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E. RIZZATTI a
edu_rizzatti@yahoo.com.br
H. R. ROMAN b
humberto@ecv.ufsc
G. MOHAMAD c
gihad.civil@gmail.com
E.Y. NAKANISHI d
elizabete_nakanishi@hotmail.com
Abstract
This paper presents the experimental results of a research program with ceramic block masonry under compression. Four different block geom-
etries were investigated. Two of them had circular hollows with different net area. The third one had two rectangular hollow and the last block was
with rectangular hollows and a double central webs. The prisms and walls were built with two mortar type 1:1:6 (I) and 1:0,5:4 (II) (proportions by
volume of cement: lime: sand). One:three small scale blocks were used to test block, prisms and walls on compression. It was possible to conclude
that the block with double central webs gave better results of compressive strength showing to be more efficient. The mortar didn´t influenced the
compressive strength of prisms and walls.
Resumo
Neste trabalho são apresentados os resultados experimentais sob compressão centrada de alvenaria estrutural de blocos cerâmicos. Foram es-
tudadas quatro diferentes geometrias de blocos designados por A, B, C e D, sendo o primeiro e segundo (A e B) com septos arredondados com
diferentes áreas líquidas, o terceiro bloco (C) com furos verticais no formato retangular e o último (D) com um duplo septo central. O programa
experimental abrangeu os estudos de blocos, prismas e paredes. Os prismas e as paredes foram construídas com dois traços de argamassa
1:1:6 (tipo I) e 1:0,5:4 (tipo II) (proporções em volume de cimento:cal:areia). Para tanto, foram realizadas análises da resistência à compressão
do bloco, prismas e paredes, construídas com essas geometrias em escala reduzida na proporção de 1:3 das dimensões reais. Com base na
análise dos resultados experimentais, pode-se concluir que o bloco tipo D, que possui duplo septo central, é o bloco mais eficiente para o uso em
alvenaria estrutural entre os blocos analisados. As paredes construídas com os blocos do tipo D apresentaram uma melhor capacidade de ab-
sorver esforços verticais, devido à coincidência dos septos entre as fiadas subseqüentes, provocadas pela existência de um duplo septo central.
Além disso, não se verificou influência significativa da resistência da argamassa na resistência de prismas e paredes.
a
Departamento de Estruturas e Construção Civil, Universidade Federal de Santa Maria, e-mail: edu_rizzatti@yahoo.com.br, Avenida Roraima,
Prédio 07, Centro de Tecnologia, Santa Maria, RS.
b
Departamento de Engenharia Civil, Universidade Federal de Santa Catarina, e-mail: humberto@ecv.ufsc, Rua João Pio Duarte da Silva, 205,
Bairro Córrego Grande, CEP.: 88040-970, Florianópolis, SC.
c
Curso Engenharia Civil, Universidade Federal do Pampa, UNIPAMPA, e-mail: gihad.civil@gmail.com, Av. Tiarajú, 810 – Bairro Ibirapuitã
CEP.: 97546-550, Alegrete, RS.
d
Curso Engenharia Civil, Universidade Federal do Pampa, UNIPAMPA, e-mail: elizabete_nakanishi@hotmail.com, Av. Tiarajú, 810 – Bairro Ibirapuitã
CEP.: 97546-550, Alegrete, RS.
Received: 31 May 2011 • Accepted: 27 Jun 2012 • Available Online: 02 Oct 2012
© 2012 IBRACON
Mechanical behavior analysis of small-scale modeling of ceramic block masonry structures –
Geometries effect
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prismas (dois, três e quatro blocos), pequenas paredes e o diagra- mecanicamente os componentes e elementos estruturais. Os blo-
ma tensão/deformação dos blocos são apresentados nas Figuras cos cerâmicos estruturais possuíam dois furos retangulares com
02 e 03, respectivamente. O autor concluiu, a partir dos seus re- espessura de paredes longitudinais e transversais iguais e propor-
sultados, que: de uma forma geral, as resistências à compressão ção entre a área líquida pela área bruta de 55%. As dimensões reais
axial entre os modelos e protótipos foram semelhantes entre si, médias das unidades foram de 9,82 cm x 6,59 cm x 4,65 cm (com-
porém, para os prismas e paredinhas, os modelos apresentaram primento x altura x largura). A Tabela 01 apresenta os ensaios
valores um pouco superiores à escala real, numa relação de apro- experimentais e a correspondente resistência. Pelas imagens do
ximadamente 1,5 para os prismas e 1,3 para as paredinhas; as modo de ruptura dos prismas e pequenas paredes apresentadas
deformações de ruptura medidas nos modelos, também apresen- por NETO [6] na Figura 04, verificou-se a ocorrência de esmaga-
taram a mesma ordem de grandeza entre si, porém foram consi- mentos da junta de argamassa de assentamento, combinada com
deravelmente superiores aos valores medidos no protótipo, numa fissuras por lascamento no contato com a argamassa e fissuras
relação aproximada de 2,4 para os prismas e 4,5 para as paredi- verticais por tração provocadas pela aplicação da tensão de com-
nhas; a relação de eficiência (resistência do prisma/resistência do pressão. Combinando os resultados de resistências dos prismas e
bloco) é afetada pelo fator de escala, com um valor aproximado pequenas paredes pelos blocos se obtém os fatores de eficiência
de 0,4; 0,5 e 0,6 para as escalas 1:1, 1:3 e 1:5, respectivamente; dos ensaios experimentais de NETO [6], cujos valores foram fp / fb
apesar da diferença de valores nos resultados de resistência, os = 0,55 MPa e fpequenas paredes / fb = 0,38 MPa.
modos de ruptura, apresentados pelo protótipo e modelos físicos,
foram semelhantes. Com as considerações acima, o autor con- 3. Fatores que influenciam na resistência
cluiu que é possível a utilização de forma direta de modelos físicos das alvenarias
reduzidos para o estudo da alvenaria de blocos cerãmicos.
NETO [6] estudou o comportamento teórico e experimental de O principal elemento resistente das paredes de alvenaria estru-
painéis de alvenaria estrutural com abertura, utilizando modelos tural é o bloco sendo, basicamente, o determinante para a sua
físicos reduzidos na escala 1:3. Para tanto, o autor caracterizou resistência. No Brasil existem diferentes pesquisas sobre o com-
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A B
paredes estruturais e, por isso, realizaram estudos analíticos por são foram maiores em blocos convencionais de dois furos do que
meio do método de elementos finitos sobre o comportamento da nos estruturalmente eficientes (com septo intermediário com o
alvenaria de blocos de concreto, considerando a influência das dobro da espessura da parede lateral mais a espessura da jun-
diferentes geometrias, arranjos e propriedades das argamassas. ta de argamassa). Como conclusão dos estudos de GANESAN e
GANESAN e RAMAMURTHY [11] propuseram a utilização de blo- RAMAMURTHY [11] sobre o comportamento mecânico das alve-
cos com três tipos de geometrias, sendo que um deles com um narias, pode-se destacar que a geometria do bloco influenciou nas
duplo septo central, ou seja, a espessura da parede transversal tensões que se desenvolveram, tanto na sua distribuição, quanto
interna era igual ao dobro da lateral mais a espessura da junta, na sua magnitude. Também, que a argamassa não influenciou di-
conseguindo-se assim o alinhamento dos furos e tornando o con- retamente no comportamento da alvenaria de blocos e o uso de
junto mais eficiente. Foram modelados prismas de três (3) fiadas prismas com juntas a prumo superestima a resistência da alve-
com juntas a prumo e amarrada, com três geometrias de blocos naria. Outra importante conclusão foi de que o fator de eficiência
de concreto, sendo estes: blocos com três furos; dois furos com variou com o formato geométrico do bloco de concreto e do tipo
dimensões padrões e dois furos em que a espessura do septo de assentamento. Os autores verificaram que, para algumas geo-
intermediário é igual a duas vezes a espessura da parede mais 10 metrias de blocos e tipos de assentamento de argamassa, apare-
mm (estruturalmente mais eficiente pela sobreposição dos sep- cem concentrações de tensões que reduzem a resistência à com-
tos nas fiadas). Na alvenaria foram empregadas quatro tipos de pressão da alvenaria. A Figura 07 mostra os tipos de blocos de
argamassas de forma a atender a proporção entre o módulo de concreto estudados, as resistências dos mesmos e das paredes,
elasticidade do bloco (Eb) em relação à argamassa (Ea) de 1; 1,5; juntamente com os fatores de eficiência. Os blocos do tipo A foram
2,0 e 2,8, sendo constante o Eb. Com a constância na proporção assentados com argamassas apenas nas faces (longitudinal) e os
de rigidez entre Eb/Ea, se verificou a influência da argamassa e demais foram argamassados nas faces e septos (transversal).
do modo de ruptura na alvenaria. No modelo foi empregado um
comportamento elástico-linear heterogêneo, utilizando elementos 3.3 Influência da resistência da argamassa
sólidos de oito (8) nós para a determinação das tensões nas faces na alvenaria
e nos septos dos blocos. Os autores salientaram que não houve
mudanças nas proporções entre as áreas líquidas e brutas dos blo- O desenvolvimento de unidades (blocos) de maiores capacidades à
cos estudados. compressão exige, da junta de argamassa, um aumento de resistência
Os resultados obtidos pelos pesquisadores indicaram que os blo- proporcional, devido ao mecanismo de ruptura da alvenaria estar in-
cos de três furos na vertical produziram níveis e distribuições de timamente ligada à interação entre os componentes, como mostra a
tensões superiores aos de dois furos, sendo que na região próxi- Figura 08. Vários estudos foram realizados no Brasil para verificar a
ma ao centro do prisma as tensões permaneceram constantes. influência da argamassa, onde se destacam os realizados por GO-
Com relação aos septos, a diferença de comportamento entre os MES [7]. O autor concluiu que a resistência da argamassa deve se
três tipos de blocos analisados foi mais evidente, quando estes situar entre 0,7 a 1,0 vezes a resistência do bloco medida na área
são assentados com a junta amarrada. As tensões de compres- bruta e, cita que ao utilizar as argamassas de resistências à com-
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pressão próximas ao do bloco, a alvenaria passará a ter uma ruptu- Como conclusão dos estudos de MENDES [8], pode-se observar
ra excessivamente frágil, não acompanhando eventuais movimentos que os prismas não-grauteados romperam por esmagamento da
da estrutura porventura das cargas de serviço. MENDES [8], tam- junta de argamassa, gerando concentrações de tensões nos blocos
bém realizou estudos em prismas de blocos cerâmicos vazados de e o fendilhamento nas superfícies do contato entre o bloco e a ar-
parede maciça com dimensão de 140 mm de largura por 290 mm gamassa. Os tipos de rupturas dos prismas não-grauteados foram
de comprimento e 190 mm de altura (tipologia da Figura 05-b), cuja bruscos, ou seja, sem aviso para os prismas com argamassa mais
relação entre a área líquida pela bruta foi de 0,52. Foram execu- resistente (A1) e, por esfacelamento das paredes laterais do bloco
tados prismas grauteados e não-grauteados assentados com dois para argamassas de resistência mais baixa (A3). Nos prismas grau-
traços de argamassas de diferentes resistências à compressão. teados houve uma separação de todas as paredes que contornam
Largura (L) ±5 ±3
Altura (H) ±5 ±3
Comprimento (C) ±5 ±3
Desvio em relação ao esquadro (D) 3
Planeza das faces ou Flecha (F) 3
�i�ura 11 � �ormato �eom�trico dos blocos cer�micos em escala reduzida 1:3 e prismas de três blocos
Bloco
Tipo A (BA) Tipo B (BB) Tipo C (BC) Tipo D (BD)
Argamassa I PA1 PB1 PC1 PD1
Prisma
Argamassa II PA2 PB2 PC2 PD2
Argamassa I PPA1 PPB1 PPC1 PPD1
Parede
Argamassa II PPA2 PPB2 PPC2 PPD2
Média 1,81
A s.d 0,23
c.v (%) 12,89
Média 1,57
B s.d 0,16
c.v (%) 10,05
Média 1,67
C s.d 0,11
c.v (%) 6,41
Média 1,80
D s.d 0,17
c.v (%) 9,30
- Onde: s.d é o desvio-padrão e c.v (%) é o coeficiente de variação em percentagem.
Tipo de
Prisma
BLOCO
geométrico dos blocos. A “Constante de Ritter” é dada pela re- n Pelos resultados entre o módulo de deformação pela resistên-
lação entre o módulo de elasticidade tangente inicial (Eparede) e cia à compressão (“constante de ritter”) observou-se que na
a resistência à compressão (fparede), conforme a Equação (02). escala reduzida os valores foram significativamente menores,
fator este proporcionado ao grau de adensamento da arga-
massa no momento do assentamento das unidades.
n O modo de ruptura dos prismas e paredes em escala reduzida
Ewall= k. F wall (2) foram semelhantes ao encontrado na literatura retratada neste
trabalho, ou seja, com isso pode-se afirmar que o estudo em
modelos reduzidos tem capacidade de reproduzir os ensaios
em escala real, sendo uma alternativa eficiente para viabili-
A Tabela 10 apresenta os resultados médios do módulo de elasti- zar os ensaios de tamanhos maiores. O modo de ruptura dos
cidade tangente inicial das paredes construídas com traço de ar- prismas e paredes foram por esmagamento da junta de arga-
gamassa I, obtido para um nível de tensão da ordem de 30% da massa de assentamento e, o posteriormente fendilhamento do
resistência à compressão. Pelos valores das medidas de tensão contato entre o bloco e a argamassa de assentamento.
e deformação inicial, se observou diferenças nas características
do módulo de elasticidade das paredes em função da geometria 6. Referências
do bloco, principalmente para os blocos do tipo B e C. Essa dife-
rença entre o bloco B e C foi de 1,8 vezes. Não se acredita que [01] BRDE. Banco regional de desenvolvimento do extremo
essa diferença seja devido ao formato geométrico do bloco e, sim, sul. Cerâmica vermelha: informe setorial. Florianópolis,
pelo nível de tensão lateral confinante desenvolvido na argamas- SC, Dezembro, 1994, 14 P.
sa, provocada pelos diferentes atritos entre a superfície do bloco [02] ABBOUD, B. E.; HAMID, A.A.; HARRIS, H.G.
e a junta de argamassa. Para este nível de tensão, a junta de ar- Small-Scale modeling of concrete block masonry
gamassa é a principal responsável pelas deformações na parede. structures. ACI Structural Journal, Detroit, v.87, n.2,
Calculou-se, também, a “Constante de Ritter”. Onde este valor foi p.145-155, mar/apr. 1990.
menor do que o especificado nas normas nacionais e internacio- [03] VOGT, H. Consideration and investigation on the
nais como NBR 15812-1 [20], cuja constante é de 600 e ES 6 basic principle of model tests in brickwork and
[21], onde o valor da constante recomendada é de 1000. Fato este masonry structures. Garston: Building Research
pode estar relacionado ao grau de adensamento da argamassa no Station, 1956. 30p.
momento do assentamento das unidades, conforme ABBOUD [2] [04] MOHR, G. A. Slender load bearing brickwork walls with
e CAMACHO [5]. returns. Parkville: University of Melbourne/Civil
Engineering Department, 1970. Thesis (MESc)-
5. Conclusões University of Melbourne, 1970.
[05] CAMACHO, J.S. Contribuição ao estudo de modelos
De acordo com os resultados pode-se concluir que: físicos reduzidos de alvenaria estrutural cerâmica.
n O bloco com duplo septo central foram os que apresentaram Tese de doutorado, Universidade de São Paulo, 1995.
melhor desempenho à compressão na parede em relação aos [06] NETO, J. A. do N. Estudo de painéis com abertura
demais. Essa conclusão é possível pela verificação do fator de constituídos por alvenaria estrutural de blocos. Tese
eficiência do conjunto (bloco e argamassa); de doutorado, Escola de Engenharia de São Carlos,
n Em função da sobreposição dos septos e das paredes longi- Universidade de São Paulo, 2003.
tudinais e transversais dos blocos, os ensaios de compres- [07] GOMES, N. S. A resistência das paredes de alvenaria.
são em prismas, com blocos justapostos e com a presença Dissertação de mestrado, Escola politécnica da
do meio bloco na fiada intermediária, não foram adequados universidade de São Paulo, 1974.
para verificar a influência da geometria na resistência. Para [08] MENDES, R. J. K. Resistência à compressão de
os casos analisados experimentalmente, o fator de eficiência alvenarias de blocos cerâmicos estruturais. Dissertação
variou de forma aleatória de 0,35 à 0,47, sem demonstrar um de mestrado. Programa de pós-graduação em
comportamento igual para os mesmos formatos de furos; engenharia civil da Universidade Federal de Santa
n Não houve diferença significativa na resistência da parede Catarina. Florianópolis, SC, 1998, 185 P.
provocada pelo aumento da resistência da argamassa, prova- [09] ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS
velmete a redução na escala diminui esta influência; TÉCNICAS. Blocos cerâmicos para alvenaria
n Pelos resultados de resistência e os correspondentes fatores estrutural – terminologia e requisitos. NBR 15270-2,
de eficiência, verificou-se que ocorreu uma diminuição signifi- Rio de Janeiro, 2005.
cativa no potencial resistente entre os prismas e as paredes; [10] BRITISH STANDARD INSTITUTE. Structural use
n Os prismas de três blocos com uma fiada intermediária com of unreinforced masonry. BSI 5628-1, London, 1992.
dois meios-blocos não produziu fatores de eficiência menores [11] GANESAN, T. P., RAMAMURTHY, K. Behavior
em relação aos prismas com três blocos inteiros; of concrete hollow-block masonry prisms under axial
n Os blocos com o formato geométrico D proporcionaram uma compression. Journal of Structural Engineering,
distribuição de tensões de tração mais uniforme em relação vol. 118, July, 1992.
aos demais formatos geométricos, devido a coincidência entre [12] LINDNER, G. Uso de modelo reduzido para pesquisa
os septos das paredes transversais do bloco; e desenvolvimento de blocos cerâmicos estruturais.