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Instituto Politécnico de Lisboa

Escola Superior de Música de Lisboa

Recensão Crítica sobre o capítulo

INTRODUÇÃO À INVESTIGAÇÃO
do livro Introdução à Investigação em Educação Musical de Anthony E. Kemp

Catarina Isabel Ferreira Barreiros


Mestrado em Ensino da Música

Metodologia da Investigação
Professor Joaquim Carmelo Rosa
Ano lectivo 2016/2017
Outubro 2016
Índice

Introdução 3
Síntese do conteúdo do documento 4
Análise crítica 6
Conclusão 7
Referências bibliográficas 8

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Introdução
O presente trabalho é acerca do capítulo 1 do livro Introdução à Investigação em
Educação Musical de Anthony E. Kemer. Trata-se de um livro sobre investigação, divido em
capítulos sobre as diversas fases da mesma. A edição é de 1995 da editora Fundação Calouste
Gulbenkian e foi traduzido por Ilda Alves Ferreira e Fernanda Magno Prim do livro original
com o título inglês Some Approaches to Research in Music Education de 1992.
Não me foi possível encontrar muita informação acerca de Anthony Kemp por esta ser
muito escassa na internet, apenas consegui inferir do que li que é autor de livros e artigos em
diversas áreas, nomeadamente educação, educação musical e educação tecnológica. Um dos
que têm mais destaque (possivelmente pelo qual é mais conhecido) é intitulado The Musical
Temperament: Psychology and Personality of Musicians.

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Síntese do conteúdo do documento
No primeiro capítulo deste livro, o que estou a recensear, o autor faz referência ao que
está na base da investigação, fazendo assim a sua introdução, dirigindo-se aos principiantes
nesta área. Ele justifica a necessidade de investigação por parte dos professores de educação
musical com o facto de esta poder conter diversas áreas, podendo combinar por exemplo
sociologia e antropologia. No final da maioria dos parágrafos deste capítulo, o autor refere
obras que considera importantes para a temática.

No sentido de orientar um principiante no mundo vasto da investigação, Kemer começa


por referir que “toda a investigação começa por definir um problema”, sendo importante
conhecer a literatura sobre a temática a investigar. Deve-se então, fazer uma minuciosa revisão
à literatura para também evitar fazer o que outros autores já fizeram. Conclui que “(…) a
revisão da literatura e a formação do problema são processos interactivos”, ou seja, estão
absolutamente ligados, ajudando a clarificar os objectivos da investigação. A metodologia
desta deve ser pensada desde início e com base nesses objectivos.

De seguida, o autor aconselha a consulta bibliotecária para a procura de material


relevante para a pesquisa, dando conselhos de como as consultar, por exemplo pelos índices
sistemáticos e requisição computorizada. Dá também obras que considera importantes na área
da investigação em educação, umas directamente relacionadas com a música, como por
exemplo Répertoire International de Littérature Musicale, Music Index e Music Psychology
Index. Outras, que também poderão ser úteis no campo da educação, como Educational
Resources Information Center, Dissertation Abstracts International, Music Literature
International, British Education Idex, Arts and Humanities Search e Psychological Abstracts.
O autor também aconselha a consulta de teses.

O autor propõe que o material mais recente seja consultado em primeiro lugar, para
estar assim mais actualizado. Durante o processo de recolha de material, é importante ir
tomando notas e “ser meticuloso no registo de nomes e inciais dos autores e na exactidão dos
títulos e datas de publicação”. Neste parágrafo, o autor dá várias directrizes de como proceder
a este registo, para mais tarde saber de onde veio a citação que utilizaremos e o seu autor.

Ainda no trabalho preliminar, o autor faz referência à “limitação do campo da


investigação proposta”. Das sub-questões que irão surgir após a definição da problemática, o
investigador opta por uma delas, podendo arrepender-se mais tarde por encontrar um caminho

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sem fim. Perante este cenário, deve-se voltar ao ponto de partida. É importante “esclarecer se
uma hipótese é susceptível de ser trabalhada ou testada” e, para tal, a pergunta “O que quer
dizer com este ou aquele termo?” torna-se indispensável. Deve-se definir um campo conceptual
no qual se vai trabalhar. O problema a investigar deve ser específico, eliminando
“complexidades inúteis e termos inexactos” e avaliando a sua relevância. Para ter objectivos
claros, o autor propõe as seguintes perguntas: “A quem se dirigem os resultados?” e “Quem é
preciso convencer e em que sentido?”.

O autor apresenta diversos tipos de investigadores e, para cada um, várias metodologias
(descritas ao longo do livro). Há investigadores históricos, que analisam o que aconteceu no
passado, avaliando fontes de informação e mantendo-se afastados da investigação, e
investigadores experimentais, que actuam no seu tempo e têm “trabalho de campo”,
controlando e podendo alterar os factores sob investigação. Neste caso, em que o investigador
estuda os dados obtidos por si para tirar conclusões, “é necessário que o investigador se
conserve a uma distância objectiva”, para não viciar os dados. Neste tipo de pesquisa por
observação, o investigador tem uma presença activa.

Com este livro, o investigador tem oportunidade de resolver os seus problemas


pedagógicos, através de estratégias definidas.

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Análise crítica
A completar os motivos pelos quais se deve ser investigador que Kemer escreveu,
Swanwick apresenta três resultados positivos de uma boa investigação: a prática profissional
do professor é iluminada pela sua actividade como investigador; a comunidade profissional é
fortalecida pelo aprofundar de conhecimentos; todos ficamos melhor equipados para responder
aos desafios da planificação e da avaliação (Swanwick, 1984).

Para mim, faltou uma conclusão mais explícita (que está apenas subentendida) no texto
de Kemer acerca da seguinte questão: a medição da variável experimental (dependente)
depende da precisão da manipulação da variável independente (Madsen e Madsen, 1970). Aqui
o conceito-chave é precisão da manipulação. A verificação das variáveis tem de ser rigorosa, e
um principiante pode achar que esta não tem valor científico.

Considero que o capítulo está eventualmente pouco completo em relação àquilo que eu
esperava, mas compreendo que seja por ser apenas uma “introdução à investigação”. Contudo,
há partes do texto que não são muito claras, nomeadamente no final da página 18, em que o
autor sugere estar a fazer ele próprio uma investigação, quando escreve “Pedimos a cada
colaborador (…)”. Talvez esta informação esteja no prefácio do livro, ao qual não tive acesso,
e por essa razão este aspecto ser confuso.

Apesar destas questões, achei interessantes os passos e as explicações dadas por Kemer
para começar a investigação e prossegui-la com sucesso, como por exemplo como formular um
problema, uma hipótese, consultar e informação, como saber se a informação é relevante ou
não, etc. Apreciei muito o facto de o autor referir diversas obras para cada passo específico ou
para cada questão, sendo fácil assim encontrar informação relevante em obras que o autor
considera importantes (se ele o considera, é de confiar), constituindo-se apoios para o futuro. A
consulta dos títulos destas obras ao longo do texto é facilitada pela estrutura, pois ficam sempre
no final do parágrafo. Fico satisfeita por haver um livro especialmente dedicado à investigação
em educação musical.

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Conclusão
Em suma, o presente capítulo dá orientações de como começar uma investigação e
organizá-la. Devemos ser meticulosos em todo o processo de investigação, para que
consigamos organizar mais tarde toda a informação recolhida.

Este trabalho permitiu-me perceber que um professor deve ser extremamente crítico em
relação às metodologias que adopta e, para tal, deve estar actualizado. Isso só é possível se for
investigando e estudando o meio em que trabalha. Deve também relacionar-se e investigar
noutras áreas pelo facto de a educação musical estar ligada a outras matérias. Um professor
competente deve dominar perspectivas diferentes, como parte do seu desenvolvimento
profissional (Kemer, 1995).

A maior conclusão que tiro é que a investigação, não só em educação musical como
também noutras áreas, auxilia os professores a resolver os problemas pedagógicos que têm de
enfrentar ao longo de toda a profissão, e só investigando encontram metodologias para os
resolver, mantendo-se sempre actualizados, completando a sua formação.

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Referências bibliográficas

 Amazon.com [consultado em 7 de Outubro de 2016 às 10h50]

 Kemer, A. (1995) “Introdução à investigação”, in Introdução à Investigação em


Educação Musica, pág. 13-21, Fundação Calouste Gulbenkian, trad. I. Ferreira e F.
Prim.

 Madsen, C. L. e Madsen, C. H. (1970). Experimental Research in Music, New Jersey:


Prentice-Hall.

 Swanwick, K. (1984). “Some Observations on Research in Music Education”, in British


Journal of Music Education, 6 , 195-203

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