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Eleições 2020 – PSOL Olinda

CONJUNTURA MUNICIPAL

1. As eleições municipais de 2016 revelaram um recuo das forças progressistas em Olinda, haja
vista que o segundo turno fora disputado por representantes ligados ao campo conservador.
Vários podem ser os motivos apontados para esse resultado ruim das esquerdas na cidade,
porém, é evidente que o desgaste das gestões do PCdoB à frente do projeto político no município
contribuiu de maneira decisiva para este resultado.

2. Desta forma, a população de Olinda depositou nas urnas o forte desejo de mudança depois de
16 anos de gestão do PCdoB na cidade, numa campanha onde os atores políticos puderam
expressar todo o descontentamento com as práticas políticas e de gestão do último mandato de
Renildo Calheiros, o descaso com a cidade e a falta de perspectivas futuras.

3. Em um segundo turno onde coube a parte da esquerda optar pelo menos nocivo a cidade, o
então deputado estadual Prof. Lupércio saiu-se vitorioso no pleito encampando uma das
campanhas políticas mais baixas já vistas em Olinda. O tom da eleição seria o prenuncio de uma
gestão onde prevaleceram os conchavos políticos, o favorecimento dos aliados de antes e que
foram sendo construídos ao longo da gestão, o completo descaso com o servidor público
municipal e, mais uma vez, a ausência total de projeto para o desenvolvimento econômico e
social de Olinda.

4. A câmara de vereadores eleita em 2016 tornou-se, então, o reflexo de uma cidade que apenas
reage aos tantos problemas que insistem em existir. Não há uma única voz que fiscalize com
seriedade e sem oportunismo os desamandos governamentais, tornando o legislativo um anexo
do executivo com atividades que visam simplesmente dar legalidade aos desejos do prefeito.

5. Para piorar o contexto para as esquerdas na cidade, em 2018 o país elege a pior opção possível
dentre os candidatos disponíveis: um homem branco, fascista, racista, homofóbico, misógino,
despreparado e cercado por incompetentes fundamentalistas e neoliberais. Esse amontoado de
figuras assombrosas, apoiadas por políticos de mesmo ideário e que se elegeram na mesma
onda conservadora, caminham a passos largos para tornar o nosso país um pária internacional
nas dimensões políticas, sociais, econômicas, sanitárias e ambientais. O Brasil passa hoje por
uma grave crise civilizatória.

6. Chegamos, enfim, ao ano de 2020 com a extrema-direita em franca disputa pela hegemonia do
campo conservador, em contraste com o esfacelamento do campo progressista, haja vista a falta
de um projeto nacional que venha a se contrapor ao avanço do fascismo no Brasil. Hoje, enxerga-
se na sociedade uma vontade de que a esquerda venha a se unir com o objetivo único de vencer
o conservadorismo. A unidade nacional do campo progressista e democrático é um dever e uma
necessidade na atual conjuntura.

7. No entanto, os municípios têm vidas política próprias. Devemos respeitar toda construção política
local construída em anos e anos de militância de companheiras e companheiros que dedicaram
o melhor de si na construção de uma Olinda melhor. É justamente o contexto local quem define
as táticas e estratégias das movimentações dos partidos na cidade, sem esquecer em nenhum
momento das deliberações a nível nacional do PSOL.

8. Desta forma, é válido colocar que o Partido Socialismo e Liberade incentiva conversas com todos
os partidos do campo progressista, vetando veementemente qualquer acordo com forças
reacionárias pelo país. Porém, é também de compreensão do partido que as conjunturas locais
sejam consideradas. Assim, a direção municipal do PSOL Olinda vem, então, dialogando com os
principais atores políticos da cidade, buscando construir a melhor situação para o nosso partido
localmente.

9. Em Olinda, os conservadores reproduzem aqui a disputa pela hegemonia do campo a nível


nacional. Assim, além da candidatura do atual prefeito à sua reeleição, figuras conhecidas da
direita olindense, como Armando Sérgio, Antônio Campos, a família Urquisa, Jorge Federal, entre
outros, se mexem no intuito de construir uma possível candidatura que venha a ser opção de
direita à Lupércio. Contudo, apesar da quantidade diversa de nomes, o Prof. Lupércio tem amplas
condições de encabeçar essa frente conservadora, alinhada ao governo Bolsonaro, sendo o
amplo favorito, inclusive, para vencer as eleições.

10. Isso coloca a esquerda em extremo contraponto ao projeto político do Prof. Lupércio. Visando
travar o bom embate, a esquerda apresenta, até então, duas candidaturas para o enfrentamento
ao avanço do fascismo em Olinda, representadas pelas postulações de Pedro Mendes (PSB) e
de João Paulo (PCdoB).

11. Pedro Mendes é um político já de alguma história na cidade. Participou ativamente da vida
política da cidade anos atrás e sempre foi muito ligado ao ex-governador Eduardo Campos. Faz
parte de uma geração antiga do PSB, herdeira de Miguel Arraes. No entanto, afastou-se da cidade
para ser vice-prefeito de Ipojuca, na gestão de Carlos Santana (PSDB), dentre os anos de 2013
– 2016. Agora, tenta costurar um acordo interno no partido para viabilizar-se no pleito. Porém, o
presidente estadual do PSB, Sileno Guedes, já sinalizou ser contrário à sua candidatura.

12. Pedro vem tentando aglutinar forças para as suas pretensões políticas. Vem conversando com
diversas lideranças pela cidade já há algum tempo, e pensou ter amarrado consigo o PT,
contribuindo inclusive para que o grupo que hoje dirige o PT saísse vencedor nas eleições
internas desse partido. Todavia, após as declarações de Sileno Guedes citadas anteriormente, o
PT resolveu rapidamente cerrar fileiras junto a João Paulo e o PCdoB.

13. Os comunistas de Olinda “importaram” João Paulo para a disputa local. Isso se deve muito ao
desgaste após 4 gestões sucessivas na cidade, marcadas principalmente pela falta de cuidado
com a coisa pública, o aparelhamento da máquina estatal, a perseguição de desafetos políticos
dentro e/ou fora da gestão e o esgotamento do projeto para melhoria da qualidade de vida do
povo de Olinda.

14. Essa deterioração, para além de suas consequências eleitorais, fez com que a população
olindense migrasse ideologicamente sem que sejam percebidas, hoje em dia, algum sinal de
arrependimento ou reavaliação. Talvez, construir no campo das esquerdas uma nova
representação de base social fosse a pedida mais acertada para o pleito de novembro/2020.

15. Aqui, torna-se válida uma crítica aos companheiros e companheiras do Partido dos
Trabalhadores. A direção majoritária do PT Olinda resolveu alinhar-se aos comunistas após
ficarem 16 anos sob os desmandos do PCdoB na cidade, onde sofreu inclusive consequências
eleitorais, pois o partido deixou de ter representantes na câmara de vereadores de Olinda. O
partido em questão poderia ser o representante ou apoiar formalmente um novo projeto político
para a cidade, o que lamentavelmente não aconteceu.

16. Dado todo o contexto e descrição dos fatos que marcaram a vida política da cidade nos últimos
4 anos, cabe ao PSOL Olinda refletir em cima dos cenários que estão postos. A começar pela
reflexão sobre a frente de esquerda no município, encabeçada pelo PCdoB e representada pela
candidatura de João Paulo, que vem sendo apresentado à população como alguém que seja para
além dos comunistas.

17. O PSOL Olinda considera importante que as esquerdas estejam juntas, mas apenas no segundo
turno e contra o mal maior que é o obscurantismo. Fingir que a história política da nossa cidade
começa com a chegada de João Paulo a Olinda pode significar um novo erro estratégico. O PSOL
se empenhará cotidianamente para que o desastre de 2016 não se repita, mas sem com isso
deixar de debater as 4 gestões do PCdoB em Olinda. Com todo o respeito que temos a João Paulo
e sua trajetória política, junto com ele está o mesmo PCdoB de sempre, as mesmas pessoas e
possivelmente as mesmas práticas.

18. O PSOL Olinda vem avaliando com apreço, mas também, com muito cuidado, as movimentações
de Pedro Mendes. Caso haja a viabilidade de sua candidatura pelo PSB, entraremos no segundo
passo das análises. Caso haja a intensão, por parte de Pedro, de construir uma alternativa à
esquerda no município, esta torna-se uma possibilidade para o PSOL. Infelizmente, o que se tem
visto é uma brutal e covarde articulação de bastidores para inviabilizar a sua candidatura.

19. Caso a candidatura de Pedro Mendes aglutine em torno de si setores que não dialogam com a
esquerda na cidade ou que seja de fato retirada do processo, o PSOL Olinda ficará entre a
possibilidade de lançar uma candidatura própria, ou liberar sua militância para escolherem por
conta própria os seus candidatos a prefeito. Conforme já fora dito, no segundo turno todos os
esforços do PSOL serão direcionados a vencer os representantes do conservadorismo em Olinda,
inclusive apoiando o PCdoB caso seja esse o cenário.

20. Vale salientar que a direção municipal do PSOL Olinda reconhece as limitações de sua construção
política e sua capacidade de conduzir um debate majoritário no municipio nessas eleições. É
uma prioridade tática definida pela direção concentrar os esforços para conseguir eleger
representações na Câmara Municipal de Olinda. O PSOL Olinda deve ter a paciência histórica
para construir a viabilidade eleitoral necessária para encabeçar uma disputa majoritária
competitiva na cidade. Só assim teremos as condições de fazer um grande projeto; por justiça
social, igualdade de direitos e melhoria de vida do povo de Olinda.

21. A Direção Municipal do PSOL Olinda reafirma que não há, até o presente momento, qualquer pré-
candidatura majoritária do partido nas eleições 2020. A Direção compreende que é um direito
do filiado ao partido colocar-se como pré-candidato, seja a prefeito(a) ou vereador(a) para o pleito
que se avizinha. Entretanto, no que diz respeito as pré-candidaturas apresentadas a prefeito no
município, esta mesma direção entende que se tratam apenas de manifestações pessoais, que
não refletem ou representam deliberações partidárias.

22. A Direção Municipal do PSOL Olinda, reitera sua predisposição a continuar refletindo os cenários
possíveis, como também reafirma seu compromisso com o amplo debate e a participação de
todos e todas nas discussões partidárias.

Olinda, 21 de julho de 2020.


Direção Municipal do PSOL Olinda.

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