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2 Pró-Reitoria Graduação Presencial. Coordenação do


3 Curso de Engenharia Elétrica.
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5 Artigo apresentado como um dos pré-requisitos para a
6 obtenção do grau de bacharel em Engenharia Elétrica,
7 2020/01.
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10 ANÁLISE FINANCEIRA DA APLICAÇÃO DOS MÉTODOS DE


11 PROTEÇÃO NO SPDA DE UMA EDIFICAÇÃO COMERCIAL
12 CONFORME A NBR 5419:2015.

13 Dener Silva Alves (denner.silva@souunit.com.br);


14 Jario dos Santos Lopes Junior (jario.santos@souunit.com.br);
15 Profº Msc. Felipe Santana Santos (felipe.ssantos@souunit.com.br).

16 RESUMO
17 O Brasil é um dos países com maior incidência de raios do mundo, devido ao seu clima, localização
18 geográfica, extensão dentre outros fatores. Esses fenômenos da natureza são aleatórios e possuem
19 grande quantidade de energia, característica essa que tornam-os fenômenos perigosos a pessoas,
20 estruturas físicas e a equipamentos eletroeletrônicos. A principal medida para redução dos efeitos
21 dessas descargas é o sistema de proteção contra descargas atmosféricas, por esse motivo o SPDA é
22 considerado item de segurança por algumas entidades e/ou órgãos públicos como por exemplo corpo
23 de bombeiros, ministério do trabalho, seguradoras e empresas certificadoras, porém o custo elevado
24 desse sistema é o fator que mais causa resistência a sua instalação. Baseado em uma edificação
25 comercial destinada a um Shopping Center localizado em Nossa Senhora da Glória/SE foi realizada a
26 aplicação dos três diferentes métodos de proteção indicados na norma NBR 5419:2015, e a análise
27 financeira de cada um deles para obter-se o menor custo, com o objetivo de tornar a instalação do
28 SPDA mais barata sem abrir mão da proteção. De modo que após a análise ter sido realizada o método
29 que resultou num menor custo foi o da esfera rolante por promover a proteção completa da área a ser
30 protegida utiizando de menos materiais para tal.
31 Palavras-chave: Sistema de Proteção contra Descargas Atmosféricas. Métodos de Proteção. Análise
32 Financeira.

33 ABSTRACT
34 Brazil is one of the countries with the highest incidence of lightning in the world, due to its climate,
35 geographical location and etc. These natural phenomena are random and have a large amount of
36 energy, a characteristic that makes them dangerous phenomena to people, physical structures and
37 electronic equipment. The main measure to reduce the effects of these discharges is the system of
38 protection against atmospheric discharges, for this reason the ADPS is considered a security item by
39 some entities and / or public bodies such as fire department, ministry of labor, insurance companies and
40 companies certifiers, but the high cost of this system is the factor that most causes resistance to its
41 installation. Based on a commercial building for a Shopping Center located in Nossa Senhora da Glória
42 / SE, the three different methods of protection indicated in NBR 5419: 2015 standard were applied, and
43 the financial analysis of each of them to obtain the smallest cost, in order to make the installation of the
44 SPDA cheaper without giving up the protection. So that after the analysis has been performed or the
45 method that resulted in the lowest value used in the rolled sphere for promoting complete protection of
46 the area to be protected by less than one material for that.
47 Keywords: Protection system against atmospheric discharges. Protection Methods. Financial analysis.
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Artigo – Curso Engenharia Elétrica – 2020
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2 1 INTRODUÇÃO
3 No Brasil caem anualmente em média cerca de 77,8 milhões de raios, isso deve-
4 se a sua grande extensão territorial e ao fato do Brasil estar localizado na zona tropical
5 do planeta, local onde o clima é mais quente, o que torna mais favorável à formação
6 de tempestades e raios. Outro fator que agrava a grande incidência de raios no país
7 é a expansão da urbanização, onde em função das grandes superfícies artificiais
8 (asfalto), falta de vegetação, dificuldade de reflexão dos raios solares devido às
9 grandes construções e poluição atmosférica, favorecem a existência do fenômeno
10 chamado de ilhas de calor, que está relacionada com o aumento da temperatura e
11 como consequência maior formação de tempestades (INPE, 2019).
12 Uma pessoa se atingida por uma descarga atmosférica pode sofrer danos
13 irreparáveis ou até mesmo ir a óbito, entretanto, não é a queda do raio diretamente o
14 maior causador de ferimentos e mortes, os efeitos causados pela incidência próxima
15 ou efeitos secundários dos raios é que trazem o maior risco, pois causam incêndios,
16 explosões e danificam sistemas internos levando-os a falhas e situações de alto risco
17 (INPE, 2019).
18 Diante dos diversos riscos causados pelas descargas atmosféricas, a existência
19 de um sistema de proteção contra descargas atmosféricas (SPDA) eficiente é de
20 grande importância, pois a sua concepção tem o objetivo de proteger a vida dos
21 ocupantes da estrutura onde encontra-se instalado, como também minimizar os efeitos
22 das descargas atmosféricas que atingem a estrutura, que podem causar sérios danos
23 as instalações e equipamentos ali existentes (SANTOS; CRUZ, 2018).
24 Segundo a NBR 5419(2015) as descargas atmosféricas nem sempre atingem a
25 estrutura diretamente, elas podem atingir a terra nas proximidades, as redes elétricas,
26 de comunicação ou tubulações metálicas que adentram a estrutura; nessas condições
27 um SPDA deve ser projetado de forma que suas medidas de proteção estejam
28 adequadas para essas situações. As medidas de proteção nela consideradas são
29 comprovadamente eficazes na redução dos riscos associados às descargas
30 atmosféricas.
31 Atualmente no Brasil existe a norma regulamentadora 10 (NR 10), e portarias
32 estaduais, que exigem a instalação do SPDA, onde cada uma delas possuem critérios
33 próprios que justificam a obrigatoriedade do sistema. Cabe assim ao engenheiro
34 eletricista na elaboração do projeto, atender o que determinam as normas e
35 legislações, porém conforme a NBR 5419-2:2015 é com base nos resultados da
36 avaliação de risco que se determina a necessidade da instalação do sistema como
37 também a escolha das medidas de proteção mais adequadas (ALVES, 2018).
38 Para grande maioria dos empreendedores e empresários a instalação de um
39 SPDA em seus empreendimentos não é vista como um benefício, pois só enxergam
40 o aspecto financeiro do sistema, desprezando a segurança que o SPDA promove no
41 seu empreendimento, e nas pessoas e sistemas ali existentes, isso porque os
42 materiais empregados no sistema são bastante específicos, e que possuem como
43 matéria prima, materiais de preço consideravelmente elevado, como por exemplo ,o
44 cobre, latão e o alumínio, sem contar que todos estes possuem grande estabilidade
45 no valor, pois são vendidos com base no preço do dólar.

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Artigo – Curso Engenharia Elétrica – 2020
1 Diante desse cenário, a análise financeira da aplicação de cada um dos métodos
2 de proteção, fornecerá ao projetista qual deles promoverá a melhor proteção e o
3 menor custo, tornando-se uma ferramenta importante para que a instalação do
4 sistema possa ser financeiramente viável.
5 Neste trabalho serão aplicados os métodos de proteção de SPDA em uma
6 edificação comercial e a análise financeira de cada um, para obter qual destes
7 métodos resultará num menor custo para instalação do sistema.

8 2 REFERENCIAL TEÓRICO

9 2.1 Sistema de proteção contra descargas atmosféricas (SPDA).


10 É um sistema que tem o objetivo de interceptar e conduzir as descargas
11 atmosféricas de forma segura até a terra, minimizando os efeitos e danos físicos das
12 descargas que atingem a própria estrutura onde está instalado, a terra nas
13 proximidades da estrutura, os seus conteúdos, instalações e as pessoas que ali se
14 encontram (NBR 5419, 2015).
15 Como as descargas atmosféricas são fenômenos com alta quantidade de
16 energia, o SPDA deve contar com métodos de proteção e de instalação eficazes,
17 unidos a materiais específicos que possuem características mecânicas e elétricas que
18 suportam o impacto e energia das descargas; todos eles são indicados na norma
19 ABNT NBR 5419-3:2015, sendo essa norma o documento de referência para a
20 elaboração de qualquer projeto de SPDA.
21 Segundo a NBR 5419(2015), todas as características de um SPDA são definidas
22 pelo nível de proteção, pelos métodos de proteção aplicados e pelos aspectos da
23 estrutura a ser protegida. O nível de proteção é um número associado a um conjunto
24 de parâmetros máximos e mínimos das correntes das descargas, que são utilizados
25 para projetar componentes de proteção, servindo para determinar o grau de
26 exigências das medidas de proteção, para que maior seja a probabilidade de redução
27 dos efeitos e danos causados pelas descargas atmosféricas, componentes essas que
28 são por exemplo: seção transversal dos condutores, espessura das chapas metálicas,
29 capacidade de condução de correntes dos DPS, distância de segurança contra
30 centelhamentos perigosos.
31 Os níveis de proteção são enumerados de I(um) a IV(quatro), onde quanto mais
32 o nível tender ao I(um), maior será o grau de exigência das medidas de proteção. A
33 norma relaciona cada nível de proteção a uma classe de SPDA. Quatro são as classes
34 de SPDA (I,II,III,IV), essas classes são definidas como um conjunto de regras de
35 construção tendo como base os níveis de proteção, cada conjunto desses contém
36 regras que são dependentes do nível de proteção, como por exemplo, raio da esfera
37 rolante, largura da malha e etc, e regras que são independentes do nível de proteção,
38 como por exemplo, seções transversais de condutores e materiais. O quadro 1
39 apresenta os quatro níveis de proteção, cada uma delas definem a classe de SPDA a
40 ser adotado (NBR 5419, 2015).

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Artigo – Curso Engenharia Elétrica – 2020
1 Quadro 1 – Relação entre níveis de proteção e classe de SPDA
Nível de proteção Classe de SPDA
I I
II II
III III
IV IV
2 Fonte: ABNT NBR 5419:3-2015

3 O SPDA pode ser instalado na estrutura de diferentes modos a depender do tipo


4 da estrutura, do material que é construída e do ambiente em que está localizada,
5 porém independentemente dessas características, o SPDA sempre possuirá três
6 subsistemas que em conjunto formam o sistema completo. Cada um desses
7 subsistemas possui uma finalidade distinta e são interligados entre si para cumprir o
8 objetivo para o qual SPDA é destinado. Esses subsistemas são: subsistema de
9 captação, subsistema de descidas e o subsistema de aterramento.

10 2.2 Subsistema de Captação


11 Como já diz o nome, tem o objetivo de captar as descargas atmosféricas que
12 atingem a estrutura na sua cobertura ou nível mais alto. Nos níveis da cobertura essa
13 captação é feita por elementos chamados captores, e que podem ser compostos pela
14 combinação de hastes (incluindo mastros), condutores suspensos e condutores em
15 malha que podem estar ou não em contato direto com a estrutura (NBR 5419, 2015).
16 A determinação do posicionamento do subsistema de captação deve ser definida
17 a partir dos métodos de proteção, que segundo a NBR 5419:2015 são: método do
18 ângulo de proteção, método da esfera rolante e método das malhas.
19 Os métodos de proteção têm o objetivo de promover um volume de proteção na
20 estrutura, esse volume de proteção nada mais é que a área protegida determinada
21 pelos elementos do subsistema de captação, onde a estrutura só é considerada
22 protegida se estiver compreendida totalmente dentro dele.
23 Quando se fala em volume de proteção, uma definição bastante importante a ser
24 compreendida é o plano de referência, esse plano é a superfície, geralmente plana,
25 sobre a qual se faz a projeção do volume de proteção de elementos do sistema de
26 captação ou sobre a qual se movimenta a esfera rolante na aplicação dos cálculos dos
27 métodos de proteção. Vários planos de referência em diferentes níveis podem ser
28 considerados na região dos componentes do sistema de captação sob análise como
29 pode-se visualizar na figura 1.
30 Figura 1 – Representação de diferentes planos de referência para um mesmo captor

31
32 Fonte: ABNT NBR 5419:3-2015

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Artigo – Curso Engenharia Elétrica – 2020
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2 2.2.1 Método do Ângulo de Proteção


3 Também chamado de método de Franklin consiste em promover um volume de
4 proteção através de um mastro vertical (captor), nesse método de proteção o volume
5 é definido pela forma de um cone circular (figura 2) cujo vértice está localizado no eixo
6 do mastro, o ângulo α, depende da classe do SPDA, e a altura do mastro. Caso o
7 volume de proteção seja menor que a área da estrutura a ser protegida, deve ser
8 instalado mais de um captor, no objetivo de proteger totalmente a mesma (MARTINS,
9 2017).
10 Figura 2 – Volume de proteção promovido por um mastro referente ao método do
11 ângulo de proteção

12
13 Fonte: ABNT NBR 5419:3-2015

14 Sendo:
15 A topo do captor;
16 B plano de referência;
17 OC raio da base do cone de proteção;
18 h1 altura de um mastro acima do plano de referência;

19 α ângulo que varia conforme a classe do SPDA e a altura h1.

20 Para a definição do volume de proteção, é utilizado o raio da base do cone,


21 também denominado de raio de proteção RP, é dado por:

22 RP(OC) = h1 tg(α) (1)

23 onde RP é o raio de proteção do cone.


24 É possível obter o valor do ângulo α referentes a cada classe do SPDA a partir
25 da figura 3.

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29
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1 Figura 3 – Ângulo de proteção conforme a classe do SPDA

2
3 Fonte: ABNT NBR 5419:3-2015

4 Observa-se na figura 3, quatro curvas, cada umas delas referente a cada uma
5 das classes do SPDA, o eixo vertical indica o ângulo α em graus, e o eixo horizontal
6 indica a altura em metros do captor acima do plano de referência. É possível observar
7 que cada curva tem um limite de altura, que caso seja excedida, não é possível a
8 aplicação desse método, devendo optar-se pelo método das malhas ou esfera rolante.

9 2.2.2 Método da Esfera Rolante


10 Também chamado de Eletrogeométrico, consiste em rolar uma esfera fictícia ao
11 redor e no topo da estrutura em todas as direções possíveis. Conforme ilustra a figura
12 4, essa esfera rolante não deve tocar a estrutura em nenhum ponto, exceto o
13 subsistema de captação. Sendo satisfeita essa condição, a estrutura é considerada
14 protegida. Esse método é aplicado em estruturas de arquitetura com forma mais
15 complexa e/ou com altura mais elevada, isso devido a não depender de parâmetros
16 de altura para a definição da proteção, ao contrário do método do ângulo de proteção
17 que é limitado a determinadas alturas (MAMEDE, 2018).
18
19 Figura 4 – Método da esfera rolante

20
21 Fonte: ABNT NBR 5419:3-2015

22 O raio da esfera é determinado de acordo com a classe do SPDA, como mostra


23 o quadro 2.

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2 Quadro 2 – Relação entre níveis de proteção e classe de SPDA


Raio da esfera rolante - r
Classe do SPDA
m
I 20
II 30
III 45
IV 60
3 Fonte: ABNT NBR 5419:3-2015

4 Observa-se no quadro 2 que o maior valor de raio da esfera é de 60 metros,


5 referente a classe IV, então se a estrutura em questão possuir altura maior que 60
6 metros, a probabilidade de uma descarga atmosférica atingir a sua lateral torna-se
7 considerável, sendo necessário a instalação de captação lateral além do nível da
8 cobertura. Segundo Martins (2017) para solução desse problema, uma outra solução
9 pode ser adotada; que é a adição de captores ao longo do topo da estrutura,
10 resultando no aumento do volume de proteção.

11 2.2.3 Método das malhas


12 Também chamado de método da gaiola de Faraday, consiste em uma malha de
13 condutores nus que são fixados na estrutura. Possui esse nome pois é baseado na
14 teoria de Michael Faraday, que afirma que no interior de uma gaiola constituída por
15 condutores que conduzem uma corrente, o campo elétrico é nulo, independente do
16 valor da corrente. Esse método é aplicado à estruturas com grande área horizontal,
17 onde nas quais uma grande quantidade de captores do tipo Franklin seria necessária
18 (COSTA; XAVIER, 2016).
19 O espaçamento entre os condutores da malha é definido de acordo com a
20 classe do SPDA que será adotado no projeto, conforme mostra o quadro 3.

21 Quadro 3 – Relação entre níveis de proteção e classe de SPDA


Classe do SPDA Máximo afastamento dos condutores da
malha (m)
I 5x5
II 10 x 10
III 15 x 15
IV 20 x 20
22 Fonte: ABNT NBR 5419:3-2015

23 Segundo a NBR 5419:3 – 2015, existem alguns requisitos que devem ser
24 cumpridos para instalação da malha captora:

25 a. Os condutores que formam a malha captora devem ser instalados, na periferia,


26 nas saliências e cumeeiras da cobertura da estrutura;
27 b. As dimensões da malha não podem ser maiores que os valores da Quadro 2;
28 c. Os condutores do subsistema de captação devem ser instalados de modo que a
29 corrente da descarga atmosféricas tenha pelo menos dois caminhos condutores
30 diferentes para o subsistema de aterramento;
31 d. Nenhuma instalação metálica, que não possua características para ser um captor
32 não deve ultrapassar o volume protegido pela malha de captação;
7
Artigo – Curso Engenharia Elétrica – 2020
1 e. O conjunto de condutores da malha devem ter o menor e mais retilíneo caminho
2 possível da instalação.

3 2.3 Subsistema de descidas


4 Segundo Martins (2017), esse subsistema tem o propósito de conduzir de forma
5 segura as descargas que atingem a captação para a terra. Ele é formado por
6 condutores metálicos que interligam a captação ao aterramento, devem ser instalados
7 com o intuito de promover diversos caminhos paralelos para a corrente elétrica,
8 podendo ser instalado em contato ou não com a estrutura dependendo do tipo do
9 SPDA, ter o menor comprimento possível do caminho da corrente e promover a
10 equipotencialização das partes condutoras de uma estrutura que ficam expostas ao
11 impacto de uma descarga. Para uma distribuição mais uniforme da corrente das
12 descargas garantindo assim o princípio da divisão de corrente, as descidas devem ser
13 interligadas entre si através de condutores horizontais, esses denominados de anéis
14 de cintamento ou anéis condutores. Os espaçamentos entre os condutores de descida
15 são definidos pela classe do SPDA, conforme mostra o quadro 4.
16
17 Quadro 4 – Valores de distância entre os condutores de descida e os anéis condutores de
18 acordo com a classe do SPDA
Classe do SPDA Distância (m)
I 10
II 10
III 15
IV 20
19 Fonte: ABNT NBR 5419:3-2015

20 É permitido que a distância entre os condutores de descida tenha no máximo


21 20% além dos valores da mostrados no quadro 4.
22 Um ponto de grande relevância do subsistema de descidas são as conexões de
23 ensaio (figura 5). Essas têm o objetivo de promover a desconexão entre o subsistema
24 de aterramento e os demais subsistemas, para a realização de ensaios; os elementos
25 de conexão devem possibilitar a abertura apenas com o auxílio de ferramenta,
26 devendo permanecer fechados em uso normal.

27 Figura 5 – Conexão de ensaio em subsistema de descida

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Artigo – Curso Engenharia Elétrica – 2020

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2 Fonte: Acervo pessoal (2020)

3 2.4 Subsistema de aterramento


4 Esse subsistema tem a função de conduzir e dispersar na terra as descargas
5 atmosféricas que atingem a estrutura protegida pelo SPDA. Ele é composto por
6 eletrodos de aterramento do tipo haste e pelo condutor que circula toda a estrutura
7 formando um anel fechado, denominado de eletrodo em anel. Nele devem ser
8 interligados todos os condutores de descidas existentes, como também todos os
9 aterramentos provenientes das instalações elétricas, de comunicação e de estruturas
10 metálicas com a finalidade de evitar diferenças de potencial entre os diversos
11 aterramentos, reduzindo assim o risco de tensões de passo (NBR 5419,2015).
12 O eletrodo de aterramento em anel deve ser enterrado no solo, na profundidade
13 de 0,5 m e de maneira a permitir a sua inspeção, ter uma distância aproximada de 1m
14 das paredes externas, e possuir pelo menos 80% do seu comprimento total em contato
15 com o solo; mesmo sendo permitido que 20% desse eletrodo não esteja em contato
16 direto, a continuidade do eletrodo em anel deve ser garantida em toda sua extensão
17 (NBR 5419,2015).
18 Na instalação do eletrodo em anel, a NBR 5419-3:2015 exige que o raio médio
19 re da área contemplada pelo eletrodo de aterramento deve ser maior ou igual a l1, o
20 valor de l1 pode ser obtido através da figura 6.

21 Figura 6 – Comprimento mínimo l1 do eletrodo em anel de aterramento corresponde a classe


22 do SPDA

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Artigo – Curso Engenharia Elétrica – 2020
1 Fonte: ABNT NBR 5419:3-2015

2 Na figura 6, pode-se observar que as classe III e IV independem da resistividade


3 do solo. Conforme a NBR 5419-3:2015, para solos com resistividades maiores que
4 3000 Ωm, deve-se prolongar as curvas por meio das seguintes equações:

5 I1 = 0,03ρ-10 (para classe I) (2)

6 I1 = 0,02ρ-10 (para classe II) (3)

7 No caso da condição do raio médio da área ser maior ou igual ao comprimento


8 I1 não ser satisfeita, é preciso que sejam adicionados eletrodos horizontais, verticais
9 ou inclinados, cujo comprimento individual lr (horizontal) e lv (vertical) são obtidos
10 através das equações:

11 lr = I1 - re

12 (4) lv = (I1 – re) / 2

13 (5) Como o eletrodo de aterramento fica em contato direto com o solo, a corrosão é

14 um fator importante a ser observado na escolha dos materiais a serem aplicados, no

15 quadro 5 é possível verificar os materiais, configurações e dimensões mínimas que

16 são permitidas.

17 Quadro 5 – Material, configurações e dimensões mínimas para eletrodo de aterramento


Dimensões mínimas f

Material Configuração Eletrodo Eletrodo Comentários


cravado não
(diâmetro) cravado
Diâmetro de cada fio
Encordoado c - 50 mm²
cordoalha 3 mm
Arredondado maciço c - 50 mm² Diâmetro 8 mm
Cobre Fita maciça c - 50 mm² Espessura 2 mm
Arredondado maciço 15 mm -
Espessura da parede 2
Tubo 20 mm -
mm
Arredondado maciço a,b 16 mm Ø 10mm -
Espessura da parede 2
Aço galvanizado à Tubo a, b 25 mm -
mm
quente
Fita maciça a - 90 mm² Espessura 3 mm
Encordoado - 70 mm² -
Arredondado maciço d
Diâmetro de cada fio
Aço cobreado 12,7 mm 70 mm²
Encordoado g da cordoalha 3,45 mm
Arredondado maciço Ø 10mm 100 Espessura mínima 2
e
Aço inoxidável 15 mm mm²
Fita maciça mm

10
Artigo – Curso Engenharia Elétrica – 2020
a O recobrimento a quente (fogo) deve ser conforme a ABNT NBR 6323 [1].
b Aplicável somente a mini captores. Para aplicações onde esforços mecânicos, por exemplo:
força do vento, não forem críticos, é permitida a utilização de elementos com diâmetro mínimo de 10 mm
e comprimento máximo de 1 m.
c Composição mínima AISI 304 ou composto por: cromo 16 %, níquel 8 %, carbono 0,07 %.
d Espessura, comprimento e diâmetro indicados no quadro refere-se aos valores mínimos sendo
admitida uma tolerância de 5 %, exceto para o diâmetro dos fios das cordoalhas cuja tolerância é de 2
%.
e Sempre que os condutores desta Quadro estiverem em contato direto com o solo devem atender
as prescrições desta quadro.
f A cordoalha cobreada deve ter uma condutividade mínima de 30 % IACS (International Annealed
Copper Standard).
g Esta Quadro não se aplica aos materiais utilizados como elementos naturais de um SPDA.
1 Fonte: ABNT NBR 5419:3-2015

2 De acordo com a NBR 5419(2015) é permitido que estruturas metálicas


3 subterrâneas e armaduras de aço interconectadas nas fundações de concreto possam
4 servir como eletrodos naturais de aterramento, isentando a instalação de novos
5 eletrodos.
6
7 2.5 Componentes e dimensões
8 Como componentes do sistema podem ser utilizados condutores naturais ou não
9 naturais. Os condutores naturais são componentes metálicos existentes na própria
10 estrutura que não podem ser alterados, como por exemplo vigas e colunas metálicas,
11 armaduras de aço interconectadas da estrutura de concreto armado e etc. Já os
12 condutores não naturais são cabos, barras e chapas que são incorporados à estrutura
13 com a única finalidade de protegê-la contra descargas atmosféricas (MAMEDE, 2018).
14 O quadro 6, mostras os principais componentes que são aplicados em cada
15 subsistema e os materiais que os mesmos devem ser constituídos.

16 Quadro 6 – Principais componentes e materiais


Componentes Material Subsistema
Captor Descida Terra
Cobre, aço galvanizado, alumínio, x
Hastes captoras
latão, bronze
Minicaptores Cobre, aço galvanizado, alumínio x
Captores Franklin Latão cromado, aço galvanizado x
Mastro telescópico Aço galvanizado x
Suportes de fixação Latão cromado, aço galvanizado x X
Aço galvanizado, aço cobreado,
Cabos de suporte x
alumínio
Aço galvanizado, aço cobreado,
Cabos condutores x X x
alumínio
Cobre, aço galvanizado, alumínio, X
Conectores x
latão, bronze, aço estanhado
Cobre, aço galvanizado, alumínio, X
Grampos x
latão, bronze
Isoladores Cerâmica vitrificada, vidro isolador x X
Solda exotérmica Ligas de óxido de cobre e alumínio x X x

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Artigo – Curso Engenharia Elétrica – 2020
Caixas de inspeção PVC, concreto, cerâmica x
Cobre, aço cobreado, aço
Hastes de aterramento x
galvanizado
Gel higroscópico Sais químicos x
1 Fonte: MARCON (2018)

2 2.6 Tipos de SPDA


3 De acordo com a norma NBR 5419-3:2015, existem algumas definições de tipos
4 SPDA quando levadas em consideração as características da estrutura, sendo que
5 cada um desses tipos tornam a instalação do sistema viável e acima de tudo segura,
6 para as diferentes variações de estrutura a ser protegida. Os tipos descritos são:
7 sistema externo isolado e sistema externo não isolado.
8
9 2.6.1 Sistema externo isolado
10 SPDA cujo seus componentes encontram-se instalados externamente às
11 paredes da estrutura, porém não ficam em contato com a superfície da estrutura que
12 será protegida. Esse tipo é aplicado quando a estrutura é constituída de material frágil
13 que possa se danificar com o impacto e efeitos térmicos da descarga, ou se constituída
14 de material combustível que com o impacto e temperatura da descarga possa entrar
15 em combustão causando incêndio ou até explosão. Na instalação desse tipo de
16 sistema devem ser utilizados componentes que promovam o espaçamento e a
17 isolação entre os condutores da superfície da estrutura.
18 No mercado existe o acessório próprio para essa finalidade, denominado de
19 “suporte-guia” (figura 6), que são amplamente utilizados nas instalações de SPDA
20 desse tipo.

21 Figura 6 – Exemplo de suporte guia para SPDA externo isolado.

22
23 Fonte: https://tel.com.br/produto/suportes-guia-simples-h-200-mm-c-roldana-em-polipropileno/

24 2.6.2 Sistema externo não isolado


25 SPDA cujos componentes encontram-se instalados externamente as paredes da
26 estrutura e em contato com a superfície da mesma. Esse tipo de SPDA é aplicado em
27 estruturas que sejam constituídas de material resistente e não combustível, e que em
28 caso de descarga não venham provocar incêndio ou explosão. Pelo fato dos
29 componentes estarem em contato direto com a estrutura, os riscos de centelhamentos
30 perigosos é praticamente extinto, elevando assim a segurança e a confiabilidade do
31 sistema. Outro ponto considerável é que por não precisar de nenhum acessório
12
Artigo – Curso Engenharia Elétrica – 2020
1 adicional, em contrário ao SPDA isolado que necessita dos suportes guia, vem a se
2 tornar uma solução que proporciona uma redução nos custos da implantação do
3 sistema.

4 No SPDA externo não isolado, o número de condutores de descida em nenhuma


5 hipótese pode ser inferior a dois. Esses condutores devem ser instalados com
6 distância mais uniforme possível entre si ao redor do perímetro da estrutura (NBR
7 5419, 2015).
8 2.7 Avaliação de risco
9 O primeiro passo para estabelecer um projeto de SPDA é a avaliação de risco,
10 pois é a partir dela que é verificada a necessidade ou não do sistema
11 (TERMOTÉCNICA, 2017).
12 Sendo identificada as características da estrutura a ser protegida e o seus
13 conteúdos, a avaliação vem a considerar parâmetros, como por exemplo as fontes de
14 danos, os tipos de danos, os tipos de perdas, e os riscos envolvidos na ocorrência de
15 uma descarga atmosférica.
16 Uma estrutura se atingida por uma descarga pode sofrer danos físicos e nos seus
17 ocupantes, e ainda causar falhas nos sistemas internos. As fontes de danos são
18 classificadas pelo ponto de impacto da descarga, sendo elas: descargas atmosféricas
19 na estrutura (S1), descargas atmosféricas próximas à estrutura (S2), descargas
20 atmosféricas nas linhas que adentram a estrutura (S3), descargas atmosféricas
21 próximas às linhas que adentram a estrutura.
22 Os danos causados na estrutura podem ser classificados em três categorias:
23 danos a seres humanos, danos físicos (fogo, explosão, danificações na estrutura) e
24 falhas nos sistemas internos, e cada dano pode gerar quatro tipos de perdas
25 diferentes: perda de vida humana, incluindo ferimentos permanentes (L1), perda de
26 serviço ao público (L2), perda de patrimônio cultural (L3) e perda de valor econômico
27 (L4). O quadro 7, mostra a relação entre cada fonte de danos, tipo de danos e tipo de
28 perda.
29 Segundo Mamede (2018), para avaliação dos riscos a que as estruturas ficam
30 submetidas diante da ocorrência de descargas atmosféricas, os seguintes riscos são
31 considerados:

32 a) R1: Risco de perda de vida humana;


33 b) R2: Risco de perdas de serviço ao público;
34 c) R3: Risco de perdas de patrimônio cultural;
35 d) R4: Risco de perdas de valor econômico.

36 Cada um dos riscos R, são formados pela soma dos seus componentes. Para a
37 avaliação destes, os seus componentes devem ser definidos e agrupados de acordo
38 com as fontes de danos e os tipos de danos. Os componentes que formam cada um
39 dos riscos são mostrados a seguir:

40 R1= RA1+ RB1+ R1C1 + R1M1 + RU1 + RV1 + R1W1 + R1Z1 (6)
41 Quadro 7 – Perdas e danos correspondentes a cada fonte de danos
Ponto de impacto Fonte de danos Tipo de danos Tipo de
perdas

13
Artigo – Curso Engenharia Elétrica – 2020
S1 D1 L1, L4 a
D2 L1 ,L2, L3, L4
D3 L1 b, L2, L4

S2 D3 L1 b, L2, L4

S3 D1 L1, L4 a
D2 L1 ,L2, L3, L4
D3 L1 b, L2, L4

S4 D3 L1 b, L2, L4

a Somente para propriedades onde animais possam ser perdidos.

b Somente para estruturas com risco de explosão ou para hospitais ou outras estruturas onde
falhas de sistemas internos podem imediatamente colocar em perigo a vida humana.

1 Fonte: ABNT NBR 5419:2-2015

1
2 Somente para estruturas com risco de explosão e para hospitais com
3 equipamentos elétricos para salvar vidas ou outras estruturas quando a falha dos
4 sistemas internos imediatamente possa por em perigo a vida humana.
R1 = RB2 + RC2 + RM2 + RV2 + RW2 + RZ2 (7)

R3 = RB3 + RV3 (8)

R4= RA42 + RB4 + RC4 + RM4 + RU42 + RV4 + RW4 + RZ4 (9)
5 RV corresponde a danos físicos (incêndio ou explosão iniciados por
6 centelhamentos perigosos entre instalações externas e partes metálicas geralmente
7 no ponto de entrada da linha na estrutura) devido à corrente da descarga atmosférica
8 transmitida ou ao longo das linhas. Rw corresponde a falhas de sistemas internos
9 causados por sobretensões induzidas nas linhas que entram na estrutura e
10 transmitidas a esta. RZ corresponde a falhas de sistemas internos causados por

1 Somente para propriedades onde animais possam ser perdidos.


Segundo a NBR 5419 (2015) o componente RA corresponde a ferimentos aos
seres vivos causados por choque elétrico devido às tensões de toque e passo dentro
da estrutura e fora nas zonas até 3 m ao redor dos condutores de descidas. RB
corresponde a danos físicos causados por centelhamentos perigosos dentro da
estrutura iniciando incêndio ou explosão, os quais podem também colocar em perigo
o meio ambiente. RC e RM corresponde a falhas de sistemas internos causados por
impulsos eletromagnéticos das descargas atmosféricas. RU corresponde a ferimentos
aos seres vivos causados por choque elétrico devido às tensões de toque e passo
dentro da estrutura.
14
Artigo – Curso Engenharia Elétrica – 2020
1 sobretensões induzidas nas linhas que entram na estrutura e transmitidas a esta. As
2 componentes de risco relativas a cada tipo de perda são mostradas no quadro 8.
3 Quadro 8 – Componentes de risco a serem considerados para cada tipo de perda em uma
4 estrutura
Fontes de danos Descarga Descarga Descarga Descarga
atmosférica atmosférica atmosférica atmosférica perto
na estrutura perto da em uma linha de uma linha
S1 estrutura conectada à conectada à
S2 estrutura estrutura
S3 S4
Componentes de risco RA RB RC RM RU RV RW RZ
Risco para cada tipo de *
perda * * *
*a *a *a *a
R1
R2 * * * * * *
R3 * *
R4 *b * * * *b * * *

a Somente para estruturas com risco de explosão e para hospitais ou outras estruturas quando
a falha dos sistemas internos imediatamente possam colocar em perigo a vida humana. b
Somente para propriedades onde animais possam ser perdidos.

5 Fonte: ABNT NBR 5419:2-2015

6 Para a avaliação da necessidade de proteção, os riscos R1, R2, R3 devem ser


7 comparados com os riscos toleráveis RT, onde o valor de cada risco deve ser menor
8 que valor de RT, o valor de R4 é necessário para a avaliação do custo das perdas
9 econômicas comparando esse custo com ou sem as medidas de proteção.
10 Valores representativos de risco tolerável RT, onde as descargas atmosféricas
11 envolvem perdas de vida humana ou perda de valores sociais ou culturais, são
12 fornecidos no quadro 9.
13 Em princípio, para perda de valor econômico (L4), a rotina a ser seguida é a
14 comparação custo/benefício dada no Anexo D da NBR 5419-2. Se os dados para esta
15 análise não estão disponíveis, o valor representativo de risco tolerável RT = 10-3 pode
16 ser utilizado (NBR 5419-2:2015).

17
18 Quadro 9 – Componentes de risco a serem considerados para cada tipo de perda em uma
19 estrutura
Tipo de perda
RT (y-1)

L1 Perda de vida humana ou ferimentos permanentes


10-5

L2 Perda de serviço ao público


10-3

L3 Perda de patrimônio cultural


10-4
20 Fonte: ABNT NBR 5419:2-2015

15
Artigo – Curso Engenharia Elétrica – 2020
1 3 METODOLOGIA
2 O projeto de SPDA abordado neste trabalho atende uma edificação comercial
3 destinada a um shopping center, localizada no município de Nossa Senhora da Glória
4 /SE. A edificação possui uma área construída de 32.007,63 m², contando com quatro
5 pavimentos, sendo eles: subterrâneo, térreo, 1° pavimento e 2° pavimento.
6 Além dos dados informados, foi necessária a planta arquitetônica em dwg
7 (formato de arquivos do AutoCAD); algumas outras informações importantes sobre a
8 edificação e sobre suas atividades também foram coletadas, sendo elas:
9 • Localização no centro urbano da cidade;
10 • Estrutura cercada por edificações mais baixas;
11 • Estrutura construída em alvenaria e concreto armado, com pilares de
12 sustentação metálicos.
13 • Suprimento de energia em média tensão com transformador;
14 • Internet fornecida através de cabos de fibra óptica;
15 • Piso cerâmico;
16 • Risco de incêndio considerado normal;
17 • Baixo nível de pânico;
18 • Para combate a incêndio existe na edificação sistema sprinklers automático;
19 • SPDA classe III, tipo externo não isolado já instalado;
20 • Estrutura sem risco de explosão em caso de uma descarga atmosférica;
21 • Existem 180 pessoas trabalhando dentro da edificação num regime diário de 8
22 horas;
23 • O valor total da estrutura com seus conteúdos está estimado em R$
24 89.000.000,00 (oitenta e nove milhões de reais);
25 • Como trata-se de um shopping center numa cidade do interior existe um valor
26 cultural agregado a ele estimado em R$ 13.000.000,00 (treze milhões de reais).

27 De posse dessas informações, o primeiro passo a ser realizado foi a avaliação


28 de risco com base na NBR 5419 (2015), que avalia a necessidade da instalação do
29 SPDA, e indica o tipo de risco a qual a estrutura está submetida. Um software foi
30 utilizado para realização da avaliação de risco, o QiBuilder®, um software pago,
31 produzido pela empresa brasileira AltoQi, esse software torna a realização da
32 avaliação de risco com base na NBR 5419 (2015) mais rápida, pois não há
33 necessidade de preenchimento de planilhas e tabelas, nem cálculo a mão, uma vez
34 que o software já realiza todos os cálculos de forma automatizada, entregando o
35 resultado da análise de cada risco e informa se há a necessidade da instalação do
36 sistema ou não.
37 No ambiente do QiBuilder o primeiro passo a ser executado foi inserção da planta
38 arquitetônica em formato dwg no software para a seleção da área de exposição da
39 edificação, sendo selecionada toda área do telhado, conforme ilustrado na figura 7.

40 Figura 7 – Área de exposição selecionada

16
Artigo – Curso Engenharia Elétrica – 2020

1
2 Fonte: Autoria própria (2020)

3 As informações coletadas foram inseridas no QiBuilder® através do


4 preenchimento do formulário de avaliação de risco (figura 8), e assim foi constatado a
5 necessidade do SPDA devido ao risco de perda do serviço ao público (R2) ser
6 identificado, outro risco também identificado foi o de perda de valor econômico (R4),
7 pois seu valor de risco foi bem maior que o valor de referência da NBR 5419,2015 que
8 recomenda o risco tolerável (RT) = 10-3 , conforme apresentado na figura 9.
9 Figura 8 – Formulário de avaliação de risco do QiBuilder® preenchido

10
11 Fonte: Autoria própria (2020)

12 Figura 9 – Resultados da avaliação apresentados pelo software

17
Artigo – Curso Engenharia Elétrica – 2020

1
2 Fonte: Autoria própria (2020)

3 Sendo realizada a avaliação e comprovada a necessidade da instalação do


4 SPDA, iniciou-se a aplicação dos métodos de proteção com o auxílio do software
5 AutoCAD, a aplicação dos métodos foi feita de maneira independente um do outro,
6 para posterior análise financeira de cada um deles.
7 O primeiro método a ser utilizado foi o do ângulo de proteção, que conforme
8 definido na seção secundária de métodos de proteção, este promove um volume de
9 proteção através de um mastro cujo o raio de proteção é calculado pela equação 1.
10 Para definição do raio de proteção promovido pelo mastro para proteção da cobertura
11 foi utilizado mastro com altura de 3 metros, o SPDA instalado é de classe III e o plano
12 de referência é a própria cobertura onde o mastro é instalado. O valor do raio de
13 proteção calculado foi RP = 12,03 metros, como esse raio de proteção não é o
14 suficiente para proteger toda a área, foi necessário fazer a distribuição de vários
15 mastros captores para que assim toda área fosse protegida, com o auxílio da
16 simulação gráfica através do AutoCAD conforme ilustrado na figura 10, foi possível
17 obter o posicionamento de cada captor e a quantidade necessária para proteger a
18 cobertura totalmente.

19 Figura 10 – Simulação do método do ângulo de proteção no AutoCAD para proteção total da


20 cobertura da edificação

21
22 Fonte: Autoria própria (2020)

18
Artigo – Curso Engenharia Elétrica – 2020
1 Devido a esse método de proteção ser indicado para estruturas mais simples,
2 foram necessários 31 mastros para proteção por completo da área, além disso todos
3 os captores deverão ser interligados entre si através de cabo de alumínio nu
4 encordoado com seção de 70mm², sendo essa a seção mínima exigida pela norma
5 NBR 5419:2015 para condutores desse material, esses condutores serão instalados
6 diretamente sobre o telhado, fixados de metro a metro e deverão estar conectados
7 nas descidas, de forma a promover a divisão de corrente em pelo menos dois
8 caminhos em caso de qualquer captor ser atingido por uma descarga atmosférica. O
9 comprimento total dos cabos a serem utilizados para as interligações foi medida pelo
10 AutoCAD, chegando a um valor de 372 metros.
11 O segundo método de proteção aplicado foi o da esfera rolante, método esse
12 que promove o volume de proteção através da rolagem de uma esfera fictícia na
13 estrutura em todas as direções, a regiões que a esfera não tocar estão protegidas.
14 Dado que a classe do SPDA é nível III, de acordo com a NBR 5419:2015 o raio dessa
15 esfera é de 45 metros. Os elementos utilizados para captação foram mastros com
16 altura de 3 metros, instalados em cima e nas extremidades da cobertura. Através de
17 simulação no AutoCAD, foi simulada a rolagem da esfera, possibilitando assim a
18 alocação e a quantidade dos captores para proteção inteira da área a ser protegida,
19 as figuras 11,12 e 13 ilustram a simulação realizada.

20 Figura 11 – Simulação do método da esfera rolante através do Autocad em vista frontal

21
22 Fonte: Autoria própria (2020)

23 Figura 12 – Simulação do método da esfera rolante através do Autocad em vista lateral

24

19
Artigo – Curso Engenharia Elétrica – 2020

1
2 Fonte: Autoria própria (2020)

3
4 Figura 13 – Simulação do método da esfera rolante através do Autocad em planta baixa

5
6 Fonte: Autoria própria (2020)

7 Por meio da simulação realizada utilizando o método da esfera rolante, foram


8 necessários 27 captores para proteção por inteiro da área a ser protegida. Os captores
9 serão interconectados entre si através de cabo de alumínio nu encordoado com seção
10 de 70mm², os condutores que os interliga terão fixação direta no telhado da estrutura
11 a cada 1 metro e deverão ser conectados às descidas em pelo menos dois caminhos.
12 Realizou-se a medição da quantidade de cabos para a interligação dos captores
13 resultando em um total de 310 metros.
14 O terceiro e último método utilizado foi o das malhas, que consiste em instalar
15 uma malha captora constituída de condutores nus, envolvendo toda área a ser
16 protegida formando uma “gaiola”, para esse método o máximo espaçamento entre os

20
Artigo – Curso Engenharia Elétrica – 2020
1 condutores da malha são de 15 metros pois o trata-se de SPDA nível III conforme
2 exige a norma NBR 5419:2015, os condutores utilizados na malha de captação serão
3 de alumínio nu encordoado, com seção nominal de 70mm², a fixação deles no telhado
4 será feita a cada 1 metro. Por se tratar de SPDA externo não isolado os condutores
5 estarão em contato direto, sem a necessidade de espaçadores para afastamento entre
6 os mesmos e a superfície da estrutura.
7 Com o auxílio do AutoCAD foi realizada a simulação do traçado dessa malha,
8 conforme ilustrado na figura 14.
9
10 Figura 14 – Simulação realizada no Autocad da malha captora

11
12 Fonte: Autoria própria (2020)

13 Após realizada simulação, o levantamento da quantidade de cabos necessários


14 para instalação da malha captora foi por intermédio do AutoCAD, onde chegou-se a
15 um total de 1.577,16 metros de cabo.
16 Dispondo da aplicação e levantamento dos três métodos de proteção feitas de
17 maneira independente um do outro, o próximo passo foi o levantamento do subsistema
18 de descidas.
19 Havendo pilares de sustentação metálicos na edificação, os mesmo foram
20 utilizados como descidas naturais conforme permitido pela norma NBR 54193:2015,
21 visto que o SPDA em questão é de classe III, o espaçamento entre as descidas é de
22 15 metros, podendo esse espaçamento ser expandido em até 20% (18 metros), diante
23 dessa condição, os pilares utilizados como descidas naturais foram interligados ao
24 subsistema de aterramento num afastamento entre si de até 18 metros, o
25 levantamento das descidas que contemplam esse SPDA para toda edificação foi feito
26 por intermédio do AutoCAD, totalizando 30 descidas, cada uma dessas contendo uma
27 conexão de ensaio feita através de pequena perfuração nos pilares para instalação de
28 parafuso e porca para conexão do terminal do cabo de aterramento.

21
Artigo – Curso Engenharia Elétrica – 2020
1 Para o subsistema de aterramento, foi empregado cabo de cobre nu com seção
2 de 50mm² enterrado no solo a uma profundidade de 0,5 metros, circulando toda a
3 edificação a uma distância de 1 metro das paredes externas, formando assim um
4 eletrodo de aterramento em anel. O quantitativo de cabo necessário para o
5 aterramento é de 469,39 metros, cada derivação do anel de aterramento para
6 interligação com o subsistema de descidas utiliza-se de solda exotérmica, e cada
7 ponto de solda exotérmica contará com uma caixa de inspeção para futuras inspeções
8 e ensaios, existindo no sistema 30 descidas, deverão ser utilizadas 30 soldas
9 exotérmicas e 30 caixas de inspeção de aterramento.
10 Concluído o levantamento do quantitativo de materiais a serem utilizados,
11 elaborou-se um quadro para comparação de quantidade de materiais necessários na
12 aplicação de cada um dos métodos de proteção, conforme mostra o quadro 10.

13 Quadro 10 – Comparação de quantidade materiais para cada tipo de método de proteção.


Método do Método da Metodo das
Ângulo de Esfera Malhas
proteção Rolante

Subsistema Componentes Quantidade Quantidade Quantidade

Captação Mastros 31 27 0

Cabos (m) 372 310 1.577,16

Fixação 403 337 1.577,16

Descidas Conexões de ensaio 30 30 30

Aterramento Cabos (m) 469,39 469,39 469,39

Soldas 30 30 30

Caixas de inspeção 30 30 30

14 Fonte: Autoria própria (2020)

15 Para a análise financeira de cada método, foi solicitado lista com os valores dos
16 materiais à empresa Termotécnica, fabricante de referência nacional em materiais
17 para SPDA. De posse dessa lista de valores, foi executada a análise financeira,
18 comparando o custo para instalação do SPDA seguindo cada método de proteção,
19 obtendo-se qual dos métodos possui um menor custo com materiais.

20 4 RESULTADOS E DISCUSSÕES

21 Com base na lista de valores fornecida pelo fabricante Termotécnica, foi possível
22 verificar qual dos métodos de proteção possibilitava o menor custo com materiais. O

22
Artigo – Curso Engenharia Elétrica – 2020
1 quadro 11 mostra o custo com materiais para instalação do sistema seguindo cada
2 método de proteção.

3
4 1 Quadro 11 – Comparação de custo para cada tipo de método de proteção.
Método do Ângulo Método da Esfera Metodo das Malhas
de proteção Rolante

Subsistema Componentes Qtd. Custo (R$) Qtd. Custo Qtd. Custo


(R$) (R$)

Captação Mastros 31 2.618,26 27 2.280,42 0 0,00

Cabos (m) 372 1.543,80 310 1.285,50 1.577,16 6.545,21

Fixação 403 2.123,81 337 1.696,94 1.577,16 8.311,63

Descidas Conexões de 30 1.177,50 30 1.177,50 30 1.177,50


ensaio

Aterramento Cabos (m) 469,39 9.411,26 469,39 9.411,26 469,39 9.411,26

Hastes 30 1.789,80 30 1.789,80 30 1.789,80

Soldas 30 281,10 30 281,10 30 281,10

Caixas de 30 2.031,60 30 2.031,60 30 2.031,60


inspeção

Custo 20.977,13 Custo 19.954,12 Custo 29.548,10


total total total
(R$) (R$) (R$)

5 Fonte: Autoria própria (2020)

6 Conforme quadro 11, pode-se verificar que o menor custo foi obtido pelo método
7 da esfera rolante, tendo em vista que o mesmo foi o que necessitou de menos mastros
8 e como consequência menos cabos e fixações para a proteção por completo da área
9 a ser protegida.
10 Em contrário ao da esfera rolante, o que obteve o maior custo foi o método das
11 malhas, que pelo caso de não utilizar mastros, sua proteção é toda feita através de
12 cabos para formação da malha, situação essa que encarece consideravelmente o
13 valor com relação ao de menor custo.
14 Quando feita a comparação entre o método do ângulo de proteção e o da esfera
15 rolante, a diferença de custo não foi consideravelmente grande, isso porque os valores
16 são apenas de custo de materiais, se fosse considerado custos com mão-de-obra de
17 instalação, esse custo total seria bem mais elevado, pois pelo primeiro método a
23
Artigo – Curso Engenharia Elétrica – 2020
1 quantidade de materiais a serem instalados geraria muito mais trabalho, e como
2 consequência maior valor de mão-de-obra.
3 Um ponto importante é que não foram considerados nessa análise valores de
4 mão de obra, isso porque tais valores variam de instalador para instalador, o que torna
5 esses relativos para serem utilizados como uma referência para a análise.
6 Também nota-se que os valores dos subsistemas de descidas e aterramento não
7 se modificam com a variação de método, isso porque esses subsistemas não
8 dependem dos parâmetros dos métodos para serem definidos e sim da classe do
9 SPDA e das características da edificação.

10 5 CONCLUSÕES
11 Com a análise financeira de cada método conseguiu-se obter o qual deles
12 propiciará um menor custo financeiro na instalação do SPDA, sendo para essa
13 edificação o método da esfera rolante o mais satisfatório.
14 Foi verificado que em virtude da análise financeira, o projetista consegue otimizar
15 os custos envolvidos na instalação tornando-a financeiramente viável, fato que facilita
16 a efetiva execução do sistema nos diversos empreendimentos, sistema esse de
17 grande importância para segurança das pessoas que ali se encontram, dos conteúdos
18 da edificação e dos valores econômicos envolvidos.
19 É possível observar um ponto bastante importante para redução dos custos da
20 instalação de um SPDA, que é a análise da característica da estrutura a qual será
21 destinada, já que o uso de componentes naturais é permitido pela norma NBR
22 5419:2015 desde que possuam os requisitos mínimos, esses podem assumir o papel
23 de alguns componentes do sistema, dispensando assim a compra de mais materiais
24 e ocasionando em uma economia considerável no custo total da instalação.

25 REFERÊNCIAS
26 ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. ABNT NBR 5419 - 1. Rio de
27 Janeiro, 2015
28
29 ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. ABNT NBR 5419 - 2. Rio de
30 Janeiro, 2015.
31
32 ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. ABNT NBR 5419 - 3. Rio de
33 Janeiro, 2015.
34
35 ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. ABNT NBR 5419 - 4. Rio de
36 Janeiro, 2015.
37 ALVES, Normando. Por que o SPDA deve ser considerado um item de segurança. 2018.
38 Disponível em:< https://tel.com.br/porque-um-spda-e-um-item-de-seguranca/>. Acessado
39 em:<19 de Mai. 2020.
40 COSTA, Caio Rafael; XAVIER, Clenildo de Souza. Estudo de sistema de proteção contra
41 descargas atmosféricas – SPDA. Faculdade Santo Agostinho. Minas Gerais. 2016.

24
– Curso Engenharia Elétrica – 2020

42 Artigo

43 INSTITUTO NACIONAL DE PESQUISAS ESPACIAIS – INPE. Grupo de Eletricidade


44 Atmosférica. Disponível
45 em:<http://www.inpe.br/webelat/homepage/menu/el.atm/perguntas.e.respostas.php>.
46 Acessado em: <16 de mar. 2020.
47 MAMEDE J. F.. Instalações Elétricas Industriais. 9. ed.. - Rio de Janeiro : LTC, 24 2018.
48 MARCON, Eduardo Kafer. Sistema de Proteção Contra Descargas Atmosféricas 27 para
49 uma Indústria Têxtil: Estudo de Caso. Florianópolis. 2018.
50 MARTINS, Fábio de Moura. Sistema de Proteção Contra Descargas Atmosféricas. Minas
51 Gerais. 2017.
52 SANTOS, Luis Dartanhan de Oliveira; CRUZ, Antônia Ferreira dos Santos. Aplicação da
53 proteção contra descargas atmosféricas com estudo de caso numa edificação comercial.
54 UNIFACS. Bahia. 2018.
55 TERMOTÉCNICA. Espaço Para-Raios. 2017. Disponível
56 em:<https://tel.com.br/gerenciamento-de-risco-o-primeiro-passo-para-estabelecer-umprojeto-
57 de-spda/>. Acessado em:<19 de Mai. 2020.

25
– Curso Engenharia Elétrica – 2020

58 Este documento possui 7711 palavras.

26

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