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MÉTODOS QUANTITATIVOS

francisco.freitasn@docente.igs.ed.ao
franfreitasjunior@hotmail.com

Lição nº 1
Polinómios
Objectivo: que os alunos saibam o que é um polinómio, como calcular seu valor
numérico, efectuar operações aritméticas, entre outros assuntos sobre este
importante conteúdo matemático.

Estudaremos agora o que é um polinómio, como calcular seu valor numérico,


efectuar operações aritméticas, entre outros assuntos sobre este importante
conteúdo matemático.

Definição
Chamamos de função polinomial ou, simplesmente, polinómio a função
definida por:

Em que:

• , com n são os termos


do polinómio (note que todos os expoentes devem ser números
naturais);

• são números reais chamados


coeficientes;
• é o termo independente de x;
• x é a variável.

Grau de um polinómio

O grau de um polinómio é o expoente máximo que ele possui. Se ,


então o expoente máximo n é dito grau do polinómio e indicamos gr(P) = n.

Exemplos

• P(x) = 5 ou P(x) = 5xº é um polinómio constante, ou seja, gr(P) = 0.


• P(x) = 3x + 5 é um polinómio do 1º grau, isto é, gr(P) = 1.
• P(x) = 4x³+7x² é um polinómio do 3º grau, ou seja, gr(P) = 3

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Obs.: Se P(x) = 0, não se define o grau do polinómio.

Valor numérico
O valor numérico de um polinómio P (x), para x = a, é o número que se obtém
substituindo x por a e efectuando todas as operações indicadas pela relação
que define o polinómio.

Exemplo

Considere o polinómio :

Raiz de um polinómio
Se P(a) = 0, o número a é chamado de raiz ou zero de P (x).

Exemplo 1

Considere o polinómio :

6 e -2 são raízes de P(x)

Exemplo 2
Sabendo-se que –3 é raiz de P(x) = x³ + 4x² - ax + 1, calcule o valor de a.

Resolução

Como -3 é raiz de P(x) temos que:

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Exemplo 3
Seja P(x) um polinómio do 2º grau. Sabendo-se que 2 é raiz de P (x), P(-1) =
12 e P(0) = 6, calcule P(3).

Resolução

Sabemos que um polinómio do 2º grau é da forma P (x) = ax² + bx + c.


Podemos encontrar os valores de a, b e c através dos dados fornecidos pelo
enunciado:

Como 2 é raiz de P(x):

(I)

Como P(-1) = 12:

(II)

Como P(0) = 6:

Substituindo o valor de c em (I) e (II), temos um sistema de equações:

Assim:

Calculando o valor de P(3):

Raiz de um polinómio

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Se P(a) = 0, o número a é chamado de raiz ou zero de P(x).

Exemplo 1

Considere o polinómio :

6 e -2 são raízes de P(x)

Exemplo 2
Sabendo-se que –3 é raiz de P(x) = x³ + 4x² - ax + 1, calcule o valor de a.

Resolução

Como -3 é raiz de P(x) temos que:

Exemplo 3
Seja P(x) um polinómio do 2º grau. Sabendo-se que 2 é raiz de P(x), P(-1) =
12 e P(0) = 6, calcule P(3).

Resolução

Sabemos que um polinómio do 2º grau é da forma P (x) = ax² + bx + c.


Podemos encontrar os valores de a, b e c através dos dados fornecidos pelo
enunciado:

Como 2 é raiz de P(x):

(I)

Como P(-1) = 12:

(II)

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Como P(0) = 6:

Substituindo o valor de c em (I) e (II), temos um sistema de equações:

Assim:

Calculando o valor de P(3):

Lição nº 2
Polinómios idênticos
Dizemos que dois polinómios A (x) e B(x) são idênticos (indica-se
) quando assumem valores numéricos iguais para qualquer valor comum
atribuído à variável x.

A condição necessária para que dois polinómios sejam iguais ou idênticos é


que os coeficientes dos termos correspondentes sejam iguais.

Exemplo 1

Os polinómios são idênticos?

Resolução

Efectuando a multiplicação em B(x), temos:

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Note que os coeficientes dos termos correspondentes de A(x) e B(x) são


iguais. Portanto .

Exemplo 2

Calcule a, b e c, sabendo-se que :

Resolução

Vamos chamar o primeiro membro de A(x) e o segundo membro de B(x):

Efectuando as multiplicações e somando os termos semelhantes


de B(x) temos:

Assim:

Igualando os coeficientes correspondentes, temos o seguinte sistema:

Substituindo (I) em (II):

Substituindo o valor de c em (III):

Substituindo o valor de a em (I):

Portanto, a = 4, b = -3 e c = -3.

Obs.: Um polinómio é dito identicamente nulo se tem todos os seus


coeficientes nulos.

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Polinómios idênticos
Dizemos que dois polinómios A (x) e B(x) são idênticos (indica-se
) quando assumem valores numéricos iguais para qualquer valor comum
atribuído à variável x.

A condição necessária para que dois polinómios sejam iguais ou idênticos é


que os coeficientes dos termos correspondentes sejam iguais.

Exemplo 1

Os polinómios são idênticos?

Resolução

Efectuando a multiplicação em B(x), temos:

Note que os coeficientes dos termos correspondentes de A(x) e B(x) são


iguais. Portanto .

Exemplo 2

Calcule a, b e c, sabendo-se que :

Resolução

Vamos chamar o primeiro membro de A(x) e o segundo membro de B(x):

Efetuando as multiplicações e somando os termos semelhantes de B(x) temos:

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Assim:

Igualando os coeficientes correspondentes, temos o seguinte sistema:

Substituindo (I) em (II):

Substituindo o valor de c em (III):

Substituindo o valor de a em (I):

Portanto, a = 4, b = -3 e c = -3.

Obs.: Um polinómio é dito identicamente nulo se tem todos os seus


coeficientes nulos.

Polinómios idênticos
Dizemos que dois polinómios A (x) e B(x) são idênticos (indica-se
) quando assumem valores numéricos iguais para qualquer valor comum
atribuído à variável x.

A condição necessária para que dois polinómios sejam iguais ou idênticos é


que os coeficientes dos termos correspondentes sejam iguais.

Exemplo 1

Os polinómios são idênticos?

Resolução

Efectuando a multiplicação em B(x), temos:

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Note que os coeficientes dos termos correspondentes de A(x) e B(x) são


iguais. Portanto .

Exemplo 2

Calcule a, b e c, sabendo-se que :

Resolução

Vamos chamar o primeiro membro de A(x) e o segundo membro de B(x):

Efetuando as multiplicações e somando os termos semelhantes de B(x) temos:

Assim:

Igualando os coeficientes correspondentes, temos o seguinte sistema:

Substituindo (I) em (II):

Substituindo o valor de c em (III):

Substituindo o valor de a em (I):

Portanto, a = 4, b = -3 e c = -3.

Obs.: Um polinômio é dito identicamente nulo se tem todos os seus


coeficientes nulos.

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Lição nº 3
Operações com polinómios
Objectivo: que os alunos seguem os procedimentos de Álgebra estudados no Iº
Ciclo do Ensino geral.

A adição, a subtracção e a multiplicação de polinómios seguem os


procedimentos de Álgebra estudados no Ensino Fundamental.

Quando temos somas ou subtracções basta reduzirmos termos semelhantes,


ou seja, operar separadamente potências de mesmo grau.

Nas multiplicações, basta aplicarmos a propriedade distributiva e em seguida


reduzirmos os termos semelhantes.

Adição de polinómios

Exemplo:

Subtracção de polinómios

Exemplo:

Multiplicação de polinómios

Exemplo:

Se A(x) e B(x) são polinómios, temos que:

• Se A(x) e B(x) possuem graus diferentes, o grau de A(x) + B(x) ou A(x)


– B(x) é igual ao maior entre os graus de A(x) e B(x).
• Se A(x) e B(x) são de mesmo grau, o grau de A(x) + B(x) ou de A(x) –
B(x) pode ser menor ou igual ao grau dos polinómios A(x) e B(x) ou,
ainda, o polinómio resultante pode ser nulo.
• O grau de A(x).B(x) é a soma dos graus de A(x) e B(x).

Operações com polinómios


A adição, a subtracção e a multiplicação de polinómios seguem os
procedimentos de Álgebra estudados no Ensino Fundamental.

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Quando temos somas ou subtracções basta reduzirmos termos semelhantes,


ou seja, operar separadamente potências de mesmo grau.

Nas multiplicações, basta aplicarmos a propriedade distributiva e em seguida


reduzirmos os termos semelhantes.

Adição de polinómios

Exemplo:

Subtracção de polinómios

Exemplo:

Multiplicação de polinómios

Exemplo:

Se A(x) e B(x) são polinómios, temos que:

• Se A(x) e B(x) possuem graus diferentes, o grau de A(x) + B(x) ou A(x)


– B(x) é igual ao maior entre os graus de A(x) e B(x).
• Se A(x) e B(x) são de mesmo grau, o grau de A(x) + B(x) ou de A(x) –
B(x) pode ser menor ou igual ao grau dos polinómios A(x) e B(x) ou,
ainda, o polinómio resultante pode ser nulo.
• O grau de A(x).B(x) é a soma dos graus de A(x) e B(x).

Divisão de polinómios
Vamos pensar em uma divisão de números naturais. Dividir 7 por 5 significa
obter o quociente 1 e o resto 2. Podemos escrever:

Agora vamos pensar na divisão do polinómio A(x) pelo polinómio não-


nulo B(x), que gera o quociente Q(x) e o resto R(x).

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Nessa divisão:

• A(x) é o dividendo;
• B(x) é o divisor;
• Q(x) é o quociente;
• R(x) é o resto da divisão.

O grau de R(x) deve ser menor que o grau de B(x) ou R(x) = 0.

Quando A(x) é divisível por B(x), dizemos que a divisão é exacta, isto é, R(x) =
0.

Exemplo 1
Determine o quociente
de :

Resolução

• Dividimos o termo de maior grau do dividendo pelo termo de maior grau


do divisor. O resultado será um termo do quociente:

• Multiplicamos x² por B(x) e subtraímos o produto de A(x), obtendo o


primeiro resto parcial:

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• Dividimos o termo de maior grau do primeiro resto parcial pelo termo de


maior grau do divisor, e obteremos como o resultado um termo do
quociente:

• Multiplicamos -2x por B(x) e subtraímos o produto do primeiro resto


parcial, obtendo o segundo resto parcial:

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• Dividimos o termo de maior grau do segundo resto parcial pelo termo de


maior grau do divisor, e obteremos como o resultado um termo do
quociente:

• Multiplicamos 1 por B(x) e subtraímos o produto do segundo resto


parcial:

Como o grau do resto é menor que o grau do divisor, a divisão está encerrada.

Verificamos que:

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Exemplo 2

Determine o quociente de :

Resolução

Verificamos facilmente que:

Nesses dois exemplos, utilizamos o método da chave para efectuar a divisão


de polinómios.

Pelos exemplos verificamos que:

grau do quociente = grau do dividendo – grau do divisor

Lição nº 4
Teorema do resto
Objectivo: que os alunos conheçam e saibam aplicar o teorema do resto.

Vamos calcular o resto da divisão de :

R(x) = 3

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A raiz do divisor é .

Note que:

Ou seja, quando B(x) é um polinómio de grau 1, o resto é igual ao valor


numérico de P(x) quando x assume o valor da raiz de B(x).

Para demonstrar esse fato, vamos efectuar:

Note que o grau do resto é 0, pois é menor que o grau do divisor, que é 1.
Assim, o resto é uma constante r.

Efectuando , temos:

Assim, podemos enunciar o seguinte teorema:

Teorema do resto

O resto da divisão de um polinómio P (x) pelo binómio ax + b é igual ao

valor numérico desse polinómio para , ou seja, .

Exemplo

Calcule o resto da divisão de P(x) = x² + 5x - 1 por B(x) = x + 1:

Resolução

Achamos a raiz do divisor:

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x + 1= 0 x=-1

Pelo teorema do resto, sabemos que o resto é igual a P(-1):

P(-1) = (-1)² + 5.(-1) -1 P(- 1) = - 5 = r

Portanto, o resto da divisão de x² + 5x - 1 por x + 1 é - 5.

Note que P(x) é divisível por ax + b quando r = 0, ou seja, quando


. Daí vem o enunciado do seguinte teorema:

Teorema de D’Alembert

Um polinómio P (x) é divisível pelo binómio 1 se e

somente se .

O caso mais importante da divisão de um polinómio P (x) é aquele em que o


divisor é da forma (x - ).

Note que é a raiz do divisor. Então o resto da divisão de P(x) por (x – ) é:

r = P( )

Assim:

P(x) é divisível por (x – ) quando r = 0, ou


seja, quando P( ) = 0.

Exemplo

Determine o valor de p, para que o polinómio seja


divisível por x – 2:

Resolução

Para que P(x) seja divisível por x – 2 devemos ter P(2) = 0, pois 2 é a raiz do
divisor:

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Assim, para que seja divisível por x – 2 devemos


ter p = 19.

Lição nº 5
Divisão de um polinómio por (x – a)(x – b)
Objectivo: que os alunos dominem o algoritmo de divisão de polinómios.

Vamos supor que um polinómio P (x) é divisível por (x – a) e por (x –b), sendo
a b . Será que P(x) é divisível pelo produto (x – a)(x – b)?

O divisor (x – a)(x – b) tem grau 2, logo o resto terá, no máximo, grau 1.

Então, podemos escrever:

Como P(x) é divisível por (x – a), então P(a) = 0:

Como P(x) é divisível por (x –b), então P(b) = 0:

Temos o seguinte sistema de equações:

Portanto, podemos concluir que P(x) é divisível por (x – a)(x – b).

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Temos, deste modo, o seguinte teorema:

Se P(x) é divisível por (x – a) e por (x – b) com a b,


então P(x) é divisível por (x – a)(x – b).

Generalizando o teorema, se P(x) é divisível por


com distintos, então P(x) é divisível
por .

Exemplo 1

O polinómio é divisível por (x - 1)(x - 2)?

Resolução

Se P(x) for divisível por (x - 1) e por (x - 2), então P(x) será divisível por (x -
1)(x - 2).

P(x) é divisível por (x -1), isto é, P(1) = 0?

- Sim.

P(x) é divisível por (x - 2), isto é, P(2) = 0?

- Sim.

Como P(x) é divisível por (x -1) e por (x - 2) então P(x) é divisível por (x - 1)(x -
2).

Exemplo 2
Um polinómio P (x), dividido por x – 1, dá resto 4; dividido por x +1, dá resto 2.
Qual o resto da divisão de P(x) por (x – 1)(x + 1)?

Resolução

Como o divisor (x – 1)(x + 1) tem grau 2, o grau do resto será no máximo 1.


Podemos escrever:

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P(x) dividido por x – 1 dá resto 4. Assim, P(1) = 4:

P(x) dividido por x + 1 dá resto2. Assim, P(-1) = 2:

Temos o seguinte sistema de equações:

Portanto, o resto da divisão de P(x) por (x – 1)(x + 1) é x + 3.

Lição nº 6
Dispositivo prático de Briot-Ruffini
Objectivo: que os alunos dominem e possam utilizar o dispositivo prático de
Briot-Ruffini.

Para efectuarmos a divisão de um polinómio P (x) por um binómio da forma (x


– ), podemos utilizar o dispositivo prático de Briot-Ruffini.

Vamos efectuar a divisão de por x - 2 através


desse dispositivo. Acompanhe o roteiro para a resolução:

1º) Colocamos a raiz do divisor e os coeficientes do dividendo (ordenadamente


do termo de maior grau para o termo de menor grau, completando com zero os
termos que não aparecem) no dispositivo:

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2º) Abaixamos o primeiro coeficiente do dividendo:

3º) Multiplicamos a raiz do divisor pelo coeficiente repetido e somamos o


produto com o segundo coeficiente do dividendo, colocando o resultado abaixo
deste:

4º) Multiplicamos a raiz do divisor pelo número colocado abaixo do 2º


coeficiente e somamos o produto com o 3º coeficiente, colocando o resultado
abaixo deste, e assim sucessivamente:

5º) Fazemos um traço entre o último e o penúltimo números obtidos. O último


número é igual ao resto da divisão e os números que ficam à esquerda deste
são os coeficientes do quociente:

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Portanto, .

Exemplo

Obtenha o quociente e o resto da divisão de x³ - 3x² + 5x - 1 por 2x - 1:

Resolução

Temos:
Para aplicarmos o dispositivo de Briot-Ruffini, o coeficiente de x no divisor deve
ser 1. Nesse caso, utilizamos o seguinte artifício:

Fazemos :

Aplicando o dispositivo de Briot-Ruffini:

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Como :

Portanto, e .

Divisões sucessivas
Vamos supor que P(x) é divisível por (x – a) e o quociente dessa divisão é
divisível por (x – b).

Será que P(x) é divisível por (x – a)(x – b)?

Note que:

, então:

Portanto, P(x) é divisível por (x - a)(x - b).

Exemplo 1

Verifique se é divisível por (x - 1)(x - 2):

Resolução

Dividindo P(x) por (x – 1):

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Como , P(x) é divisível por (x – 1).

Dividindo por (x – 2):

Como , é divisível por (x – 2).

Assim, P(x) é divisível por (x – 1) e o quociente dessa divisão é divisível por (x


– 2); logo P(x) é divisível pelo produto (x – 1)(x – 2).

Exemplo 2

Verifique se é divisível por e obtenha


o quociente final:

Resolução

Note que .

Vamos fazer, num só dispositivo, as divisões de P(x) por (x - 1), do quociente


obtido nessa divisão por (x + 1) e do novo quociente por (x – 2) (as divisões
sucessivas não precisam ser feitas obrigatoriamente nessa ordem):

Podemos concluir então que P(x) é divisível por e


que .

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Lição nº 7
Equações polinomiais
Objectivo: que os alunos saibam definir equação polinomial e efectuar os
respectivos cálculos.

Equação polinomial é toda equação redutível à forma P(x) = 0, em que P(x) é


um polinómio de grau maior ou igual a 1.

Exemplos

As raízes de uma equação polinomial são as raízes do polinómio P (x). O


conjunto de todas as raízes de uma equação é o conjunto solução dessa
equação.

Observe os seguintes polinómios e as suas raízes. Podemos escrevê-los nas


seguintes formas factoradas:

Polinómios Formas Factoradas


, de raiz 3.
, de raízes 2 e 3.
, de
raízes 1, 2, 3 e 4.

De maneira geral, todo polinómio · pode ser escrita na seguinte forma


factorada:

em que são raízes de P(x).

Daí vem o seguinte teorema:

Toda equação polinomial P(x) = 0, de grau n, , tem exactamente n


raízes reais ou complexas.

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Exemplo 1
Qual é a forma factorada de , cujas raízes são 1, -
1 e 5?

Resolução:

Como trata-se de uma equação do 3º grau com as 3 raízes distintas, temos:

3(x - 1)(x + 1)(x - 5) = 0

Exemplo 2

Qual é a forma factorada de , sabendo que uma de


suas raízes é 2?

Resolução:

Se 2 é raiz de P(x) , podemos obter o quociente Q(x) dividindo P(x) por (x – 2):

Fazendo Q (x) = 0, determinamos as outras raízes da equação:

A forma factorada de é (x – 8)(x – 2)(x + 5).

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Lição nº 8
Multiplicidade de uma raiz
Objectiva: que os alunos saibam que as raízes de uma equação algébrica
podem ser todas distintas ou não. O número de vezes que uma mesma raiz
aparece indica a sua multiplicidade.

As raízes de uma equação algébrica podem ser todas distintas ou não. O


número de vezes que uma mesma raiz aparece indica a sua multiplicidade.

Exemplo 1

Na equação , notamos que:

Exemplo 2

Qual a multiplicidade da raiz 2 do polinómio ?

Resolução

Vejamos quantas divisões sucessivas por (x – 2) cujo resto é nulo são


possíveis:

Portanto, P(x) = (x – 2)³.Q(x). Logo, 2 é uma raiz tripla ou de multiplicidade 3.


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Raízes nulas, complexas e racionais


Raízes nulas
Toda equação algébrica cujo termo independente é zero admite o
número zero como raiz, cuja multiplicidade é igual ao menor expoente da
incógnita.

Essas raízes são denominadas raízes nulas.

Exemplos:

Raízes complexas
Vamos resolver a equação algébrica x² -2x + 2 = 0:

É possível demonstrar que, se um número complexo cuja parte imaginária não


é nula é raiz de uma equação com coeficientes reais, seu conjugado também é
raiz dessa equação.

Consequências:

• O número de raízes complexas de uma equação algébrica de


coeficientes reais é necessariamente par;

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• Se uma equação algébrica de coeficientes reais for de grau ímpar, ela


admitirá pelo menos uma raiz real.

Raízes racionais
Dada uma equação algébrica de coeficientes
inteiros com

e , se existirem raízes racionais, elas serão da forma


, com p e q primos entre si, em que p é um divisor de e q é divisor de .

Por exemplo, na equação temos:

Observações:

• Nem todo número obtido é raiz da equação. Após a listagem dos


candidatos a raízes racionais temos de fazer a verificação.
• Essa pesquisa de raízes racionais só pode ser feita em equações de
coeficientes inteiros.
• Se = 1, os candidatos a raízes são os divisores de .
• Se a soma dos coeficientes da equação for igual a zero, o
número 1 será raiz da equação.

Exemplo 1

Resolva a equação .

Resolução

Como o coeficiente do termo de maior grau é 1, os candidatos a raízes


racionais são os divisores do termo independente:

{-6, -3, -2, -1, 1, 2, 3, 6}

Vamos fazer a verificação de alguns desses valores:

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P(6) =
P(-6) = 840 (- 6 não
1260 (6 não é
é raiz )
raiz )
P(-1) = 0 → -1 é
P(1) = 0 → 1 é raiz
raiz

Como temos uma equação do 4º grau e conhecemos duas de suas raízes,


aplicando o dispositivo de Briot-Ruffini obtemos uma equação do 2º grau:

Portanto, a equação pode ser escrita como (x - 1)(x +


1).Q(x) = 0, com Q(x) = x² + x – 6. As soluções da equação são -1, 1 e as
raízes de Q(x):

Por conseguinte, o conjunto solução da equação é:

S = {-3, -1, 1,
2}

Exemplo 2

Resolva a equação :

Resolução

Colocando x em evidência, temos:

Desse modo, uma raiz é 0 e as outras são soluções da


equação .

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Note que em todos os coeficientes são inteiros.


Como o coeficiente do termo de maior grau é 1, os candidatos a raízes
racionais são os divisores do termo independente:

{-3, -1, 1, 3}

Fazendo a verificação:

P(-3) = 0 → -3 é
P(3) = 120
raiz
P(1) = 0 → 1 é
P(-1) = -8
raiz

Podemos escrever a equação da seguinte


forma:

Já sabemos que o quociente de


por x é . Agora vamos dividir
por (x + 3) e esse quociente por (x – 1) para obtermos Q(x):

Q(x) = x² + 1

Portanto, o conjunto solução da equação é:

S = {-3, 0, 1,
-i, i}

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Lição nº 9
Relações de Girard
Objectivo: que os alunos conheçam um pouco de historia da matemática.

Albert Girard, matemático belga nascido no ano de 1595, em seus estudos


estabeleceu fórmulas matemáticas que relacionam os coeficientes e as raízes
de uma equação algébrica.

Considere o polinómio do 2º grau:

P(x) = ax² + bx + c, com a 0,

cujas raízes são . Note que:

Igualando os coeficientes:

Considere o polinómio do 3º grau P(x) = ax³ + bx² + cx + d, com a 0, cujas

raízes são . Note que:

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Igualando os coeficientes:

Fazendo um raciocínio análogo aos anteriores, encontramos as relações para


uma equação algébrica de um grau qualquer n:

...

Exemplo
Resolva a equação , sabendo que uma raiz é igual à
soma das outras duas ( ):

Resolução

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Relação de Girard:

Vamos dividir x³ - 10x² + 31x - 30 por (x – 5) para encontrar as outras raízes:

Q(x) = x² - 5x + 6

Portanto, o conjunto solução da equação é:

S = {2, 3,
5}

Lição nº 10
Sequências
Objectivo: que os alunos conheçam e dominem as sucessões (sequencias)
matemáticas

Observe a sequência dos anos em foram realizadas Olimpíadas, a partir de


1996:

(1996, 2000, 2004, 2008, 2012, 2016...)

Os parênteses sugerem que estamos trabalhando com um conjunto de


números colocados numa certa ordem. Esses elementos são chamados de
termos da sequência. Costuma-se representar cada termo de uma sequência
por uma letra qualquer, normalmente a, acompanhada de um índice que dá a
sua posição ou ordem.

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Por exemplo, na sequência (1996, 2000, 2004, 2008, ...), temos:

• primeiro termo = = 1996;


• segundo termo = = 2000;
• terceiro termo = = 2004;
• quarto termo = = 2008;
• ... (e assim sucessivamente).

O enésimo termo pode representar qualquer termo da sequência. Por


exemplo, se n = 50, temos e estamos nos referindo ao 50º termo da
sequência.

Definição de sequência
Matematicamente, denomina-se sequência qualquer função f cujo domínio
é .

Exemplo

definida por f(n) = 2n

Substituindo-se n pelos números naturais 1, 2, 3, ... temos:

Portanto, a sequência pode ser escrita como (2, 4, 6, ..., 2n, ...).

Observe que há uma lei de formação dos termos de uma sequência. A partir
de agora, vamos estudar duas formas diferentes de definir uma sequência: pelo
termo geral e por recorrência.

Sequência definida pelo termo geral

Cada termo é calculado em função de sua posição n na sequência.

Exemplo

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Os três primeiros termos da sequência cujo termo geral é são:

Assim, a sequência que tem como termo geral ,é .

Sequência definida por recorrência

Cada termo da sequência é calculado em função do termo anterior.

Exemplo

Na sequência definida por em que , cada termo, exceto o


primeiro, é igual ao anterior adicionado a 3.

Portanto, a sequência pode ser escrita como (4, 7, 10, 13, ...).

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Lição nº 11
Progressão aritmética
Objectivo: que os alunos saibam diferenciar uma sequencia de uma
progressão aritmética.

Observe a sequência dos números naturais ímpares:

(1, 3, 5, 7, ...)

Observe que cada termo, excepto o primeiro, equivale ao anterior adicionado a


um número fixo: 2.

Sequências como essa são chamadas de progressões aritméticas.

Progressão aritmética (PA) é toda sequência numérica em que cada um de


seus termos, a partir do segundo, é igual ao anterior somado a uma
constante r, denominada razão da progressão aritmética.

Exemplos
(2, 5, 8, 11, 14, ...) é uma PA de razão 3;

(10, 8, 6, 4, 2, 0, ...) é uma PA de razão -2.

Uma sequência é uma PA quando:

Genericamente:

,n

Note que em uma PA, subtraindo-se de cada termo o seu antecessor, obtemos
a razão r:

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Genericamente:

Assim, para descobrimos qual é a razão de uma PA, basta subtrairmos um


termo qualquer de seu antecessor:

Exemplo 1

Qual a razão da PA ?

Resolução

A razão da PA é a diferença entre um termo qualquer e seu antecessor. Vamos


calcular a diferença entre o 3º e o 2º termos:

Portanto, a razão dessa PA é .

Exemplo 2

A sequência (-2, 1, 4, 8) é uma PA?

Resolução
A sequência é uma PA se, subtraindo de cada termo o seu antecessor, o
resultado for constante.

1 – (-2) = 3
4–1=3
8–4=4

Portanto, a sequência (-2, 1, 4, 8) não é uma PA.

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Exemplo 3

Determine x na PA .

Resolução

A razão da PA é a diferença entre um termo qualquer e seu antecessor. Sendo


assim, fazemos:

Logo, .

Classificação de uma PA
Uma PA pode ser:

Classificação Razão Exemplo

Crescente r>0 (1, 5, 9, 13, 17, ...) r=4


Decrescente r<0 (7, 4, 1, -2, -5, ...) r = -3
Constante r=0 (5, 5, 5, 5, 5, 5, ...) r=0

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Fórmula do termo geral de uma PA


Já sabemos que numa PA:

Note que podemos escrever todos os termos de uma PA em função de e r:

Portanto, o termo geral da PA será dado pela fórmula:

,n

• = primeiro termo
• = enésimo termo
• r = razão
• n = número de termos

Exemplo 1

Determine o termo geral da PA (-19, -15, -11, ...):

Resolução

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O termo geral da PA (-19, -15, -11, ...) é .

Exemplo 2

Determine o 16º termo da PA (3, 9, 15, ...):

Resolução

Portanto, o 16º termo da PA (3, 9, 15, ...) é 93.

Exemplo 3

Interpole seis meios aritméticos entre -8 e 13:

Resolução

Do enunciado temos que:

Encontrada a razão, basta interpolar os meios aritméticos: (-8, -5, -2, 1, 4, 7,


10, 13).

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Exemplo 4

Quantos múltiplos de 5 há entre 101 e 999?

Resolução

• O primeiro múltiplo de 5 depois de 101 é 105, portanto = 105;


• O último múltiplo de 5 antes de 999 é 995, portanto = 995;
• A razão é 5, pois estamos nos referindo a múltiplos de 5.

Assim, concluímos que existem 179 múltiplos de 5 entre 101 e 999.

Exemplo 5

Sabendo que numa PA o 2º termo é 9 e o 11º termo é 45, escreva essa PA:

Resolução
Vamos escrever esses termos em função de e r:

Montamos um sistema de equações:

Portanto, a PA é (5, 9, 13, 17, ...).

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Fórmula do termo geral de uma PA


Já sabemos que numa PA:

Note que podemos escrever todos os termos de uma PA em função de e r:

Portanto, o termo geral da PA será dado pela fórmula:

,n

• = primeiro termo
• = enésimo termo
• r = razão
• n = número de termos

Exemplo 1

Determine o termo geral da PA (-19, -15, -11, ...):

Resolução

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O termo geral da PA (-19, -15, -11, ...) é .

Exemplo 2

Determine o 16º termo da PA (3, 9, 15, ...):

Resolução

Portanto, o 16º termo da PA (3, 9, 15, ...) é 93.

Exemplo 3

Interpole seis meios aritméticos entre -8 e 13:

Resolução

Do enunciado temos que:

Encontrada a razão, basta interpolar os meios aritméticos: (-8, -5, -2, 1, 4, 7,


10, 13).

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Exemplo 4

Quantos múltiplos de 5 há entre 101 e 999?

Resolução

• O primeiro múltiplo de 5 depois de 101 é 105, portanto = 105;


• O último múltiplo de 5 antes de 999 é 995, portanto = 995;
• A razão é 5, pois estamos nos referindo a múltiplos de 5.

Assim, concluímos que existem 179 múltiplos de 5 entre 101 e 999.

Exemplo 5

Sabendo que numa PA o 2º termo é 9 e o 11º termo é 45, escreva essa PA:

Resolução
Vamos escrever esses termos em função de e r:

Montamos um sistema de equações:

Portanto, a PA é (5, 9, 13, 17, ...).

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Licao nº 12
Soma dos n termos de uma PA
Objectivo: que os alunos saibam calcular a PA.

Considere a PA finita:

(5, 7, 9, 11, 13, 15, 17, 19).

Note que:

• 5 e 19 são extremos;
• 7 e 17 são termos equidistantes dos extremos;
• 9 e 15 são termos equidistantes dos extremos;
• 11 e 13 são termos equidistantes dos extremos.

Observe:

5 + 19 = 24 → soma dos extremos

7 + 17 = 24 → soma de dois termos equidistantes dos extremos

9 + 15 = 24 → soma de dois termos equidistantes dos extremos

11 + 13 = 24 → soma de dois termos equidistantes dos extremos

Baseada nessa ideia, existe a seguinte propriedade:

Numa PA finita, a soma de dois termos equidistantes dos extremos é


igual a soma dos extremos.

Através dessa propriedade, podemos descobrir a fórmula para a soma


dos n termos de uma PA:

Vamos considerar a PA finita . Podemos


representar por a soma dos termos dessa PA.

Como a soma de dois termos equidistantes dos extremos é igual a soma dos
extremos, a soma da PA é dada pela soma dos extremos vezes a metade do

número de termos , pois em cada soma estão envolvidos dois termos.

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Assim, temos a fórmula da soma dos n termos de uma PA:

• = soma dos n termos


• = primeiro termo
• = enésimo termo
• n = número de termos

Observação: Através dessa fórmula, podemos calcular a soma dos n primeiros


termos de uma PA qualquer, basta determinarmos o número de termos que
queremos somar.

Exemplo 1

Qual a soma dos 10 primeiros termos da PA (1, 4, 7, ...) ?

Resolução
Primeiramente, temos de descobrir qual é o 10º termo dessa PA:

Conhecendo o valor do 10º termo, podemos calcular a soma dos 10 primeiros


termos dessa PA:

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Portanto, a soma dos 10 primeiros termos da PA (1, 4, 7, ...) é 145.

Exemplo 2

A soma dos n primeiros números pares positivos de uma PA é 132.


Encontre o valor de n.

Resolução

Primeiramente, vamos descobrir qual é o enésimo termo :

Substituindo na fórmula da soma dos termos:

Portanto, a soma dos 11 primeiros números pares positivos é 132.

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Licao n º 13
Progressão Geométrica
Objectivo: que os alunos saibam definir progressão geométrica, ou
simplesmente P.G., como uma sucessão de números reais obtida, com
excepção do primeiro, multiplicando o número anterior por uma quantidade
fixa q, chamada razão.

Podemos definir progressão geométrica, ou simplesmente P.G., como uma


sucessão de números reais obtida, com excepção do primeiro, multiplicando o
número anterior por uma quantidade fixa q, chamada razão.

Podemos calcular a razão da progressão, caso ela não esteja suficientemente


evidente, dividindo entre si dois termos consecutivos.

Por exemplo, na sucessão (1, 2, 4, 8,...), temos q = 2.

Cálculo do termo geral


Numa progressão geométrica de razão q, os termos são obtidos, por definição,
a partir do primeiro, da seguinte maneira:

a1 a2 a3 ... a20 ... an ...


2 19
a1 a1xq a1xq ... a1xq a1xqn-1 ...

Assim, podemos deduzir a seguinte expressão do termo geral, também


chamado enésimo termo, para qualquer progressão geométrica.

an = a1 . qn-1

Portanto, se por exemplo, a1 = 2 e q = 1/2, então:

an = 2 . (1/2)n-1

Se quisermos calcular o valor do termo para n = 5, substituindo-o na fórmula,


obtemos:

a5 = 2 . (1/2)5-1 = 2 . (1/2)4 = 1/8

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A semelhança entre as progressões aritméticas e as geométricas é


aparentemente grande. Porém, encontramos a primeira diferença substancial
no momento de sua definição. Enquanto as progressões aritméticas formam-se
somando-se uma mesma quantidade de forma repetida, nas progressões
geométricas os termos são gerados pela multiplicação, também repetida, por
um mesmo número. As diferenças não param aí.

Observe que, quando uma progressão aritmética tem a razão positiva, isto é, r
> 0, cada termo seu é maior que o anterior. Portanto, trata-se de uma
progressão crescente. Ao contrário, se tivermos uma progressão aritmética
com razão negativa, r < 0, seu comportamento será decrescente. Observe,
também, a rapidez com que a progressão cresce ou diminui. Isto é
consequência directa do valor absoluto da razão, |r|. Assim, quanto maior for r,
em valor absoluto, maior será a velocidade de crescimento e vice-versa.

Soma dos n primeiros termos de uma PG


Seja a PG (a1, a2, a3, a4, ... , an , ...) . Para o cálculo da soma dos n primeiros
termos Sn, vamos considerar o que segue:
Sn = a1 + a2 + a3 + a4 + ... + an-1 + an

Multiplicando ambos os membros pela razão q, temos:


Sn.q = a1 . q + a2 .q + .... + an-1 . q + an .q

Conforme a definição de PG, podemos reescrever a expressão como:


Sn . q = a2 + a3 + ... + an + an . q

Observe que a2 + a3 + ... + an é igual a Sn - a1 . Logo, substituindo, vem:


Sn . q = Sn - a1 + an . q

Daí, simplificando convenientemente, chegaremos à seguinte fórmula da soma:

Se substituirmos an = a1 . qn-1, obteremos uma nova apresentação para a


fórmula da soma, ou seja:

Exemplo:

Calcule a soma dos 10 primeiros termos da PG (1,2,4,8,...)


Temos:

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Observe que neste caso a1 = 1.

Soma dos termos de uma PG infinita


Considere uma PG ilimitada (infinitos termos) e decrescente. Nestas condições,
podemos considerar que no limite teremos an = 0. Substituindo na fórmula
anterior, encontraremos:

Por exemplo, resolva a equação:

x + x/2 + x/4 + x/8 + x/16 + ... =100

O primeiro membro é uma PG de primeiro termo x e razão 1/2. Logo,


substituindo na fórmula, vem:

Dessa equação encontramos como resposta x = 50.

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Lição nº 14
Binómio de Newton
Introdução
Objectivo: que os aluno saibam e dominem os casos notáveis da multiplicação.

Pelos produtos notáveis, sabemos que:

(a+b)² = a² + 2ab + b².

Se quisermos calcular (a + b)³, podemos escrever:

(a + b)3 = a3 + 3a2b + 3ab2 + b3

Se quisermos calcular , podemos adoptar o mesmo procedimento:

(a + b)4 =
(a + b)3 (a+b) =
(a3 + 3a2b + 3ab2 + b3) (a+b)=
a4 + 4a3b + 6a2b2 + 4ab3 + b4

De modo análogo, podemos calcular as quintas e sextas potências e, de modo


geral, obter o desenvolvimento da potência a partir da anterior, ou seja,
de .

Porém quando o valor de n é grande, este processo gradativo de cálculo é


muito trabalhoso.

Existe um método para desenvolver a enésima potência de um binómio,


conhecido como binómio de Newton (Isaac Newton, matemático e físico
inglês, 1642 - 1727). Para esse método é necessário saber o que são
coeficientes binomiais, algumas de suas propriedades e o triângulo de Pascal.

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Coeficientes binomiais
Sendo n e p dois números naturais , chamamos de coeficiente

binomial de classe p, do número n, o número , que indicamos

por (lê-se: n sobre p). Podemos escrever:

O coeficiente binomial também é chamado de número binomial. Por analogia


com as fracções, dizemos que n é o seu numerador e p,
o denominador. Podemos escrever:

É também imediato que, para qualquer n natural, temos:

Exemplos:

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Propriedades dos coeficientes binomiais


1ª)

Se n, p, k e p + k = n então

Coeficientes binomiais como esses, que tem o mesmo numerador e a soma


dos denominadores igual ao numerador, são chamados complementares.
Exemplos:

2ª)

Se n, p, k ep p-1 0 então

Essa igualdade é conhecida como relação de Stifel (Michael Stifel,


matemático alemão, 1487 - 1567). Exemplos:

Francisco de Freitas Página 54


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Triângulo de Pascal
A disposição ordenada dos números binomiais, como na tabela abaixo, recebe
o nome de Triângulo de Pascal.

Nesta tabela triangular, os números binomiais com o mesmo numerador são


escritos na mesma linha e os de mesmo denominador, na mesma coluna.

Por exemplo, os números binomiais , , e estão na linha 3 e os

números binomiais , , , , ..., , ... estão na coluna 1.

Substituindo cada número binomial pelo seu respectivo valor, temos:

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Construção do triângulo de Pascal


Para construir o triângulo do Pascal, basta lembrar as seguintes propriedades
dos números binomiais, não sendo necessário calculá-los:

1ª) Como = 1, todos os elementos da coluna 0 são iguais a 1.

2ª) Como = 1, o último elemento de cada linha é igual a 1.

3ª) Cada elemento do triângulo que não seja da coluna 0 nem o último de cada
linha é igual à soma daquele que está na mesma coluna e linha anterior com o
elemento que se situa à esquerda deste último (relação de Stifel).

Observe os passos e aplicação da relação de Stifel para a construção do


triângulo:

Propriedades do triângulo de Pascal


P1 - Em qualquer linha, dois números binomiais equidistantes dos extremos
são iguais.

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De fato, esses binomiais são complementares.

P2 - Teorema das linhas: a soma dos elementos da enésima linha é .

De modo geral temos:

P3 - Teorema das colunas: a soma dos elementos de qualquer coluna, do 1º


elemento até um qualquer, é igual ao elemento situado na coluna à direita da
considerada e na linha imediatamente abaixo.

1 + 2 + 3 + 4 + 5 + 6 = 21

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1 + 4 + 10 + 20 = 35

P4 - Teorema das diagonais: a soma dos elementos situados na mesma


diagonal desde o elemento da 1ª coluna até o de uma qualquer é igual ao
elemento imediatamente abaixo deste.

1 + 3 + 6 + 10 + 15 = 35

Fórmula do desenvolvimento do binómio de


Newton
Como vimos, a potência da forma , em que a, , é chamada
binómio de Newton. Além disso:

• quando n = 0 temos
• quando n = 1 temos
• quando n = 2 temos
• quando n = 3 temos
• quando n = 4 temos

Observe que os coeficientes dos desenvolvimentos foram o triângulo de


Pascal. Então, podemos escrever também:

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De modo geral, quando o expoente é n, podemos escrever a fórmula do


desenvolvimento do binómio de Newton:

Note que os expoentes de a vão diminuindo de unidade em unidade, variando


de n até 0, e os expoentes de b vão aumentando de unidade em unidade,
variando de 0 até n. O desenvolvimento de (a + b)n possui n+1 termos.

Fórmula do desenvolvimento do binómio de


Newton
Como vimos, a potência da forma , em que a, , é chamada
binómio de Newton. Além disso:

• quando n = 0 temos
• quando n = 1 temos
• quando n = 2 temos
• quando n = 3 temos
• quando n = 4 temos

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Observe que os coeficientes dos desenvolvimentos foram o triângulo de


Pascal. Então, podemos escrever também:

De modo geral, quando o expoente é n, podemos escrever a fórmula do


desenvolvimento do binómio de Newton:

Note que os expoentes de a vão diminuindo de unidade em unidade, variando


de n até 0, e os expoentes de b vão aumentando de unidade em unidade,
variando de 0 até n. O desenvolvimento de (a + b)n possui n+1 termos.

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Fórmula do termo geral do binómio de Newton


Observando os termos do desenvolvimento de (a + b)n, notamos que cada um

deles é da forma .

• Quando p = 0 temos o 1º termo:

• Quando p = 1 temos o 2º termo:

• Quando p = 2 temos o 3º termo:

• Quando p = 3 temos o 4º termo:

• Quando p = 4 temos o 5º termo:


..............................................................................

Percebemos, então, que um termo qualquer T de ordem p+1 pode ser


expresso por

FIM
OBRIGADO PELA ATENÇÃO
FRANCISCO DE FREITAS,MSc

Francisco de Freitas Página 61

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