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A relação entre o espaço e a saúde bucal coletiva:

TEMAS LIVRES FREE THEMES


por uma epidemiologia georreferenciada

The relation between space and collective oral health:


for a georeferenced epidemiology

Rafael da Silveira Moreira 1


Lucélia Silva Nico 1
Nilce Emy Tomita 2

Abstract The influence of the environment on Resumo A importância do meio-ambiente sobre


health is an ancient human concern. From the a saúde das pessoas é uma preocupação antiga do
Hippocratic texts to today, the concept of space ser humano. Dos textos hipocráticos aos dias de
permitted and still permits different representa- hoje, o conceito de espaço permitiu e permite dife-
tions and forms of perception. Overcoming the rentes representações e formas de apreensão. Supe-
natural conception of space as only an inert and rando a concepção natural do espaço apenas como
passive environment, the idea of a socially con- um ambiente inerte e passivo, a visão de um espa-
structed geographic space, both as a receiver of ço geográfico socialmente construído, tanto como
social processes as much as being its own activa- um receptor dos processos sociais quanto como o
tor in these processes, becomes ever more relevant próprio ativador destes processos, torna-se cada
in the comprehension of phenomena involved in vez mais relevante na compreensão dos fenômenos
the health-disease process. In this sense, epidemi- envolvidos no processo saúde-doença. Neste senti-
ology is presented as a privileged reference point do, a epidemiologia se apresenta como um referen-
in the articulation of place-time-people elements. cial privilegiado na articulação entre os elementos
This reflexive investigation seeks to explore the lugar-tempo-pessoas. Este ensaio reflexivo busca
relations established between space (social and explorar as relações estabelecidas entre o espaço
geographical) and Collective Oral Health, empha- (social e geográfico) e a Saúde Bucal Coletiva, des-
sizing the role of territory in the reproduction of tacando o papel do território na reprodução das
iniquities in health and the necessity of develop- iniqüidades em saúde e a necessidade do desenvol-
ing studies that approach space as a constitutive vimento de pesquisas que abordem o espaço como
1
Departamento de Saúde element in the oral health-disease process. In what elemento constitutivo do processo saúde-doença
Pública. Faculdade de could be termed a georeferenced epidemiology, the bucal. Aproximando-se do que poderia ser cha-
Medicina de Botucatu.
spatial expression of events of oral health-disease mado de uma epidemiologia georreferenciada, a
Universidade Estadual
Paulista. Distrito de Rubião and of the actors involved in this process strength- expressão espacial dos eventos de saúde-doença
Júnior, s/n. 18618-970 ens the importance of territory (and its various bucal e dos atores envolvidos neste processo forta-
Botucatu SP.
significations) to Collective Oral Health. lece a importância do território (e suas várias sig-
moreirars@bol.com.br
2
Departamento de Key words Oral Health, Epidemiology, Geo- nificações) para a Saúde Bucal Coletiva.
Odontopediatria, graphic Information Systems Palavras-chave Saúde Bucal, Epidemiologia, Sis-
Ortodontia e Saúde
temas de Informação Geográfica
Coletiva. Faculdade de
Odontologia de Bauru.
Universidade de São Paulo.
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Moreira, R. S. et al.

Introdução ecológicas5, reforçam a validade de uma estraté-


gia conceitual e metodológica que tenha como
A influência do meio ambiente sobre as condi- perspectiva a abordagem do espaço geográfico-
ções de saúde das pessoas é uma preocupação social entendido como expressão das condições
antiga do ser humano. Ainda no século V a.C., de vida da população6.
Hipócrates já defendia a importância do espaço Sob esta perspectiva, a Saúde Bucal Coletiva,
como o lócus de ocorrência das doenças em sua dentro dos limites de uma reflexão que a consi-
obra, pioneira neste aspecto, Dos ares, dos mares dere um novo paradigma, mas reconhecida como
e dos lugares1. um campo aberto ao debate não-dogmático e
Séculos depois, o médico britânico John Snow não-normativo7, poderá encontrar na espaciali-
iniciava um importante passo na compreensão zação do processo saúde-doença bucal uma re-
de como a distribuição de eventos de saúde-do- lação entre ocorrências e determinantes, adotan-
ença no espaço poderia fornecer hipótese etioló- do a epidemiologia como referencial privilegiado
gica para a sua ocorrência. Pelo uso sistematiza- no estudo desta relação.
do de uma metodologia científica e com a reali-
zação de uma investigação epidemiológica, Snow
contribuiu para o fim da epidemia de cólera na A relação entre o espaço e a saúde
cidade de Londres, em 1854, por meio da associ- e a construção social destes dois elementos
ação espacial entre mortes por cólera e o forneci-
mento de água em diferentes bombas de abaste- O conceito de espaço é, ao mesmo tempo, uma
cimento público2. questão antiga e recente no discurso científico de
Apesar de a epidemiologia ainda ser uma ci- momentos históricos distintos. Assim como to-
ência relativamente nova, ela possui um conjun- dos os conceitos e “ciências”, sua definição é deri-
to próprio de metodologias de investigação em vada da luta constante entre diferentes correntes
saúde. Notadamente após a Segunda Grande filosóficas, próprios de um determinado momen-
Guerra, vários estudos epidemiológicos passa- to histórico, na busca pela solução (provisória)
ram a exercer grande influência na saúde das dos problemas impostos pelos paradigmas do-
populações. Como exemplo, os ensaios comuni- minantes de cada época. Na discussão sobre a
tários de suplementação de flúor nas águas de existência de um mundo real e um mundo perce-
abastecimento público, que se iniciaram durante bido, Merleau-Ponty destacava o espaço não
a década de 1940, difundindo uma forma de pre- como uma realidade em si nem uma qualidade
venção primária da cárie3. A identificação de re- das coisas, mas o modo como o sujeito corpó-
giões com diferentes concentrações de flúor pre- reo constrói sua experiência do mundo. Neste
sente naturalmente na água tem mostrado re- sentido, “o espaço não é o meio, nem físico nem
percussões sobre a prevalência e severidade de lógico, onde as coisas se posicionam, mas aquilo
cárie dentária, evidenciando a influência ambien- que permite posicioná-las”8.
tal sobre a saúde bucal da população. Partindo desta abstração do espaço, o pen-
A distância secular presente nos estudos aci- samento kantiano também sustentava a existên-
ma mencionados é reduzida pela importância que cia do espaço de forma apriorística, ou seja, não
eles atribuíram ao espaço como um fator deter- como o resultado da ação humana, mas, sim,
minante para a ocorrência de eventos de saúde um pré-requisito para esta ação humana, sendo
ou doença. Nesta perspectiva, o meio ambiente impossível imaginar que os objetos se apresen-
deixou de ser apenas um pano de fundo ou um tassem fora do espaço9. Dessa forma, o espaço
simples cenário onde seus protagonistas (popu- passaria a existir independente de nossos senti-
lação) adoeciam para se transformar em ator dos ou ações, mas como o modelador destes dois
atuante nesse processo, ou seja, um agente com elementos.
poder de provocar mudanças significativas nos A existência de várias representações do es-
perfis de morbimortalidade de uma sociedade. paço permite variadas concepções a seu respeito.
A evolução da própria Epidemiologia, reve- Sendo assim, a escolha de um determinado con-
lando um potencial epistemológico e metodoló- ceito se dará em função do pragmatismo de sua
gico para se postular como Ciência da Saúde4, e o abordagem. Da mesma forma como nossos sen-
reconhecimento de uma necessidade de se buscar tidos não são capazes de apreender o mundo em
transformações estruturais que desequilibrem o sua totalidade, forçando-nos a construir mode-
sistema desencadeante das iniqüidades, ao invés los que expliquem a realidade, os mapas consti-
de apenas propor medidas corretivas biológico- tuem modelos explicativos e representativos do
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mundo real, mais especificamente do espaço real. tensões e dos antagonismos sociais (característi-
Além do próprio aspecto reducionista que acom- cas que “capitalizaram” a medicina e seu produ-
panha o conceito de modelo, Miceli10 destaca a to). Dessa forma, torna-se coerente cogitar a
importância política da cartografia na dissemi- participação do processo saúde-doença na cons-
nação de ideologias dominantes. O modo como trução social do espaço, determinando, em par-
as partes do mundo são representadas e ilustra- te, suas transformações físicas e ideológicas.
das traz consigo os ideais de superioridade de Tais afirmações se aproximam dos conceitos
uma determinada nação em detrimento de ou- geográficos propostos por Milton Santos sobre
tras. Ilustrando o caráter político da representa- a organização social do espaço como uma pro-
ção do espaço, o autor apresenta um texto conti- dução histórica advindo das relações nele estabe-
do em um atlas datado de 1574: lecidas. Com efeito, as diferentes formas de in-
“[...] em posição proeminente encontramos a serção social refletem não apenas a desigual dis-
Europa [...] Está retratada com vestes de soberana, tribuição territorial, mas diferentes perfis epide-
com coroa e cetro e segura um globo imperial que miológicos11.
simboliza claramente a hegemonia das potências Costa e Teixeira6 ressaltam que a aproxima-
católicas. À esquerda, uma princesa oriental orna- ção entre o saber médico e a geografia, após a era
da de jóias, com um turíbulo de incenso, personifi- hipocrática, foi impulsionada com os grandes
ca a Ásia das especiarias; em frente, do outro lado, descobrimentos, que demandavam conhecer as
a África tem o aspecto de uma negra pobremente doenças nas terras conquistadas para proteger
vestida, à qual meteram na mão um raminho de os colonizadores e as atividades comerciais, con-
bálsamo, a santa planta de Nossa Senhora, que flo- figurando o que seria, posteriormente, o celeiro
resce, apenas, num jardim egípcio. A América re- da Medicina Tropical. O desenvolvimento da
conhece-se na mulher impudicamente nua que jaz Microbiologia, privilegiando o agente etiológico,
embaixo, com uma cabeça de homem cortada na relativizou o papel da natureza, tornando-a ape-
mão e brandindo uma clava, a indicar que se ali- nas um fator secundário, estagnando a discus-
menta de carne humana e que vive no estado de são sobre a influência espacial no processo saú-
‘natura’, isto é, na ignorância de qualquer forma de-doença.
de organização civil e política.” A superação do paradigma da unicausalida-
Não obstante, uma concepção marxista do de, representada pelo avanço da teoria da multi-
espaço (objeto) o admitiria como o resultado da causalidade, como a tríade ecológica de Leavell &
ação do homem (sujeito), sendo esta ação hu- Clark centrada no hospedeiro-agente-ambiente,
mana também influenciada pelo próprio espaço representou um avanço considerável, porém, in-
em uma sociedade contraditória, marcada pelo sustentável com o crescente desenvolvimento da
conflito de classes. Dessa forma, materializa-se Epidemiologia Social, tendo a contribuição mar-
na questão do espaço a abstração típica das Ci- xista de Jaime Breilh especial influência sobre os
ências Sociais envolvida nas relações entre o su- estudos epidemiológicos nos países da América
jeito e o objeto, elementos que fundamentam a Latina.
metodologia científica ocidental. Com efeito, “te- Neste sentido, o modelo de Leavell & Clark
oria e prática científica também constroem repre- passou a ser criticado por reduzir as ações de
sentações simbólicas sobre o espaço e estruturam saúde apenas sobre os elementos da tríade ecoló-
distintas formas de apreensão e de ação sobre a gica hospedeiro-agente-ambiente, ignorando a
realidade”11. categoria social do homem, transformando-o em
Barrios12 destaca que a adaptação ativa do um “fator eminentemente biológico”. Dessa for-
ser humano no espaço, não mais simplesmente ma, propunham-se medidas corretivas biológi-
ocupado ou aproveitado (adaptação passiva), co-ecológicas e em nenhum momento busca-
mas transformado, fruto da evolução das pró- vam-se transformações estruturais que atentas-
prias formações sociais, compreende não apenas sem contra o equilíbrio do sistema5.
a produção de bens materiais, mas também a De certa forma, a epidemiologia, como ciên-
adequação do meio ambiente circundante às ne- cia, vive hoje um momento de transição. A hege-
cessidades individuais, familiares, comunitárias monia dos estudos “individuados” – terminolo-
e das formações sociais em seu conjunto. gia didaticamente utilizada por Almeida-Filho4
Neste sentido, Donnangelo13 destaca a parti- para indicar estudos com abordagens individu-
cipação da prática médica na reprodução das ais, diferenciando-os dos estudos agregados ou
estruturas político-ideológicas por meio da ma- ecológicos – e do uso de modelagens estatísticas
nutenção da força de trabalho e controle das cada vez mais sofisticadas parecem estar sendo
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Moreira, R. S. et al.

abalados pela não incorporação do espaço na que é denominado por Susser e Susser15 como
dinâmica do processo saúde-doença ou, quando uma eco-epidemiologia. Esta corrente teórica
incorporado, passa a ser apenas mais uma vari- também é denominada por Krieger16 como “ecos-
ável individual, assim como tantas outras que, social”, uma metáfora capaz de integrar os co-
equivocadamente, julga-se ser a sua soma o si- nhecimentos biológico e social correspondendo
nônimo de coletivo. A própria fragmentação da a uma estrutura de um objeto de natureza frac-
Epidemiologia, a exemplo da fragmentação do tal, com a inter-relação das diversas variáveis em
coletivo em variáveis, contribui para seu enfra- todos os níveis, do molecular ao social, respon-
quecimento como ciência. dendo à fragmentação desconecta entre as várias
No entanto, a recente valorização dos estu- epidemiologias. Moysés e Sheiham7 sugerem a
dos ecológicos (ditos de “segunda linha”) surge adoção destas correntes interativas e em múlti-
como um caminho na incorporação de fenôme- plos níveis como um novo paradigma para a
nos socioespaciais envolvidos no processo saú- Epidemiologia predominando uma sócio-eco-
de-doença. Porém, refinamentos metodológicos epidemiologia.
são necessários de forma a não simplificar a com- Neste sentido, a superação da falácia “indivi-
plexidade destes fenômenos e, assim, reproduzir dualista” (suposição de que dados individuais são
a noção estática e isolada do espaço. suficientes para explicar fenômenos grupais) e
da falácia ecológica (atribuição de riscos indivi-
duais a partir de dados grupais) seria viável por
A saúde bucal e a sua expressão espacial análises contextuais, ou análise em multiníveis,
combinando dados individuais e de grupo7.
Apesar dos avanços no tratamento da cárie, A aparente tendência da concentração de vá-
antes apoiado na amputação dos tecidos (mui- rias doenças em áreas urbanas pobres, muitas
tas vezes com extensões preventivas) e hoje con- vezes, dentro da mesma cidade, tem sido deno-
solidado sob o paradigma da microbiologia14, minada na literatura como “diferenciais intra-
possibilitando intervenções precoces na restau- urbanos em saúde”. No entanto, Moysés e
ração do tão desejável equilíbrio desreminerali- Sheiham7 nos provocam a reflexão a partir da
zação do esmalte dentário, a Odontologia ain- indagação “(se) os efeitos refletem exclusivamente
da se mostra incapaz de resolver os problemas as características dos próprios indivíduos, dentro
bucais de grande parte da população brasileira. das áreas, o que é chamado efeito composicional,
Parte dessa incapacidade é explicada pelo fato ou refletem também a expressão da própria área,
de que os fatores envolvidos na gênese das do- um efeito contextual?” Talvez esta provocação gere
enças bucais são tratados como determinantes uma contenda filosófica cujo desfecho não ne-
independentes. cessariamente represente o cerne da questão.
Os avanços técnico-científicos não apresen- Antes, é desejável que esse dilema seja superado
tam repercussão de maneira igual entre as dife- pela existência dialética entre determinantes indi-
rentes classes sociais. O paradigma biologicista, viduais e ecológicos, visto a impossibilidade de se
hegemônico na prática odontológica, insiste em separar o indivíduo de seu território.
controlar as doenças bucais baseando-se na li- Porém, torna-se imprescindível destacar a
mitada tríade ecológica de Leavell & Clark. Neste relação temporal da experiência do indivíduo com
sentido, substituíram-se as formas de tratamen- seu território. A simples descrição das condições
to, mas sem que houvesse uma reflexão sobre as de saúde bucal de uma pessoa e sua relação com
origens sociais, muitas vezes reduzidas nas variá- sua posição geográfica não é, per se, determinan-
veis renda e escolaridade. te no processo saúde-doença. Principalmente
Aproximando-se do modelo da rede causal quando consideramos que a cárie e a doença pe-
ou “teia de causação”, emprega-se um tipo de riodontal, especialmente em idosos, são resulta-
balança que nivela todas as distinções. Dessa for- dos cumulativos de vários anos em que cada in-
ma, a variável acesso ao tratamento clínico e a divíduo foi submetido a diferentes níveis de ex-
variável econômica ocupam um mesmo nível, posição, tanto a fatores de risco quanto a fatores
sofrendo a mesma ponderação7. de proteção, não necessariamente tendo ocorri-
A análise conjunta de variáveis individuais e do em um mesmo ambiente ao longo da vida.
variáveis ecológicas corrobora a idéia de investi- Em contrapartida, reconhecemos uma reprodu-
gação em múltiplos níveis, levando-se em conta ção, de expressão espacial, das condições de vida
a hierarquia de complexidade e as múltiplas inte- e saúde da população na medida em que o local
rações entre os diferentes níveis, vislumbrando o de moradia do indivíduo reflete sua própria con-
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dição socioeconômica. Dessa maneira, o territó- ma maneira que a reprodução marginal das
rio, como reflexo das condições econômicas de precárias condições de vida sustenta o “círculo
seus habitantes e sujeito às iniqüidades sociais e vicioso da pobreza”, é coerente afirmarmos a
políticas, poderia influenciar negativamente as existência de um “círculo vicioso do processo
condições de vida de seus ocupantes. Percebe-se, saúde-doença bucal” determinado não só por
então, que o território passa a gerar (e gerir) a aspectos individuais, mas também por aspec-
pobreza de forma sustentável. tos coletivos como o local de residência e as re-
O território se configura em uma dimensão lações (de vizinhança ou não) estabelecidas no
constitutiva da situação em que se encontram os “território vivido”.
diferentes grupos sociais na cidade, especialmen- Aspectos geográficos podem estar relaciona-
te entre os mais pobres. Marques e Torres17, par- dos de diferentes formas com aspectos da saúde
tindo desta premissa, afirmam que “indivíduos e bucal da população. Dentre estes, podemos apon-
famílias igualmente pobres e escolarizados têm con- tar a própria condição de saúde bucal, a localiza-
dições e características diferentes dependendo de ção de serviços de atenção odontológica e as for-
onde morem”. Neste sentido, “o próprio espaço, ao mas de acesso a esses serviços (locomoção e trans-
contrário de ser apenas um produto desses elemen- porte), a localização de equipamentos sociais (es-
tos, representa também um conjunto de constran- colas, centros comunitários e áreas de lazer), a
gimentos e possibilidades, diferenciando as opor- infra-estrutura local como provedora de condi-
tunidades que moradores de lugares mais ou me- ções mínimas de bem-estar para a população
nos segregados experimentam”17. As pessoas se (saneamento básico, energia elétrica, moradias
movimentam em espaços físicos cujas caracte- adequadas e segurança pública) e toda a rede de
rísticas interagem com suas potencialidades, ten- suporte social. Em se tratando de idosos, por
do em vista as limitações apontadas pelas fron- exemplo, o isolamento territorial pode ser deter-
teiras físicas, sociais e simbólicas do território18. minante no acesso a serviços odontológicos, prin-
Com efeito, ações em saúde devem ser pen- cipalmente quando consideramos o grau de de-
sadas, articuladas e executadas de forma interse- pendência destes idosos.
torial. Acreditar que medidas somente no campo Em termos gerais, poucos são os estudos que
da saúde bucal serão capazes de resolver as ini- procuraram abordar a relação entre o espaço
qüidades na distribuição do processo saúde-do- geográfico e a saúde bucal. A preocupação em
ença é um discurso análogo àquele que afirma localizar geograficamente as condições de saúde
ser o papel da Odontologia apenas o de cuidar bucal iniciou-se paralelamente com a preocupa-
dos dentes. Quando consideramos o espaço onde ção em gerar informações epidemiológicas que
as doenças e agravos à saúde são produzidos, pudessem ser padronizadas e que permitissem
compreendemos o impacto que ações “extrabu- comparações entre diferentes regiões do mundo.
cais” podem gerar nas condições de vida da po- Por meio de ferramentas da cartografia e com a
pulação e em sua saúde. ascensão da “Geografia das Patologias” iniciada
Neste aspecto, concordando com Gomes e na década de 1940, os estudos epidemiológicos
Amitrano19, as variáveis tradicionais normalmen- em saúde bucal se reduziam ao mapeamento da
te utilizadas, tais como renda, escolaridade, sexo, cárie em várias partes do mundo, apenas como
grupo etário e grupo étnico, sem a incorporação uma forma descritiva e gráfica de apresentação
de atributos territoriais, não são “capazes de cap- dos dados disponíveis sobre a cárie20. A idéia era
tar as variações nas condições de vida e de bem- de somente “colorir” os mapas de acordo com
estar de populações que têm perfis sociais seme- um ranking estabelecido sobre a cárie em dife-
lhantes, mas residem em lugares distintos.” rentes países.
Assim é que defendemos a premissa de que
indivíduos com perfis sociais semelhantes (ren-
da, escolaridade, sexo, grupo etário, grupo ét- Análise espacial em saúde bucal:
nico, entre outros) podem apresentar diferen- a epidemiologia georreferenciada
tes níveis de saúde bucal, dependendo do seu
local de moradia e dos atributos desse local. Indo A Epidemiologia se empenha em compreender a
mais além, as chances de um indivíduo possuir distribuição de doenças ou agravos à saúde em
uma boa saúde bucal podem estar associadas coletividades humanas. Dessa forma, os epidemi-
não apenas ao seu local de moradia, mas tam- ologistas questionam se existe algum padrão na
bém aos lugares por onde esse indivíduo transi- distribuição da doença no espaço, se há alguma
ta em sua experiência cotidiana de vida. Da mes- associação com alguma fonte etiológica (água,
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Moreira, R. S. et al.

poluição atmosférica e violência urbana, por exem- rentes conceitos de variadas disciplinas em algo-
plo), se há alguma evidência de transmissão e se ritmos e estrutura de dados representados com-
houve variação no tempo. Pessoas, lugar e tempo putacionalmente, fazendo com que diferentes
constituem a tríade básica da produção e interpre- áreas do conhecimento utilizem uma linguagem
tação dos constructos epidemiológicos, podendo comum do espaço25. Paradoxalmente, presencia-
ser escrita como pessoas em lugares/tempo, evi- se a manifestação de diferentes concepções do
denciando o papel fundamental do espaço (físico e espaço em um único espaço computacionalmen-
histórico) na ocorrência de eventos em saúde21. te representado.
A visualização da distribuição da tríade epi- O SIG oferece a possibilidade de convergên-
demiológica no espaço e a tradução dos padrões cia de diferentes concepções do mundo real em
existentes nesta distribuição vêm sendo cada vez uma única representação espacial, ao mesmo
mais refinadas com o crescente uso dos Sistemas tempo em que não prejudica ou altera os funda-
de Informação Geográfica (SIG). De forma re- mentos e os pressupostos destas diferentes con-
ducionista, podemos admitir que um simples cepções. Isto ocorre porque a representação com-
mapa seja um SIG22. Tecnicamente, com o avan- putacional do espaço, ao contrário das outras
ço das tecnologias de computação, o termo SIG representações anteriormente discutidas, não é
passou a representar um complexo sistema com- um fim em si mesmo ou uma premissa filosófi-
putacional com possibilidades não apenas de ilus- ca, mas um meio de manifestação dos diferentes
trar processos espaciais, mas também realizar conceitos. Esta propriedade garante uma apa-
análises espaciais usando diferentes bancos de rente neutralidade de seu uso (mas não uma neu-
dados de forma integrada. tralidade do usuário), permitindo sua utilização
Para Druck et al.23, “o termo Sistemas de Infor- em diferentes campos do saber.
mação Geográfica (SIG) é aplicado para sistemas A limitação desse tipo de representação do
que realizam o tratamento computacional de da- espaço é inerente à capacidade de transformar
dos geográficos e armazenam a geometria e os atri- diferentes conceitos em linguagens computaci-
butos dos dados que estão georreferenciados, isto é, onais. Muitas vezes essa transformação não é
localizados na superfície terrestre e representados possível, dada a complexidade do mundo real,
numa projeção cartográfica”. Nestes termos, um mas garante uma aproximação parcial de suas
SIG se mostra capaz de processar dados espaci- dimensões26.
ais com mecanismos de entrada, edição, análise, A grande conquista proporcionada pelo avan-
visualização e saída, ou seja, a manipulação de ço das técnicas de geoprocessamento, em especi-
informações georreferenciadas. al os SIG, foi a dinamização dos estáticos mapas
É comum existir uma confusão entre os ter- de papel. Os SIG trabalham com dois tipos de
mos Geoprocessamento e SIG. Geoprocessamen- dados: dados espaciais (dados cartográficos
to é um termo mais amplo que engloba um con- como pontos, linhas e polígonos) e dados de atri-
junto de tecnologias de coleta, tratamento, ma- butos (não-gráficos como as tabelas). Os dados
nipulação e apresentação de dados geográficos, espaciais são os objetos gráficos do mapa, tais
por meio de programas computacionais. Os SIG como os setores censitários, ruas, redes fluviais,
consistem em apenas uma destas tecnologias cidades, localização de unidades de saúde, casos
dentre várias outras, tais como o sensoriamen- de uma doença etc. Os dados de atributos são
to remoto, a digitalização de dados, a automa- um conjunto de informações (não espaciais) que
ção de tarefas cartográficas e a utilização de Sis- se relacionam com os dados espaciais, tais como
temas de Posicionamento Global – GPS24. Geo- a população de um território, o clima, o perfil
processamento, portanto, é um conjunto de fer- socioeconômico de uma região, o registro clíni-
ramentas e tecnologias, e o SIG talvez se enqua- co-epidemiológico de um caso de uma doença e
dre como a mais completa técnica de geopro- número de pessoas atendidas em uma unidade
cessamento pela sua capacidade de atuar desde de saúde, por exemplo. A existência de uma refe-
a coleta até a apresentação de informações geo- rência geográfica comum a esses dois tipos de
gráficas. dados permite a localização espacial dos atribu-
O uso de SIG está presente em várias áreas do tos não espaciais27.
conhecimento. Retomando a discussão sobre o Dessa maneira, retomando o objeto de estu-
conceito de espaço, a utilização de um SIG nada do da Epidemiologia, ou seja, a distribuição de
mais é do que a representação computacional do doenças e agravos em coletividades humanas, e
espaço. O que configura o aspecto transdiscipli- o fato de que todos os eventos de saúde (nasci-
nar do SIG é justamente a redução dos mais dife- mento, a infecção, o adoecimento e a morte) se
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manifestam em pessoas28, se obtivermos uma possível identificar áreas prioritárias para a fluo-
referência geográfica destas pessoas, seja como retação das águas de abastecimento.
um dado individual seja como um dado coleti- No Brasil, ainda são escassos os estudos em
vo, será possível localizar os casos de uma doen- saúde bucal que empregam algum tipo de análise
ça ou mesmo seus fatores relacionados, vislum- espacial. Antunes et al.31 realizaram um estudo
brando o que poderia ser chamado de uma Epi- epidemiológico testando a associação entre cárie
demiologia Georreferenciada. e necessidade de tratamento em crianças de 5 e 12
O georreferenciamento de um atributo nada anos de idade, em diferentes áreas da cidade de
mais é do que a sua informação geográfica em São Paulo. Foi observado que as crianças nos
termos de posicionamento na superfície terres- distritos centrais da cidade apresentaram meno-
tre. Dessa forma, ao fazermos essa referência ge- res prevalências de cárie e de necessidade de tra-
ográfica sobre os elementos do processo saúde- tamento quando comparadas às crianças nas
doença (pessoas, serviços de saúde, agentes con- áreas periféricas da cidade. Também foi obser-
dicionantes), ultrapassamos a fronteira do cor- vada uma correlação entre as áreas com piores
po biológico e alcançamos uma dimensão mais indicadores sociais (renda familiar, taxa de de-
próxima do que seria um corpo socioespacial, já semprego, número de pessoas por cômodo na
que a doença passaria a habitar não só as pesso- residência e um índice de iniqüidade da distribui-
as, mas todo o território que, como já discutido ção de renda) e maior prevalência de cárie. Dis-
anteriormente, é um aspecto constitutivo desse tritos com maior privação social apresentaram
processo. maior risco para a cárie.
Nesse sentido, sabemos que a saúde bucal Moreira32 investigou, em um estudo trans-
não é um atributo espacial ou uma característica versal, as condições de saúde bucal de uma
do território. Porém, temos consciência de que amostra aleatória de 372 idosos domiciliados
sua realização final se manifesta em pessoas que na área urbana de Botucatu – SP, no ano de
apresentam diferentes condições de saúde bucal. 2005, e a distribuição espacial destas condições.
Sendo assim, ao localizarmos espacialmente a Com auxílio de um SIG, foi realizada uma aná-
população e seus atributos, dentre eles as condi- lise espacial objetivando a construção de mapas
ções de saúde bucal, poderemos conhecer a dis- de Kernel (Kernel estimation). Este procedimento
tribuição espacial dessas condições em um deter- visa compor uma superfície contínua, a partir
minado território. Dessa forma, elementos abs- de dados discretos, cujo valor será proporcio-
tratos como as condições de vida e saúde da po- nal à intensidade de amostras por unidade de
pulação passam a ter uma posição geográfica área. Os resultados evidenciaram uma margi-
sobre a superfície terrestre, propriedade própria nalização das piores condições bucais, assim
de elementos concretos. como de outras variáveis, tais como a renda e a
O uso de SIG no campo da saúde bucal surge escolaridade, contrastando com o padrão de
no início da década de 1990, refletindo os avan- distribuição central dos melhores indicadores
ços das técnicas de geoprocessamento em siste- bucais e socioeconômicos.
mas computacionais acessíveis para diversos ti- Em Curitiba, Moysés et al.33 avaliaram a ex-
pos de usuários. White et al.29 já destacavam, em periência de trauma dentário em escolares de 12
2000, o uso do SIG em investigações sobre servi- anos e a distribuição geográfica desse evento, in-
ços odontológicos, destacando a possibilidade de vestigando associações com aspectos físicos e
visualização espacial de diferentes tipos de infor- sociais de áreas da cidade. Após o geoprocessa-
mação, dentre eles: a) provisão de serviços odon- mento dos dados, utilizando para este fim um
tológicos e a população com necessidade de tra- SIG, foi constatado que as regiões norte e leste
tamento; b) distribuição espacial de pessoas com apresentaram maior prevalência de traumas den-
determinada patologia oral e o local de diagnós- tários. Aspectos geográficos, físicos e de imple-
tico e tratamento e; c) distribuição espacial de mentação de políticas públicas, caracterizados
um centro de saúde e a proporção de usuários como fatores contextuais, mostraram-se associ-
em diferentes raios de distância desse centro, além ados às diferenças intra-urbanas na prevalência
da possibilidade de gerar informação para dife- de trauma dentário na cidade de Curitiba.
rentes categorias sociodemográficas. É importante ressaltar que a saúde bucal não
Morgan e Treasure 30, utilizando um SIG, se resume às suas características clínico-epide-
mapearam a prevalência de cárie e o fornecimen- miológicas, mas abrange toda uma complexa
to de água de abastecimento público no País de rede de circunstâncias e atores sociais, tais como
Gales, em 2003. A partir desse mapeamento, foi o cirurgião-dentista, a equipe auxiliar, o paciente
282
Moreira, R. S. et al.

e toda uma conjuntura política, atuantes no pro- humanos são fundamentais para a viabilidade
cesso saúde-doença bucal e passíveis de serem de projetos, tanto acadêmicos quanto de servi-
georreferenciados. ços públicos de saúde que utilizam SIG.
Com efeito, a saúde bucal georreferenciada
não pretende ignorar a categoria social do ho-
mem, pois a intenção não é separá-la do sujei- Considerações finais
to, mas revelar o comportamento espacial de
suas diversas dimensões, incluindo sua dimen- A diferenciação espacial dentro de um determi-
são social. nado território sugere diferentes formas de or-
Como todo recorte da realidade, a análise de ganização da infra-estrutura, oferta e localização
dados espaciais em saúde é um modelo reducio- de serviços de saúde, presença de equipamentos
nista, mas representa uma alternativa viável para sociais, dentre uma série de outras características
a compreensão do processo saúde-doença, dada que refletem a construção político-social do es-
a impossibilidade de uma apreensão totalizante paço geográfico, evidenciando, assim, a repro-
da realidade. dução dos processos presentes no modo de pro-
A viabilização de análises espaciais em saú- dução capitalista.
de, especialmente em saúde bucal, requer maior Com efeito, o que se propõe com a análise da
aprofundamento teórico quanto aos tipos de influência espacial no processo saúde-doença é
metodologias que podem ser empregadas, a dis- reduzir as distâncias que resultam em dicotomia
ponibilidade de informações em saúde bucal e a entre estudos agregados e estudos “individua-
sua cobertura territorial, assim como o tipo de dos”, buscando analisar simultaneamente dados
referência e escala geográfica que tais informa- individuais associados a dados ecológicos (agre-
ções permitem. Além disso, torna-se necessária gados). Neste caso, estaremos trabalhando com
maior consciência sobre a importância do es- mais de uma unidade de observação. Todavia,
paço na Saúde Bucal Coletiva por parte da co- sendo os dados individuais uma amostra repre-
munidade científica, dos gestores públicos e da sentativa da coletividade populacional, ao final o
própria população, a fim de fomentar a produ- que se observa engloba a matéria-prima da in-
ção de conhecimento nessa área. vestigação epidemiológica, ou seja, conjuntos
Entretanto, a execução de análises espaciais formados por indivíduos.
em saúde bucal depende da disponibilidade de No que diz respeito à saúde bucal coletiva, o
informações epidemiológicas de base populaci- estudo das condições de saúde bucal e seus deter-
onal, incluindo informações geográficas desses minantes são passíveis de serem referenciados
dados e a existência de uma base cartográfica geograficamente.
digital do território abordado. O Instituto Bra- Além dessa importante contribuição para o
sileiro de Geografia e Estatística (IBGE) dispo- entendimento do processo saúde-doença bucal,
nibiliza malhas digitais dos setores censitários a localização geográfica dos diferentes compo-
dos municípios brasileiros, porém não há in- nentes desse processo permite o planejamento
formações sobre as ruas ou códigos de endere- de ações de promoção, controle e reabilitação o
çamento postal. Aparelhos de GPS, apesar de mais próximo possível das áreas atingidas, obe-
elevar o custo da pesquisa, poderiam ser utili- decendo, assim, aos princípios do Sistema Único
zados para registrar a posição dos elementos de Saúde (SUS) de descentralização e territoriali-
investigados (residências, unidades de saúde, zação dos cuidados com a saúde.
escolas). Além disso, os custos para a aquisição A “espacialização da população” e, conseqüen-
de programas computacionais e a qualificação temente, de suas condições de vida e saúde, pos-
de profissionais também consistem em obstá- sibilita ampliar a compreensão da distribuição
culos para a implementação de SIG no campo das iniqüidades em saúde. O padrão de ocupa-
da saúde pública. Porém, a tendência na criação ção e uso desse território, antes de ser apenas
de softwares livres e gratuitos, como, por exem- uma questão geográfica, reflete os complexos
plo, o TerraView e o Spring (ambos desenvolvi- processos históricos e sociais presentes nas cole-
dos pelo Instituto Nacional de Pesquisas Espa- tividades humanas. A marginalização da pobre-
ciais) e a crescente proliferação de cursos e o za e a centralização da riqueza, tanto em aspectos
aumento na produção científica sobre análise sociais quanto em aspectos de saúde bucal, além
espacial em saúde vêm contribuindo para a re- de representarem uma diferença na posição geo-
dução desses obstáculos. Em todo o caso, a re- gráfica, representam também uma diferença na
alização de parcerias e a capacitação de recursos posição social.
283

Ciência & Saúde Coletiva, 12(1):275-284, 2007


No entanto, a compreensão da relação saú- sas com metodologias qualitativas de apreen-
de-doença-território pode ocorrer de várias ma- são dessa relação, surgem como propostas
neiras. A descrição dessa relação é uma delas. complementares para a elucidação dos comple-
Outros desenhos com maior potencial estatísti- xos eventos presentes no palco do mundo real:
co analítico, assim como a realização de pesqui- o território.

Colaboradores

RS Moreira foi responsável pela idealização e ela-


boração do artigo. LS Nico auxiliou na revisão e
formatação do artigo. NE Tomita foi responsá-
vel pela revisão do artigo.

Agradecimentos

Este trabalho teve o apoio da Fundação de Am-


paro à Pesquisa do Estado de São Paulo (FA-
PESP processo n. 04/03629-8).

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Artigo apresentado em 7/11/2005


Aprovado em 30/01/2006
Versão final apresentada em 15/03/2006

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