divina e às demais
pessoas com quem está relacionado. Não se pode,
portanto, desprezar a sua influência em todos os aspectos
da existência, pois deles depende a felicidade ou infelicidade
dos seres humanos e também, até certo ponto, o destino da
História.

Quero salientar ainda que o fio espiritual será, num futuro próximo,
objeto de estudos científicos e religiosos, tendo em vista não
só a relação existente entre eles, como também a teoria da
relatividade, os raios cósmicos e todas as questões
concernentes ao indivíduo em particular e à sociedade em
geral. Por isso é preciso conhecer profundamente o seu
significado.

2.2 - Ligações por fios espirituais

As mais diversas relações se estabelecem entre os seres através


dos seus respectivos fios espirituais. Tomemos, como
exemplo, o leitor. É incontável o número de ligações
154
que mantém com outras pessoas. São fios grossos, finos,
longos e curtos; uns conectados ao bem, outros ao mal.
Todos eles exercem constantemente certa influência sobre
aqueles com quem estão relacionados. Por esse motivo,
não será exagero dizer que a existência humana é
mantida por meio de energias vitais e vibrações recebidas
através dos fios espirituais.

2.3 - Variações de espessura

Um ponto importante: existe variação constante de espessura


entre os fios espirituais. O mais grosso une o casal. Em
escala descendente, segue-se o que liga pais e filhos, irmãos
e irmãs e depois outros cada vez mais finos estabelecendo
ligações entre tios e sobrinhos, primos, amigos e
conhecidos.

2.4 - Luminosidade

Mais um aspecto notável é a mutação da luminosidade que se


observa nos fios espirituais, de acordo com a maneira de
agir dos indivíduos. Assim, quando reina harmonia e união
entre um casal, por exemplo, o fio é grosso e brilhante. Se,
contudo, ocorrem brigas e discórdias, torna-se fino e perde a
luminescência. O mesmo conceito sobre a luz emanada
pelos fios espirituais se aplica aos demais
comportamentos humanos.

2.5 - Importância dos fios espirituais

155
Ao se iniciarem relações de amizade ou quaisquer outros
relacionamentos, novos fios são formados. No caso das
ligações amorosas, em especial, tornam-se tão grossos que,
por meio deles, se entrelaça fortemente o pensamento dos
dois enamorados, produzindo uma sensação de prazerosa
delicadeza e, ao mesmo tempo, um sentimento de nostalgia.
Desse modo, o fio espiritual entre os que se amam fica
fortalecido a tal ponto de não poderem mais viver distantes
um do outro. Nessas circunstâncias, torna-se inútil qualquer
tentativa ou conselho para separá-los. Ao contrário, tende a
exacerbar a paixão e a uni-los ainda mais.

Por que ocorre esse tipo de reação?

Exatamente pelo fato de o amor ser como a eletricidade, que é


gerada pelo contato de dois pólos: um positivo, outro
negativo. Aqui o papel do condutor elétrico é
desempenhado pelo fio espiritual. Foi por isso que, há algum
tempo, pude salvar duas jovens estudantes, a um passo do
suicídio, por causa de uma relação homossexual. Fiz,
apenas, neutralizar espiritualmente a eletricidade positiva
de uma delas com ótimos resultados. No espaço
aproximado de uma semana, a paixão entre elas esfriou e
ambas voltaram à normalidade. Restabeleceram-se
completamente porque foi desfeito o elo que as unia.

2.6 - Influência exercida pelos fios espirituais

Embora seja possível cortar relações com pessoas estranhas, não se


pode fazer o mesmo com os fios espirituais que ligam
156
parentes consanguíneos, especialmente pais e filhos. Como
há estreita reciprocidade de pensamento entre ambos, um filho
só poderá ser bom se antes os pais se preocuparem
devidamente com o aprimoramento da própria conduta. De
nada adiantará reprovar a atitude dos filhos se não houver,
em contrapartida, um comportamento digno dos
progenitores. Para muitos até parece estranho que jovens
transviados provenham de pais maravilhosos. De fato, essa
não é a verdade. Embora revelem-se pessoas
aparentemente bondosas, são no fundo calculistas e têm, no
corpo espiritual, muitas nuvens acumuladas que se refletem
nos descendentes. Há ainda casos em que, na mesma
família, um dos filhos é bom e o outro, problemático. Também
aqui, a causa dessa diferença está diretamente relacionada
com a vida anterior e com as máculas dos pais, numa
interligação mantida por meio dos fios espirituais.

Temos, portanto, elos que nos unem não só aos parentes vivos, mas
também àqueles que já morreram. Mantemos ainda ligações
com as entidades boas, que nos aconselham a prática da
virtude, e com as demoníacas, cuja influência nos induz ao
erro. Assim, somos continuamente manipulados pelo Bem e
pelo Mal.
Também os governantes, as personalidades públicas, os
empresários, os representantes do povo em geral, estabelecem
fios espirituais com as pessoas a eles relacionadas; por isso,
exercem grande influência sobre quem se encontra sob o seu
comando. Se, então, apresentarem muitas impurezas na
alma, estas indubitavelmente se refletirão na maioria das
pessoas que a eles estiverem ligadas. Dessa forma, só
157
poderão exercer sobre os seus subordinados uma influência
perniciosa. Portanto, somente quem tiver um caráter elevado
e grande sabedoria poderá ser um verdadeiro chefe de
governo, um líder, ou um autêntico representante do povo. Eis
a razão pela qual o dirigente é o responsável pela
corrupção, o declínio moral e o aumento da criminalidade do
país que governa, ou da empresa que preside.

Por outro lado, os educadores devem, também, saber que, através


dos fios espirituais, exercem grande influência sobre todos os
seus discípulos. Precisam, pois, estar polindo continuamente a
alma para servirem de exemplo.

Da mesma forma, os fundadores de ordens religiosas, presidentes


de associações espiritualistas, sacerdotes e ministros, às
vezes reverenciados quase como deuses, têm a obrigação
de manter-se bem conscientes da intensa influência que
exercem sobre a alma dos seus adeptos. Caso se
aproveitem da posição para atividades pouco
recomendáveis, é certo que seus atos vão se refletir no
comportamento de todos os membros, podendo inclusive
desintegrar totalmente a instituição.

2.7 - Diferenças entre fios espirituais

Um ponto a ser considerado é a diferença entre os fios espirituais


de uma pessoa para outra. Tal fato está ligado à função
exercida por cada ser humano na sociedade. Assim, quem
os tem em maior quantidade é o chefe da família, ligando-
o aos demais membros e também aos empregados e
158
conhecidos. Da mesma forma, numa empresa, por exemplo,
o presidente é quem possui o maior número deles, através
dos quais se relaciona com todos os outros funcionários. O
mesmo se pode dizer das personalidades públicas, como
chefes de Estado, ministros, governadores, prefeitos,
senadores e deputados, os quais têm ligações com o povo
que governam, ou ao qual representam.

Quanto mais alta for a posição ocupada por alguém, maior o


número de fios espirituais existentes. Por isso, os dirigentes
devem ter um caráter nobre para poderem exercer
condignamente a sua função na sociedade.

2.8 - Fios espirituais divinos

Não é somente o homem que tem fios espirituais. Deus e as


divindades também se relacionam por meio deles. Há, porém,
entre os fios espirituais humanos e divinos uma diferença
que reside na intensidade da Luz. O mesmo acontece
entre os homens de maior ou menor grau de elevação
espiritual. Os mais aprimorados irradiam uma tênue
luminosidade, enquanto nos comuns, o fio espiritual
assemelha-se a uma linha branco-acinzentada que vai
escurecendo quanto mais perversa for a pessoa. Convém, por
isso, escolher cuidadosamente amigos e companheiros, uma
vez que o contato com o bem torna o homem bom; o
relacionamento com o mal conduz ao erro.

Deve-se também considerar o seguinte: existem divindades elevadas


cujos fios espirituais purificam a alma daqueles que as
159
cultuam. Por outro lado, há espíritos malignos que
transmitem radiações negativas, induzindo o homem ao mal
e à infelicidade. Por isso, ao acatar uma fé, é muito
importante o discernimento entre entidades divinas e
demoníacas.

É preciso ainda saber que, mesmo entre as divindades de alto nível,


há categorias diferenciadas de acordo com a luminosidade
do fio espiritual. Quanto mais elevadas forem, maiores serão
os milagres operados por elas, devido à forte irradiação da
Luz que possuem.

2.9 - Fios espirituais e objetos

O homem relaciona-se também com a casa onde mora e com os


bens que possui ou utiliza sempre. Quanto mais gostar das
roupas, jóias ou objetos de uso pessoal, mais grosso se
torna o fio que o liga a eles. Para esclarecer melhor esse
ponto, vou citar um artigo, publicado numa revista norte-
americana de assuntos espiritualistas, sobre uma mulher
que possuía a estranha faculdade de ver e descrever, através
de um objeto, a fisionomia, a idade, as ações recentes e outros
atributos do seu dono. Segundo consta, ela podia ver, ao
concentrar-se, estampado no objeto o retrato e as
características do proprietário.

Pode-se concluir, então, o quanto é misteriosa a atividade e a


interferência do fio espiritual no relacionamento do homem com
os seres que o cercam.

160
2.10 - Ligações cármicas

Ministro — Ao renascerem, as pessoas sempre são


encaminhadas para famílias e lugares com os quais têm
ligações cármicas?

Meishu Sama— Sim.

Ministro — Existe alguma exceção?

Meishu Sama— Não. Os contatos só acontecem quando há


relações cármicas. É uma realidade tão séria que até
mesmo quando alguém, andando na rua, for tocado,
embora de leve, por outra pessoa, significa a existência de
alguma afinidade cármica entre ambas. Caso contrário, jamais
ocorreria tal incidente.
Os relacionamentos revelam, portanto, verdades profundas às
quais todos os seres humanos deveriam ficar atentos.
Assim, caso alguém tenha ajudado os outros, mesmo que
há dezenas de gerações anteriores, todos os beneficiados
vão retribuir de qualquer maneira diretamente ao benfeitor,
ou aos seus filhos, ou a seus descendentes.

Existem, inclusive situações em que o beneficente se encontra no


mundo infernal e vai demorar para sair de lá. Mesmo que
passe um longo tempo, um dia, impreterivelmente, vai
receber a retribuição.

Também as orações de sufrágio de familiares ou amigos, dirigidas a


algum falecido que já reencarnou neste mundo, a ele
161
retornam por meio do registro de sua passagem em
determinado nível do Plano Espiritual. Aqui está a razão de
algumas pessoas, repentinamente, serem agraciadas por
acontecimentos maravilhosos cuja causa elas mesmas não
são capazes de explicar. Na verdade, alguém, em algum
lugar, está fazendo orações de sufrágio procurando
retribuir a ajuda recebida. Então, esse preito de gratidão
vai para o Mundo Espiritual e volta à Terra, ao encontro de
quem deve recebê-lo. Acertar na loteria, por exemplo, não
é acaso; existe uma razão mais específica para esse
acontecimento. Já não ocorre o mesmo no caso de outros
jogos, tais como corridas de bicicleta ou de cavalos. Aqui é
diferente: trata-se de um antepassado que decidiu destruir
toda fortuna da família. Para isso, escolhe um dos
descendentes que gosta de jogar e o leva às apostas. Como
acerta no começo, enche-se de entusiasmo, mas depois
perde tudo. Com isso, o antepassado fica tranqüilo, porque
conseguiu eliminar todas as máculas através do
desmoronamento da fortuna familiar, permitindo que, a
partir desse ponto, venha a prosperidade a seus
descendentes.

Há, portanto, um significado bastante profundo em todos os


acontecimentos que envolvem a vida de cada um dos seres
humanos. Então, assuntos relacionados a negócios, à pátria,
à família, a lugar onde mora, a amigos, às pessoas que
aparecem por acaso, aos objetos oferecidos por alguém, tudo
tem uma ligação cármica com quem deles depende ou
participa. Até mesmo os episódios mais insignificantes
devem ser levados em consideração.
162
3 - Vibração espiritual e aura

3.1 - O que é aura?

O corpo espiritual do homem tem uma forma idêntica à do seu


corpo físico. A única diferença é que incessantemente
irradia uma vibração luminosa que, no Ocidente, recebe o
nome de aura. É, na verdade, um halo de Luz quase
imperceptível para as pessoas comuns, embora haja quem
a enxergue com relativa facilidade. Qualquer um,
entretanto, com um pouco de concentração e prática, pode
percebê-la.

3.2 - Cor

Geralmente a aura tem cor branca, embora, em algumas


pessoas, apresente-se em outras tonalidades, como
amarelo-claro, roxo-claro, azul, vermelho, etc.

3.3 - Espessura

A aura possui também uma espessura aproximada de três


centímetros, podendo, contudo, variar para mais ou para
menos. É, por exemplo, comum ouvir-se dizer que a sombra
de certas pessoas é fraca. Tal observação está relacionada à
pequenez de sua aura. No caso dos doentes, é sempre fina e
vai diminuindo à medida que a enfermidade se agrava, até
desaparecer completamente na hora da morte. As pessoas
saudáveis, ao contrário, possuem aura mais ampla. Nas
163
virtuosas, além de ser maior, a vibração luminosa é mais forte.
A dos heróis, dos eruditos é bem extensa e a dos santos
adquire grande amplitude.
3.3.1 - Modificações de espessura

A espessura da aura não é definitiva; modifica-se continuamente


conforme os pensamentos emitidos ou atos praticados.
Assim, naqueles que agem de acordo com a justiça, ela é
mais espessa, sendo, porém, fina a de quem pratica
maldades.

É ainda importante saber que a amplitude da aura está relacionada


ao destino de cada um. Quanto maior for, mais feliz será a
pessoa, além de, constantemente, estar emitindo muito calor
humano e, ao mesmo tempo, proporcionando não só uma
agradável sensação de bem-estar àqueles com quem entra
em contato, mas também atraindo muitos outros para o seu
convívio. Da mesma forma, pessoas de aura fina emitem, ao
redor de si, um estado de tristeza, insatisfação, frieza,
fazendo com que todos percam a vontade de permanecer
por muito tempo num ambiente tão estranho. Daí que
esforçar-se para adquirir uma aura de grande amplitude
constitui a base da felicidade.

3.4 - Essência da aura

Em primeiro lugar, é preciso esclarecer que a essência da aura


está diretamente ligada à prática do Bem e do Mal. Assim,
pensamentos e atos de amor e justiça, bondade, ou
qualquer outro ato de nobreza estão proporcionalmente
164
relacionados à espessura da aura. A prática de boas ações,
além de sempre gerar satisfação na consciência, converte-se
em Luz que se soma à já existente no corpo espiritual. Por
outro lado, externamente, tudo que é feito pela felicidade do
outro também se transforma em Luz, por meio do
sentimento de gratidão de quem foi beneficiado pela ajuda
recebida. Ao mesmo tempo, aquele que praticou o bem será,
mais uma vez, agraciado pelo aumento da vibração de sua
aura.

Por outro lado, pensamentos e atos maus geram nuvens no corpo


espiritual, as quais se juntam às demais existentes,
aumentando-lhes o volume. Além disso, são ainda
acrescidas das transmissões de pensamentos de vingança,
ódio, ciúme, inveja de quem foi atingido pelo mal.

É, portanto, de suma importância proporcionar alegria e felicidade aos


outros, evitando sempre provocar pensamentos maldosos ou
mantê-los no coração, pois, com certeza, enfraquecerão a
aura.

3.5 - Causa dos insucessos

O mesmo processo comportamental, fundamentado em atos de


egoísmo e maldades, justifica também o motivo pelo qual
pessoas que obtiveram sucesso rápido e acumularam
fortunas em tempo recorde conheceram o fracasso e a
ruína. Na verdade, tendo atribuído a causa do êxito à
própria capacidade, ou esforço, tornaram-se vaidosas,
egoístas, e entregaram-se ao luxo. Dessa forma,
165
acumularam: nuvens provocadas por pensamentos de
vingança, ódio, ciúmes, emitidos pelas pessoas às quais
prejudicaram. Como resultado dessa atitude inconseqüente,
a própria aura perde a luminosidade e diminui de espessura.
Daí o motivo de tantas desgraças atingirem a vida de quem
age tão impensadamente.

Pela mesma razão, também se explica por que famílias prósperas


durante gerações chegaram à miséria; ou ainda de pessoas
de alta posição social, ou de outras que ocupavam cargos
superiores no país terem conhecido tantos insucessos.

Na verdade, quem é beneficiado de alguma forma deve retribuir


colaborando para o bem comum e, por meio desses gestos
altruísticos, estar continuamente eliminando as próprias
nuvens. A maioria, porém, só pensa em seus desejos
egoístas e, dessa forma, aumenta a quantidade de máculas.
Então, mesmo ostentando magnificência, têm um espírito
miserável. Por isso, pela Lei da Precedência do Espírito sobre
a Matéria, infalivelmente se destroem. Foi, por exemplo, o que
aconteceu com Tóquio durante o terremoto. Pouco antes, um
vidente me havia dito: "Embora seja uma cidade de
arranha-céus, do ponto de vista espiritual, é um aglomerado
de favelas". De fato, mais tarde, toda essa previsão se
concretizou de modo assombroso.

3.6 - Exemplos dignos de nota

Há alguns exemplos famosos de homens célebres que mantiveram,


durante suas vidas, alta prosperidade em decorrência de
166
atitudes altruísticas. Um deles é o famoso milionário John
Davidson Rockffeler. Quando ainda era office-boy nos Estados
Unidos, começou a contribuir para a igreja católica, pois, já
nessa época, achava que o homem deve praticar boas ações.
Inicialmente, doava cinco cents por semana. À medida que ia
melhorando o seu salário, aumentava o valor das
contribuições, chegando finalmente a fundar a Instituição
Rockefeller, que ainda hoje colabora no progresso social e
científico. Desde o começo, todas as suas doações foram
sendo anotadas num caderno que permanece com sua
família como um tesouro.

Outro exemplo é o de Andrew Carnegie, fundador da maior usina


siderúrgica dos Estados Unidos. Pouco antes de morrer,
decidiu fazer o que sempre pregava: doou toda sua fortuna
a obras sociais. Para o herdeiro, deixou apenas um milhão
de dólares e o custeio dos estudos universitários. Só no ano
de 1903, as suas contribuições para bibliotecas, laboratórios e
universidades equivaleram a dez milhões de dólares. O
montante das ofertas anônimas, entretanto, foi de duas a
três vezes maior. Logo após a Segunda Guerra Mundial,
Carnegie destinou enorme soma para a Fundação da Paz
Internacional. Uma parte dessa contribuição permitiu que se
fizessem extensas pesquisas sobre a relação entre a guerra e
a criminalidade. Esses estudos foram depois completados
pelo professor Walter Lippmann e publicados em livro, cuja
leitura colaborou enormemente para a felicidade mundial.
Ao serem relatados fatos como os dos exemplos citados, pode-se
descobrir onde se encontra a causa da prosperidade
humana. Não é, com certeza, fundamentada em atitudes
167
egoístas. A ruína de grandes riquezas não ocorre, portanto,
por acaso.

3.7 - Algumas conclusões correlatas

a) Acidentes e infortúnios podem ocorrer mais facilmente com


pessoas que têm aura fina, porque o cérebro não funciona
adequadamente devido à presença de muitas nuvens
espirituais. Faltando-lhes o correto discernimento e o poder
de decisão, não conseguem prever os acontecimentos.
Então, sonhando com êxitos instantâneos, apressam-se e
põem tudo a perder, além de acumularem inúmeras
máculas.

b) Quando a política de um país vai mal, com certeza, seus


dirigentes e representantes, bem como o povo, que sofre as
conseqüências da má administração, têm aura fina. É um
processo inevitável.

c) Pessoas com muitas nuvens espirituais estão sujeitas a sofrer,


com freqüência, ações purificadoras; por isso, facilmente
contraem doenças, ou se tornam vítimas de outros
infortúnios.

d) Aqueles que sofrem acidentes de trânsito sempre têm aura


fina. Quem a possui espessa escapa dos perigos em
qualquer circunstância. Assim, quando ocorre um choque
entre veículos, os atingidos são os de aura fina. Observem-
se os casos de pessoas que, mesmo sendo atropeladas,

168
não levam sequer um arranhão. Tal fato se deve à
espessura e elasticidade de sua aura.

3.8 - Conclusões finais

a) A partir da análise de fatos ou acontecimentos, às vezes,


corriqueiros, pode-se perfeitamente concluir que o único
caminho a seguir para tornar-se um afortunado é o da prática
do Bem e da virtude. Agindo assim, cada um em particular
ampliará, dia a dia, a própria aura. Não adianta, pois,
queixar-se da sorte, do destino. É preciso, sim, saber como
estar constantemente buscando o aprimoramento.

b) Mesmo em se tratando do Johrei, pode-se perceber facilmente


que ministrantes de aura espessa obtêm melhores
resultados.

c) Também quando um mamehito consegue salvar grande número


de pessoas e recebe, por essa sua disponibilidade de amar
o próximo, intenso sentimento de gratidão, muito espessa se
tornará a sua aura e bastante eficaz será o Johrei que canaliza.

4 - Vida e morte

4.1 - Vida após a morte

Para o ser humano, não existe problema mais aflitivo que a morte.
Daí o fato de uma explanação sobre essa realidade
proporcionar muita satisfação às pessoas em geral.

169
Espiritualistas europeus já se dedicaram ao estudo da vida após
a morte e publicaram várias conclusões a respeito. Eu vou
falar também sobre o assunto, mas com base nos resultados
que obtive ao pesquisar esse mesmo fenômeno.

Então, a partir das minhas observações, posso afirmar que, ao


deixar o corpo físico, o espírito retorna ao Mundo Espiritual,
onde reinicia uma nova vida. Normalmente, esse processo
ocorre de três maneiras diferentes: os espíritos purificados,
isto é, aqueles que acumularam virtudes, praticando o bem
durante sua vida terrena, saem pela testa. Já os que têm
muitas máculas resultantes de pecados e ações malignas,
deixam o corpo físico pela ponta dos pés. E os espíritos
considerados médios, ou seja, aqueles cuja evolução ainda
não é suficiente para entrarem no céu, mas também não se
encontram tão maculados que mereçam o inferno, saem
pelo umbigo.

Um exemplo poderá elucidar ainda melhor essa questão. Certa


vez, uma enfermeira ocidental, com dons de clarividência,
descreveu da seguinte maneira a sua experiência com um
moribundo: "Um dia, ao observar um paciente que estava
morrendo, vi uma substância branca, semelhante a uma
névoa, sair da sua testa como um fio e espalhar-se
lentamente pelo espaço, formando grande massa irregular
parecida com uma nuvem que, aos poucos, foi assumindo
forma humana. E, alguns minutos mais tarde, transformou-
se na perfeita reprodução da figura do paciente quando vivo.
Assim ficou ele a observar, durante algum tempo, o próprio
cadáver. A seguir olhou para os seus parentes chorosos
170
e inconformados por ver-lhe o corpo sem vida, como se
quisesse mostrar-lhes que estava ali. Mas depois —
certamente ao se dar conta de que se encontrava numa
dimensão diferente — pareceu desistir da tentativa, pois
dirigiu-se para a janela por onde saiu flutuando".

Esse relato descreve perfeitamente o que ocorre no momento da


morte.

4.2 - Conceito de morte

No Budismo a palavra morte significa "o que vai nascer", pois quem
deixa esta Terra, na verdade, está nascendo no Mundo
Espiritual. Aí permanece durante um tempo que varia
bastante, podendo corresponder a espaços curtos ou, às
vezes, a dezenas, centenas e até a milhares de anos.
Depois retorna ao mundo físico e assim sucessivamente.

De um modo geral, durante os anos de vida terrena, o ser


humano vai acumulando, consciente ou inconscientemente,
máculas no seu corpo espiritual. Quando as doenças ou a
velhice lhe deterioram o corpo físico, impedindo-o de exercer
as suas tarefas, ocorre a morte. E o espírito regressa ao
Mundo Espiritual, onde a purificação das máculas ocorre
de maneira acelerada, durante um período que poderá ser
longo ou curto, dependendo da quanIdade de impurezas
adquiridas no decorrer da vida terrena.

O volume de máculas determinará também o nível — mais alto ou


mais baixo — no qual o espírito permanecerá.
171
Após certo grau de purificação, renasce novamente na Terra por
ordem de Deus. Essa é a lei da natureza humana.

4.3 - Reminiscências de vidas passadas

Há vários tipos de temores ou fobias que as pessoas carregam


consigo de uma vida para outra.

Existem, por exemplo, alguns homens que se orgulham de sua


conduta irrepreensível, vangloriando-se de não
conhecerem outra mulher, além da esposa. Outros
permanecem solteiros até o final de seus dias. É que, na
verdade, todos eles, na vida anterior, tiveram experiências
desastrosas com mulheres e morreram com um profundo
sentimento de aversão ao sexo oposto, emoções essas que
lhes ficaram gravadas na alma.

Há inclusive pessoas que detestam ou temem certas aves, insetos


ou animais, porque morreram em conseqüência do ataque
de algum deles. Outras têm medo da água, do fogo, ou de
lugares altos porque tiveram a morte causada por
afogamento, queimaduras, ou quedas violentas.

Sabe-se também da existência de muitas pessoas que temem


aglomerações e, por isso, evitam lugares onde há muita
gente reunida. É porque morreram pisoteadas em meio a
uma multidão. Há as que se sentem inquietas estando
sozinhas. Estas, certamente, em vidas passadas, sofreram

172
algum acidente no momento em que não havia ninguém
para socorrê-las.

Tratei, certa vez, de uma senhora que tinha pavor à solidão. Por
isso, quando todos os membros de sua família saíam de casa,
ela sempre ficava esperando do lado de fora até que alguém
voltasse. É que, numa vida anterior, fora acometida de um
mal súbito quando se encontrava sozinha e morreu antes que
alguém pudesse acudir aos seus chamados.

Outro fato ao qual se deve estar atento: há pessoas que nascem


deformadas ou aleijadas, porque morreram em
conseqüência de fraturas advindas de acidentes ou quedas
de lugares muito altos. Em geral, elas retornam antes de
estarem completamente curadas. Esse renascimento
prematuro, na maioria das vezes, é causado por apego não
só delas mesmas, como também dos pais e familiares. É o
que acontece, por exemplo, quando uma mulher engravida
logo após a morte de um filho muito amado. Muitas vezes,
em casos assim, devido ao apego da mãe, a criança
reencarna prematuramente e torna-se uma pessoa infeliz.

4.4 - Idade espiritual

Também é necessário entender por que o ser humano já nasce


sábio ou tolo. A causa mais importante está na diferença de
idade espiritual entre as almas. Há algumas bem velhas
que, por terem reencarnado várias vezes, já adquiriram
muitas experiências no Mundo Material. Por outro lado, as
mais jovens, só recentemente nascidas, não têm ainda
173
conhecimento nem maturidade suficientes e, por isso, são
menos capazes.

4.5 - Afinidades

Outro ponto a ser considerado é a ocorrência de sentimentos de


afinidade ou simpatia que alguém experimenta por pessoas
as quais, até então, lhe eram desconhecidas. Muitas vezes, é
uma afeição mais forte do que a dedicada aos pais, aos filhos
ou aos irmãos. Nesses casos, de fato, dá-se o encontro de
pessoas que já foram parentes próximas numa vida
anterior, ou então já haviam mantido uma relação muito
íntima.

Outra situação interessante é a vivida pelos que, durante uma


viagem, sentem tamanha familiaridade com determinados
lugares, que gostariam de ali permanecer. Na verdade, são
locais onde já moraram durante muito tempo, numa
existência anterior.

O rnesmo pode acontecer com o relacionamento entre um


homem e uma mulher. Às vezes, eclode uma paixão tão
violenta, que avança cegamente. É por que ambos já viveram
um amor profundo em encarnações anteriores, mas não
tiveram oportunidade de se unirem. Por isso, neste novo
encontro, a relação se manifesta em forma de um
sentimento explosivo.

Também algo semelhante ocorre em conseqüência da leitura de


livros históricos. Muitas vezes, certos episódios ou
174
personagens causam forte emoção ou estranha repulsa no
leitor. Com certeza, a causa dessas comoções deve-se ao
fato de ele ter vivido na época em que se passaram as cenas
narradas ou, talvez, por ter tido alguma ligação com os
eventos descritos.

É, pois, de fundamental importância que todos vocês fiquem atentos


a essas ocorrências sobre as quais acabo de lhes falar.

4.6 - Reencarnação

4.6.1 - Processo evolutivo

Após a morte, os seres humanos se encaminham para o Mundo


Espiritual. Lá passam por um longo processo de
purificação das diversas transgressões que cometeram no
Plano Material e, depois de terem eliminado, até certo
ponto, as máculas, voltam à Terra com um novo corpo.

Se tiverem sido pessoas que, ao irem para o Mundo Espiritual, se


arrependeram no último momento, com a firme convicção
de não mais incidir no erro, reencarnam sem saber que
foram más na vida anterior e agora só vão praticar o Bem.
Con-seqüentemente, evoluem atingindo um nível mais
elevado de consciência.

4.6.2 - Prematuras

Muitos dos que morrem, nunca acreditaram na sobrevivência da


alma e, por isso, não conseguem viver tranqüilamente,
175
no Mundo Espiritual, o período necessário de
aprimoramento. Por causa desse apego à vida material,
reencarnam antes de estarem suficientemente purificados,
trazendo consigo um saldo de muitos pecados e impurezas
que terão de ser eliminadas no mundo da matéria.

Nos casos de reencarnações prematuras, as pessoas têm, de um


modo geral, um destino infeliz. Assim acontece porque ainda
carregam uma quantidade significativa de máculas e
pecados de vidas anteriores. É por isso que há, no mundo,
gente boa enfrentando sérios problemas tanto de ordem física,
quanto espiritual. Embora houvessem tomado, na
encarnação precedente, a firme decisão de nunca mais
pecar, mesmo assim, por terem renascimento prematuro, não
houve tempo suficiente para eliminar as máculas
anteriormente contraídas.

Todavia, como se propuseram a só praticar o bem, esse


pensamento ficou-lhes gravado na alma. É por isso que,
após um período de sofrimentos durante o qual as nuvens
são dissipadas, muitos podem tornar-se repentinamente
afortunados. Há diversos exemplos de casos em que, depois
de vários infortúnios, as pessoas passam a usufruir de
grande felicidade.
4.7 - Causa da infelicidade na atual vida terrena

Naturalmente, todo processo de purificação gera sofrimentos. Daí a


razão de muita gente bondosa, que jamais cometeu pecados
na sua atual vida terrena, ser infeliz. Também, pelo mesmo
motivo, se explica o fato de várias pessoas nascerem
176
cegas, surdas ou aleijadas. É que na vida anterior, tiveram
morte violenta e agora reencarnaram prematuramente sem
terem completado, no Mundo Espiritual, o período necessário à
sua recuperação integral.

Outro ponto interessante a ser considerado é que diversos recém-


nascidos têm feições enrugadas como as de um ancião.
Somente dois ou três meses após a sua chegada à Terra,
adquirem a fisionomia de bebê. Esse fato se explica por terem
na vida anterior atingido uma idade bastante avançada.

4.8 - Respeito aos mortos

Desde épocas remotas, existe o preceito segundo o qual não se


deve censurar aqueles que já morreram.

Para ilustrar esse fato, vou relatar algo que ocorreu comigo há
algum tempo. Certa vez, minha esposa sofreu uma séria
convulsão estomacal, contorcendo-se em dores horríveis.
Ministrei-lhe Johrei. Mesmo assim, o problema não foi sanado.
No local onde a dor se manifestava, formou-se uma bola de
mais ou menos três centímetros de diâmetro, que subia até
a garganta. Chegando a um determinado momento, ela deu
um grito enorme dizendo que não estava aguentando mais.
Nesse instante, percebi tratar-se de um "encosto" e
perguntei-lhe quem era. Embora quisesse responder-me, não
conseguia emitir palavra alguma.

Então, lembrei-me de alguém que havia morrido há pouco tempo, de


uma doença cerebral.
177
Tendo obtido resposta afirmativa, procurei saber, através de
diversos meios, qual o motivo de ter esse espírito encostado
em minha esposa. Depois de alguma insistência, descobri
que eu havia tecido, após a morte dessa pessoa, alguns
comentários pouco caridosos a respeito de sua conduta
terrena. Eu havia dito que essa criatura, quando viva, fizera
muitas coisas negativas.

Após ter clara consciência do meu erro, pedi-lhe perdão e prometi


nunca mais tecer qualquer tipo de crítica à sua postura
enquanto vivera na Terra. A partir de então, o espírito ficou
satisfeito e, agradecido, partiu. Imediatamente minha
mulher voltou ao normal.

4.9 - Desapego

Na maioria das vezes, acontece de as pessoas que morrem, embora


estejam recebendo Johrei, não conseguirem unir-se a Deus
do fundo do coração, porque ainda existem determinados
pontos de fé nublados por alguma impureza.

É extremamente importante que, ao morrer, todos os episódios


relacionados à parte material sejam deixados de lado.
Dessa forma, a vida terá salvação, mesmo parecendo ser
impossível.

Se o mamehito não tiver também bastante fé, nos momentos de um


estado crítico de perigo, poderão surgir dúvidas muito
facilmente e, nessa hora, como conseqüência dessa

178
situação de descrença, romper-se-á o elo de salvação que o
unia a Deus.

Atenção redobrada, portanto, em todas as situações de instabilidade


ou risco.

179
4.10 - Vida e morte de mamehito

Deus, ao criar o homem, deu-lhe como missão, servir na obra para


o estabelecimento do Reino do Céu na Terra. Então, quem
conseguir trabalhar de acordo com a vontade do Pai, torna-
se uma pessoa importante e útil ao trabalho divino; por
isso, Deus o protege ao máximo, para que não sofra doença
alguma e usufrua de uma vida longa, obtendo, como
resultado, condições de dedicar durante muitos anos.

Às vezes, contudo, acontece de um mamehito morrer cedo e


inesperadamente. Tal ocorrência advém da maneira errada
de pensar e agir, desobedecendo à lei do Criador. Nessa
circunstância, não resta para Deus outra alternativa, senão tirar-
lhe a vida.

Nada de errado, porém, existe naquilo que Deus faz. Pena é o ser
humano não perceber a verdade antes dos acontecimentos e,
até mesmo depois, não conseguir aceitar a lógica divina.

5 - Composição do Mundo Espiritual

5.1 - Reino do Céu

5.1.1 - Níveis

Como já falei anteriormente, o Reino do Céu está dividido em três


níveis, a saber:

a) Primeiro Reino do Céu


180
Nesta esfera habitam as altíssimas divindades. Vivem
incessantemente empenhadas em promover a execução do
Plano de Deus no âmbito universal.

181
b) Segundo Reino do Céu

Fazem parte deste plano as divindades que têm como missão


auxiliar as do Primeiro Reino. Estão, por isso, agrupadas de
acordo com o trabalho a executar.

c) Terceiro Reino do Céu

Aqui se encontram todas as demais divindades cuja função


consiste em cumprir as tarefas recebidas, numa atividade
que abrange o mundo inteiro em todas as áreas. Têm elas,
portanto, uma atuação bastante diversificada.

Todas as divindades pertencentes ao Terceiro Reino do Céu


conseguiram qualificação divina, elevando-se do purgatório.
São, por isso, semelhantes a seres humanos e chamadas de
anjos.

Essas três camadas constituem, no seu conjunto, o Reino do Céu.

5.1.2 - Atuação do Reino do Céu

Durante os três mil anos da Era da Noite, a atuação das


divindades pertencentes ao Reino Divino foi pouco significativa,
especialmente no Oriente, onde predominava o Budismo. A
maioria delas se transformou em budas. Algumas outras que
não quiseram assumir a nova identidade ficaram esperando a
chegada da próxima Era do Dia, tendo para isso tomado a
forma de dragão.

182
Na verdade, então, durante a Era da Noite, os deuses trabalharam
através do mundo búdico7. À medida que se ia processando
a Transição da Noite para o Dia, o Reino Divino passou
novamente a exercer o seu domínio com mais força e
intensidade.

5.1.3 - Mundo búdico

5.1.3.1 - Gokuraku

O máximo do mundo búdico, chamado de Gokuraku, corresponde


ao Segundo Reino Divino. É também denominado Tossotsu
Ten, onde se encontra o Shibikyu, (palácio de cor roxa
suavíssima) em torno do qual existem vários outros templos
importantes. Entre eles, destaca-se o Hitchido Garan (pagode
dos sete salões) onde as divindades realizam reuniões de
trabalho. Em lugar de destaque, está o Tahooto (a torre dos
inúmeros tesouros). Nos arredores, imensos jardins com
centenas de flores cujo perfume inebria o ambiente. No céu
azulado voa a Ave-do-paraíso (Karyobinga ou Kalavinka, em
sânscrito). Nessa mesma área, há uma grande lagoa
dentro da qual brincam com as folhas das flores de lótus
enormes tartarugas do rabo vermelho. Pelo tamanho,
podem levar até duas pessoas nas costas. Nelas é que os
espíritos, numa alegria inexprimível, se locomovem, indo de
um lado para outro, conforme a necessidade.

7
O mundo búdico correspondeu ao Segundo Reino do Céu, durante os três
mil anos da Era da Noite. Atuou mais fortemente, enquanto o Mundo Divino
permaneceu meio inativo.
183
Há também um grande templo onde fiéis budistas, com a cabeça
raspada, se divertem compondo poemas, tocando vários
instrumentos, ou dançando, pintando, esculpindo,
8 9
exercitando caligrafia, jogando go ou shoogui . De vez em
quando, ouvem alguns sermões, atividade que eles consideram
das mais prazerosas. Quem os faz são os iniciados das várias
manifestações do Budismo. Dentre eles, destacam-se alguns
mestres que, às vezes, sobem ao ponto mais alto do Shibikyu,
onde se encontram com Shakuson (Sakiyamuni) para
receberem orientação e ensinamentos mais profundos.

Próximo ao Shibikyu a intensidade da Luz é tanta, que chega a


ofuscar a vista mesmo daqueles espíritos que já foram
salvos no Gokumku Joodo (mundo purificado, repleto de
alegria).

5.1.3.2 - Joodo

Abaixo do Gokumku (mundo de extrema felicidade) existe o Joodo


(mundo purificado). Quem governa esta região é Amida
Nyorai, que mantém contato permanente com Sakiyamuni,
com o qual dialoga sobre o plano do mundo búdico. Aqui
também se encontra Kanzeon Bosatsu. Ocupa o trono
principal sob a denominação de Dai Komyo Nyorai. Exerce
uma atividade intensa sendo sempre auxiliado por Amida e
Sakiyamuni.

8
Go - jogo parecido com o de dama.
9
Shoogui - jogo semelhante ao de xadrez.
184
5.1.3.3 - Kannon no mundo búdico

Durante a Era da Noite, sentindo necessidade de salvar a


humanidade, Kannon desceu ao nível de Bosatsu,
deixando o trono principal para Amida Nyorai. Num futuro
próximo, como preparação para formar o Mundo Divino,
Kannon vai começar a extinguir o mundo búdico através de
uma ajuda intensa a todos os Nyorai, Bodhisattva, Shoten,
Sonja, para que, pouco a pouco, se elevem e adquiram
qualificação divina. Essa é atualmente a Sua principal tarefa.
Permanece, por isso, em grande atividade.10

5.2 - Inferno

5.2.1 - Mundo infernal

É exatamente o oposto do Reino do Céu. Não possui luz nem calor.


Quanto mais profundo, maior se torna a escuridão.
Conforme já se sabe, desde antigamente, o inferno é o
lugar das mais variadas e intensas espécies de sofrimento.
Em síntese, posso dizer que há uma enorme variedade de
mundos infernais, tais como: o inferno da montanha de
agulhas, das cobras, das formigas, da lagoa de sangue, do
quarto das abelhas; e ainda mais: a região dos famintos,
dos incestuosos, dos carnificinas, dos concupiscentes (os
que têm apetites sexuais doentios) e do fogo infernal, além de
muitos outros.

10
São as mesmas entidades do mundo búdico que estão formando o Mundo
Divino, à medida que vão adqurindo qualificação divina.
185
Vou, a partir de agora, falar com mais detalhes sobre alguns desses
tipos de inferno acima citados.

5.2.2 - Montanha de agulhas

E constituído por uma montanha onde estão espetadas inúmeras


agulhas. O sofrimento do espírito a quem foi atribuído este
castigo consiste em atravessá-la, o que é realmente muito
penoso. Sofrem tal punição aqueles que, no mundo
terreno, monopolizaram grandes extensões de terras ou
florestas.

5.2.3 - Lagoa de sangue

Neste local ficam os espíritos que morreram em conseqüência do


parto11 ou por causa do aborto (filho ou mãe, portanto). Não é,
porém, difícil salvá-los. Eu mesmo já consegui resultados
maravilhosos. Basta rezar três vezes Amatsu Norito, pedindo a
salvação deles a Kakuriyo no Ookami. De imediato saem
desse lugar infernal, sentindo-se extremamente agradecidos
e alegres.

Certa vez, perguntei a esses espíritos como era a Lagoa de


Sangue. Disseram-me ser imensa. Nela ficam imersos até o
pescoço. Inúmeros vermes, que bóiam na superfície, sobem-
lhes pelo rosto, pertubando-os incessantemente. Mesmo sendo

11
Neste caso, bem como nas mortes que não seguem a lei natural, as causas
mais profundas estão ligadas a processos cármicos; por isso, embora aos
nossos olhos pareça injustiça, tem lógica de acordo com a Lei de Deus.
186
espantados, continuam subindo e atormentando-lhes. Geram,
com isso, um sofrimento difícil de ser suportado.
Quem, contudo, permanece nesse local são espíritos de pessoas
atéias ou de outras que, quando vivas, cultivavam somente
pensamentos de maldade e praticavam mais atos maus que
bons.

5.2.4 - Região dos famintos

Aqui ficam os espíritos que vão sofrer o castigo da fome. Estão


sempre irritados, procurando de qualquer maneira satisfazer
a vontade de comer. Por esse motivo, freqüentemente
perambulam por feiras e restaurantes. Ao fazerem isso,
contudo, cometem outro pecado, o do roubo. Sem mais
alternativas, encostam-se nos seres humanos, nos cachorros
e nos gatos. Essa é uma das razões de haver muitas
pessoas, na verdade, doentes, com apetite fora do comum,
quase assustador. O mesmo se pode dizer de gatos e
cachorros. O espírito faminto cai no mundo animal e se
transforma num deles. De modo semelhante, o ser humano,
uma vez possuído por um desses espíritos, pouco a pouco,
vai se transformando em animal. Como uma maçã podre
que, no meio das boas, as contamina, vai assim o espírito
humano assimilando características irracionais.

Também os espíritos das pessoas que se suicidaram por meio de


afogamento, atirando-se em rios, se encontram na região
dos famintos. Como, na maioria das vezes, não têm
ninguém para lhes fazer oração de sufrágio, sentem muita
fome e, por isso, vão para o mundo infernal dos famintos.
187
Daí o motivo de, no Japão, desde antigamente, haver o
costume de rezar, uma vez por ano, perto dos rios, pelos
espíritos que morreram afogados.

O principal pecado, contudo, que leva os espíritos para o inferno dos


famintos é o fato de, em vida, não terem ajudado quem
estava passando fome. Geralmente, foram pessoas que
desperdiçaram muitos alimentos e preocuparam-se
exclusivamente com o seu próprio bem-estar, além de terem
sido gulosos.
Para evitar cair no inferno dos famintos, ninguém pode, portanto,
desperdiçar mesmo que seja um grão de arroz. Só para
lembrar: o ideograma que simboliza o arroz é 88, significando
que um grão de arroz passa por oitenta e oito mãos até se
transformar realmente no cereal comestível 12 . Tendo
conhecimento desse fato, acredito que ninguém seja capaz
de esbanjar comida. Eu, por exemplo, quando tomo chá
após as refeições, procuro não deixar no fundo da tigela
nenhum grão de arroz. Acho também maravilhoso o
costume cristão de rezar antes da refeição. É uma forma de
manifestar-se grato pela comida. Ninguém, na verdade, deve
esquecer de um hábito tão nobre.

5.2.5 - Inferno animalesco

Muitas vezes, o espírito humano torna-se animal porque o soonen e


os atos das pessoas, enquanto viviam neste mundo, estavam
fora do limite humano, ou seja, agiam como irracionais.
12
. Com relação aos outros alimentos, também acontece algo mais ou menos
semelhante.
188
Assim então, aqueles profissionais enganadores que usam o seu
ofício para ludibriar os outros transformam-se em raposas.

Mulheres que foram amantes ou prostitutas, agindo como


sedutoras para comer lautamente e vestir-se com luxo,
vivendo sem trabalhar, tornam-se gatos.

Os chantagistas que usaram a extorsão ou a espionagem, em


proveito próprio, aproveitando-se, dessa forma, dos defeitos
ou segredos dos outros para tirar vantagem, passam a ser
cachorros.

A profissão de detetive, contudo, desde que beneficie a


humanidade, ou mesmo alguém em particular, protegendo-os
contra o mal, é perfeitamente aceitável.

Ainda, no inferno dos animais, os ganaciosos, preocupados


exclusivamente em guardar dinheiro, viram ratos.
Já os preguiçosos que não gostam de trabalhar, bem como
aqueles que, por terem muito dinheiro, não se esforçam
para realizar algo útil, tornam-se vacas ou porcos. Eis a razão
de, no Oriente, ser comum os pais alertarem os filhos,
dizendo-lhes que, caso deitem logo depois de comer, vão
virar vacas.

Fazem parte também do inferno animalesco os mafiosos, os


violentos, os grosseiros, os rudes, que causam medo aos
demais. Todos eles tornam-se tigres ou lobos.

189
Os apáticos, indiferentes, que não ligam para nada, viram coelhos.
Os de forte apego são cobras. Aqueles que empreendem
esforço exagerado no trabalho, suando muito para realizar
as suas tarefas, transformam-se em cavalos.

Jovens desanimados, mais parecendo velhos, tornam-se cordeiros.

Pessoas astuciosas, que se utilizam da esperteza para tirar


vantagem, passam a ser macacos.

Homens libidinosos, libertinos, tornam-se galos. Os precipitados,


imprudentes, que agem irrefletidamente, correndo atrás dos
seus desejos, como se estivessem em linha reta, sem olhar
dos lados, transformam-se em porcos do mato.

Farsantes, dissimulados, fingidos, viram texugos.

Eis a realidade do inferno animalesco.

5.2.6 - Shura-do

É o lugar das carnificinas, das lutas sangrentas.

Neste plano, os espíritos mantêm acesa a energia que os levou


ao cometimento de massacres de toda espécie. Por exemplo,
quando alguém perde um combate, fica irritado, impaciente,
ou seja, cai no estado shura, que é o próprio fogo do inferno,
alimentado pelo sentimento de vingança tantos dos mortos,
quanto dos vivos.

190
Toda vez, portanto, que alguém não consegue satisfazer as suas
vontades, a angústia e a irritação tomam-lhe conta do
coração. Esse sofrimento permanece, inclusive, após a
morte. Nessas condições, o espírito é encaminhado para o
Shura-do. Pode, contudo, ser salvo com rapidez, através da fé,
mesmo que ainda esteja no Mundo Material.

5.2.7 - Shiki-do

É o inferno dos libidinosos, daqueles que praticam sexo


desregradamente, vendo a mulher apenas como objeto, não
se importando nem mesmo com a violação da virgindade.

Caem nesse nível infernal todos os que causaram sofrimento a


muitas mulheres, tornando-as infelizes e frustadas.

Por outro lado, se a mulher ofendida mantiver sentimento de


vingança contra quem a maltratou, vai para o mesmo lugar,
persegue aquele que judiou dela, mas também passa a
sofrer penas idênticas às do seu opressor.

No Shiki-do, o sofrimento é terrível, especialmente para os


homens. Dependendo do número de mulheres às quais
enganou e do pecado cometido, não é tão fácil o resgate. Daí
o dever de os homens procurarem controlar os atos que,
visando à satisfação dos seus apetites e prazeres, levam
infelicidade às mulheres. Embora seja um pecado mais
comum entre os homens, pode ocorrer também do lado
das mulheres, às vezes. Aquelas, por exemplo, que
vendem a sua virgindade simplesmente para satisfazer
191
seus desejos carnais, ou as que se entregam à prática do
adultério, incorrem no mesmo erro, isto é, causam sofrimento
aos homens. Naturalmente, caem também no nível infernal
de Shiki-do.

5.2.8 - Shonetsu

É o inferno dos incêndios. Encontram-se neste nível todos aqueles


que, propositadamente, o provocaram, sacrificando assim
muitas vidas e fortunas.

5.2.9 - Inferno das cobras

É difícil descrever o sofrimento neste nível infernal. O espírito fica


rodeado por inúmeras cobras. O pecado causador deste
mal é o egocentrismo, que leva muitas pessoas a
praticarem atos incorretos visando a lucros exagerados. É o
que fazem, por exemplo, os presidentes de grandes
companhias, os gerentes de bancos, os políticos. Pela má
administração, ou pela conduta egoística, deram origem a
falências, causando danos incalculáveis, e sofrimentos a
muita gente.

Também aqueles que provocaram guerras estão hoje sendo alvo


da vingança de suas vítimas agora transformadas em cobra
para atacar o inimigo que outrora as fazia sofrer.

5.2.10 - Inferno das formigas

192
Aqui se encontram aqueles que cometeram o pecado dos
extermínios desordenados e inconseqüentes. Por exemplo,
se mataram insetos, passarinhos e outros pequenos
animais sem razão alguma, estão agora neste nível infernal,
sendo martirizados por aqueles animaizinhos aos quais
anteriormente prejudicaram. Estes, transformados em
formigas, se vingam dos sofrimentos a eles causados,
outrora.

Certa vez ouvi o relato de uma pessoa que viu, neste Mundo
Material, o inferno das formigas. Dizia ela que, certo dia,
uma cobra se enrolara numa árvore. Vendo-a,
imediatamente alguns pardais começaram a bicá-la até que,
no final, ela caiu e morreu. Permaneceu no mesmo lugar
durante alguns dias. Depois o seu corpo inteiro se
transformou em inúmeras formigas. Estas começaram a
subir na árvore e a acomodar-se no seu tronco, cobrindo-o
inteiramente. Logo em seguida, iniciaram ataque aos ninhos
dos filhotes de pardais que ainda não conseguiam voar.
Naturalmente, todos eles morreram.

O fato de os pardaizinhos terem sido exterminados revela a terrível


obsessão da cobra em praticar a vingança.

5.2.11 - Quarto das abelhas

O sofrimento do espírito, neste nível infernal, consiste em ser picado


por inúmeras abelhas.

193
Conheço também, a respeito do inferno das abelhas, uma história
interessante.

Antigamente, eu tinha, como discípulo, uma cabeleireira que me


contou a seguinte história: certa vez manifestou-se, numa
amiga sua, um espírito. Esta, desejando saber quem era,
pediu ajuda a um ministro de sua religião. Ficou então
esclarecido que se tratava de uma gueixa, antiga cliente e
amiga. Na época, se encontrava no inferno do quarto de
abelhas; estava sofrendo muito e queria ajuda para ser salva.
Como, na ocasião, a pessoa que serviu de médium
professava um credo religioso, o espírito pôde encostar para
pedir salvação. Dizia estar encarcerado num pequeno quarto
onde cabia apenas uma pessoa. Dentro dele, centenas de
abelhas a atacavam em todas as partes do corpo. Pedia, por
isso, socorro; já não estava mais conseguindo aguentar
tanto sofrimento.

Com relação ao pecado dessa gueixa, a verdade é a seguinte: em


vida, ludibriou vários homens, provocou ciúmes em muitas
esposas. Estas, então, após a morte, transformaram-se em
abelhas e agora estavam se vingando do sofrimento que
essa gueixa lhes havia causado.

São estes alguns aspectos do Plano Infernal. Há ainda outros


níveis a serem considerados.

6 - Fenômenos espirituais

6.1 - Espírito dos seres


194
Todos os seres possuem espírito. Até mesmo objetos de antiguidade.
Aqueles que foram apreciados ou tratados com desvelo, desde
os tempos mais remotos, têm uma vibração diferente dos
novos, porque o sentimento de afeição dos apreciadores
permanece dentro deles. É por isso que, mesmo
parecendo iguais aos novos, os objetos quanto mais antigos
são melhores, fato que, na verdade, constitui um grande
mistério.

Quando, porém, me perguntam o que faz a diferença entre eles,


nunca sei como explicar; só posso dizer que os mais
antigos são sempre bons. Acredito tratar-se de uma
característica própria do gosto artístico que permite ao
apreciador distinguir e saber se um objeto tem cem, duzentos,
quinhentos ou mil anos, à medida que constantemente os
vai analisando e devotando a eles certo apreço. Assim
acontece porque o respeito e o sentimento humanos com os
quais se olha esses objetos permanecem neles. Então,
quando um apreciador se depara com algum bem antigo,
capta imediatamente, através da sua percepção, o sentimento
que ele contém. Quer dizer: o espírito do objeto vai, pouco a
pouco, crescendo, quanto mais pessoas o contemplam. Trata-
se, contudo, de algo quase misterioso e bastante sutil.

A diferença, portanto, entre os objetos, ou mesmo seres


inorgânicos, que aparentemente não têm vida, vai
depender do tratamento dado a eles pelos apreciadores.
Também os povos orientais, desde os remotos tempos, falam que
deuses moram em tudo. Assim se referem, por exemplo,
195
ao deus do poço de água, à bela deusa do banheiro... São,
entretanto, fatos aos quais as pessoas da atualidade acham
ridículo referir-se. Ignorantes, porém, me parecem os que
assim pensam, pois, quando estas verdades se tornam
conhecidas, a vida fica mais fácil e tudo corre bem.

6.2 - Ondas cerebrais

Ministro — O que são ondas cerebrais e como funcionam?

Meishu Sama— Para entender esse assunto, é necessário saber


que o espírito do ser humano exerce ininterruptamente
uma atividade de concentração e dispersão. Quer dizer:
pensa ao mesmo tempo em vários assuntos e, às vezes, fica
concentrado em apenas um. Em determinadas
circunstâncias, vai até ao local a que está ligado ou encosta
na pessoa na qual fixou o pensamento. Por exemplo, se a
atenção estiver voltada para o trabalho, o espírito também se
encontra ali presente. Nos períodos de sono, como não há
necessidade de o espírito ficar concentrado em nada, ele se
dispersa e pode ir a qualquer parte do mundo.

Ainda é importante saber que sentimos sono toda vez que o nosso
espírito se aproxima de alguém no qual nos fixamos
intensamente. Da mesma forma, a pessoa que recebe o
encosto também fica sonolenta e meio perdida.

No início das minhas atividades religiosas, quando esses


fenômenos ocorriam comigo, eu procurava, através do tinkon

196
(ato de acalmar a alma), trazer o espírito de volta,
adquirindo, assim, maior serenidade.

Em conclusão, todos esses fenômenos relacionados às atividades


do espírito humano, nas mais variadas circunstâncias, são
chamados de "ondas cerebrais". No entanto, tais oscilações não
ocorrem somente na cabeça, mas também em outras
partes do corpo.

6.3 - Espírito vivo

Ministro — Em casos de aproximação de espírito vivo, como fica o


soonen da pessoa que recebeu o encosto?

Meishu Sama— Eu já imaginava que vocês gostariam de saber


outros detalhes a respeito deste assunto. Acontece mais ou
menos assim: a pessoa cujo espírito se encosta em outra,
fica geralmente meio baratinada.

Há casos de encostos de pais, filhos, irmãos. Os maiores


transtornos, porém, ocorrem nos relacionamentos
amorosos, especialmente em se tratando de pessoas jovens
e bonitas. Nessas condições, quem recebe é que fica mais
perturbado. Portanto, os feios estão mais seguros que os bonitos
(risos). Aqueles precisam, por isso, tomar mais cuidado.

É preciso saber também que, ao encostar um espírito morto, a


pessoa sente frio nas costas; ao contrário, se for vivo, a
sensação é de calor e, além disso, reflete o sentimento do
espírito que dela se aproximou. Assim, por exemplo,
197
quando um homem se apaixona por uma mulher, mas ela não
corresponde, fica meio perdido, decepcionado e sonolento.
Por sua vez, a mulher também sente sono e se sente
bastante melancólica.

Toda vez, pois, que um espírito vivo se aproxima de alguém,


ocorrem situações de sonolência ou melancolia. Tais estados
se manifestam pelo fato de uma pessoa pensar fortemente na
outra. Então o seu espírito, no caso o secundário, sai do
corpo e se aproxima daquele a quem está devotando, no
momento, a sua emoção. Além disso é ainda uma situação de
desencontro, ou seja, um gosta e o outro não corresponde.
Há porém casos em que os dois se amam. Então, acontece o
encosto de espírito vivo de ambas as partes, os quais se
cruzam com freqüência, indo e voltando e, por isso, os dois
lados ficam meio perplexos, estonteados. É, porém, uma
sensação diferente daquela que caracteriza o estado de
melancolia. Nessa situação, ambos vivem uma espécie de
deleite, um sentimento de prazer, cuja comunicação entre eles
se dá pelo fio espiritual. Daí o motivo de ninguém conseguir
cortar um namoro que ocorra dentro dessas condições. Quem
já viveu tal experiência sabe do que eu estou falando.

Ainda pode também acontecer o caso de um homem gostar de


duas ou três mulheres ao mesmo tempo. Nessas situações,
os espíritos vivos das mulheres brigam dentro do soonen do
homem, trazendo, como conseqüência, uma sensação mista
de prazer e angústia que é, na verdade, um sentimento
profundamente negativo. Eu nunca vivi essa experiência
(risos), mas suponho que seja assim.
198
6.4 - Paixões incontroláveis

Ministro — Conheço três irmãs. A mais velha delas, com vinte e seis
anos, há mais ou menos seis meses, fugiu com um homem
de cinquenta e seis. Os pais fizeram de tudo para que ela
voltasse ao lar, mas nada conseguiram. Estão sofrendo
muito por isso. Pode-se fazer alguma coisa para ajudá-la?

Meishu Sama— Tem que colocar o problema nas mãos de Deus.


Existe uma causa especial determinante desse
relacionamento amoroso que jamais será entendida pela
razão. Se alguém tentar impedi-lo, vai produzir um efeito
contrário: a ardente paixão entre ambos se tornará mais
intensa, já que representa uma espécie de apego fortíssimo.

Esse tipo de namoro é, na verdade, uma doença que ataca


aqueles que têm febre na cabeça. Como vocês sabem, se
tentar combatê-la com gelo, a situação piora. Então, o
tratamento correto é deixar que a febre se eleve ao máximo,
por conta própria. Depois todo esse sentimento adverso
desaparece naturalmente.

6.5 - Indiferença após o casamento

Ministro — Uma pessoa conhecida ganhou uma nora cujo


casamento foi fruto de um grande amor. Agora, entretanto,
o relacionamento do casal esfriou, chegando ao ponto de
não haver mais diálogo entre eles. A mulher, na ocasião de

199
dar à luz, foi para a casa dos pais e não quer retornar ao lar.

Meishu Sama— Esse homem é muito bonito?

Ministro — Realmente é.

Meishu Sama— Então aí está a causa. O espírito vivo de alguma


mulher que deveria gostar desse homem ficou com raiva por
ter-se casado com outra. Magoada, querendo a separação,
encostou nele. Daí a razão de manifestar indiferença com
relação à esposa.

6.6 - Troca de Protetor

Ministro — Há possibilidade de ocorrer troca de Protetor enquanto a


pessoa está viva?

Meishu Sama— Não. Isso jamais acontece. Embora existam três


espíritos — o primordial, o secundário e o guardião — nunca
poderá haver trocas 13 . Se tal fenômeno ocorresse, seria
quase impossível manter um comportamento harmonioso,
uma vez que essa mudança de Protetor determinaria uma
transformação de personalidade, fazendo com que a vida
do ser humano corresse grande perigo. Até ontem, por
exemplo, minha esposa estava calma e boa companheira;
hoje parece outra pessoa: tão brava e já me humilhou
bastante! Imaginem se isso acontecesse com a
humanidade toda! Não daria para viver tranqüilamente.
13
Às vezes, contudo, dependendo da missão da pessoa, acontece de
aproximar-se, temporariamente, outro Protetor de nível mais elevado.
200
6.7 - Namoro do ponto de vista espiritual

O que há de mais interessante no que se refere ao namoro é o


fato de essa relação estar altamente ligada a espírito de
pássaros e, às vezes, de outros animais.

De um modo geral, os namoros mais sinceros e puros acontecem,


na grande maioria, entre os espíritos de passarinhos, como,
por exemplo, o rouxinol e o olho-branco (espécie de pardal).

Ocorrem, também relacionamentos entre espíritos de corvos,


patos, garças, pavão, além de outros, estendendo-se a
todas as demais espécies de aves.

Nos casos de namoro em que estão envolvidos os espíritos de


pássaros, o ser humano serve apenas como um meio
através do qual as aves concretizam os seus desejos. Daí a
razão de, freqüentemente, a fisionomia da pessoa
enamorada se transformar, quer dizer, tornar-se meio
estranha. Em certos casos fica mais feia, piora muito.

É também bastante comum o namoro entre espíritos de raposa.


Nesses casos, a sensualidade da mulher aflora,
concretizando um relacionamento ilícito, imoral, negativo.

Pode ocorrer também namoros entre espíritos de texugo, cuja


principal característica é o desejo carnal, ou a satisfação
de apetites inferiores. No mundo, tais pessoas são
chamadas de maníacos sexuais.
201
Há ainda o caso da encarnação do espírito de dragão-mulher. Nestas
condições, as mulheres cultivam um namoro espiritual; são
indeferentes às relações físicas. Se manifestarem, contudo,
excesso de apego, é porque nasceram com o espírito de
cobra. Estas são, no geral, mulheres frígidas,que
demonstram repugnância ao sexo e, por isso, não gostam
nem de ouvir falar de casamento. É por esse motivo que, muitas
vezes, acontece de certos noivados acabarem quando está
próxima a concretização do enlace matrimonial. Geralmente
uma das partes adoece ou morre.

No caso dos encostos, ou de reencarnações de espíritos de cobra ou


dragão, as mulheres permanecem solteiras, mas, em
contrapartida, se destacam em vários campos de atividade
humana. Conseguem fama e notoriedade. Possuem caráter
firme, são valentes e aclamadas como heroínas. Nessas
situações, quando muito intelectualizadas, manifestam
espírito de texugo.

Tudo o que acabei de falar está relacionado à composição da vida


no Mundo Espiritual e à maneira como agem, nesse plano,
os espíritos.

6.8 - Amortecimento corporal

Ministro — Um membro recebeu o Ohikari em 1950. Antes de


ingressar na fé, já era meio perturbado, sua cabeça não
funcionava bem. Quando começou a receber Johrei, passou a

202
sentir amortecimento na ponta dos dedos; não obteve,
portanto, melhora alguma.

Então, influenciado pelos pais e parentes, foi internado no hospital


da faculdade de medicina. Após ser examinado,
diagnosticaram atrofia muscular e o declararam incurável.
Deixou, por isso, o tratamento médico, voltou a receber
Johrei e a dedicar. Mesmo assim, agora está com o corpo
completamente adormecido; não consegue mais
movimentar-se. Parece-me existir alguma causa espiritual. O
que é isso?
Meishu Sama — Em qual dos dedos começou o amortecimento?

Ministro — Em todas as pontas. Partindo da terceira falange, foi-se


espalhando, pouco a pouco, até atingir o corpo inteiro.

Meishu Sama — É um problema espiritual. Trata-se de encosto de


espírito que se suicidou com veneno muito forte e causador de
um amortecimento total. Quando acontece esse tipo de
situação, no começo a pessoa ainda tem força, mas
gradativamente vai sendo dominada até perder por
completo o controle, de tal forma que o espírito encostado
assimila o corpo da pessoa, passando ambos a constituir
um único ser. Ocorre uma espécie de transformação
metabólica. Quem se torna vítima de um encosto desses
assume o mesmo estado em que o espírito se encontrava no
momento da morte.

Não estou dizendo, porém, que seja uma doença incurável. A


medicina é que não entende desse problema.
203
Em primeiro lugar, deve-se ministrar Johrei na cabeça com
bastante paciência, tendo bem claro na mente que a Luz
está queimando o veneno do espírito encostado. Eu já
tratei de um caso semelhante. Era uma pessoa que, de vez
em quando, ficava com o corpo paralisado devido ao encosto
de um desses espíritos. No início aplicavam-lhe injeções e
ela obtinha uma melhora temporária, mas depois o período
de amortecimento corporal foi-se prolongando. Aí vieram me
procurar. Nessa época, eu estava começando a praticar
curas através do Johrei e ainda não sabia muito bem como
lidar com casos iguais a esse. Ministrava Johrei, a pessoa
melhorava um pouco e desaparecia. Foi também o caso
desta com a qual não tive mais contato. Soube, contudo, mais
tarde que realmente se tratava do encosto do espírito de
alguém que cometera suicídio ingerindo veneno.

Ministro — O Senhor disse que nesses tipos de problema,


aplicando-se injeções, a pessoa melhora temporariamente.
E o espírito encostado, como fica?

Meishu Sama— Permanece do mesmo jeito. O que, na verdade,


altera é a parte física, quer dizer, o amortecimento é apenas
corporal. O remédio, por sua vez, provoca um tipo de reação
contra a paralisia que ocorre, quando o estado do espírito
encostado se reflete no corpo físico da vítima.

No Ocidente tais manifestações espirituais existem desde tempos


antigos e têm sido exploradas nos romances. (Em O Conde de
Monte Cristo, por exemplo, a personagem toma remédio
204
e perde a consciência). Em tais casos, ou seja, ao surgirem
sintomas de amortecimento, os ocidentais têm sempre à mão
um medicamento, pois, se não os tomarem, infalivelmente
desmaiam.

Ministro — O remédio, a meu ver, força a dilatação da veia. Por


que uns despertam e outros ficam adormecidos? Cada
veneno produz reações diferentes?

Meishu Sama— Não é isso. No caso específico do romance, a


personagem estava na cadeia. Quando tomava remédio,
perdia a consciência. Nunca, porém, se sabe exatamente
qual é o efeito de um medicamento.

Ministro — Eu acho estranho e curioso esse fenômeno.

Meishu Sama— Essas manifestações ocorrem mais ou menos


assim: se você tem sono e coloca na boca uma pimenta, vai
arder e fazê-lo despertar. Da mesma forma, existem no
Ocidente certas drogas que causam amortecimento e outras
que temporariamente o tiram.

Foi também a partir desses efeitos que se criou a superstição dos


remédios. Não se pode negar, contudo, terem eles, de fato,
uma eficácia extraordinária, embora não sejam capazes de
produzir curas definitivas, apenas momentâneas.

Ministro — O tratamento de choque, feito em doentes mentais,


segue a mesma conduta de amortecer ou despertar?

205
Meishu Sama— A lógica é mais ou menos essa. Quando eu era
jovem, tomava um antitérmico (antipirine) que causava uma
dependência terrível. Certa vez o substituí por outro e me
senti muito mal. Passei a noite inteira tendo coceiras no
corpo todo, não conseguia ficar quieto; muito agitado,
pulava de um lado para o outro. Logo de manhã, fui para o
médico, que me disse: "Já entendi, você tomou outro
remédio". Administrou-me, então, o antipirine e, mais ou
menos trinta minutos depois, não sentia mais nada. Como se
pode ver, o remédio é, ao mesmo tempo, maravilhoso e
terrível, pois bloqueia o sintoma da doença criando um
estado aparente de cura, que leva o enfermo a pensar que,
de fato, reconquistou a saúde. Puro engano!!!

Normalmente, também, as pessoas entendem que os remédios


ingeridos vão ser eliminados. Grande erro!! A maior parte
deles permanece no organismo.

6.9 - Influência de antepassados

Outro engano é pensar que os sofrimentos causados pelas


doenças têm como causa as máculas dos
antepassados. Pode, até certo ponto, haver alguma razão
de ser, mas a origem da maioria deles está, de fato, nas
toxinas dos remédios. Estas é que criam nuvens no corpo
espiritual. Sempre leio testemunhos nos quais as pessoas
confessam ter cometido muitos erros, mas, na verdade, o
que possuem mesmo são toxinas numa proporção de dez a
vinte vezes mais do que pecados.

206
PROPOSIÇÃO FINAL

Prosseguir

Agora que já
Conheces o amor infinito de Deus,
Tira do coração a mortificante tristeza.

Envolto estás
Pela aura divina inteiramente.
Vive então feliz neste jardim primaveril!

Não te desvies
Do caminho a trilhar. Eia! Avante!
Abraça a missão que te cabe executar!

207
ADENDO

Meishu Sama

É o fundador da Messiânica. Nasceu na parte mais oriental de


Tóquio, capital do Japão, no bairro de Hashiba, em 23 de
dezembro de 1882. Até os 40 anos de idade, foi um homem
comum, que se dedicava a atividades comerciais e a estudos
artísticos.

Em 15 de junho de 1931, recebeu de Deus não só a revelação de que


estava aproximando-se a Era do Dia, marco inicial de uma
nova civilização, mas também toda força necessária para
ensinar como podem ser eliminadas, do mundo todo, as
causas das doenças, misérias, conflitos, sofrimentos esses
que, há muito tempo, vêm afligindo a humanidade,
impedindo-a de ser feliz.

Então, a partir de 15/06/31, Meishu Sama passou a dedicar-se


inteiramente à propagação dos Ensinamentos que lhe foram
transmitidos por Deus, com objetivo de proporcionar aos seres
humanos os meios corretos para o estabelecimento de uma
vida repleta de saúde, abundância e paz, plena de Verdade,
Virtude e Beleza.

Johrei

É um método de canalização de Luz através da palma da mão.


Essa Luz resulta inicialmente da junção de duas energias:
espírito do fogo (Kasso) e da água (Suisso), os quais, ao
208
penetrarem no interior de um ministrante (pessoa que aplica
Johrei), se unem ao espírito da terra (Dosso) do qual é feito
o corpo humano, formando uma Luz única que, ao ser
irradiada através da palma da mão, tem o poder específico
de queimar máculas e eliminar toxinas. Por isso, o Johrei é
um ato possível somente pela comunhão entre Deus e o
homem.

Messiânica

Não é simplesmente uma religião. Naturalmente, ela tem uma parte


mística, mas não se restringe só a esse aspecto. Seu principal
objetivo é a salvação da humanidade, estando, por isso,
fundamentada em princípios que visam a criar felicidade. É,
pois, uma tarefa sem precedentes na história mundial.

Portanto seu principal objetivo é despertar os homens para o poder de


Deus sobre todas as criaturas, princípio esse, por longo
tempo, adormecido. Não se trata, contudo, de um trabalho
fácil, porque a maioria dos povos civilizados, tendo a alma
fascinada pela Ciência, negligenciou a existência de Deus.
Daí ser necessária uma força supra-humana para sacudir as
mentes e os corações. A esse prodígio renovador, Meishu
Sama denominou milagres. São ocorrências comuns na fé
messiânica e operadas pelo poder absoluto de Deus
Supremo, que realiza transformações extraordinárias nos
seres humanos, fazendo-os ingressar numa nova era de
prosperidade.

209
GLOSSÁRIO

Agricultura da Grande Natureza: é uma maneira natural de


cultivo do solo, mostrado por Deus a Meishu Sama. De
acordo com essa revelação, a própria terra, associada à
energia solar e lunar, bem como à ação da água, já contém
todos os elementos indispensáveis à fertilização e
desenvolvimento das plantas. Tem também idêntica
competência para produzir a energia necessária ao
fortalecimento da vida do ser humano, a fim de que ele possa
cumprir plenamente a missão para a qual foi destinado neste
mundo. Quando o homem ingere alimentos contaminados por
elementos químicos presentes nos adubos e inseticidas,
automaticamente se intoxica. Mesmo em pequena
quantidade, essas substâncias penetram no sangue e
produzem toxinas que se acumulam no corpo, ao longo dos
anos. Em conseqüência, formam-se nuvens na parte
espiritual e lentamente a saúde vai sendo abalada.

Amatsu Norito: ou oração do Céu. É composta de uma


combinação de sons que geram energia com poder de
purificar o espaço, possibilitando a ligação entre o Céu e a
Terra, Deus e o homem.

Amida: divindade lunar que chefiou, durante a Era da Noite, o


Joodo, reino espiritual que se encontra na direção oeste.
Segundo uma idéia bem antiga, como o Sol nasce no leste e
morre no oeste, da mesma forma, o espírito humano, após a
morte, vai para o Joodo (no oeste), tendo sido, por
conseguinte, salvo por Amida.
210
Bosatsu: (Bodhisattva em sânscrito) Na sua origem, a palavra é a
própria pronúncia sânscrita representada em kanji (escrita
chinesa). Denomina o ser humano que procura a iluminação
(satori). Historicamente, a idéia de bosatsu desenvolveu-se
ao lado do Budismo Mahayana (daijo), há mais ou menos
dois mil anos. Enquanto o pensamento budista mais vertical
(shojo) limitava a denominação de bosatsu apenas à vida de
Sakiyamuni em reencarnações anteriores, o Budismo
Mahayana começou a usá-la para se referir a todos aqueles
que procuram a iluminação.

Daijo: palavra japonesa formada por dai (= grande) e jo (= veículo).


Significa, portanto, grande veículo, ou seja, visão ampla,
horizontal.

Era Meiji: (1868-1912) período de reinado do Imperador Meiji


(Japão).

Espírito da Água: é, na verdade, a energia advinda de suisso,


partícula essencial proveniente da Lua. Durante os mais ou
menos três mil anos da Era da Noite, o seu poder
prevaleceu, dominando e encobrindo kasso.

Espírito da Terra: força emanada do centro do Globo Terrestre. Origina-


se de dosso, partícula essencial que entra na formação da Terra.
O poder de dosso foi sempre ignorado e, por isso, o solo
continua, até hoje, sendo considerado apenas como uma
massa composta de areia e barro, que não contém nada
especial. Vem daí a idéia do adubo químico ou orgânico e o
211
desconhecimento total de que o verdadeiro fertilizante é dosso.

Espírito do Fogo: energia não material, originária de kasso, cujo


significado é essência de uma partícula proveniente do Sol. Essa
energia, comumente chamada de Espírito do Fogo,
corresponde, na realidade, à Bola de Luz que estava com
Meishu Sama na Terra e ainda continua com Ele no Mundo
Divino, aumentando, cada vez mais, em tamanho e
potencialidade, até envolver, um dia, o Universo inteiro, tanto
o imaterial, quanto o físico. Na verdade, kasso é a própria Luz
do Johrei que queima as máculas espirituais e dissolve as
toxinas do corpo humano. Muitas vezes, por isso, quem
recebe Johrei sente calor refletido até fisicamente. A luz de
kasso geralmente é vista na cor branca, semelhante à dos raios
solares. Produz sempre muita alegria no coração, alívio
interior, e faz brotar um intenso amor a todos os seres,
traduzido num sentimento misericordioso que supera a
dualidade Bem / Mal, certo / errado norteadora das
atitudes humanas.

Do ponto de vista religioso, a expressão "batismo pelo fogo"


simboliza a purificação por meio da luz de kasso.

Ainda, com relação ao poder de kasso, Meishu Sama profetizou, há


cinquenta anos, o aquecimento do Globo Terrestre em
conseqüência do aumento dessa luz.

Por desconhecerem o fato, cientistas e ecologistas tentam atualmente


explicar que o aumento da temperatura se deve à
concentração de gás carbónico (CO2) na atmosfera, teoria
212
esta incompleta, pois falta-lhe, ainda, considerar a revelação
divina.

Ikebana: maneira de manifestar, através de arranjos florais, o senso


de beleza. É uma forma de arte tridimensional, bem próxima da
escultura, que busca criar um espaço artístico, utilizando
conjuntamente flores, vasos, cestas, ambiente e espaço.

Jashin: entidades negativas que contestam a Luz da Era do Dia e, por


isso, atrapalham, de todas as formas possíveis, aqueles que
procuram a verdade.

Kakuryo no Ookami: divindade que governa o Mundo Astral ou


Espiritual. Julga de acordo com o Bem ou o Mal praticado e
salva o espírito.

Kampoo: método de medicina chinesa que utiliza remédios extraídos


de ervas, cascas, raízes, insetos, animais e minerais. Surgiu
durante a dinastia Han (206 a.C - 220 d.C).

Kannon: Avalokitesvara em sânscrito. De acordo com a origem do


nome, é uma divindade tanto masculina, quanto feminina
que, observando todas as Leis regentes do Universo, salva
livremente os povos. Dessa forma, quando Seu nome é
pronunciado, prontamente vem em socorro daquele que O
invocou. Dependendo do auxílio solicitado, pode manifestar-
Se de forma diferente em qualquer parte do mundo. É
reverenciado desde tempos remotos, especialmente no
mundo oriental. Sempre responde às necessidades imediatas,

213
quer dizer, àquilo que o ser humano está, de fato, precisando
no momento.

Kenshinjitsu: máximo grau de sabedoria possível de ser atingido.


Quem chega a esse nível consegue enxergar a realidade
presente, passada e futura, transcendendo, dessa forma, a
noção de tempo e espaço.

Kunitokotachi no Mikoto: é a denominação japonesa do Deus


Ushitora que, de acordo com o Ofudesaki, Se manifestou
através de Nao Deguchi, fundadora da Oomoto.

Em épocas mais remotas, foi cultuado como o Deus ancestral da


humanidade e governante da Terra. Sempre foi temido por
muitos outros deuses pelo Seu enorme senso de justiça e
grande poder.

Máculas: o mesmo que nuvens espirituais.

Makoto: palavra japonesa que não tem uma tradução exata. A


idéia que contém é a seguinte: levar em consideração, em
primeiro lugar, os outros; depois a si mesmo. Daí expressar
um conceito amplo de amor ao próximo.

Mamehito: palavra japonesa formada por mame (= verdadeiro) e hito


(=homem). Engloba, pois, em seu significado, todo aquele
que se inicia na Messiânica, estuda e pratica os
Ensinamentos de Meishu Sarna, procurando tornar-se uma
pessoa possuidora de makoto, um homem verdadeiro,
cheio de amor, sinceridade e autenticidade.
214
Nuvens Espirituais: são máculas ou impurezas que recobrem a
alma (centelha divina do ser humano), geradas pela
violação dos princípios da Lei de Deus. É um processo
semelhante ao que ocorre no plano físico onde, muitas
vezes, as nuvens recobrem os raios solares, impedindo-os
de iluminar a Terra. Da mesma forma, quando uma pessoa
possui muitas nuvens espirituais, não tem capacidade para
discernir entre o Bem e o Mal, o certo e o errado, porque lhe
falta Luz.

Nyorai: (Tathagata em sânscrito). Denominação de qualquer buda


ou iluminado que, seguindo o caminho da elevação, já
atingiu o Nirvana ou, de um modo mais geral, todas as
pessoas que já tenham atingido a verdade absoluta.

Ofudesaki: livro psicografado por Nao Deguchi, fundadora da


religião Oomoto, no qual estão expostos os fundamentos
da doutrina.

Ohikari: palavra japonesa que significa Luz Divina. É também para os


messiânicos um símbolo físico da Luz que cada mamehito
carrega no coração e com a qual pode ajudar aos semelhantes.
Nesse sentido, é composto de um estojo em forma de medalha
onde está acondicionado um pequeno pedaço de papel que
traz escrito o ideograma Luz.

Oomoto: religião fundada por Nao Deguchi no Japão (1892 - ano 25


da Era Meiji). Sua sede fica em Ayabe, província de Kyoto.

215
Purificação: ato de limpeza de máculas do espírito e toxinas do
corpo. É realizada pelas doenças, por sofrimentos ou
infortúnios com os quais o homem se depara durante a vida
terrena.

Sakiyamuni: fundador do Budismo (566-486 a.C).

Satori: palavra japonesa muito usada no Zen-budismo. Significa


despertar ou acordar a consciência divina no ser humano.
Quem atinge o estado de satori já é um iluminado.

Shojo: palavra japonesa formada por sho (=pequeno) e jo (=veículo).


Significa, portanto, pequeno veículo ou, simbolicamente, visão
vertical, restrita.

Soonen: palavra japonesa composta de soo (=idéia) e nen (desejo).


Significa, portanto, um pensamento associado à vontade, ao
amor, formando, no conjunto, um sentimento único que gera
uma força extraordinária direcionada para o bem, capaz de
resolver qualquer problema.

Sunao: palavra japonesa que engloba as acepções de obediência,


honestidade, franqueza, naturalidade, meiguice,
simplicidade, docilidade.

Tenrikyo: religião ligada ao Xintoísmo iniciada no Japão por Miki


Nakayama e oficialmente reconhecida em 1908.

Tieshokaku: palavra japonesa formada por tie (= sabedoria) e


shokaku (= certo, correto). Significa, na interpretação de
216
Meishu Sama, profunda capacidade de discernimento que
vai permitir a distinção entre Bem e Mal, certo e errado.

Yang: palavra chinesa. Indica a polaridade positiva ou masculina


presente no Universo. Corresponde à essência do Sol, do dia,
do céu, do homem, do verão, do calor, do leste e do norte.
Só se concretiza quando ligada ao seu oposto yin.

Yin: palavra chinesa. Indica a polaridade negativa ou feminina


presente no Universo. Corresponde, na verdade, à essência
da Lua, da noite, da Terra, da mulher, do inverno, do frio, do
sul e do oeste. Está sempre ligada ao seu pólo oposto, yang,
sem o qual não existe.
Yukon: origem primordial da partícula divina presente em cada ser
humano. Como fonte originária, permanece no Mundo
Espiritual, onde pode subir ou descer de nível, dependendo
do comportamento humano no Mundo Material.

Zen-budismo: é uma ramificação do Budismo difundida,


inicialmente, na China. Mais tarde, foi divulgada no Japão
de uma forma muito peculiar, diferente da chinesa. Trouxe
uma contribuição marcante para a cultura tipicamente
japonesa, tendo exercido grande influência na arte de
cozinhar, na pintura, na caligrafia, no ritual da cerimônia do
chá, na feitura de ikebanas, entre outras.

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Leia também outras publicações da Lux Oriens Editora Ltda

A Arte do Johrei

Este livro, traduzido por Minoru Nakahashi, contém Ensinamentos


de Meishu Sama sobre o poder do Johrei, entendido como
a Luz de Deus, canalizada através das mãos, que traz
inúmeros benefícios a quem dela usufruir, tais como cura
de doenças, fortalecimento da saúde física e espiritual.

Por outro lado, quem o ler, poderá adquirir habilidades


específicas na prática do Johrei, bem como colher
resultados surpreendentes na solução dos inúmeros
conflitos que diariamente assolam o mundo e a vida
particular de cada pessoa.

O Mistério da Grande Natureza

Este livro propõe uma nova maneira de tratar a terra, através da


prática da agricultura sem agrotóxicos, quer de origem
química, quer orgânica. De outra parte, oferece também ao
consumidor orientações básicas de como conseguir uma
alimentação mais saudável.

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LUX ORIENS
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Este livro foi composto pela Lux Oriens Editora Ltda e impresso
pela Bartira Gráfica e Editora em papel Pólen Soft 80 g/m2 da
Cia. Suzano de Papel e Celulose, em junho de 2002.

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