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SEMANA DA ESQUISTOSSOMOSE

De 25 a 30 de maio de 2009

– Vamos acabar com essa doença? -

O QUE É ESQUISTOSSOMOSE?

A esquistossomose mansônica, também conhecida como “xistose”, “xistosa”, “xistosomose”,


“doença dos caramujos”, da “lagoa de coceira” ou “barriga d’água” é uma doença causada por
um parasita denominado Schistosoma mansoni.

QUAL SUA IMPORTÂNCIA EM SAÚDE PÚBLICA?

É, ainda, uma doença de importância em saúde pública em todo o mundo, subnotificada,


relacionada principalmente às baixas condições de vida e à falta ou deficiências no
saneamento básico. Dados do Ministério da Saúde mostram que a esquistossomose causa, no
Brasil, mais óbitos que a dengue, a leishmaniose visceral e a malária. Mais de 200 milhões de
pessoas estão infectadas em todo o mundo.

COMO A DOENÇA SE TRANSMITE?

Sua transmissão depende da existência de determinados caramujos (de espécies como


Biomphalaria glabrata, B. straminea e B. tenagophila ), em rios, lagoas, córregos, canais,
represas, mangues ou outras coleções hídricas, contaminadas com despejo de esgoto sem
tratamento. Os ovos do parasita, eliminados nas fezes do indivíduo contaminado, liberados na
água transformam-se em larvas ciliadas (miracídios) que infectam o caramujo, e depois de 4 a
6 semanas abandonam o caramujo, na forma de cercárias, permanecendo nas águas.

O indivíduo quanto entra em contato com essas águas contaminadas, em atividades de lazer
(para nadar ou tomar banho) ou de trabalho (lavouras irrigadas, hortas, arroz, etc.) adquire a
doença, devido à penetração das cercárias pela pele. A doença aparece, em média, de 2 a 6
semanas após esse contato. Se o indivíduo não for tratado, permanecerá excretando ovos do
parasita por muitos anos, constituindo-se também em importante fonte de transmissão em
locais com saneamento básico deficiente e despejo de dejetos sem tratamento nas coleções
hídricas.

QUAIS OS SINTOMAS DA DOENÇA?

Os primeiros sintomas podem passar despercebidos. Em geral, são intensa coceira e


micropápulas avermelhadas, parecendo urticária. Depois podem aparecer sintomas que se
confundem com o de várias outras doenças, surgindo febre, diarréia, dores musculares, etc..
De evolução prolongada e sem sintomas evidentes, a doença pode tornar-se grave, causando
incapacitação quando órgãos como o intestino, o fígado, o baço, o pulmão, ou o sistema
nervoso (pode causar paralisias) são afetados, chegando-se até o óbito.

O QUE FAZER QUANDO VOCÊ ACHA QUE PODE TER ADQUIRIDO A


ESQUISTOSSOMOSE?

Procure o posto de saúde próximo de sua casa. Se você nadou ou entrou em contato com
água com essas espécies de caramujos em regiões que tem a doença, independente de ter
tido ou não sintomas, deve procurar a unidade de saúde para fazer a consulta médica e o
exame parasitológico de fezes, ou outros exames complementares, e fazer o tratamento se

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indicado pelo médico. Explique para o médico que você pode ter se exposto à água
contaminada e conte para ele em quais locais você se banhou ou nadou.

QUAL O TRATAMENTO PARA ESQUISTOSSOMOSE?

O tratamento da esquistossomose é feito com medicamento seguro e efetivo, o praziquantel,


via oral, em dose única e será prescrito pelo médico quando os exames são positivos. O
médico avaliará a dose adequada ao peso e idade da pessoa com esquistossomose, e se não
há alguma contra-indicação. O remédio será fornecido gratuitamente pelo posto de saúde.

COMO SE PREVENIR DA ESQUISTOSSOMOSE

Não entre em rios, lagoas, córregos, etc., com águas poluídas e/ou com presença de
caramujos. Antes de nadar ou banhar-se nessas águas, procure se informar junto aos órgãos
de saúde do local se as mesmas são seguras, se não transmitem a esquistossomose. A
Secretaria de Estado da Saúde, por meio do CVE, da SUCEN e órgãos governamentais
responsáveis pelo meio ambiente, estará trabalhando junto aos municípios para sejam
sinalizados os locais com risco de transmissão da doença.

A SITUAÇÃO DA ESQUISTOSSOMOSE NO ESTADO DE SÃO PAULO

Os primeiros focos de esquistossomose no estado de São Paulo ocorreram a partir das


migrações, nas primeiras décadas do séc. XX e depois mais intensamente na década de 70, de
populações vindas de Estados do Nordeste (Bahia, Pernambuco, Alagoas e Sergipe) e de
alguns do Sudeste como Minas Gerais, as quais se fixavam em áreas sem infra-estrutura
urbana, sem saneamento e com coleções hídricas com espécies de caramujos transmissores.

De lá até o presente, o Estado de São Paulo, em seus intensos trabalhos realizados para
prevenção e controle da doença, seja por meio da vigilância e da assistência médica, seja com
medidas ambientais, conseguiu promover uma redução importante da doença adquirida em
suas coleções hídricas, além de identificar e tratar os casos importados, isto é, aqueles
residentes em território paulista, porém procedentes de outros Estados endêmicos do Brasil.
Essa redução da doença permite agora, partir para um novo estágio de controle e vigilância,
que é tentar eliminar a transmissão em suas coleções hídricas, e com isso acabar com a
doença adquirida (autóctone) no Estado.

Na década de 80, cerca de 20 mil casos eram notificados a cada ano. Na década de 90, esse
número baixou para pouco mais de 10 mil casos notificados ao ano, e nos últimos anos,
registra-se em média um total de 2 mil casos por ano, 10% deles, autóctones (Fonte: CVE).

Dados de levantamento planorbídico – isto é, identificação da existência de localidades com


caramujos da Esquistossomose (Fonte: Sucen) mostram que 248 municípios entre os 645
existentes no estado de São Paulo, possuem criadouros das espécies transmissoras em suas
coleções hídricas, constituindo-se em potenciais focos de risco à doença, especialmente em
locais com problemas de saneamento, em áreas de periferia urbana ou rurais.

Entre estes municípios, 170 registraram casos autóctones nos últimos cinco anos, sendo as
regiões de maior prevalência da doença as do Vale do Ribeira, Vale do Paraíba, Litoral Norte e
Baixada Santista, Grande Campinas e alguns municípios da Grande São Paulo, incluído o
município de São Paulo.

POR QUE FAZER UMA SEMANA DA ESQUISTOSSOMOSE E QUAIS AS ATIVIDADES


PREVISTAS?

A implantação da Semana da Esquistossomose, uma vez ao ano, é uma atividade


complementar à vigilância de rotina da doença, tendo como finalidade divulgar a doença, suas

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formas de transmissão, prevenção e tratamento, bem como aumentar a captação precoce de
casos (sintomáticos e assintomáticos) no estado de São Paulo.

A ser realizada sempre no mês de maio, a ação é dirigida a escolares e outros grupos
populacionais de risco, isto é, a indivíduos que residem em áreas de coleções hídricas com
caramujos da espécie transmissora da doença e com presença de contingentes migratórios
procedentes de Estados endêmicos.

Neste ano de 2009, a Semana da Esquistossomose, será realizada de 25 a 30 de


maio, e tem como foco essa população de risco, bem como médicos e outros profissionais de
saúde, objetivando uma mensagem de que embora a esquistossomose ainda exista e possa
ser também adquirida no Estado de São Paulo, em lagoas e rios que abrigam os caramujos da
espécie transmissora, é possível, com algumas ações organizadas, impedir essa transmissão,
evitar casos e eliminar a doença autóctone.

Essas ações serão fundamentalmente de caráter educativo, apoiadas pela assistência médica
e laboratórios, que nos níveis municipais estarão atendendo, nos postos de saúde, os
indivíduos que se expuseram ao risco, realizando ou agendando consultas médicas e
solicitando o exame parasitológico que permite o diagnóstico da doença.

Além disso, vários municípios realizarão inquéritos parasitológicos, em escolares ou outros


grupos populacionais de risco, com vistas a conhecer melhor a prevalência da doença e poder
oferecer tratamento.

Em algumas regiões, serão inauguradas Unidades Geossentinelas (unidades de saúde com


recursos diagnósticos laboratoriais complementares), que farão a vigilância ativa permanente
da doença em sua área geográfica de abrangência, com vistas à identificação precoce dos
casos assintomáticos e sintomáticos da doença.

Adicionalmente ao apoio da mídia, os níveis locais e regionais serão mobilizados e estimulados


a desenvolver atividades educativas, lúdicas e recreativas para divulgação das mensagens
sobre a prevenção e tratamento da doença.

O trabalho não se esgota ao final da Semana da Esquistossomose. Os resultados de todas as


ações desenvolvidas permitirão avaliar as estratégias de captação de casos, implementar
recursos diagnósticos, melhorar a vigilância ativa da doença, concluir levantamentos e
mapeamento de problemas ambientais, tais como pontos com focos da doença, criadouros de
caramujos e saneamento deficiente, e elaborar alternativas para atuações definitivas para a
interrupção da transmissão da doença, com a CERTIFICAÇÃO em futuro breve dos municípios
que alcançarem a eliminação da autoctonia da esquistossomose.

QUEM É A POPULAÇÃO ALVO DESSA CAMPANHA?

A população alvo da campanha educativa são especialmente os escolares e adultos jovens,


residentes em áreas com coleções hídricas potencialmente de risco, isto é, quase 1milhão de
pessoas, para os quais irão mensagens sobre como se prevenir e evitar a doença, ou de como
proceder, quando já se expôs ao risco.

Nessas regiões serão feitos adicionalmente inquéritos parasitológicos esperando-se atingir


cerca de 20 mil pessoas, entre escolares e outros grupos como trabalhadores da cana-de-
açúcar, laranja e construção civil, além do atendimento à demanda espontânea de pessoas
que procurarem as unidades básicas de saúde (cerca de 5 mil UBS em todo o ESP), por
eventualmente terem se exposto ao risco, dentro ou fora do estado de São Paulo.

Cerca de 200 Unidades de Saúde estarão se organizando para ser a referência geográfica da
doença em regiões ou municípios com importante prevalência – as Unidades Geossentinelas
que começarão a funcionar a partir desta Semana da Esquistossomose, e irão realizar ao lado
dos exames parasitológicos, no atendimento prestado ao longo do ano, cerca de 5 mil
sorologias, exame importante que permite identificar além das infecções recentes, as antigas,

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naquelas pessoas que não tenham sido ainda tratados. Os exames parasitológicos de fezes
serão feitos pelos laboratórios municipais e os sorológicos pelo Instituto Adolfo Lutz.

Serão ainda distribuídos nos postos de saúde e escolas, material educativo sobre a doença
como cartazes (10 mil), folhetos (10 mil) e panfletos (1 milhão).

Além da DDTHA/CVE, a iniciativa conta com a participação de diversas instituições vinculadas


à Secretaria de Estado da Saúde de São Paulo e de outros órgãos do governo estadual, do
Ministério da Saúde, de todos os municípios e de representantes das comunidades locais.

PARA SABER MAIS SOBRE A DOENÇA:

1. Alarcón de Noya B, Ruiz R, Colmenares C, Losada S, Cesari IM, Toro J, Noya O.


Schistosomiasis mansoni in areas of low transmission, epidemiological characterization of
Venezuelan Foci. Mem Inst Oswaldo Cruz 2002: 97(Suppl. I): 5-10.
2. Carvalho OS (org) et al. Schistosoma mansoni e esquistossomose: uma visão
multidisciplinar. Rio de Janeiro: Editora Fiocruz, 2008.
3. CVE. Divisão de Doenças de Transmissão Hídrica e Alimentar. Informe Técnico – 2009:
Esquistossomose. São Paulo: SES, 2009. Disponível em: http://www.cve.saude.sp.gov.br
(em Doenças Transmitidas por Água e Alimentos e em Documentos Técnicos).
4. CVE. Divisão de Doenças de Transmissão Hídrica e Alimentar. Vigilância Epidemiológica e
Controle da Esquistossomose: normas e instruções. São Paulo: SES, 2007. Disponível
em: http://www.cve.saude.sp.gov.br (em Doenças Transmitidas por Água e Alimentos e em
Documentos Técnicos).
5. Ministério da Saúde (BR). SVS. Vigilância e Controle de Moluscos de Importância
Epidemiológica – Diretrizes Técnicas: Programa de Vigilância e Controle da
Esquistossomose (PCE). Brasília: MS; 2008.
6. Rey L. Parasitologia: parasitos e doenças parasitárias do homem nas Américas e na
África, 3ª ed., Guanabara-Koogan, Rio de Janeiro, 2001
7. Teles HMS. Distribuição geográfica das espécies dos caramujos transmissores de
Schistosoma mansoni no Estado de São Paulo. Rev Soc Bras Med Trop 2005; 38(5):426-
32.
8. WHO. WHO Expert Committee. Prevention and control of schistosomiasis and soil-
transmitted helminthiasis. World Health Organ Tech Rep Ser. 2002; 912:1-57.

Informe elaborado pela Divisão de Doenças de Transmissão Hídrica e Alimentar. Centro


de Vigilância Epidemiológica “Prof. Alexandre Vranjac”. Coordenadoria de Controle de
Doenças. Secretaria de Estado da Saúde. São Paulo, SP, Brasil

São Paulo, maio de 2009

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