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ISSN 0100-7084

COMUNICADO
TÉCNICO Normas Técnicas para
378 Produção Integrada de
Amendoim
Campina Grande, PB
Outubro, 2019
Augusto Guerreiro Fontoura Costa
Dartanhã José Soares
Raul Porfirio de Almeida
Tais de Moraes Falleiro Suassuna
Tarcisio Marcos de Souza Gondim
2

Normas Técnicas para Produção


Integrada de Amendoim1
1
Augusto Guerreiro Fontoura Costa, engenheiro-agrônomo, D.Sc. em Agronomia, pesquisador
da Embrapa Algodão, Campina Grande, PB. Dartanhã José Soares, engenheiro-agrônomo,
D.Sc. em Fitopatologia, pesquisador da Embrapa Algodão, Campina Grande, PB. Raul Porfirio
de Almeida, engenheiro-agrônomo, Ph.D. em Production Ecology & Resource Conservation,
pesquisador da Embrapa Algodão, Campina Grande, PB. Tais de Moraes Falleiro Suassuna,
engenheira-agrônoma, D.Sc. em Genética e Melhoramento, pesquisadora da Embrapa
Algodão, Núcleo do Cerrado, Goiânia, GO. Tarcisio Marcos de Souza Gondim, engenheiro-agrônomo,
D.Sc. em Agronomia, pesquisador da Embrapa Algodão, Campina Grande, PB.

de deficit hídrico prolongado (Martins,


Introdução 2018).
O agronegócio do amendoim no A alta produtividade, apesar de ser
Brasil passou por diversas modifi- um importante fator de contribuição
cações desde meados de 2000, em para rentabilidade, não é suficiente para
função da adoção da adoção de di- garantir a competitividade dos produtos
versas tecnologias, como cultivares agrícolas, tanto no mercado internacio-
tipo “Runner”, melhorias na mecani- nal quanto nacional. A segurança dos
zação, ajustes no manejo da cultura alimentos é reconhecida como um fator
e implementação de novos processos cada vez mais importante, pois visa ga-
de armazenamento e processamento rantir uma produção sem riscos à saúde
(Sampaio, 2016). Como resultado, a do consumidor. Diversos protocolos
produção de amendoim tem aumen- de certificação da cadeia de produção
tado constantemente, alcançando são exigidos pelo mercado nacional e
maiores produtividades, suprindo a internacional do amendoim, visando
demanda do mercado interno, e ex- promover a qualidade dos alimentos
portando o excedente (cerca de 70% com amendoim e a preferência dos con-
da produção) na forma de produtos se- sumidores, por meio da identificação de
mielaborados de alto valor agregado e selos de qualidade.
óleo. O amendoim é cultivado princi-
palmente em áreas de renovação de No Brasil, a iniciativa pioneira em cer-
canaviais ou pastagens nas regiões tificação do amendoim foi da Associação
da Alta Mogiana e Alta Paulista, no Brasileira das Indústrias de Chocolate,
estado de São Paulo, com crescimen- Cacau, Amendoim, Balas e Derivados
to médio da produção de 12% ao ano (Abicab), que lançou o programa Pró-
entre 2007 e 2017. Em 2014, houve Amendoim em 2001 – um programa de
queda na produção, em decorrência autorregulamentação e expansão do
3

consumo do amendoim, com foco no A Norma Técnica Específica


monitoramento da contaminação por (NTE) para a Produção Integrada do
aflatoxinas, visando atender à legislação Amendoim, publicada em novembro de
nacional. Em 2002, foi lançado o selo 2016, contém 14 áreas temáticas com
“Amendoim de Qualidade ABICAB”, orientações obrigatórias, recomendadas
consolidando a imagem positiva do e proibidas, que: i) estabelecem os cri-
amendoim e estabelecendo uma identi- térios para escolha da região, condução
dade visual do Pró-Amendoim com seus do plantio, colheita e pós-colheita, in-
consumidores. cluindo práticas agrícolas que reduzem
a contaminação por aflatoxinas e o seu
Visando promover a contínua me-
monitoramento, bem como o de resíduos
lhoria dos processos produtivos e a
de agrotóxicos; ii) orientam os registros
competitividade do setor agrícola, o
de informações sobre a produção e
Ministério da Agricultura, Pecuária e
pós-colheita, conferindo rastreabilidade
Abastecimento (Mapa) criou o Sistema
ao processo produtivo; iii) promovem
de Produção Integrada Agropecuário da
cursos de capacitação para agricultores
Cadeia Agrícola, um sistema de certifi-
e técnicos.
cação da produção comprometido com
a obtenção de alimentos seguros. Desde 2017 o Mapa possui o
“Protocolo de controle de aflatoxinas
A Produção Integrada (PI) Brasil
tem como meta o estabelecimento de em amendoim destinado para União
normas reguladoras, constituindo-se Europeia”, ao qual os estabelecimentos
em elemento de apoio aos segmentos exportadores de amendoim destinado
produtivos que objetivem elevar os pa- ao bloco europeu para alimentação
drões de qualidade e competitividade. O humana e animal devem aderir. Em
processo de avaliação da conformidade seus termos, ficou estabelecido que o
da Produção Integrada Agropecuária amendoim deve ser produzido obser-
ocorre no âmbito do Sistema Nacional vando-se boas práticas agrícolas e de
de Metrologia, Normalização e Qualidade fabricação, evidenciada por meio de
Industrial – o Sinmetro (RAC PI Brasil, registros de controle. Em nota técnica, o
Portaria n° 443, de 23 de novembro de Departamento de Inspeção de Produtos
2011), além dos preceitos estabelecidos de Origem Vegetal (Dipov), estabele-
nas Diretrizes Gerais para a Produção ceu as orientações e padronização da
Integrada. Ao final dos processos pro- verificação oficial para aplicação do
dutivos, os produtos assim gerados referido protocolo, no qual informa que
recebem uma marca de conformidade, as boas práticas agrícolas devem seguir
garantindo que todos os procedimentos a Produção Integrada Brasil – Anexo
foram realizados dentro da sistemática VIII (NTE para Produção Integrada de
definida pelo modelo de avaliação da Amendoim).
conformidade adotado.
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A seguir é apresentada a Norma


Técnica Específica (NTE) para a
Norma técnica
Produção Integrada de Amendoim, específica para a
conforme definida por todas as insti-
tuições e empresas participantes de
produção integrada
sua elaboração e publicada pelo Mapa do amendoim
em 14 de novembro de 2016. A NTE
é acompanhada de comentários para A NTE-Amendoim, cujo texto en-
auxiliar a compreensão dos requisitos contra-se destacado em amarelo, foi
que definem as obrigatoriedades, as re- formulada com base nas premissas es-
comendações e as proibições para que tabelecidas pela Instrução Normativa nº
o amendoim seja certificado conforme 27, de 30 de agosto de 2010. Essa NTE
os preceitos da PI Brasil, possibilitando abrange todos os processos relativos
a utilização do selo Brasil Certificado a produção agrícola, colheita e pós-co-
(Figura 1). lheita do amendoim, conforme diretrizes
fixadas pelo Anexo da Portaria nº 443,
de 23 de novembro de 2011, do Instituto
Nacional de Metrologia, Qualidade e
Tecnologia (Inmetro).

1. Capacitação
1.1. Capacitação

Obrigatório:
1.1.1. O Responsável Técnico (RT)
deve ter atribuição e registro no Conse-
lho de Classe e ser capacitado em curso
conceitual sobre a Produção Integrada
Agropecuária (PI-Brasil) e em curso teó-
rico prático no processo produtivo de
amendoim, conforme ementa, com carga
horária mínima de quarenta horas e perio-
dicidade de treinamento de cinco anos.
1.2. Organização de produtores

Recomendado:
1.2.1. Capacitar os produtores em
Figura 1. Selo Brasil Certificado para certifi- atividade de organização associativa e
cação da Produção Integrada. gerenciamento da Produção Integrada de
Amendoim.
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1.3. Comercialização
ii) identificação, monitoramento e ma-
nejo integrado de insetos, doenças e
Recomendado: plantas daninhas;
1.3.1. Capacitar o RT pela atividade
iii) irrigação;
em comercialização e marketing.
iv) nutrição e adubação da cultura;
Deve se destacar que técnicos da ex-
tensão rural de instituições públicas ou v) semeadoras e arrancadores/reco-
vinculados a cooperativas ou associa- lhedoras;
ções de produtores, devidamente capa-
Capacitação técnica do responsável
citados em PI (Figura 2), podem atender
pela atividade em organização associa-
mais de uma unidade de produção de
determinada região. Essa possibilidade tiva e gerenciamento da PI-Amendoim.
ganha ainda mais importância nas situa- Capacitação técnica do responsável
ções em que o cultivo do amendoim é pela atividade em comercialização e
realizado em pequena ou média escala. marketing.
A ementa citada no item 1.1.1 da
Capacitação técnica do responsá-
NTE apresenta o seguinte conteúdo:
vel pela atividade nos processos de
Capacitação técnica do(s) produ- beneficiamento.
tor(es) ou responsável(is) pela proprieda-
de em manejo do cultivo de amendoim, Capacitação técnica em segurança
conduzido sob o Sistema de Produção do alimento para toda a cadeia de pro-
Integrada, principalmente em: dução conforme RDC 172 da Anvisa.

i) operação e calibragem de equipa- Capacitação técnica do(s) produ-


mentos e maquinários de aplicação de tor(es) ou do(s) responsável(is) em se-
insumos agrícolas; gurança no trabalho.
Fotos: Jair Heurt

A B

Figura 2. Aulas teórica (A) e prática (B) para capacitação em PI-Amendoim.


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Capacitação técnica do responsável A inscrição no CAR é o primeiro


pela atividade em conservação e manejo passo para obtenção da regularidade
do solo e água, proteção ambiental e no ambiental do imóvel e contempla: dados
sistema de reciclagem de embalagens. do proprietário, possuidor rural ou res-
ponsável direto pelo imóvel rural; dados
sobre os documentos de comprovação
2. Gestão Ambiental
de propriedade e ou posse; e informa-
2.1. Planejamento Ambiental ções georreferenciadas do perímetro do
Obrigatório: imóvel, das áreas de interesse social e
das áreas de utilidade pública, com a
2.1.1. Apresentar documento com- informação da localização dos remanes-
probatório emitido pelo órgão competente centes de vegetação nativa, das APPs,
do cumprimento da legislação ambiental.
das áreas de Uso Restrito, das áreas
consolidadas e das RLs. Mais informa-
Para o cumprimento da legislação am- ções sobre o CAR podem ser encon-
biental vigente é obrigatória a apresen- tradas na seguinte página da internet:
tação de documentação que comprove http://www.car.gov.br/#/.
a inscrição da propriedade no Cadastro Adicionalmente, deve-se atender
Ambiental Rural (CAR). Ações especifi- às legislações estaduais e municipais
cas para adequação quanto à legislação quanto a exigências específicas para
ambiental serão definidas para cada pro- cada estado e município. É importante
priedade, após inscrição no CAR. atender também à legislação vigente
Criado pela Lei nº 12.651/2012, no âm- quanto ao acondicionamento e descarte
bito do Sistema Nacional de Informação de embalagem de agrotóxicos (vide item
sobre Meio Ambiente (Sinima), e regula- 6.2). No caso do uso de irrigação tam-
mentado pela Instrução Normativa MMA bém se deve atentar para a qualidade da
nº 2, de 5 de maio de 2014, o CAR é um água e eficiência de seu uso (vide item
registro público eletrônico de âmbito na- 4.6).
cional, obrigatório para todos os imóveis
rurais, com a finalidade de integrar as 3. Sementes e Variedades
informações ambientais das proprieda-
3.1. Semeadura
des e posses rurais referentes às Áreas
de Preservação Permanente (APPs), de Obrigatório:
uso restrito, de Reserva Legal (RL), de 3.1.1. Utilizar somente semente cer-
remanescentes de florestas e demais tificada, conforme a legislação vigente.
formas de vegetação nativa, e das áreas 3.1.2. Utilizar cultivares comprovada-
consolidadas, compondo base de dados mente testadas e aprovadas para a região
para controle, monitoramento, planeja- onde será feito o cultivo.
mento ambiental e econômico e comba- 3.1.3. Realizar o tratamento de se-
te ao desmatamento. mentes com produtos específicos e re-
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gistrados para o amendoim no Ministério


podem ser consultados pelo Sistema
da Agricultura Pecuária e Abastecimento Agrofit (2019).
(Mapa). É importante salientar que a proibi-
Recomendado: ção de transitar com sementes sem a
documentação exigida pela legislação
3.1.4. Utilizar preferencialmente cul-
vigente, bem como utilizar sementes
tivares resistentes ou tolerantes às pragas
introduzidas no Brasil sem prévia auto-
e doenças e que tenham dormência nas
rização do Mapa visa atender aos crité-
sementes na época da colheita.
rios técnicos de mercado e utilização de
3.1.5. Semeadura no início do perío-
sementes, e tem como principal objetivo
do chuvoso.
garantir que o produto que está sendo
3.1.6. Rotação de cultura no máximo
comercializado atende os requisitos mí-
após dois ciclos de cultivo contínuo.
nimos de qualidade, de pureza genética,
Proibido: poder de germinação e fitossanitária.
3.1.7. Utilizar sementes sem origem
Mais detalhes podem ser obtidos na Lei
atestada e registro no Registro Nacional
n° 10.711, de 5 de agosto de 2003 e na
de Cultivares.
Instrução Normativa n° 9, de 2 de junho
de 2005, do Mapa.
3.1.8. Transitar com sementes sem a
documentação exigida pela legislação vi- Com relação às recomendações
gente do Mapa. para época de semeadura deve-se con-
3.1.9. Utilizar sementes introduzi- siderar a cultivar e o histórico de precipi-
das no Brasil sem prévia autorização do tações pluviométricas para se evitar que
MAPA, ainda que avaliadas e registradas a ocorrência de chuvas no final do ciclo
em outro país. da cultura comprometamos processo
de colheita e a qualidade do produto.
Conforme mencionado na norma, O ideal é que a semeadura seja feita
é obrigatório o uso de sementes conforme recomendado no Zoneamento
registradas, considerando-se cultivares Agrícola de Risco Climático (Zarc) para
testadas e aprovadas para a região. a cultura do Amendoim, que é publica-
Para saber se uma cultivar específica do anualmente por meio de portaria do
está ou não registrada para sua Mapa. Nessa mesma portaria, é possível
região recomenda-se consultar o site verificar quais são as variedades dispo-
níveis para plantio, pois diferentemente
do Registro Nacional de Cultivares
do RNC, que engloba todas as cultivares
(RNC), disponível no seguinte link:
registradas independentemente de as
http://sistemas.agricultura.gov.br/snpc/
mesmas estarem ou não disponíveis
cultivarweb/cultivares_registradas.php.
para comercialização, o Zarc disponi-
Para tratar as sementes, devem ser biliza apenas a lista de cultivares ainda
utilizados somente produtos registrados em produção pelos mantenedores. A
para esse fim junto ao Mapa, os quais consulta ao Zarc também pode ser feita
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via o aplicativo “Plantio Certo” disponível Obrigatório:


para o sistema Android.
4.1.1. Instituir caderno de campo ou
A recomendação de fazer rotação sistema informatizado para o registro da
de culturas, no máximo após dois ciclos origem e dos dados sobre o manejo da la-
contínuos de amendoim, deve-se ao fato voura e da produção.
de evitar o aumento de pressão de inó- 4.1.2. Comprovar a rastreabilidade no
culo nas áreas de cultivo, em especial campo até a entrada no beneficiamento.
de patógeno de solo. A escolha das es- 4.1.3. Todos os produtores do grupo
pécies a serem utilizadas para rotação deverão, individualmente, manter o regis-
de culturas com o amendoim, deve levar tro de dados atualizados e com fidelidade,
em conta além do retorno financeiro, os para fins de rastreabilidade nas etapas
possíveis benefícios para recuperação posteriores do processo.
do solo e controle de pragas e doenças.
O uso de caderno de campo ou de
3.2. Produção de sementes sistema informatizado para registro de
todas as ações relativas à condução e
Obrigatório:
manejo da cultura é um critério básico
3.2.1. Seguir as normas e padrões de da PI, isso porque serão esses cadernos
identidade e qualidade, conforme a legis- de campo que permitirão verificar se a
lação vigente. lavoura foi conduzida seguindo os pre-
ceitos da produção integrada e também
Os produtores de sementes obriga- permitirão fazer a rastreabilidade do
toriamente devem seguir a legislação lote, inclusive após o mesmo ter saído
vigente para atender às normas e pa- da propriedade rural. Existem diferentes
drões de identidade e qualidade. A modelos de caderno de campo, sendo
Instrução Normativa n° 45, de 17 de alguns mais simples e outros mais com-
setembro de 2013, referente à produção pletos. Quanto maior o detalhamento,
de sementes, com especificidades menor é o risco de se incorrer em não
voltadas a cultura do amendoim, pode conformidades com as normas da produ-
ser consultada no endereço eletrônico ção integrada de amendoim. Exemplos
do Mapa: http://www.agricultura.gov. de caderno de campo podem ser encon-
br/assuntos/insumos-agropecuarios/ trados em Suassuna et al. (2012).
insumos-agricolas/sementes-e-mudas/
publicacoes-sementes-e-mudas/ Cada produtor deverá possuir cader-
INN45de17desetembrode2013.pdf/view. no de campo individualizado, de forma
a permitir a rastreabilidade da produção
nas etapas posteriores do processo. Os
4. Sistema de cultivo e manejo
registros nos cadernos de campo devem
4.1. Registro de dados e informações indicar claramente qual lote/parcela da
de campo lavoura recebeu o tratamento, seja apli-
cação de fertilizantes ou de agrotóxicos,
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bem como outras práticas culturais. Os de abastecimento de produtos e insu-


dados devem ser fiéis às operações mos durante operações de pulverização,
realizadas e estas devem ser mantidas adubação, plantio, arranquio e colheita.
atualizadas de forma a permitir a ave-
riguação e rastreabilidade de todos os 4.3. Identificação de unidades de pro-
aspectos de produção. dução.

Obrigatório:
4.2. Definição da parcela
4.3.1 Georreferenciar as unidades de
Obrigatório: produção.
4.2.1. É a unidade de produção que
apresente a mesma variedade e esteja É obrigatório o georreferenciamento
submetida ao mesmo manejo e tratos cul- de todas as unidades de produção ou
turais preconizados pela Produção Inte- parcela. Considerando as particularida-
grada do Amendoim. des da cultura do amendoim, em espe-
cial para o estado de São Paulo, onde
A norma define que uma parcela é podemos considerar que as unidades
uma unidade de área que esteja ocupa- de produção são itinerantes, é impor-
da por uma mesma variedade e que tante que ao fazer o arrendamento o
esteja submetida aos mesmos tratos produtor certifique-se de que as glebas/
culturais, de modo que não existe uma áreas onde irá instalar as lavouras de
delimitação específica quanto ao tama- amendoim estejam previamente geor-
nho máximo e mínimo das parcelas. No referenciadas evitando assim possíveis
entanto, considerando que variações não conformidades. Caso essa informa-
quanto ao tipo de solo, declive da área e ção não esteja disponível, ainda assim
orientação geográfica podem influenciar é possível usar ferramentas disponíveis
os tratos culturais a serem aplicados é na internet para obter o georreferencia-
importante que essas características mento das unidades de produção.
sejam levadas em consideração quan-
do da definição das parcelas em áreas
4.4. Instalação da lavoura
de plantio mais extensas. Parcelas,
talhões, ou glebas, mais uniformes per- Obrigatório:
mitem uma maior rastreabilidade dos 4.4.1. Realizar a semeadura nas épo-
tratos culturais aplicados, além de pro- cas recomendadas em cada região produ-
piciarem o uso racional de defensivos tora.
agrícolas, pois permitem que as ações
Recomendado:
a serem realizadas sejam direcionadas
apenas para aquela parcela, e não em 4.4.2. Utilizar Semeadora com Sis-
toda a área de produção. A dimensão da tema de Distribuição de Sementes que
parcela deve considerar a capacidade permitam a obtenção de um estande ade-
operacional, em especial a capacidade quado.
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Para atender às normas da PI de boa adaptabilidade em quase todo ter-


amendoim a semeadura deve obriga- ritório nacional. Embora o amendoim
toriamente ser feita de acordo com a possa ser cultivado em quase todos os
época de plantio recomendada para a estados, a localização da lavoura para
região. Nesse sentido é importante que fins da PI-Amendoim deve levar em
sejam observadas as datas de plantio conta, principalmente, a necessidade
conforme preconizadas no Zarc, o qual hídrica da cultura, evitando que a mes-
é divulgado anualmente pelo Mapa por ma seja instalada em local com consi-
meio de portarias específicas. O não derável risco de deficit hídricos durante
atendimento dessa recomendação, as fases de enchimento e maturação
além de resultar em não conformidade dos grãos, bem como sob excesso de
quanto às normas da PI-Amendoim, chuvas na época da colheita, a fim de
pode colocar em risco o seguro agrícola. minimizar o risco de ocorrência de afla-
Adicionalmente, a NTE recomenda toxinas. Nesse contexto, é importante
que sejam utilizadas semeadoras com estar atento ao fato que áreas com
sistemas de distribuição uniforme de solos de textura mais argilosa implicam
sementes, de modo a permitir maior em maiores riscos de perdas da produ-
uniformidade do estande, o que por sua ção no processo de colheita. Deve-se
vez facilita as etapas posteriores de con- evitar também o plantio em áreas com
dução e manejo da lavoura. Contudo, no elevada pedregosidade, pois esta, em
caso de pequenos produtores que não geral, dificulta o plantio, o arranquio e a
dispõem de semeadoras mecanizadas, colheita do amendoim.
pode-se utilizar outros meios para reali-
zação do plantio, mas sempre priorizan-
4.6. Cultivo Irrigado
do a uniformidade do estande inicial.
Obrigatório:
4.6.1. Administrar a quantidade da
4.5. Localização
água de irrigação em função dos dados
Obrigatório: climáticos, da demanda da cultura do
amendoim e das características do solo.
4.5.1. Avaliar as limitações dos am-
4.6.2. Monitorar a irrigação, contro-
bientes de produção para implantação do
lar o nível de salinidade e a presença de
cultivo.
substâncias poluentes.
4.6.3. Utilizar técnicas de irrigação
que minimizem o consumo de água,
As normas obrigam que seja avalia-
conforme requisitos da cultura do amen-
da a condição de ambiente de produ-
doim.
ção (local) para a instalação do cultivo, 4.6.4. Utilizar os coeficientes de cul-
porém não especifica o que deve ser tivo (Kc) conforme requisitos da cultura.
avaliado. O gênero Arachis é originário 4.6.5. Realizar a irrigação de acordo
da América do Sul, assim sendo, possui com o tipo de solo e sistema de irrigação.
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Recomendado: 5.1.2. Efetuar a calagem e a aduba-


ção conforme orientações técnicas.
4.6.6. Realizar plantio em área irriga-
5.1.3. Utilizar calcários e fertilizantes
da visando prevenir a contaminação por
registrados no Mapa. Se necessário, o
aflatoxinas.
calcário deve ser incorporado tão logo a
parcela seja disponibilizada para o cultivo
Caso a cultura do amendoim seja do amendoim.
conduzida sob irrigação, a NTE exige 5.1.4. Utilizar práticas de manejo do
que sejam cumpridas uma série de solo e de culturas que minimizem as per-
observações visando a produção de das de nutrientes por erosão e por lixivia-
alimento seguro, e uso racional da água. ção.
A qualidade da água aplicada deve ser 5.2. Fertilização
monitorada e as aferições deverão es-
Obrigatório:
tar registradas no caderno de campo.
Deve-se optar por sistema de irrigação 5.2.1. Utilizar a fertilização conforme
que minimize a quantidade de água a orientação técnica.
ser utilizada. A irrigação deve ser feita,
com base no coeficiente de cultivo (Kc) e É obrigatório que seja realizada a
nas condições edafoclimáticas. Deve-se amostragem e análise de solo para
também monitorar a salinidade do solo. determinação das recomendações de
Sabidamente, o manejo da irrigação é calagem e adubação utilizando calcá-
uma importante ferramenta para minimi- rio e fertilizantes registrados no Mapa.
zar o risco e ocorrência de aflatoxinas. Considerando-se que em função de
A maior parte do amendoim no Brasil é cultivos anteriores, muitas vezes a área
cultivado no ciclo das águas, sem uso para a produção de amendoim é dispo-
de irrigação. No entanto, em locais onde nibilizada próxima a época de plantio
se dispõem de sistema suplementar de recomendada para a região, devem ser
irrigação essa pode ser utilizada para priorizadas fontes de calcário que permi-
reduzir o risco de ocorrência de fungos tam a correção mais rápida do solo.
responsáveis pela presença de toxinas,
Devem ser adotadas práticas para
atentando-se sempre para as necessi-
manejo de solo visando a sua conserva-
dades hídricas da cultura.
ção e consequente redução de perdas
de nutrientes por erosão e lixiviação.
5. Fertilidade e Nutrição da Planta
Entre os exemplos das principais medi-
5.1. Correção do Solo das a se adotar, tem-se o cultivo em cur-
vas de nível, terraceamento, cobertura
Obrigatório:
morta e o uso do plantio direto.
5.1.1. Amostrar o solo de zero a vinte
centímetros, conforme as recomendações O uso de fertilizantes deve se basear
técnicas e analisar quanto à fertilidade. obrigatoriamente nas recomendações
técnicas específicas para a cultura,
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tendo por base a análise química do Devem-se utilizar métodos de amos-


solo. A fixação biológica de nitrogênio tragem e de diagnóstico que facilitem
(FBN), com a utilização de bactérias do a tomada de decisão para definir a ne-
gênero Bradyrhizobium constitui alterna- cessidade ou não de intervenção. Para
tiva à fertilização nitrogenada. o caso do amendoim, existem alguns
métodos de amostragem de insetos,
6. Proteção Integrada da Planta principalmente em relação a ocorrên-
cia de tripes, que são baseados tanto
6.1. Monitoramento de pragas
na quantificação da praga quanto na
Obrigatório: quantificação da injúria (Almeida et al.,
6.1.1. Avaliar e registrar a incidência
2015). Para as doenças, em especial as
de pragas regularmente. cercosporioses no estado de São Paulo,
6.1.2. Utilizar sistemas adequados de foi proposto um sistema de previsão e
amostragem e diagnóstico para tomada alerta para a tomada de decisão que leva
de decisões em função dos níveis defini- em consideração os níveis de incidência
dos para a intervenção, podendo ser utili- da doença e se as condições climáticas
zados manuais técnicos existentes. estão favoráveis para o desenvolvimen-
Recomendado: to do patógeno (Moraes, 1999).

6.1.3. Implantar infraestrutura neces- A escolha do método a ser em-


sária ao monitoramento das condições pregado pode variar dependendo da
agroclimáticas para o controle preventivo capacitação do agente responsável.
de pragas. Intervenções baseadas em calendário
de aplicação não devem ser utilizadas
Proibido:
visto que essas vão de encontro aos
6.1.4. Utilizar recursos humanos sem preceitos da produção integrada a qual
a devida capacitação. preconiza o uso racional de defensivos
agrícolas. É recomendada a implan-
É obrigatório realizar a avaliação e re- tação de estações de monitoramento
gistro periódico da incidência de pragas, agroclimático visando maior precisão no
no sentido amplo do termo, o qual inclui controle preventivo de pragas. A utiliza-
insetos, doenças e plantas daninhas. As ção de estações climáticas na própria
inspeções deverão ser feitas por pessoal propriedade permite um melhor acom-
capacitado, sendo que o uso de recur- panhamento das flutuações diárias de
sos humanos sem a devida capacitação temperatura, precipitação e umidade, ao
incorre em não conformidade grave, a logo do ciclo da cultura, as quais por sua
qual é proibida pela NTE-Amendoim. vez permitem maior precisão na tomada
Dessa forma, o pessoal responsável de decisão das intervenções a serem
pelo monitoramento de pragas deve ter realizadas.
capacitação em MIP, voltado a cultura
Para o monitoramento de plantas da-
do amendoim.
ninhas, deve-se levar em consideração
13

o histórico de infestação, as espécies mecanismos de ação para evitar os pro-


presentes antes do início do preparo da blemas com resistência, com base no
área para semeadura e aquelas que sur- conhecimento prévio da eficácia sobre as
gem após a emergência do amendoim. É espécies predominantes na área.
importante que se tenha conhecimento
para reconhecer ao menos as espécies 6.2. Agrotóxicos
predominantes, sendo possível utilizar
Obrigatório:
manuais de identificação de plantas da-
ninhas publicados no Brasil para auxílio 6.2.1. Priorizar manejo que utilize o
nesse monitoramento. O manejo integra- controle biológico e mantenha as popula-
do de plantas daninhas deve ser sempre ções de pragas abaixo do nível de dano
econômico.
preconizado para maior sustentabilidade
6.2.2. Utilizar produtos químicos re-
do sistema de produção e menor de-
gistrados, mediante recomendação do
pendência do controle químico. Nesse Receituário Agronômico, buscando prio-
contexto, o controle preventivo é funda- rizar práticas e manejo que reduza suas
mental por evitar ou reduzir o transporte aplicações.
de plantas daninhas para a área a ser
Recomendado:
cultivada. Sempre que possível, deve-se
planejar o manejo da cultura para que a 6.2.3. Elaborar tabela de uso de agro-
tóxicos por praga, tendo em conta a efi-
mesma seja mais competitiva, podendo
ciência e seletividade dos produtos, riscos
se destacar estratégias como época
de surgimento de resistência, persistên-
adequada de plantio, uso de cobertura cia, toxicidade, resíduos em grãos e im-
morta (plantio direto), cultivares adequa- pactos ao ambiente.
das às condições edafoclimáticas, maio- 6.2.4. Verificar se o pH da água da
res populações de plantas e o manejo calda é compatível com a molécula.
nutricional adequado. As intervenções 6.2.5. Utilizar as informações gera-
de controle devem ser planejadas para das em Estações de Avisos para orientar
os procedimentos sobre tratamentos com
que se mantenha a cultura no limpo no
agroquímicos.
período mais suscetível a competição ou
6.2.6. Alternar princípios ativos com
em que possam ocorrer interferências no modo de ação distintos no controle de
processo de colheita. O controle mecâ- pragas para evitar resistência.
nico pode ser realizado com o preparo
Proibido:
do solo quando não se utiliza plantio
direto ou quando o uso de enxada se 6.2.7. Aplicar agrotóxicos sem o devi-
mostrar necessário devido à presença do registro.
de espécies de difícil controle. Apesar de
existirem poucos herbicidas registrados É obrigatório utilizar apenas produtos
no Mapa para a cultura do amendoim, registrados para a cultura do amendoim
deve-se sempre tentar utilizar diferentes mediante Receituário Agronômico.
14

Para a utilização de agrotóxicos, é 6.4. Preparo e aplicação de agrotóxi-


importante que o profissional respon- cos
sável pela recomendação e emissão
do receituário agronômico esteja atua- Obrigatório:
lizado quanto aos produtos comerciais 6.4.1. Executar pulverizações exclusi-
efetivamente registrados para a cultura vamente em áreas de risco de epidemias
do amendoim no Mapa, devendo sem- e quando os níveis críticos de infestação
pre consultar o sistema Agrofit (2019). forem atingidos.
Misturas em tanque devem ser feitas 6.4.2. Obedecer às recomendações
considerando-se conhecimento prévio técnicas sobre manipulação de agrotóxi-
do efeito dessas combinações com base cos, conforme legislação vigente.
nas características e recomendações 6.4.3. Preparar e manipular agrotóxi-
específicas de cada produto, respeitan- cos em locais específicos e construídos
do as doses preconizadas. Conforme para esta finalidade.
6.4.4. Os operadores devem utilizar
lei, qualquer agrotóxico somente pode
equipamentos, utensílios, trajes e demais
ser receitado por um profissional legal-
requisitos de proteção, conforme legisla-
mente habilitado, com a observância
ção vigente.
das recomendações de uso aprovadas
no rótulo e na bula, conforme estabelece Proibido:
o Decreto n° 4.074/02. 6.4.5. Proceder à manipulação e
aplicação de agrotóxicos na presença de
6.3. Equipamentos de aplicação de crianças e pessoas não vinculadas ao tra-
agrotóxicos balho.
6.4.6. Empregar recursos humanos
Obrigatório:
sem a devida capacitação técnica.
6.3.1. Proceder a manutenção e a ca- 6.4.7. Preparar e depositar restos de
libração periódica, no mínimo uma vez a pesticidas e lavar equipamentos fora do
cada ciclo, utilizando métodos e técnicas local específico para esta finalidade.
recomendadas.
6.3.2. Manter o registro da manuten-
A calibração e manutenção periódica
ção e calibração dos equipamentos.
dos equipamentos de pulverização, bem
6.3.3. Os operadores devem utilizar
como a utilização de recursos huma-
Equipamentos de Proteção Individual,
conforme legislação vigente. nos capacitados para as operações de
pulverização são importantes por dois
Recomendado: motivos principais: economia de recur-
6.3.4. Os tratores utilizados na apli- sos e melhor qualidade de aplicação.
cação devem ser dotados de cabina. Um equipamento que não estiver devi-
damente calibrado resultará em perda
Proibido:
de produto e tempo de aplicação, e não
6.3.5. Empregar recursos humanos sem proporcionará uma cobertura uniforme
a devida capacitação. do alvo a ser protegido, isso por sua vez
15

acarretará em falha de proteção da plan- Produtos fora da data de validade não


ta, podendo resultar em necessidade de podem ser utilizados e a destinação dos
aplicações mais frequentes ou maiores mesmos também deve obedecer a legis-
perdas de produção. Adicionalmente, ao lação vigente. No entanto, o armazena-
se definir as parcelas, conforme preconi- mento temporário de produtos fora da va-
zado no item 4.2, restringe-se ao mínimo lidade pode ser feito no mesmo ambiente
a área a ser tratada, evitando a aplica- onde se encontram os produtos em uso,
ção indiscriminada de agrotóxicos em desde que aqueles estejam devidamente
toda a lavoura e permitindo um acompa- identificados e separados destes.
nhamento mais detalhado da eficiência
e da eficácia das pulverizações. Recomendações com maiores de-
talhes para a utilização de agrotóxicos,
principalmente no que se refere ao uso
6.5. Armazenamento de embalagens de de Equipamento de Proteção Individual
agrotóxicos (EPI), transporte, armazenamento, des-
Obrigatório: carte de embalagens e calibração de
equipamentos de aplicação podem ser
6.5.1. Armazenar agrotóxicos em lo-
cal adequado.
encontradas em manuais da Associação
6.5.2. Manter registro sistemático da Nacional de Defesa Vegetal (Andef) e
movimentação de estoque de agrotóxicos Agência Nacional de Vigilância Sanitária
para fins de processos e rastreabilidade. (Anvisa).
6.5.3. Fazer a tríplice lavagem e após
a inutilização, encaminhar a centros de 7. Colheita
destruição e reciclagem, conforme a legis-
lação vigente. 7.1. Ponto de arranquio

Recomendado: Obrigatório:

6.5.4. Promover a organização de 7.1.1. Observar o adequado grau de


centros regionais de recolhimento de maturação para determinar o ponto de ar-
embalagens para o seu devido tratamen- ranquio.
to, em conjunto com setores envolvidos, Recomendado:
governos estaduais e municipais, asso-
ciações de produtores, distribuidores e 7.1.2. Determinar o ponto de arran-
fabricantes. quio em função do ciclo da cultivar - ses-
senta a setenta por cento das vagens
Proibido: devem estar maduras, observando a co-
6.5.5. Reutilizar e abandonar embala- loração interna das mesmas.
gens e restos de materiais e agrotóxicos 7.2. Arranquio e inversão
em áreas de agricultura, sobretudo, em
regiões de mananciais. Obrigatório:
6.5.6. Estocar agrotóxicos sem obe- 7.2.1. Garantir a inversão adequada
decer às normas de segurança. das plantas (vagens voltadas para cima)
16

evitando que as mesmas fiquem em con- interno da casca espesso e branco e


tato com o solo, para favorecer a secagem a coloração da película das sementes
natural. também apresenta tonalidade mais es-
branquiçada. Logo após o arranquio é
7.3. Despencamento
obrigatório realizar a inversão das plan-
Obrigatório: tas (Figura 4), evitando que as vagens
7.3.1. Manter o amendoim no campo fiquem em contato com o solo, deixan-
até que a umidade dos grãos seja oito por do-as voltadas para cima para facilitar
cento no despencamento, quando não a secagem natural (“cura”). Essa é uma
houver estrutura de secagem artificial dis- etapa crítica no processo de produção
ponível. do amendoim. Quanto mais rápida for
7.3.2. Limpar adequadamente o ma-
a cura, menores as chances de con-
quinário para colher variedades diferen-
taminação por fungos produtores de
tes.
7.3.3. Regular as máquinas antes e micotoxinas. O objetivo é que os grãos
durante o despencamento para evitar da- atinjam uma umidade inferior a 8% no
nos nas vagens e grãos e a presença de menor intervalo de tempo possível.
impurezas. Quando não houver estruturas de seca-
gem artificial disponível, a retirada das
Para a produção integrada é obri- vagens das ramas (despencamento)
gatório observar o grau de maturação deve ser realizada com no máximo
para determinar o ponto de arranquio. 8% de umidade nos grãos, isso nor-
Normalmente a colheita do amendoim malmente implica na permanência do
se inicia quando pelo menos 70% das amendoim no campo por períodos mais
vagens atingem a maturação fisiológi- prolongados. Nesses casos é muito
ca completa, porém o momento mais
importante que sejam observadas as
adequado para o arranquio (Figura 3)
previsões de chuvas para os períodos
irá depender de vários fatores, sendo
subsequentes ao arranquio. Apesar do
o mais importante para a PI a minimi-
processo de colheita poder ser realiza-
zação do risco de ocorrência de aflato-
xinas e a observância dos períodos de do manualmente, o sistema mecaniza-
carências de agrotóxicos. A maturidade do predomina nas áreas tecnificadas
das vagens, em geral, é determinada onde o cultivo ocorre em maior escala
visualmente a campo e dependem da (Figura 5). Para a produção integrada é
experiência do produtor ou técnico res- obrigatório que o maquinário seja limpo
ponsável. Como regra geral, as vagens adequadamente quando são colhidas
maduras apresentam textura fina, sua variedades diferentes, além disso, as
face interna apresenta manchas de colo- máquinas também devem estar sempre
ração marrom e a película das sementes reguladas para evitar impurezas e da-
fica com a coloração bem definida. Já nos às vagens e grãos no processo de
as vagens imaturas apresentam o lado despencamento.
Foto: Augusto G. F. Costa 17

8. Pós-colheita
8.1. Transporte

Obrigatório:
8.1.1. Manter os veículos adequada-
mente limpos.
8.1.2. A carga deve ser adequada-
mente protegida.
8.2. Espera no pátio

Obrigatório:
Figura 3. Processo de arranquio e inversão
mecanizada do amendoim. 8.2.1. Proteger a carga de chuva.
8.2.2. Descobrir a carga em condi-
ções de sol e calor durante o período de
Foto: Dartanhã José Soares

espera.

Recomendado:

8.2.3. Realizar a descarga até 48 ho-


ras após o carregamento do amendoim no
campo.

O amendoim por ser um produto que


pode ser consumido in natura deve ter
um rigoroso controle em relação a lim-
peza dos equipamentos que entram em
Figura 4. Detalhe das plantas de amendoim contato com o mesmo, evitando a disse-
invertidas para secagem no campo. minação de possível agentes epidemio-
lógicos e ou tóxicos. Durante o transporte
a carga deve ser devidamente protegida
Foto: Dartanhã José Soares

de intempéries, principalmente chuvas,


porém evitando também a formação
de condensação e umidade quando da
excessiva exposição ao sol em ambien-
tes fechados, os quais podem facilitar
o posterior desenvolvimento de fungos
toxicogênicos, produtores de aflatoxinas
(Figura 6). É importante destacar que no
caso de beneficiadoras onde nem todos
os produtores seguem as normas da pro-
Figura 5. Processo de colheita e despen- dução integrada, toda e qualquer etapa
camento mecanizado do amendoim.
18

deverá claramente permitir a separação recebimento, com nome do produtor, mo-


física entre os lotes provenientes da torista, variedade, propriedade.
produção integrada, daqueles que não o 8.3.5. Instituir sistema de identifica-
são. Ou seja, o transporte, a limpeza e o ção por códigos, para cada lote que chega
beneficiamento dos lotes da PI deverão na beneficiadora.
ser feitos separadamente.
É obrigatório o uso de caderno de
Foto: Dartanhã José Soares

pós-colheita ou de sistema informatiza-


do para registro de todas as ações re-
lativas a saída do amendoim do campo
até a expedição do produto, visando à
comprovação de Boas Práticas, seja de
transporte, de manuseio e/ou beneficia-
mento. Quanto maior o detalhamento,
menor é o risco de não conformidades.
Exemplos de caderno de pós-colheita
podem ser encontrados em Suassuna et
al. (2012). Os dados devem ser fiéis as
Figura 6. Carga de amendoim devidamente operações realizadas e estas devem ser
deslonada durante espera no pátio em dia de
sol.
mantidas atualizadas de forma a permitir
a averiguação e rastreabilidade de todas
as etapas realizadas. Recomenda-se
8.3. Sistema de Rastreabilidade
que sejam adotados sistemas codifica-
Obrigatório: dos, para identificar cada lote que chega
8.3.1. Instituir cadernos de pós-co- à beneficiadora. O ideal seria adotar um
lheita ou sistema informatizado para o re- sistema alfanumérico que permita a rápi-
gistro de dados sobre aplicação de Boas da e segura identificação das principais
Práticas a partir da saída do amendoim do informações do lote, isto é, produtor,
campo até a expedição do produto. variedade, propriedade, data/hora de
8.3.2. Comprovar a rastreabilidade a recebimento, entre outras.
partir da saída do amendoim do campo
até a expedição do produto.
8.4. Descarga em moegas
8.3.3. Todos os produtores deverão
manter o registro de dados atualizados e Obrigatório:
com fidelidade, para fins de rastreabilida-
8.4.1. Realizar amostragem para aná-
de de todas as etapas do processo.
lise de triagem em relação à aflatoxinas,
Recomendado: para cada carga representativa de uma
área de produção ou propriedade, obe-
8.3.4. Manter o sistema de identifi-
decendo o plano de amostragem descrito
cação de cada lote que chegar à bene-
nos ítens 9.1 e 9.2.
ficiadora, com identificação da carga no
19

8.4.2. Retirar amostra para realizar


proceder a amostragem para determina-
análises de matérias estranhas, de impu- ção de matérias estranhas, impurezas
rezas e de umidade. e umidade do lote/carga. A análise para
aflatoxinas leva entre alguns minutos
Recomendado:
até poucas horas. Existem diversos kits
8.4.3. Realizar análise de aflatoxinas disponíveis no mercado e a escolha do
por método rápido (Kit). mais adequado irá depender de vários
8.4.4. Podem ser formados novos lo-
fatores, como por exemplo, precisão mí-
tes a partir de características importantes,
nima do método, custo, disponibilidade,
como por exemplo, teores de aflatoxinas
entre outros. É importante salientar que
em relação à destinação final dos lotes.
os limites máximos estabelecidos pelo
mercado consumidor também devem
A amostragem para triagem inicial dos influenciar na escolha do método/kit de
níveis de aflatoxinas pode ser feita tanto detecção de aflatoxinas. A utilização
por meio de amostradores automáticos desses kits não desobriga a coleta e
quanto por meio da retirada de amostras envio de amostras para laboratórios cre-
durante o processo de descarga na denciados para análise de aflatoxinas,
moega (Figuras 7 e 8, respectivamen- conforme item 9.
te). Adicionalmente, deve-se também

Foto: Dartanhã José Soares

Figura 7. Processo de amostragem, por meio de amostrador pneumático da carga de amendoim


que chega do campo.
Fotos: Dartanhã José Soares 20

A B

Figura 8. Carga de amendoim vinda do campo sendo descarregada na moega por gravidade
com auxílio manual (A) e por esteira acoplada ao caminhão (B).

8.5. Registro e tratamento de não con- A não conformidade e ações corre-


formidades tivas devem ser sempre registradas.
Por exemplo, no caso de uma auditoria
Obrigatório:
interna em que foi anotada uma não
8.5.1. O registro de não conformida- conformidade quanto a correta proteção
des será feito em formulários específicos da carga durante o transporte, o respon-
nas listas de verificação das etapas de
sável técnico terá que descrever quais
campo e pós-colheita.
medidas foram tomadas para corrigir
Proibido: essa não conformidade. Exemplo de
8.5.2. Não registrar as não conformi- medidas que poderiam ser adotadas:
dades nos formulários apropriados. orientação ou treinamento de todos
os colaboradores ou prestadores de
8.6. Registro e implantação de ações
corretivas serviço envolvidos com o transporte do
produto após a colheita, verificação das
Obrigatório:
condições de proteção do produto nos
8.6.1. O responsável técnico deverá diferentes veículos utilizados, aquisição
analisar criticamente as não-conformida- e instalação de materiais de proteção
des e implantar ações corretivas, que se- adequados ao transporte.
rão documentadas nos respectivos cader-
nos de campo e de pós-colheita.
21

8.7. Formação de lotes por umidade e


do fluxo de entrada e da disponibilidade
variedades de secadores para evitar a postergação
da etapa da pré-limpeza, a qual deve
Obrigatório:
ser feita o mais rapidamente possível
8.7.1. Descarregar lotes com umida- após a chegada da carga. Em geral,
des próximas, com intervalo máximo de quando da descarga do amendoim vin-
2% para mais ou menos. do do campo nas moegas, a primeira
Proibido: etapa pelo qual esse amendoim passa
é a pré-limpeza em máquinas, as quais
8.7.2. Misturar variedades e lotes com
diferenças de umidade maiores que 2%. irão remover a maior parte das impure-
zas (partes da planta, pedras, vagens
A variação máxima de umidade entre quebradas, grãos debulhados, entre
lotes a serem mesclados para composi- outros) (Figura 9).
ção de um lote maior ou para armazena-
mento é de 2% para mais ou para me- 8.9. Secagem
nos. Do ponto de vista de qualidade do
produto final, além da umidade e do teor Obrigatório:
de aflatoxina (item 8.10.7) o armazena- 8.9.1. Secar artificialmente lotes que
mento do amendoim e a formação dos apresentarem mais de 8% de umidade
lotes deveria levar em consideração as nos grãos.
características das diferentes varieda- 8.9.2. Reanalisar a contaminação por
des em termos de perfil de composição aflatoxinas quando o período de secagem
do lote exceder 48h.
e teor de óleo, entre outros atributos,
que podem influenciar na aceitabilidade
final do produto e na vida de prateleira Devido ao risco de contaminação
do mesmo. com aflatoxinas, lotes que apresentam
índice de umidade superior a 8% devem
8.8. Pré-limpeza ser secos artificialmente. Nas Figuras 10
e 11 estão apresentadas situações de
Obrigatório:
secagem em carretas e silos, respecti-
8.8.1. Proceder a pré-limpeza em to- vamente. A secagem deve ser realizada
dos os lotes antes da secagem artificial e no menor tempo possível, evitando que
armazenamento. o lote permaneça armazenado com ín-
dice de umidade superior ao estipulado.
A etapa da pré-limpeza deve ser obri- Devem-se realizar novas amostragens
gatoriamente feita antes da secagem ar- e avaliação da contaminação por afla-
tificial e do armazenamento. Dessa for- toxinas quando o período de secagem
ma é importante se ter um bom controle exceder a 48 horas.
Fotos: Dartanhã José Soares 22

A B

C D

Figura 9. Processo de pré-limpeza mecanizada do amendoim antes da secagem: aspecto geral


do equipamento (A), de partes de plantas sendo retiradas (B) compartimento com impurezas
descartadas (C) e carregamento das carretas de secagem (D).
Foto: Dartanhã José Soares 23

8.10. Armazenamento

Obrigatório:
8.10.1. Construir a estrutura de arma-
zenamento com cobertura, fechamento
lateral e frontal.
8.10.2. Os corredores entre os lotes
devem permitir a limpeza e o controle de
pragas.
8.10.3. Colocar o amendoim armaze-
A nado sobre superfície livre de umidade e
distante das paredes, para promover ade-
quada ventilação e isolamento térmico.
8.10.4. Remover os grãos debulha-
dos de roça do lote antes do armazena-
mento.
8.10.5. Armazenar os lotes em reci-
pientes identificáveis.
8.10.6. Identificar os lotes armaze-
nados com nome do produtor, motorista,
variedade, propriedade.
B
Recomendado:
Figura 10. Secagem artificial do amen- 8.10.7. Armazenar o amendoim em
doim em carretas. Detalhe: painéis de casca, depois de realizada a pré-limpeza,
identificação em cada carreta para permitir a secagem e triagem das cargas, de acordo
rastreabilidade dos lotes.
com os níveis de aflatoxinas, detectados
na análise rápida (por kit).
8.10.8. Refazer os códigos de ras-
Foto: Dartanhã José Soares

treabilidade de acordo com a triagem das


cargas e formação dos novos lotes e mar-
car os novos códigos nas embalagens.

Proibido:
8.10.9 Armazenar o amendoim em es-
truturas que não atendam aos parâmetros
de boa armazenagem.

Uma prática comum adotada é o


armazenamento do amendoim a granel
Figura 11. Secagem artificial do amendoim (Figura 12). Nesse caso, será preci-
em silos. so manter a rastreabilidade de modo
que seja possível conferir quais foram
Fotos: Dartanhã José Soares 24

A B

C D

Figura 12. Armazenamentos de amendoim a granel em galpões (A, B) e em silos verticais


(C, D).
25

os lotes originais que compõem esse 8.12. Beneficiamento e processamento


granel, estando especialmente atento
para as restrições impostas nos itens Obrigatório:
8.7 e 8.10. Caso necessário a formação 8.12.1. Proceder à limpeza das má-
de novos lotes, estes deverão receber quinas e equipamentos sempre que for
novos códigos de rastreabilidade e es- beneficiado produto convencional.
ses códigos deverão estar visíveis nas 8.12.2. Depois da operação de des-
embalagens. Os novos códigos devem cascamento, realizar a ventilação para
permitir que se rastreie a origem do lote retirar as cascas e grãos quebrados resul-
atual. tantes do descascamento.
8.12.3. Fazer a eliminação dos grãos
defeituosos e descoloridos por meio de
8.11. Controle de pragas de armazena- catação manual.
mento 8.12.4. Realizar a análise da contami-
nação por aflatoxinas quando o amendoim
Obrigatório:
for destinado para comercialização, em
8.11.1. Realizar controle de pragas, de geral, ou quando for destinado à classifi-
acordo com a recomendação do manejo cação, conforme legislação específica.
integrado de pragas de armazenamento,
Recomendado:
mediante uso de receituário agronômico.
8.12.5. Fazer a eliminação dos grãos
Recomendado:
defeituosos e descoloridos por meio de
8.11.2. Adotar práticas que minimi- catação, preferencialmente eletrônica, se-
zem a utilização de agrotóxicos. guida de repasse manual.
8.12.6. Fazer análise de aflatoxinas
Proibido:
do produto beneficiado.
8.11.3. Aplicar produtos sem registro. 8.12.7. Caso o nível de aflatoxinas
esteja acima do limite permitido, são re-
comendadas as operações de despeli-
O bom planejamento e construção
culamento (blancheamento), seguida de
das estruturas de armazenamento, com
catação eletrônica e de catação manual.
impedimento para a entrada de roedo-
8.12.8. O lote de amendoim que, após
res, uma boa pré-limpeza e uma seca-
o despeliculamento apresente contamina-
gem adequada, bem como a execução
ção por aflatoxinas acima do limite permitido
periódica de limpeza podem contribuir
pela legislação, deve ser identificado e ar-
muito para redução da ocorrência de
mazenado separadamente tendo sua des-
pragas de armazenamento. É vetada a
tinação prevista em legislação específica.
utilização de qualquer produto que não
esteja registrado para o controle de Proibido:
pragas de armazenamento na cultura do 8.12.9. Beneficiar simultaneamente lotes
amendoim, a não ser produtos alternati- de Produção Integrada e convencional.
vos recomendados para uso em agricul- 8.12.10. Comercializar ou destinar para
tura orgânica ou agroecológica.
26

classificação amendoim com contaminação


devem ser mantidos separados, clara-
por aflatoxinas acima dos limites permitidos
mente identificados e ter sua destinação
pela legislação vigente.
prevista na legislação.

8.13. Classificação
Considerando-se que nem todo
amendoim recebido na beneficiadora Obrigatório:
será oriundo da PI, deve-se proceder a 8.13.1. Realizar a classificação do
limpeza das máquinas e equipamentos amendoim quando a comercialização do lote
sempre que tenha sido realizado o be- for destinada diretamente ao consumidor
neficiamento de produto convencional. final, de acordo com a legislação vigente.
Essa obrigatoriedade da NTE-Amendoim
pode ter grande impacto no fluxo de Proibido:
produtos de grandes beneficiadoras, 8.13.2. Comercializar amendoim para o
dessa forma é importante, no caso de consumidor final sem classificação.
cooperativas que a adesão a PI seja feita
na totalidade dos cooperados. Do con- A legislação para a classificação do
trário, uma vez que o produto originado lote do amendoim a ser destinado à co-
da PI deve ser recebido e processado,
mercialização e ao consumidor final de-
separado do produto de origem conven-
verá ser feita de acordo com a legislação
cional, isso implicará na construção de
vigente (Instrução Normativa n° 32, de
benfeitorias extras e parada constante
24 de agosto de 2016). Os lotes deverão
das máquinas para limpeza, o que oca-
ser identificados e mantidos separados
sionará custos extras de produção. Isso
porque dificilmente será possível receber para o despacho do produto (Figura 16).
e processar toda a produção oriunda da
PI, para depois iniciar o recebimento e 9. Monitoramento de resíduos e conta-
processamento da produção oriunda do minantes
sistema convencional, ou vice-versa. A 9.1. Amostragem para análise de resí-
separação de grãos defeituosos pode duos e contaminantes
ser realizada por meio da separação
eletrônica (Figura 13) ou catação manual Obrigatório:
(Figura 14). No caso da utilização de má- 9.1.1. A amostragem para análise de
quinas eletrônicas é importante a correta resíduos deve ser feita seguindo a meto-
calibração e manutenção da mesma de dologia indicada pelo Manual de Coleta de
modo a evitar falhas no processo. Outro Amostras do Plano Nacional de Controle
ponto importante destacado é a correta de Resíduos e Contaminantes em Produ-
separação e identificação de lotes que tos de Origem Vegetal do Mapa.
estejam com teores de aflatoxina acima
Proibido:
dos permitidos pela legislação nacional
ou mesmo do importador (Figura 15). 9.1.2. Comercializar amendoim com ní-
Esses lotes, como enfatizado na norma, veis de resíduos ou contaminantes acima do
permitido na legislação vigente.
Fotos: Dartanhã José Soares 27

A B

C D
Figura 13. Processo de separação eletrônica de amendoim para beneficiamento. Amendoim
antes da separação (A), durante o processo de separação (B, C) e após o processo de separação
e classificação eletrônica (D).
Fotos: Dartanhã José Soares

A B
Figura 14. Processo de catação manual de grãos defeituosos e descoloridos.
Fotos: Dartanhã José Soares 28

A B

C D
Figura 15. Exemplos de etiquetas de identificação de lotes de amendoim após o beneficiamento.
Etiqueta de aviso de produto potencialmente inseguro aguardando resultado da análise de
aflatoxinas (A), etiqueta de lote pronto para expedição (B), etiqueta de lote para reprocesso (C), e
etiqueta de lote fiscalizado pela autoridade nacional (D).
Fotos: Dartanhã José Soares

A B
Figura 16. Armazenamento do amendoim em big-bags conforme classificação do produto e
mercado de destino.
29

As amostras para a análise de formulado/comercial. Alternativamente,


resíduos serão coletadas por Fiscais a consulta dos LMRs pode ser realizada
Federais Agropecuários (FFAs) ou por pelas respectivas monografias de
Agentes de Atividade Agropecuárias cada ingrediente ativo na página da
habilitados como classificadores. Anvisa (http://portal.anvisa.gov.br/
Instruções gerais para coleta de amostras registros-e-autorizacoes/agrotoxicos/
para determinação de agrotóxicos e produtos/monografia-de-agrotoxicos/
micotoxinas se encontram disponíveis autorizadas). Caso o amendoim seja
no link: http://www.agricultura.gov.br/ destinado à exportação, é preciso estar
assuntos/inspecao/produtos-vegetal/ atendo aos limites estabelecidos pelos
pncrc-vegetal/arquivos/manual-coleta. países importadores.
pdf.
O limite máximo tolerado de 9.2. Amostragem para análise de afla-
micotoxinas em amendoim (com toxinas
casca, descascado, cru ou tostado), Proibido:
pasta de amendoim ou manteiga de
9.2.1. Amostrar lotes com o tamanho
amendoim é de 20 µg/kg, conforme máximo, em casca ou descascado, de vin-
resolução publicada pela Anvisa em te e cinco toneladas.
2011, disponível em http://portal.anvisa. 9.2.2. O procedimento de amostragem
gov.br/documents/10181/2968262/ deve ser o adotado pelo Codex Alimentarius
RDC_07_2011_COMP.pdf/afe3f054- no qual o tamanho da amostra representa-
bc99-4e27-85c4-780b92e2b966. tiva do lote (amostra global) é de vinte qui-
logramas para o produto descascado e de
Os limites máximos de resíduos vinte sete quilogramas em casca.
(LMRs) estão estabelecidos para os 9.2.3. Pode-se empregar outro proce-
agrotóxicos registrados para a cultura dimento de amostragem, desde que apre-
do amendoim junto ao Mapa. Essas sente segurança igual ou superior ao do
informações podem ser obtidas na Codex Alimentarius e seja reconhecido e
solidamente documentado.
base de dados Agrofit (2019). Na
9.2.4. Registrar todas as ações rea-
opção ‘Ingredientes Ativos’, é possível lizadas.
efetuar pesquisa por cultura agrícola, 9.2.5. Nos lotes nos quais não seja
no caso em questão o amendoim. possível a movimentação dos mesmos
Aparecerá uma tela indicando todos os (lotes estáticos – em sacos, big bags ou a
ingredientes ativos autorizados para uso granel), deve-se retirar amostras simples
na cultura. Ao clicar em cada um deles, de forma sistemática.
o Limite Máximo de Resíduos está 9.2.6. O amostrador deve ter acesso
a todas as faces do lote (pilha ou monte).
descrito na opção ‘Culturas/Tolerâncias’,
na parte superior da página. A consulta Recomendado:
também pode ser feita para o produto 9.2.7. Utilizar um sistema de amostrador
30

automático.
ser registradas e quanto maior o deta-
9.2.8. A retirada das amostras simples lhamento nas cadernetas, menor o risco
deve ser realizada preferencialmente quando de não conformidade.
o lote estiver em movimento, ou seja, nas
operações de carga e descarga, em casca ou 9.3. Preparo da amostra para ser envia-
descascado, na montagem ou desmontagem da ao laboratório
das pilhas, ou durante a formação de um lote.
Obrigatório:
9.3.1. A amostra global coletada con-
Para amostragem para análise de
forme os métodos recomendados, deve
aflatoxinas (Figura 17), maiores detalhes
ser enviada ao laboratório na sua totalida-
podem ser obtidos no Manual de Coleta de, adequadamente embalada e etiqueta-
de Amostras do Plano Nacional de da. Registrar todas as ações realizadas.
Controle de Resíduos e Contaminantes
Proibido:
em Produtos de Origem Vegetal. Outro
procedimento de amostragem pode ser 9.3.2. Sub amostrar a amostra repre-
adotado desde que seja reconhecido e sentativa do lote na forma de grãos inteiros.
tenha segurança equivalente ou supe- 9.4. Análise de aflatoxinas
rior ao do Codex Alimentarius. Todas as
Obrigatório:
ações relativas à amostragem devem
9.4.1. Os métodos empregados na
análise devem ser reconhecidos, docu-
Foto: Dartanhã José Soares

mentados e validados pelo laboratório que


executa a análise.
9.4.2. Os laboratórios que realizam
as análises devem possuir um controle de
qualidade analítico (participação em testes
de proficiência ou controle interlaboratorial,
ou outros devidamente documentados).
9.4.3. As análises de aflatoxinas para
classificação devem ser realizadas em la-
boratório credenciado no Mapa.

As amostras para análise de


aflatoxinas devem ser enviadas aos
laboratórios participantes do PNCRC/
Vegetal, credenciados pelo Mapa
(http://www.agricultura.gov.br/assuntos/
Figura 17. Exemplo de processo de amostra-
laboratorios/laboratorios-credenciados/
gem automática de amendoim durante benefi-
ciamento para nova análise do teor de aflato- rede-nacional-de-laboratorios-
xinas. agropecuarios).
31

10. Legislação trabalhista 11.2.2. A auditoria de manutenção de-


verá ser anual.
10.1. Legislação trabalhista
11.2.3. As auditorias deverão ser rea-
Obrigatório: lizadas, também, em todas as unidades
armazenadoras e empacotadoras.
10.1.1. É obrigatório o cumprimento
11.2.4. O período de carência em
da legislação brasileira vigente.
PI-Brasil para fins de solicitação de cer-
tificação para amendoim é de uma safra
Deve-se apresentar documento agrícola.
emitido pelo órgão competente de 11.2.5. A equipe auditora do Orga-
que a legislação trabalhista (CLT) está nismo de Avaliação da Conformidade de-
sendo cumprida. Essa comprovação verá comprovar capacitação em PI-Brasil
é válida tanto para a empresa rural e/ e nas normas da Produção Integrada do
ou produtor, quanto para as indústrias Amendoim, conforme RAC n° 274, de 21
e/ou cooperativas de beneficiamento. de junho de 2011 e conforme legislação
A consolidação das leis trabalhistas vigente.
e todas as alterações advindas de Recomendado:
decretos e/ou leis complementares pode
11.2.6. Realizar a auditoria externa
ser consultada em http://www.planalto.
no beneficiamento e ou processamento,
gov.br/ccivil_03/decreto-lei/Del5452.htm.
primordialmente, para verificar a confor-
midade do produto final em relação a PI,
11. Auditorias e auto avaliação por meio do sistema de rastreabilidade,
11.1. Autoavaliação ou auditoria interna além dos demais procedimentos técnicos,
desta norma.
Recomendado:
11.1.1. Realizar auditoria interna no
(s) campo (s) de produção e na (s) Unida-
de (s) Armazenadora (s) e empacotado- 12. Assistência técnica
ra (s) de amendoim, no mínimo uma vez 12.1 Responsabilidade técnica
por safra, para corrigir ou evitar possíveis
não-conformidades. Obrigatório:
11.1.2. Registrar e aplicar as ações 12.1.1. Manter um profissional RT
preventivas e corretivas como conse- para dar assistência à propriedade.
quência da auditoria interna. 12.1.2. Utilizar mão-de-obra treinada
11.2. Auditoria externa para exercer diferentes atividades dentro
dos requisitos da PI-Amendoim.
Obrigatório:
Recomendado:
11.2.1. Programar as propriedades
para serem auditadas por sorteio ou siste- 12.1.3. Realizar cursos de capacitação
ma de rodízio, intercalando as auditorias em manejo pré e pós-colheita no início de
nas diferentes propriedades a cada ano. cada safra.
32

Especial atenção deverá ser dada a mente as reclamações e determinar quais


mão de obra responsável pelo manuseio providências serão tomadas, definindo
e aplicação de agrotóxicos e manejo responsabilidades.
cultural conforme item 6. Recomenda-se 13.2.2. As reclamações serão sis-
realizar cursos de capacitação em ma- tematicamente registradas, incluindo a
nejo pré e pós-colheita no início de cada descrição da providência tomada, os res-
safra. A capacitação quanto aos proce- ponsáveis e o estado de finalização das
dimentos para se evitar a contaminação mesmas, atendido ou não atendido.
por micotoxinas também deve ser uma
14. Certificação
das prioridades.
14.1. Adesão à PI para fins de certifica-
ção
13. Atendimento ao Consumidor Obrigatório:
13.1. Contato com os consumidores 14.1.1. A certificação em grupo po-
Obrigatório: derá ser requerida para produtores que
estejam vinculados a instituições associa-
13.1.1. O fornecedor deve providen-
tivistas, empresas integradoras e fomenta-
ciar os meios de contato com o consumi-
doras que prestem apoio na organização,
dor, como por exemplo telefone e correio
produção, comercialização, assistência
eletrônico.
técnica, administrativa e financeira.
13.1.2. Providenciar formulários es-
14.1.2. Solicitar a adesão e a audito-
pecíficos onde são registrados a identifi-
ria inicial com um período de carência de
cação do consumidor, endereço, descri-
pelo menos doze meses ou uma safra de
ção da reclamação, etc.
aplicação das normas da Produção Inte-
Recomendado: grada de Amendoim.
14.1.3. O Organismo Acreditador da
13.1.3. Designar formalmente um
responsável por receber reclamações, o Conformidade deve dispor de membro na
adequado registro e a comunicação diária equipe auditora capacitado em curso con-
das mesmas ao RT. ceitual sobre PI-Brasil, com carga horá-
ria mínima de oito horas. A periodicidade
Proibido: deve ser de cinco anos.
13.1.4. Não disponibilizar um meio de 14.1.4. O curso teórico-prático no
comunicação com o consumidor. processo produtivo de amendoim deve
13.1.5. Não registrar as reclamações ter carga horária mínima de vinte horas,
recebidas. com periodicidade de três anos conforme
ementa.
13.2. Análise e providências das recla-
14.1.5. Realizar anualmente uma au-
mações.
ditoria externa de manutenção na cultura
Proibido: do amendoim em qualquer fase do ciclo.
13.2.1. O RT deverá analisar critica-
33

A solicitação de adesão a PI e cooperativas), seguindo os critérios abai-


auditoria inicial deverá ser feita com xo:
intervalo de carência de 12 meses ou Nº de Propriedades Nº mínimo a ser
uma safra. Recomenda-se a consulta auditada (%)
ao site do Inmetro para verificar os 1-5 100%
Organismos Acreditados. 6-20 60%
Esse item da norma abre a possi- 21-100 40%
bilidade para que todos os produtores 101- 300 20%
possam se integrar a PI-Amendoim. 301-600 10%
Nesse contexto, pequenos produtores 601-1000 5%
assistidos pelas empresas de extensão
rural, ou secretarias de agricultura de
Conforme mencionado no item 14.1,
seus municípios podem solicitar a ade-
associações de produtores poderão so-
são em grupo a PI, desde que estejam
licitar a adesão a PI-Amendoim em gru-
formalmente vinculados em associações
pos. As auditorias para as certificações
e que seja definido um Responsável em grupos serão feitas em um percen-
Técnico, para prestar a assistência ne- tual das propriedades, de acordo com o
cessária conforme exigido pelo item 12 número de associados, conforme estipu-
da NTE-Amendoim. Após acreditação lado no item 14.2 da NTE-Amendoim.
inicial na PI-Amendoim, deverá ser
realizada anualmente uma auditoria ex-
terna, em qualquer fase do ciclo da cul- Considerações finais
tura. Especificamente para o Organismo
A publicação da NTE para a
Acreditador da Conformidade, deverá
Produção Integrada do Amendoim em
possuir em seu quadro, membro capa-
novembro de 2016 foi um marco para
citado em curso conceitual da PI-Brasil
a cadeia produtiva. Logo após a publi-
com carga horária mínima de 8 horas,
cação da NTE houve forte pressão do
e em curso teórico prático do processo
setor produtivo para a capacitação de
produtivo do amendoim com carga horá-
responsáveis técnicos em relação às re-
ria mínima de 20 horas.
feridas normas. Assim sendo, em março
de 2018 foi ofertado o primeiro curso de
capacitação nas normas técnicas espe-
14.2. Certificação em grupo cíficas para a cultura do amendoim, em
uma parceria entre a Embrapa, o Mapa
Obrigatório:
e a Coordenadoria de Educação Aberta
14.2.1. Auditar os campos de produ- e a Distância (Cead/UFV).
ção de amendoim, em caso de certifica-
ção em grupo (associação de produtores, Percebeu-se que, muito embora hou-
vesse interesse do setor na capacitação
34

para a Produção Integrada do amen- considerado apenas como uma cultura


doim, diversos desafios ainda precisam passageira.
ser superados para que esse sistema de
De qualquer maneira, a possibilidade
produção certificado venha a ser uma
da certificação em Produção Integrada
realidade.
(selo Brasil Certificado) é um importante
Dentre os principais desafios, pode- avanço para maior segurança alimentar
mos destacar a deficiência em relação e qualidade na produção de amendoim,
a disponibilidade de agrotóxicos regis- favorecendo a maior competitividade e
trados para serem usados na cultura sustentabilidade da cadeia de produção
do amendoim e o caráter itinerante da brasileira dessa importante oleaginosa.
cultura do amendoim na principal região
produtora do País, o que dificulta a ras-
treabilidade, um dos pilares da PI. Referências
Em relação ao primeiro desafio, o
AGROFIT. Disponível em: <http://agrofit.
enquadramento da cultura do amendoim
agricultura.gov.br/agrofit_cons/principal_agrofit_
como de suporte fitossanitário insufi-
cons>. Acesso em: 15 maio 2019.
ciente (CSFI) conforme a atualização
da Instrução Normativa Conjunta n° 1, ALMEIDA, R. P. de. Recomendações
de 16 de junho de 2014 do Mapa, pu- técnicas para o manejo de insetos-praga do
blicada no Diário Oficial da União em amendoinzeiro. Campina Grande: Embrapa
10 de março de 2016, tornou possível Algodão, 2015. 15 p. (Embrapa Algodão. Circular
a extrapolação de registros de produtos técnica 137).

utilizados nas culturas de soja e feijão MARTINS, R. Amendoim: exportações dos


por parte das empresas fabricantes grãos em expansão. Análise e Indicadores
de agrotóxicos. Alguns produtos foram do Agronegócio, mar. 2018. Disponível
recentemente registrados para uso na em: <http://www.iea.sp.gov.br/out/TerTexto.
cultura do amendoim com base nessa php?codTexto=14435>. Acesso em: 15 maio 2019.
normativa.
MORAES, S. A. de. Monitoramento das doenças
Já em relação ao segundo desafio, o foliares do amendoim e avisos climáticos
ponto mais importante a ser superado é para indicar pulverizações com fungicidas. O
a integração do sistema de cultivo, uma Agronômico, v. 51, n. 2/3, p. 86-89, 1999.
vez que muitos produtores de amendoim
SAMPAIO, R. M. Tecnologia e inovação: evolução
não são proprietários das terras onde a
e demandas na produção paulista de amendoim.
cultura está sendo instalada. A supera- Informações Econômicas, v. 46, n. 4, p. 27-42,
ção desse desafio é complexa e envolve jul./ago. 2016.
a sensibilização dos proprietários das
terras de que o amendoim faz parte SUASSUNA, T. de M. F.; SUASSUNA, N. D.;

do sistema de cultivo e não pode ser FERNANDES, O.; ASSIS, J. S. de; DOMINGUES,
35

M. A. C.; ALMEIDA, R. P. de; COUTINHO, W. de


M.; TANAKA, R. T.; GODOY, I. J. de; GONDIM,
T. M. de S.; ALMEIDA, F. de A. C.; SOFIATTI,
V.; MEDEIROS, E. P. de; FREIRE, R. M. M.;
PENARIOL, A. L.; CORÓ, J. R.; MINOTTI, D.;
MATRANGOLO JÚNIOR, E.; GABRIELLO,
L.; MONTEIRO, F. Produção integrada de
amendoim nos estados de São Paulo, Ceará
e Paraíba. Campina Grande: Embrapa Algodão,
2012. 71 p. (Embrapa Algodão. Boletim de
pesquisa e desenvolvimento 93).

Exemplares desta edição Comitê Local de Publicações


podem ser adquiridos na: da Embrapa Algodão
Embrapa Algodão Presidente
Rua Osvaldo Cruz, 1143, Centenário João Henrique Zonta
CEP 58428-095, Campina Grande, PB
Fone: (83) 3182 4300 Secretário-Executivo
Fax: (83) 3182 4367 Valdinei Sofiatti
www.embrapa.br/algodao Membros
www.embrapa.br/fale-conosco/sac Alderí Emídio de Araújo, Ana Luíza Dias
Coelho Borin, José da Cunha Medeiros, Marcia
Barreto de Medeiros Nóbrega, João Luis da
Silva Filho, Liziane Maria de Lima, Sidnei
1ª edição (2019): On-line Douglas Cavalieri

Supervisão editorial
Geraldo Fernandes de Sousa Filho

Revisão de texto
Ivanilda Cardoso da Silva

Normalização bibliográfica
Ana Lucia Delalibera de Faria (CRB 1/324)

Tratamento das ilustrações


Geraldo Fernandes de Sousa Filho
CGPE 15538

Projeto gráfico da coleção


Carlos Eduardo Felice Barbeiro
Editoração eletrônica
Geraldo Fernandes de Sousa Filho

Fotos da capa
Augusto Guerreiro Fontoura Costa

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