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Interbio v.11 n.2, Jul-Dez, 2017 - ISSN 1981-3775

PLANO DE GERENCIAMENTO DE RESÍDUOS SÓLIDOS DESENVOLVIDO PARA

UM NÚCLEO FAMILIAR DA COMUNIDADE QUILOMBOLA DEZIDÉRIO
FELIPPE DE OLIVEIRA - DOURADOS/MS

PLAN OF SOLID WASTE MANAGEMENT DEVELOPED FOR A FAMILY CENTER

COMMUNITY QUILOMBOLA DEZIDÉRIO FELIPPE DE OLIVEIRA -
DOURADOS/MS

SARUWATARI, Yasmin Kashiwaguti 1; FARIAS, Andréa Asmus.2

Resumo

Na comunidade em estudo, como em tantas outras, não há coleta de lixo, o que faz com que a comunidade tenha
como destinação final dos resíduos, principalmente, a sua queima. A falta de um adequado gerenciamento de
resíduos sólidos tem como consequências a sua disposição incorreta, o que ocasiona problemas ambientais,
como poluição da água, do solo, do ar, visual e até mesmo problemas de saúde. Sendo assim, o trabalho foi
realizado no período de março a agosto de 2014, como objetivo de elaborar um plano de gerenciamento de
resíduos sólidos para um núcleo familiar da Comunidade Quilombola Dezidério Felippe de Oliveira, situada na
cidade de Dourados/MS. Para a elaboração do plano realizou-se a aplicação de questionários, visitas in loco, a
quantificação e qualificação dos resíduos, analise das atividades geradoras de resíduos e seu acondicionamento, e
a destinação final dos resíduos. Com os resultados, foi proposto que o resíduo da comunidade seja reutilizado
com a criação de artesanatos, na compostagem, na alimentação dos animais, na reciclagem, e aquilo que não
puder ser retirado da comunidade ao invés de ser queimado, ser enterrado. Desse modo, todo o processo de
execução deverá ser aplicado juntamente com a educação ambiental.

Palavras chaves: resíduos sólidos; comunidades quilombolas; gerenciamento de resíduos sólidos.

Abstract

In the community under study, as in many others, there is no garbage collection, which means that the
community has the disposal of waste, especially its burning. The lack of a proper management of solid waste has
consequences as their improper disposal, which causes environmental problems such as water, soil, air, and
visual pollution even health. Thus, from the participatory methodology, conducted in the period March-August
2014, the present study aimed to prepare a plan for solid waste management for a household of Quilombo
Community Dezidério Felippe de Oliveira, located in the city of Dourados / MS. For the preparation of the plan
was held on questionnaires, site visits, quantification and qualification of waste generating activities of analysis,
packaging and disposal of waste. With the results, it was proposed that the residue of the community to be reused
by creating crafts, composting, in animal feed, recycling, and what can not be removed from the community
rather than be burned, to be buried. Thus, the whole process of implementation should be applied along with
environmental education.

Key words: solid waste; maroon communities/quilombolo Communities; solid waste management.

1
Engenheira Ambiental graduada pela Universidade Estadual de Mato Grosso do Sul, rua: Hiram pereira de
matos 1285, apartamento 201, vila Alba, cep 79830-240 - Dourados-MS. yasminsaruwatari@gmail.com.
2
Mestre em Tecnologias Ambientais, docente do curso de Engenharia Ambiental da Universidade Estadual de
Mato Grosso do Sul. andreaambiental@yahoo.com

SARUWATARI, Yasmin Kashiwaguti; FARIAS, Andréa Asmus.


Interbio v.11 n.2, Jul-Dez, 2017 - ISSN 1981-3775
Introdução
A produção de resíduos sólidos nas
cidades é inevitável devido à cultura do
consumismo. Segundo o IBGE (Instituto
Brasileiro de Geografia e Estatística) (2008)
o Brasil gerava 228.413 toneladas diárias de
resíduos sólidos, implicando em uma
produção de 1,2 Kg/habitante por dia. A
pesquisa ainda constatou que a problemática
ambiental gerada pelo resíduo é de difícil
solução, pois a maior parte das cidades
brasileiras apresenta um gerenciamento de
coleta que não prevê a segregação dos
resíduos na fonte. Para lidar com essa
problemática foi criada em 2010 a Lei
12.305 que institui a Política Nacional de
Resíduos Sólidos, e que possui como uma
de suas exigências a realização do plano de
gerenciamento de resíduos sólidos a nível
municipal e estadual. Porém, algumas
cidades não conseguiram cumprir com o
prazo determinado para elaboração e
implantação deste plano, sendo necessário o
prolongamento da data prevista.
A Política Nacional de Resíduos
Sólidos (2010) determina ainda que a prática
dos 3R’s (redução, reutilização e a
reciclagem) seja considerada na elaboração
do plano de gerenciamento de resíduos
sólidos. Esta prática é considerada a opção
mais viável para reduzir o impacto do lixo
no meio ambiente, com a consequente
redução de produção e minimização dos
resíduos gerados. A política prevê também
que o plano de gerenciamento seja
elaborado mediante processo de mobilização
e participação social, juntamente com a
Política Nacional de Educação ambiental.
No geral na zona urbana das cidades
o gerenciamento é facilitado pelo auxílio
dos órgãos municipais, o que não acontece
nas zonas rurais, as quais muitas vezes
acabam realizando seu próprio
gerenciamento de resíduos sólidos
(PEDROSO, 2010). Esse fato pode ser
observado nas comunidades quilombolas
rural, as quais sem assistência e nem
conhecimento ambiental acabam criando
alternativas oriundas do próprio
SARUWATARI, Yasmin Kashiwaguti; FARIAS, Andréa Asmus.
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conhecimento para a disposição dos
resíduos sólidos. Os resíduos sólidos
gerados nesses locais são, muitas vezes,
lançados em rios e lagos, queimados, e/ou
também deixados na beira das estradas
ocasionando problemas como o
aparecimento de mau odor, poluição visual,
contaminação das águas dos rios,
diminuição da quantidade de nutrientes do
solo e disseminação de doenças (SANTOS;
OLIVEIRA, 2009).
No Brasil existem aproximadamente
2.408 Comunidades Quilombolas, dentre
elas 22 estão situadas no estado do Mato
Grosso do Sul. A maioria destas
comunidades desenvolve atividades como,
agricultura, extrativismo e pesca. Elas
vivem em lugares afastados do centro
urbano e aproximadamente 76% delas não
possuem saneamento básico adequado
(SARUWATARI, 2014).
Na cidade de Dourados-MS, existe a
Comunidade Quilombola Dezidério Felippe
de Oliveira, localizada na zona rural do
município. Esta possui uma população de
aproximadamente 40 pessoas, que compõe
14 famílias, divididas em três (3) núcleos
familiares. Cada núcleo possui até seis (6)
casas. Essa comunidade vive em situações
precárias e não possui saneamento básico, o
que inclui a coleta de resíduos sólidos. Esse
fator obriga às famílias a lidarem como
sabem e podem com essas questões
precárias (SANTOS, 2007). Por conta
desses problemas é visível a necessidade por
auxilio externo para o gerenciamento de
resíduos sólidos, diminuindo assim os
impactos causados por eles dentro da
comunidade.
Assim o objetivo desse trabalho é de
se elaborar um plano de gerenciamento de
resíduos sólidos para um núcleo familiar da
comunidade Quilombola de Dourados-MS.
Para o desenvolvimento da pesquisa foram
utilizados poucos trabalhos referentes ao
tema, pois não há muitas produções
realizadas em Comunidades Quilombolas
nem em outras comunidades específicas,
utilizando resíduos sólidos como tema.

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Materiais e Métodos
O presente estudo foi desenvolvido
no período de março a agosto de 2014, na
Comunidade Quilombola Dezidério Fellipe
de Olivera, localizada no distrito de
Picadinha, município de Dourados - Mato
Grosso do Sul. Atualmente a comunidade
encontra-se dividida em três (3) núcleos
familiares, e nesta pesquisa optou-se por
trabalhar apenas com um dos núcleos.
A pesquisa foi realizada em quatro
(4) etapas: levantamento de dados,
qualificação e quantificação dos resíduos
sólidos, geração, acondicionamento e a
destinação final do resíduo e na última etapa
realizou-se a ordenação do plano de
gerenciamento de resíduos sólidos para a
comunidade.
Levantamento de dados
Na etapa de “levantamento de
dados” foram analisados os itens
socioeconômicos, organizacional, cultural, e
estrutura física do núcleo em estudo. Esta
etapa foi realizada através de aplicação de
questionários e visitas in loco.
Este trabalho foi desenvolvido com
toda a população do núcleo, e a aplicação do
questionário foi realizada com os
responsáveis de cada residência. O
questionário tinha por objetivo conhecer o
gerenciamento atual dos resíduos do núcleo
e o nível de conhecimento e consciência
ambiental dos moradores.
Para a aplicação do questionário foi
primeiramente realizado um pré-teste, com
38 questões, dissertativas e de múltipla
escolha, para 50% das residências. Este pré-
teste foi necessário para analisar as possíveis
falhas, tais como: problemas na redação das
questões, complexidade das questões,
clareza nos termos utilizados, ordem das
questões, constrangimento ao entrevistado,
exaustão entre outros problemas. Após sua
aplicação foram realizadas algumas
modificações e entrevistaram-se os
responsáveis pelas demais residências da
amostra. Este questionário continha dados
SARUWATARI, Yasmin Kashiwaguti; FARIAS, Andréa Asmus.
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das etapas seguintes, estabelecidas na
metodologia.
Nos aspectos socioeconômicos
avaliou-se a quantidade de pessoas, grau de
alfabetização de cada integrante e períodos
em que ficam em casa.
No aspecto organizacional foi
analisada a relação entre os moradores,
verificando a capacidade de a comunidade
trabalhar em conjunto. Nessa etapa foi
verificada também a relação dos moradores
com outros locais, diferentes da
comunidade, e se recebem auxílio externo.
No que se refere à questão cultural,
procurou-se analisar o quanto os moradores
estão cientes das problemáticas relacionadas
com o atual gerenciamento de resíduos
sólidos realizado na comunidade, o que
estes simbolizam para eles e o que estão
dispostos a fazer com o resíduo sólido.
Na estrutura física da comunidade,
verificou-se o uso e ocupação do solo e a
distância da comunidade até a cidade.
Qualificação e Quantificação dos resíduos
sólidos
A etapa “qualificação e
quantificação” consistiu na identificação por
categoria dos resíduos, exceto os resíduos
do banheiro, e sua quantificação em peso e
volume. Os resíduos foram separados nas
seguintes categorias: orgânico, papel,
plástico, vidro, alumínio e não recicláveis,
de acordo com o seu potencial de
reciclagem. Em seguida pesou-se e mediu-se
o volume de cada categoria.
A etapa foi realizada durante três (3)
semanas, sendo que a qualificação e
quantificação ocorreram semanalmente, nos
dias 02/08/2014, 09/08/2014 e 16/08/2014.
Durante a semana os responsáveis por cada
residência guardavam o resíduo que não
tinha mais utilidade. Esse resíduo foi
recolhido e separado por categoria, sendo
que para cada categoria foi feita a pesagem e
mensuração de seu volume.
Para a pesagem do resíduo foi
utilizada uma balança pequena com precisão
de 40g. E para realização do volume

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utilizou-se quatro caixas de papelão de
diferentes tamanhos: 0,1344 m², 0,0672 m²,
0,042 m², 0,02925m², e uma fita métrica de
100 cm. Para calcular o volume o resíduo
era depositado em uma das caixas, a que
melhor se adequava a quantidade do resíduo
a ser medido, e com a fita métrica media-se
a altura do lixo. Com esse dado, foi possível
obter volume da seguinte maneira: altura do
lixo (X) largura da caixa (X) comprimento
da caixa (‘X’ – multiplicação).
Geração, Acondicionamento e Destinação
final dos resíduos sólidos
Na etapa “geração,
acondicionamento e destinação do lixo”,
foram identificadas as atividades que
possivelmente geravam resíduos, os
produtos consumidos nessas atividades, os
resíduos gerados, e como era realizado o
acondicionamento e destinação final desses
resíduos.
Para a geração de resíduos foram
identificadas quais eram as possíveis
atividades geradoras de lixo. Verificou-se
também qual o gerenciamento que estava
sendo realizado para os resíduos proveniente
de cada atividade.
Para o acondicionamento analisou-se
se o resíduo era disperso no solo ou se era
acondicionado em recipientes e como isso
era realizado.
Com relação à destinação foi
analisado o fim que a comunidade dá para o
resíduo. Caso o resíduo já fosse reutilizado,
foi analisada a maneira como o reutilizam e
se era necessário um melhoramento deste
processo.
Para que essa etapa fosse concluída
foram realizadas visitas in loco, aplicação de
dois questionários: o mesmo questionário
aplicado no levantamento de dados e outro
aplicado para cada atividade identificada
como geradora de resíduo, estruturado com
5 a 7 perguntas dissertativas e múltipla
escolha. Esse questionário por atividades foi
aplicado somente para os responsáveis das
atividades.
SARUWATARI, Yasmin Kashiwaguti; FARIAS, Andréa Asmus.
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Ordenação do plano de gerenciamento de
resíduos sólidos
A ordenação do plano de
gerenciamento de resíduos sólidos foi
realizada baseada nas informações geradas
nas etapas anteriores, levantamento de
dados, qualificação e quantificação, e
geração acondicionamento e destinação final
dos resíduos.
Com base nas informações
adquiridas nas etapas anteriores percebeu-se
que havia a necessidade de entrar em
contato com um dos órgãos públicos de
Dourados, a SEMSUR (Secretária
Municipal de Serviços Urbanos) e com
pessoas especializadas para auxiliar na
elaboração do plano de gerenciamento de
resíduos sólidos.
Para a construção do plano procurou-
se também a recicladora AGECOLD
(Associação dos Agentes Ecológicos de
Dourados), verificando quais os tipos de
materiais que a mesma recicla, estado em
que esses materiais deverão estar e como
eles deverão ser separados para que a
mesma recolha-os.
Foi considerado através das etapas
anteriores que havia probabilidade de se
fazer artesanato como uma alternativa para
os resíduos da categoria recicláveis, por
conta disso, contatou-se com uma loja de
artesanato da cidade, verificando os tipos de
materiais que reutilizam e como recebem e
recolhem os mesmo.
Por fim, foi analisado os tipos de
recipientes mais adequados, considerando a
possibilidade de utilizar aqueles que os
moradores já utilizam.
A elaboração do plano de
gerenciamento de resíduos sólidos para o
núcleo familiar da Comunidade Quilombola
foi realizado através de um estudo
participativo. E sua elaboração foi realizada
de acordo com a Lei 12.305 que institui a
Política Nacional de Resíduos Sólidos, Lei
Verde que institui a Política Municipal de
Meio Ambiente do Município de Dourados-
MS e com o Termo de Referência para
Elaboração do Plano de Resíduos Sólidos

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exigido pelo IMAM (Instituto de Meio
Ambiente de Dourados).
Resultados e Discussões
Levantamento de dados
A aplicação do questionário foi
realizada com os moradores de 39 a 76 anos
de idade. Através da aplicação do
questionário foi possível identificar que as
famílias do núcleo em estudo são
basicamente compostas de dois (2) até
quatro (4) pessoas, somando um total de 20
moradores no núcleo. Destes 15 são adultos
e 5 crianças.
Dos entrevistados 67% realizam a
compostagem e 100% disseram que sabem o
que é reutilizar, e que fazem isso com o
resto de alimento, que é dado para os
animais de estimação. No entanto, através
de visitas in loco percebeu-se a dificuldade
dos entrevistados em entender o verdadeiro
significado de reutilizar, uma vez que eles
reutilizam outros materiais além dos restos
orgânicos, mas só reconhecem o ato de
reutilizar em relação ao material orgânico. A
compostagem e a reutilização já são formas
de gerenciamento correto realizado por eles
e que deverão ser mantidas no novo plano
de gerenciamento de resíduos sólidos.
Todavia, será necessário incluir oficinas dos
3R’s e de compostagem, considerando que
os moradores possuem dificuldades em
entender alguns termos teóricos.
Considerando o gerenciamento desse
núcleo, através de visitas in loco, percebe-se
que também não é realizada a coleta seletiva
e que o destino do resíduo não utilizado é a
queima.
Através dos questionários, verificou-
se que apenas 33% dos entrevistados sabem
o que é coleta seletiva e 83% estão dispostos
a separar o lixo de alguma maneira. O baixo
índice de conhecimento sobre a coleta
seletiva é possivelmente uma das
consequências da falta de saneamento
básico na comunidade. Além da falta de
coleta de lixo, eles não possuem
abastecimento de água potável e nem rede
SARUWATARI, Yasmin Kashiwaguti; FARIAS, Andréa Asmus.
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coletora de esgoto. Os 83% entrevistados
que disseram que fariam a separação, só
realizaria a mesma se realmente o resíduo
saísse da comunidade para uma destinação
correta. Pois, o maior problema que eles
enfrentam em relação ao lixo é a retirada do
mesmo da comunidade, uma vez que o
transporte coletor passa aproximadamente a
3 km de distância do núcleo.
Quanto aos questionários percebe-se
também que os moradores não possuem
outra ideia ou desconhecem alternativas
para o resíduo gerado do núcleo, pois para
80% deles o resíduo era algo sem utilidade
nenhuma, e o gerenciamento que eles já
realizam está correto. Com relação à
queima, para 80% dos entrevistados, os
únicos problemas que ela causa é aquilo que
eles conseguem visualizar, como por
exemplo, a geração de fumaça. Percebe-se
assim que os problemas ambientais e de
saúde não são percebidos pela maioria dos
entrevistados, já que apenas 17% possuem
essa percepção. Esse baixo índice de
conhecimento ambiental possivelmente
ocorre pela baixa média escolar da
comunidade, já que 57% da população não
possui ensino fundamental completo.
Através de visitas in loco percebeu-
se que os moradores são muito unidos,
possuindo facilidade em trabalhar juntos e
de ajudar uns aos outros, o que irá facilitar
na aplicação do plano de gerenciamento de
resíduos para o núcleo. Foi verificado
também que os moradores realizam
atividades externas a comunidade, visto que
80% da população trabalham e estudam na
cidade. Além destas atividades, os
moradores atuam internamente no núcleo,
como a criação coletiva de galinhas e de
vacas, que ficam dispersas na comunidade, e
a administração coletiva da horta e do
pomar.
Qualificação e quantificação dos resíduos
sólidos
A tabela 01 apresenta a quantidade,
em peso e volume, das diferentes categorias
de resíduos sólidos gerados semanalmente

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pelo núcleo familiar da Comunidade
Quilombola Dezidério Felippe de Oliveira.
Nota-se pela figura1 que a
quantidade de resíduo gerada no núcleo em
estudo é relativamente pequena,
considerando que é o lixo semanal das seis
(6) casas. A quantidade de resíduo gerada
por cada morador do núcleo está muito
abaixo da média nacional, uma vez que
Não recicl.
7%
Orgânico
38%
Alumínio Vidro
4%
Figura 1: Média semanal de cada categoria do lixo do núcleo estudado, considerando o peso de coletas de três
semanas - Ago. 2014.
Observam-se ainda na figura 1que as
categorias mais encontradas, considerando o
peso, foram o orgânico e o papel. A grande
quantidade de resíduos orgânicos
encontrado não era esperada, já que eles
utilizam este resíduo para alimentação
animal e compostagem. Nota-se, portanto
que o núcleo não possui conhecimento
suficiente para aproveitar o potencial
máximo dos resíduos orgânicos através da
compostagem já realizada. Sendo assim,
será necessário aprofundar o conhecimento
dos moradores, através de oficinas de
compostagem, com o objetivo de reutilizar
os orgânicos que estão sendo descartados.
Em relação ao papel, foi verificado que a
quantidade gerada são resíduos de material
escolar, como livros e cadernos, que
SARUWATARI, Yasmin Kashiwaguti; FARIAS, Andréa Asmus.
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diariamente eles produzem aproximada-
mente 0,13 kg/habitante, e segundo o IBGE
(2008) cada habitante produz cerca de 1,2
kg/dia. E através da tabela 1, Percebe-se que
além do pequeno valor em peso encontrado
há também pequeno valor em volume, e que
se for compactado pode diminuir ainda mais
em sua destinação final.
Plástico
17%
Papel
25%
9%
poderão ser utilizados para artesanato e ser
reciclados.
De acordo com a figura 1, o plástico
é a categoria encontrada em peso com valor
mediano, pois este faz parte de todas as
residências, compondo as embalagens dos
produtos. Já o alumínio e o vidro foram às
categorias encontradas com menor
quantidade de peso, pois não é costume do
núcleo consumir produtos em recipientes
destes materiais.
No geral, os resíduos gerados do
núcleo foram a erva de tereré, restos de
comida, cadernos, livros, caixas de papelão,
embalagens plásticas e de papel, poucas
latas de alumínio, e alguns recipientes de
vidro. Já a geração de resíduos não

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recicláveis era basicamente constituída de
buchas, fios elétricos e esponjas de aço.
A etapa de qualificação e
quantificação dos resíduos foi realizada em
Tabela 1: Média semanal de cada categoria do lixo do núcleo estudado, considerando o
volume e o peso de coletas de três semanas - Ago. 2014
PLÁSTICO PAPEL VIDRO
Volume 0,1295 0,1431 0,0061
(m³/semana)
Peso 3,113 4,840 0,0061
(kg/semana)
Geração, Acondicionamento e destinação
dos resíduos sólidos
No núcleo, as atividades que geram
resíduos são as rotineiras de uma casa,
criação de animais e a horta. Os resíduos
gerados são acondicionados em sacolas e
tem como destinação final a compostagem,
reutilização e a queima, dependendo do
resíduo gerado. Dessas atividades as que
mais geram resíduos são as rotineiras de
uma casa (tomar café da manhã, almoçar,
jantar e preparo destas refeições), já que o
resíduo gerado nas demais é reutilizado nas
atividades da comunidade.
Os resíduos gerados na criação de
animal - esterco de gado e galinha são
utilizados para adubar a horta. Esses animais
e os de estimação, não são alimentandos
com ração e sim com os restos de alimentos,
não gerando assim resíduos de embalagens
referentes à alimentação. Em relação à
horta, os tipos de resíduos gerados são as
embalagens de algumas sementes, mas que
são jogadas no lixo da casa do responsável
pela horta.
Percebe-se então que a geração de
resíduo deste núcleo familiar é pequena, por
conta da reutilização de matéria orgânica em
suas atividades e também pelo fato dos
moradores se alimentarem dos produtos da
própria comunidade, não consumindo
produtos embalados. Outro fator que
contribui para pequena geração de resíduos
do núcleo é relacionado com o pouco tempo
que ficam na comunidade, 60% da
população fica o dia todo fora de casa e
SARUWATARI, Yasmin Kashiwaguti; FARIAS, Andréa Asmus.
49
três (3) semanas de um mesmo mês e não
foi observado neste período a geração de
resíduos eletrônicos, lâmpadas e pilhas.
ALUMÍNIO ORGÂNICO N. REC. TOTAL
0,0074 0,0423 0,0159 0,2876
0,720 7,060 1,320 18,673
apenas 20% ficam todos os períodos na
comunidade. No final de semana todos estão
presentes, sendo os dias com maiores
produções de resíduos. Semanalmente, aos
sábados todos os moradores do núcleo
almoçam juntos em uma casa escolhida para
a realização do culto, sendo assim neste dia
o tipo de resíduo mais gerado é o orgânico.
O acondicionamento dos resíduos é
feito da mesma forma em todas as casas. Os
moradores acumulam o lixo em sacolas
plásticas dentro de casa e diariamente levam
para a parte externa da casa e acondicionam
em tambor ou recipiente similar, para
posteriormente ter sua destinação final.
Alguns tipos de resíduos são utilizados no
momento de sua geração, como por
exemplo, os resíduos orgânicos para
alimentação dos animais, e outros são
acumulados para posterior utilização, como
por exemplo, a matéria orgânica utilizada na
compostagem.
Como a produção total de resíduos
da comunidade é baixa, tanto em peso como
em volume, não há preocupação com novos
coletores, pois aqueles que já estão sendo
utilizados na comunidade são suficientes
para quantidade de lixo que eles geram,
sendo necessárias apenas algumas
modificações.
A destinação final dos resíduos que
não foram reutilizados é a queima, pois não
é realizada a coleta do lixo gerado na
comunidade por nenhum agente externo. No
entanto, todos os entrevistados responderam
que não levariam o resíduo até o local onde
o caminhão de lixo passa, pois há

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dificuldades em transportar o mesmo. A
distância da comunidade até a cidade é de
aproximadamente 18 km, o que hoje
dificulta os moradores a separarem seus
lixos e trazerem até uma recicladora. Por
contas dessas dificuldades, a elaboração do
plano de gerenciamento de resíduos sólidos
necessitara incluir atividades de educação
ambiental visando os 3R’s, de forma que a
comunidade passe a ter menor geração
possível de resíduos e também deverá ser
previsto uma nova forma de destinação
final.
A queima é uma forma de
gerenciamento que pode ser observada em
uma das Comunidades Quilombolas do
Mato Grosso do Sul - MS, a Furnas do
Dionísio localizada no município de
Jaraguari. Esta comunidade destina os
resíduos à queima e ao abandono em
terrenos, pois não possui coleta de resíduos
(ANDRINO; LIMA, 2013). Percebe-se
então que as realidades das Comunidades
Quilombolas situadas em áreas rurais do
estado do MS são bem próximas, no que se
refere ao saneamento básico.
Através de estudos realizados em
outras comunidades rurais também foi
identificada a prática da queima, justificada
pelo fato de não possuírem coleta seletiva e
o auxílio municipal ser precário ou
inexistente (CABANA; COSTA; SOUZA,
2009).
Assim, percebe-se que diferentes
comunidades rurais enfrentam as mesmas
dificuldades de saneamento básico e
inexistência de coleta de resíduos Foi visto
ainda que a falta de auxílio dos órgãos
municipais é possivelmente pelo descaso
com essas comunidades e também pela
dificuldade de acesso.
Como pode ser observado na tabela
01, o volume de resíduos não recicláveis
possui um valor baixo, podendo assim ser
enterrado, uma vez que esse volume pode
ser reduzido ainda mais, caso seja
compactado.
SARUWATARI, Yasmin Kashiwaguti; FARIAS, Andréa Asmus.
50
Plano de gerenciamento de resíduos
sólidos da Comunidade Quilombola
Na tabela 02 estão descritas as etapas
resumidas do plano de gerenciamento. Tal
plano é composto pelas etapas de
segregação, acondicionamento, coleta,
transporte interno, armazenamento
temporário e destinação final, que serão
realizadas em paralelo com o programa de
educação ambiental.
Conforme a tabela 2, para que ocorra
a segregação é necessário que o material
esteja limpo e seco. Através da tabela 3,
para que isso ocorra de maneira correra
serão efetuadas oficinas de coleta seletiva de
como separar o material limpo e seco
correta serão efetuadas, para que
posteriormente os moradores possam
separar com a categoria adotada neste plano
– orgânicos, recicláveis e não recicláveis.
Nesta fase de segregação os resíduos
orgânicos serão separados no momento de
sua geração. Para o acondicionamento, serão
utilizados os próprios recipientes do núcleo.
Como há geração de caixas de papelão, elas
serão utilizadas como coletores também.
Esses recipientes serão pintados para melhor
identificação do tipo de resíduo que cada um
irá armazenar. Cada casa do núcleo deverá
ter os recipientes preto, verde e marrom no
local externo de cada casa. Conforme
percebido na tabela 2, o acondicionamento
dos resíduos não recicláveis será em sacolas
plásticas e dentro do recipiente, para que
elas mesmas possam ser enterradas.
Segundo a tabela 2 os resíduos do
tipo recicláveis, após serem devidamente
acondicionados, serão retirados de seus
recipientes e levados com carriolas ou no
próprio recipiente até o armazenamento
temporário. Os orgânicos serão utilizados no
mesmo dia de sua geração, na alimentação
dos animais e na compostagem. O
encaminhamento do resíduo até a
compostagem continuará sendo da mesma
maneira, em carriolas. Os não recicláveis,
serão carregados diariamente até o local
onde serão enterrados.
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Como pode ser notado na tabela 2 o entanto, existe uma loja na cidade, no qual
armazenamento temporário será o local os proprietários buscam materiais
construído para que os resíduos do tipo recicláveis em comunidades rurais. Em
recicláveis sejam armazenados até a sua contato com eles, foi visto que os mesmos
coleta. Esse procedimento é necessário, pois possuem disponibilidade de passar no
não há possibilidades dos moradores núcleo e recolher o material duas vezes por
retirarem os mesmos da comunidade e leva- mês.
los até uma destinação final correta. No

Tabela 02: Plano de Gerenciamento de resíduos sólidos da Comunidade Quilombola

Identificação Origem Segregação e Armazenamento Destinação final
acondicionamento temporário
Orgânico Cozinha Os resíduos orgânicos Não será necessário Compostagem e
que não serão utilizados alimentação dos
no momento de sua animais. Aquilo que
geração serão não puder ser
acondicionados dentro de reutilizado será
um recipiente marrom enterrado.
Plástico Cozinha Será acondicionado Será encaminhado para o Reciclagem,
diretamente no recipiente armazenamento reutilização na própria
de cor verde. temporário somente comunidade, e
aquele que estiver em enterrado.
condições de reciclagem.
Papel/papelão Cozinha, Será acondicionado Será levado para o Reciclagem,
sala e diretamente no recipiente armazenamento artesanatos,
quarto. de cor verde. temporário somente reutilização, e
aquele que estiver em enterrados.
condições de reciclagem e
confecção de artesanatos.
Vidro Cozinha e Será acondicionado em Será levado para o Artesanatos,
quarto seu recipiente específico, armazenamento reutilização e
de cor verde. temporário somente enterrados.
aquele que estiver em (Não será levado para
condições de confecção de reciclagem, pois a
artesanatos. recicladora não possui
estrutura para reciclar
esse tipo de material)
Alumínio Cozinha Será acondicionado em Será levado para o Reciclagem e
seu recipiente específico, armazenamento enterrado.
de cor verde. temporário somente
aquele que estiver em
condições de reciclagem.
Resíduos - Quando gerado será Será levado para o Reciclagem e
Perigosos acondicionado em um armazenamento apenas o enterrados.
recipiente específico, de material que será coletado
cor cinza. por agentes externos.
Não recicláveis/ Cozinha, Será acondicionado em Não irá para o Enterrados.
rejeitos sala, sacolas plásticas e dentro armazenamento
quarto e do recipiente, de cor temporário. Esse irá para
banheiro. preta. sua destinação final no dia
de sua geração ou quando
o responsável da casa
achar conveniente.

Na tabela 03 estão descritas ambiental, apresentando o tema, público

resumidamente como serão realizadas as alvo, periodicidade e descrição.
oficinas do programa de educação

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Tabela 03:Programa de Educação Ambiental do Plano de RS do núcleo estudado

TEMA PÚBLICO ALVO PERIODICIDADE DESCRIÇÃO
Oficina de Toda população adulta Profissional: 1 vez por As 4 primeiras oficinas serão
compostagem ano; ministrada por um profissional. As
posteriores serão realizadas pelos
membros da comunidade. Esta oficina
tem como objetivo ensinar a
comunidade utilizar o máximo
possível do material orgânico.
Oficina 3R’s Toda população – 1 vez por semestre Será ministrada por um profissional,
adultos e crianças com o objetivo de passar
conhecimentos práticos de redução,
reutilização e reciclagem.
Oficina de Toda população - 4 vezes durante a Será ministrada por um profissional,
conhecimentos adultos e crianças implantação do PGRS com o objetivo de passar
ambientais – lixo conhecimentos sobre os problemas
ambientais causados pelo lixo e suas
consequências.
Oficina de coleta Toda população – 1 vez por semestre Será ministrada por um profissional,
seletiva adultos e crianças com o objetivo de ensinar o que é
coleta seletiva, e como deverá estar o
material para reciclagem.
Oficina de resíduos Toda população – 1 vez por ano Será ministrada por um profissional,
perigosos adultos e crianças com o objetivo de mostrar o porquê
de serem perigosos e como deverão
ser descartados.

O armazenamento temporário será A Loja solidária também oferece

construído próximo ao local que atualmente
os moradores queimam o lixo. Esse será
feito de concreto, e com capacidade para
armazenar um volume de resíduos de 1,3734
m³. Este armazenamento ainda deverá ser
protegido da chuva, ter sistema de
ventilação e sistema de drenagem ao redor.
Nota-se pela tabela 2 que todo
material que não será reutilizado será
enterrado, pois ao verificar a possibilidade
com a SEMSUR do caminhão de lixo passar
na comunidade, foi visto que isso não será
possível.
Ainda de acordo com a tabela 2 tem-
se ainda como alternativa para o resíduo
gerado no núcleo a reciclagem, feita pela
empresa AGECOLD e a confecção de
artesanato. Isso será possível, pois os
proprietários da loja (Loja Solidária) que
buscam recicláveis trabalham com
confecção de artesanatos a partir dos
resíduos sólidos, e o reciclável que eles não
utilizam, retiram do núcleo e se
disponibilizam a levar até a AGECOLD.
oficinas de artesanatos com material
reciclado, o que futuramente, irá possibilitar
as mulheres do núcleo a confeccionar seus
próprios artesanatos, gerando renda e
diminuindo cada vez mais a necessidade
desta loja retirar os recicláveis da
comunidade.
Em relação aos orgânicos, será
realizado um melhoramento da
compostagem, atividade que a comunidade
já realiza. Como visto na tabela 3 para essa
atividade, haverá oficinas de compostagem
de forma prática, com um profissional, que
irá ensinar todos os moradores a utilizar o
máximo potencial dos resíduos orgânicos.
Posteriormente, após quatro (4) oficinas
ministradas pelo profissional, os
responsáveis pela compostagem passarão a
dar continuidade às oficinas. Esses já
estarão aptos a repassar o conhecimento
teórico e prático da compostagem para os
outros moradores. Além dessa atividade, os
moradores continuarão alimentando os
animais com o resíduo orgânico gerado.

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Para os resíduos do tipo perigosos,
quando houver geração de pilhas e
eletrônicos deverão ser acondicionados em
caixas de papelão e levados para o
armazenamento temporário, pois a Loja
solidária irá recolhê-los e realizar a
destinação correta. Em relação às lâmpadas,
essas deverão ser acondicionadas em sacolas
próprias e bem embaladas para ser
enterradas.
Como não há possibilidades de um
caminhão de lixo passar pela comunidade e
transporta-lo até um aterro sanitário, como
visto anteriormente, o resíduo do tipo não
reciclável, será enterrado, já que por lei é
proibida a queima a céu aberto. O local que
o resíduo passara a ser enterrado é o mesmo
em que atualmente é realizada a queima. E é
por conta dessa destinação, que o foco
principal do presente plano de
gerenciamento é a redução da quantidade de
lixo gerado e a máxima reutilização dos
resíduos na própria comunidade.
Para conseguir manter o foco da
pesquisa será realizado o programa de
educação ambiental em paralelo com o
plano de gerenciamento de resíduos sólidos.
Como visto na tabela 3, este programa será
realizado com oficinas práticas e terá como
objetivo conscientizar os moradores dos
problemas causados pelos resíduos sólidos,
mostrar as vantagens em se ter um
gerenciamento adequado dos mesmos e
aprimorar os conhecimentos práticos das
atividades já realizadas pelo núcleo.
O plano de gerenciamento de
resíduos sólidos elaborado para o núcleo
familiar será monitorado durante dois (2)
anos. Para que assim possam ser analisadas
se as etapas do plano estão sendo realizadas
corretamente, e o que será preciso modificar
para melhor atender o núcleo. Após o
termino do monitoramento será aplicado
novamente o questionário para verificar se
os moradores aprofundaram seus
conhecimentos ambientais e também as
formas de gerenciamento já realizadas por
eles – compostagem. Este questionário
servirá também para analisar se o núcleo
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está satisfeito com o novo gerenciamento de
resíduos sólidos.
Ao se aplicar o plano de
gerenciamento de resíduos sólidos será
verificada as possibilidades de se fazer
parcerias com órgãos ambientais, para que
esses fiquem informados das dificuldades
que a comunidade enfrenta com problemas
de saneamento básico. Ao informar esses
órgãos espera-se que futuramente eles
possam contribuir para o melhoramento da
infraestrutura da comunidade, aumentando
assim a qualidade de vida dos moradores.
E ainda, a pesquisa realizada não se
limita somente ao núcleo familiar estudado
da comunidade Dezidério Felippe de
Oliveira, podendo assim ser utilizado para
os outros dois (2) núcleos familiares desta
comunidade. Além dos outros núcleos
poderá ser utilizado também para
comunidades ribeirinhas e indígenas, uma
vez que questões relacionadas ao
saneamento básico são também algo
precário para elas.
Conclusão
Os resultados da pesquisa indicaram
que a população do núcleo familiar
quilombola estudado possui pouco
conhecimento relacionado aos problemas
ambientais causados pela atual destinação
final dos resíduos sólidos, a queima.
Percebe-se também que para a maioria deles
o lixo representa algo sem utilidade, e que
por conta disso, os moradores não possuem
a percepção de novas alternativas para o
resíduo gerado. Através da pesquisa foi
visto que há uma diferença cultural nas
formas de entender os resíduos sólidos, pois
alguns termos utilizados entre a pesquisa e o
núcleo possuíam significados diferentes.
Com os dados obtidos durante todo o
desenvolvimento deste trabalho, foi possível
elaborar o plano de gerenciamento de
resíduos sólidos para o núcleo familiar
estudado, e este plano deverá ser
monitorado durante dois (2) anos.
E foi possível concluir também que
para o novo gerenciamento de resíduos

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sólidos do núcleo as melhores alternativas
são as de manter o gerenciamento que eles
já realizam com o material orgânico –
compostagem e alimentação dos animais.
Além dessas alternativas, o plano de
gerenciamento de resíduos sólidos poderá
ser mais viável a partir da confecção de
artesanatos e reciclagem do material. Já os
resíduos não recicláveis, como são
produzidos em pequenas quantidades e não
tem como ser retirado da comunidade serão
enterrados, uma vez que essa destinação
causa menores impactos em relação à
queima.
Verificou-se também que o problema
do lixo rural ainda é pouco discutido e
estudado, sendo dedicados poucos recursos
específicos para a solução ou minimização
deste problema. E isso é uma realidade que
ocorre na Comunidade Quilombola
Dezidério Felippe de Oliveira, não possuem
recursos externos e vivem na precariedade.
Essa realidade não ocorre apenas nessa
comunidade, mas também em outras
comunidades rurais tradicionais.
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SARUWATARI, G.K. Comunidade Quilombola
Dezidério Felippe de Oliveira: Tradição, Política e
Religião entre os Negros da Picadinha. Dissertação
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Universidade Federal da Grande Dourados –
Dourados, 2014.