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Capítulo II
Artigos RF

Capacitação
Wireless
24 Instalação de antenas 2.4 e 5.8 Ghz
A escolha correta do elemento irradiante (antena), na transmissão de dados via rádio é de
extrema importância para o bom funcionamento do sistema. É o elemento irradiante (antena) que
efetua o acoplamento de impedância entre a saída do transmissor e o espaço livre o qual é de 377
ohms.

Seus componentes, tais como: diretor, refletor, gama, plano terra etc... Devem ser proporcionais
ao comprimento de onda da freqüência a ser irradiada.
O comprimento de onda de uma freqüência é o resultado da divisão da velocidade da luz por esta
freqüência. Ex: 300.000. Km/s = 12,18 cm, ou seja, a freqüência de 2.462 Mhz possui o
comprimento de onda de 12,18 cm Para escolher corretamente o tipo de antena a ser usado,
devemos observar os seguintes itens, os quais serão comentados em suas individualidades no
momento oportuno:

a) A distância que os sinais deverão atingir.


b) As direções a serem enviados os sinais.
c) A freqüência a ser usada.
d) A geografia do terreno entre os pontos de transmissão e recepção.

Embora existam muitos modelos de antenas, os tipos são basicamente três:

1) Direcional.
2) Semi-Direcional ou Setorial.
3) Onidirecional.

Direcional: são antenas que transmitem os sinais em uma única direção, com ângulo de
irradiação bastante fechado, ficando aproximadamente entre 3 e 20 graus, cobrindo uma área
bastante restrita, os modelos básicos são as parabólicas, podendo a parábola ser fechada ou não,
as yagis e as helicoidais.

- A parabólica com parábola fechada, atenua sensivelmente os ruídos vindo de traz, enquanto a
parábola de grade, atenua apenas moderadamente

- A yagi atenua moderadamente os ruídos vindos de traz.


- A helicoidal atenua sensivelmente os ruídos vindo tanto de traz como dos lados.
- Semi-Direcional ou setorial: são antenas que transmitem os sinais também em uma única
direção, porém com um ângulo de ir ra diação bastante aberto, ficando aproximadamente entre
30 e 180 graus, cobrindo uma área bastante extensa, o modelo básico é o painel setorial.
- O painel setorial atenua moderadamente os ruídos vindo de traz.
- Onidirecional: são antenas que transmitem os sinais em várias direções, em ângulo de
irradiação de 360 graus, conhecidas como omnis.

Todo o tipo de antena tem algum ganho em alguma direção, proveniente do fato de que as
antenas não irradiam uniformemente em todas as direções.

A única antena que irradia uniformemente em todas as direções com intensidade igual de sinal
existe somente na teoria, e se chama antena isotrópica, (é como se uma antena estivesse
concentrada em um único ponto, dentro de uma esfera, irradiando para toda a superfície da
mesma ao seu redor com intensidade igual). A utilidade prática da antena isotrópica é servir
como base de comparação para todas as demais antenas.

O ganho de uma antena é medido em dB, sendo sua unidade expressa em dBi onde a letra "i"
indica que o sinal máximo da antena foi comparado com o sinal de uma antena isotrópica,
colocada no mesmo lugar. A largura e direção da área atingida pela irradiação de uma antena
com seu ganho máximo a meia potência, chamamos de lóbulo de irradiação, o qual tem como
medida seu ângulo de abertura e seu sentido de direção, pode ser horizontal ou vertical.
A onda eletromagnética irradiada por uma antena pode ter seu formato horizontal, vertical,
25 circular ou helicoidal, o que chamamos de polarização.

Para que duas ou mais antenas se comuniquem entre si, é necessário que as mesmas estejam
irradiando com polarização igual.

Obs: não confundir lóbulo de irradiação com polarização, ou seja, lóbulo de irradiação é a
largura e direção da área atingida pela irradiação e polarização é o formato da onda irradiada.

Para que uma antena seja considerada de bom rendimento, é necessário que além do ganho em
dBi, ela esteja sintonizada na freqüência para que foi projetada, irradiando no mínimo 89% da
potência recebida pelo transmissor.

Para sabermos se uma antena esta sintonizada, é necessário medirmos sua R.O.E, que é a relação
entre a potência irradiada e a refletida, o que chamamos de onda estacionária,a qual pode ser
medida através da escala própria da R.O.E, ou em percentual.

Comparativo entre a escala da R.O.E e percentual:


ROE. = 1___1.2__1.5___2___3_____4_____5_____9
Perc. = 0%__1%__4%_11%_25%__36%__50%__65%

Classificamos a onda estacionária de acordo com seu percentual conforme Segue:

Até 4% ótima, entre 4 e 8% boa, entre 8 e 11% regular, entre 11 e 18% ruim, entre 18 e 25%
péssima e acima deste percentual estaremos sujeito a sérios problemas.

Muitas vezes para baixar a estacionária de um sistema irradiante, torna-se necessário usar o cabo
da linha de transmissão entre o transmissor e a antena, com extensão proporcional a múltiplos do
comprimento de onda referente à freqüência em operação.

Em transmissão de dados via rádio, a distância atingida pela irradiação de uma antena pode ser
estabelecida de acordo com seu ganho em dBi, isto é, para cada dBi de ganho acrescenta-se
900m de alcance.

Ex: Uma antena com ganho de 20 dBi terá um alcance de aproximadamente 18 Km,
considerando que a potencia de saída do radio transmissor seja a usual de 32 mw.

O presente cálculo foi baseado na potencia usual de saidado rádio de aproximadamente 32 Mw.
Para alcance maior que 900m por dBi, será necessário a troca por equipamento especial de maior
potência ou o uso de amplificador.

Qual a melhor antena?

A melhor antena é aquela que coloca o sinal necessário, no local de recepção, com o menor
desperdiço em outras direções, com a menor potência gerada, com o menor espaço ocupado,
com a menor resistência ao vento, com o menor peso e com o menor custo.

Para a escolha da antena que mais se aproxime do ideal, é necessário primeiro definir o que
desejamos fazer:

1º - Enviar ou receber sinais de/ou para um ponto predeterminado.


2º- Enviar ou receber sinais de/ou para vários pontos dentro de uma área predeterminada.
3º- Enviar ou receber sinais de/ou para vários pontos ao nosso redor.
4°- Para/ou de que distâncias queremos enviar/ou receber sinais.

Primeiro item - utilizaremos uma antena do tipo PARABÓLICA, podendo ser do modelo com
parábola de grade ou fechada.
26 A diferença básica entre ambas, é que a parábola fechada atenua um pouco mais os ruídos vindo
tanto de trás quanto dos lados, sendo indicada principalmente para locais onde a incidência de
ruídos seja mais acentuada.

Obs: É bom lembrar que tanto a freqüência de 2.4 quanto à de 5.8 Ghz são freqüências chamadas
de "visuais", tem que haver um ponto visual entre as antenas, pois trata-se de freqüências muito
altas e qualquer obstáculo a sua frente pode interromper seu trajeto ou desvia-lo.

Segundo item - utilizaremos uma antena setorial, a qual ira cobrir uma área predeterminada que
dependera do lóbulo de irradiação da mesma.

O ângulo de abertura do lóbulo de irradiação destas antenas variam de aproximadamente 40° a


120º graus na polarização horizontal e de 20° a 60° graus na polarização vertical.

Obs: Lóbulo de irradiação é a relação entre a direção, forma e área atingida pelos sinais de radio
freqüência emitidos por uma antena, podendo ser comparado a um facho de luz. Antenas com
dois lóbulos de irradiação distintos, um no sentido horizontal e outro no sentido vertical são
antenas que possuem polarização, e as com um único lóbulo de irradiação, tipo circular ou
helicoidal não possuem polarização.

Para que haja comunicação (link) entre duas ou mais antenas, é necessário que elas estejam
polarizadas entre si.

Terceiro item - utilizaremos uma antena onidirecional, conhecida como omnidirecional, a qual
irradia num ângulo de 360º graus horizontal e dependendo do seu ganho, de 10 a 3 graus
verticais aproximadamente.

A quem diz que quanto mais alto instalarmos uma antena melhor, neste caso em que a freqüência
é alta,tal ideia não condiz com a realidade, pois vai depender da distânciba e da altitude do ponto
a ser atingido e do lóbulo de irradiação vertical da mesma.

Se uma antena for instalada muito mais alta do que os pontos a serem atingidos, e seu lóbulo de
irradiação for muito fechado no sentido vertical, os pontos muito próximos da mesma e com
desnível acentuado terão péssima qualidade de sinal ou nem haverá link com esta.

Uma antena omnidirecional com ganho de oito dBi possui um lóbulo de irradiação vertical de
aproximadamente 7° a 9º graus dependendo do fabricante e sua irradiação chega
aproximadamente a 7,2 Km com 32 mw de excitação, enquanto que uma omnidirecional com 15
dBi de ganho possui um lóbulo de irradiação na vertical aproximadamente entre 3º a 5º graus e
sua irradiação chega aproximadamente a 13,5 Km.

Conclusão:

Devido a grande diferença acentuada dos graus nos lóbulos de irradiação vertical entre as duas
antenas, teremos nos pontos bem próximos da omni de oito dBi um sinal de alta qualidade e em
distancias superiores a 7,2 Km um sinal de regular para ruim, enquanto que na omni de 15 dBi
teremos nos pontos bem próximos da mesma um sinal de péssima qualidade e entre 7,2 e 13,5
KM um sinal de ótima qualidade.

Portanto se substituirmos uma antena de oito dBi por uma de quinze dBi, teremos um maior
alcance do sinal, porem aqueles pontos próximos da antena, que estavam com um sinal de boa
qualidade, ficarão comprometidos.

Ou seja, nem sempre iremos resolver nosso problema com a substituição de uma omni de 8 dBi
por uma de 15.O desnível entre antenas ficará mais acentuado devido ao ângulo do lóbulo de
irradiação da antena de 15 dBi ser menor e portando mais crítico.
27 Se tivermos uma omni de 8 dBi instalada e quisermos atingir distância superior a sua capacidade
(aproximadamente 7,2 Km), devemos fazer uso de amplificador, ou instalar uma omni de 15 dBi
acima da omni de 8 dBi através de um divisor de potência.

Quarto item - calcularemos para cada dBi de ganho da antena a ser escolhida, cobrir uma área
dentro de seu lóbulo de irradiação de aproximadamente 900 metros de distância, levando-se em
consideração, a excitação da mesma pela potência usual de saída do equipamento de
aproximadamente 32 mw.

Para que possamos atingir distâncias superiores a 900 metros por dBi de ganho de uma antena,
mantendo a velocidade de tráfego de dados com qualidade do sinal, será necessário o uso de
amplificador, ou a troca do equipamento usual (radio), por equipamento especial de maior
potência.

Cuidados na instalação de antenas 2.4 e 5.8 Ghz.

A escolha correta do elemento irradiante (antena), sua qualidade, bem como a qualidade do cabo
de transmissão com seus conectores que interligam o mesmo ao equipamento e qualidade de
instalação, são requisitos fundamentais para uma boa performance na transmissão de dados.

1- verifique a situação geográfica entre os pontos de emissão e recepção dos sinais para ver se há
visada entre os mesmos, e se possível faça um teste prático com transmissão de sinais para
avaliar a qualidade do mesmo, determinando a viabilidade de link entre os pontos desejados.

2- Caso haja algum obstáculo entre os pontos definidos para efetuar o link (edifício, morro,
etc...), que impeça o link, teremos que localizar um terceiro, que tenha visada para com os dois
primeiros, a fim de servir de apoio para podermos viabilizar o projeto.

3- Verifique sempre se o local escolhido para a instalação da antena está dentro de uma área
protegida por pára-raios, caso isto não aconteça, deixe sempre uma parte do metal onde se esta
fixando o suporte da antena, mais alto que a mesma (de preferência que o mesmo seja
pontiagudo), e faça um bom aterramento desta estrutura caso a mesma não esteja aterrada, para
que sirva de pára-raios.

4- Mesmo que as instalações estejam protegidas por pára-raios, devemos reforçar a proteção dos
equipamentos instalando um centelhador no cabo de transmissão, entre a antena e o rádio, e na
tomada de energia dos equipamentos, usaremos um conjunto de tomadas de energia elétrica, do
tipo régua filtrada, que além de possuir um filtro para atenuar ruídos da rede, ainda possui um
varistor para proteção contra sobre tensão.

5- Procure instalar a antena o mais próximo possível do radio, pois as perdas do cabo em
distâncias superiores a 15 metros já começam a ser preocupantes.

Caso isto não seja possível, teremos que optar por instalar o radio próximo da antena, dentro de
uma caixa hermética, ou passar a fazer uso de amplificador do tipo externo.

6- Se o local onde for instalada antena estiver poluído por vários sinais de R.F, tente mudar a
polarização da antena para atenuar os ruídos causados pela interferência dos mesmos.

7-Sempre procurar melhorar o sinal com antenas de maior ganho e do tipo e modelo com lóbulo
de irradiação mais apropriado para o que se deseja.

8-Só fazer uso de amplificadores em último caso, pois os mesmos junto com os sinais
amplificam também os ruídos, alem de interferirem (causar batimento) em sinais distintos
próximos a ele.

9-Usar cabos e conectores de boa qualidade e com a impedância de acordo com os


equipamentos, neste caso 50 ohms.
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10-É de estrema importância que os conectores que ficarem expostos a intempéries, sejam
perfeitamente impermeabilizados contra a umidade, de preferência com silicone, pois a umidade
é o principal inimigo das altas freqüências.

-Podemos afirmar que noventa por cento dos problemas com perda de qualidade do sinal,
diminuição no ganho da antena, perda de pacotes na transmissão de dados e aumento de ruídos,
deve-se à entrada de umidade no elemento irradiante ( umedecendo seu gama ), e principalmente
nas conexões por falta de uma perfeita impermeabilização, e com o passar do tempo vai piorando
cada vez mais a qualidade de transmissão devido à oxidação dos componentes, processo este que
continua independente se o componente já estiver seco.

Obs: Quando começar a aparecer alguns dos problemas acima, ou todos ao mesmo tempo e haja
duvidas quanto ao diagnóstico da causa, inicie primeiro, verificando o cabo proprietário (aquele
que conecta o cartão do radio a antena), se estiver bom, faça a manutenção nas conexões, se
possível com a troca de conectores, centelhadores, etc... .

Se o problema ainda persistir, verifique se houve possibilidade de ter entrado umidade na parte
interna das antenas tipos omnidirecional, setorial, e yagi, ou no alimentador no caso de antenas
tipo parabólica.

Com este procedimento, poderemos ganhar tempo e evitar custos com envio de equipamentos
para testes.

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Florêncio Castilhos da Silva - Registro 27660 - ID Castilhos


29 Inimigo de peso em redes wireless
O objetivo desta matéria é ajudar toda e qualquer pessoa, seja ela física ou jurídica, que use o
sistema de transmissão de dados wireless (via rádio), pois hoje o maior inimigo deste sistema é a
poluição de RF (ruído ou batimento).

A transmissão de dados via rádio no Brasil vem se expandindo geometricamente na freqüência


de 2.4 Ghz, o que esta ocasionando uma total poluição de RF, que aparece na forma de ruído ou
batimento.

Por falta de maiores conhecimentos, sobre o assunto, se tem aumentado indiscriminadamente a


potencia de transmissão, seja através da troca por equipamentos de maior potência ou pelo uso
de amplificadores, aumentando cada vez mais a poluição de RF, tornando-se quase impossível
em certas regiões obter-se um sinal com o mínimo de qualidade necessário para o uso do
sistema.

Muitos estão migrando para a freqüência de 5.8 Ghz, na tentativa de melhorar o sinal,
principalmente em links ponto a ponto, mas os equipamentos para esta freqüência têm um custo
muito elevado, (quase três vezes mais que os de 2.4 Ghz), tornando quase inviável seu uso
comercialmente.

Não fosse isto, já estaríamos com problemas também nesta freqüência, alias, já estamos
cometendo os mesmos erros no uso de 5.8 Ghz, ou seja, aumento de potencia com a intenção de
melhorar o sinal.

Tal procedimento, com certeza nos levará aos mesmos problemas hoje existentes com a
freqüência de 2.4 Ghz.

Vamos através desta matéria, orientar instaladores e usuários deste sistema, quanto ao uso de
potencias adequadas, bem como escolher a antena 2.4 e 5.8 ghz que melhor se ajuste as suas
necessidades, vamos também ajudá-los a identificar a origem da interferência de RF (ruído),ou
batimento, como diminuí-los sensivelmente, como melhorar a qualidade do sinal, se possível
com os equipamentos já instalados, etc...

Poucos dão a devida importância para o elemento irradiante (antena) em um sistema wireless,
preocupando-se com o rádio, hub, servidor, etc..., Achando que a antena é um simples acessório.
No entanto, a antena é de fundamental importância para a transmissão de um sinal de qualidade.
Um rádio de $ 15.000 com uma antena inadequada pode transmitir um sinal bem inferior a um
rádio de $ 5.000 com antena bem dimensionada, para ter-se uma idéia da importância da antena,
independente da qualidade do rádio, ele não funcionará sem uma antena.

Existe um modelo de rádio, parecido com um cinescópio, totalmente hermético para ser
instalado em local exposto ao tempo, e como o ele não necessita de antena externa para
funcionar, muitos acham que o mesmo opera sem antena, mas acontece que ele já possui uma
antena interna de alto ganho.

È através da antena que poderemos aumentar a intensidade e a qualidade de um sinal, sem


aumentar o ruído. Se desde o início houvesse a preocupação de se usar a mínima potencia na
transmissão de dados via rádio, procurando-se melhorar a qualidade do sinal e o aumento da
distancia a ser atingida com o uso de antenas adequadas, bem projetado, não estaríamos hoje
com tantos problemas.

Alguns hão de dizer; como alcançar longas distancias com um rádio de apenas 32 mw, mesmo
usando uma super antena.Bem, quando queremos atingir uma distancia superior ao limite de um
rádio de 32 mw com uma super antena, devemos instalar um novo ponto de acesso dentro deste
limite e assim por diante, até atingirmos a distancia desejada, desta forma não estaríamos
provocando interferências em outros rádios, seja eles nossos ou não, e com isso todos teriam
melhor qualidade de sinal.
30 "Quanto maior a potencia empregada, maior serão nossos problemas de poluição com RF".

Hoje existe uma verdadeira guerra principalmente entre provedores de Internet, cada um
aumentando mais e mais a potencia de transmissão, quer seja com a troca de equipamento
(rádio), ou pelo uso de amplificadores, chegando a causar danos a sua própria transmissão de
dados.

Abaixo vou citar dois exemplos em que participei como consultor wireless, e que dará ao leitor
uma idéia da dimensão do problema e de sua gravidade.

No primeiro caso, dei suporte técnico para um provedor de Internet, o qual estava perdendo
clientes porque já não conseguia manter um link com as mínimas condições aceitáveis, aliás, seu
concorrente também estava perdendo clientes pelos mesmos motivos, ou seja, em certos horários
o ruído era tão intenso que derrubava o link hora de um provedor, hora do outro e quem estava
ganhando era um provedor com o sistema de ADSL, que por razões óbvias, não precisava fazer
muito esforço para conseguir clientes. Para se ter uma idéia, estes provedores não tinham rádio
com potencia inferior a 300 mw e todos os rádios de ambos estavam equipados com
amplificadores de 1 watt, sendo que um deles tinha um amplificador de 2 watts, e todas as
antenas parabólica fechada eram de 32 dbi.

Ora, um rádio de 300 mw, equipado com um amplificador de 1 watt e uma antena parabólica de
32 dbi, causa problemas sérios, inclusive com possibilidades de derrubar qualquer link de
transmissão de dados que venha cruzar seu lóbulo de irradiação em uma distancia de
aproximadamente de 15 Km.

A única solução que encontrei para estes provedores foi orientá-los para que tirassem todos estes
equipamentos, e voltassem a usar equipamentos de baixa potencia e antenas projetadas para cada
caso.

Após vários testes para provar que esta era a única solução, consegui um acordo entre ambos.

No segundo caso, o suporte técnico foi para uma empresa privada que havia feito um link com
uma de suas filiais, através de um equipamento de 200 mw equipado com amplificador de 1 watt
e antena parabólica de 27 dbi(sem necessidade). Este link funcionou bem por um período de
aproximadamente 60 dias,após este período começou os problemas com ruído, o motivo? O
provedor de Internet local foi prejudicado com este link de potencia elevada e tentando resolver
o seu problema, aumentou consideravelmente a potencia de transmissão do seu ponto de acesso.

A solução para ambos foi usar equipamento de baixa potencia e o uso do tipo e modelo de antena
que mais se adequasse aos seus propósitos. Estes exemplos não são casos isolados, as maiorias
das redes wireless estão sendo feitas através de equipamentos cada vez mais potentes, acoplados
a amplificadores e muitas vezes com o uso de tipos e modelos inadequados de antenas.

Já se chegou ao absurdo de usar amplificador nas duas pontas de um enlace wireless de curta
distancia, aproximadamente 8 km.

Imaginem se as operadoras de telefonia celular agissem da mesma forma que os provedores e


usuários da transmissão de dados via rádio, usando equipamentos de maior potencia, seria um
caos, todos eles teriam os mesmos problemas que hoje enfrentamos no sistema wireless de
transmissão de dados.

Mas elas estão bem assessoradas e ao invés de aumentar potencia para abranger uma área maior,
instalam vários pontos com potencia baixa(células) e assim operam sem problemas.

Desta forma, só conscientizando os usuários do sistema de transmissão de dados via rádio, para
adquerirem o máximo de informações técnicas possíveis sobre altas freqüências, como elas se
propagam, por que há vários tipos e modelos de antenas e como elas funcionam, enfim,como
funciona este sistema via rádio de um modo geral.
31 Muitas vezes achamos que o problema esta na rede de transmissão física(do rádio até a antena),
ou na transmissão wireless propriamente dita(irradiação de RF entre antenas), e o mesmo esta na
programação dos equipamentos, portanto seria importante também conhecerem arquitetura de
redes TCP/IP etc... .

Tenho certeza que bem informados, irão tentar baixar a potencia de transmissão e usar antenas
específicas para cada caso, alem de criarem mais pontos de acesso.

Abaixo, darei o máximo de informações, tanto técnica quanto prática sobre os tópicos: altas
freqüências, elemento irradiante (antena) e cuidados na instalação de equipamentos. Tenho
certeza, ajudarão os usuários deste sistema, a amenizar seus problemas com interferências de RF,
má qualidade do sinal, queda de link etc...

A) - Altas freqüências:
As altas freqüências, como 2.4 e 5.8 Ghz, são freqüências chamadas de visuais, ou seja, tem que
haver visada entre as antenas 2.4 ghz ou entre a antenas 5.8 ghz, caso contrário não haverá link.
Portanto este é o primeiro teste que se faz para avaliar a viabilidade de um link, tenta-se enxergar
de um ponto, o outro, mesmo que seja com auxílio de um binóculo, se isto for possível, já é um
bom começo. O segundo passo é instalar provisoriamente um rádio em um dos pontos, e
auxiliado por um not book no outro ponto, tentaremos avaliar a qualidade do sinal recebido e
enviado, com este segundo passo, poderemos determinar o tipo de antena necessária, bem como
de equipamento.

Quando operarmos com mais de um rádio no mesmo local, teremos que programar estes
equipamentos em canais distantes entre si de no mínimo tres canais, caso contrário, haverá
interferência entre eles. Estas freqüências possuem um inimigo natural que é a água, ela atua
sobre estas freqüências de dois modos; refletindo a freqüência como um espelho reflete a luz,
alterando deste modo o lóbulo de irradiação original, ou quando penetrar umidade no gama de
uma antena, no conector, ou até mesmo internamente no cabo condutor, ocasionando uma perda
considerável de sinal, podendo inclusive haver a queda total do link, até que a umidade se
evapore.

Quando houver penetração de umidade internamente em conectores e cabos, estes deverão serem
substituídos, mesmo que venham a funcionar depois de secos, isto porque um processo de
oxidação iniciou-se internamente nos mesmos o que ocasionará problemas futuros na qualidade
da transmissão.

B) - Elemento irradiante(antena):
O elemento irradiante, ou seja, a antena, é um componente vital para a transmissão de dados via
rádio,e não apenas um acessório como muitos pensam.

A escolha correta do tipo e modelo de antena é que vai determinar a qualidade do sinal
transmitido e não "a potencia aplicada ao mesmo".

Quando aumentamos a potencia de transmissão, aumentamos o sinal com todos os ruídos


existentes em proporções iguais, portanto, não melhoramos a qualidade do sinal, ou seja, se
tivermos um sinal com 32 mmw de potencia e 40% de ruído e aumentarmos a potencia para 500
mmw, o mesmo continuará com 40% de ruído. Neste caso, estaremos aumentando tanto a
poluição de RF, quanto a área atingida pela mesma.

Agora, se ao invés de aumentarmos a potencia, projetarmos o tipo e modelo de antena que mais
se aproxime do ideal para este link, bem como o local mais apropriado para sua instalação,
teremos uma queda sensível no percentual do ruído, aumentando a qualidade do sinal.

É claro que podemos conciliar o aumento de potencia, com o tipo e modelo de antena, porem
tomando todos os cuidados para não interferirmos em outros sinais independentes de quem esteja
originando os mesmos.
32 ;Toda a vez que interferirmos em outro sinal, quem estiver originando o mesmo, com intuito de
resolver o problema e talvez por falta de um conhecimento mais profundo da matéria, ira
também aumentar a potencia deste sinal, aumentando com isto a poluição de RF,tornando cada
vez mais difícil a transmissão de dados via rádio.

Embora existam vários modelos de antenas quanto ao ganho, lóbulo de irradiação e polarização,
os tipos são basicamente três:

1) onidirecional,(conhecida como omnidirecional).


2) semi direcional (conhecida como setorial)
3) direcional

Existem ainda tipos como yagi,helicoidal etc...mas como a helicoidal por suas características não
é praticamente usada em 2.4 e 5.8 ghz e a yagi é uma antena direcional muito sensível a ruídos
vindos de todos os lados, também não é muito usada nestas freqüências, não vou incluí-las nesta
matéria.

A antena omnidirecional, irradia num ângulo de 360 graus na horizontal e o ângulo de irradiação
na vertical pode variar de 3 a 30 graus aproximadamente de acordo com o modelo. Quanto a
polarização, os modelos são distintos, ou é vertical ou horizontal.

OBS: Quanto maior o ganho desta antena, menor será seu ângulo de irradiação na vertical.
Tornando-se menos próprias para curtas distancias.

Sua principal vantagem é que podemos efetuar links em todas as direções a nossa volta com uma
única antena.

Sua principal desvantagem é de captar ruídos vindos de todos os lados.

Quando a poluição de RF (ruído) é muito elevada no local, nos obrigamos a substituir uma
omnidirecional por quatro antenas setoriais com lóbulo de irradiação de 90graus na horizontal.

A antena setorial, também chamada de painel setorial conforme o modelo, pode ter seu ângulo de
irradiação na horizontal de aproximadamente entre 30 e 180 graus e na vertical
aproximadamente de 3 a 30 graus. Quanto a polarização, os modelos principalmente acima de 12
dbi são distintos, ou é vertical ou horizontal.

Existem modelos abaixo de 12 dbi que basta girar o mesmo 90 graus para mudarmos a
polarização.

Com esta antena, podemos cobrir vários pontos em uma área bastante ampla, porém em direção
pré-determinada. Este tipo de antena atenua levemente os ruídos vindo de trás e sua atenuação
quanto aos ruídos laterais, quase não existe.

A antena direcional conforme o modelo, pode ter seu ângulo de irradiação na horizontal de
aproximadamente entre 7 e 20 graus e na vertical entre 3 e 10 graus. Quanto a polarização, a
maioria dos modelos possui as duas polarizações, é só girar o gama 90 graus para mudar a
polarização, neste tipo de antena, a que mais nos interessa é a antena parabólica.

Com esta antena, podemos cobrir uma área bastante restrita, sendo mais usada para link do tipo
ponto a ponto.

Os modelos mais usados são as parabólicas, podendo ter a parábola aberta(grade) ou


fechada(fibra ou metal). A parábola fechada atenua mais que a de grade os ruídos vindo de trás.

O alimentador (iluminador ou gama),da antena parabólica pode ser fechado(tipo "caneco") ou


aberto,um dipolo(tipo off set), sendo que o fechado atenua mais os ruídos vindo dos lados que o
aberto.
33 Se conhecermos bem o funcionamento de cada antena, de acordo com o tipo e modelo, com
certeza saberemos escolher a antena que mais se aproxima do ideal para nossos propósitos,
irradiando um sinal com melhor qualidade, (menor percentual de ruídos com maior ganho em
db).

Muitas vezes alem de onerarmos nossos custos na instalação de um link, escolhendo uma antena
com ganho acima do necessário, ainda corremos o risco, do tipo ou modelo não ser o mais
indicado, deixando de obter um sinal de melhor qualidade.

Abaixo alguns exemplos quanto ao uso de antenas:

a) Uma antena omnidirecional de 8 dbi custa em media 200,00 dependendo da qualidade, e uma
de 15 dbi em media 600,00. Se nosso link for atender usuários a menos de 4 km de distancia e
nossa antena for instalada em um ponto bastante elevado, a antena de 8 dbi ira fornecer um sinal
com melhor qualidade que a antena de 15 dbi, devido ao grau de irradiação vertical ser bem mais
aberto que a de 15 dbi.

b) Possuímos dois rádios instalados na mesma torre ou mesmo lugar, um esta servindo como
ponto de acesso através de uma antena omnidirecional de 8 dbi para atender usuários localizados
ao redor deste ponto a distancias não superior a 4 km, e o outro rádio esta servindo como um link
ponto a ponto através de uma antena direcional(parabólica de grade de 24 dbi), com a finalidade
de enviar sinal a distancia de aproximadamente 15 km.

A omnidirecional esta instalada acima da parabólica (errado,"sempre as antenas com o ângulo do


lóbulo de irradiação vertical mais aberto, devem ficar abaixo das que possuem o ângulo do
lóbulo de irradiação vertical mais fechado").

Ambos os rádios estão transmitindo em canais distintos e distante entre si por apenas um
canal(errado, sempre que for necessário usar dois canais instalados no mesmo local, eles deverão
ter uma distancia entre si de no mínimo três canais).

Bem, precisamos aumentar a área de abrangência do rádio com a antena omni de 8 dbi, para
aproximadamente 12 km, então instalamos um amplificador de 1 w neste rádio(errado,iremos
atingir os 12 km, mas com esta potencia causaremos batimentos no link ponto a ponto). Este
seria o ultimo dos procedimentos.

Neste caso uma das alternativas seria instalar mais um rádio, com uma antena omni de 15 dbi,
operando cada rádio em canais bem distantes entre si ( canais 1, 6 e 11 ), e as antenas
instaladas,uma acima da outra, na seguinte ordem de cima para baixo: 1- parabólica 2-
omnidirecional de 15 dbi 3- omnidirecional de 8 dbi.

OBS: Quando tivermos que instalar antenas omnidirecionais em torre metálica, elas deverão se
possível, ficar afastada da torre no mínimo a distancia de 10 x o comprimento de onda, evitando
possíveis alterações em seu lóbulo de irradiação.

c) Possuímos um ponto de acesso que a muito tempo vinha operando com um sinal de boa
qualidade, mas o nível do ruído subiu muito comprometendo a qualidade do sinal, após ter sido
instalado no mesmo local outro radio por terceiros.

Se não houver possibilidade de mudarmos o local do nosso ponto de acesso e nem entrar em
acordo com quem instalou o outro rádio, antes de tentarmos resolver nosso problema
aumentando nossa potencia com uso de amplificador, devemos trocar a polarização da nossa
antena se a mesma permitir, ou trocarmos esta por outra com polarização contrária.

d) Quando necessitarmos aumentar o nível de um sinal, devemos fazê-lo,sempre que possível


aumentando o ganho do mesmo e não a potencia, pois quando aumentamos a potencia,
aumentamos junto os ruídos na mesma proporção e quando aumentamos o ganho, aumentamos
somente o sinal melhorando assim a qualidade do mesmo.
34 Obs: O ganho se aumenta com antenas de maior ganho e modelos específicos. A potencia se
aumenta com rádios de maior potencia ou com uso de amplificadores.

C ) Escolha do tipo e modelo de antena:


Para definirmos qual o tipo e mod. de antena que ira suprir melhor nossas necessidades,
devemos: 1) Determinar de onde e para onde desejamos enviar e receber sinais.

a) Enviar e receber sinais em um ângulo de 360 graus ao redor do nosso ponto de acesso.

b) de um ponto a diversos pontos em uma determinada direção para cobrir uma área pré-
estabelecida..

c) de um ponto a outro pré-definido (ponto a ponto).

2) determinar a distancia a ser atingida pelo sinal.

a) de 0 á x/km

b) apartir de ? km até x/km

c) combinação dos itens a e b

d) atingir um ponto pré-determinado a x/km

3) se há visada com os pontos ou áreas onde queremos chegar com o sinal.

Não poderá ter obstáculos como montanha, prédios, vegetação fechada, etc...entre os pontos a
serem feitos os enlaces.

4) local disponível para a instalação da antena e do rádio.

a) tipo de estrutura existente.

b) altura em relação aos pontos a serem atingidos.

c) se existe proteção contra raios e que tipo.

d) se existe outros equipamentos wireless instalados no local e quais os tipos.

e) se possível checar o nível de ruído existente no local.

f) distancia mínima possível entre o rádio e a antena.

g) potencia do rádio (se já adquirido).

Com a definição dos itens acima, dificilmente deixaremos de escolher a antena que mais se
aproxime do ideal para nossos propósitos, ou seja, colocar o sinal necessário, no local
determinado com o menor desperdiço em outras direções, com a menor potencia gerada, com o
menor custo possível.

D) interferências de RF.
A interferência de RF pode apresentar-se das seguintes formas:

-Fixa quando a relação sinal/ruído se mantem constante. -Variável quando a relação sinal/ruído
apresenta variações distintas entre si.
-como batimento quando há variações na potencia, mantendo constante o percentual sinal/ruído.
35 A fonte da interferência pode ser:
-própria Quando usamos mais de um rádio em canais muito próximos.

Quando usamos mais de uma antena sem atender os critérios mínimos quanto a aproximação
entre as mesmas, ou porque alguma ou todas estão com o nível da potencia refletida(onda
estacionária) acima do limite aceitável, conexões com defeito, umidade ou oxidação.

Quando usamos potencia acima do aceitável pela aproximação dos rádios ou antenas.

-de terceiros Quando vinda de equipamentos de terceiros instalados em local próximo ou não ao
nosso, tendo como motivo os mesmo citados acima.

Esta interferência é a mais difícil de eliminar, pois poderemos depender da boa vontade de
terceiros.

É importante sabermos a fonte de interferência para sabermos no mínimo como amenizar o


problema. Quando a interferência chega até nosso equipamento por via indireta (freqüência
refletida por algum objeto), torna-se difícil identificar sua origem e conseqüentemente
dificultando uma solução.

As principais fontes de interferências nas formas fixa ou variável podem ser:

- Potencia excessiva, levando em conta todo os equipamentos instalados no local. - Antenas(s)


mal dimensionadas. - Antena(s) de ma qualidade com alto percentual de potencia refletida(ondas
estacionárias). - Rádios transmitindo em canais muito próximos (menos que três canais de
diferença). - Rádios transmitindo em freqüências completamente diferentes, porem operando
com alta potencia (acima de 500 watts), próximos dos equipamentos afetados. - Realimentação
do sistema irradiante por RF refletida. - Espúrios ou harmônicas de outras freqüências que
coincidem com o comprimento de onda irradiado por nossos equipamentos.

As principais fontes de interferências na forma de batimento:

Obs: O batimento provoca a queda da potencia sem alteração na relação sinal/ruído, podendo
inclusive interromper totalmente um link.

- encontro de RFs de fontes diferentes, porem com sinais de mesmo nível em contra-fase.

Obs: este fenômeno pode acontecer em qualquer ponto entre links, inclusive em determinados
horários, quando o tráfego de dados aumenta chegando próximo ao limite dos equipamentos.

-A queda de potencia também pode ser causada por penetração de umidade em conectores,
cabos, e na própria antena, ou por oxidação destes elementos.

Podemos considerar a água como o segundo inimigo de peso no sistema wireless de transmissão
de dados.

Para se ter uma idéia, 70% dos problemas com queda de sinal e perda de pacotes, em níveis
consideráveis, tem como origem umidade interna em conexões, em cabos e até mesmo
internamente em antenas, ou por oxidação nestes componentes.

Tornar uma emenda hermética através da aplicação de silicone ou fita autofusão, é de


fundamental importância para evitarmos problemas futuros com perda acentuada de potencia e
de pacotes, principalmente em conexões com divisores de potencia.

Sempre que tivermos problemas deste tipo, devemos antes de começar a trocar antenas, rádios ou
cabos de transmissão, fazermos uma revisão minuciosa nas conexões e no cabinho conhecido
como proprietário (tem entre 30 e 60 cm), aquele que liga o rádio ou cartão ao cabo de
transmissão ou diretamente a antena quando esta está próxima.
36 Ondas estacionárias
Vários fatores influem na qualidade de uma antena, tais como, ganho, R.O.E, qualidade
dielétrica do material usado (alumínio,latão,cobre,bronze, etc...), circuito dielétrico da mesma,
impermeabilidade contra agentes poluentes, consumo de potencia radioelétrica, resistência física
da mesma, etc...

Neste artigo, vou falar sobre um destes fatores, ou seja, sobre "ondas estacionárias".

Como o nome diz, são ondas eletromagnéticas (freqüências) estacionadas na antena.


Um transmissor de rádio freqüência, manda para a antena uma freqüência com uma determinada
potencia, para que esta seja irradiada ao espaço livre com o máximo rendimento possível.
Acontece que parte desta potencia aplicada na antena não é irradiada para o espaço livre, e sim
refletida internamente na mesma, ficando esta parte das ondas eletromagnéticas, estacionadas na
antena, sendo que em alguns casos (dependendo da potencia e da freqüência), elas podem
retornar a etapa de saída do radio transmissor causando sérios prejuízos, como a queima desta
etapa.

Portanto, "ondas estacionárias" é a relação entre a potencia irradiada e a potencia refletida por
uma antena. Esta onda estacionária pode ser medida basicamente de duas maneiras:

1- Através de um medidor da R.O.E(ondas estacionárias), com escala direta e própria.


2- Através de um wattímetro, onde fazemos o cálculo em percentual da potencia refletida.
Ex: Se um wattímetro instalado entre o rádio e a antena, acusar uma potencia irradiada de 200
mw e uma potencia refletida de 5 mw, a onda estacionária nesta antena será de 2,5 %

Vejamos a comparação entre a escala da R.O.E e percentuais:

R.O.E : 1 = o% , 1.2 = 1% , 1.5 = 4% , 2 = 11% , 3 = 25%, 4 = 36% e 5 = 50%

Classifico a onda estacionária de uma antena pelo percentual como segue:

Até 4% ótima, entre 4 e 8% boa, entre 8 e 11% regular, entre 11 e 18% ruim, entre 18 e 25%
péssima. Esta classificação é válida individualmente por antena, para comparação entre duas ou
mais antenas, elas deverão ter o mesmo ganho em dbi.

Exemplo:
A) uma antena omni de 8dbi e uma de 15 dbi possuem estacionária de 4%, ambas estão ótimas,
porem a de 15 dbi tem um ganho maior, portanto um alcance também maior. B) duas antenas
omnis de 8 dbi, uma tem estacionária de 1% e a outra de 4%, a omni com estacionária de 1% é
melhor que a com 4%, porque mesmo as duas tendo ganhos iguais, a com 1% de estacionária
terá melhor qualidade no sinal irradiado bem como maior alcance. C) uma antena omni de 8 dbi
com 1% de estacionária irradiará um sinal com melhor qualidade e em maior distancia que uma
omni de 9 dbi com estacionária de 11%.

Importante sabermos que não se pode determinar a qualidade da antena, levando em conta
isoladamente, o ganho ou a estacionária, estes dois fatores estão atrelados entre si.

Exemplo:
a) uma antena com ganho de 30 dbi e estacionária de 75%, só causará problemas. b) uma
resistência de 50 ohms, colocada na ponta de um cabo RG 213, com comprimento em múltiplos
da freqüência, terá estacionária de aproximadamente 2%, não irradiará nada, pois não é uma
antena.

Bem, acredito que ficou claro o que são "ondas estacionária"( R.O.E), agora vamos ver os fatores
que determinam a R.O.E em uma antena, como acontece e por que acontece.
37 Uma antena tem como finalidade acoplar a impedância de saída de um transmissor com a
impedância do espaço livre, e para que isto aconteça, a antena deverá estar sintonizada para a
freqüência deste transmissor. Obs: Quando falo em impedância de saída de um transmissor de
RF , não estou falando em impedância resistiva a cargas elétricas e sim a ondas eletromagnéticas.

Alerto para este detalhe, pois muitos já tentaram achar os 50 ohms tanto no cabo coaxial quanto
no conector da antena de transmissão de dados em 2.4 ou 5.8 ghz. As antenas podem funcionar,
dependendo do tipo, com o gama (elemento irradiante vivo) em aberto ou em curto com relação
à massa (malha do cabo, plano terra etc..), portando um multímetro comum usado em eletrônica,
ou vai acusar curto zerando o mostrador, ou não vai registrar nada.

Quanto mais precisa for esta sintonia, menor será o percentual de ondas estacionárias nesta
antena. Para que uma antena esteja sintonizada na freqüência que queremos irradiar, é
necessário que seus componentes ativos e as distancias entre eles, sejam calculados com base no
comprimento de onda desta freqüência.

Exemplo:
Normalmente em 2.4 ghz, usamos 11 canais que vão de 2.412(canal 1) a 2.462(canal 11) Mghz,
uma antena para atender todos estes canais, deverá estar sintonizada na freqüência de
2.437(canal 6) Mghz, para que sua R.O.E tenha uma alteração uniforme, tanto para os canais
acima quanto para os canais abaixo do 6º. Portanto seus componentes terão como base para os
cálculos o comprimento de onda de 123,1 mm. Esta antena irradiará um sinal com melhor
qualidade no canal seis, mas sem comprometer a qualidade nos canais um e onze. Se, no entanto
ela estiver sintonizada no canal onze, o canal um, ou vice-versa, poderão ficar comprometidos
com relação a estacionária, pois serão dez canais distantes da sintonia e não cinco como no caso
anterior.

Este é o principal fator que pode determinar o valor da estacionária de uma antena, existem
outros fatores, bem mais complexos que podem auxiliar na formação da onda estacionária
(composição do circuito ressonante da antena), de acordo com suas capacidades resistivas,
indutivas e capacitivas, conforme o tipo e modelo do mesmo.

Mas para explicar estes fatores mais complexos, precisamos saber como fabricar uma antena, e
como não é o propósito desta matéria, ficamos somente com o fator principal.

Bem, como vimos, uma antena já vem com sua R.O.E (ondas estacionárias), pré determinada
quando de sua fabricação, portanto não podemos melhorá-la após isto, e sim cuidar para que a
mesma não venha a piorar com o uso.

Uma antena pode ter sua R.O.E aumentada, pós fabricação, por alguns fatores, sendo que os
mais comuns são: Poluição interna do gama através do acumulo de elementos poluentes
encontrados no ar sobre o mesmo(elemento irradiante vivo), por oxidação deste ou por
infiltração de umidade na antena.

Para tentarmos evitar que tal aconteça, devemos impermeabilizar (o melhor possível) toda e
qualquer conexão que fique exposta ao tempo, tomando o cuidado de não fechar nenhum orifício
natural existente na antena.

Obs: Alguns tipos ou modelos de antenas possuem orifícios em sua base, para que haja um
equilíbrio da pressão atmosférica interna com a externa, evitando principalmente que em casos
de mudanças acentuadas na temperatura, não seja sugada para dentro da antena, umidade que por
ventura tenha se infiltrado no cabo coaxial. Portanto uma antena pode perder a qualidade do sinal
irradiado durante seu tempo de uso, sem perder seu ganho em dbi. Neste caso, devemos primeiro
verificar se há sinais de umidade ou de oxidação nas conexões externas e principalmente no
conector da antena. Se houver, trocaremos estas conexões e se o problema continuar,
provavelmente esta antena esta com infiltração de umidade ou oxidada internamente,
conseqüentemente sua R.O.E estará acima do aceitável.
38 Zona de Fresnel

Quando geramos uma freqüência e queremos transmiti-la de um lugar para outro, através do
espaço livre, necessitamos de duas antenas, uma para cada lugar, e se esta freqüência for alta,
será necessário que tenha visada entre elas,ou seja, que de uma antena possamos enxergar a
outra, mesmo que com o auxilio de um binóculo ou similar.
Este fator que chamamos de visada, é de fundamental importância, pois sem ele, não haverá
comunicação (enlace) entre antenas de alta freqüência.

Mas não basta enxergarmos de uma antena, somente a outra antena, é preciso enxergar mais que
isto, é preciso enxergar uma área pré-determinada, que deverá ser maior quanto maior for a
distancia entre antenas.

É dentro desta área pré-determinada que encontramos a zona de Fresnel. A propagação das
freqüências altas, forma em torno da linha de visada um campo na forma elíptica, o qual recebeu
a denominação de "zona de Fresnel", por onde trafega a maioria dos dados que interagem entre
antenas.

A figura abaixo mostra o exemplo detalhado de como funciona a zona de Fresnel, onde a linha
verde escura representa a linha de visada e as linhas pontilhadas o tráfego de dados, tanto de ida
quanto de volta.

A área azul é a zona de Fresnel e a vermelha a zona onde os sinais estão interrompidos pelo
obstáculo, não permitindo que nesta área haja a troca de dados entre antenas. Quando esta área
começar a atingir aproximadamente 25% da zona de Fresnel, começaremos a ter no mínimo
perda de pacotes, e à medida que ela for aumentando, ira piorando a qualidade do enlace
chegando à interrupção total do mesmo.
Fórmula para calcular o raio desta área no ponto do possível obstáculo:
R = 0,6 x raiz quadrada (0,12 x D.ant. x D. obst. / (D.ant. + D. obst.).

Lembramos que às vezes não nos damos conta de obstáculos comprometendo a zona de Fresnel,
por não prestarmos atenção na proximidade desta área de objetos, tais como, árvores, torres,
montanhas, outdoors, etc. Nunca esquecendo que árvores crescem e modifica este cenário com o
tempo.

Por falar em modificação, o cenário que hoje permite um enlace com ótima qualidade, no futuro
pode sofrer modificações que venham comprometer a zona de Fresnel deste enlace, como a
construção de um edifício, a colocação de um outdoor, a instalação de uma torre etc...

Por esta razão, a zona de Fresnel quando de um enlace (link), de utilidade Pública ou de
segurança Nacional, seja ele de empresa privada ou do próprio governo, esta protegida pela
ANACON através do Decreto lei Nº 597-73 de sete de novembro, o qual prevê e regulamenta,
tanto as regiões onde estão estes enlaces, como também possíveis modificações nas mesmas.

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