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Hardware

PC&CIA # 81 # Abril 2008

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índice
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Editora Saber Ltda.
Diretores 16
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Thereza M. Ciampi Fittipaldi
MECATRÔNICA
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21
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Newton C. Braga,Victor Luiz de Marchi
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Capa 8
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Fone: (11) 2095-5335/Fax: (11) 2098-3366 Laser Semicondutor 10
Atendimento das 8:30 às 17:30 h Cientistas de Harvard desenvolvem Laser
Semicondutor altamente direcional

Associado da:
Fontes de Alimentação Simples 12
Aprenda como funcionam as fontes de alimentação básicas e
alguns circuitos simples para projetos mecatrônicos

Associação Nacional dos Editores de Revistas


Neurônios Eletrônicos 16
Análise sobre as novas tecnologias
e máquinas inteligentes

Associação Nacional das Editoras de Relé de tempo 21


Publicações Técnicas, Dirigidas e Especializadas.
Veja um circuito de pequenas temporizações
alimentado por pilhas ou baterias

Robô Móvel 24
Confira o desenvolvimento de um projeto
controlado remotamente via web
n notícias

Robo

Fotos: Fernando Cavalcanti


Confira as atrações da segunda
edição da Campus Party brasileira
Anote na sua agenda o maior encontro de Internet e
cultura digital do planeta

A Campus Party acontecerá entre decorrer do evento um robô totalmente uma utilização standard de código
os dias 19 e 25 de janeiro, no Centro composto por tecnologias livres de aberto na robótica e acreditamos que
de Exposições Imigrantes, em São software. O projeto deste mecanismo na Campus Party poderá surgir a pri-
Paulo. O evento contará com acesso ficará disponível para download meira”, afirma Branco.
à banda individual de Internet mais e, consequentemente, o protótipo Na área de Astronomia, os orga-
rápida do mundo (10 Gb), proporcio- poderá ser criticado e melhorado nizadores do evento estarão emba-
nada pela Telefonica, além de ativi- pelos “campuseiros”. O diretor-geral lados pelo “Ano Internacional da
dades como palestras, workshops e do evento, Marcelo Branco, confirma Astronomia” que comemora os 400
competições. que o aumento das redes sociais, anos das primeiras observações do
Entre os acontecimentos previs- blogs e semelhantes mostra que atu- céu feitas por Galileu Galilei. 2009 foi
tos estão: ‘Oficina Microsoft Robótica almente o internauta prefere interagir eleito o ano da Astronomia pela ONU
Studio’, ‘Oficina de Programação com a ser passivo neste processo. A era (Organização das Nações Unidas),
Robotino - Festo’, ‘Palestra de Micro- dos portais acabou! Cada módulo União Astronômica Internacional
blogs’, ‘Palestra sobre como arma- do “robô livre” será independente (IAU) e UNESCO (Organização das
zenar Energia solar’,’Campeonato de dos demais e controlado por TCP/ Nações Unidas para a Educação, a
ProSoccer On Line’, ‘Minicurso de IP (Transmission Control Protocol e Ciência e a Cultura); e a programa-
Visão Robótica’ e muito mais. Internet Protocol) através do sistema ção da Campus Party será eclética.
Outra grande atração estará na operacional Linux. “Nós nos permi- Ela trará desde a exposição de arte
área de robótica, que irá construir no timos sonhar alto. Ainda não existe “Sobre os céus” até a proposta de

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notícias n

Dia-a-dia na Campus Acomodações dos campuseiros Marcos Pontes em


Party Brasil na edição 2008 palestra

uma criação transversal. Reunindo as explica que se trata de uma ação de aprender a usar as redes sociais, a
divisões de Robótica e Desenvolvi- inclusão digital: “Entidades, empresas, exemplo do Orkut e MySpace, wikis,
mento, além da Astronomia, o projeto escolas, sindicatos, grupos de melhor blogs, nanoblogs, gadgets, folksoni-
consiste na elaboração de um obser- idade, qualquer um pode participar. A mia, entre outras ferramentas de cola-
vatório coletivo com livre acesso na idéia é que as pessoas incluídas levem boração.
Internet. Os visitantes interessados até o Campus Party conhecidos, fami- Para os interessados o preço do
em Astronomia poderão contar com liares, empregados que nunca usaram ingresso custa R$ 150 com o pacote
a agenda cheia, como a oficina ‘Brin- o computador. Queremos incentivar de alimentação opcional no mesmo
cando com astronomia’, ‘Observações os empresários a levarem seus fun- valor. Já para os visitantes da área
do céu com telescópios remotos’ e cionários”, diz. Expo a circulação será livre, porém
‘Planetários e tecnologia digital’. E para as pessoas que já tiveram será necessário fazer a retirada do
Já para aqueles que nunca tiveram o seu primeiro contato com a informá- convite no Centro de Exposições Imi-
a oportunidade de conhecer as tecno- tica mas não vão muito além dos e- grantes. Serão 38 mil M2 para a sede
logias e avanços que um computador mails e comunicadores instantâneos, do encontro onde a capacidade é de
pode porporcionar a Campus Party será feito o Batismo Digital 2.0, que seis mil campuseiros, onde ficarão
apresentará o Batismo Digital 1.0, mostrará como a rede pode ser uma acampados e conectados 24 horas ao
que dará noções básicas sobre o uso ferramenta decisiva na vida pessoal e longo da semana para trocar experi-
de PCs. O diretor de Conteúdos da profissional. No Batismo 2.0, Amadeu ências e compartilhar conhecimentos
Campus Party Brasil, Sérgio Amadeu, adianta que os inscritos poderão das diversas áreas tecnológicas.

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n notícias

Honda cria perna robótica para


auxiliar usuários a caminharem
Dispositivo reduz
carga corporal e alivia
cansaço através de apoio
suplementar para o corpo

A Honda divulgou em novembro capacitando o controle com o movi-


sua nova tecnologia, capaz de ajudar mento das pernas.
um indivíduo a andar, além de subir A empresa iniciou investigações
e descer escadas. O dispositivo foi sobre um dispositivo auxiliar de camin-
concebido para pessoas capazes de hada em 1999, com o objetivo de pro-
caminhar e pode beneficiar a popula- porcionar maior mobilidade às pes-
ção como apoio suplementar para as soas com dificuldades de locomoção.
pernas e corpo. Na época, ele havia sido projetado
O equipamento contém dois mo- para pessoas com pernas e músculos
tores acionados por baterias recar- enfraquecidos.
regáveis de íons de lítio e sua carga Hoje, com a modelação do pro-
de bateria é suficiente para proporcio- jeto, o caminhar natural é alcançado
nar uma autonomia de duas horas. através da alteração do montante de
Com um peso de 6,5 kg, a perna prestar assistência à força aplicada
robótica auxilia trabalhadores a exe- para as pernas direita e esquerda
cutarem suas tarefas em pé, reduzin- por meio do controle de dois motores
do a carga sobre os músculos e articu- baseados nas informações obtidas,
lações inferiores (no quadril, joelhos e embora os sensores sejam embutidos
tornozelos), apoiando uma porção da no sapato do dispositivo.
massa corporal do usuário. Esta pesquisa foi conduzida pelo
Com uma estrutura simples que Centro de Pesquisa de Tecnologia
consiste de banco, moldura, e calça- Fundamental Honda R & D Co. e ava-
Perna robótica desen-
dos, ele possui um mecanismo que lia a eficácia do modelo experimental
volvida pela Honda
direciona a força auxiliar do usuário em ambientes reais como residências
em direção ao centro de gravidade, e fábricas.

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Veículo esportivo acadêmico é


desenvolvido por apenas 480 reais
Preofessores e alunos da Ulbra apresentam seu
projeto Avus, desenvolvido ao longo de 2008

O Avus, protótipo projetado e foi ganho na Maratona de Eficiência


desenvolvido pelos alunos e profes- Energética de São Paulo, quando
sores do curso de Engenharia Auto- o projeto de um veículo econômico
motiva da ULBRA - Universidade (Camelo) se consagrou campeão.
Luterana do Brasil, já está em fase Além disso, algumas empresas do
de testes. O projeto foi desenvolvido setor automotivo se engajaram no
ao longo de 2008 e já está rodando projeto Avus e forneceram sistema
pelas pistas. “É um esportivo de dois de injeção eletrônica, eletrônica
lugares com suspensão dianteira embarcada, tubos e painel.
embarcada e injeção programável. Alguns ajustes ainda devem ser
Após a finalização teremos a certeza realizados. A idéia dos desenvol-
de que estávamos no caminho certo”, vedores agora é conseguir um par-
comenta o coordenador do Laborató- ceiro para financiar, principalmente,
rio, professor Luiz Carlos Gertz. Ele a carenagem. O veículo depois de
ainda completa que a maior satisfa- pronto contará ainda com um motor
ção é poder acompanhar o envolvi- traseiro com potência de 116 HP e
mento de seus alunos. Os primeiros menos de 750 kg. Segundo Gertz,
testes realizados em pista compro- se tudo der certo, em dois ou três
varam tratar-se de um veículo com meses ele estará finalizado. Entre-
motor potente e mais leve do que os tanto, a “brincadeira” de construir um
demais da categoria. carro de gente grande não pára por
Em sua fabricação foram utiliza- aqui. O professor já pensa em novos
das doações e prêmios que a equipe desafios como projetar um carro com
do Laboratório de Engenharia Auto- o motor dianteiro. Mas isso é assunto
motiva da ULBRA recebeu nos últi- para as próximas turmas de Protóti-
mos semestres. O motor de Astra pos Automotivos!
Últimas vistorias no Avus

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Alunos conferem palestras sobre


mercado de trabalho no Isa Show

“Dia do Estudante
Membro” da Isa
contou com a presença
de Nelson Ninin e
Cláudio Garcia

Durante o Isa Show, no Expo Center carreira dos estudantes e como o O Isa Show é considerado o maior
Norte, os estudantes tiveram a oportu- networking pode ser importante para evento de automação da América
nidade de conferir o “Dia do Estudante futuras negociações. Latina e é promovido pela ISA Dis-
Membro da Isa”. O evento aconteceu No auditório reservado aos estu- trito 4. O evento já está em seu XII
no dia 19 de novembro e contou com dantes estavam presentes os inte- Congresso e foi realizado entre os
palestras proferidas por especialistas grantes da equipe da Seção Estudantil dias 17 e 19 de novembro, em São
do setor de Automação e Controle, Isa Poli, que ficou entre as melhores Paulo, no Expo Center Norte.
além de executivos das empresas colocadas na competição acadêmica: Na edição de 2007, cerca de 13
expositoras do Isa Show. Seu objetivo International Student Games em mil pessoas prestigiaram o evento.
foi contribuir para o desenvolvimento e Houston, Estados Unidos. Nas pales- Para este ano a expectativa foi rece-
transferência de conhecimentos para tras haviam cerca de 50 estudantes de ber 15 mil visitantes tanto do Brasil
os participantes. todo o país. como do exterior.
Entre os palestrantes estava o dire- Um deles, Matheus Otero, 19 Com 20 mil metros quadrados o
tor da Yokogawa e da Abinee, Nelson anos, acredita que sua vinda da Praia show teve destaque para a indús-
Ninin, que relatou as necessidades do Grande colaborou em seu currículo tria de processos, manufatura, auto-
mercado internacional e a forma como pelo o fato da feira ser uma organiza- mação predial, energia, óleo e gás,
um concorrente ao cargo de gerente, ção séria. Já é o segundo ano que ele papel e celulose, saneamento, meio
diretor ou engenheiro deve comportar- comparece junto com seus colegas do ambiente, sistemas embarcados,
se frente a uma nova oportunidade. “É ramo de automação do Centro Fede- tecnologia da informação, gestão
preciso conhecer a história da empresa ral de Educação Tecnológica (CEFET) empresarial, pesquisa, ensino e tec-
em que se deseja entrar, para onde e da área de automação do Serviço nologia.
ela está caminhando e quais serão Nacional de Aprendizagem Industrial
seus próximos passos para dessa (Senai), de Santos, para obter maiores Nelson Ninin palestrante
forma penetrar nessa estrutura” afirma conhecimentos sobre as tecnologias do evento Isa Show
Ninin. Para o mercado de trabalho é existentes.
necessário planejar cada situação, Luciana Vieria, 17 anos, também
não somente no setor de automação. se deslocou de Botucatu para confe-
A empresa tem que saber que pode rir o “Dia do Estudante”. A aluna do
contar com você para tudo, conclui. curso de Elétrica da escola Senai diz
Outro palestrante foi o Profes- ter gostado da feira e ser uma das
sor Doutor da Escola Politécnica da única meninas, tanto de sua turma
USP, Cláudio Garcia, que teve como de életrica como dos jovens, que
tema “Como preparar o engenheiro vieram para o local despertados pela
do futuro”. Ele reforçou as palavras a curiosidade de conhecer as empre-
de Ninin sobre o planejamento de sas presentes.

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notícias n

Microsoft Corporation lança


Robotics Developer Studio 2008
Plataforma de desenvolvimento de software permite
simplicação por ampla variedade de hardware
Durante a Conferência e Expo sões anteriores. “Esta versão é uma A ABB, uma das maiores forne-
RoboDevelopment, que aconteceu em demonstração do nosso empenho em cedoras de software e robótica para
18 e 19 de novembro no Centro de apoiar o investimento e surgimento robôs industriais, está entre as pri-
Convenções Santa Clara, Califórnia, de novas comunidades robóticas”, meiras empresas a liberar um pacote
a Microsoft Corp. anunciou a disponi- disse o gerente geral do Microsoft conhecido como Conectividade ABB,
bilidade geral do Microsoft Robotics Robotics Group, Tandy Trower. Ele estabelecendo uma relação com o
Developer Studio 2008 (Microsoft ainda afirma que a Microsoft obtém Microsoft Robotics Developer Studio
RDS), uma nova versão da plataforma uma resposta positiva para os forne- 2008. Esta esfera cria um ambiente
de programação robótica. cimentos da empresa e possui espe- virtual para fins educacionais,
A plataforma inclui melhorias a ranças em prover uma base comum podendo vir a ensinar estudantes a
ponto dos desenvolvedores poderem e catalisadora para o futuro da robó- projetarem e implementarem a robó-
definir de forma mais específica a tica pessoal. tica virtual. O pacote também contém
comunicação entre os serviços, redu- O objetivo da Microsoft RDS é todos os serviços necessários para
zindo a utilização da rede e otimiza- proporcionar um terreno comum para construir um robô virtual completa-
ção do processamento de dados. contribuir com a participação de toda mente controlado.
Além de vantagens na Programação a comunidade. Até o momento, mais
Visual Language (VPL) e na ferra- de 250.000 cópias do Microsoft RDS
menta Visual Simulation Environ- já foram transferidas e mais de 60 Maiores Informações
ment (VSE). companhias de hardware e software
Este é o terceiro lançamento do de apoio utilizarão a plataforma como acesse: www.microsoft.com/robotics
Microsoft RDS e baseia-se nas ver- parte de seus produtos.

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n notícias

Robo
Jeef Eckert

Limpeza nas próximas


linhas de robôs
Normalmente associamos os ro- Com uma taxa de proteção (IP)
bôs industriais a tarefas pesadas com nota 67 (proteção contra poeira,
como engraxar, pintar e outras ativi- selado contra água do mar ou jatos po-
dades menos higiênicas, mas a em- tentes), ele é ideal para trabalhar com
presa “Kuka” oferece uma linha de alimentos, medicamentos e outros pro-
máquinas para salas limpas, aplica- dutos médicos. Mas, caso você preci-
ções médicas, manuseio de alimen- se de uma máquina para operar num
tos etc. ambiente fortemente congelado, po-
Um exemplo recentemente intro- derá optar pelo o KR 180-2 PA Ardtic.
duzido foi o KR 15 SL , “o único robô Ele opera em temperaturas até -30º C
articulado feito exclusivamente de sem a necessidade de aquecedores
aço sem estanho em todas as suas ou outros dispositivos semelhantes.
superfícies,” tornando-o aplicável em Tudo isso você pode encontrar na li-
caminhos com altos requisitos de hi- nha inteira de robôs incluindo quatro,
gienie, esterilização e ausência de cinco ou seis eixos no site da empresa:
contaminação por partículas. www.kuka.com.

Robô é capaz de manusear


alimentos e medicamentos
Cortesia da Kuka Robotics

Transportador de
Serviço Pesado
Na maioria das aplicações da dores utilizados em operações de que o mantém em funcionamento,
indústria robótica, miniaturização é mineração. incluindo receptores GPs, localizado-
o nome do jogo, mas não é assim Entre eles, está o caminhão res larses e sensores visuais. Para
para a Caterpillar Inc., que está tra- transportador 793D que pode carre- 2010 diversos desses equipamentos
balhando juntamente com o Instituto gar cargas de mais de 240 toneladas já estão agendados para operar em
de Robótica da Carnegie Mellon. O e possui um peso bruto estimado minas pertencentes a BHP Billiton,
intuito dessa junção é desenvolver em 700 toneladas. O veículo é equi- que espera ser a maior companhia
versões de caminhões transporta- pado com uma série de dispositivos mineradora do mundo.

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notícias n
Lançamento do
Robô Planta
Estranhamente não existem es- um mecanismo não especificado. Além
pecificações técnicas, mas o labo- disso, se curva em direção às pessoas
ratório de robótica da Chonnam Na- que se aproximam a menos de 40 cm,
tional University (www.jnu.ac.kr/en) e seus brotos abrem.
da Coréia, diz ter desenvolvido uma A flor também abre e dança ao
planta robótica que, por diversos som de uma boa música. De acordo
motivos, é preferível em relação às com o idealizador do projeto, Park
plantas de raiz. Jong-ho, ‘trata-se de uma maneira
O que nós sabemos é que ela de introduzir o conceito de plantas,
mede 130 cm de altura e tem 40 cm de tanto quanto de humanos ou ani-
diâmetro, possui um caule e cinco bro- mais, na realização de robôs’.
tos, sendo colocada num vaso. Exata- Tudo bem, até o dia em que al-
mente como um vegetal real, ela emite guns insetos daninhos robóticos a
oxigênio e odor agradável através de atacarem...

Planta robótica desenvolvida pela


Chonnam National University
Cortesia da Yonhap News Agency

Robô pode identificar


e destruir IEDs
IED (Improvised Explosive Device) de dispositivos incluindo explosivos
significa dispositivo explosivo impro- para seu próprio uso.
visado e é um robô apresentado Dotado de diversos sistemas de
pelo ministro da defesa da Austrália, armas, ele pode subir escadas e rea-
Warren Snowdown, que pretende lizar comunicações a longas distân-
encontrar e desarmar explosivos cias. Talvez o mais importante nele
improvisados. seja o preço de $15000 dólares, que
O IED Killer Experimental Robot é aproximadamente um décimo do
(SPIKER) é um veículo controlado preço dos equivalentes que fazem o
remotamente que utiliza um conjunto mesmo trabalho.

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dispositivos
d
Cientistas de Harvard
desenvolvem LASER
peque-
recur-
es

Semicondutor
altamente direcional
Como toda fonte de luz,
os LASERs comuns têm
a tendência de espalhar
a luz emitida e deixam
de formar um feixe per-
feitamente direcional.
Isso ocorre principal-
mente com os LASERs
semicondutores, o que
limita sua gama de
aplicações. No entanto,
cientistas de Harvard
em Cambridge (Mass.)
conseguiram desen-
volver um LASER semi-
condutor altamente
direcional.
Veja neste artigo o que
realmente significa
este novo avanço da
tecnologia.
Newton Braga

Os LASERs consistem nas fontes aberturas ou ainda pequenos obstá- O colimador plasmônico consiste
de luz mais direcionais que existem, culos, conforme mostra a figura 1. numa abertura centralizada na região
produzindo feixes praticamente pa- Nos casos em que necessita-se ativa do LASER e uma rede de fen-
ralelos que pouco divergem mesmo de um feixe de luz perfeitamente pa- das próximas. A abertura acopla par-
em longas distâncias. Eles já conse- ralelo, ou o mais próximo disso quan- te da luz emitida de maneira a criar
guiram iluminar uma área de poucos to seja possível, são utilizadas lentes ondas eletromagnéticas superficiais,
quilômetros na Lua, a 384 mil quilô- ou outros dispositivos que devem ser denominadas “plasmons” na face do
metros de distância da Terra. No en- ajustados de forma bastante crítica LASER. Como essas ondas se pro-
tanto, não são perfeitos. para se obterem os efeitos desejados. pagam na face, progressivamente
No caso específico dos LASERs A figura 2 ilustra o que foi dito. são dirigidas pelas fendas e emitidas,
semicondutores, onde a luz é produ- Para se desenvolver LASERs atingindo a parte oposta do dispositi-
zida em regiões muito pequenas, o com características altamente dire- vo de onde emergem.
fenômeno da difração manifesta-se cionais, utilizam-se tecnologias da Estes feixes de plasmons estão
de maneira mais acentuada. Isso faz plasmônica, incorporando-se estru- em fase e chegam à mesma posição
com que os raios de luz curvem-se turas metálicas colimadoras direta- em fase de tal maneira que a energia
ao passar pelas bordas de pequenas mente na sua face. óptica está concentrada em um ân-

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dispositivos
d
gulo sólido muito estreito, a partir de O estudante graduado Nanfang 2
Para se obter feixes de luz com
onde é emitida. Pode-se dizer que as Yu e Frederico Capasso (da Escola pequenas aberturas, devem
fendas no colimador plasmônico com- de Engenharia e Ciências Aplicadas ser utilizados recursos ópticos
portam-se como fontes de luz coerente de Harvard) e uma equipe da Hama- como, por exemplo, lentes
que interferem de maneira construtiva matsu encabeçada pelo Dr. Hirofumi
de modo que a luz projetada está nu- Kan, apresentaram os resultados de
ma única direção perpendicular à face sua inovação na edição de Julho da
do laser, com uma divergência muito revista Nature Photonics, a ser publi-
pequena. cada em setembro de 2008.
Pode-se comparar o funciona- Os pesquisadores esculpiram
mento deste laser ao de um conjun- estruturas metálicas na face de um
to de antenas em fase, quando se laser semicondutor, criando um coli-
deseja uma emissão direcional - ve- mador plasmônico. O colimador con-
ja a figura 3. siste numa abertura e uma estrutura
No desenvolvimento obtido pelos periódica de fendas de sub-compri- 3
Antenas em fase proporcionam uma
pesquisadores conseguiu-se uma mento de onda, diretamente coloca- emissão altamente direcional
divergência pequena no sentido ver- das na face de um LASER quântico
tical, mas substituindo-se a estrutura de cascata emitindo radiação em
metálica por uma série de fendas con- um comprimento de onda de 10
cêntricas seria possível conseguir uma mícrons, correspondente à faixa do
divergência pequena também no sen- infravermelho.
tido horizontal. Com isso, será viável Com a técnica foi possível reduzir
alcançar a colimação total do feixe. em 25 vezes o ângulo de divergên-
Os resultados preliminares mos- cia da radiação emitida. O LASER
traram que o esquema funciona muito manteve a intensidade da radiação,
bem, obtendo-se uma divergência de podendo ser utilizado (entre outras
poucos graus tanto no plano vertical aplicações) no sensoriamento quí-
quanto no horizontal. mico da atmosfera, incluindo segu-
rança e monitoramento ambiental,
A descoberta dos sem a necessidade de uma óptica de
Cientistas de Harvard colimação complexa e cara. f
Cientistas da Universidade de
Harvard, em colaboração com a Ha- 4
Nanfang Yu e Frederico Capasso, desen-
mamatsu Photonics do Japão, de- volvedores da tecnologia plasmônica para
monstraram pela primeira vez LASERs lasers altamente direcionais
semicondutores altamente direcionais
com uma divergência menor que os
tipos comuns. A inovação abre por-
tas para uma grande gama de novas
aplicações.

1
A difração faz com que os
raios de luz abram, formando
feixes divergentes

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dispositivos
d
Fontes de
Alimentação Simples
A maioria dos projetos de mecatrônica, por serem móveis,
são alimentados por pilhas e baterias. No entanto, exis-
tem outros que, por serem fixos, podem ser alimentados Newton Braga
a partir da rede de energia. E, mesmo projetos móveis,
quando na fase de testes, podem ser alimentados numa
bancada a partir da rede de energia. Para essa finalidade
são usadas fontes de alimentação que podem ter as mais
diversas configurações.
Neste artigo mostramos como funcionam as fontes de
alimentação básicas e daremos alguns circuitos simples
de fontes para alimentar seus projetos mecatrônicos.

Para alimentar muitos projetos me- da partida. Assim, para alimentar um cador de meia onda, ou seja, apenas
catrônicos que usam circuitos não crí- motor com 200 mA será conveniente metade dos semiciclos da corrente al-
ticos, não é preciso possuir uma fonte utilizar um transformador que forneça ternada são retificados. Esse fato leva
estabilizada e regulada eletronicamen- pelo menos 500 mA. a um rendimento algo precário em ter-
te com muitos componentes de alto O segundo componente é o diodo mos de corrente máxima de saída, que
custo. Fontes relativamente simples, retificador. Esse componente tem por deve ser compensado pela corrente no
empregando poucos componentes finalidade converter a corrente alter- transformador.
podem perfeitamente servir, com as nada do enrolamento secundário do Uma forma de obtermos um ren-
vantagens do pequeno espaço, baixo transformador em corrente contínua. dimento maior para esse setor de
custo e facilidade de montagem. Na versão mais simples usamos retificação consiste em se usar dois
um diodo apenas, e temos um retifi- diodos, retificando os dois semiciclos
Fonte Básica
A fonte mais simples que podemos 1
Fonte simples com apenas
montar usa apenas três componentes três componentes
e tem seu circuito apresentado na fi-
gura 1.
Essa fonte tem um tansformador
que reduz a tensão da rede de 110 V
ou 220 V para o valor aproximado que
desejamos aplicar à carga, normal-
mente entre 4,5 e 12 V, com a corrente
que essa carga exige ou mais, para
termos uma margem de segurança.
Na verdade, uma corrente maior
que a exigida pela carga é sempre
importante, pois um motor, por exem-
plo, no momento da partida precisa de
uma corrente maior do que aquela que
ele drena em funcionamento normal.
Um pequeno motor de 200 mA pode
exigir 500 mA ou mais no momento

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dispositivos
d
da corrente alternada do transforma- 2
Retificação de onda completa
dor, conforme ilustra a figura 2. com dois diodos
No entanto, para essa finalidade,
além de precisarmos de dois diodos,
o transformador deverá ser de tipo que
tenha um enrolamento secundário du-
plo ou com tomada central. Assim, em
lugar de um trasformador de 6 V x 500
mA, será necessário um transformador
de 6 + 6 V ou 6-0-6 V com 500 mA.
É claro que existe a possibilidade
do leitor usar um transformador com
enrolamento simples e mesmo assim
obter a retificação de onda completa.
Neste caso, entretanto, serão precisos
diodos que devam ser ligados em pon-
te, conforme indica a figura 3.
Ao montar uma fonte deste tipo,
atente para as especificações dos dio-
dos usados. 3
Retificação em ponte com quatro
O diodo deve ser capaz de tra- diodos, para transformadores com
balhar com a corrente do circuito. enrolamento simples
Normalmente, pode-se dar uma boa
margem de seguranca. Por exemplo,
um diodo de 1 A serve para qualquer
fonte de 4,5 a 12 V com correntes de
10 mA a 1 A.
A tensão do diodo deve ser pelo
menos duas vezes maior do que a
que teremos no circuito. Veja que essa
tensão não é a especificada pelo se-
cundário do transformador. A tensão
do secundário é rms. Assim, o valor
máximo no circuito, que é o valor de
pico, é 1,41 vezes maior, observe a
figura 4.
Isso significa que em um circuito
com transformador de 12 V, a tensão
que aparece no diodo chegará perto 4 5
A tensão de pico é 1,41 vezes Forma de onda pulsante
de 18 V. O diodo deverá ser capaz de maior que a tensão RMS após o diodo
suportar pelo menos o dobro!
Os diodos da série 1N4000 são os
mais usados nas fontes comuns, por
suportarem correntes até 1 A e parti-
rem de tensões de 50 V para o 1N4001,
100 V para o 1N4002, 200 V para o
1N4004 e 400 V para o 1N4007. Note
que é possível usar numa fonte de 12
V qualquer um dos diodos indicados,
sem problemas!
Temos, para encerrar, o capacitor
de filtro. Sua finalidade é eliminar as do-a numa corrente contínua pura é
ondulações resultantes do processo colocado um capacitor eletrolítico de
de retificação. O que ocorre é que o valor elevado.
diodo conduz pulsos de corrente, veja Para fontes de 4,5 a 12 V é comum
a figura 5. adotar-se que para cada ampère de
Isso significa que depois do diodo corrente, 1 000 u de capacitância for-
temos uma corrente contínua pulsan- necem uma boa filtragem. Assim, as
te e não uma corrente contínua pura. fontes comuns até 1 A costumam usar
Para filtrar essa corrente transforman- capacitores de 1 000 μF.

Mecatrônica Fácil nº43 13

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dispositivos
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6 7 8
O capacitor se carrega A tensão cai à medida que a Uso de um diodo zener como
com a tensão de pico corrente na carga aumenta regulador de tensão

A Tensão de Saída função da tensão do zener, ganho 9


Regulador fixo de três terminais
Temos uma fonte completa, bas- do transistor e tensão de entrada do
tante útil nas aplicações que não se- circuito.
jam muito críticas quanto à tensão de A forma mais fácil de se obter uma
saída. tensão regulada para alimentar seu
Essas fontes não possuem regu- circuito é a que faz uso de circuito
lagem de tensão, de modo que so- integrado regulador de tensão.
mente os aparelhos que tolerem uma Os tipos mais comuns são os re-
alimentação com uma boa tolerância guladores positivos fixos de 3 termi-
podem ser ligados a ela. nais, como o exibido na figura 9.
Uma fonte de 6 V desse tipo, por Este tipo de regulador precisa de
exemplo, quando está ligada sem na- uma faixa de tensões de entrada que
da em sua saída, ou seja, “em aberto”, vai de 2 V a mais do que se deseja na
tem o seu capacitor de filtro carregado saída e até 25 V. A série mais comum
com a tensão de pico do transforma- de reguladores é a 78XX com corren-
dor, ou seja, algo em torno de 8,5 V, te até 1 ampère. O “xx” indica a ten- 10
Diagrama de fonte completa
conforme indica a figura 6. são de saída. Para o 7806, é preciso de 1 A para 6 V
Quando a carga é ligada, à medi- então de 8 a 25 V de entrada para
da que seu consumo aumenta (maior obter sempre 6 V fixos, independen-
corrente é drenada), a tensão cai, temente da corrente consumida pelo
conforme o gráfico da figura 7. circuito alimentado, desde que seja
Assim, se o aparelho alimentado menor do 1 A.
não for crítico e funcionar com uma Para o 7812 obtemos 12 V de
certa faixa de tensões, nada impedi- saída, e para o 7815 obtemos 15 V
rá que esse tipo de fonte seja usado. de saída. Veja que este tipo de circui-
Pequenos motores e muitos circuitos to integrado precisa ser montado em
eletrônicos com transistores podem um dissipador de calor, pois trabalha
perfeitamente ser ligados a esta fon- tanto mais aquecido quanto maior
te, sem problemas. seja a diferença entre a tensão de
entrada e saída e maior a corrente
Regulagem drenada pelo circuito alimentado.
Se o circuito alimentado for crí- Observe então que, para uma fon- 11
Aumentando a tensão de referência
tico e exigir uma tensão crítica, que te de 6 V, por exemplo, como precisa- com a ajuda de diodos
não pode sofrer alterações a não ser mos de uma tensão um pouco maior
numa faixa muita estreita, precisare- de entrada, o transformador deve ter
mos acrescentar a esta fonte um re- tensões de secundário de 7,5 + 7,5
gulador de tensão. Existem diversas V, 9 + 9 V, ou mesmo 12 + 12 V com
maneiras de se fazer isso. A mais 1 A. Para uma fonte de 12 V, é neces-
simples consiste em se usar um dio- sário um transformador de 15 + 15 V
do zener e um transistor, acompanhe ou mesmo 18 + 18 V.
na figura 8. Uma fonte completa de 6 V com
Entretanto, para este tipo de fonte capacidade para fornecer até 1 A é
é preciso calcular o resistor R que é vista na figura 10.

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dispositivos
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12
Usando um LED como
referência de tensão

A vantagem em se usar os circuitos


integrados da série 78xx está no fato
de que eles possuem proteção interna
contra curto-circuitos.
Se acontecer alguma coisa que le-
ve o circuito alimentado a um excesso
de consumo, os componentes da fonte
não queimarão.

Truques com o 78XX


Se o leitor não conseguir um 78XX
para a tensão que o circuito alimenta-
do precisa, existem alguns pequenos
truques que poderão ajudá-lo. Pode-
se aumentar a tensão de saída ligando
diodos no terminal de referência, con-
forme indica a figura 11.
Para cada diodo que ligarmos no
terminal de referência, a tensão de
saída subirá de 0,6 a 0,7 V. Assim,
usando-se quatro diodos em série com
um 7806, obteremos uma fonte 8,4 a
8,8 V de saída.
Outra forma de se aumentar essa
tensão consiste em se ligar um LED,
veja a figura 12. O LED vermelho au-
menta de 1,6 V a tensão de saída e
dois LEDs em série aumentam em 3,2
V a tensão de saída.
LEDs de outras cores, como os
verdes, aumentam a tensão de saída
em 2,1 V cada um.

Conclusão
O que vimos aqui são apenas al-
gumas sugestões que podem ser úteis
para que o leitor saiba como funcionam
as fontes de alimentação, e com isso
possam implementar suas próprias
fontes para projetos.
Evidentemente, não entramos
em cálculos pormenorizados dos
componentes, o que é matéria para
quem deseja ir mais além e domina
conhecimentos teóricos básicos que
são ministrados nos cursos técnicos
e de engenharia. f

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dispositivos
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Neurônios
Eletrônicos
para Máquinas
Inteligentes
Se há algo que apavora
muitos, principalmente
depois do advento dos
computadores, é imaginar
que as máquinas possam
pensar e com isso tomar
decisões implicando na
nossa submissão.
Até que ponto uma
máquina pode vir a racio-
cinar e o que estamos
fazendo no sentido de obter
isso (ou evitar) é algo que
todo praticante da eletrô-
nica deve saber.
Neste artigo vamos fazer
uma análise do que real- Newton Braga
mente pode acontecer no
futuro e o que está ocor-
rendo agora para levar à
criação de máquinas que
realmente possam ser cha-
madas de inteligentes.

Para os cientistas do passado es- universidades e centros de pesquisas O advento do computador trou-
tava tudo resolvido: Como Newton, deveriam ser fechados e os cientistas xe inicialmente uma esperança de
muitos estudiosos achavam que e pesquisadores aposentados porque que não estaria longe o dia em que
uma vez que o homem era capaz de “não havia mais nada para ser desco- as máquinas “pudessem pensar”, e
equacionar qualquer sistema, vivo ou berto!”. Puro engano! muitos achavam nos anos 50 que,
inerte, bastaria ter os elementos cor- Quando pensamos na complexi- antes do ano 2.000, já teríamos ver-
respondentes para que pudéssemos dade que o cérebro humano tem, com dadeiras “máquinas pensantes” a
fazer sua reprodução. seus 15 bilhões de unidades lógicas nosso serviço.
Assim, uma vez que se tivesse as (neurônios), vemos que o homem Os pesquisadores, entretanto, su-
“equações” que descrevessem uma está longe de conseguir uma reprodu- bestimaram a complexidade de nosso
flor, uma pedra ou um pássaro, se- ção, por mais simplificada que seja, cérebro e superestimaram a capaci-
ria possível reproduzir qualquer um de algo a que possamos atribuir uma dade dos computadores, e mesmo
deles com perfeição, a ponto de ser inteligência. agora com alguns anos do novo sé-
impossível distinguir o “natural” do Isso ficou claro quando as pri- culo estamos longe de ter “máquinas
“artificial”. meiras máquinas de calcular foram pensantes”.
Houve até quem propusesse na desenvolvidas, revelando-se puros Isso não significa, porém, que não
época que as academias de ciências, dispositivos mecânicos. exista uma preocupação no sentido

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1 2 3
Um arquivo variável pode Comando de um braço mecânico Computadores trabalhados
acumular conhecimentos diretamente através cérebro por lógica

de se obter máquinas que possam comportamento absolutamente lógico Muitos sistemas “inteligentes”
aprender pela experiência, tomar de- e inflexível dos circuitos, impede esse atuais baseados em software se com-
cisões que não sejam programadas e mesmo comportamento, pelo menos portam desta forma. Mas, há uma
até reconhecer formas ou sons como de forma natural. dificuldade enorme no sentido de se
o da voz humana, ou da fisionomia e Nos Estados Unidos, na Universida- obter uma máquina realmente inteli-
alguns resultados bastante positivos de de Carnegie Mellon, pesquisadores gente: os cientistas acreditam que pa-
estão sendo conseguidos. estão trabalhando para criar programas ra que uma máquina possa realmente
A própria evolução dos computa- que possam fazer com que, se novas tomar decisões por conta própria num
dores que usamos hoje na maioria informações forem obtidas no proces- nível aceitável, seriam necessárias
dos locais dificulta a obtenção desses samento ou no trabalho normal de um pelo menos 10 milhões de situações
comportamentos, mas isso não signi- computador, elas sejam “assimiladas” e programadas para que houvesse um
fica que soluções não estejam sendo passem a fazer parte desse programa. banco de consulta que possibilitasse
procuradas e algumas até levando a O sistema (denominado SOAR) a resolução dos problemas mais co-
resultados interessantes. quando recebe um problema para re- muns.
As implicações morais e éticas solução, em primeiro lugar verifica se E, para decepcionar um pouco
que a convivência, no futuro, com ele conhece uma solução. Se isso não aqueles que esperam ver esta má-
uma máquina que raciocine, e que até acontecer, usará um procedimento quina funcionando rapidamente, in-
tenha sentimentos, não fazem par- especial para procurar no “universo” formamos que até agora, depois de
te deste artigo. Deixamos isso para dessas soluções uma que possa ser alguns anos de trabalho, os cientistas
que o leitor pense e, quem sabe, nos utilizada, e se der certo, ele a “incor- só conseguiram prever pouco mais de
dê algumas indicações sobre suas porará” de modo a poder usá-la em 1 milhão de situações programadas.
opiniões a respeito do assunto. outras situações. Os sistemas “inte- A solução por software, ao que pa-
ligentes” em que isso ocorre podem, rece, mesmo com as enormes velo-
As soluções: portanto, aumentar seu “conhecimen- cidades dos nossos computadores e
to” à medida que trabalharem, pois ca- um crescente número de unidades de
a) Solução por Software da nova experiência passará a integrar memória, ainda está um pouco longe.
Um computador não pode fazer um arquivo. (figura 1)
nada que não tenha sido previamen- Esse trabalho, muito interessante, b) A Solução Biônica
te programado. é feito por um grupo de pesquisadores Biônica é o nome da ciência que,
Se programarmos um computador que então prevê que o computador não por meios eletrônicos e mecânicos,
de tal forma que ele saiba que 2+1 = tenha todas as soluções dos problemas procura imitar os seres vivos.
3, no dia que aparecer o problema programadas inicialmente, mas sim Um braço mecânico que tenha
inverso, perguntando quanto é 1+2 uma série de procedimentos no sentido circuitos sensores interligados com
ele não será capaz de concluir que de procurá-las. o sistema nervoso de uma pessoa e
é a mesma coisa. É claro que se ele Desta forma, ao passo que pro- que possa mover-se comandado por
for programado para isso, as coisas cessa problemas e vai encontrando impulsos nervosos vindos do cérebro
mudam, mas isso já implica na ação soluções, ele vai “aprendendo”, e dessa pessoa é um exemplo de apli-
externa de programá-lo! com isso consegue resolver os pro- cação da biônica.(Figura 2)
O homem se comporta de modo blemas mais rapidamente “à medida Indo além, a base da biônica é a
diferente: tudo que faz gerar novas que adquire experiência”. própria imitação da célula nervosa,
experiências, ele assimila e usa na Talvez, no futuro , seja interessan- que processa e comanda os impulsos
resolução de novos problemas. É o te vermos nos anúncios de venda de dos sensores para os órgãos efetores.
que denominamos aprendizado pela computadores “usados” a importante Se pudermos montar células ner-
experiência. citação de “tantos anos de experiên- vosas artificiais e ligá-las numa estru-
A estrutura lógica de um compu- cia” valorizando ainda mais uma má- tura semelhante ao nosso cérebro, é
tador, baseada em regras fixas, no quina desse tipo! de se esperar que esta estrutura ad-

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dispositivos
d
4 5 6
Estrutura de um neurônio A faixa de resposta de um Amplificador diferencial
con- neurônio é variável com 2 transistores
ireta-

ica

ncial
m de

o por

rônico
agem e

or

quira uma propriedade muito almeja- Os computadores digitais traba- Conforme mostra a figura 4, os
da: a inteligência. lham exclusivamente com lógica, neurônios possuem “terminais de
Os pesquisadores que procuram respondendo apenas de duas ma- entrada” que recebem trens de im-
imitar os neurônios por meio de circui- neiras possíveis aos estímulos: sim pulsos e um “terminal de saída” que
tos eletrônicos não estão trabalhando ou não (HI ou LO). (figura 3) emite um trem de impulsos que de-
apenas em nossos dias. Um neurônio também trabalha pende da combinação dos impulsos
O próprio autor deste artigo traba- com impulsos, porém de forma com- recebidos nas entradas.
lhou em pesquisa, com uma equipe pletamente diferente. Diferentemente dos circuitos ló-
de médicos da Escola Paulista de Para aqueles que pensam que um gicos, os neurônios levam em conta
Medicina em São Paulo - SP nos anos neurônio é um processador comple- na resposta tanto a amplitude, quan-
70, no sentido de obter um “neurônio xo, com a capacidade de trabalhar to a duração e a própria quantidade
eletrônico”. com informações de uma maneira de impulsos de cada entrada para
Acreditava-se, na ocasião que se que a eletrônica não possa imitar, fornecer sua saída. Além disso, de-
um certo número desses neurônios temos uma surpresa. vemos considerar que existem “en-
fosse interligado, seria possível estu-
dar de uma forma mais eficaz a manei- 7
Resposta de um neurônio
ra como se processa o aprendizado, e e um trem de impulsos
com isso partir-se para a construção
de verdadeiras máquinas inteligentes.
Em diversos países, os avanços
foram grandes neste campo e hoje já
se fala em “redes neurais” ou “com-
putadores neurais” que possuem uma
estrutura completamente diferente
dos computadores comuns, se asse-
melhando mais à estrutura de nosso
cérebro (com muito mais simplicidade,
é claro) mas que também apresentam
propriedades extremamente interes-
santes.
Para entender bem a solução por
hardware será interessante compre-
ender inicialmente como funciona o
neurônio, ou célula nervosa natural, e
a partir dele tentar reproduzir um equi-
valente eletrônico. O que diferencia
o nosso sistema nervoso, incluindo o
cérebro, de um computador comum é
a forma como os pulsos são proces-
sados.

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dispositivos
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tradas” que tanto podem servir para 8
Circuito de um oscilador controlado
estimular quanto inibir a célula. por tensão (VCO)
Não se trata, portanto, de um
dispositivo digital propriamente, mas
sim com um comportamento mais
próximo do analógico, pois, variando
linearmente os três parâmetros de
entrada, poderemos ter uma combi-
nação quase infinita de situações.
Mais do que isso, o neurônio não
tem uma resposta fixa aos estímulos,
mas “se adapta” a eles. Se numa da-
da entrada predominarem estímulos
de determinadas características, por
exemplo, de certa intensidade, a
faixa de repostas do neurônio, que
inicialmente era larga, poderá se es-
treitar e se adaptar a estes estímu-
los, observe a figura 5.
Isso significa que ele “aprende” a
reconhecer tais estímulos, e em pouco
tempo deixará de responder aos estí-
mulos que estejam fora desta faixa.

A Solução Eletrônica
Evidentemente, não vamos utili-
zar circuitos lógicos para obter uma
estrutura que se comporte da forma
indicada.
Porém, se o leitor pensa que se- ponda a uma diferença amplificada Com ele, os impulsos muito rápi-
ria muito difícil obter um circuito ca- dessas tensões. dos não provocam respostas, mas
paz de apresentar o comportamento Se as tensões ou estímulos apli- somente os impulsos na forma de
descrito, está engando. cados nas entradas deste circuito trens que então geram uma res-
Uma equipe de pesquisadores do forem iguais, o circuito se ajustará e posta contínua, conforme ilustra a
Institute of Technology de Passadena não teremos tensão de saída. figura 7.
- Califórnia, encontrou uma solução Em outras palavras, este circuito Mas, a resposta contínua ainda
bastante simples e interessante para só fornece uma resposta se os estí- não é interessante, pois não corres-
reproduzir neurônios, e que pode até mulos ou tensões de entrada forem ponde à realidade.
ser usada para experiências pelos diferentes, daí seu nome de “amplifi- Os neurônios respondem a trens
leitores interessados. cador diferencial”. de pulsos gerando novos trens de
Analisemos o circuito desenvolvi- Observe também que este cir- pulsos. Uma maneira de se conse-
do pelos pesquisadores: cuito funciona de uma maneira bem guir isso é ligando o par diferencial
Primeiramente vamos tomar uma diferente dos digitais em que temos a um novo par diferencial que tenha
configuração bastante conhecida de saída do tipo 0 ou 1, ou seja, apenas uma realimentação positiva feita por
nossos leitores, que é o amplificador dois níveis de tensão: neste temos um capacitor. Teremos então um os-
diferencial com dois transistores, uma saída proporcional à diferença cilador comandado por tensão, con-
apresentado na figura 6. das tensões de entrada, numa ampla forme mostra a figura 8.
Os dois transistores nesta con- gama de valores. Este comportamen- A quantidade de pulsos gerados
figuração conduzem de modo a to nos permite fazer uma associação por este circuito e sua velocidade,
manter o mesmo potencial nos seus muito mais real ao neurônio, onde assim como a intensidade, vão de-
emissores, que estão interligados. temos uma entrada estimuladora e pender agora da tensão contínua
Se um dos transistores recebe uma inibidora. aplicada à sua entrada.
um sinal de base, o circuito se dese- Mas, aperfeiçoamentos podem O neurônio eletrônico passará
quilibra de tal forma que o outro tran- ser feitos ainda neste circuito, se então, a ter um comportamento que
sistor também modifica seu estado desejarmos que ele responda a pul- se aproxima muito do neurônio “de
de condução. sos com o mesmo formato de onda verdade”, veja a figura 9.
Caso os dois transistores sejam que os neurônios, levando em conta Os trens de impulsos ou estímulos
excitados, o circuito reagirá de forma agora os tempos. Para isso, o que se aplicados nas entradas determinam
combinada de tal forma que, na saí- faz é acrescentar um integrador ao pelas suas características, o nível de
da, teremos uma tensão que corres- circuito. tensão gerado no par diferencial.

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Se os trens tiverem a mesma in- funcionamento dando por exemplo funcionamento baseado em princípios
tensidade, sendo um inibidor e outro indicações de onde estariam prová- comuns, e o neurônio é a solução.
excitador, a tensão será nula e não veis defeitos, já são baseadas em Dizer, porém, que quando isso
haverá resposta. redes neurais. Não resta dúvida que ocorrer, o computador alcançará o
Contudo, se um dos trens predo- o próximo passo na interligação mais nível humano com pensamentos e
minar, a tensão desta etapa fará com íntima do homem com a máquina se- sentimentos próprios, é algo que não
que o segundo par diferencial, ligado ria justamente uma estrutura com um podemos afirmar. f
como oscilador controlado, gere um
trem de pulsos de saída. 9
Comportamento do neurônio eletrônico
A quantidade desses pulsos (fre-
qüência) e sua intensidade dependem
justamente da combinação dos impul-
sos de entrada, exatamente como no
neurônio real.
Este circuito não tem, todavia,
uma propriedade importante dos
neurônios reais, mas esta poderá ser
agregada com um pouco de estudo: o
aprendizado.
As respostas aos estímulos, se
bem que admitam uma enorme varie-
dade de combinações, diferentemente
do 0 e 1 digital, se mantêm constantes
não se alterando com o tempo.
Uma idéia a ser estudada seria o
acréscimo de circuitos de amostragem 10
Agregando um circuito de amostragem
e retenção nos neurônios, conforme e retenção (sample-hold)
mostra a figura 10.
Estes circuitos poderiam ser usa-
dos para armazenar os níveis de
tensão mais comuns na entrada de
modo a levar o neurônio ao seu re-
conhecimento. O capacitor de reten-
ção funcionaria, no caso, como uma
memória.
Mesmo armazenando cargas, tal-
vez no máximo durante algumas ho-
ras, isso poderia ser suficiente para
satisfazer um pesquisador numa bate-
ria de testes.
Montando-se uma boa quanti- Circuito prático
dade destes circuitos seria possível
criar uma estrutura neural capaz de Na figura A damos o circuito prá- alterados na faixa indicada conforme o
processar sinais de uma forma muito tico de um neurônio que pode ser tipo de aplicação, ou seja, a velocidade
diferente dos circuitos digitais, talvez usado em experiências pelos leitores com que se pretenda fazer o sistema
interessados. Os resistores e capa- funcionar.
revelando traços de comportamentos
citores de tempo (integração e fre- Lembramos também que a fonte de ali-
que até então eram atribuidos apenas
qüência) eventualmente devem ser mentação empregada deve ser simétrica.
às criaturas vivas.
A
Circuito prático de um
Conclusão neurônio eletrônico.
As máquinas neurais já estão em
funcionamento em muitos lugares.
São computadores deste tipo que
são utilizados em aeroportos para
“farejar” explosivos e tóxicos, pois os
sensores não podem excitar circuitos
digitais comuns, dada a variedade de
reposta que podem ter.
Máquinas que, pelas informações
de sensores, monitoram seu próprio

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montagem m

Relé de tempo
Em alguns projetos de Um temporizador simples que Características:
mecatrônicos como, por aciona um relé é um recurso útil em • Tensão de alimentação: 6 a 12 V
exemplo, sistemas sen- qualquer projeto de robótica ou meca- – conforme relé;
trônica. • Consumo quando ativado: 50
soriais e de mudança de
Além da aplicação indicada na mA – com relé de 6 V x 50 mA;
direção para robôs, são • Temporização: 1 segundo a 15
introdução, ele também pode ser usa-
necessários circuitos de do para manter um transmissor de minutos (aproximadamente);
pequenas temporizações. controle remoto acionado por alguns • Carga controlada: 2 A (ou de
Estes circuitos devem segundos ou minutos para teste e acordo com o relé usado);
manter os contatos de ajustes; pode servir para fazer provas • Número de componentes ativos:
um relé fechados por remotas, dando tempo para que o lei- 2 (transistores).
alguns segundos, o sufi- tor vá até outro local esperando um
circuito ser acionado automaticamen- Como Funciona
ciente para que o motor Quando pressionamos o interruptor
te e muito mais.
do robô inverta sua rota- Ele ainda pode ser empregado na S1, ou quando o sensor usado em seu
ção e volte para mudar oficina para automatizar pequenos lugar é ativado, o capacitor C1 carrega-
de direção. dispositivos como ventiladores, agita- se com a tensão de alimentação.
O circuito que apresen- dores de substâncias químicas etc. Soltando-se S1, ou quando o sen-
tamos serve para esta O circuito que descrevemos forne- sor é desativado, o capacitor C1 co-
ce temporizações na faixa de alguns meça a se descarregar lentamente
aplicação e outras seme- através do par de transistores ligados
segundos até alguns minutos, con-
lhantes e se caracteriza na configuração Darlington, manten-
forme o valor de C1. Trata-se de um
pela sua simplicidade. temporizador fixo que deve ter esse do esses componentes saturados.
Ele pode ser alimentado componente (C1) escolhido de acordo Durante o tempo em que os tran-
por pilhas ou baterias, com a aplicação. sistores permanecem saturados, o
com tensão que depende Entretanto, se substituirmos R1 por relé estará energizado e, com isso, a
um trimpot ou potenciômetro, o tempo carga a ele ativada.
exclusivamente do relé
poderá ser ajustado numa ampla faixa Podemos ligar a carga tanto nos
usado contatos NA como NF.
de valores.
A alimentação do circuito pode ser Se usarmos os contatos NA, a
Newton C. Braga feita a partir de pilhas, bateria ou fon- carga ficará ligada duante a tempori-
te com tensão de acordo com o relé zação, e se usarmos os contatos NF
utilizado. a carga ficará desligada durante a

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m montagem
1
Diagrama do Relé de tempo
temporização, ligando no final. Quan-
do o capacitor estiver no final de sua
carga e não conseguir mais saturar os
transistores, a corrente na bobina no
relé começará a cair até o ponto em
que ele não manterá mais os contatos
fechados e abrirá. Neste momento,
estará terminada a temporização.
Para nova temporização, basta
ativar novamente S1. Veja que o con-
sumo do aparelho é maior quando o
relé se encontra ativado. Na condição
de espera, com o relé desativado, o
circuito vai para uma condição de
consumo muito baixo.

Montagem
2
Na figura 1 temos o diagrama
Montagem em uma matriz de contato completo do aparelho.
A montagem pode ser feita numa
placa de circuito impresso universal
com padrão de matriz de contatos,
conforme disposição de componentes
exibida na figura 2.
Outras técnicas de montagem po-
dem ser usadas como, por exemplo, a
inclusão do padrão de circuito impres-
so na própria placa do dispositivo com
que ele deve operar, ou ainda uma
montagem mais “pendurada”, usando
uma ponte de terminais isolados.
O relé utilizado é do tipo com base
em terminal DIL (Dual In Line) que
se encaixa com facilidade nas placas-
padrão e pode ter bobina de 6 ou 12
V, conforme a alimentação usada.
3
Deve-se optar por relés sensíveis
5
Sensores que podem ser utilizados Acionamentos NF e NA com bobinas na faixa de 10 a 50 mA.
Normalmente, os contatos desses
relés são especificados para uma
corrente de 2 A. Se o leitor precisar
controlar uma carga maior, deverá
procurar por um relé que atenda às
características exigidas. Se for usado
relé com outro tipo de base, deverá
ser feita uma placa que atenda a sua
disposição de terminais.
Os capacitores devem ter uma
tensão de trabalho um pouco maior
4
Agregação da temporização ajustável do que a usada na alimentação. O va-
lor de C1 determina a temporização e
pode ficar entre 1 μF e 1 000 μF.
Será interessante deixar a colo-
cação deste componente para ser
feita em último lugar, uma vez que o
montador deve experimentar diversos
valores até conseguir o tempo que
deseja. Os transistores admitem equi-
valentes e S1 pode ser um interruptor
de pressão tipo botão de campainha,

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montagem m
ou um sensor tipo reed-switch ou de
lâminas, para o caso de robôs, confor-
me ilustra a figura 3.
Se for utilizada uma fonte de ali-
mentação, ela deve fornecer uma cor-
rente de pelo menos 100 mA.

Prova e Uso
Para provar o aparelho, basta ligá-
lo à alimentação. Depois, presione ou
ative S1 por um instante.
O relé deverá fechar imediatamen-
te os contatos e assim permanecer
por um tempo que vai depender do
valor de C1.
Para uma temporização ajustável,
ligue um potenciômetro de 1 M ohms
em série com um resistor de 10 k em
lugar de R1, observe a figura 4.
Na figura 5 mostramos como de-
vem ser ligadas as cargas para acio-
namento de duas formas.
Em (a) a carga é desligada no final
da temporização, e em (b) a carga é
ligada no final da temporização. f

Lista de material:

Semicondutores:
Q1, Q2 – BC548 ou equivalentes
– transistores NPN de uso geral
D1 – 1N4148 – diodo de silício
Resistor: (1/8W, 5%)
R1 – 100 k ohms – marrom, preto,
amarelo

Capacitores:
C1 – 1 a 1000 μF x 6 ou 12 V – ele-
trolítico – ver texto
C2 – 100 μF x 6 ou 12 V – eletrolí-
tico

Diversos:
S1 – Interruptor de pressão NA
(Normalmente Aberto) ou sensor
– ver texto
S2 – Interruptor simples (opcional)
B1 – 4 pilhas pequenas (opcional)
ou fonte de acordo com a tensão
do relé
K1 – Relé de 6 V ou 12 V sensível
Placa de circuito impresso universal
ou ponte de terminais, suporte para
pilhas (opcional), fios, solda etc.

Mecatrônica Fácil nº43 23

MF043_Reledetempo.indd 23 19/12/2008 09:40:05


r robótica

Robô móvel
via web
Este projeto apresenta o desenvolvimento de um sistema de controle via web de
um protótipo de robô móvel constituído por componentes de baixo custo. O sis-
tema completo é composto de hardware e software. O primeiro foi desenvolvido
com microcontrolador PIC 16F628A, que contém um firmware responsável por
interpretar os sinais de controle e uma microcâmera sem fio usada para enviar
sinais de vídeo via radiofreqüência a um servidor. O segundo, feito com um misto
de tecnologias (JSP, HTML e JAVA), proporciona uma simples interface de controle
entre o usuário e o sistema controlador do robô móvel. O protótipo construído é
capaz de transitar em superfícies sólidas e planas, num raio de ação de aproxima-
damente 200 m
Douglas Bianchini

Michael Bissoto Meneses

Victor Luiz de Marchi

A principal motivação para a reali- 1


Componentes integrantes do módulo de recepção de sinais de vídeo
zação deste projeto vem da necessi-
dade de se utilizar um robô móvel que
realize inspeções em locais hostis ou
de difícil acesso a uma pessoa.
A parte de hardware é referente ao
robô móvel e a parte de software aos
programas de computador integran-
tes do projeto e estão presentes tanto
no servidor remoto, quanto no robô.
Estas partes interligadas constituem
o protótipo do sistema de controle.
O robô móvel consiste basica-
mente de base, rodas, eixos, micro-
controlador PIC, que se encontra em
uma das placas de circuitos, motores,
macro-sistemas de redução de velo-
cidade com engrenagens, fontes de
energia e microcâmera.

Tecnologia
de Radiofreqüência
A aplicação de radiofreqüência
concentra-se no envio de sinais de
controle para o robô móvel e na trans-
missão de vídeo em tempo real. Esta
tecnologia é empregada tendo em
vista a mobilidade do protótipo, uma
vez que com fios e cabos ligados ao
mesmo, sua locomoção se tornaria
inviável.

24 Mecatrônica Fácil nº43

MF043_Robomóvel.indd 24 19/12/2008 10:06:45


3
robótica r
Microcâmera sem fio Na parte dianteira inferior da ba- CD utilizado como roda dianteira
Para que seja possível a visuali- se de madeira, encontram-se as
zação de imagens do ambiente em fontes de alimentação de energia
que o robô se encontra, é necessário posicionadas nos cantos direito e
utilizar algum dispositivo de captação esquerdo, na parte dianteira central
de imagens. superior se encontra a microcâmera,
A microcâmera modelo SafeCam presa por uma peça de metal adap-
(fabricante TechnoTek), com tecnolo- tada em uma haste. A parte dianteira
gia de radiofreqüência, usualmente da base possui uma cavidade central,
empregada em vigilância de presídios como é mostrado na figura 2, e furo
e residências, foi a tecnologia esco- transversal finalizado nesta cavidade.
lhida. Esta é uma microcâmera de Isto permite a transposição dos eixos
vigilância, que opera em uma fre- das rodas e sua fixação por porcas.
quência de 1,2 GHz, alimentada por Na base central superior encontra-se
uma bateria de 9 V, com capacidade um motor, responsável pela tração e a
de transmissão de imagens de até du- seu macro-sistema de redução com
zentos metros em ambientes de cam- engrenagens. Na base central infe- Roda de direção, com suporte superior
po aberto, facilmente adquirida em rior, encontra-se um outro motor e
lojas de eletroeletrônica. Na figura 1 mais um macro-sistema de redução
são apresentados os componentes com engrenagens para uma roda de
integrantes do módulo de recepção direção, como é mostrado na figura
de vídeo. 3b, que se encontra na parte traseira
inferior do robô móvel.
Base do robô móvel
A base projetada foi feita em ma- Rodas do robô móvel
deira de pinho (figura 2), por possuir O robô móvel possui três rodas:
baixo custo, ser leve e possuir alta uma roda traseira, que indica a direção
disponibilidade no mercado. Nela são a ser tomada, possibilitando a realiza-
acoplados os componentes presentes ção de curvas, que possui um macro-
no robô móvel, como o componente sistema de redução com engrenagens b
de transmissão e recepção de sinais ligado a um motor, que possibilita sua
de vídeo (micro-câmera sem fio), a movimentação em todos os sentidos.
placa de controle, contendo microcon- As duas outras rodas são paralelas e
trolador PIC (16F628A), as fontes de independentes, conectadas cada uma direcionada para a direita ou para a
alimentação (dois conjuntos conten- a um eixo dianteiro, sendo que um esquerda.
do quatro pilhas AA de 1,9.2 V cada destes eixos está ligado a um motor Este tipo de roda foi escolhido por
e uma bateria de 9 V), os motores e de tração e o outro eixo é livre e serve possuir uma estrutura que permite que
seus respectivos sistemas de redução apenas como apoio. o robô possa girar para todos os la-
com engrenagens e as rodas. As rodas dianteiras são CDs reci- dos. Além disso, seu tamanho permite
Para facilitar a explicação da mon- cláveis como ilustra a figura 3a. Para um alinhamento horizontal adequado.
tagem dos componentes na base, possibilitar maior atrito entre com o A roda está presa na parte inferior da
utiliza-se a denominação “superior”, piso, os CDs tiveram suas extremida- base de madeira, na parte traseira
quando se refere à parte de cima da des de aderência encapadas com fita central, considerando como parte tra-
base. De forma análoga, usa-se “infe- isolante. A roda traseira é um rodízio seira o local onde encontra-se a roda
rior” para referenciar a parte de baixo de roda, como mostrada na figura 3b, de direção. Os eixos dianteiros das
da base. típico de cadeiras e/ou móveis de es- rodas são fundamentais, pois garan-
critório. Foi adaptada a esta roda uma tem que as rodas dianteiras fiquem
2
Base de madeira projetada para o robô engrenagem para controlar a direção alinhadas, evitando desvios de rota
móvel com medidas em mm do robô móvel, a qual está ligada a do robô móvel. Um dos eixos é livre e
um dos motores por meio de um ma- um outro é conectado a um motor por
cro-sistema de redução com engre- meio de um sistema de redução com
nagens. Ao girar este motor, a roda é engrenagens.

4
Itens constituintes dos eixos das rodas e eixo montado

a b c d e

Mecatrônica Fácil nº43 25

MF043_Robomóvel.indd 25 19/12/2008 10:07:39


r 5
robótica

Microcontrolador PIC 16F628A Eixos das rodas Placas de circuito de trans-


O eixo projetado é constituído missão e recepção de sinais
de: arruelas, parafuso, eixo cilíndrico Na transmissão de sinais de con-
torneado e porca. Estes itens estão trole ao robô móvel foi necessário
representados na figura 4 de a a d, construir dois tipos de placas de cir-
respectivamente. Na figura 4 (e) é cuitos, uma que tem um transmissor
mostrado o eixo montado. e outra que possui um receptor junta-
mente com o PIC, entre outros com-
Microcontrolador ponentes eletrônicos.
PIC 16F628A90 Para possibilitar o controle do ro-
Um microcontrolador PIC 16F628A bô foram desenvolvidas duas placas
é utilizado para controlar os motores, de circuitos (figura 6). Uma recepta
6
Placa de recepção de sinais visto que pode-se controlar emissões os sinais de radiofreqüência (mesma
de sinais por meio de seus pinos, com placa em que está o PIC 16F628A) e
auxílio de uma placa de circuitos, per- fica acoplada ao robô móvel na parte
mitindo controlar o robô móvel. traseira central e opera em uma freqü-
Este microcontrolador PIC possui ência de 146,6 MHz com um campo
dezoito pinos, sendo oito utilizados pa- de alcance de aproximadamente vinte
ra entrada de dados, outros oito pinos metros (campo aberto). A outra emite
para saída e o restante para a carga os sinais de radiofreqüência para o ro-
de sinal positivo e negativo. A seguir, bô móvel e fica acoplada ao servidor
na figura 5, é apresentado o esque- remoto, operando na mesma freqüên-
ma de portas do PIC 16F628A. Neste cia e alcance da placa de recepção,
microcontrolador PIC encontra-se gra- em sua saída serial.
vado um firmware, desenvolvido para A placa de transmissão de sinais
realizar o controle do robô móvel. possui um transmissor para emitir si-
nais de comando, um circuito integra-
do, um transistor e três capacitores. A
mesma é alimentada por uma bateria
7 de 9 V.
Esquema elétrico da placa de repcepção
A placa consiste de um receptor,
um PIC 16F628A, onze resistores,
dez transistores e um capacitor como
é mostrado na figura 6, e na figura 7
é apresentado o esquema elétrico.
Para que os motores M1 e M2 10
Flu
possam girar para frente e para trás
é necessário que suas duas saídas
(negativa e positiva) estejam ligadas
a dois pares de transistores cada. Is-
so possibilita que os sinais elétricos,
emitidos pelas saídas do PIC (M1A
e M2A ou M2A e M2B), passem por
estes pares de transistores, fazendo
com que a carga de sinal circule de
um lado para outro ou vice-versa, per-
mitindo girar os motores para os dois
lados.

Firmware desenvolvido
Firmware é um conjunto de ins-
truções de comando destinadas ao
controle de hardware de algum dispo-
sitivo. É possível encontrar firmwares
em vários dispositivos, como mo-
dems, gravadores de CD, celulares,
etc. O firmware é armazenado em um
chip de memória ROM ou memória
flash. Neste projeto ele foi gravado no
microcontrolador PIC 16F628A e ar-

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robótica r
mazenado na memória flash, que pre- 8 9
Parte do código do Firmware Desvio da execução do código para uma
serva seu conteúdo mesmo quando a das rotinas de direção
PROCESSA
eletricidade é desligada. O firmware
MOVLW B’00001111’
controla o hardware diretamente, ANDWFDADO_RX,W
ocupando uma posição intermediária ADDWFPCL,F
entre o software e o hardware. RETLW.0
O código em execução do firmwa- GOTOFRENTE
re possui alguns recursos simples, GOTODIR
próprios de programação, como por GOTOESQ
GOTOVOLTAR
exemplo, mover valores de variáveis GOTOPARAR
para registradores, ou usar desvios RETLW.1 ;FRENTE
de interrupção. Foi desenvolvido um W=A(01100001)
firmware para o gerenciamento dos RETLW.2 ;DIR
sinais de controle. Este realiza o tra- W=B(O1100010)
tamento dos sinais oriundos dos com- RETLW.3 ;ESQ W=C
(01100011)
ponentes de transmissão e recepção
RETLW.4 ;VOLTAR
Motores do robô móvel
do sistema de controle do protótipo W=D (01100100) A movimentação do robô é feita
do robô móvel. O firmware foi criado RETLW.5 com dois motores alimentados com
em linguagem assembly. Ele permite ;PARARW=E(01100101) uma tensão nominal de 3,5 V cada,
o controle dos motores que impulsio- podendo chegar a até 12 V.
nam o robô para a direção requisitada Tendo o objetivo de utilizar mate-
pelo usuário. Ou seja, os comandos Inicialmente, uma rotina de controle riais reciclados, os motores usados
do usuário são enviados via radiofre- de LEDs para atestar o funcionamen- são provenientes de videocassetes e
qüência e captados pela placa de re- to da lógica do código do firmware de- possuem uma acoplagem específica
cepção de sinais. O firmware por sua senvolvido foi implementada. Assim, em seu eixo central que permite o en-
vez, utiliza um protocolo de comuni- pôde-se constatar o recebimento de caixe aos macro-sistemas de redução
cação, para interpretar estes sinais e sinais que seriam emitidos pelas por- com engrenagens. O motor ligado ao
os comandos válidos são repassados tas certas do microcontrolador PIC. eixo da roda dianteira esquerda im-
para os motores, movimentando-os. A emissão de sinais fazia com que pulsiona o robô móvel, e outro ligado
Na figura 8 é mostrada uma pequena alguns LEDs acendessem, simulando à roda traseira é responsável pela di-
parte do código do firmware desen- os motores ligados. Na figura 10 te- reção a ser tomada. Essa acoplagem
volvido e a figura 9 é o diagrama do mos o algoritmo do firmware em fluxo- consiste em um sistema de polia preso
código. grama para melhor entendimento. ao eixo do motor, ligada por uma cor-
reia lisa de silicone à outra polia com
um vinco central, viabilizando o encai-
10 xe pretendido. Na figura 12a é visto o
Fluxograma do firmware
acoplamento de tração, a figura 12b
mostra o acoplamento direcional.
Este tipo de acoplamento possibi-
lita, dependendo da superfície de lo-
comoção, a diminuição das variações
na centralização das rodas traseiras,
ou no encaixe destas com os motores.
Além disso, faz com que o contato
entre eles não seja prejudicado em
momento algum. Com a localização
superior traseira, caso haja tal desloca-
mento de posição da roda, os motores
acompanharão o movimento, pois se
estabelece uma força de contato maior
sobre a área de circunferência das ro-
das. Como é ilustrado na figura 11.
No projeto utilizou-se os macro-
sistemas de redução de velocidade
com engrenagens.
A melhor posição para colocar o
motor de tração é na parte superior
central da base de madeira do protó-
tipo. O motor de tração é responsável
por girar o eixo esquerdo da roda

Mecatrônica Fácil nº43 27

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r robótica
11 12
Acoplamento antigo dos motores Macro-sistema de redução de velocidade com engrenagens da roda de tração

dianteira. O outro motor do mesmo


tipo se encontra na parte central in-
ferior da base e é responsável pelo
direcionamento, permitindo ao robô
móvel fazer curvas.
Macro-sistema de redução de ve- a b
locidade com engrenagens
Um sistema de redução é impor- cro-sistema está interligando o motor 13Fontes de alimentação primária
tante para diminuir a velocidade de (direcional) central inferior e a roda
um motor sem que sua potência seja traseira central. Uma das polias está
prejudicada. Existem dois sistemas de acoplada diretamente ao eixo do mo-
redução de velocidade no protótipo tor, a outra é parte integrante de uma
móvel. Um dos macro-sistemas de rosca sem fim, que está acoplada a
redução de velocidade é formado por uma engrenagem grande, esta por
um sistema de polias e correia e um sua vez se encontra na horizontal,
sistema de engrenagens. Um motor presa à roda traseira. Este macro-sis- a
de tração está acoplado a um macro- tema foi projetado para ser possível
sistema, que gira o eixo da roda dian- girar a roda traseira para a direita ou Fontes de alimentação secundária
teira esquerda. Este se localiza na esquerda, fazendo com que o robô
parte superior central da base do robô móvel possa realizar curvas, abertas
móvel, como é apresentado na figura ou fechadas.
12a. O sistema de polias e correia
(1) é composto por um conjunto de Fontes de alimentação pri-
duas polias e uma correia de silicone, mária e secundária
sendo que uma das polias sai direta- Para o funcionamento são empre-
mente do eixo do motor. Este sistema gadas duas fontes de alimentação. A
é integrado ao sistema de engrena- alimentação primária, conforme apre-
gens, que é composto por uma engre- sentado na figura 13a, é composta
nagem média (2), ligada ao sistema de oito pilhas AA recarregáveis, com
de polias, uma rosca sem fim (3), uma capacidade de 1,2 V cada, ligadas em
engrenagem grande (4) e uma pe- série e divididas em grupos de qua-
quena (5). No centro da engrenagem tro por dois conjuntos, localizados na b
média encontra-se acoplada a rosca parte frontal inferior direita e esquerda
sem fim (engrenagem semelhante a do robô móvel, presas a base por fitas
um parafuso), que está acoplada à de velcro. AA. Notou-se que seu peso prejudi-
engrenagem grande, que por sua vez Estas pilhas são responsáveis pe- cava o movimento da roda traseira,
está em contato com a engrenagem la alimentação dos motores e pela ali- responsável pelo direcionamento do
pequena, presa ao eixo da roda dian- mentação da placa de circuitos, que robô móvel. Por este motivo, estes
teira esquerda, esta é responsável contém o PIC 16F628A, que capta os dois grupos de pilhas foram acopla-
pela tração do robô móvel. sinais de radiofreqüência. Esta fonte dos na parte dianteira inferior direita
O outro macro-sistema de redu- de alimentação primária tem capaci- e esquerda, como mostrado na figura
ção de velocidade, como apresenta- dade para alimentar a placa de cir- 13a . A alimentação secundária, como
do na figura 12b, é responsável por cuito e os motores durante uma hora ilustrado na figura 13b, é composta
direcionar a roda traseira. O mesmo ininterrupta. por uma única bateria de 9 V não re-
é composto por um sistema de polias A alimentação primária, inicialmen- carregável, responsável pela alimen-
e correia (idêntico ao anterior) e um te estava nas partes traseiras superio- tação da microcâmera localizada no
sistema de engrenagens diferencia- res direita e esquerda, distribuída em robô móvel e tem sua capacidade de
do, composto por uma rosca sem fim dois grupos, cada qual acoplado em alimentação ininterrupta, que varia
e uma engrenagem grande. Este ma- suportes próprios para quatro pilhas entre uma e duas horas.

28 Mecatrônica Fácil nº43

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robótica r
Requisitos quanto com o usuário-servidor, pode- 14Diagrama do caso de uso do firmware
Os softwares que compõem o se visualizar um caso de uso comple-
conjunto citado, que atua no contro- to das comunicações, como mostrado
le remoto do robô móvel projetado, na figura 17.
foram divididos em dois grupos para
facilitar os requisitos necessários. Pri- Tecnologias utilizadas
meiramente, tratou-se o conjunto de
softwares responsáveis pela comuni- Firmware e Software
cação servidor-robô e, em seguida, o Controlador
conjunto responsável pela comunica- 15
Nos requisitos da comunicação Diagrama do caso de uso do Software
ção usuário/servidor. servidor-robô, é necessário que o sof- Controlador
tware que atenda essa funcionalidade
Comunicação servidor-robô tenha fácil integração com a porta
O conjunto de softwares que rea- serial do servidor remoto, facilitando o
lizam a função de comunicação entre envio dos sinais interpretados para o
servidor e robô inclui dois programas módulo de recepção de sinais do ro-
específicos, a saber: bô móvel. Neste projeto doi utilizada
Firmware: embarcado no PIC e lo- a tecnologia Java para ser usada no
calizado na placa de controle do robô Software Controlador.
móvel.
Software Controlador: instalado no 16Diagrama do caso de uso completo da comunicação servidor-robô
servidor remoto.
Os levantamentos de requisitos
funcionais e não-funcionais destes
programas são apresentados a seguir:

Firmware
Este será responsável por in-
terpretar os sinais recebidos pelo
módulo de recepção e controlar os
motores do robô móvel. Na figura 14
é mostrado o Diagrama do caso de
uso do firmware. Como requisito não
funcional, é desejável que o tempo de
resposta dos motores em relação aos
comandos enviados pelo firmware
não ultrapasse 0,5 segundos.

Software Controlador 17
Diagrama completo do caso de uso comunicações
Software responsável pela recep-
ção dos comandos direcionais emitidos
pelo usuário controlador, interpretação
dos mesmos e repasse destes (já in-
terpretados) para o módulo de recep-
ção de sinais do robô móvel. Na figura
15 é ilustrado o Diagrama do caso de
uso do Software Controlador.
Com base nestas informações é
possível definir um caso de uso com-
pleto da comunicação servidor-robô,
como é visto na figura 16. Como re-
quisito não-funcional, é desejável que
o tempo de comunicação entre o sof-
tware e a porta serial do servidor não
ultrapasse 0,5 segundos.

Comunicação usuário
-servidor
Finalizada a análise de requisitos
tanto na comunicação servidor-robô

Mecatrônica Fácil nº43 29

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r robótica
Comunicação usuário- T1
Tecnologias utilizadas e sua descrição
servidor
As tecnologias empregadas foram: Tecnologia Descrição Localização e função
HTML, JSP e JS. Elas foram selecio- Utilizada para a construção
nadas levando em consideração as Hospedada no servidor, divi-
da página principal de frames
de a página pelo controlador
facilidades que as mesmas fornecem HTML e na página responsável pela
remoto em três frames (su-
ao desenvolvimento e a disponibilida- transmissão das imagens cap-
perior, central e esquerdo
de de uma vasta documentação de turadas pelo robô móvel
apoio. Na tabela 1 é apresentada de Utilizada no desenvolvimento
forma detalhada onde e como cada do joystick virtual, pois permi-
Hospedada no servidor, exi-
uma destas tecnologias foi aplicada. te capturar a ação de clique
JSP be o joystick virtual no fra-
do usuário e transformá-la
Com o conceito de acesso remoto me central da página
em evento para uma chama-
a esse software, fez-se necessário a da remota
configuração de um servidor remoto
Tecnologia embarcada no de-
que suporte todas as tecnologias em- Hospedada no servidor, suas
senvolvimento JSP, é respon-
pregadas. O TOMCAT, host para apli- funções são chamadas quan-
sável pela transformação das
cações que possuem tecnologia Java, JS do o controlador remoto
ações de clique no joystick vir-
clica em alguma direção do
foi desenvolvido e é distribuído como tual em eventos de chamada
joystick virtual.
software livre, atualmente é endossa- remota
do pela empresa Sun.

Implementação
Na figura 18 você encontra par- usuário controlador. Esta recepção se 18 Parte do código-fonte do firmware em seu
te do código ainda em seu ambiente dá por meio da atuação dos arquivos ambiente de desenvolvimento
de desenvolvimento. Este firmware, javascripts, que invocam uma chama-
uma vez embarcado no PIC, é o res- da remota desta classe, enviando co- ;**************************************
ponsável por interpretar os sinais de mo parâmetro para o método “move” ; LÓGICA
comando enviados pelo Software uma string contendo a direção que o ;**************************************
Controlador, localizado no servidor robô móvel deverá seguir. Essa string,
PROCESSA
remoto.Apresentamos parte deste có- assim que recebida, é comparada MOVLW B ‘ 00000111 ‘
digo-fonte ainda em seu ambiente de com algumas variáveis fixas que em- ANDWF DADO_RX , W
desenvolvimento na figura 19.
pregam um valor de controle (acima, ADDWF PCL , F
Este Software Controlador consis- abaixo, esquerda, direita e parar).
As- RETURN
te na estrutura de classes descrita a
sim que essa string é validada como GOTO FRENTE ;00000001 - A
seguir. um comando de controle, uma rotina GOTO DIREITA ;00000010 - B

de envio de sinais é iniciada. Nesta GOTO ESQUERDA ;00000011 -C
GOTO PARA ;00000100 - D
SerialCom.java rotina, um objeto da classe “Serial-
GOTO VOLTA ;00000101 - E
Classe que contém o método res- Com.java” é instanciado, criando uma
RETURN
ponsável pela comunicação com a conexão válida com a porta serial
RETURN
porta serial do servidor remoto. Essa do servidor remoto. Uma vez criada RETURN
comunicação é realizada com uma esta conexão, os dados de controle,
biblioteca Java chamada “javaxcomm. interpretados e alterados para sinais
jar”. Essa biblioteca possui rotinas legíveis pelo firmware embarcado no FRENTE
que, quando invocadas pela classe PIC, começarão a ser enviados em MOVLW B ‘ 00000010 ‘
em questão, realizam a comunicação conjunto de 20 bits cada. MOVWF PORTA
com portas seriais disponíveis no Como meio de informar o usuário
RETURN
computador, permitindo assim o envio controlador, um método return é invo-
de qualquer tipo de dado à porta. A cado, gerando uma frase que indica DIREITA
porta a ser usada está contida na roti- qual é a direção que o robô móvel MOVLW B ‘ 01000000 ‘
na de comunicação da classe, que é a
está se dirigindo. Esta frase chega MOVWF PORTE

até o usuário controlador através da CALL DELAY
COM1 (porta padrão de comunicação

ação dos javascripts. A interface de- CLRF PORTB
serial). Uma vez realizada a comuni-
RETURN
cação com a porta serial, a mesma senvolvida para a interação com o
permanecerá exclusivamente alocada usuário controlador foi projetada com
ESQUERDA
até que, por algum motivo, a mesma a divisão da tela em três frames inde-
MOVLW B ‘ 10000000 ‘
seja cancelada. pendentes. MOVWF PORTB
Desta maneira, é possível prover
CALL DELAY
Remote.java ao usuário controlador uma visualiza-
CLRF PORTB
Classe responsável por receber os ção básica das imagens transmitidas
RETURN
sinais de controle determinados pelo pelo robô móvel e, juntamente, prover

30 Mecatrônica Fácil nº43

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robótica r
a funcionalidade de controlá-lo numa No servidor remoto é instalada 20Fases de desenvolvimento do robô móvel
área diferente da já utilizada para a uma aplicação denominada CamPer-
transmissão de imagens. O browser manent, de fabricação realizada pela
do usuário controlador divide-se em empresa CrazyPixels, cuja licença
três frames: de uso é Shareware (sem cobrança
quando usada apenas para uma mi-
Frame superior crocâmera). Esta aplicação é respon-
Responsável por realizar a chama- sável por capturar os sinais oriundos
da da página encarregada de exibir a da placa de vídeo alocada no servidor a
transmissão das imagens capturadas remoto, que recebe os sinais da mi-
pelo robô móvel. crocâmera acoplada ao robô móvel.
Uma vez instalada, esta aplicação
Frame central realiza a decodificação de sinal digital
Responsável por realizar a chama- em imagem visível, possibilitando que
da da página encarregada de exibir uma pessoa a visualize perfeitamente
o joystick virtual de controle do robô e viabilize o controle do robô móvel.
móvel. Esta aplicação também possui um
componente capaz de gerar páginas
Frame esquerdo HTML que possibilitam a visualização b
Responsável por realizar a cha- das imagens capturadas. Um detalhe
mada de uma página HTML com a importante que deve ser destacado é
descrição dos autores deste projeto. a velocidade de comunicação entre o
usuário controlador e o servidor remo-
19 to, sendo esta variável. Essa variação
Desvio da execução da código para uma
das rotinas de direção ocorre devido ao fato do usuário con-
trolador estar conectado remotamen-
te ao servidor, utilizando a Internet
package source ; como meio, desta maneira estando c
vulnerável a queda de qualidade e
public class Remote velocidade de conexão. Como meio
{ de se reduzir tempo de desenvolvi-
public static final String DIRE- mento, utilizou-se deste componente
CAO_ACIMA = “acima” ;
para que a página responsável pela
public static final String DIRE-
transmissão de imagens (localizada
CAO_ABAIXO = “abaixo” ;
public static final String DIRE-
no frame superior da interface) fosse
CAO_ESQUERDA = “esquerda” ; alocada neste projeto. d
public static final String DIRE-
CAO_DIREITA = “direita” ; Resultados Alcançados
public static final String DIRE- Para possibilitar a realização do
CAO_PARAR = “parar” ; projeto, foi necessário criar um robô
public static String move (String móvel controlado por um usuário re-
direcao ) motamente. Na figura 20 são mostra-
{ das as fases do robô com suas etapas
Serial Com sc = new SerialCom progressivas de melhorias.
() ; Na figura 20a ilustramos a primeira
//SerialServer Ss = new e
fase de desenvolvimento do robô mó-
SerialServer () ; vel, ainda sem fontes de alimentação,
if (direcao.equalsIgnoreCase (DI-
microcâmera e motores. Nesta fase, o
RECAO_ACIMA) )
robô possui apenas a roda boba e os Na figura 20c vemos o robô móvel
CDs (também como rodas), acoplados em sua terceira versão, que possui a
{
while ( true ) a parafuso simples, adaptados para estrutura para as fontes de alimenta-
{ serem os eixos. Na figura 20b o robô ção já acopladas, a microcâmera, a
//Ss.Set_StringValue móvel possuía uma nova base que foi segunda versão dos eixos torneados
(“E”); melhor elaborada, rodas revestidas e a placa de recepção de sinais. Es-
sc.enviarDadosPorta (“E” para melhorar a aderência com o piso, ta placa possui um microcontrolador
“COM1”) ; motores e a primeira versão dos eixos PIC, sendo que nesta fase, o firmware
return “ROBÔ DIZ: ANDANDO torneados. Teve início nesta fase, uma gravado ainda não tinha um bom de-
PARA FRENTE” ; primeira tentativa de acoplamento da sempenho para interpretar os sinais
} fonte de alimentação primária. Os mo- de comando, devido ao protocolo de
tores usados são de 1,5 V. comunicação ainda não estar pronto.

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r robótica
21
Partes relevantes do protótipo móvel desenvolvido

c
a b d

e f g

acoplagem, do motor de tração e da Para que o robô móvel possa


roda dianteira esquerda, passou a ser ser controlado remotamente, foram
Componentes
intermediada por um macro-sistema construídas placas de recepção e
Microcâmera sem fio (conjunto) de redução de velocidade com en- transmissão de sinais. A placa de
8 pilhas AA recarregáveis grenagens. O mesmo ocorreu com o transmissão se encontra acoplada ao
outro motor e com a roda de direção. servidor onde o sistema está instalado
Baterias 9 V regarregável
Esses macro-sistemas foram im- e a placa de recepção está acoplada
Placa de captura de vídeo plementados para reduzir a veloci- ao robô móvel.
Componentes eletrônicos para dade do robô móvel e para controlar
placa de circuitos a direção do mesmo. A fonte de ali- Conclusão
mentação primária passa para a parte Este projeto teve como propósito
dianteira do robô móvel, para que seu desenvolver um protótipo de robô mó-
Na figura 20d é apresentado o peso não prejudique o desempenho vel com baixo custo de construção e
robô com a terceira versão da placa da roda de direção. estrutura capaz de realizar seu con-
de recepção de sinais, já com o proto- Após a descrição das fases do trole remoto via radiofreqüência.
colo de comunicação do firmware em robô móvel assim como os compo- É importante enfatizar que o sis-
fase funcional, assim como sua nova nentes de hardware e software, que tema de controle juntamente com o
forma de acoplamento de motores. fazem parte do protótipo do sistema robô móvel fazem parte de um protóti-
Nesta fase, os motores usados são de controle, é possível entender o po funcional. No entanto, alguns itens
de 12 V, porém trabalham com uma seu funcionamento completo. Após podem ser melhorados, de forma que
corrente de 3,5 V provida pela fonte os testes, as aplicações e as adapta- no futuro, este possa ser adaptado a
de alimentação primária. Cada um ções apresentadas neste documento, um projeto comercial de baixo custo e
dos motores está acoplado a uma ro- foi possível o desenvolvimento de um grande eficiência.
da pelo intermédio de um sistema de protótipo de robô móvel totalmente Como trabalhos e melhorias futu-
polias com correia. funcional e dotado de estrutura ade- ras, podem ser citados alguns itens
Na figura 20e observamos o pro- quada para a recepção de sinais de como: acoplamento de fontes lumino-
jeto em fase de conclusão, sendo controle e transmissão de imagens sas, desenvolvimento do sistema de
mudada a forma de acoplagem dos por radiofreqüência. Apesar da re- adaptação a solos irregulares, adap-
motores, rodas e o posicionamen- ciclagem de materiais, alguns com- tação de sensores de presença ao
to da fonte de alimentação primária. ponentes precisaram ser adquiridos robô móvel e sistemas inteligentes ao
Além disso, foi feita a inversão entre comercialmente - confira a tabela 3. servidor remoto, desenvolvimento de
as rodas dianteira e traseira do robô Nas figuras 21a a 21g são apre- módulo robusto e adaptação de um
móvel, possibilitando a execução de sentadas a evolução do protótipo, dispositivo externo (porta paralela)
curvas fechadas sem perder desem- destacando algumas partes funda- como joystick de controle. f
penho no deslocamento. A forma de mentais no projeto.

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