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TRATAMENTO E
DISPOSIÇÃO FINAL
V - TRATAM ENTO E DISPOSIÇÃO FINAL
A segregação dos Resíduos de Serviços de Saúde pode ser encarada como parte inte-
grante do tratamento, pois permite maior leque de opções na atividade propriamente dita. A
finalidade de qualquer sistema de tratamento é eliminar as características de periculosidade
dos RSS (GUÍA..., 1996). Neste caso, merecem destaque os resíduos do Grupo A (resíduos
com risco biológico), do Grupo B (resíduos com risco químico) e do Grupo C (rejeitos
radioativos). Cada um desses grupos de resíduos tem características próprias, o que implica
em tratamento específico. O quadro 08, apresentado a seguir, resume os métodos para
tratar adequadamente os diversos grupos de resíduos.
GRUPOS DE RSS
MÉTODOS DE GRUPO A GRUPO B GRUPO C
TRATAMENTO
RISCO RISCO REJEITOS
BIOLÓGICO QUÍMICO RADIOATIVOS
Incineração x x
Autoclave x
Tratamento Químico x
Microondas x
Irradiação x
Decaimento x
Uma análise preliminar mostra que os procedimentos atuais de tratamento dos resíduos
infectantes se dividem em duas categorias: a esterilização e a incineração (id., 1994).
Dentro da categoria esterilização encontram-se os métodos de:
? Autoclave;
? Tratamento químico;
? Ionização;
? Microondas.
Esterilização
A esterilização tem por objetivo suprimir todo microorganismo suscetível de se repro-
duzir (formas vegetativas e esporuladas). Na prática médica, fala-se de esterilização quando
a probabilidade que uma unidade seja não estéril for inferior a 10-6 (id., 1994).
Existem diferentes processos de esterilização, podendo-se agrupá-los em:
? meios físicos, que compreendem o calor e as radiações ionizantes;
? meios químicos, que empregam gases (óxido de etileno e formaldeído) ou líquidos
microbicidas, notadamente o glutaldeído.
Qualquer que seja o procedimento utilizado, a esterilização só pode ser obtida se existir
um contato efetivo entre o agente microbicida (físico ou químico) e os microorganismos.
A ação microbicida de um agente reduz o número de microorganismos presentes em uma
população numa proporção que depende do agente utilizado, das condições da experiência e do
tempo. Praticamente, pode-se determinar o número de microorganismos sobreviventes proceden-
do-se a coleta em determinado tempo (técnica de cultura quantitativa por diluições em série).
Autoclave
Consiste em submeter os resíduos biológicos a um tratamento térmico, sob certas condições de
pressão, em uma câmara selada (autoclave), por um tempo determinado e com prévia extração do
ar presente (GUÍA..., 1996).
Todos os tipos de microorganismos podem ser mortos pelo calor (seco ou úmido) se forem
expostos a uma temperatura adaptada a seu nível de resistência. Para os esporos bacterianos, trata-
se de temperaturas superiores a 100ºC (SUÍÇA, 1994).
A rapidez com a qual os microorganismos são mortos depende, em uma larga medida, do nível
de umidade relativa. Ela é máxima quando a umidade é 100% (atmosfera saturada em vapor
d’água).
A autoclave a vapor é um método apropriado de tratamento de resíduos de laboratórios de
microbiologia, de resíduos de sangue, de líquidos orgânicos humanos, de objetos perfurocortantes
e de resíduos animais, que não podem ser triturados. Por outro lado, esse método não convém para
tratar resíduos anatômicos humanos e animais.
Os resíduos biológicos de baixa densidade, tais como muitos materiais plásticos, são
mais adequados para a esterilização a vapor. Os resíduos de alta densidade, tais como partes
O pessoal envolvido com a esterilização a vapor deve ser educado em práticas apropriadas
para minimizar a exposição aos perigos que o uso da autoclave pode gerar. Estas práticas inclu-
em uso de equipamento protetor, técnicas para reduzir ao mínimo a produção de aerossóis e
técnicas para a prevenção de derramamento de resíduos durante a carga da autoclave (id., 1996).
Tratamento Químico
A descontaminação química pode ser um método apropriado para tratar os resíduos de
laboratórios de microbiologia, de sangue e de líquidos orgânicos humanos, assim como os
objetos perfurocortantes. Este método não deve ser utilizado para tratar os resíduos
anatômicos (SUÍÇA, 1994).
A descontaminação química é mais freqüentemente utilizada para tratar resíduos líqui-
dos antes de sua eliminação. Ela é útil para descontaminar os lugares onde os resíduos
foram deixados (desinfecção de superfície clássica).
Quando se utiliza descontaminação química, devem ser levados em conta os seguintes
fatores: o tipo de microorganismo, o grau de contaminação e o tipo, concentração e quan-
tidade de desinfetante utilizado. Outros fatores podem ser pertinentes, como a temperatura,
o pH, o grau de mistura e a duração do contato do desinfetante com os resíduos contami-
nados.
O hipoclorito de sódio (água sanitária doméstica) é freqüentemente utilizado como
desinfetante.
O óxido de etileno é um gás de efeito bactericida, mas precauções devem ser tomadas
quando este for empregado, pois pode causar queimaduras, mutagênese e provavelmente
carcinogênese. Um outro inconveniente do óxido de etileno é o risco de explosão. Para
diminuir este risco, ele é misturado com CFC-12 (diclorodifluormetano) ou com produtos
de substituição menos nocivos para a camada de ozônio (como o HFC-134a), conforme o
protocolo de Montreal.
Apesar destas desvantagens, a esterilização por óxido de etileno é muito eficaz e atua a baixa
temperatura. É preciso, ainda, ressaltar que a concentração de óxido de etileno no ar ambiente
não deve ultrapassar 1 ppm e que este gás é inodoro, mesmo em fortes concentrações.
O formaldeído é igualmente um gás esterilizante que se decompõe em forma de vapor a partir
de uma solução aquosa de formol. A esterilização com ajuda de formaldeído se efetua a 80ºC em
? baixo custo;
? pode ser realizada na fonte de geração.
Ionização
A ionização por bombardeamento iônico é um processo muito útil na indústria para o
tratamento dos alimentos. A sua utilização para o tratamento dos resíduos está ainda em
fase experimental (SUÍÇA, 1994).
Consiste em destruir os agentes patológicos presentes nos resíduos mediante sua expo-
sição a radiações ionizantes (GUÍA..., 1996).
Deve-se realizar a trituração preliminar para melhorar a eficiência desse procedimento.
A irradiação é um processo de alta tecnologia que deve ser operado com grandes pre-
cauções e necessita de estruturas físicas adequadas. Por tais razões, ela não é recomendada,
sobretudo, em situações nas quais não haja técnicos disponíveis e bem capacitados ou onde
os acessórios materiais de reposição não sejam fáceis de se obter.
Incineração
Consiste em destruir os resíduos (biológicos e químicos) mediante um processo de
combustão no qual estes são reduzidos a cinzas (id., 1996).
Os incineradores podem queimar a maioria dos resíduos sólidos perigosos, incluin-
do os farmacêuticos e os químicos orgânicos, exceto os resíduos radioativos e os reci-
pientes pressurizados.
Incineração In Situ
Trata-se de uma incineração em unidades de fraca capacidade, implantada no estabeleci-
mento de saúde. Os antigos fornos hospitalares têm geralmente capacidade inferior a uma
tonelada por hora e funcionam de maneira descontínua, causando poluição a cada fase de
partida. Não possuem freqüentemente performance de tratamento dos gases. Os resíduos são
freqüentemente incinerados a temperaturas de 300ºC a 400ºC, sendo necessário no mínimo
uma temperatura de 800ºC para assegurar uma combustão efetuada em boas condições.
Incineração Centralizada
Neste caso, os Resíduos de Serviços de Saúde são agrupados tendo em vista o seu
tratamento em instalações de maior capacidade que são geralmente mais rentáveis e mais
satisfatórias sob o ponto de vista da proteção do meio ambiente (id., 1994).
Pode-se recorrer a três tipos de soluções:
Para a seleção do tipo de tratamento mais adequado dos RSS, convém avaliar os seguintes
fatores (GUÍA..., 1996):
? impacto ambiental;
? custos de instalação e manutenção;
? número de horas diárias de utilização do sistema em função da quantidade de RSS
que serão tratados;
? fatores de segurança.
A partir destes dados, o responsável pelo planejamento pode desenvolver uma matriz de
alternativas que incorporem as avaliações técnicas, os planos e as análises econômicas que
conduzam a um grupo de opções apropriadas.
pequena
Irradiação baixa baixa média alta alta alta
unidade
pequena
Microondas baixa alta baixa alta unidade alta alta
Incineração alta alta (**) baixa alta sem limites alta alta
Aterro Sanitário
Uma vez que os RSS tenham sofrido segregação prévia e tratamento, o destino final do
produto resultante é um aterro sanitário. Esse método de disposição final consiste no
confinamento dos resíduos, no menor volume possível (por meio da compactação realizada
por tratores esteiras ou rolos compactadores) e no isolamento dos detritos em relação ao ar
livre, mediante sua cobertura diária com uma camada de solo, preferencialmente argila.
Valas Sépticas
As valas sépticas são apontadas como uma das técnicas de engenharia para aterramento
de resíduos biológicos dos estabelecimentos de saúde.
Uma característica importante dessa técnica de disposição final é a sua utilização por
pequenos municípios brasileiros, principalmente, por ser considerada uma alternativa sim-
ples e econômica para pequenos volumes de RSS com características infectantes. Essa solu-
ção é possível quando há eficiência na segregação dos resíduos biológicos pelas fontes
geradoras para que haja volumes reduzidos de RSS a serem confinados.
Aspectos Operacionais
Na operação das valas sépticas, os critérios mínimos a serem considerados são:
? a disposição dos resíduos (acondicionados em sacos plásticos) nas valas deve ser rea-
lizada sem compactação para evitar o rompimento dos sacos;
? após o preenchimento total das valas, deve ser feito o seu recobrimento com uma
camada de regularização de 60 cm de solo (material deixado ao lado no momento da
escavação). Fazer uma superfície curva na cobertura final, de forma a facilitar o esco-
amento das águas pluviais;
? demarcar as valas com estacas permanentes e identificá-las para evitar novas es-
cavações no local;
? manter registro das datas de abertura e fechamento das valas e também do volume
depositado na área.
ADMINISTRAÇÃO E RESPONSABILIDADE
Reduzir ao mínimo os resíduos gerados é a meta que o PGRSS tem que necessariamente
perseguir. É possível que, no início de sua implementação, os resultados possam estar mui-
to longe da meta esperada e alcancem proporções de 55% de resíduos comuns e 45% de
resíduos que merecem tratamento especial. Mas certamente, com um bom sistema de
capacitação de pessoal, de controle e correções progressivas, será possível alcançar os resul-
tados esperados.
A segregação dos RSS, tem como principais objetivos:
Além do técnico responsável pelo PGRSS, a equipe deve ser composta de no mínimo
três técnicos, que representem os setores mais expostos a riscos na gestão dos RSS perigo-
sos, devendo envolver:
? representante da equipe médica (preferencialmente um epidemiologista);
? representante da equipe de esfermagem e demais técnicos de saúde;
? representante da equipe de limpeza e higienização.
? classificação;
? condições de acondicionamento;
? armazenamento interno;
? armazenamento externo;
? tratamento;
? disposição final.
A identificação dos problemas no manuseio dos Resíduos de Serviços de Saúde deve ter suas
causas identificadas e as soluções deverão ser propostas e implementadas no PGRSS. Para
permitir a comparação da situação antes e após as intervenções, devem ser selecionados indica-
dores de avaliação que permitam a monitorização e acompanhamento das ações.
Os indicadores são instrumentos estatísticos que servem para avaliar e controlar os
resultados alcançados com a implementação de um projeto. Considerando as dificuldades
de se obter indicadores nesta Área de Impacto Ambiental, devido ao fato de que ainda não
foi publicada nenhuma norma nacional ou internacional sobre indicadores para avaliação
de desempenho ambiental de um estabelecimento de saúde, relaciona-se a seguir, como
sugestão, diferentes categorias de indicadores.
TRSS = peso dos resíduos dos grupos A+B+C no EAS no período x 100
peso dos resíduos dos grupos A+B+C+D no mesmo EAS e período
É importante lembrar que o pessoal da limpeza, que tem acesso a todas as seções do estabe-
lecimento de saúde, deve se sentir parte importante da equipe e deverá receber uma cuidadosa
capacitação para entender como a limpeza é fator importante no tratamento do paciente.
Será tarefa da CCIH definir conteúdos, métodos e freqüência da capacitação para cada
estabelecimento de saúde. O treinamento básico envolvendo o manejo dos RSS deverá
abordar, no mínimo, a seguinte estrutura curricular:
Educação Ambiental
Riscos e Ambientação
Transformar a realidade atual para diminuir os impactos negativos causados pelos RSS
tanto à saúde pública quanto ao meio ambiente pressupõe um trabalho integrado entre
todos os segmentos da sociedade (prestadores de serviços de saúde, Poder Público e comu-
nidade) com implementação de programas de educação ambiental e de treinamento conti-
nuado que sensibilize, oriente corretamente e acompanhe todo o processo de gerenciamento
dos referidos resíduos, da geração até a disposição final.
A população em geral também deve ser conscientizada sobre a educação sanitária, visto
que um público informado, consciente dos riscos potenciais que enfrenta, passará a fiscali-
zar o correto gerenciamento dos RSS.
É importante a existência de um programa de educação continuada dirigido às autorida-
des municipais, às empresas de coleta de lixo, aos centros de saúde locais, às associações de
bairro, às comunidades carentes e aos catadores de lixo. Estes últimos necessitam de aten-
ção especial para a proteção de sua saúde e inserção no contexto de valorização social.
Uma das possíveis formas de conscientizar a população sobre estes temas é a realização
de campanhas educativas utilizando cartazes, folhetos e aproveitando situações ou lugares
propícios, como por exemplo as salas de espera das consultas médicas.
Os resíduos perfurocortantes gerados no domicílio necessitam de atenção especial. Po-
dem ser o resultado da visita de uma enfermeira, de uma equipe do Programa Saúde da
Família (PSF) ou de um autotratamento, como é o caso dos diabéticos. É necessário lançar
campanhas publicitárias para advertir aos usuários regulares de seringas que estas nunca de-
vem ser descartadas junto com o lixo doméstico sem antes dispô-las em um recipiente tampa-
do e resistente. Além disto, deve-se informar, aos profissionais que atendem em domicílios,
que os resíduos gerados nas visitas devem ser levados consigo para um descarte correto.
______. Decreto 49.974-A, de 1961. Cria o Código Nacional de Saúde. Diário Oficial da
República Federativa do Brasil, Brasília, 1961.
______. Lei Federal nº 6.938, de 31 de agosto de 1981. Dispõe sobre a Política Nacional de
Meio Ambiente, seus fins e mecanismos de formulação e aplicação, e dá outras providências.
Diário Oficial da República Federativa do Brasil, Brasília, 02 set. 1981.
______. Lei nº 8.080, de 19 de setembro de 1990. Dispõe sobre as condições para a promo-
ção, proteção e recuperação da saúde, a organização e o funcionamento dos serviços cor-
respondentes, e dá outras providências. Diário Oficial da República Federativa do Bra-
sil, Brasília, 20 set. 1990.
DOMINGUES, L.; SILVA, R.; SARAIVA, A.; JUCÁ, P.; RAINDO, P. Acidentes
nos aparelhos de saúde do Distrito Federal em 1998. Brasília: GVST/DISAT/
SES/DF, 1999. 4 p. Relatório técnico.
SUÍÇA. Office Fédéral de la Santé Publique. Division Principale de Médicine. Anályse des
méthodes d’élimination des déchets infectieux hospitaliers: Rapport d’Étude: État
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3 - SIGLAS
Grupo A: resíduos que apresentam risco Enquadram-se neste grupo, dentre outros:
potencial à saúde pública e ao meio ambiente
devido à presença de agentes biológicos. a) drogas quimioterápicas e produtos por elas
contaminados;
Enquadram-se neste grupo, dentre outros: b) resíduos farmacêuticos (medicamentos
sangue e hemoderivados; animais usados em vencidos, contaminados, interditados ou não
experimentação, bem como os materiais que utilizados); e
tenham entrado em contato com os mesmos; c) demais produtos considerados perigosos,
excreções, secreções e líquidos orgânicos; meios conforme classificação da NBR 10004 da ABNT
de cultura; tecidos, órgãos, fetos e peças (tóxicos, corrosivos, inflamáveis e reativos).
anatômicas; filtros de gases aspirados de área
contaminada; resíduos advindos de área de Grupo C: rejeitos radioativos: enquadram-
isolamento; restos alimentares de unidade de se neste grupo os materiais radioativos ou
isolamento ambulatorial; resíduos de sanitários contaminados com radionuclídeos, provenientes
de laboratórios de análises clínicas, serviços de
medicina nuclear e radioterapia, segundo
Resolução CNEN 6.05.
ANEXO II