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24 8 Agosto 2008

COMUNIDADES
Emigrantes em Fátima Língua portuguesa pelo mundo fora...
A 36 ª Semana de Migrações vai realizar-se entre 10 e 17 de
Agosto, sob a responsabilidade da Obra Católica Portuguesa de
Migrações. Num comunicado a OCPM apela à participação da
comunidade Emigrante e Imigrante nos eventos em curso nas
dioceses portuguesas. A Peregrinação Internacional do Migrante
6,4
cêntimos por litro foi
quanto desceu o preço do
Os líderes da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa
(CPLP) comprometeram-se a partilhar políticas e a criar
programas comuns para a “mundialização” da língua portuguesa.
A questão foi discutida durante a 7ª Conferência dos Chefes de
Estado e Governo da CPLP, ocorrida no Centro Cultural de
e Refugiado a Fátima, nos dias 12 e 13 de Agosto, é o ponto alto gasóleo, em Portugal, nas Belém, e teve como tema central a promoção da língua
das celebrações. A convite da Comissão Episcopal da portuguesa no mundo, sua utilização como idioma oficial em
Mobilidade Humana e diocese de Leiria- Fátima, será presidida últimas três semanas. O organizações internacionais, fomento ao ensino do português, e
por D. Zacarias Kamwenho arcebispo de Lubango, Angola. barril desceu 30 dólares. fortalecimento do Instituto Internacional de Língua Portuguesa .

Emigrar para um “deserto” de apoios


Eram cinco portugueses. Uma senhora, três Quando há tempos escrevíamos que a nova
homens e um rapaz. Encontrámo-los de lei em vigor sobre os “gang masters
armas e bagagens – nas ruas de Londres. Por (contratadores de trabalho migrante)” era
dificuldades económicas? Não. Todos tinham uma grande mentira, hoje confirma-se que o
emprego e meios para sobreviverem. No é. Porque, sem dúvida, controla e penaliza
entanto, estavam na rua. Tudo porque o quem não obedece e transgride dentro do
senhorio, de um dia para o outro, resolveu Reino Unido. Só que não controla, nem
aumentar a renda por quarto de £100 para penaliza as ilegalidades efectuadas fora deste
£200 por semana. Assim mesmo. “Amanhã território, onde as leis são mais maleáveis e
quero £200 por quarto!”. Sem contrato, sem menos duras e a exploração não é penalizada.
recibos, sem uma base legal para defender os Este problema levantado agora por Joe
seus interesses, Assunção Pereira e família, Barreto, não é diferente do que já levantámos
dormiram na casa aquela noite e, no dia no passado – só que é mais actual e
seguinte, foram despejados. demonstra que tudo continua na mesma. Não
Empregador, autoridades portuguesas e porque as autoridades locais e as
locais, organizações de ajuda, conselheiros, organizações de defesa ao emigrante não
ou qualquer português – mesmo só por estejam alerta. Mas porque os portugueses,
solidariedade – ninguém quis saber! contrariamente a outras nacionalidades, não
Português é carne para canhão! Por fim, têm apoio político das suas representações
depois de muitas horas à deriva, Assunção e abandono, num artigo polémico editado pelo preferimos fazer vista grossa. diplomáticas. E as organizações de defesa ao
família foram alojados – e viva a EDP24. Tão polémico como verdadeiro. Joe Barreto veio levantar o véu de um emigrante são menosprezadas e ignoradas,
solidariedade – dos ingleses. Porque Joe Barreto não falava apenas naqueles problema real, mas que como muitos outros é quando levantam problemas desta índole.
Os senhorios, um casal português e que, como Assunção, foram parar difícil de quantificar. Por quanto a maioria Quando interferem no conforto e provocam a
brasileira, de Thornton Heat, lá ficaram, desamparados à rua. Falava sim dos muitos destes portugueses menos afortunados têm discussão. Hoje estamos cada vez mais
satisfeitos, como se nada fosse com eles. portugueses que são vítimas de enganos, medo ou vergonha de se apresentarem às isolados e entregues a nós próprios. A luta
Preocupados com quê? Não há tantos extorsões, discriminações e explorações e que autoridades. De falarem dos seus problemas, tem de ser encetada por cada um de nós.
mendigos nas ruas. Afinal contribuíram para o acabam por ser obrigados a aceitar a caridade de admitirem o insucesso. Ou mesmo, se Temos de aceitar e acreditar nas organizações
aumento de uma comunidade em de outros, para sobreviverem. acanham por não falarem a língua. locais neste país, que se dizem prontas a nos
crescimento. Sem castigo e sem perdão! Afinal Rita, do Breckland, uma jovem portuguesa, O mercado de trabalho, esse é o que é! ajudar e irmos até elas, com a ajuda, ou não,
não fizeram mais do que outros portugueses em conflito com a mãe, foi posta na rua e vive Continuam a chegar rumo a Thetford, das organizações que diariamente nos
no passado já lhes teriam feito. Tal e qual com amigos até conseguir um quarto que Swaffam, Great Yarmouth, Kings Lynn e defendem e apoiam.
assim, ao abrigo da lei - da selva – depois de possa pagar. Sergio, também do Breckland, já outros destinos, portugueses contratados A condição de “homeless”
40 anos de emigração, Londres continua a não de idade avançada divide o quarto com as directamente de Portugal, onde o desemprego Normalmente todos nós achamos que esta
ter apoio social consular e, mais grave, a não pessoas que o ajudaram. M (não nos permitiu é alarmante. Pessoas que chegam e que palavra quer dizer apenas vagabundo. Mas
ter sequer quem olhe por estes casos... dar o nome), também do Breckland, tem dois asseguram trabalho por três meses e depois... assim não é – “homeless” é todo aquele que
E são estes casos que todos os dias filhos e desde o final do mês de Julho, perdeu há que ir buscar outros, porque o negócio está se encontre numa situação de “sem morada”,
acontecem por esse Reino Unido fora, com a casa e vive da ajuda dos amigos. Três amigos no ir buscar e não no empregar. Porque muita isto é que viva em casa, ou sob um tecto, por
este ou aquele português, que Joe Barreto, do Breckland vivem do expediente diário para desta contratação é paga, directa ou caridade ou solidariedade de outros. Que a
falando em nome dos portugueses em sobreviverem e a sua morada são duas indirectamente, nos países de origem. Porque sua condição, com trabalho ou sem trabalho,
Norfolk, apontava como os problemas e as viaturas. E estes exemplos são um pouco da vale o risco, para quem não tem nada, pagar não lhe permita ter “casa própria” onde possa
causas de centenas de portugueses viverem ao realidade corrente que todos sabemos mas que para ver a “luz ao fundo do túnel”. viver com dignidade.
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