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Qual não foi nossa surpresa, depois de quase três anos, quando distraído
em meus afazeres empresariais, sou chamado pelos colaboradores: “– Olha Zé!
O Corpo de Bombeiros está aqui na praça. Aqui em frente. Parece que há algum
bicho na árvore. E os bombeiros estão tentando resgatar.”
Saio imediatamente de meu escritório,
pego minha câmera fotográfica e me
dirijo à praça. Vejo aglomeração de
pessoas, jovens, adultos e crianças, todos
com a atenção e olhos voltados ao alto de
uma árvore, uma árvore até que bem
alta, com uma escada de mão telescópica
de grande alcance, já posicionada pelos
bombeiros, e com um soldado nela
subindo, com todo o seu equipamento de
segurança.
Olho em volta, olho para cima, tiro algumas fotos do povo expectador. Procuro
por um animal, uma jaguatirica, um filhote de onça, um macaco ou o que seja,
sendo de um porte tal que ensejou a chamada de socorro ao destacamento local
do Corpo de Bombeiros da cidade, e nada encontro, nada vejo. Pergunto às
pessoas, me dirigindo a um em especial: “– O que eles estão tentando resgatar?
Onde está o animal? – Não é um animal. É uma ave. Uma maritaca.” Responde
o amigo.
– Uma maritaca? “Sim, responde mais uma vez o amigo: – Uma
maritaca.”
Mas como pode uma Maritaca ser resgatada? Ela voa. Ela sabe voar. Não
precisa ser salva. Salva de quem? Só se for dos homens, com seus
desmatamentos...
E eu na minha ânsia de registrar este fato pitoresco, continuo com meus
cliques com as fotos e nos claques, nas tomadas da câmara de filmagem. E aí
percebo o que realmente estava ocorrendo. A coitada da maritaquinha estava
amarrada com uma tira longa de tecido ou de plástico, por sua pata direita, e
com a tira presa ao pequeno galho, bem ao alto, quase na copa daquela árvore.
E a pequenina maritaca se debatendo, e com o bater de suas asas,
tentando escapar das amarras que a prendia ao galho. Ora tentava alçar voo.
Ora descansando no galho, e ora de ponta-cabeça, quando empoleirada não
conseguia ficar, e assim tentando se descansar. Uma luta desproporcional, mas
persistente. Pois que ela não desistia, assim como muitos brasileiros, que em
dificuldades das mais diversas, nunca desistem e não esmorecem.