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Arte e liberdade:

um debate a partir do painel


Os Caminhos da Liberdade de Jandira Lorenz

Vanessa Bortucan de Oliveira


Graduada em Artes Visuais e mestranda em Teoria e História da Arte na Universidade do
Estado de Santa Catarina (PPGAV- UDESC).

Sandra Makowiecky
Professora doutora do programa de Pós-Graduação em Artes Visuais da linha de Teoria e
História da Arte na Universidade do Estado de Santa Catarina (PPGAV- UDESC).

Resumo. O intuito do texto é discorrer sobre o mural da série Caminhos da Liberdade de


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partir da problemática que envolve a situação da obra. Propõe-se enfatizar a importância
da arte como preponderante para pensar sobre a liberdade artística sob uma ótica
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vínculos que submetem a arte a regras pré-estabelecidas? Não há mais limites e fronteiras
intransponíveis? Há uma dissociação ao que se faz e ao que se exprime? Devido à
complexidade do assunto, a abordagem do texto está na liberdade de unir o tema da série
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Palavras-chave. Jandira Lorenz, arte, liberdade.

Art and freedom: a discussion from the panel Paths to Liberty of Jandira Lorenz
Abstract. The purpose of this paper is to discuss the mural series Paths to Liberty of
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from problems involving the art work situation. It is proposed to emphasize the
importance of art as preponderant to think about artistic freedom in a historical and
philosophical perspective.It was conquered freedom of artistic creation, being art free
from pre-established rules? Aren’t there more limits and boundaries insurmountable? Is
there a separation of what is done and what is expressed? Due to the complexity of the
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Keywords. Jandira Lorenz, art, freedom. 175

Revista-Valise, Porto Alegre, v. 3, n. 5, ano 3, julho de 2013.


Apresentação: o painel Caminhos da Liberdade, a artista e
implicações decorrentes
O presente texto tem por objetivo discutir a relação arte e liberdade a
partir da problemática que envolve a situação da obra Caminhos da Liberdade, de
Jandira Lorenz. Para isso, o artifício de aproximação para introduzir o leitor ao
tema é apresentar primeiramente as monotipias da série.
Jandira Lorenz, nascida no interior do Rio Grande do Sul e radicada em
Florianópolis há 36 anos, formou-se em Artes Plásticas na Fundação Álvares
Penteado (FAAP - SP), concluiu mestrado na Escola de Comunicações e Artes na
Universidade de São Paulo (ECA-USP) e foi professora titular do Centro de Artes
da Universidade do Estado de Santa Catarina (UDESC) de 1976 a 1997. Estudou
todos os tipos de gravura; a gravura em metal aprendeu com Evandro Jardim, na
FAAP.

Fig. 1 - Jandira Lorenz. Série Caminhos da Liberdade, 1995/1996, monotipias s/ papel,


66,0 x 91,5 cm. Fonte: Acervo das pesquisadoras.

Realizado no ano de 1995/96, o painel Caminhos da Liberdade foi


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Cultural da Universidade Federal de Santa Catarina (DAC/UFSC). Para tal,
foram convidados três artistas, Flávia Fernandes (São Paulo - SP, 1956), Jandira
Lorenz (Dom Feliciano - RS, 1947) e Max Moura (Florianópolis - SC, 1949), para
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#)@*'-)#)0%.%"/'J;C/<'M'"'NL'$*'!"#$%&"':)-.B*-')'-1&"5'Caminhos da Liberdade,

Vanessa Bortucan de Oliveira, Sandra Makowiecky, Arte e Liberdade.


instalado a princípio no Centro de Convivência da UFSC, composto por vinte e
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DAC/UFSC no período de setembro de 1995 a fevereiro de 1996. A Universidade
Federal adquiriu uma prensa para desenvolver a proposta de tornar a Universidade
um local de criação e de divulgação cultural, além de também atender a uma antiga
aspiração dos artistas catarinenses.

Fig. 2 - Jandira Lorenz. Série Caminhos da Liberdade, 1995/1996, monotipias s/ papel,


66,0 x 91,5 cm. Fonte: Acervo das pesquisadoras.

Há pouco mais de um ano, o mural foi retirado da parede do Centro de


Convivência devido às precárias condições do prédio, que na época foi interditado
para reforma, e até o presente momento nada foi feito1. Os painéis, embora
protegidos com moldura e vidro, estavam expostos à umidade das paredes do
local. As autoras deste artigo que pesquisavam a obra de Jandira Lorenz no ano de
2011, percebendo a situação, questionaram os responsáveis sobre o dano a que as
obras estavam expostas. Em razão disso, as obras foram retiradas e levadas para a
galeria de arte da UFSC, localizada no piso inferior do prédio de Convivência. Em
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não permitida de estudantes alojados dentro do prédio e dentro da galeria onde
todas as obras se encontram, sem o consentimento e liberação do Departamento
Artístico Cultural (;C< 6). Além de conter objetos pertencentes ao patrimônio
da Instituição, não é um local apropriado para alojamento devido às condições
insalubres do prédio todo, que já deveria ter sido reformado.
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Revista-Valise, Porto Alegre, v. 3, n. 5, ano 3, julho de 2013.


Fig. 3 - Jandira Lorenz. Série Caminhos da Liberdade, 1995/1996, monotipias s/ papel,
64,0 x 88,5 cm. Fonte: Acervo das pesquisadoras.

Fig. 4 - Jandira Lorenz. Série Caminhos da Liberdade, 1995/1996, monotipias s/ papel,


32,0 x 92 cm. Fonte: Acervo das pesquisadoras.

Ao nos depararmos com esse tipo de situação, surgem questões sobre o


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sobre a natureza imaterial das obras de arte, que, como objeto palpável pertencente
a museus, galerias, coleções, deveriam ser prioridades resguardadas pelos órgãos
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cultural do local, e por isso mesmo lhes cabem a conservação e restauração de
um bem imaterial público. Diz Jorge Coli (2012, p. 5): “Essa noção – obra de arte
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Vanessa Bortucan de Oliveira, Sandra Makowiecky, Arte e Liberdade.


– traz, de modo imediato, a referência a uma coisa, um objeto palpável, que os
museus e coleções têm, por obrigação, de conservar, lutando contra o tempo que
passa e que altera inevitavelmente a matéria de que são feitas”. Sobre a natureza
imaterial, própria da obra de arte, Coli (2012, p. 5) acrescenta que “esse objeto
material, ao qual chamamos obra de arte, necessita desse princípio obsessivo de
conservação por um claro motivo. A obra é um unicum, algo que não pode ser
feito novamente”. Sob essa perspectiva, a obra de arte condensa um pensamento,
o qual Coli diz ser o pensamento da própria obra; portanto, sendo algo único, o
artista ao produzir uma obra emprega elementos que constituem um pensamento
objetivado e material. Esses pensamentos objetivados em forma de arte têm
relação com o mundo das coisas e dos homens, e inevitavelmente propõem
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Um quadro, uma escultura desencadeiam, graças à materialidade de que são feitos,
‘pensamentos’ sobre o mundo, sobre as coisas, sobre os homens. Esses ‘pensamentos’,
incapazes de serem formulados com conceitos e frases pela própria obra, provocam
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o universo cultural ao qual pertence, a geração da qual faz parte. O artista, ele próprio,
pode propor uma análise de sua criação. Ele será, porém, rigorosamente, apenas mais um
analista, como os outros o foram. (COLI, 2012, p. 1).

Portanto, não há um propósito de leitura da obra de Jandira Lorenz por


si, porém, pelo fato de esses painéis concretizarem plasticamente pensamentos
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=%C<'K'R'V1&"5'C&I;:)'Caminhos da Liberdade de Jandira Lorenz, Flávia Fernandes e Max Moura.


Centro de Convivência USFC. 1996. Fonte: Acervo das pesquisadoras.
Fig. 6 - Alojamento não autorizado de estudantes. Centro de Convivência, Universidade Federal de
Santa Catarina. Julho de 2012. Fonte: Acervo das pesquisadoras.
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Revista-Valise, Porto Alegre, v. 3, n. 5, ano 3, julho de 2013.


Arte e Liberdade: um debate
O artista trabalha com a formatividade expressiva e simbólica,
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monotipias de Jandira, percebemos personagens sempre com os corpos em
movimento, as mãos em ação, manifestando um pensamento em direção a algo. O
gesto da artista ao traçar as linhas, além de dar movimento ao desenho, dá leveza
às formas. A liberdade do gesto e de criação é algo intrínseco à arte e ao artista, e
a arte é o exercício de realização da liberdade. Segundo Hegel, “a arte é produção
humana, social e se destina à liberdade do pensamento humano, do seu espírito, da
sua expressão e da sua criação” (apud CANDA, 2010, p. 42).
Ao pensarmos na palavra liberdade dentro do contexto do mundo
artístico contemporâneo, qual seu sentido hoje ao analisarmos o ponto de vista da
história e os deslocamentos referentes à intervenção do artista no mundo?
Ao longo da história, essa palavra foi usada com seu sentido contrário, se
pensarmos, por exemplo, no indivíduo inserido no âmbito político e social, que
carrega acumulações culturais, noções religiosas e morais.
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a realidade do mundo” (apud NOVAES, 2002, p. 7). Por essa complexidade da
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e circunstâncias, pensar o tema com olhares diversos auxilia no campo de
entendimento. Para Hanna Arendt, ser livre parece ser possível apenas onde o
homem deixa o espaço público e adentra o isolamento do diálogo interior. Ela
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a ver com o indivíduo na esfera pública, pertence ao cidadão em consenso com
o outro, ser livre politicamente é ser livre em potência. A segunda é possível
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da sociedade política, imerso em sua esfera privada. Para ela, “somente é possível
tomar consciência da liberdade ou da sua falta no relacionamento com os outros,
na esfera da experiência, não do pensamento, ou no diálogo do sujeito consigo
mesmo” (apud RUBIANO, 2011, p. 1-16). Ser livre, segundo Arendt, é quando o eu
quero e o eu posso coincidem, é quando o homem entra de posse de sua potência
de pensar e agir.
Rousseau escreveu que o homem nasce livre, mas será que ao tornar-se
um cidadão essa liberdade não lhe é roubada? Será que viver em sociedade já não
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implica um paradoxo em relação à liberdade?

Vanessa Bortucan de Oliveira, Sandra Makowiecky, Arte e Liberdade.


Nas experiências decorridas no século XX há a separação entre política
e liberdade. O nazismo, por exemplo, reforça essa incompatibilidade, pois criou
uma estrutura que de certo modo priva a escolha de ação do indivíduo preso a
uma lógica absurda, em que não existe possibilidade de coerência na polarização
maniqueísta (agir certo e errado). Uma liberdade que não é possível entender
e avaliar de modo simplista, mas que talvez possa ser pensada dentro de uma
estrutura política criada na qual não há lógica alguma.
De acordo com Novaes (2002, p. 8), o trabalho do pensamento consiste em
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tanto para a vida coletiva quanto para a vida individual, pensamos que tanto a
liberdade individual como a coletiva não podem ser explicitadas completamente,
mas talvez haja liberdade no momento em que essas vidas se voltarem a si mesmas,
aptas a se questionarem, refazendo e recriando novos modos de ver o mundo,
problematizando e revendo tudo o que já estava sedimentado, papel também que
cabe à arte, portanto, arte como caminho em direção à liberdade.
Espinosa, criticando um dos fundamentos da ideia de liberdade no
Ocidente que tem a ver com o princípio da vontade, faz a seguinte pergunta:
“o que pode o homem?” (apud NOVAES,' OPPO,' .<M]L<' H;&-"' W)@"*/' >1*' /*'
pensarmos como Espinosa, de que é livre apenas aquilo que decorre da própria
essência, isto é, causa de si, outra maneira de entendermos liberdade “não passa
de uma ilusão fundamental da consciência na medida em que ignora as causas,
imagina o possível e o contingente e acredita na ação voluntária da alma sobre o
:)&.)^<'W)@"*/';#"5%+"'$%+*#$)'>1*'[)'8)-*-'/9'Q'5%@&*,'.)%/,'#4)'.*5"'@)#0"$*,'
mas quando entra de posse de sua potência de agir” (NOVAES, 2002, p. 13).
O homem ao estar no mundo está sujeito a determinações exteriores: assim muitas vezes
ele não realiza a condição natural e humana de sua potência (que é ser livre) para se deixar
dominar, torna-se servo. (NOVAES, 2002, p. 8).

Há perspectivas diferentes sobre o tema, mas se escaparmos às


causalidades externas, às determinações exteriores, e permanecermos na essência
da consciência, seremos (como consciência) absolutamente livres. Segundo
Barbaras (2002, p. 182-183), essa liberdade como autonomia ontológica da
consciência não abrange toda a nossa experiência da liberdade. Só a consciência
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relação com a realidade externa, com aquilo que não depende da consciência. E ao
implicar uma relação com a realidade dada, ao mesmo tempo solicita o ato, o fazer. 181

Revista-Valise, Porto Alegre, v. 3, n. 5, ano 3, julho de 2013.


Assim, a liberdade concreta, segundo Barbaras, consiste num ato e, portanto, na
comunicação efetiva que esse ato estabelece entre o sujeito e o mundo.
Merleau-Ponty leva em conta todas as dimensões da existência, pois tenta
compreender as relações entre consciência e natureza, entre interior e exterior. Ou
ainda,
De unir a perspectiva idealista, segundo a qual nada é senão como objeto para a consciência,
e a perspectiva realista, segundo a qual as consciências estão inseridas no tecido do mundo
objetivo e dos acontecimentos em si. (MERLEAU-PONTY apud BARBARAS, 2002, p. 185).

Há uma situação dupla e concreta de nossa subjetividade, somos e


fazemos parte do mundo, participamos dele, dando-lhe sentido, e só existe o
mundo porque existe o sujeito pelo qual o mundo aparece. Esta é a complexidade
de nossa situação ontológica segundo Merleau-Ponty. O artista percebe, tem
consciência de algo porque está no mundo (ser-no-mundo), está em comunicação
com o mundo, ou melhor, é dentro do mundo e para o mundo. E o corpo é o
veículo do mundo, é o sujeito da experiência.
Estou como que misturado com ele, imerso nele... No gesto, a intenção não antecede
a realização: o gesto é a intenção como encarnada e, muitas vezes, é pelos meus gestos
que descubro as minhas próprias intenções. Entre mim e o meu corpo não há relação
de causalidade ou de contiguidade mas sim de identidade: não tenho um corpo, sou o
meu corpo. ... é esse corpo enquanto situado no mundo e sensível ao mesmo tempo, que
me põe em relação com o mundo e me torna capaz de aprendê-lo. É nesse sentido que
Merleau-Ponty pode escrever que ‘a consciência é o ser para a coisa por intermédio do
corpo’. (MERLEAU-PONTY apud BARBARAS, 2002, p. 185).

Merleau-Ponty mostra que não é possível entender o sentido de liberdade


sem considerar o fato de que qualquer ato, mesmo o mais abstrato ou o mais
intelectual, é um ato do corpo.
Ao falar dessas duas dimensões às quais a consciência se defronta com
a exterioridade resultando na ação, Merleau-Ponty faz-nos entender que é nesse
momento que a experiência do corpo busca dar um sentido ao que acontece, sem
negar essas exterioridades, pois é aquilo que orienta a ação, mas ao mesmo tempo
é o que se deve superar, é a fonte e obstáculo da transcendência. A liberdade está
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seu sentido próprio.
A partir disso, será a arte a única capaz de vivenciar a liberdade em sua
essência? O trabalho do artista consiste em transformar a matéria, dando-lhe um
182

Vanessa Bortucan de Oliveira, Sandra Makowiecky, Arte e Liberdade.


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É um trabalho de expressão, e a expressão não é a tradução ou a comunicação de uma ideia
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matéria e que, a rigor, não existia verdadeiramente antes de ser manifestado ou encarnado
numa obra. (BARBARAS, 2002, p. 188).

O fazer artístico é um ato de expressão, portanto, um ato livre, uma vez


que dá um sentido novo a uma matéria, numa situação que o indicava, ou até
exigia sem possuí-lo positivamente. Waltércio Caldas (apud RIBEIRO, 2006) diz
que a realização de uma obra ocorre à medida que vai encontrando condições de
transformar algo que não havia em coisa que existe. Sabemos que a força da obra
reside justamente na capacidade de fazer turbilhonar quebrando certezas, ainda
que incapaz de completude. Van Acker, em texto muito apropriado, pergunta e
responde:
Mas em que consiste então este Próprio e Único da Arte? O Próprio e Único da Arte,
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FICÇÃO. A FICÇÃO não existe fora da arte. Não existe nas ‘outras coisas’. As ‘outras
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que seja aquilo que não é; e fazer com que não seja aquilo que é. Toda atividade artística
atua sempre nessa região média entre o ser e o não ser. (VAN ACKER, 2012).

Para Merleau-Ponty (na interpretação de Renauld Barbaras, In: NOVAES,


2002), cabe-nos transcender e interpretar as situações dando-lhes sentido, como a
um artista transcender tudo o que já foi feito, no sentido criativo, pois cabe a este
interpretar tudo o que lhe foi apresentado em relação ao seu tema, porém, sem
repetir, mas utilizando-se de todo repertório como fonte de transcendência.
A vida nos dá o tema geral através das situações e nos incumbe interpretar o tema no
sentido em que um artista qualquer inscreve-se numa tradição e trabalha a partir de temas.
Mas a interpretação no sentido artístico é tudo menos repetição; ela é uma verdadeira
criação e, na realidade, o tema não existe fora das interpretações que ele possibilita. Nesse
sentido, na concepção merleau-pontiana da liberdade, não somos os atores, mas sim os
intérpretes, ou seja, os criadores da nossa vida. (BARBARAS, 2002, p. 188-189).

Em relação à intervenção do artista no mundo, ele é o sujeito que


questiona a liberdade e cria com referência ao mundo onde está imerso. Artistas,
independentes da sua época, participam do mundo de modo a colocarem
crenças em questão. Um exemplo citado por Jorge Coli em seu texto A Ética do
Artesão JOPPOL'E"5"'$*'a8&%/'_;5%,'1-'"&0%/0"'%#C5b/'#*C&)'>1*'1/)1'*-'/1"'0*5"'
A Santa Virgem Maria, exposta no museu do Brooklin em Nova York em 1999,
excremento de elefante2':)-'&*:)&0*/'*30&"?$)/'$*'&*@%/0"/'.)&#)C&I;:"/<'H')7&"' 183

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incomodou o prefeito na época, que deu um ultimato: ou o museu retirava a obra,
ou a prefeitura retirava a verba municipal destinada ao museu. Todavia, a obra foi
mantida na exposição em nome da liberdade artística.
Há muitos casos semelhantes, sendo um mais recente o da 29.ª Bienal de
São Paulo, em 2010, contra a série de desenhos Inimigos3 do artista pernambucano
Gil Vicente, em que o artista desenha a si próprio atentando contra a vida de
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Cardoso, o governador de Pernambuco Eduardo Campos, o senador Jarbas
Vasconcelos, entre outros estadistas estrangeiros, como o norte-americano
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Elisabeth da Inglaterra. A Ordem dos Advogados do Brasil de São Paulo, em nota
pública, pede a retirada dos trabalhos do artista antes da abertura da Bienal, pois
alega apologia à violência e ao crime, além de desrespeito contra as instituições
públicas.
Mesmo que consideremos que “A arte é o captar de outras formas de
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vida” (CANDA, 2010, p. 44), surge nessa questão outra igualmente importante: até
que ponto a liberdade de um pode seguir sem interferir na ação de liberdade do
outro?
Outra situação que citamos envolveu o protesto de Cildo Meirelles
realizado para a 27.ª Bienal Internacional de São Paulo, “Como Viver Junto”,
baseado nos projetos construtivos de Hélio Oiticica. Naquela época, o banqueiro
Edemar Cid Ferreira havia sido reeleito membro do Conselho da Instituição
Bienal de São Paulo e condenado a 21 anos de prisão por crime contra o sistema
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entrevista para o jornal Folha de São Paulo (FIORATTI, 2006), Meireles declarou: “É
desmoralizante, mediocrizante, para a Bienal compactuar com esse gangsterismo.
Ridículo imaginar alguém de dentro da prisão tomando parte nas decisões de
uma instituição tão importante”. A repercussão da atitude de Meireles fez com
que o Conselho Deliberativo da Fundação Bienal de São Paulo excluísse de sua
composição o ex-banqueiro Edemar Cid Ferreira. Mesmo assim, o artista não
voltou à Bienal, atitude que de certa forma enfatiza sua presença no evento.
Será que sempre houve censura à arte? Respondendo a essa pergunta,
Coli (2002, p. 289-301) em seu texto relata o episódio que se passa em Veneza
com o artista Paolo Veronese chamado ao Tribunal do Santo Ofício após executar
184

Vanessa Bortucan de Oliveira, Sandra Makowiecky, Arte e Liberdade.


uma tela destinada ao refeitório do convento de Zanipolo, representando a Santa
Ceia. Após o interrogatório, o tribunal concluiu que o ambiente de festa retratado
era um desrespeito, e Veronese foi condenado a mudar o quadro, mas optou por
mudar o título para Ceia na casa de Levi e, deste modo, salvar a imagem.
Esses episódios estão separados por séculos, e o que os unem é a
problemática entre a criação e a liberdade artística. Há ainda limites e barreiras na
contemporaneidade as quais a arte deve cuidar para não ultrapassar? Levando em
consideração esses episódios, parece que o artista tem liberdade de produzir o que
pretende desde que respeite as crenças alheias. Porém, nos séculos XVI e XVII, a
arte tinha papel de veículo; a individualidade do artista era o meio de transmitir-se
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O artista, a partir do século XVIII, será um cidadão como um outro, com a mesma
autonomia e liberdade de pensamento de qualquer um. É verdade que para os iluministas
esta liberdade de pensamento – não apenas nas artes, mas em todos os domínios – estava
condicionada a um princípio racional. Ou seja, todos são livres, mas cada um é portador
da mesma razão universal que nos une; ou seja, eu sou livre para ser racional. Espera-se do
artista uma posição pessoal em relação aos acontecimentos da história, mas espera-se do
artista a boa escolha, isto é, a escolha racional. (COLI, 2002, p. 292).

Jacques-Louis David, pintor da Revolução Francesa, é um exemplo de


artista que toma posição, faz escolhas. Ele faz uma escolha política ao transparecer
suas opiniões em suas pinturas, como fez com sua célebre obra A morte de Marat, de
1793, na qual transformou um líder político em mártir, de modo a imortalizar um
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nas regras estabelecidas por esse jogo.
Com os românticos, a posição do jogo altera-se. Os artistas românticos
estabelecem-se na recusa do poder contra uma razão ditadora e contra a tirania
racional. É o caso de Géricault, com a Balsa da Medusa, em que há uma denúncia
metafórica. William Turner com a tela Navio Negreiro e Eugène Delacroix com
a Liberdade guiando o povo são outros exemplos de obras que não obtiveram
receptividade em sua época e encarnam as características acima mencionadas.
O artista romântico manifesta seu poder crítico como criador de um
poder autônomo que mostra uma posição individual não dissociada de sua obra.
Ele intervém no mundo com sua arte para denunciar e transformar o poder e a
ordem. O quadro de Delacroix é um exemplo, nasceu das revoltas parisienses
de 1830. Na obra, a mulher representando a liberdade coloca em cena uma
multidão em luta, mostrando-se não tão manipulável como esperado. A tela foi 185

Revista-Valise, Porto Alegre, v. 3, n. 5, ano 3, julho de 2013.


censurada. Segundo o governo (monarquia), exaltava as ações populares, algo
bastante ameaçador, pois era indesejável que o povo se manifestasse pelo direito
de liberdade.
Os românticos deixaram-nos uma herança de engajamento que ia
de encontro ao oposto durante séculos, já que os artistas tinham uma posição
obediente em relação aos ideais políticos. O pós Segunda Guerra Mundial trouxe
uma mudança de postura, a discussão em torno do papel das artes, necessária
devido à sensibilidade trazida pela própria época. O engajamento não desmerece
e implica a qualidade do objeto artístico, mas será que o artista consegue produzir
grandes obras, abdicando de sua liberdade individual?
A própria História responde que a qualidade e a intensidade de uma obra
de arte não dependem da liberdade, mas de como as circunstâncias atingem e
estimulam o artista em sua produção. Pablo Picasso é um exemplo moderno
esclarecedor, pois sua grande empreitada com Guernica tinha mais a ver com a
intensidade do fato em si e para ele.
Uma grande obra depende da maturidade do artista em relação ao modo
como as situações o afetam, pois pinturas extraordinárias também foram feitas em
períodos difíceis, de controle e submissão por determinados governos de certos
países. Nem períodos de censura restringiram e reduziram as forças da arte, pelo
contrário, em muitos casos são estimulantes para grandes criações.
[...] não é possível estabelecer uma regra geral. Nem sempre a censura é positiva para a
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mais profundas convicções éticas- algo abominável e indesejável, não há dúvida. Porém,
a ausência de censura não é condição necessária para a criação de grandes obras, nem sua
presença impede, também, a realização de grandes obras. (COLI, 2002, p. 296-297).

Contudo, como diz Coli, nesse campo não há regras e previsões possíveis.
Sempre há coisas que permanecem no campo do mistério. Hoje a questão da
liberdade concentra-se não na qualidade do objeto artístico, mas em favor da
liberdade de expressão; por isso, não aceitar que crenças e diferenças (culturais,
políticas e religiosas) coloquem-se como resistência deve ser algo a ser perseguido.
O que deve importar não é se o artista tem ou não desejo de insultar ao criar, mas
a potência da linguagem que a obra por si mesma adquire e expressa. A partir do
momento que o artista termina sua obra, ela se torna autônoma, passa a ter vida
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noção dos efeitos ou extensão de sua própria criação. “Nessa perspectiva, não há
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Vanessa Bortucan de Oliveira, Sandra Makowiecky, Arte e Liberdade.


nada que possa limitar a liberdade, senão aquilo que ela mesma determinou como
limite por suas iniciativas, e o sujeito só tem o exterior que ele se dá.” (BARBARAS,
2002, p. 181). Somos livres, nas iniciativas como nas paixões, na escravidão como
na cidadania. Como somos radicalmente diferentes das coisas do mundo, “de nós
ao mundo nada pode passar” (BARBARAS, 2002, p. 181).
A obra de arte nasce livre (é autônoma), questiona e coloca-se como
leitura do que está disposto no mundo, diferentemente de uma sociedade que se
torna livre (adquire autonomia) quando está apta a questionar-se.
Considerações
O descaso com a série Caminhos da Liberdade revela nossa impotência de
lidar com o assunto, mesmo que estejamos livres para questionar o que está sendo
feito das obras. Será que nos sentimos libertos frente à impotência de que somos
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obra chamada Caminhos da Liberdade, se hoje nada podem fazer para tirá-las de um
esquecimento frente ao descaso com que a obra está sendo tratada? Uma obra
que trata de liberdade, que mostra símbolos que nos remetem à leveza, alude ao
ato de voar, mostra pássaros, símbolo da paz, mostra braços levantados em sinal
de conquista, o mundo em forma de um globo iluminado, a dança dos corpos
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ao próximo, pode estar refém de uma situação em que os caminhos da liberdade
tornaram-se caminhos sem ação, de inércia e desrespeito?
Como dito acima, o homem só é livre, não pela vontade, mas quando
entra de posse de sua potência de agir. E se ação implica atos, como distinguir um
ato verdadeiramente livre? Como dar conta da nossa experiência da dependência
para com as circunstâncias? Como dar conta da responsabilidade, enquanto ela
remete à liberdade do ato? Será que devemos concluir pela impossibilidade de
conciliar uma concepção existencial com uma concepção moral ou política da
liberdade? – pergunta Renauld Barbaras (2002, p. 189). Se a série de trabalhos que
aqui tratamos nasceu livre (e autônoma), questionou e colocou-se como leitura do
que está disposto no mundo, diferentemente de uma sociedade que se torna livre
(adquire autonomia) quando está apta a questionar-se, e se estamos questionando,
o que falta fazer? Se o homem só é livre, pois, não pela vontade, mas quando
entra de posse de sua potência de agir, o que devemos fazer é agir, colocando
em evidência pública o descaso com a importância que o painel representa para
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Revista-Valise, Porto Alegre, v. 3, n. 5, ano 3, julho de 2013.


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debate para o contexto artístico local em prol de minimizar os riscos de seu
esquecimento, visando à sensibilização estética e política.

1
Este artigo foi elaborado em julho de 2012.
2
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áridas, sendo vital para o plantio.
3
Os dez desenhos da série Inimigos'&*0&"0"-')'.&9.&%)'"&0%/0"'"0*#0"#$)':)#0&"'"'@%$"'$*';C1&"/'
públicas. O ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, o Papa Bento XVI e o presidente do Irã,
Mahmoud Ahmadinejad, por exemplo, aparecem sob a mira de uma pistola.

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Artigo recebido em setembro de 2012. Aprovado em janeiro de 2013.


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Revista-Valise, Porto Alegre, v. 3, n. 5, ano 3, julho de 2013.

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