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ARTIGO
Construindo
histórias: cadeia
operatória
e história
de vida dos
machados líticos
amazônicos
Tallyta Suenny Araujo da Silva1
1_Email: tallytasuenny@gmail.com. Trabalho desenvolvido com o apoio do Programa PIBIC/UFPA,
financiado pelo CNPq. Orientado pela Profª Drª Denise P. Schaan
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Abstract
Resumo Archaeological research carried out ai-
A pesquisa arqueológica realizada teve med to describe and study the stages of the
como objetivo descrever e estudar as etapas production process of lithic axes in the
do processo produtivo de machados líticos Amazon, their typology and spatial distri-
na Amazônia, sua tipologia e distribuição bution. The choice of the operational
espacial. A opção pela cadeia operatória chain approach to the study of technolo-
como abordagem no estudo de tecnologia gy aims to understand the life history of li-
visa compreender a história de vida dos ins- thic instruments intertwined with the his-
trumentos líticos entrelaçada com a história tory of societies that used them. The stone
das sociedades que os utilizaram. As lâmi- axes were obtained at various sites in areas
nas analisadas foram obtidas em vários sí- of current state of Para, in the north/south
tios de áreas no atual Estado do Pará, no direction, near the Tapajos, Curua and Ja-
sentido norte/sul, próximos ao rio Tapajós, manxim river; in the west/east direction,
Jamanxim e Curuá; no sentido oeste/ leste between the Tapajos an Tocantins river; in
entre os rios Tapajós e Tocantins; além de addition to artifacts of the archipelago of
artefatos do arquipélago do Marajó. Marajo.
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ção por essa metodologia de ficha de análise mentação das rodovias supracitadas, como
visou obter dados sobre os tipos morfológi- parte dos Estudos Básicos Ambientais refe-
cos dos machados em pedra existentes na rentes ao processo de licenciamento do em-
Amazônia juntamente com informações so- preendimento, e em conformidade com o
bre o processo de produção desses artefatos. disposto na Portaria nº 230 do Instituto do
A partir dessas fi-
chas foi possível orga-
nizar os exemplares
em grupos e subgru-
pos, conforme suas
semelhanças morfo-
lógicas, para assim
compor os quadros 6
e 7. Nestes quadros,
uma das lâminas de
cada subgrupo foi se-
lecionada como re-
presentante de sua
categoria. Após este
procedimento, foi
possível analisar a
frequência de cada
tipo de lâmina. Ainda
com esses dados, nos
mapas 3 e 4, verifi-
cou-se a distribuição
espacial dos tipos re-
presentantes nos sí-
tios arqueológicos
sob análise.
3. Área de estudo
O Programa de
Arqueologia nas ro-
dovias BR-163 (Cuia-
bá-Santarém) e BR-
230 (Tansamazônica)
teve como objetivo
realizar um amplo es-
tudo do patrimônio
arqueológico nas áre-
as de influência direta
e indireta do empre-
Mapa 1 - Sítios e municípios BR-163. Tallyta Suenny
endimento de pavi-
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Em relação aos sítios da BR-163 (Quadro de, com dois sulcos em um dos bordos e
4), observa-se que a amostragem do muni- apenas um sulco no outro (Figura 1).
O material de
Guarantã do Norte é
composto por três lâ-
minas: (I) uma lâmina
de forma trapezoidal,
com faces planas, bor-
dos de eixos divergen-
tes e sinuosos (tipo
Ba); (II) uma orelhas
pouco proeminentes,
comprida, faces pla-
no-convexa e talão
truncado (subgrupo
Cc); (III) e uma lâmi-
na comprida, faces
planas, talão trunca-
Figura 1 - Lâminas com sulcos duplos (1) Doação Sítio Colorido, Novo Progresso;
(2) Água azul, Rurópolis. Desenho Rui Coelho & Joanna Troufflard do, com 22,4cm de
comprimento e 6,4cm
cípio de Novo Progresso apresenta grande de largura, provavelmente utilizada como pi-
variabilidade de formas. As lâminas com careta do tipo Da.
chanfraduras predominam, variando em No município de Trairão há duas lâmi-
comprimento, largura, posição e dimensões nas com chanfraduras: (I) uma do tipo Ad;
da adaptação morfológica (todos os tipos formado por exemplares compridos com
A). Há também lâminas simples (tipo Da, forma elipsoidal ou trapezoidal e talão trun-
Db, Dd, De, Df), lâminas com orelhas (tipo cado (II) e uma do subgrupo Ag, caracteri-
Ca, Cb) e lâminas com uma forma diferente zado por lâminas compridas, mas largas,
que parece associar garganta com ombros predominantemente com faces plano-con-
(tipo Bc) e chanfraduras com ombros (tipo vexa e talão arredondado. Neste município
Bb). Esse último exemplar, entretanto apre- também há dois fragmentos de lâmina que
senta assimetria no talão e nas faces com não foi possível classificar em um dos tipos
diferenças de espessura, podendo ter sido morfológicos.
fabricado por crianças. Outra lâmina tam- No município de Castelo de Sonhos, só
bém assimétrica é a tipo Ah, que apresenta foi analisada uma lâmina de machado, sem
polimento desgastado e várias marcas em adaptações morfológicas, faces plano-con-
suas faces. vexa, e gume estreito (tipo Dc). Entretanto,
Em alguns fragmentos e lâminas frag- a coleção particular do Banco Santos apre-
mentadas de Novo Progresso foi possível senta grande variedade de lâminas de ma-
verificar o tipo de adaptação morfológica: chado. Uma dessas lâminas apresenta três
quatro fragmentos apresentam chanfradu- chanfraduras, semelhante ao fragmento de
ras e uma lâmina fragmentada foi incluída lâmina de Novo Progresso da figura 1.
no tipo Bc. Um desses fragmentos com Lâminas com essas características tam-
chanfraduras apresenta uma particularida- bém foram observadas em Belterra (Labora-
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tório Curt Nimuendajú, Santarém), no rio Mataroni, Guiana Francesa (Rostain &
Mataroni, Guiana Francesa (Rostain & Wack, 1987).
Wack, 1987) e no rio Maroni, Suriname A partir da análise de lâminas líticas pro-
(Boomert, 1979). No sítio Água azul (Figura venientes de sítios localizados ao longo da
1), há um fragmento de lâmina com apenas rodovia Transamazônica foi observada a
um dos bordos com a presença de dois sul- distribuição espacial da forma das lâminas e
cos, não sendo possível saber se o outro bor- a predominância de tipos com as mesmas
do tinha uma ou duas reentrâncias. adaptações morfológicas em sítios próxi-
Devido a morfologia particular desse mos, além da ocorrência de sítios com a pre-
tipo de lâmina foram levantadas hipóteses sença de diferentes tipos de adaptações.
para a sua distribuição que poderiam ser de- Na área entre os municípios de Itaituba e
corrência de circulação comercial, cultural Rurópolis predominaram as lâminas com re-
de indivíduos e/ou idéias. Comércios, e con- entrâncias (grupo A), mas com ocorrência
tatos entre grupos localizados a longas dis- de exemplares com orelhas (grupo B). As lâ-
tâncias já foram relatados na região Amazô- minas com orelhas somente são encontradas
nica, a exemplo dos muiraquitãs (Boomert, em sítios localizados do atual município de
1987). Assim as sociedades localizadas nes- Rurópolis (sítio Serra Anapuru e Panorama).
sas áreas com presença de machados com O sítio Panorama localiza-se mais distante
chanfraduras poderiam tanto estar direta- dos outros sítios identificados neste municí-
mente interligadas quanto indiretamente, pio nos quais há a predominância de lâminas
em caso a semelhança da forma ser decor- com reentrâncias. Enquanto o sítio Serra
rente da réplica de um objeto visto. Entre- Anapuru é o primeiro na sequência dos sí-
tanto ainda são necessários mais estudos, a tios identificados em Rurópolis, estando pró-
fim de melhor caracterizar conjuntamente ximo dos outros com afiliação morfológica
todas as informações sobre os grupos cultu- predominante das lâminas do grupo A.
rais que se localizavam nas áreas de distri- Entre as lâminas com reentrâncias, ob-
buição desse tipo de lâmina de machado. servou-se nos sítios de Itaituba os seguintes
Nessa coleção também havia um macha- subgrupos: (I) sete artefatos do subgrupo
do com talão de forma semelhante a um Aa, que se caracteriza por lâminas pequenas
rabo de peixe, e uma lâmina fragmentada de forma retangular larga ou elipsoidal, com
comprida, tipo observado também em Novo as faces predominante convexas e talão arre-
Progresso e Guarantã do Norte, classificado dondado ou truncado, o comprimento va-
na bibliografia arqueológica como “picareta” riando entre 7cm e 9cm; (II) uma lâmina de
(Prous et al., 2002: 191). Outra forma inte- forma retangular, faces covexas, gume es-
ressante observada nessa coleção é um ma- treito e talão com suportes (tipo Ac); (III)
chado de gume estendido e forma meso- uma retangular comprida e estreita, com
-proximal trapezoidal. Um exemplar faces plano-convexa e talão truncado (tipo
relativamente parecido, mas de dimensões Ad); (IV) uma retangular comprida e estrei-
menores, foi observado no município de ta, com chanfraduras dupla e faces convexas
Guarantã do Norte (tipo Ba, Quadro 4), e no (tipo Ae); (V) cinco do subgrupo Af, que se
rio Cuiuni, Guiana (Boomert, 1979). Há caracteriza por lâminas retangulares com
ainda exemplares de gume estendido, mas largura aproximada ao comprimento, com
com a região meso-proximal retangular em faces predominantemente convexas e talão
Novo Progresso (tipo Aa, Quadro 4) e no rio arredondado; (VI) três do subgrupo Ag,
composto por lâminas pequenas de forma pela forma retangular, largura aproximada
elipsoidal, talão arredondado, faces e bordos ao comprimento, não obstante com com-
convexos; (VII) cinco do subgrupo Ah, for- primento maior, as faces são planas, ou
mado por exemplares de morfologia retan- plano-convexa, bordos de eixos paralelos,
gular, de comprimento superior a largura, retilíneos ou convexos (IV) uma do tipo
com faces predominantemente convexas e Ch, que é formado por lâminas compridas,
talão em sua maioria convexos, alguns assi- elipsoidais, talão arredondado e bordos de
métricos, comprimento variando entre eixos paralelos e convexos. Os fragmentos e
9,1cm e 11,5cm; (VIII) uma do subgrupo Ai, lâminas fragmentadas também apresentam
que é formado predominantemente por lâ- a predominância das chanfraduras, totali-
minas elipsoidais, com comprimento maior zando 31.
que largura, prevalecendo as faces convexas Em Rurópolis, para as lâminas com reen-
e talão arredondado, com comprimento mí- trâncias ocorre: (I) uma lâminas do tipo Aa,
nimo de 11,9cm e máximo de 13,95cm; (IX) formado por lâminas pequenas de forma
uma do subgrupo Aj, formado por lâminas retangular larga ou elipsoidal, com as faces
retangulares, compridas, de bordos comu- predominante convexas e talão arredonda-
mente de eixos levemente divergentes, faces do ou truncado, com comprimento mínimo
convexas e talão truncado; (X) uma de for- de 7cm e máximo de 9cm; (II) três do sub-
ma retangular, bordos de eixos paralelos e grupo Ab, abrangendo exemplares de mor-
convexos, faces côncavo-convexa e talão fologia elipsoidal, bordos de eixos convexos,
truncado (subgrupo Al); (XI) uma do sub- paralelos ou convergentes e talão arredon-
grupo Am, caracterizado por lâminas pe- dado; (III) quatro do tipo Af, caracterizado
quenas com largura aproximada do compri- por lâminas retangulares com largura apro-
mento, as faces são convexas, talão ximada ao comprimento, faces predomi-
arredondado ou truncado e bordos de eixos nantemente convexas e talão arredondado;
convexos; (XII) duas do subgrupo An, for- (IV) uma do subgrupo Ah, formado por
mado também por lâminas pequenas, não exemplares de morfologia retangular, de
obstante, mais compridas que largas, bordos comprimento superior a largura, com faces
de eixos paralelos, retilíneos ou convexos, predominantemente convexas e talão em
predominando o talão e as faces convexas; sua maioria convexos, alguns assimétricos,
(XIII) uma do subgrupo Ap, representado comprimento mínimo de 9,1cm e máximo
por lâminas grandes de bordos de eixos con- de 11,5cm; (V) sete do subgrupo Ai, com-
vexos, paralelos ou convergentes no sentido posto predominantemente por lâminas elip-
do talão, as faces convexas e talão arredon- soidais, com comprimento maior que largu-
dado ou truncado. ra, prevalecendo as faces convexas e talão
As lâminas simples são: (I) uma do sub- arredondado, o comprimento varia entre
grupo Cb, que possui predominante morfo- 11,9cm e 13,95cm; (VI) uma do tipo Aj,
logia elipsoidal, com bordos de eixos conve- apresentando lâminas de morfologia retan-
xos, paralelos ou convergentes, prevalecendo gular, compridas, de bordos comumente de
faces convexas e o talão arredondado; (II) eixos levemente divergentes, faces convexas
uma do tipo Cc, com lâminas retangulares e talão truncado; (VII) uma lâmina grande
largas, com bordos de eixos convexos e pa- retangular com 15,5cm de comprimento e
ralelos, talão arredondado e faces convexas 11,2 cm de largura, bordos paralelos e con-
(III) duas do subgrupo Cf, caracterizado vexos, talão arredondado e faces convexas
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(subgrupo Ak); (VIII) quatro do tipo Ao, com orelhas não muito proeminentes, talão
subgrupo formado predominantemente por truncado ou arredondado e faces predomi-
lâminas elipsoidais, com comprimento su- nantemente convexas; (II) e um fragmento
perior a largura, talão truncado ou arredon- de machado proximal que não foi possível
dado e bordos convexos; (IX) duas do Ap, identificar o tipo de adaptação morfológica.
composto por lâminas grandes de bordos de Em Uruará, somente uma lâmina fragmen-
eixos convexos, paralelos ou convergentes tada foi analisada, sendo classificada no tipo
no sentido do talão, as faces convexas e talão Bf, que é formado por lâminas grandes, de
arredondado ou truncado. talão truncado e faces convexas, os dois
Os exemplares com orelhas são: (I) uma exemplares que formam este subgrupo estão
lâmina fragmentada no gume, com talão fragmentados no gume.
truncado, forma trapezoidal e faces conve- No município de Medicilândia, as sete
xas (subgrupo Bb), obtida por doação no lâminas inteiras e fragmentadas analisadas
sítio Serra Anapuru; (II) e um fragmento de são todas simples. Entre estas: (I) uma é do
lâmina não possível de classificar em um tipo Ca, caracterizado por lâminas peque-
subgrupo, encontrado em superfície, no sí- nas, largas, trapezoidais, talão arredondado,
tio Panorama. Apenas uma lâmina inteira quase todas com faces convexas; (II) uma do
simples de morfologia elipsoidal, faces con- subgrupo Cb, composto predominante por
vexas e talão arredondado (tipo Ci) foi iden- exemplares de morfologia elipsoidal, com
tificada no sítio Piquizeiro. Entre os frag- bordos de eixos convexos, paralelos ou con-
mentos e lâminas fragmentadas foram vergentes, prevalecendo faces convexas e o
observados 16 exemplares com chanfradu- talão arredondado; (III) e três do tipo Cd,
ras e um fragmento apresenta garganta. formado por lâminas compridas, elipsoi-
No sítio Paraná do Arauepá, em Aveiros, dais, de bordos convergentes e convexos e
foram analisadas apenas lâminas com adap- talão arredondado.
tações morfológicas do tipo chanfraduras: Na área entre os municípios de Altamira
(I) duas do subgrupo Aa, composto por lâ- e Pacajá predominam as lâminas com om-
minas pequenas de forma retangular larga bros/orelhas, e a ocorrência de fragmentos
ou elipsoidal, com as faces predominante com reentrâncias.
convexas e talão arredondado ou truncado, Em Altamira, foram observadas lâminas
com comprimento mínimo de 7cm e máxi- simples (grupo C) e com ombros/orelhas
mo de 9cm; (II) e uma do tipo Af, , que apre- (grupo B), com predominância na última
senta lâminas retangulares com largura categoria: (I) três lâminas foram classifica-
aproximada ao comprimento, faces predo- das no tipo Ba, composto por exemplares
minantemente convexas e talão arredonda- com orelhas não muito proeminentes, talão
do. Uma lâmina fragmentada no gume, de truncado ou arredondado e faces predomi-
forma elipsoidal com faces convexas, bordos nantemente convexas; (II) uma no subgrupo
convergentes e convexos e talão arredonda- Bb, formado por exemplares com orelhas
do (tipo Ah) apresenta garganta. mais proeminentes, forma trapezoidal, faces
Os exemplares em sítios entre Placas e convexas e talão truncado; (III) uma lâmina
Uruará têm como adaptações orelhas/om- com talão arredondado, orelhas não muito
bros. No município de Placas foram analisa- proeminentes, faces côncavo-convexa (tipo
dos dois artefatos: (I) uma lâmina com ore- Bc); (IV) uma com faces planas, talão trun-
lhas do tipo Ba, caracterizado por exemplares cado e orelhas pouco proeminentes (sub-
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tes, faces planas, talão truncado, medindo primeiro agrupamento refere-se aos sítios
4,5cm de comprimento e 3,1cm de largura localizados entre os municípios de Itaituba e
(tipo Be); um exemplar do subgrupo Bf, ca- Rurópolis, nos quais predominam as lâmi-
racterizado por lâminas grandes, de talão nas com reentrâncias; o segundo diz respei-
truncado e faces convexas; uma lâminado to aos sítios localizados entre Altamira e
Bg, formado por lâminas pequenas, largas, Pacajá, onde há mais exemplares com om-
faces predominantemente convexas e talão bros/orelhas.
trunca; e uma lâmina grande de forma elip- 3.3 – Encabamento:
soidal, com faces convexas, talão arredon- A equipe do Núcleo de Arqueologia da
dado, bordos de eixos paralelos e convexos Universidade Federal do Pará não encon-
(tipo Ck). trou durante a pesquisa machados líticos
No Marajó foram identificadas três lâmi- encabados, entretanto encontram-se refe-
nas simples e uma com chanfraduras. rências na bibliografia acadêmica sobre
Resumidamente, para os sítios localiza- achados amazônicos de cabos associados
dos ao longo da rodovia Transamazônica às lâminas (Rostain & Wack, 1987; Ros-
foram observadas duas concentrações de tain, 1986-1990; Rostain, 1991; Rostain,
tipos de adaptação morfológica, que podem 1994; Versteeg & Rostain, 1999) além de
ser consequência de afiliação cultural, visto relatos históricos de viajantes e pesquisa-
que igualmente o material cerâmico presen- dores que percorreram pela Amazônia
te nesses sítios também apresentam seme- (Coudreau, 1897; Nimuendajú, 1948; Stra-
lhanças entre si (MARTINS, 2010; 2012). O delli, 1929).
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As lâminas menores e mais leves podem ter Uma grande placa lítica polida do sítio
sido utilizadas para carpintaria de madeiras Vale do Aruri pode ter sido utilizada como
mais leves, para retirada do palmito, en- uma pá (Figura 2). Uma lâmina do Marajó
quanto as madeiras mais duras exigiriam apresenta desgaste no talão e no gume, pro-
lâminas mais pesadas e resistentes. vavelmente utilizada como cunha (comuni-
Na amostragem analisada observaram-se cação pessoal Ângelo Lima). Este exemplar
exemplares que devido a sua forma peculiar também foi reaproveitado para outra fun-
ou marcas de desgaste tiveram funções dis- ção, talvez como um quebra-coquinho, de-
tintas dos machados. Para a maioria das lâ- vido às depressões esféricas nas laterais da
minas não foi possível inferir exatamente a face superior e na face inferior.
função para a qual foram utilizadas. Os cri- Nos relatos antigos observam-se men-
térios utilizados para a classificação se base- ções às técnicas utilizadas pelos indígenas
aram em Prous et al. (2002) na derrubada das árvores antes da introdu-
Observando o perfil do gume das lâmi- ção dos machados de ferro pelos europeus.
nas é provável que algumas delas tenham João Daniel (2004), padre da Companhia de
sido utilizadas como enxó, os mesmos tam- Jesus, compara as técnicas de derrubada das
bém apresentam grande desgaste no talão, o árvores utilizadas por índios “do mato” e ín-
que pode indicar o seu uso em atividades de dios “domésticos”. Estes cortavam a madei-
percussão indireta, como na criação ou lim- ra, punham fogo e como nem todos os tron-
peza de cavidades estreitas. cos queimavam reuniam a madeira e
Duas lâminas compridas encontradas queimavam novamente. Os índios não alde-
no município de Novo Progresso e Guarantã ados limpavam a vegetação rasteira, utiliza-
do Norte podem ter sido utilizadas como vam os machados líticos para ferir a árvore
picaretas (Prous et al., 2002). Estes exempla- em seu diâmetro a fim de impedir a circula-
res são compridos e estreitos, sendo descri- ção de seiva – segundo o religioso o macha-
tos como o tipo Da, no Quadro 4 do de pedra mais amassava a madeira do
Em Altamira e Itaituba duas lâminas de que cortava. Assim, após algum tempo a ár-
faces côncavo-convexas podem ter sido uti- vore secava parcialmente e depois se utiliza-
lizadas como goivas. Além da semelhança va fogo para queimá-la. Para o jesuíta a téc-
em relação a concavidade das faces, ambas nica dos índios “do mato” era mais eficiente,
apresentam desgaste similar na face côncava pois exigia menos esforço, a limpeza da área
em forma de ranhuras longitudinais. acontecia mais rápida, visto que só era ne-
cessário limpar a vegetação rasteira, necessi-
tando assim de menor mão-de-obra. Daniel
afirma que uma única pessoa em um dia
poderia realizar a limpeza de um espaço e
que em poucos dias muita mata poderia ser
limpa. Afirma que se os brancos e índios do-
mesticados utilizassem o mesmo método
fariam o processo ainda mais rápido visto
que os índios “do mato” utilizavam como
instrumentos os machados de pedra para
Figura 2 - Lâmina de função incerta. Foto Tallyta Suenny
esmagar a casca da árvore e de paus para
quebrar a golpes os arbustos (2004: 155, v.2).
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que mais apresentaram exemplares com in- que a maioria das lâminas inteiras é prove-
dícios de reciclagem. niente de doações.
No sítio Alvorada foram identificados No sítio Nossa Senhora do Perpétuo So-
oito fragmentos com uma ou ambas as faces corro foi encontrado uma lâmina de macha-
polidas provenientes do mesmo nível, um do associada a uma possível urna podendo,
deles aparenta ter sido retocado; outro frag- assim, ser uma oferenda funerária. Próximo a
mento está completamente lascado, conser- está urna estava outro vasilhame grande, tam-
vando apenas uma chanfradura polida; um bém inferido como possível urna, e um vasi-
fragmento apresenta ambas as faces polidas, lhame pequeno, que poderia ser um acompa-
apenas um bordo e marcas de retiradas; e nhamento funerário. Neste sítio foram
um fragmento apresenta apenas uma das fa- encontradas várias vasilhas associadas, em
ces polidas junto com pequena parte das la- algumas delas foi possível observar a presença
terais, a outra face está lascada. de material ósseo durante as escavações.
No sítio 9º BEC foram identificadas qua- O acervo proveniente de sítios da BR-163
tro lascas polidas; dois fragmentos com ape- foi em sua maioria obtido por doação, en-
nas uma face polida que aparentam terem quanto o material da BR-230 apresenta mais
sido retocados formando um gume; dois exemplares coletados em superfície, mas
fragmentos com ambas as faces polidas, sen- também com grande quantidade de lâminas
do que um apresenta pequena parte de uma doadas (Quadro 3).
das faces, com várias marcas de lascamento
na mesma; e um fragmento polido com am-
bas as faces com retiradas. Em três fragmen-
tos foi possível observar chanfraduras.
No sítio Serrarias ocorrem duas lascas
polidas em uma das faces; dois fragmentos
pequenos com ambas as faces polidas e com
marcas de retiradas; e quatro fragmentos Quadro 3 – Proveniência das lâminas por
maiores com faces polidas com vários nega- rodovias.
tivos de retiradas.
Em Marajó, no sítio Pedreira, uma lâmi- Na BR-163, das 54 lâminas provenientes
na que pode ter sido utilizada como cunha de doação 31 estão inteiras, 11 estão frag-
foi reaproveitada provavelmente como “que- mentadas, oito são fragmentos e quatro são
bra-coquinho”. Também foram observados pré-formas (três inteiras e um fragmento).
no sítio Castanhal Grande duas lascas poli- Entre as coletadas em superfície, três estão
das e uma lâmina com negativos de retirada; inteiras, três são fragmentos, uma é frag-
e no sítio Prainha uma lasca polida. mento de pré-forma e uma apresenta indí-
cios de reaproveitamento da matéria-prima.
3.6 – Descarte: Na BR-230 das 95 lâminas provenientes
O descarte das lâminas pode ocorrer por de doação 45 estão inteiras, 20 estão frag-
motivos diversos. As lâminas fragmentadas e mentadas, 19 são fragmentos, quatro são
os fragmentos podem ter sido abandonados pré-formas (inteiras e fragmentos), e sete
devido à quebra e inutilização do utensílio. tiveram sua matéria-prima reaproveitada.
Em relação ao contexto no qual foram obti- Entre as coletadas em superfície, 15 estão
dos os machados analisados, constatou-se inteiras, 16 estão fragmentadas, 57 são frag-
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Figura 3 - Lâminas e batedores localizados próximos ao rio Jamanxim. Foto Tallyta Suenny
mas também há uma lâmina inteira com 5 também está relacionada com a função do
cm de largura. A espessura mínima é de utensílio, que também poderia ser utilizado
uma lâmina fragmentada e uma inteira com para diferentes tarefas, mudando assim a
2,5 cm e a maior espessura é a de um frag- forma de preensão. O tipo de cabo e a forma
mento com 4,8 cm. Em relação ao peso, de preensão também deveriam variar con-
existe um exemplar inteiro com massa pró- forme a forma e função do machado, e tal-
xima à de um quebrado (162 g e 143 g res- vez ainda com a afiliação cultural.
pectivamente), tanto em relação aos meno- Alguns instrumentos poderiam ser usa-
res pesos quanto aos maiores (fragmento de dos sem cabo dependendo do tipo de ativi-
1047 g e inteiro 1206 g). dade no qual seriam utilizados. Um dos ar-
A morfologia das peças é variada (Qua- tefatos apresenta a parte meso-proximal,
dro 4): lâminas simples, com chanfraduras mas não apresenta gume com bisel, sua par-
(proximal e mesial), garganta e orelhas. Em te distal é arredondada e picoteada. É possí-
algumas lâminas com chanfraduras, os sul- vel que o instrumento tenha sido fabricado
cos estão em alturas distintas; uma delas para servir como um martelo (comunicação
apresenta dois sulcos de um lado e apenas pessoal Ângelo Lima), assim a presença das
um no outro; há ainda uma lâmina frag- orelhas auxiliariam na preensão manual; ou,
mentada que tem sulcos de larguras diferen- talvez, o gume tenha quebrado durante a
tes. Essas adaptações morfológicas nos ma- utilização e o objeto tenha sido reutilizado
chados são indícios para a forma como os em atividades de percussão.
utensílios foram encabados. As lâminas A utilização dos instrumentos deixa mi-
com orelhas podem ter sido fixadas por cro e macro-traços de desgaste na peça. Na
meio do encabamento cimentado, as com amostragem analisada observaram-se lâmi-
sulcos pode ter sido utilizado os encaba- nas com gume assimétrico, serrilhado, frag-
mentos justapostos (SOUZA 2008). mentado arredondado, com micro-fraturas.
Não obstante a forma de encabamento As faces apresentam-se com polimento des-
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Figura 4 - Lâminas do sítio Nossa Senhora do Perpétuo Socorro. Foto Tallyta Suenny
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formado por lâminas retangulares ou elip- pulverizados nos vasilhames. Nos relatos et-
soidais, com comprimento maior que a lar- nohistóricos, Heriarte (1874) comenta a prá-
gura, faces predominantemente convexas e tica de enterrar os mortos em redes junto
bordos de eixos paralelos. com seus pertences e após descarne ocorria o
As lâminas classificadas representam tan- consumo dos ossos triturados junto com be-
to as inteiras quanto as fragmentadas. Com bidas. Bettendorf (1698) relata o culto a mú-
relação aos fragmentos que não foi possível mias indígenas escondidas em casas na mata.
classificar em um dos tipos, dois apresentam A região do Tapajós foi testemunha de
chanfraduras e em um fragmento não foi grande dinâmica indígena de etnias diferen-
possível identificar o tipo de adaptação mor- tes com sua cultura e práticas mortuárias es-
fológica. pecíficas. Coudreau (1896) relata entre os
Parte do lítico lascado foi analisado pelo Mundurucus do Tapajós a prática de sepulta-
arqueólogo Lucas Bueno, em 2009. Nessa mentos realizada com a deposição do cadáver
amostra foram identificados seis fragmentos enrolado na sua rede e enterrado de cócoras
de lascamento, três artefatos, 20 lascas frag- em uma cova em forma de poço. Peter Hil-
mentadas, doze artefatos informais, sete frag- bert (1958) afirma também que entre os
mentos térmicos e 15 lascas. Um dos macha- Mundurucus a prática de enterros em urnas
dos provenientes de escavação foi encontrado somente era utilizada para as pessoas de po-
próximo a uma urna, podendo ser uma ofe- sição mais alta e que nas urnas eram deposi-
renda funerária. Essa lâmina apresenta mar- tadas as cinzas e não o esqueleto. Hilbert in-
cas de uso, sendo possível que tenha sido um forma a descoberta de urnas funerárias na
utensílio utilizado pelo indígena falecido e área da Missão São Francisco do Cururú.
sepultado com ele, para que pudesse utilizar Todas as urnas encontradas eram de enterra-
seu instrumento no outro plano cosmológi- mento secundário sem a presença de oferen-
co. Como possíveis acompanhamentos fune- das. A presença de outros vestígios, como
rários também há vasilhas menores. cacos cerâmicos tipo “cuscuseiro” foi inter-
Existem e existiram diferentes formas de pretada como possível evidência que o local
lidar com a morte e os mortos conforme as- foi utilizado tanto para moradia como para
pectos individuais, culturais, sociais e tempo- os sepultamentos.
rais (Gennep, 2004). Mumificação, decom-
posição, cremação, endocanibalismo podem 5. Conclusão:
ser práticas funerárias utilizadas no trata- As sociedades do passado nos deixaram
mento dos corpos falecidos quando ocorre o registros de sua agência e relações na sua
sepultamento secundário, enquanto outras cultura material. Da escolha da matéria-pri-
sociedades têm como prática o sepultamento ma até o descarte do objeto, as populações
simples (Hertz, 2004; Conklin, 2004). Diver- expressaram suas escolhas individuais, so-
sos ritos e tabus estão associados a essas prá- ciais e culturais. A pesquisa realizada pro-
ticas estando relacionados à cosmologia de porcionou observar a presença nos sítios de
cada grupo vestígios em diferentes etapas da cadeia ope-
Pesquisas arqueológicas evidenciaram na ratória, e dos demais artefatos relacionados
região do rio Tapajós diferentes práticas mor- com o processo de produção das lâminas de
tuárias (Martins et al., 2010). Registrou-se a machado.
ocorrência de sepultamentos primários e se- Observando-se a geologia e recursos
cundários, presença de ossos calcinados e naturais no Estado do Pará é possível veri-
Construindo histórias: cadeia operatória e história de vida dos machados líticos amazônicos Tallyta Suenny Araujo da Silva
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REVISTA DE ARQUEOLOGIA
Quadro 4 – Design lâminas dos municípios de Trairão, Novo Progresso, Castelo de Sonhos e Guarantã
Construindo histórias: cadeia operatória e história de vida dos machados líticos amazônicos Tallyta Suenny Araujo da Silva
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