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A minha escolha foi a morte.

Creonte proclamou a todos os tebanos

a interdição de sepultarem ou sequer

chorarem o desventurado Polinices:

sem uma lágrima, o cadáver insepulto de meu irmão

irá deliciar as aves carniceiras

Creonte impõe a pena de morte

aos transgressores.

de qualquer modo

hei de enterrá-lo e será belo para mim

morrer cumprindo esse dever: repousarei

ao lado dele, amada por quem tanto amei

O cadaver de um dos filhos de minha mãe não pode ficar sem sepultura
Eu hei de enterrar o meu irmão

Creonte. Fui eu que enterrei Polinices; digo e nunca negaria.


A tua lei não é a lei dos deuses.

A tua lei é ditada entre homens pela Justiça,

Companheira de morada dos deuses infernais.

Não me pareceu que tuas determinacões tivessem força para impor aos

mortais até a obrigação de transgredir normas divinas

Não escritas, inevitáveis

E não seria por temer homem algum, que me arriscaria a ser punida pelos

deuses.

Eu sei que vou morrer.

Não vou?

Cercada de infortúnios como vivo,

a morte não seria então uma vantagem?

Se te pareço hoje insensata por agir dessa maneira

é como se eu fosse acusada de insensatez pelo maior dos insensatos.


Essas suas leis são as ditadas entre os homens

pela Justiça, companheira de morada

dos deuses infernais; e não me pareceu

que tuas determinações tivessem força

para impor aos mortais até a obrigação

de transgredir normas divinas, não escritas,

inevitáveis;

E não seria por temer homem algum,

nem o mais arrogante, que me arriscaria

a ser punida pelos deuses por violá-las.

Eu já saiba que teria de morrer

(e como não?)

Cercada de infortúnios como vivo,

a morte não seria então uma vantagem?

Por isso, prever o destino que me espera

é uma dor sem importância.

Não há vergonha alguma em nos compadecermos


dos que nasceram das entranhas de onde viemos.
O cadaver de um dos filhos de minha mãe não poderia ficar sem sepultura
Se te pareço hoje insensata por agir

dessa maneira, é como se eu fosse acusada


de insensatez pelo maior dos insensatos.

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