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18 Capitulo 3 — Guia Técnico do Projectista de Linhas Aéreas de Transporte de Energia 3.1 Objectivo do Guia Técnico Este Guia foi elaborado no decorrer de um estigio curricular, subordinado ao projecto de linhas aéreas de transmissio de energia, na EDP — Distribuigao. Considerando as dificuldades que se sentiram na transigio do meio académico para o meio profissional a nivel de conhecimentos técnicos, tentou-se encontrar uma soluyao para obviar esse problema. © manual esta estruturado em secgdes, ¢ estas so divididas em trés partes. A primeira parte diz respeito a0 céloulo mecdnico dos condutores ¢ ao desenho das curvas; na segunda contempla-se 0 céleulo mec’nico dos apoios ¢ por fim, na terceira parte abo: se 0 cilculo eléetrico, Cada parte € constituida por varias alineas, designadas doravante por “pasos”, uma vez que permitem uma resolugdo sequencial, passo-a-passo. Na secgai 3.3 esto listadas as varidveis presentes nas formulas apresentadas ao longo deste documento. Na secgio 3.4 — Sintese Sequencial de Projecto — estio resumidos todos os pasos necessarios ao projecto de linhas. uma secgdo util, para utilizadores mai que utilizem métodos computacionais de eélculo. avangados Na secgao 3.5, os passos descritos na anterior so discriminados e aprofundados. Apresentam-se as formulas de célculo, so referidos os arligos regulamentares e explica- se como proceder em determinados passos. Convém salientar que as secgdes 3.4 ¢ 3.5 sdo independentes. A escolha entre uma ou outra deve ser feita conforme o grau de conhecimento do utilizador. Na secgfio 3.6 esto indicados os artigos regulamentares respeitantes as distancias aos obstaculos da linha. fa secgtio 3.7 podem-se encontrar tabelas com valores relativos a apoios, armagdes (ou travessas), cadcias de isoladores, e condutores. Na parte final do manual, secgo 3.8, aplicam-se todos os passos das secedes anteriores, de forma discriminada, num exemplo de projecto e de célculo. 9 3.2. Abordagens Na pritica, em engenharia sao reconhecidos dois métodos de abordar um projecto de linhas: 1) Método da parabola constante 2) Método da tenstio maxima constante Ambos apresentam vantagens e desvantagens, ou relativas ao esforgo de célculo e & preciso dos resultados, ou relativamente a razdes econdmicas, © primeiro método era muito utilizado antigamente, quando se minimizaya 0 esforgo de cileulo, ¢ consiste em: Determinar um parémetro da parabola para aplicar em todos os condutores ¢ desenhar as curvas dos vatos no perfil; Definir a fixagao dos condutores (amarragio ou suspensto); Calcular as tenstes méximas de tracgdo para cada canto, recorrendo & equacio dos estados — um so calculo por cantao; Dimensionar os apoios, tendo em conta que estes i estar submetidos a esforgos ongitudinais nao nulos, pois se os parametros constantes, as tensdes vo variar de vo pare vio. segundo método, cuja abordagem é mais recente, consiste em: Determinar 0 valor limite da tensio dos cabos, de forma que no pior estado atmosférico e com vento maximo, as tensdes verificadas nunca ultrapassem esse valor Recorrendo a resolugao da equagao dos estados, determinar a tensio para cada vi e com esse valor o parimetro da catenaria correspondente, ¢ tragar as curvas no perfil; Definir a fixagao dos condutores (amarragao ou suspensiio); Recorrendo & equacao dos estados, recalcular o parametro da parabola, mas desta vez para cada cantio; Voltar a tragar as curvas no perfil para verificar se as distincias regulamentares aos obsticulos so todas cumpridas Dada a facilidade de calculo hoje disponivel ¢ ao maior rigor de projecto que dai advém, escolheu-se aprofundar o segundo método neste Manual. 3.3 Lista de Simbolos/Definigdes No seguimento deste Guia sao utilizadas algumas varidveis, euja definiglio se fez de seguida, por ordem alfabética de variaveis. 1 Coeficiente de forma {sem unidades] ce — Coeficiente de dilatago térmica do cabo [°C] — Angulo complementar daquele entre condutores da linha [graus] 8B Angulo que a direceao do vento faz com a linha (graus} B — Valor total da susceptancia por fase da linha [S] By — Valor da susceptancia por fase e por quilémetro de linha [S/km] c~ Coeficiente de forma[sem unidades} Ck ~ Valor da capacidade por fase e por quilémetro de linha [F/km] Cantiio — lango de vaos compreendidos entre dois apoios de amarrago d—Diametro do cabo {m] 4;— Comprimento da cadeias de isoladores (em suspensio) [m] e~ Espessura da manga de gelo [m] E~Médulo de Young [daN/mm?} £— Valor da flecha dos cabos [m] fg — Valor da frequéncia industrial [50 Hz] Fax apoio evo ~ Forga maxima que o apoio suporta segundo o eixo indicado (daN] Fonts spoio horizontal ~ Forga maxima que o apoio suporta segundo o plano horizontal, indicado maioritariamente nos apoios metilicos [daN] F vent cb fio ~ Forga exercida pelo vento sobre os condutores segundo 0 eixo indicado [daN] FVeo_cd_p fiw~ Forga exercida pelo vento sobre os condutores da linha em derivagao segundo 0 eixo indicado (daN] Fy tui ~ Forga do vento sobre as cadeias de isoladores [daN] Fexo ~ Somatério das forgas exercidas no apoio segundo o eixo indicado, na hipdtese de calculo considerada [daN] G ~ Valor total da condutancia por fase da linha [S] £ Vio ficticio equivalente do lango de vaos entre dois apoios de amarrago[m] L;—Linha de fuga das cadeias de isoladores [mm] L ow Li — Valor do vio ou do vao i {m] Ler ~ Vio critico {m] uw Ly ~ Valor do coeficiente de auto-indugao por fase e por quilémetro de linha [H/km] Lmédio ~ Vao médio: valor do vao que se pretende utilizar com a maior frequéncia a menos de pequenas diferengas {m] 1m, ~ coeficiente de sobrecarga do estado atmosférico i [sem unidades] n’cp~ Numero de condutores n°ep,p ~ Niimero de condutores da linha em derivagao noi ~ Numero de cadeias de isoladores 1% 01,9 ~ Nimero de cadeias de isoladores no apoio da linha em derivagio «2 — peso especifico do cabo [daN/m] P—parametro da curva catendria [m] Pcp ~ Peso dos cabos condutores {daN] Pcp.» ~ Peso dos cabos condutores da linha em derivago [da] Piso) ~ Peso de uma cadeia de isoladores [daN} q ~ Pressio dinamica do vento (Pa ou daNi Pacio~ Densidade volumétrica do gelo Raio do condutor {m} R — Valor da resistencia total por fase da linha [2] Ry = Valor da resisténcia por fase por quilémetro de linha [Q/km] @ ~ Valor da secgao do cabo [mm’} S ~ Superficie batida pelo vento [mm*] 0 — Valor de temperatura [°C] Teo ayo ~ Tracg2o de um cabo condutor segundo 0 eixo [daN] Topo eno ~ Tracgo de um cabo condutor da linha em derivagao segundo o exo indicado [daN] ‘Tr ~Tensto de rotura do cabo [daN] ‘Tseg—Tracgdo de seguranga [daN] ‘Tseg ~ Tensio de seguranga [daN/mm’] U~Tensto eléctrica entre fases [kV] X - Valor da reactncia total por fase da linha [2] Xx — Valor da reactancia por fase e por quilometro de linha (9 /km} 22 3.4 Sintese sequencial de projecto A sintese sequencial de projecto pretende dar uma visio globel de quais os passos a seguir, de forma a realizar com sucesso ¢ rigor © projecto de uma linha aérea, Apenas so abordados os t6picos principais, relegando os artigos regulamentares e formulas part 0 ponto trés deste manual, onde estes passos sto diseriminados. Na I* parte deste capitulo estio indicados os passos que, no fundo, vo permitir a localizagao dos apoios ao longo do perfil do terreno. Na 2* parte so escolhidos os tipos de apoios de acordo com os esforgos mecanicos que tenham de suportar quando em servigo, © stio dimensionadas as cadeias de isoladores. Na 3* parte, so abordados os parametros eléctricos da linha, Parte 1 2 3) 4) 5) 6) y 8) “ O valor do Definir o valor da tracgio maxima a aplicar em todos os vaos da linha; Calcular 0 valor dos coeficientes de sobrecarga (estado de Inverno ¢ de Primavera) € 0 valor do vao eritico; Definir dois valores de vao médi Determinar quais os estados atmosféricos mais desfavordveis, associados aos vaos médios anteriores; Calcular os pardmetros das curvas associadas a cada vao médio, por comparacio, na equacio dos estados, do estado de flecha maxima (temperatura de 65 °C e m=1) com o pior estado atmosférico de cada vao médio; Verificar os pontos onde o tragado da linha faz um angulo no perfil longitudinal. Verificar também os locais de inicio e final de linha’, Marear no perfil sobrelevado, e sobre esses locais, 0 local de implantago dos apoios com um trago vertical; Observar no perfil longitudinal todos os obstaculos da linha, tais como: outras linhas de energia (BT, MT, AT e MAT), linhas de telecomunicagdes, habitagbes, instalacdes fabris (entre outros que nfo sio relevantes no Ambito académico), Caleular as distancias minimas de acordo com os artigos regulamentares, sumariados na secgao Regulamento; a) Partir de um apoio jé determinado (de angulo, de derivagao ou de fim de linha) ¢ aplicar o transparente para tragar as curvas representativas das linhas que definirao os vaos. médio 6 um conceito intuitive, Ver as definiges na seco Definigdes. 2 Bm cada linha acrea de transmissdo de energia, hi sempre dois apoios fim de linha. b} Garantir as distncias minimas regulamentares, caleuladas no ponto 7, 20 agar as curvas no perfil cc} Em simultineo com as alineas anteriores, determinar 0 local de implantagao dos outros apoios ~ os de alinhamento ~ na intersecgao de duas curvas adjacentes. Tentar localiz-los junto as extremas dos terrenos. d) Utilizando a régua de escalas, medir a altura do ponto minimo de implantacao dos condutores nos apoios. 9) Definir o tipo de fixagdo dos condutores: amarrago ou suspensio; 10) Calcular os vaos ficticios equivalentes de cada cantdo, considerando os vos como se fossem em patamar; 11) Recalcular os pardmetros das catendrias, desta vez para cada cantio: 2)Redesenhar as curvas aplicando os transparentes cujos parametros foram caleulados no passo 11) a todos os vaos de cada canto. Verificar se as distancias minimas regulamentares se continuam a verificar. Se no, optar por: a) voltar ao ponto 8) ¢ subir a altura do(s) apoio(s); b) colocar um apoio intermédio; ¢) alterar uma (ou mais, se necessério) suspenso para amarrago ~ na situagio em que os vaos de um canto, sto significativanente diferentes; 13) Escolher o tipo de armagdes ¢ calcular a altura total do apoio, adicionando a dimensio vertical daquelas aos pontos de fixagao dos condutores. 14)Caleular os esforgos transmitidos pelos cabos e causados pelos agentes atmosféricos nos apoios da linha, segundo os eixos ortogonais x, y ¢ Z representados na figura 3; a) Eixo x ¢ 0 eixo longitudinal no plano horizontal. Os esforgos resultam essencialmente das tracedes dos cabos na direcg3o da linha principal b) Eixo y€o eixo normal a linha, no plano horizontal. Os principais esforgos sio provacados pelo efeito do vento sobre os cabos, sobre as cadeias de isoladores, € pelas tracgdes dos cabos nos apoios de Angulo ©) Eixo z é0 eixo normal a link: no plano vertical ‘Neste caso, os prineipais esforgos sto transmitidos pelo peso dos cabos e pelas, cadeias de isoladores. ‘olher 0 tipo de apoio capaz de resistir aos esforgos calculados no passo 14), segundo cada um dos eixos ortogonais x, y ¢ 2; 24 b) Determinar a altura final do apoio recorrendo as alturas normalizadas nas tabelas, com base na altura calculada no passo 12). 16) Célculo da linha de fuga dos isoladores, a) Caleular a linha de fuga necessaria para garartir 0 correcto isolamento da linha, de acordo com o nivel de poluigao das zonas onde esta for estabelecida. 17) Escolher as armagdes para os apoios. a) Calcular as distancias entre condutores. Verificar se estas sto superiores ou iguais as distanci s minimas regulamentares. b) Sendo verificar, escother outras armagées com distincias superiores, Parte 3 18)Efectuar 0 célculo das constantes eléctricas: Resisténcia R, Reactincia X Condutancia G’ e Susceptancia B. Para isso, calcular: a) A distancia geométrica entre fases D. b) Coeficiente de auto-indugto L, para o célculo da reaetancia. ©) Acapacidade C, para o céleulo da susceptincia 5 Geralmente este valor & desprezado, sendo considerado nulo. 5 3.5 Discriminagao da sequéncia de calculo ~ férmulas e artigos regulamentares. Quando se elabora um projecto, independentemente da sua natureza, & muito importante atender aos artigos regulamentares que se lhe aplicam, No Regulamento de Seguranga de Linhas Eléctricas de Alta Tensio (RSLEAT), esto preconizadas as boas regras de projecto, a informagao necesséria para efectuar célculos, assim como convengées para resolugio de determinados problemas. Por isso, nesta parte do manual pretende-se nao s6 dar a conhecer os artigos regulamentares ¢ a informac3o neles contida, mas também indicar as formulas de céleulo Neste capitulo sera utilizada a mesma sequéncia de passos e a mesma numerago que no anterior, para reforgar a semelhanga entre as duas seccSes do manual: a sintesc ¢ a discriminaga da sequéncia de célculo. Parte 1 1) Definir o valor da tracgao maxima a aplicar em todos os vos da linha, Exe valor & muito importante, pois vai condicionar todo o restante projecto da linha. Para um melhor aproveitamento dos condutores, 0 valor maximo a fixar seri aquele a que os cabos vao estar sujeitos quando se verificarem as condigoes atmosféricas mais desfavoraveis e maxima pressio dinimica do vento. A tensio maxima de tracgao admissivel por estes condutores determinada pelo quociente entre a tensio de rotura (Tg) ¢ 0 coeficiente de seguranga para cabos. O Artigo 24° do RSLEAT diz que as tensdes maxi nas de tracgo admissiveis para 68 condutores nus nao deverio ser superiores ao quociente das suas tensdes de ruptura por 2,5 Assim, no célculo da tensto de seguranga, que € 0 limite méximo que os condutores aguentam sem risco de rotura, deve-se considerar 0 coeficiente de seguranga com um valor de 2,5, Teeg= Tal2,5 [daN] ou tees = Tp/(2.5.0) [damm } ay No entanto, 0 valor a considerar nos cileulos posteriores, de acordo com a experiéncia anterior, esté numa gama de 7 a 9 daN/mm’. De acordo com o projecto, escolhe-se uma tenso maxima ty, tendo em atengdo que: a flecha sera maior quanto menor for a tenstio mecnica e que - uma tensio elevada solicitari os apoios com maiores esforgos cos. = t, €[7:9]daN/mm* 26 Por isso deve ser calculado valor de thes, mas, no entanto, o valor de tna deve ser escolhido de forma que o valor se situe na gama mencionada e que os esforos dai resultantes nao sejam muito elevados. 2) Caleular o valor dos coeficientes de sobrecarga (estado de Inverno ¢ de Primavera) e o valor do vio critico. Para calcular os coeficientes de sobrecarga’, primeiro deve-se obter o valor da forga do vento através da expresso 2 para o estado de Invemno e de Primavera. Apés ‘er esse valor, deve entio ser aplicada a expressto (3). No calculo da Frey, 0 valor de q sera diferente ccnforme 0 estado atmosférico. Assim, para 0 estado de Primavera deve-se utilizar a pressio dindmica de vento maximo, e para o estado de Invemno a de vento reduzido. Faony = -€°q-d|daN | mt] Q) onde, a é um factor aerodinamico (igual a 0,6 para condutores) [sem unidades}; © € 0 coeficiente de formal sem unidades}; q 6a presstio dinamica do vento [Pa ou daN/n*); 0 diametro do cabo [m1]. Agora é possivel calcular os coeficientes de sobrecerga | a ya} eee | + Posy a +2 ey -d? | +8, al - — [sem unidades] (3) onde, Ppp = 0,9kg /dm? d= diametro do cabo [m] sspessura da manga de gelo [m] (minimo de 10x10? m) Dispondo dos parimettos dos cabos, deve-se caleular o valor do vio critico por aplicagdo da expressio seguinte. p= Silas [24 a (6, =a) @ | mi—m; note que ay é 0 coeficiente de dilatagao térmica do cabo. “0s indices 1 e 2 dizem respeito ao estado atmosférico de Inverno e de Primavera, respectivamente. 3) 4) 27 Definir dois valores de vao médio. A definigdo do valor do vao médio nio é trivial, nem resultante de célculos, e muito menos igual de projecto para projecto. Deve ser obtido de duas formas: ou pela experiéncia anterior do projectista, ou por analise do perfil sobreelevado. A primeira, como nao existe no projectista iniciante, deve ser procurada junto de alguém experiente; a segunda pode ser obtida pelo proprio por mera observagzio ou intuigao, verificando qual ou quais serdo os vdos mais utilizados quando as curvas forem desenhadas no perfil. No ponto 8 explica-se com mais pormenor a questio de desenho da curves no perfil. Determinar quais os estados atmosféricos mais desfavordveis, associados 20s viios médios anteriores. O pior estado atmosfético é definido para cada vo médio, em fungdo desse valor, dos coeficientes de sobrecarga, € do vio critico. No fluxograma apresentado, é facil verificar qual é a relagdo entre eles e como determinar 0 pior estado atmosférico. Defiiro ior cestode aimastrico sim mami? sim maemt? Nao << moet? sim ‘sim << Mtoeter > << Yaoater? Nao Ero Figura 1 — Esquema de decisio do pior estado atmosférico associado ¢ um vao. 28 5) Caleular os pardmetros das curvas associadas a cada vio médio. Os pardmetros das curvas (em metros), para uma determinada temperatura, calculam~ se através do quociente entre a tens&o correspondente a essa temperatura ¢ 0 peso proprio do cabo: treo team mm? »| 6) o daN im Para determinar a tensiio toy, deve-se aplicar a equago dos estados, comparando © estado de Verio ou de flecha maxima (m= 5 °C) com o estado mais desfavordvel & (de Inverno ou de Primavera), utilizando a expressio 6. (6) Nota: ti e tmax vém em daN/mm*; Ledio Vern em metros; e @ vem em daN/m, 6) Marear no perfil sobrelevado o local de implantagao dos apoios de angulo fim de linha. Sugere-se a marcagZio com um trago vertical no perfil, tal como se indica no desenho em baixo, com os tragos verticais a cheio. Perfil sobreclevado a Panta porcelae Angulo 1 Figura 2 ~ Perfil longitudinal do tragado da linha, incluindo perfil sobreelevado e planta parcelar. 29 7) Caleular as distincias minimas de acordo com os artigos regulamentares. O célculo das distancias minimas deve ser executado com base no disposto na seetao Regulamento, e conforme os obsticulos presentes no tragado da linha 8) Desenho das curvas representativas das linhas e localizagio dos apoios. a) Na figura 2 perfil. Munido dos transparentes (correspondentes aos pardmetros das curvas) 4 exemplificado como se deve proceder para tragar as curvasno previamente construidos, deve-se comegar, por exemplo, pelo apoio do primeiro Angulo e comegar a tragar a curva 1 para a sua direita, e de seguida tragar a curva 2. Depois, deve-se proceder da mesma forma mas part a esquerda do primeiro apoio. Ter 0 cuidado de utilizar o transparente cujo vao de calculo seja 0 mais proximo possivel do vao a aplicar, por defeito. Isto 6, 0 vao de calculo deve ser 0 mais préximo e simultaneamente inferior ao vao a aplicar. Va0 saan S V80 pseu b) Garantir as distincias minimas regulamentares, calculadas no ponto 7, a0 tragar as curvas no perfil. ©) Tomando como referéncia a mesma figura 2, repare-se que na intersecgZio entre a curva | © a curva 2 se colocou, a trago interrompido’, um apoio de alinhamento. Os locais onde duas curvas se intersectam, definem a posigZio desses apoios. Jogando com as curvas pode-se «deslocam a posigio do apoio mais para a esquerda ou mais para a direita. Dessa forma, 0 apoio pode ser colocado junto 20 limite dos terrenos para tentar interferir a0 minimo com a exploragao das, propriedades e 0 correcto ordenamento do territ5rio. 9) Definir o tipo de fixagio dos condutores. Em AT ha dois tipos de fixagdo dos condutores aos apoios: de amarragio ou de suspensio. ‘As amarragdes silo reservadas para situagdes de Angulo ¢ derivagao de vaos marcadamente desiguais, em situagdes de travessia/eruzamento de locais mais delicados (éreas muito urbanizadas, caminhos de ferro, etc.), € em situagdes em que 0 apoio possa ficar “enforeado”, As suspensdes aplicam-se geralmente em apoios de alinhamento e onde os vaos sto equilibrados, essencialmente quando os esforcos longitudinais sio nulos. Na construgdo da linha é preciso ter em conta que as amarrages utilizam 0 dobro de cadeias de isoladores das necessarias nas suspensdes, ¢ gastam muito mais * Nota: o apoio de alinhamento aparece a trago interrompido, para se poder distinguir no desenho. Quando se estiver a projectar, os apoios (de Angulo, de alinhamento, de derivagio, ett), so todos representados no perfil com um trago vertical “normal”. 10) 1) 12) 13) 30 tempo de mao-de-obra ¢ recursos financeiros, pelo que s6 se devem utilizar quando for imprescindivel Calcular os vaos ficticios equivalentes de cada canto, considerando os vios como se fossem em patamar. Apis terem sido definidos os tipos de fixago, os cantdes ficam determinados. Pode-se agora proceder ao cAlculo do vio ficticio equivalente *: eer a sendo Li o valor dos vos que constituem o cantio, £ Recaleular os parametros das catendrias, desta vez para cada cantio. Proceder de forma semelhante aos passos 4) 2 5), aplicando as mesmas expressoes. No entanto, ter em atengao que: Apenas é necessé io repetir © passo 4) caso mz>m.. Assim, no passo 4), 0 valor do vao € agora o valor do vio ficticio equivalente (£) enquanto 0 valor do va0 critico se mantém inalterado. no passo 5), 0 valor Lpadio & substituido pelo valor do vao ficticio equivalente (£). Redesenhar as curvas representativas di linhas. Neste passo, deve-se proceder de forma igual ao passo 8). No entanto, é necessirio elaborar os transparentes das curvas, cujos pardmetros foram calculados no passo 11). Esses pardmetros foram calculados para um cantio, significando que todos os vos que constituem esse cantio vo agora ter um novo parimetro, logo, uma nova curva diferente da utilizada em 8). Assim, deve aplicar 0 novo transparente a todos os vos que constituem esse cantio, Ao tragar as novas curvas, sobrepondo-as as do passo 8), deve garantir que as distancias minimas regulamentares se continuam a verificar. Se no, deve-se optar por uma das opgdes: a) voltar ao ponto 8) ¢ subir a altura do(s) apoio(s); b) colocar um apoio intermédio; c) alterar uma (ou mais, se necessério) suspensto para amarrag0 ~ na situacao em que os vos de um cantio so significativamente diferentes; Escolher o tipo de armagées e calcular a altura total do apoio, considerando a dimensio vertical daquelas aos pontos de fixacao dos condutores. Consideram-se os vos como sendo em patamer, para haver coincidéncia com os resultados da EDP. Parte 2 Os apoios, objecto de dimensionamento no ambito deste manual, sio de: alinhamento, ngulo, fimn de linha, e de derivagao em alinhamento. Nas cio II do Regulamento ~ resisténcia mecanica dos apoios das linhas em condutores us ~ € no caso do tipo de apoios aqui utilizados, so consideradas duas hipdteses de calculo. Dessas, prevalecem os calculos da pior hipétese. Os esforgos sio medidos relativamente avs. tixos ortogonais x, y e z, representados na figura 3. Note-se que x ¢ y so eixos segundo o slano horizontal, na direcgao da linha e na direceao normal a esta, respectivamente. Considerem-se as figuras 4, 5 ¢ 6, atente-se & direego da forga do vento © a forma de medigao dos angulos. As prineipais forgas presentes sto: Forga do vento sobre um condutor, segundo o cixo indicado. Fy. Forga do vento sobre um condutor da derivaga0, segundo 0 eixo indicado: Fry-c0.p_0, ~ Forga do vento sobre os isoladores: Fy jot Traceao de um condutor, segundo o eixo indicado: fp, iro Tracgaio de um condutor da derivagao, segundo o eixo indicado: feo caw Peso de uma cadeia de isoladores: Pio: O esforgo do vento sobre a cadeia de isoladores é constante e independente do apoio, portanto é suficiente calcul‘-lo uma sé vez. E obtido através da expresso Fy joi, considerando a cadeia de isoladores como um rectingulo sujeito a uma forga do vento normal A sua superficie: com 7 01,0 1,0 q=vento maximo [Pa ou daN/n*] S=superficie do rectingulo [mm*} (cadeia de isoladores). 14) Caleular os esforcos, transmitidos pelos cabos ¢ causados pelos agentes atmosféricos nos apoios da linha, segundo os eixos ortogonais x, y © z. Os esforgos totais, relativamente aos eixos e hipéteses de célculo mencionados, sto caleulados através das formulas gerais indicadas em baixo. Estas sto dependentes ” Valores retirados dos artigos 13°, 14°°¢ 15° do RSLEAT. 32 da fung2o do apoio, e as forgas intervenientes sfo as indicadas na tabela 4, As forgas que no esto indicadas nessa tabela devem ser consideradas como nulas nas formulas gerais. Primeiro, devem ser calculadas todas as forgas indizadas na tabela 4, para cida cixo, conforme a fungiio do apoio. Apés esses céleulos, utilizam-se as formulas gerais para calcular os esforgos totais no apoio, segundo os eixos considerados. Formulas Gerais: Hipétese 1 (Para apoios de alinhamento, fim de linha, e apoios de angulo) © Eixox: F=2°cpTep_,[daN] 0) © Bixoy: F =F coy +Zeo.)# nF pala’) (10) © Eix0.2: FM" cy-Pay +0 poy Pro da] (i) Hipétese 2 (Para apoios de alinhamento, fim de linha, e apoios de éngulo) + Bixox: R= (0 coy co » Mean] (12) © Eixoy: F, =0[daN] (13) © Bix0.Z: FL =p Peo + no PraildaN] (14) Hipétese 1 (Sé para apoios de derivacao em alinhamento!) © Bixox: F,= cp p'Teo_» sldaN] cS) « Bixay: Fr (8 nar +H to) Fr tet + 45 #1 cp pFy copy Si(B)+ 2 co_y Too _v yan ] © Bixozt F=n"eyPop + (0 pat uwto) Paar co. Peo ola] (17) Hipétese 2 (S6 para apoios de derivacio em alinhamento! . cooler v «+ Fr co.0°008°(B) [dan] (8) . = "co 0 Teo » y[daN ] ay) =H cp Pep +8 par et 0) Pr + Pen. ®eo old] (20) Eixoy Eixo x Bixo 2 Figura 3 ~ Einos de aplicacZo das forgas actuantes no apoio, Figura 4 Sitvacdo de caléulo dé um apoio de alinammento © Angulo 6 é igual a metade do Viet Angulo entre condutores (6), em graus, © Angulo aé igual a (180-4). 0 Angulo 6, é Linha i Princioal igual a@p-90", sendo go 0 angulo entre os i 4 Fy ice 2 condutores da | derivagio e os da Lisha Derivada linha principal Hipétese 1 Figura 6 - Sitiagio de céleulo de um apoio de derivago em alinhamento ow S01 Os= ¥sle 9€ 06 0s 3 0g ANUS [Seroperost“O eaed OT ssre sci ed of sl Og> ‘sar0jnpuo, eed 9° TI STI> ‘opiznpay Owe, | OWIXPUT OVA. (wy) ojos 1 1OIOes 9 BugY ap JOD | (WU) ONOUTEI Gamayep) Bowie, op wormenic ogssaig | op eurioe wumyW - saRUpUIpoIae Tojae] 39 RUIOJ 9p BURTO_|SO “OwWaA Op BONUBUIP OFSSEIT ep SBIO]EA—S COAEL wy a (a)s00: 73 @o= My WaT ®, | oss onry | On z cara | Topa PP 2 = a . | cgseauod c eer a * ey = (Zova + jon4) Toman PP7?* CO 47g) oA + TODA) | rag a - . oes o8nTy (¢/'o)ms-0. (4 = | sae oon z emcee sey) (2/'n)s00.0= "2 z | oInduy | oper top (m1, € Lmgai(200m)my, € Lmia2(230m) Acx(221m) o pior estado atmosférrico & o de Primavera. 5) Vo médio 1 __0,722" -200° 1,7 10% +8700 24-1,7x10% «2155-1, 91? -0,722?-200° 1,7x10°* 8700 24-1,7x107 -215,5°-9° 1, = 4,44daN / mm? > T =95TdaN = p =1325m 65 Vaio médio 2: 65 1,567 -0,722? -231 —___1567-0,722"- 2307 700 24-1,7 x10 -215,5° +9" 31, =4,74daN /mm? > T =1021daN = p=1414m 6) 7) Como nao existe nenhum obstéculo no tragado da linha, deve-se calcular apenas 4 Gistincia minima dos condutores ao solo: D = 6,0 + 0,005 -60 = 6,3m 8) Construindo os transparentes com as catendrias de parimetro p=1300m © p2=1400m, podem-se tragar as curvas indicadas na figura 9. Como se pode observar, iniciou-se no apoio mimero 1 com a 1* cu-va; depois seguiu-se a 2 curva que determinou o apoio n°. 2, junto a uma extrema. De seguida, desenhou- sea 3* curva, definindo o apoio n° 3 junto a outra extrema, e a altura do apoio 4 (a sua localizagdo j4 era conhecida, porque a linha tem um comprimento que se sabia ser de 600m), | Apoio n® 1 Apoio n? 2 ‘Apoio n 3 Apoion’ 4 | 200m | 150m | 250m | } t 600m | { | Figura 9 — Perfil sobreelevado da linha, contendo os apoios ¢ as curvas representativas dos vos, © as respectivas cotas, 9) Os apoios fim de linha tém sempre as cadeias de isoladores fixas por amarragao, ‘Assim, 0s apoios 1 ¢ 4 so de amarragao. Como esta linha é em patamar ¢ de © pequeno comprimento, os outros deviam ser em suspensio. Mas, a titulo de exemplo, considera-se o apoio n° 2 de amarraco e 0 3 de suspensio. 10) Os cantBes esto agora definidos. Canto 1: £, = 200m do apoio n°. 1 a0 n°. 2; fap nas0? anti 2: £, = |" =" = 218m do apoio n°. 2 a0 n°. 4 V 150+250 11) Como m;>m,, é necessério voltar ao ponto 4). Canto 1: como m;>my, ¢ £:(200m) T =957daN => p =1325m io 2: como mz>m), ¢ £:(218m)t, =4,65daN /mm* + T =1002daN => p =1388m 2 - 13) Amnagio escolhida: GAL-AT. A dimensio vertical desde 0 condutor inferior até ao condutor superior & de acordo com as dimensdes indicadas nas Tabelas (vd Secgio 6): H3-H1=2,5m, Para determinar a altura total do apoio, & altura medida no perfil, desde a base do apoio até ao condutor inferior, adiciona-se o valor de 2,5m. 14) Para 0 céleulo dos esforgos sobre os apoios, primeiro calculam-se as forgas indicadas na tabela 4 e depois utilizam-se as formulas gerais. Como se trata de uma linha simples, 0 nimero de condutores “cp € igual a 3. O mimero de cadeias de isoladores m,o1 € igual a 3 no caso de suspenstio, ¢ nas amarragdes esse niimero ¢ igual a 6. A forga do vento sobre os isoladores €: Fy gop = @°€-G'S =1,0-1,0-75:1,2% 0,167 = 15dan a) Apoio n°. 1: Fim de linha (amarragao) e vao de 200m. No caso deste apoio, consideraram-se apenas 3 cadeias de isoladores. Hipstese 1 Eixo x: Top_, = 215,5-9=1939daN Eixo y: Fy cp_y =0,6-1,0-75-19,210° Fy ng =15daN Eixo z: P., = 0.722 ~~ = 72daN 4, =12daN YSomatério das forgas, por aplicac%o das equagdes gerais: Eixo x: F,=3x1939=S818daN Eixo y: F, =3x86,4+3%15 =304daN =3x72+3x12 = 253daN Para 0 cileulo das forgas nesta hipétese no & necessério calcular os valores requeridos nas formulas gerais pois ja foram calculados anteriormente na hipétese 1, Assim, podem-se utilizar as formulas gerais sem necessidade da tabela 4. Eixo x: F, + (3x86)=S2dan" Eixo y: F, = 0daN Eixo 2: F, =3%7243x12 = 253daN A hipétese 1 € a pior das duas, ¢ 0 apoio escolhido foi o K16. Os esforgos que suporta na posigiio de montagem «normal», S20. Fx=5100daN; Fy=12500 daN F=$000 daN. No entanto, tem de ser montado numa posigdo em que os eixos x © y fiquem trocados, para poder suportar os elevados esforgos segundo x. Assim, os novos valores sio tais que: S818, 304

suspensiio Como neste apoio as cadeias de isoladores so fixas por suspensio, d=1,2m. Distancia 4 esquerda: vao=150m A flecha é a calculada anteriormente: f = 2,51m Caleulo de D: D = 0,6-/2,51+1,2 + 60/150 = 1,5m < 2,0m Neste vio, a distincia entre condutores é verificada. Distancia a direita: vao=250m Ceulo da fecha: f = 2222:25 Caloulo de D: D = 0,6--5,41+ 1,2 + 60/150 =1,9m <2,0m Neste vio, a distancia entre condutores é verificada. © Apoio n°. 4> amarragao ‘Como neste apoio as cadeias de isoladores sao fixas por amarragio, d=0. Distancia 4 esquerda: vio=250m A flecha é a calculada anteriormente: f = 5,41m Caleulo de D: D = 0,6 -«/5,41+0 + 60/150 =1,8m <2,0m Neste vo, a distancia entre condutores é verificada. Distincia a direita: nao existe nenhum vao a direita ~ apoio fim de linha. 18) Caloulo das constantes eléctricas. Rgys = 0,1434-0,6 = 86,04%10°Q © D=¥2-3,25-3,25 = 2,764m L, = [V/2+4,6-1n(2,764/(19,2 «107 /2))}-10° = 2,655 «10° H / km X =2-2-50-2,655x10" x 0,600 = 0,5004Q 24,2 (2,764 (19,2107 /2 - C, «107° =9,84x10° F /km In| B=2-1-50-9,84x107 =1,855x10°Q, 2 G=0S Capitulo 4 — Conclusées De acorde com os objectivos tragados no inicio do estagio pode-se concluir que foram atingidos satisfatoriamente, ¢ n&o sé dentro dos prazos estipulados pelo orientador mas também antes dos mesmos. Para a realizagio de célculos, ¢ como meio auxiliar, desenvolvi pequenos programas informaticos que vieram ajudar a executar 0 Caso de Estudo, diminuindo 0 tempo de calculo ¢ aumentando 0 seu rigor. Tendo comparado os resultados com os conseguidos com a utiliza do sofiware da EDP, os valores encontrados eram iguais. A elaboraclo destes programas informéticos contribuiu para o desenvolvimento das minhas capacidades a nivel de programagao, numa linguagem diferente das aprendidas durante o curso, Relativamente aos objectivos que foram delineados no decorrer do periodo de estagio, respeitantes, essencialmente, a elaboragio do Guia Téenico, pode-se dizer que também foram atingidos satisfatoriamente e dentro do prazo previsto. Por ser um meio de transmissio de conhecimento, a execugao do manual permitiu completar a formagio a0 assimilar integralmente que foi aprendido durante todo 0 estigio. Através da realizagio deste Guia, adquiri sen linhas, ¢ capacidade de solucionar problemas nas esperados e resultados obtidos. ilidade na execugo de projectos de ituagdes de divergéncia entre resultados Os conhecimentos de indole pritica adquiridos no contacto com a realidade de construgio de linhas de transmissio de energia, permitiram-me complementar os conhecimentos tedricos € proporcionar uma visdo/abordagem mais pragmética ao projecto de linhas aéreas. A integragao dentro da empresa foi realizada com sucesso, tendo-se proporeionado um convivio saudavel quer com funcionarios de quadros superiores, quer com os de quadros técnicos, quer ainda com outros funcionirios da EDP, o que constituiu uma experiéncia altamente gratificante.

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