artigo inédito

Uso de dispositivo sônico para aplicação de

adesivo em dentes posteriores

Resumo: Infelizmente, os adesivos, ao se tornarem cada vez mais simplificados, passaram a ter menor longe-
vidade da união, em especial, a dentina, o que pode afetar a durabilidade das restaurações de resina compos-
ta em dentes posteriores. O presente artigo apresenta o relato de caso do uso de um  dispositivo sônico (Smart,
FGM) para aplicação de um sistema adesivo universal (que pode ser usado na técnica autocondicionante ou
que usam o ácido fosfórico como passo separado). Após preparo da cavidade em um dente posterior, foi reali-
zado o condicionamento seletivo do esmalte. Na sequência, o adesivo universal foi aplicado como um adesivo
autocondicionante. Durante a aplicação do adesivo, o microbrush foi acoplado no Smart, que, ao ser aciona-
do, realizada movimentos sônicos na faixa de 160 a 170Hz. Isso permite padronizar a aplicação do adesivo, já
que permitir uma melhor infiltração do adesivo na camada híbrida, reduzindo poros nessa camada, acele-
rando a remoção do solvente e, assim, melhorando a qualidade do polímero formado.  A seguir, a restauração
com resina composta foi finalizada. A literatura sobre o uso desse dispositivo demonstrou que o Smart pode
potencializar a união ao dente. Esse caso clínico mostrou que o Smart é de fácil uso e deve ser recomendado
para uso diário na prática odontológica. Palavras-chave: Adesivos dentinários. Dentística operatória.

Anna Luiza Szesz

Doutoranda em Odontologia, Faculdade de Odontologia da Universidade Estadual de Ponta Grossa.

Johanna Cuadros-Sanchez
Doutoranda em Odontologia, Faculdade de Odontologia da Universidade Estadual de Ponta Grossa.

Miguel Angel Muñoz

Doutorando em Odontologia, Faculdade de Odontologia da Universidade Estadual de Ponta Grossa.
Professor, Faculdade de Odontologia de Valparaíso/Chile

Issis Luque-Martinez
Doutoranda em Odontologia, Faculdade de Odontologia da Universidade Estadual de Ponta Grossa.

Alessandra Reis
Professora Adjunta, Faculdade de Odontologia da Universidade Estadual de Ponta Grossa.

Alessandro D. Loguercio
Professor Adjunto, Faculdade de Odontologia da Universidade Estadual de Ponta Grossa.

Como citar este artigo: Szesz AL, Cuadros-Sanches J, Muñoz MA, Luque-Martinez I, Reis A, Loguercio AD. Uso de dis- Os autores declaram não ter interesses associati-
positivo sônico para aplicação de adesivo em dentes posteriores. Rev Dental Press Estét. 2014 jan-mar;11(1)::110-8. vos, comerciais, de propriedade ou financeiros que
representem conflito de interesse nos produtos e
companhias descritos nesse artigo.
Enviado em: 22/12/2013 - Revisado e aceito: 09/07/2013

O(s) paciente(s) que aparece(m) no presente artigo

Endereço de correspondência: Alessandro Loguercio, R. Gal Osório, 422/601, Centro, Ponta Grossa/PR, autorizou(aram) previamente a publicação de suas
CEEP 84010-080 - E-mail: aloguercio@hotmail.com fotografias faciais e intrabucais, e/ou radiografias.

110 Rev Dental Press Estét. 2014 jan-mar;11(1):110-8


Introdução
Cada vez mais, restaurações estéticas em
dentes posteriores têm ganhado espaço, com es-
pecial ênfase às restaurações de resina composta,
em detrimento de restaurações de amálgama1,2,3.
Dados do governo americano indicam que mais de
160 milhões de restaurações diretas foram colo-
cadas pelos cirurgiões-dentistas americanos em
2005, e que mais da metade dessas foi devido à
falha de restaurações antigas4, ou seja, o proce-
dimento foi de troca das restaurações, indepen-
dentemente do material restaurador a ser usado.
Em uma recente revisão de estudos clíni-
cos de resina composta em dentes posteriores de
longa duração, foi observado que vários fatores
podem afetar a longevidade de restaurações em
dentes posteriores, entretanto, a cárie adjacen-
te às margens das restaurações ainda é um dos
maiores fatores que ocasionam a troca das res-
taurações2. Spencer et al.3 indicam que essa fa-
lha deve estar relacionada à falta de selamento
da interface dente/restauração, o que faz com
que haja falta de resistência dessa interface aos
agentes internos (enzimas proteolíticas) e exter-
nos (fluidos e microrganismos, etc.) que possam
ocasionar o início da falha5,6.
Atualmente, é bem descrito na literatura que
adesivos simplificados (adesivos que não usam o
ácido fosfórico ou que não usam um último frasco
que contenha altas concentrações de monômeros
hidrófobos na composição) são os que apresen-
tam as maiores taxas de falha ao longo do tem-
po7, e que os adesivos simplificados que utilizam o
condicionamento ácido são os mais utilizados na
atualidade pelos cirurgiões-dentistas brasileiros,
seja devido à necessidade de simplificação da téc-
nica ou ao menor tempo de aplicação, facilitando
a utilização por parte dos clínicos8,9.
Entretanto, é comum o relato de sensibilida-
de pós-operatória com o uso de resina composta
em dentes posteriores10,11, fato, esse, diretamente
relacionado ao risco de colapso das fibras de colá-
geno durante o processo de infiltração na malha de
Uso de dispositivo sônico para aplicação de adesivo em dentes posteriores
colágeno desmineralizada3, o que leva a uma di-
minuição da durabilidade da união7. O colapso do
colágeno é prevenido ao manter a dentina desmi-
neralizada úmida — o que é uma tarefa difícil de
realizar clinicamente e que é dependente do sol-
vente utilizado no material12, bem como da inter-
pretação do clínico das instruções do fabricante.
Essa sensibilidade tem sido diminuída e/ou
evitada pela utilização de sistemas autocondicio-
nantes, já que esses materiais têm a capacidade de,
após a remoção parcial e/ou total da smear layer,
incluí-la na camada híbrida, diminuindo, assim,
a potencial sensibilidade pós-operatória causada
pela incompleta infiltração de monômeros resi-
nosos nos túbulos dentinários13. Esses materiais
também têm outra vantagem: são menos sensíveis
às variações de umidade superficial14, o que os faz
ser a primeira indicação para áreas onde o controle
de umidade é bastante difícil, tal como em restau-
rações posteriores. Porém, uma desvantagem evi-
dente dessa estratégia de união é a reduzida união
ao esmalte15,16 e, consequentemente, um maior
percentual de descoloração marginal nessas mar-
gens em estudos clínicos17,18.
Para superar essa limitação, é indicada a reali-
zação do procedimento de condicionamento ácido
seletivo do esmalte previamente à utilização dos
sistemas autocondicionantes15,16. Contudo, o áci-
do fosfórico pode, acidentalmente, ser levado até
a dentina, em especial em dentes posteriores ou
quando a viscosidade do ácido fosfórico é na forma
de semigel; isso resulta em um condicionamento
dentinário, que ocasionaria, em geral, uma dimi-
nuição da adesão à dentina19,20,21.
Para tentar solucionar estas dificuldades téc-
nicas e simplificar os procedimentos adesivos,
os fabricantes têm lançado no mercado adesivos
universais, ou seja, materiais que podem ser usa-
dos como adesivos autocondicionantes e/ou asso-
ciados ao condicionamento com ácido fosfórico,
devido à presença, em sua composição, de mo-
nômeros que promovem adesão química à estru-
tura dentária22,23. A despeito dos bons resultados
Rev Dental Press Estét. 2014 jan-mar;11(1):110-8 111
 Szesz AL, Cuadros-Sanches J, Muñoz MA, Luque-Martinez I, Reis A, Loguercio AD
laboratoriais e clínicos24,25,26, esses materiais são
adesivos simplificados em sua concepção e, por-
tanto, com alto grau de hidrofilicidade, o que de-
verá ocasionar, em parte, os mesmos problemas de
degradação da união dos adesivos anteriores.
Reis et al.7 indicaram diferentes alternati-
vas clínicas que podem ser usadas para diminuir
a degradação da interface de união à dentina e,
assim, aumentar a longevidade das restaura-
ções. Entre todas as técnicas discutidas, a mais
simples e fácil de ser aplicada é a aplicação ati-
va ou vigorosa do adesivo27-30. Entretanto, essa
técnica é sensível a variações do operador, pois
cada um pode interpretar de forma diferente o
que significa, exatamente, “aplicar ativamente”.
Recentemente, um estudo preconizou o uso de
um dispositivo sônico próprio, para a aplicação
do sistema adesivo31. Esse dispositivo, denomi-
nado Smart (FGM Prod. Odont. Ltda, Joinville/
Figura 1. Dispositivo sônico vibratório Smart com o microbrush em posição.
112 Rev Dental Press Estét. 2014 jan-mar;11(1):110-8
SC; Fig. 1), permite o encaixe de um microbrush
e, por meio da aplicação de uma frequência os-
cilatória, faz com que o adesivo seja aplicado e
preencha toda a extensão da dentina desminera-
lizada ou não, sem nenhuma necessidade de for-
ça adicional. O movimento das cerdas sob vibra-
ção transmite energia, permitindo uma melhor
difusão dos monômeros no substrato dentinário
ao mesmo tempo em que permite uma melhor
evaporação dos solventes presentes no sistema
adesivo, resultando em uma melhor interação
micromecânica com o substrato subjacente, re-
sultando em menor padrão de nanoinfiltração
(Fig. 2) e melhoria da adesão a dentina, tanto
imediata quanto ao longo do tempo31.
Assim, o objetivo desse relato de caso é apre-
sentar a aplicação de um adesivo universal com um
dispositivo sônico (Smart) para a restauração com
resina composta de um dente posterior.
 Uso de dispositivo sônico para aplicação de adesivo em dentes posteriores

Aplicação manual Aplicação vibratória (Smart)

(A) (B)
Resina composta
Resina composta

Camada híbrida

Camada
híbrida

Dentina Dentina

(C) (D)

Topo da camada híbrida Topo da camada híbrida

Camada híbrida

Camada híbrida

Base da camada híbrida

Figura 2. Microscopias eletrônicas de varredura feitas da interface entre adesivo e dentina. Observe que, quando o adesivo é aplicado segundo
as instruções do fabricante, ocorre um alto nível de nanoinfiltração de sais de nitrato de prata no topo (mãos vermelhas) e na base (mãos azuis)
da camada híbrida (A e C). Isso é indicativo de que o adesivo não penetrou adequadamente em toda área desmineralizada e que também parte
do solvente do adesivo não foi corretamente evaporado, diminuindo o grau de conversão da película formada. Quando o adesivo foi aplicado com
o dispositivo sônico vibratório, observou-se uma significativa melhoria no padrão de penetração do sistema adesivo, sendo essa nanoinfiltração
restrita apenas ao topo da camada hibrida (B e D). Para maiores detalhes do método, veja Loguercio et al.30 e Muñoz et al.24

Rev Dental Press Estét. 2014 jan-mar;11(1):110-8 113

 Szesz AL, Cuadros-Sanches J, Muñoz MA, Luque-Martinez I, Reis A, Loguercio AD
RELATO DE CASO
Paciente do sexo feminino, 15 anos de idade,
procurou a clínica de atendimento da universi-
dade com queixa de dor ao frio e ao ingerir ali-
mentos doces, na região do primeiro quadrante.
Durante a anamnese, a paciente não relatou ne-
nhuma alteração sistêmica. Ao exame clínico,
constatou-se, a perda de restauração do 16, tanto
na fossa mesial quanto na área central (Fig. 3A).
A paciente relatava a restauração ser de um ma-
terial escuro, possivelmente amálgama, e a falta
de preparo cavitário retentivo justificaria a queda
total do material restaurador.
As radiografias periapical e interproximal
confirmaram não haver envolvimento pulpar, bem
como a presença de uma fina, mas homogênea,
camada de dentina entre a parede pulpar e o teto
da cavidade pulpar. Uma profilaxia foi realizada
previamente ao exame clínico. Após anestesia in-
filtrativa e isolamento absoluto do campo opera-
tório com grampo nº 26, posicionado no dente 17,
e dique de borracha, a cavidade foi preparada por
meio da remoção do excesso de material de base e
tecido cariado (Fig. 3B). O condicionamento ácido
foi indicado apenas no esmalte com ácido fosfóri-
co gel (Select HV Etch, ácido fosfórico a 35% com
cloreto de benzalcônio, Bisco, Schaumburg, EUA),
para evitar que esse escorra para a dentina, por 15
segundos (Fig. 3C). Na sequência, o ácido foi lavado
com jato de ar/água e a dentina foi deixada úmida
(Fig. 3D). Observe na Figura 3D (setas vermelhas)
a quantidade excessiva de umidade, fato, esse, que
foi corrigido na Figura 3E (setas vermelhas). Vale
ressaltar, ainda, na Figura 3E (setas amarelas), o
branco opaco do esmalte — indicativo do excelente
padrão de condicionamento do esmalte.
Em seguida, foi feita a aplicação do adesivo
(All-Bond Universal, Bisco) segundo as recomen-
dações do fabricante24, com ajuda de um micro-
brush acoplado ao Smart (Fig. 1, dispositivo sô-
nico vibratório, FGM). O dispositivo é acionado
de forma similar a uma escova elétrica e realiza
movimentos sônicos vibratórios na faixa de 160
114 Rev Dental Press Estét. 2014 jan-mar;11(1):110-8
a 170Hz, permitindo uma aplicação padronizada
na dentina e esmalte de toda a cavidade duran-
te 10 a 20s. Para isso, é fundamental não usar um
microbrush com o cabo fino (Fig. 3F), e sim ca-
libroso (Fig. 3G). Microbrushes de cabo fino não
transmitem a energia para as cerdas e não car-
reiam adequadamente os monômeros para dentro
da malha de dentina. Os microbrushes forneci-
dos pelo fabricante já são calibrosos e garante a
referida transmissão de energia. Após aplicar jato
de ar a uma distância de, aproximadamente, 5cm
por 10 a 15 segundos, com o propósito de evapo-
rar o solvente, é feita a fotopolimerização com o
aparelho VIP (600mW/cm2 de intensidade de luz,
Bisco) por 10s. Selecionamos as resinas compostas
Aelite LS Posterior (Bisco), cor A3 para dentina,
e Aelite Aesthetic Enamel (Bisco), cor A2 para o
esmalte. A técnica restauradora foi estratifica-
ção, com uso de seis incrementos de, aproxima-
damente, 1 a 1,5mm oblíquos, acompanhando a
anatomia das cúspides e sulcos (Fig. 3H, 3I), sen-
do cada incremento fotopolimerizado por 5s e, ao
final, por 40s. Após o término da restauração, fo-
ram realizados acabamento e polimento com sis-
tema de borrachas e escovas Jiff Brush (Ultradent
Products Inc., South Jordan, EUA) e, após a reti-
rada do isolamento absoluto, foi realizado o ajuste
da oclusão (Fig. 3J, 3K).
A restauração finalizada pode ser observa-
da na Figura 3L. Observe a excelente combinação
estética e biomimetismo. Contudo, o mais impor-
tante é que o uso de uma resina composta de boa
qualidade, associada a diversas estratégias adesi-
vas (condicionamento seletivo de esmalte, uso de
um adesivo universal e aplicação sônica), permitiu
uma restauração sem sensibilidade pós-operatória
e com maior probabilidade de longevidade.
DISCUSSÃO
A ideia de se utilizar um dispositivo sônico
vibratório para a aplicação do adesivo sobre a su-
perfície da dentina, com a finalidade de melhorar
 Uso de dispositivo sônico para aplicação de adesivo em dentes posteriores

(A) (B) (C)

(D) (E) (F)

(G) (H) (I)

(J) (K) (L)

Figura 3. Passo a passo da estratégia de aplicação do adesivo com o dispositivo sônico vibratório Smart para restauração de resina composta
no dente 16. Vista inicial, de uma cavidade em que ocorreu a perda da restauração antiga. Observe os restos de material de base (A); isolamento
absoluto (B); condicionamento ácido seletivo de esmalte por 15s (C). O excesso de umidade (setas vermelhas) deve ser evitado (D). Veja como se
destaca o padrão de condicionamento no esmalte após controle da umidade (setas amarelas) (E). Aplicação do sistema adesivo universal com
dispositivo sônico vibratório Smart (F, G). Lembre-se de não usar um microbrush com o cabo fino (F), mas sim um calibroso (G). Restauração com
técnica de estratificação em incrementos oblíquos de resina composta reproduzindo cúspides e sulcos (H, I). Finalmente, depois de retirado o
isolamento absoluto, foi realizado o ajuste da oclusão e polimento final (J, K, L).

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 Szesz AL, Cuadros-Sanches J, Muñoz MA, Luque-Martinez I, Reis A, Loguercio AD
a impregnação monomérica dentro da dentina,
advém dos estudos que já demonstraram que uma
aplicação manual com fricção vigorosa propor-
cionou melhoria da adesão imediata, bem como
aumentou a durabilidade de união à dentina de
adesivos autocondicionantes e de adesivos que
usam o ácido fosfórico28,29.
Como já mencionado, a aplicação dos siste-
mas adesivos, conforme as recomendações dos fa-
bricantes, ocasiona uma difusão limitada na malha
de dentina desmineralizada3,7. Dessa maneira, ao
aplicar o adesivo com fricção ocorre uma pressão
mecânica que comprime a matriz de colágeno que
foi propositalmente (adesivo que usa ácido fosfó-
rico) ou acidentalmente condicionada (adesivos
universais em que é usado o ácido fosfórico apenas
no esmalte, como no presente caso clínico), colap-
sando-a como uma esponja. À medida que a pres-
são é aliviada, o colágeno comprimido se expande
e a solução de adesivo pode ser carreada para a ma-
lha de colágeno, previamente colapsado29.
Além disso, é provável, também, que a apli-
cação de fricção vigorosa aumente a evaporação de
solventes. Embora essa técnica não altere a nature-
za do adesivo (hidrofilicidade), espera-se modifi-
cações na topologia da cadeia de polímeros, permi-
tindo um ambiente mais propício para o aumento
do grau de ligações cruzadas no polímero32,33.
Para adesivos autocondicionantes, a agita-
ção colabora no transporte de monômeros re-
sinosos acídicos para a parte basal da dentina
condicionada, produzindo uma desminerali-
zação mais agressiva, facilitando a difusão dos
monômeros e promovendo uma melhor inte-
ração com a smear layer e a dentina subjacen-
te, consequentemente, diminuindo o padrão de
infiltração de nitrato de prata dentro da camada
híbrida28, como observado na Figura 2. Isso pode
ser explicado pelos recentes estudos de Zhang e
Wang32,33, que demonstram que a aplicação vigo-
rosa melhora a união química dos adesivos auto-
condicionantes à dentina, devido ao melhor grau
de conversão dentro da camada híbrida.
116 Rev Dental Press Estét. 2014 jan-mar;11(1):110-8
Estudos clínicos randomizados e controla-
dos, o mais alto padrão de evidência quando se
quer avaliar uma terapia/tratamento, realizados
aplicando vigorosamente adesivos que usam áci-
do fosfórico e autocondicionantes em lesões cer-
vicais não-cariosas, sem nenhum preparo prévio,
demonstraram aumento do padrão de retenção
dos adesivos, bem como diminuição da descolo-
ração marginal das margens da restauração27,28.
Então, a pergunta a ser feita é: por que usar
um dispositivo sônico vibratório para a aplica-
ção dos sistemas adesivos se nós podemos fazer
uma aplicação manual vibratória? Infelizmente,
a interpretação do operador de como fazer apli-
cação vigorosa é muito variada, como indicado
na introdução. Além disso, são necessários mi-
crobrushes mais rígidos, que se deformam facil-
mente ao ser aplicados sobre pressão.
A aplicação de instrumentos sônicos em
Odontologia é antiga e, até hoje, esses instru-
mentos têm sido muito utilizados para a remo-
ção de cálculo (Periodontia) ou a melhoria da
remoção de bactérias e restos dentinários do
canal radicular (Endodontia) 34, entre outros.
Estudos prévios já foram realizados utilizando a
aplicação de adesivos autocondicionantes com
dispositivos como o Smart 35,36. Nesses estudos,
a frequência de aplicação do dispositivo era ul-
trassônica (mais de 20KHz), muito inferior à
frequência aplicada no presente relato de caso
(170Hz, pelo Smart).
Outra diferença importante é que os estu-
dos anteriores não usaram um microbrush para
a aplicação do sistema adesivo sobre a dentina,
mas sim um instrumento metálico (como uma
ponteira usada em um ultrassom periodontal).
Os autores não conseguiram usar um micro-
brush plástico na ponteira de um ultrassom
porque ele poderia derreter devido à eleva-
da temperatura que atingida, podendo levar,
inclusive, a danos pulpares quando aplicados
diretamente sobre a dentina 37. Vale salientar
que a frequência de oscilação do microbrush

adaptado ao Smart é a mesma quando em con-
tato ou não com a superfície da dentina, o que
é uma vantagem desse dispositivo quando com-
parado a dispositivos ultrassônicos31.
Tendo em vista a simplificação dos proce-
dimentos adesivos, o lançamento dos adesivos
universais é um avanço, já que com apenas um
frasco esses materiais podem se aderir quimica-
mente à estrutura dentária (autocondicionan-
tes), e quando usados associados ao esmalte,
podem melhorar sua interação micromecânica.
Entretanto, a associação desses materiais com
o dispositivo de aplicação sônica Smart poten-
cializará a união das estruturas dentárias, de-
vendo, portanto, ser recomendado, assim como
demonstrado no presente relato de caso.
CONCLUSÕES
O uso de um dispositivo sônico vibratório
para a aplicação de um adesivo universal à den-
tina (como autocondicionante) e ao esmalte (com
aplicação do condicionamento seletivo de esmal-
te) permite a obtenção em uma restauração de
dente posterior com excelente padrão de união.
Uso de dispositivo sônico para aplicação de adesivo em dentes posteriores
Abstract
Aplication of an adhesive system in poste-
rior teeth using a sonic device / Unfortunately
due to simplification of the bonding protocol, the
long-term durability of the adhesives were re-
duced, especially in dentin, which can affect the
durability of posterior composite restorations.
This article presents a clinical case report where
a sonic device (Smart, FGM) was used for the ap-
plication of a universal adhesive (which can be
used in the self-etch and etch-and-rinse mode).
After cavity preparation of a posterior tooth, the
enamel was conditioned with phosphoric acid.
In the next step, the adhesive was applied on the
cavity as a self-etch material. During adhesive ap-
plication, the microbrush was attached to the tip
of the Smart, which produces a vibration in the
range of 160-170 Hz. This allows standardization
of the adhesive application, increased resin in-
filtration in the dental substrates and higher sol-
vent evaporation producing stronger hybrid layers
with reduced porosity. After adhesive application,
the composite resin was incrementally applied in
the cavity. The literature about this sonic devices
reported that it maximizes the bond strength with
the dental structure and the present clinical report
showed that this is a feasible and easy technique
for clinical use. / Keywords / Dentin-bonding
agents. Dentistry, operative.
Rev Dental Press Estét. 2014 jan-mar;11(1):110-8 117
 Szesz AL, Cuadros-Sanches J, Muñoz MA, Luque-Martinez I, Reis A, Loguercio AD
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