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Diretrizes SBD 2014-2015

Como prescrever o exercício no tratamento


do diabetes mellitus

BENEFÍCIOS DO EXERCÍCIO paração com indivíduos menos ativos, O diabetes reduz a expectativa de
FÍSICO NO DIABETES MELLITUS independentemente do peso e do ín- vida em 5-10 anos e aumenta o risco de
dice de massa corporal (IMC). Mas o doença arterial coronariana (DAC) em
Existem evidências consistentes dos exercício físico também atua na redu- 2-4 vezes. O exercício é um forte aliado
efeitos benéficos do exercício na pre- ção do peso corporal, que, por si só, já na predição desse risco nos diabéticos,
venção e no tratamento do diabe- reduz o risco de DM2. assim como na sua redução por meio
tes mellitus (DM). O exercício atua na No tratamento do diabetes pode- da prática regular.
prevenção do DM, principalmente nos mos destacar que o exercício físico é
grupos de maior risco, como os obesos um importante aliado, atuando sobre o AVALIAÇÃO MÉDICA
e os familiares de diabéticos. Indivídu- controle glicêmico e sobre outros fato- PRÉ-EXERCÍCIO NO
os fisicamente ativos e aqueles com res de comorbidade, como a hiperten- DIABETES MELLITUS
melhor condição aeróbica apresentam são e a dislipidemia, e reduzindo o ris-
Pelo caráter multissistêmico e agressi-
menor incidência de DM tipo 2 (DM2). co cardiovascular.
vo do diabetes, recomendam-se avalia-
Por outro lado, sabemos que dia- A atividade física promove maior
ções periódicas do diabético que se
béticos apresentam menor condição capilarização das fibras musculares e
exercita, procurando minimizar com-
aeróbica, menos força muscular e me- melhor função mitocondrial, melho-
plicações, as quais deverão contemplar
nos flexibilidade do que seus pares da rando a sensibilidade dos tecidos à in-
os principais sistemas comprometidos,
mesma idade e sexo sem a doença. As sulina. Observa-se maior sensibilidade
incluindo avaliações cardíaca, vascular,
alterações metabólicas e a menor ca- à insulina nas 24 a 72 horas após uma
autonômica, renal e oftalmológica. O
pilarização tipicamente observada sessão de exercício, aumentando a
teste de esforço está indicado a pacien-
nos diabéticos podem justificar esses captação da glicose nos músculos e tes diabéticos que queiram iniciar um
achados. Mas dados consistentes nos adipócitos e reduzindo a glicemia programa de exercício de moderada a
mostram que diabéticos fisicamente sanguínea. Além disso, o exercício au- alta intensidade e que tenham as con-
ativos e/ou em boa condição aeróbica menta a captação da glicose sanguínea dições descritas no Quadro 1.
apresentam melhor prognóstico do para os músculos por mecanismos não
que aqueles inativos e/ou com baixa dependentes de insulina, envolvendo
condição aeróbica. PRESCRIÇÃO DE EXERCÍCIO
o GLUT4, proteína transportadora da
O exercício físico atua de forma es- glicose muscular ativada pela contra- Os princípios gerais da prescrição de
pecífica sobre a resistência insulínica, ção muscular. Assim, o exercício facilita exercício devem ser seguidos respei-
independentemente do peso corporal. o metabolismo glicídico e sua eficiên- tando-se as particularidades da doen-
Indivíduos fisicamente mais ativos pos- cia, melhorando a regulação glicêmica, ça de base. Qualquer atividade física,
suem níveis mais baixos de insulina cir- o que pode ser observado pelas meno- recreativa, laborativa ou esportiva
culante, melhor ação em receptores e res concentrações basal e pós-prandial pode se feita pelos diabéticos, mas
pós-receptores de membrana, melhor de insulina, bem como pela redução da devemos estar alertas para as possí-
resposta de transportadores de glicose hemoglobina glicada nos diabéticos veis complicações e as limitações im-
e maior capilarização nas células mus- fisicamente ativos, quando em compa- postas pelo comprometimento sistê-
culares esqueléticas, quando em com- ração com os sedentários. mico do diabetes.

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Quadro 1 Avaliação do paciente manal de exercício em diabéticos. No


Frequência do exercício
com DM antes do início do programa entanto exercícios mais intensos são de
de exercício A recomendação mais atual para a po- difícil realização e, muitas vezes, pouco
Recomendações para teste de pulação em geral é de exercícios aeróbi- seguros de serem alcançado em diabé-
esforço em DIABETES MELLITUS cos diariamente ou na maioria dos dias ticos. Assim, recomenda-se atividade
da semana. Para os diabéticos a reco- moderada e considera-se a possibilida-
Idade > 35 anos
mendação de atividade aeróbica diária, de de aumento da intensidade para be-
Idade > 25 anos e DM tipo 1 há mais de
ou pelo menos a cada 2 dias, é reforçada nefício adicional no controle glicê­mico.
10 anos ou tipo 2 há mais de 15 anos
para que os benefícios sobre o metabo-
Presença de hipertensão arterial,
lismo glicídico sejam alcan­çados. Prescrição de
tabagismo ou dislipidemia
exercício de resistência
Suspeita de doenças arterial
coronariana, cerebrovascular e/ou Duração do exercício
Duas a 3 vezes por semana, incluindo
arterial periférica
A duração necessária de uma sessão de os grandes grupos musculares, progre-
Neuropatia autonômica
exercício depende da intensidade e da dindo para 2 a 3 séries de 8 a 10 repeti-
Nefropatia grave, retinopatia frequência semanal dos exercícios. Nos ções com peso que não suporte mais
Na ausência de contraindicação, o teste de exer- pacientes diabéticos, a duração de um do que essas repetições.
cício pode ser realizado em todos os indivíduos exercício deve ser planejada para mini-
com DM para obtenção da frequência cardíaca
máxima, da capacidade funcional e para orien- mizar riscos de hipoglicemia, geral- RECOMENDAÇÕES
tação do exercício mente sendo necessária a reposição de DE EXERCÍCIO FÍSICO
carboidratos quando o exercício tiver EM DIABETES MELLITUS TIPO 1
duração > 60 minutos.
Tipo de exercício A recomendação mais atual para O exercício em crianças e jovens com
diabéticos é de 150 minutos de exercí- DM1 reverte a disfunção endotelial
Exercícios aeróbicos envolvendo gran- avaliada pelo diâmetro da carótida
cios de moderada intensidade por se-
des grupos musculares, como, por com a espessura da parede e relação
mana ou 75 minutos de exercícios de
exemplo, caminhada, ciclismo, corrida, lúmen/parede.
alta intensidade por semana ou uma
natação, dança, entre outros, podem É impossível estabelecer protoco-
combinação de ambos.
ser prescritos de forma constante/con- los precisos de condutas para todos os
tínua (a mesma intensidade) ou inter- pacientes com DM1 que iniciam um
valada (alternando diferentes intensi- Intensidade do exercício
programa de exercícios, pois a resposta
dades de exercício). Aquecimento e
O ideal é que a prescrição contemple metabólica a eles dependerá de diver-
desaquecimento são fundamentais,
exercícios de moderada e alta intensi- sos fatores (Quadro 3).
principalmente no subgrupo que apre-
dades (Quadro 2). O maior risco na prática de exercí-
senta disautonomia.
Há evidências de que exercícios de cio em diabéticos é a hipoglicemia, que
Exercícios de resistência/fortaleci-
maior intensidade apresentam maior pode ocorrer durante, logo depois ou
mento muscular devem ser incluídos
impacto no aumento da condição aeró- horas após o final da atividade. A hipo-
no plano de atividades do diabético, já
bica e na redução da hemoglobina gli- glicemia é mais frequente em diabéti-
que eles provocam elevação da sensi-
cada do que o aumento do volume se- co dependente de insulina e naqueles
bilidade da insulina de maior duração,
mediado também pelo aumento da
massa muscular. Quadro 2 Classificação da intensidade do exercício
Exercícios de flexibilidade também
Porcentagem da VO2 máx Porcentagem da FC máx
devem ser contemplados, pois há re-
dução da flexibilidade pela ação dele- Moderado 40-60 50-70
téria da hiperglicemia crônica sobre as Vigoroso > 60 > 70
articulações, além da decorrente do VO2máx = consumo máximo de O2; FCmáx = frequência cardíaca máxima medida no teste ergomé-
envelhecimento. trico ou calculada pela fórmula: 220 – idade.

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Quadro 3 Fatores que influenciam do pós-prandial, os exercícios tendem


Carboidrato
a resposta ao exercício a reduzir a glicemia plasmática. No en-
Exercício: intensidade, duração e tipo tanto, na presença de cetose e hiper- O tipo de carboidrato (CHO) indicado
Nível de performance
glicemia (glicemia > 250 mg/dl), o depende de fatores como duração e
exercício está contraindicado pelo intensidade do exercício e nível glicê-
Horário e conteúdo da última refeição
maior risco de complicações, como a mico antes e durante o exercício. Os
Fatores específicos do indivíduo cetoacidose diabética. CHOs simples (balas, sucos, refrigeran-
Horário da última dose de insulina Para o diabético que pratica exercí- tes, soluções isotônicas) devem ser
Tipo de insulina cio sem supervisão recomenda-se por- usados diante de uma excursão glicê-
tar cartão de identificação assinalando mica baixa e/ou hipoglicemia durante
Controle metabólico
ser portador de DM, ter sempre alguém o exercício. Se o paciente não apresen-
Presença de complicações ta hipoglicemia nem uma tendência à
próximo que saiba de sua condição clí-
Fase do ciclo menstrual nas mulheres nica e de como agir na presença de hi- excursão glicêmica baixa, o CHO com-
poglicemia e sempre carregar fonte de plexo, rico em fibra, pode ser usado,
carboidrato de rápida absorção. como barras energéticas de cereais.
que usam substâncias secretoras de in- Antes de eventos de longa duração o
sulina, como as sulfonilureias e as glini- atleta deve usar CHO para evitar hipo-
Insulina
das. O monitoramento glicêmico é a glicemia e restaurar o glicogênio hepá-
base para a adaptação do tratamento Algumas observações devem ser lem- tico e muscular.
ao exercício e deve ser conduzido an- bradas ao paciente dependente de in-
tes, durante (quando a duração do sulina: evitar se exercitar no pico de PARTICULARIDADES
exercício > 45 minutos) e depois dele, ação da insulina (soma de efeito com o DO EXERCÍCIO NO
principalmente nos dependentes de exercício) e não aplicar a insulina em re- PACIENTE PORTADOR
insulina. Esse controle glicêmico deve gião que vai ser muito exigida durante o DE DIABETES MELLITUS
ser realizado na fase de adaptação ao exercício (maior absorção da insulina).
Exercício e hiperglicemia
exercício, quando houver aumento na O percentual preciso de redução
intensidade, duração ou frequência, ou da dose de insulina varia entre os pa- Na ausência de cetonemia, o exercí-
quando houver modificação no esque- cientes. Como regra geral: cio leve a moderado pode reduzir a
ma terapêutico e/ou alimentar. • Reduzir a dose de insulina ultrarrá- glicemia. Assim, se o paciente sente-
O ideal é que a glicemia capilar es- pida ou rápida da refeição anterior -se bem e a cetonúria é negativa, não
teja entre 100 e 200 mg/dl antes do ao exercício (Quadro 4). é necessário retardar o exercício pela
início do exercício. • Reduzir a dose da insulina de ação hiperglicemia, mesmo se > 300 mg/dl.
Caso a glicemia capilar esteja < 100 intermediária ou prolongada quan- Se a glicemia > 250 mg/dl com ceto-
mg/dl, recomenda-se a ingestão de 15 g do o exercício tiver duração maior se, o exercício deve ser evitado, como
a 30 g de carboidrato de rápida absorção que o habitual. já relatado.
e esperar 15 a 30 minutos para nova veri-
ficação.
Quadro 4 Sugestão para redução da dose de insulina ultrarrápida da refeição
Quando a glicemia capilar está
pré-exercício considerando a duração e a intensidade do exercício
mais elevada, principalmente > 200 a
300 mg/dl, na ausência de cetose, é Percentual de redução da dose de insulina
possível realizar os exercícios com Intensidade do exercício
30 minutos de exercício 60 minutos de exercício
cautela e observação presencial ou (% VO2máx)
utilizar 1-3 unidades de insulina de rá- 25 25 50
pida ação antes de dar início aos mes-
50 50 75
mos. Se a hiperglicemia pré-exercício
75 75 ---
for observada em paciente hidratado,
assintomático, sem cetose e em perío- Fonte: Rabase Lhoret, et al.

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Exercício e hipoglicemia zadas reavaliações oftalmológicas anu- nhadas prolongadas e step devem ser
almente. No entanto, na presença de desencorajados. Os pacientes devem
Se o paciente usa insulina ou secreta- retinopatia não proliferativa modera- usar sapatos apropriados, com amorte-
gogo, deve repor CHO se a glicemia < da, atividades que aumentem dramati- cimento, meias confortáveis e secas e
100 mg/dl. Porém, se ele é tratado camente a pressão arterial, como le- examinar os pés diariamente para de-
com dieta, sem insulina ou secretago- tectar lesões precocemente.
vantamento de peso e a manobra de
go, geralmente não é necessária suple-
Valsalva, devem ser evitadas e reavalia- Pacientes que já apresentem lesão
mentação de CHO.
ções oftalmológicas mais frequentes, a em pés devem ser estimulados a ativi-
As principais causas de hipoglice-
cada 4-6 meses, realizadas. dades sem efeito da gravidade, como
mia relacionadas com o exercício em
Quando a retinopatia não prolife- andar de bicicleta ou exercícios de
pacientes diabéticos incluem: menor
rativa é mais severa, devemos também membros superiores.
ingestão de alimentos ou maior inter-
evitar esportes competitivos de alta
valo de tempo entre a refeição e o exer-
intensidade, atividades de choque di- Neuropatia autonômica
cício; aumento inesperado da intensi-
reto e boxe. Reavaliações a cada 2-4
dade ou duração do exercício; maior
meses estão indicadas, com possibili- Pacientes com neuropatia autonômi-
absorção da insulina (dependente do
dade de intervenção a laser, nesses ca- ca podem apresentar menor resposta
local e hora de aplicação); soma de
sos. Já na retinopatia proliferativa ape- cardíaca ao exercício, hipotensão pos-
efeito do hipoglicemiante ou insulina
nas atividades de baixo impacto estão tural, alteração da termorregulação,
com o exercício. Há também outras situ-
indicadas, como natação, caminhada e visão noturna prejudicada, compro-
ações nas quais o risco de hipoglicemia
bicicleta estacionária, estando con- metimento da sede e gastroparesia,
aumenta, como o consumo abusivo de
traindicados os exercícios de impacto e com retardo na absorção de carboidra-
álcool ou distúrbios gastrointestinais,
esportes com raquete e bola, além das to e maior risco de hipoglicemia. Esses
como diarreia e vômitos.
Caso o paciente diabético apresen- já mencionados para as retinopatias de pacientes devem ser submetidos à ava-
te mais de 3 episódios de hipoglicemia menor gravidade. Reavaliações men- liação cardíaca mais intensa, muitas
relacionada com o exercício em 1 mês, sais ou bimensais estão indicadas, tam- vezes com cintilografia miocárdica,
é recomendado rever o esquema tera- bém com perspectiva de cirurgia a laser. pela maior probabilidade de DAC em
pêutico e/ou aumentar o aporte de O exercício intenso nos pacientes diabéticos com neuropatia autonômi-
CHOs nos dias do exercício. com retinopatias mais graves é con- ca. Devem ser recomendados aqueci-
Na presença da hipoglicemia se- traindicado pelo maior risco de hemor- mento e desaquecimento prolonga-
cundária ao exercício devemos inter- ragia vítrea ou descolamento de retina. dos, evitar mudanças posturais bruscas,
romper a atividade e seguir a regra dos Após fotocoagulação, consenso de maior atenção à hidratação e às condi-
15:15, assim determinada: especialista recomenda início ou reiní- ções climáticas adversas e evitar se
• Se glicemia entre 50 e 70 mg/dl cio do exercício após 3 a 6 meses. exercitar após as refeições e à noite ou
=> 15 g de carboidrato de rápida em locais com baixa visibilidade.
absorção (CHRA) => repetir glice- Neuropatia periférica
mia em 15 minutos. Microalbuminúria e
• Se glicemia < 50 mg/dl => 20 g a Pela perda da sensibilidade tátil, térmi- nefropatia
30 g CHRA => repetir glicemia em ca e dolorosa, há um maior risco de le-
15 minutos. sões de pele, infecções, fraturas e des- Atividade física e elevação da pressão
• Repetir esquema até obter glice- truição articular de Charcot nos arterial podem aumentar a excreção
mia > 70 mg/dl, com resolução diabéticos portadores de neuropatia urinária de proteínas. No entanto não
dos sintomas. periférica. Dependendo da intensidade há evidências científicas de que o exer-
da neuropatia periférica, devemos esti- cício mais intenso agrave a nefropatia
mular atividades que não sobrecarre- diabética. Muito pelo contrário, estu-
Retinopatia
guem os membros inferiores. Dessa dos em animais mostraram que exercí-
Na ausência de retinopatia diabética forma, a natação, a hidroginástica, a bi- cios de maior intensidade em diabéti-
ou na presença de retinopatia não pro- cicleta estacionária e os exercícios com cos reduziram a excreção renal de
liferativa leve, há limitação do tipo ou membros superiores são os mais indi- proteína pelo melhor controle glicêmi-
modo de exercício, devendo ser reali- cados para esses grupos. Corrida, cami- co e pressórico.

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Doença vascular periférica • Procure realizar exercícios de maior • Verifique habitualmente os pés,
intensidade pelo menos 1-2 vezes procurando identificar pequenas
As lesões vasculares, tão frequentes no na semana, preferencialmente com bolhas e/ou feridas, que deverão
paciente diabético, devem ser lembra- algum grau de supervisão. ser rapidamente tratadas.
das. Muitas vezes o grau de doença ar- • Leve sempre cartão de identificação • Evite mudanças bruscas de posi-
terial periférica (DAP) limita a capacida- de diabético, contendo número de ção corporal, principalmente se já
de de exercício no paciente diabético telefone e nome da pessoa a ser tiver disautonomia diabética.
pela presença de claudicação aos exer- chamada em caso de emergência e • Aquecimentos e volta à calma são
cícios de membros inferiores, princi- a relação de medicamentos em uso. importantes, principalmente nos
palmente caminhada/corrida. Nessas • Informe aos profissionais que o es- pacientes que já tenham disauto-
condições, além da caminhada/corri- tão supervisionando/orientando e nomia diabética.
da, benéfica também para a DAP, po- aos seus parceiros de exercício físi- • Valorize a ocorrência de sinais e
dem-se utilizar exercícios que exijam co sobre sua condição clínica. sintomas anormais durante o exer-
menos dos membros inferiores para o • Tenha sempre carboidrato de rápi- cício físico.
alcance de maior intensidade de esfor- da absorção disponível. • Na presença de retinopatia diabé-
ço para esse paciente, quando indica- • Controle a glicemia capilar pré e tica, evite situações nas quais a
do. Cuidado com os pés, semelhante à pós-exercícios ao iniciar um pro- manobra de Valsalva é comum,
neuropatia periférica, também devem grama de exercício e sempre que como o levantamento de cargas
ser observados. houver mudança na intensidade, pesadas e exercícios com impacto.
volume ou modalidade de um • Sempre que possível, controle a
Doença coronariana exercício físico. intensidade do exercício com
• Se glicemia capilar < 100 mg/dl, in- frequencímetro – monitores de
O risco de DAC aumenta de modo gira 15 g a 30 g de carboidrato an- frequência cardíaca.
apreciável no paciente diabético, prin- tes do exercício. • Evite aumentos inesperados da
cipalmente naqueles que já apresen- • Evite se exercitar se glicemia capilar intensidade ou duração do exer-
tam outras complicações do diabetes. > 250 mg/dl. cício (maior risco de desenvolver
A isquemia miocárdica silenciosa é • Atenção com a hidratação – não hipoglicemia).
mais frequente nesse grupo de pacien- espere ter sede. Beba líquidos frios • Evite a menor ingestão de alimen-
tes e não se devem esperar os sintomas (200 ml a cada 30 minutos de tos ou maior intervalo de tempo
anginosos para suspeitarmos da DAC. exercício). entre a refeição e o exercício.
• Caso faça uso de insulina, não a in- • Não se exercite após consumo de
Recomendações especiais jete próximo a áreas de grandes álcool ou na vigência de distúr-
para a prática de exercício grupamentos musculares que se- bios gastrointestinais como diar-
físico para pacientes rão usados durante o exercício (p. reia ou vômitos.
diabéticos ex., não injete insulina na coxa se • Não se exercite em temperaturas
pretende pedalar). ambientes extremas.
• Procure se exercitar diariamente, • Reduza em 30% a 50% a dose de • Evite se exercitar ao ar livre à noite,
de preferência no mesmo horário. insulina regular ou de rápida ab- principalmente em locais com ris-
• Acumule 150 minutos de exercício sorção quando esta for usada 1 a co de acidentes (menor visão no-
de moderada intensidade ou 75 mi- 3 h antes do exercício. turna).
nutos de exercício de alta intensida- • Avalie com seu médico a necessi- • Não se exercite na presença de
de, ou uma combinação dos dois. dade de redução dos medicamen- quadro infeccioso.
• Prefira o horário da manhã (evitar tos em uso ao iniciar um programa • Evite exercícios nos quais a intensi-
hipoglicemia noturna). de atividade física ou ao aumentar dade e a duração são previamente
• Exercícios de fortalecimento mus- a intensidade dos exercícios. difíceis de prever ou, ainda, em es-
cular devem ser incluídos pelo me- • Reponha carboidratos no exercício portes radicais (maior liberação de
nos 2-3 vezes na semana. prolongado. adrenalina, com maior risco de hi-
• Exercícios de flexibilidade/alonga- • Atenção nos cuidados com a ves- poglicemia, e consequente prejuí-
mento devem ser realizados diaria- timenta, calçados e meias des- zo da capacidade cognitiva e risco
mente. portivas. potencial de vida).

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• Evite atividades de impacto, Hu FB, Leitzmann MF, Stampfer MJ, Cold- Rabase-Lhoret R, Bourque J, Du-cros F,
como corrida e caminhadas pro- itz GA, Willett WC, Rimm EB. Physical Chasson JL. Guidelines for pre meal
longadas na presença de neuro- activity and television watching in insulin dose reduction for postpran-
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