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Farmacobotânica, Farmacognosia

e Toxicologia

Brasília-DF.
Elaboração

Juliana Tironi Machado

Produção

Equipe Técnica de Avaliação, Revisão Linguística e Editoração


Sumário
APRESENTAÇÃO.................................................................................................................................. 4
ORGANIZAÇÃO DO CADERNO DE ESTUDOS E PESQUISA..................................................................... 5
INTRODUÇÃO.................................................................................................................................... 7
UNIDADE I
FARMACOBOTÂNICA.............................................................................................................................. 9

CAPÍTULO 1
INTRODUÇÃO À FARMACOBOTÂNICA....................................................................................... 9

CAPÍTULO 2
SISTEMÁTICA VEGETAL............................................................................................................. 16

UNIDADE II
FARMACOGNOSIA............................................................................................................................... 27

CAPÍTULO 1
INTRODUÇÃO À FARMACOGNOSIA......................................................................................... 27

CAPÍTULO 2
ESTUDO DAS PRINCIPAIS CLASSES DE COMPOSTOS ORGÂNICOS ENCONTRADOS EM PLANTAS. 32

CAPÍTULO 3
CONTROLE DE QUALIDADE DE MATÉRIA-PRIMA E PRODUTOS FITOTERÁPICOS............................ 41

CAPÍTULO 4
BIOTRANSFORMAÇÃO............................................................................................................. 48

CAPÍTULO 5
FARMACOLOGIA E FITOQUÍMICA DE FITOTERÁPICOS QUE ATUAM NO SISTEMA NERVOSO
CENTRAL, SISTEMA CARDIOVASCULAR, SISTEMA RESPIRATÓRIO, SISTEMA DIGESTÓRIO E TRATO
GENITO-URINÁRIO................................................................................................................... 53

UNIDADE III
TOXICIDADE DE FITOTERÁPICOS ........................................................................................................... 61

CAPÍTULO 1
CONCEITOS GERAIS DE TOXICOLOGIA.................................................................................... 63

CAPÍTULO 2
MECANISMOS DE AÇÃO DA TOXICIDADE................................................................................ 69

CAPÍTULO 3
CONTAMINAÇÃO E PRINCIPAIS PLANTAS TÓXICAS................................................................... 72

PARA (NÃO) FINALIZAR...................................................................................................................... 86


REFERÊNCIAS................................................................................................................................... 87
Apresentação
Caro aluno

A proposta editorial deste Caderno de Estudos e Pesquisa reúne elementos que se entendem
necessários para o desenvolvimento do estudo com segurança e qualidade. Caracteriza-se pela
atualidade, dinâmica e pertinência de seu conteúdo, bem como pela interatividade e modernidade
de sua estrutura formal, adequadas à metodologia da Educação a Distância – EaD.

Pretende-se, com este material, levá-lo à reflexão e à compreensão da pluralidade dos conhecimentos
a serem oferecidos, possibilitando-lhe ampliar conceitos específicos da área e atuar de forma
competente e conscienciosa, como convém ao profissional que busca a formação continuada para
vencer os desafios que a evolução científico-tecnológica impõe ao mundo contemporâneo.

Elaborou-se a presente publicação com a intenção de torná-la subsídio valioso, de modo a facilitar
sua caminhada na trajetória a ser percorrida tanto na vida pessoal quanto na profissional. Utilize-a
como instrumento para seu sucesso na carreira.

Conselho Editorial

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Organização do Caderno
de Estudos e Pesquisa
Para facilitar seu estudo, os conteúdos são organizados em unidades, subdivididas em capítulos, de
forma didática, objetiva e coerente. Eles serão abordados por meio de textos básicos, com questões
para reflexão, entre outros recursos editoriais que visam a tornar sua leitura mais agradável. Ao
final, serão indicadas, também, fontes de consulta, para aprofundar os estudos com leituras e
pesquisas complementares.

A seguir, uma breve descrição dos ícones utilizados na organização dos Cadernos de Estudos
e Pesquisa.

Provocação

Textos que buscam instigar o aluno a refletir sobre determinado assunto antes
mesmo de iniciar sua leitura ou após algum trecho pertinente para o autor
conteudista.

Para refletir

Questões inseridas no decorrer do estudo a fim de que o aluno faça uma pausa e reflita
sobre o conteúdo estudado ou temas que o ajudem em seu raciocínio. É importante
que ele verifique seus conhecimentos, suas experiências e seus sentimentos. As
reflexões são o ponto de partida para a construção de suas conclusões.

Sugestão de estudo complementar

Sugestões de leituras adicionais, filmes e sites para aprofundamento do estudo,


discussões em fóruns ou encontros presenciais quando for o caso.

Praticando

Sugestão de atividades, no decorrer das leituras, com o objetivo didático de fortalecer


o processo de aprendizagem do aluno.

Atenção

Chamadas para alertar detalhes/tópicos importantes que contribuam para a


síntese/conclusão do assunto abordado.

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Saiba mais

Informações complementares para elucidar a construção das sínteses/conclusões


sobre o assunto abordado.

Sintetizando

Trecho que busca resumir informações relevantes do conteúdo, facilitando o


entendimento pelo aluno sobre trechos mais complexos.

Exercício de fixação

Atividades que buscam reforçar a assimilação e fixação dos períodos que o autor/
conteudista achar mais relevante em relação a aprendizagem de seu módulo (não
há registro de menção).

Avaliação Final

Questionário com 10 questões objetivas, baseadas nos objetivos do curso,


que visam verificar a aprendizagem do curso (há registro de menção). É a única
atividade do curso que vale nota, ou seja, é a atividade que o aluno fará para saber
se pode ou não receber a certificação.

Para (não) finalizar

Texto integrador, ao final do módulo, que motiva o aluno a continuar a aprendizagem


ou estimula ponderações complementares sobre o módulo estudado.

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Introdução
É com imenso prazer que introduzo o conhecimento de Farmacobotânica, Farmacognosia e Toxicologia,
a você que veio a procura de novos aprendizados e conceitos atualizados na área de Fitoterápicos.
Iremos abordar conceitos básicos já bem estabelecidos por diversos pesquisadores sobre morfologia
de plantas e como consequência sua taxonomia. Mais adiante também será abordado como as drogas
são originadas a partir de um vegetal, o que é necessário para uma produção de excelência. Por
fim, vamos discutir quais principais plantas, que são usadas no dia a dia de um profissional pode
ter consequências nocivas ao paciente, como por exemplo, a toxicidade, tanto da planta como dos
compostos originados por ela.

Objetivos
»» Promover o conhecimento fisiológico, farmacológico e o preparo de plantas para a
finalização da droga.

»» Analisar que a droga pode trazer consequências tanto benéficas como maléficas.

»» Compreender que o processamento correto de uma planta (metabólitos) é o que


fará dela um bom fitoterápico.

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FARMACOBOTÂNICA UNIDADE I

CAPÍTULO 1
Introdução à farmacobotânica

A Farmacobotânica se preocupa com o estudo de matérias de origem vegetal, ao passo que a


farmacozoologia se preocupa com as drogas de origem animal. Dessa forma, o objetivo do estudo da
farmacobotânica é determinar a autenticidade, ou seja, a identidade da matéria-prima do vegetal.

Assim, a Farmacobotânica é a ciência que embasa o conhecimento teórico-prático para a identificação


e seleção de espécies de interesse farmacêutico, para a produção e controle de qualidade de
fitoterápicos, além do isolamento de princípios ativos. Deste modo, se dedica ao estudo da botânica
com o enfoque em espécies de uso medicinal (Disponível em <http://www.sbfgnosia.org.br/>.
Acesso em 20/05/2014).

Como visto acima, a Farmacobotânica abrange uma área extensa tanto do conhecimento da planta
até sua produção em fármaco. Deste modo, esta ciência pode relacionar a identificação e pureza
das drogas, avaliar, identificar e isolar os princípios ativos, selecionar, fazer a colheita, preparar,
conservar e dispensar para assim, produzir o fitoterápico e, por fim observar se há toxicidade a
partir da biotransformação da planta. Contudo, dentro da Farmacobotânica vamos estudar a
Farmacognosia e a Toxicidade de plantas. Para tornar o processo mais ilustrativo, observe a figura
1., abaixo, sobre o desenho do estudo.

Figura 1. Apresentação esquematizada do conteúdo que será abordado neste caderno, referente ao módulo
Farmacobotânica, Farmacognosia e Toxicologia de plantas.

Identificação e Pureza Avaliação, identificação e


das Drogas FITOTERÁPICO isolamento de princípios
ativos

FARMACOBOTÂNICA

Seleção, colheita,
preparação, conservação Toxicidade
e dispensação

Figura 1. Apresentação esquematizada do conteúdo que será abordado neste caderno, referente ao módulo Farmacobotânica, Farmacognosia
e Toxicologia de plantas.
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UNIDADE I │ FARMACOBOTÂNICA

Para entendermos todo o mecanismo pelo qual a planta passará até sua transformação em um
fitoterápico, precisamos saber a fisiologia da planta.

Reino Plantae
Antigamente era comum classificar cada ser vivo como um animal ou uma planta. O reino Animalia
incluía aqueles organismos que se moviam e cujos corpos cresciam até um certo tamanho e então
interrompiam o crescimento. O reino Plantae compreendia todos os seres vivos que não se moviam
ou comiam e que cresciam indefinidamente. Assim, os fungos, as algas, e as bactérias ou procariotos
eram agrupados entre as plantas, enquanto os protozoários, que são organismos unicelulares que
se moviam e comiam eram classificados como animais. No século XX, novos dados começaram
a emergir a partir da microscopia eletrônica, desse modo, utilizaram evidências moleculares,
mudando o sistema de classificação agora para três domínios, os quais são Bacteria, Archaea e
Eukarya, sendo que os protistas, fungos, plantas e animais são agora reconhecidos como reinos
dentro do domínio Eukarya, sendo então denominados reino Protista, Fungi, Plantae,Virus,
Monera e Animalia (JÚNIOR, SASSON e JÚNIOR, 2010; JOLY,1977; RIZZINI, 1976).

O reino Plantae será o foco deste capítulo. Ele é representado por diversas espécies, cuja história
evolutiva for marcada pela grande capacidade adaptativa na conquista gradual e extensa do
meio terrestre. Nessa conquista do ambiente terrestre, as plantas desenvolveram estruturas e
mecanismos especiais capazes de superar problemas como a perda de água para o ar, o processo
de respiração, entre outras. Algumas dessas adaptações garantiram o processo de fecundação, que
até então em grupos antigos, este era dependente de água do meio ou de líquidos secretores pelos
órgãos femininos que possibilitavam o encontro dos gametas. Já nos grupos mais recentes, essa
dependência de água para a fecundação é muito reduzida ou até mesmo ausente (JÚNIOR, SASSON
e JÚNIOR, 2010; SCHUTTZ, 1939).

As plantas são consideradas multicelulares e compostas de células eucarióticas que contêm vacúolos
e são envoltas por paredes que possuem celulose. O seu principal meio de nutrição é a fotossíntese,
embora, já se sabe que algumas plantas se tornaram heterotróficas, ou seja, não produzem seu
próprio alimento, diferente da maioria das plantas que são autótrofas, ou seja, produzem seu próprio
alimento a partir da fotossíntese. Esta diferenciação de autótrofas para heterótrofas foi observada
no reino Plantae durante a evolução das plantas para o ambiente terrestre, dessa forma, à evolução
mais notada foi a de órgãos especializados para a fotossíntese, fixação e suporte. Nas plantas
mais complexas, tal organização produziu tecidos fotossintetizantes, vasculares e de revestimento
especializado. A reprodução das plantas é primariamente sexuada, com ciclos de gerações haploide
e diploide alternantes. Nos membros mais avançados deste reino, a geração haploide (o gametófito)
foi reduzida no curso da evolução (RAVEN, EVERT e EICHHORN, 2001).

Dentro do reino Plantae, existe uma separação por grupos de plantas, já que as plantas apresentam
diferenciação em diversas estruturas e aspectos, deste modo, as plantas podem ser classificadas em
briófitas, pteridófitas, gimnospermas e angiospermas (Tabela 1.). As quais, iremos abordar mais a
frente, antes disso, vamos entender como esses grupos foram formados.

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FARMACOBOTÂNICA │ UNIDADE I

Primeiramente, quando pensamos na palavra planta, logo nos lembramos de flores e frutos, no
entanto, é interessante salientar que estas estruturas foram às últimas grandes aquisições evolutivas
deste reino. Anteriormente a este evento podemos citar as algas verdes como as carofíceas, que se
acredita serem os parentes mais próximos dos embriófitos ou briófitas, por possuírem clorofila. No
entanto, o caminho foi longo desde as algas verdes, carofíceas, grupo do qual provavelmente foi
originado as embriófitas, sendo estas as primeiras plantas até as angiospermas que são as plantas
mais estruturadas e completas deste reino. Nessa história evolutiva, uma conquista crucial foi a
transição do meio aquático para o terrestre (JÚNIOR, SASSON e JÚNIOR, 2010; JOLY, 1977).

Tabela 1. Classificação dos mais importantes


Tabela 1. Classificação organismos
dos mais importantes Vivos
organismos Vivos
(modificado de RAVEN, EVERT & EICHHORN, 2001)

Domínio Filo Hepatophyta (hepáticas)


Eucariótico Briófitas Filo Anthocerophyta (antóceros)
Eukarya Filo Bryophyta (musgos)
Plantas vasculares
Filo Psilotophyta (psilófitas)
Reino Plantae Plantas sem Filo Lycophyta (licófitas)
sementes Filo Sphenophyta (cavalinhas)
Filo Pterophyta (samambaias)

Filo Cycadophyta (cicas)


Plantas com Filo Ginkgophyta (ginkgo)
sementes Filo Coniferophyta (coníferas)
Filo Gnetophyta (gnetófitas)
Filo Antophyta (angiospermas)

(modificado de T=RAVEN, EVERT e EICHHORN, 2001)

As briófitas, do grego bryon, (musgos) e phyton, (plantas) são consideradas plantas avasculares, isto
é, não possuem vasos condutores para transporte de seiva bruta e elaborada (xilema e floema) pelo
seu corpo, são os primeiros vegetais onde há presença de diferenciação de tecidos como, por exemplo,
a epiderme, para a proteção. Como qualquer outro vegetal, são capazes de realizar fotossíntese,
sendo então autótrofos fotossintetizantes. Como as algas, possuem o corpo na forma de talo, sem
raízes, caule e folhas diferenciadas. O corpo das briófitas é formado por três componentes essenciais
sendo os rizoides que são os filamentos fixantes a planta no ambiente em que ela vive absorvendo os
nutrientes necessários para esta. O cauloide que são as hastes que formam os filoides e esses são as
estruturas capazes de fazer a fotossíntese da planta. A ausência dos vasos condutores restringem o
tamanho e o hábitat destes vegetais, deste modo são de pequeno porte e são encontrados em locais
úmidos ou de água doce, sombrios, em barrancos de rios ou lagos, córregos, em cascas de árvores
e também no xaxim, onde são cultivadas as samambaias. Esta restrição a locais úmidos deve-se
à ausência dos vasos condutores e também a dependência da água para a reprodução, pois sua
fecundação é por oogamia (UZUNIAN e BIRNER, 2008; Vídeo sobre o ciclo das briófitas acessado
em 26/05/2014. <http://www.youtube.com/watch?v=JrjUGOR2HTM>).

Não só os nutrientes como também a água são retirados do solo pelos rizoides. O processo de
distribuição de nutrientes e da água para as células das plantas ocorre através de osmose e difusão.
Em resumo, o filo das briófitas compreende as plantas simples comumente denominadas “musgos”

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UNIDADE I │ FARMACOBOTÂNICA

e “hepáticas”, além das antocerófitas. As briófitas não apresentam flores, frutos ou semente, porém
são morfologicamente mais avançadas que as algas. As briófitas são importantes componentes da
biomassa, e são essenciais para alguns ecossistemas por serem de cadeia alimentar (certos animais
comem musgos), elas absorvem muita água, evitam a erosão do solo em locais onde crescem
abundantemente. Assim, como os liquens, são indicadores de poluição ambiental. Além disso, as
briófitas podem ser utilizadas em pesquisas farmacêuticas e para a extração de essências (UZUNIAN
e BIRNER, 2008; DAJOZ, 1973).

Dentre as briófitas mais simples, estão às hepáticas (Filo Hepatophyta), compostas por
aproximadamente 10.000 espécies distribuídas em 3.000 gêneros. A classe “Hepaticae” significa
“semelhantes a um fígado” nome escolhido por causa da forma de fígado do gametófito de certas
espécies. Lembrando que estas não possuem tecidos condutores especializados (possivelmente há
umas poucas exceções) nem estômatos (estes trabalham no controle hídrico da planta)(RAVEN,
2005). Os gametófitos podem ser talosos ou folhosos e os rizoides são unicelulares. A maior parte da
fotossíntese ocorre no gametófito, do qual o esporófito é dependente (UZUNIAN e BIRNER, 2008).

A classe Anthorcerotae (Filo Anthocerophyta), é composta aproximadamente por 9 gêneros


distribuídos normalmente em 3 famílias. Os gametófitos são talosos e pequenos, e o esporófito dos
antóceros é duradouro e cresce constantemente durante a vida da planta, ocorrência exclusiva a esta
classe de plantas. Isto ocorre devido a um grupo de células próximas a base que nunca para de se
multiplicar. Nenhum outro tipo de planta possui essa característica. Os estômatos estão presentes
no esporófito e não há tecido condutor especializado (UZUNIAN e BIRNER, 2008).

A classe Musci (Filo Bryophyta), é a maior classe de briófitas, com mais de nove mil espécies
classificadas. Os gametófitos são folhosos e fixam aos substratos pelos rizoides que são multicelulares
e conectam-se aos filoides pelo cauloide. Os estômatos estão presentes nos esporófitos, e estes
apresentam complexos padrões de deiscência. Apesar de não possuírem tecido condutor, alguns
musgos têm no interior do cauloide um canal semelhante a uma veia, que auxilia no transporte de
nutrientes (RAVEN, EVERT e EICHHORN, 2001).

Nas plantas vasculares sem sementes estão as psilofitas, licofitas, spnhenophyta, e a mais conhecida
a pteridófita, estas são samambaias, a maior parte é formada por plantas homósporas, embora
algumas sejam heterósporas. Todas possuem um megafilo. O gametófito é mais ou menos de vida
livre e geralmente fotossintetizante, os gametângios são multicelulares e anterozoides que nadam
livremente. As pteridófitas compreendem de nove a doze mil espécies de plantas conhecidas
popularmente como samambaias (no Brasil) ou fetos (nos outros países lusófonos) e as avencas
(RAVEN, EVERT e EICHHORN, 2001;THAMES, 1977).

Por último, e mais evolutivas estão as plantas vasculares com sementes, denominadas gimnospermas
e angiospermas. As gminospermas são compostas por cicas ou popularmente conhecidas palmeira-
de-ramos ou palmeira-de-sagu, ginko, coníferas e gnetófitas. As gimnospermas referem-se
precisamente ao fato de que as sementes e óvulos destas plantas se encontram expostas sobre
a superfície dos esporófitos ou estruturas análogas. Todas as plantas são terrestres, embora
apresentem tamanhos variados, são sempre árvores ou arbustos. Este fato deriva de apresentarem,
pela primeira vez neste reino, crescimento secundário, ou seja, o seu crescimento é contínuo tanto

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FARMACOBOTÂNICA │ UNIDADE I

em altura, como em largura. Os principais grupos de gimnospermas são as cicas (as primeiras
gimnospermas, sobreviventes do tempo dos dinossauros), o Ginkgo (única árvore do seu gênero
sobrevivente e que parece ter mudado muito pouco em 80 milhões de anos) e as coníferos, por
exemplo, pinheiros, cedros, ciprestes, sequoias, tuias, entre outros (UZUNIAN e BIRNER, 2008;
RAVEN, EVERT e EICHHORN, 2001; BARROSO, 1978).

As angiospermas, também fazem parte das plantas vasculares, estas são plantas floríferas, com
sementes nas quais os óvulos são envolvidos por um carpelo e sementes no interior de frutos. As
angiospermas são extremamente diversas vegetativamente, mas caracterizam-se pela presença
da flor, que é basicamente polinizada por insetos, existem outros processos de polinização como
por intermédio do vento, a partir de então se desenvolveram em várias linhagens distintas e em
diversos lugares. Os gametófitos são muito reduzidos, com o gametófito feminino frequentemente
consistindo em apenas sete células na condição madura. A dupla fecundação, envolvendo os dois
gametas masculinos do microgametófito maduro, dá origem ao zigoto (gameta masculino ou oosfera)
e ao núcleo endospérmico primário (gameta masculino e núcleos polares), o primeiro torna-se o
embrião e o último, um tecido nutritivo especial chamado endosperma. (UZUNIAN e BIRNER,
2008; RAVEN, EVERT e EICHHORN, 2001; PEREIRA,1980).

As angiospermas são as plantas de maior número de organismos fotossintéticos, incluindo mais de


230.000 espécies. Dominam completamente o mundo vegetal dos últimos 100 milhões de anos, sem
elas não existiriam as cores das flores e frutos, como as belas cores outonais das folhas das árvores.
Estas plantas evoluíram de modo a estarem perfeitamente adotadas à vida em meio terrestre e em
contato com os animais (BAKER e ALLEN, 1975; PEREIRA, 1980; BARROSO, 1978).

As angiospermas desenvolveram uma estrutura especialmente bem adaptada à reprodução


sexuada em meio terrestre e em presença de animais, a flor. A polinização por insetos, que foram
atraídos por flores vistosas e néctares, foi selecionada devido às suas elevadas características. A
cor das flores é uma das características mais notórias das angiospermas, mas, no entanto, é devida
a uma concentração de pigmentos que existem em todas as plantas, porém não são em todas as
plantas que se encontram em altas concentrações. A taxa de reprodução é de duas a quatro vezes
maior que as gimnospermas, pois produzem sementes com elevado conteúdo em reservas e com
menor necessidade de luz para a germinação. A produção de frutos carnudos e apetitosos permite
à planta “utilizar” os animais na dispersão das sementes contidas neles. As sementes apresentam
frequentemente ganchos e espinhos que se agarram ao pelo dos animais, se espalhando (RAVEN,
2005; BARROSO, 1978).

Na angiosperma existem dois grupos, denominados monocotiledôneas e eudicotiledôneas, as


monocotiledôneas (Classe Monocotyledones) com cerca de 65.000 espécies são peças florais que
apresentam venação foliar geralmente paralela, feixes vasculares primários no caule que se distribuem
aleatoriamente, porém sem crescimento secundário verdadeiro, sendo um cotilédone, como por
exemplo, as gramíneas, orquídeas e palmeiras. Já as eudicotiledôneas (Classe Eudicotyledones) com
cerca de 170.000 espécies, são peças florais que apresentam venação foliar geralmente reticulada,
feixes vasculares primários no caule que se distribuem como um anel. Muitos dos representantes
desse grupo possuem um câmbio vascular e crescimento secundário verdadeiro, dois cotilédones,

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UNIDADE I │ FARMACOBOTÂNICA

como por exemplo, as árvores, com exceção das coníferas e plantas herbáceas, feijão entre outros
(RAVEN, 2005; PIRANI, 2000).

Juntas as monocotiledôneas e as eudicotildôneas representam aproximadamente 97% das


angiospermas, os outros 3% das angiospermas vivas são as magnoliídeas, as angiospermas
com as características mais primitivas e ancestrais das monocotiledôneas e eudicotiledôneas.
As semelhanças entre estes dois grupos são bem maiores que as diferenças, apesar de serem
facilmente reconhecíveis (CAMPBELL, 1993). Algumas denominações são necessárias para
maior entendimento permitindo diferenciar os grupos fotossintetizantes, como por exemplo,
as Traqueófitas que são plantas que possuem vasos condutores de seiva como as pteridófitas,
gimnospermos e angiospermos, em contraposição às plantas que não possuem vasos, como as
briófitas, estas são avasculares. Espermatófitas referenciam-se às plantas que formam sementes
como as gimnospermas e angiospermas, em contraposição às que não as formam, como as briófitas
e pteridófitas. Antófitas são as plantas produtores de flores como as angiospermas, em oposição às
plantas que não produzem flores como briófitas, pteridóficas e gimnospermas (<http://ambientes.
ambientebrasil.com.br/> acesso em 29/05/2014).

As criptógamas eram usadas para referenciar algas, talófitas, briófitas e pteridófitas e as fanerógamas
referenciavam às gimnospermas e ás angiospermas, por possuírem estruturas visíveis para a
fecundação, o que veremos logo a seguir (Figura 2.). No entanto, a divisão Thallophyta foi excluída
do reino Plantae. Mesmo assim estas apresentam características próprias como organismos
fotoautotróficos (alguns crescem heterotroficamente), se diferenciam do reino Plantae por não
necessitarem de sistema vascular para transporte de nutrientes, muitas são móveis, a coloração
também é muito variada, podem ser verdes, amarelas, vermelhas, pardas, azuis, castanho douradas,
entre outras. A reprodução é tão variada quanto às formas e cores, envolvendo mecanismos
vegetativos, assexuados e sexuais, frequentemente caracterizados pela produção de esporos e
gametas flagelados (RAVEN, EVERT e EICHHORN, 2001; PIRANI, 2000; THAMES, 1977).

No entanto, antigamente esses termos citados acima eram muito usados em Farmacobotânica pelo
sistema de Eichler, isso por que, para Eichler, o reino vegetal era dividido em dois subconjuntos,
baseado na presença ou na ausência de órgãos reprodutíveis bem visíveis. Assim, o subconjunto
Cryptogamae, era aquele que apresentava órgãos reprodutivos ocultos, e se caracterizava por
reunir espécies que formavam flores. Elas podiam ser divididas em avasculares, de acordo com a
presença ou ausência de tecidos condutores de seiva. Desse modo, as Tallophytas e as Bryophytas
eram consideradas avasculares. As Pteridophytas vasculares, isto é, que formam tecidos condutores
de seiva. Não obstante, as Thallophytas foram excluídas do reino Plantae, como já citado acima. O
subconjunto Phanerogamae caracterizava-se por reunir espécies formadoras de órgãos reprodutivos
bem visíveis, tais como as flores Gymnospermae. Desse modo, podiam ser divididos em dois
grupos, considerando-se a presença ou ausência de frutos. As Gymnospermae que apresentam
sementes nuas, isto é, neste grupo de plantas não se formam: frutos verdadeiros e as Angiospermae
que formam frutos e são divididos em dois subgrupos, baseados na presença de um ou dois
cotilédones (embriófilos ou folhas embrionárias) no embrião. Tendo assim as monocotyledoneae e
as dicotyledoneae (PIRANI, 2000; SIMÕES, 1999).

14
FARMACOBOTÂNICA │ UNIDADE I

Hoje em dia, esse quadro demonstrado por Eilcher (Figura 2.) não é considerado errado, mas sim,
desatualizado, devido a novos conceitos que foram surgindo após aquela época. No entanto, pode-se
alguns autores ainda usam esse sistema como base para a didática de Botânica e Farmacobotânica.

Uma das principais evidências que podemos citar para confirmar o desuso deste quadro adotado por
Eilcher é que “flores verdadeiras”, são aquelas que aparecem na angiosperma somente. Constituindo
assim, um caráter importante na separação de gimnospermas e angiospermas.

Figura 2. Sistema de EICHLER.

Sistema de EICHLER
1. Cryptogamae (plantas sem flores)

• Thallophyta
• Bryophyta avasculares

• Pteridophyta vasculares

2. Phanerogamae (plantas com flores)

Gymnospermae (plantas sem frutos – semente nuas)

Angiospermae (plantas com frutos – sementes no interior do


fruto)

Monocotyledonae
Dicotyledonae

Figura 2. Sistema de EICHLER.

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CAPÍTULO 2
Sistemática vegetal

Quando você pára e observa uma flor, um arbusto ou uma árvore, você pode
perguntar-se: “Qual o nome daquela planta?” Essa pergunta simples, no entanto,
intrigou Aristóteles e sem dúvida pessoas até antes dele. Neste capítulo você irá
aprender que o processo aparentemente trivial de dar nome a um organismo é,
de fato, parte de um sistema totalmente organizado para o estabelecimento de
relacionamentos genéticos e identificação de tendências evolutivas. É comum
observarmos a variedade de nomes que uma planta pode apresentar, a partir da sua
localidade, deste modo, para os botânicos, e outros biólogos, essa pluralidade de
nomes representa uma barreira para o compartilhamento de informações. Portanto,
além dos “nomes populares” que variam de localidade para localidade, cada planta
também apresenta um “nome científico” – um nome de origem latim com duas
palavras que a identifica precisamente em qualquer lugar do mundo (SCHUTTZ,
1939; THAMES, 1977).

Taxonomia e Classificação Hierárquica

A Sistemática ou Taxonomia Vegetal é um ramo da Biologia Vegetal que estuda


a diversidade das plantas com base na  variação morfológica e nas relações
evolutivas, produzindo um sistema de classificação, o qual permite estabelecer uma
identificação ideal para as plantas (SOUZA e LORENZI, 2005).

BARROSO (1978) considera taxonomia como a ciência que elabora as leis da


classificação, enquanto a sistemática cuida da classificação dos seres vivos, ciência
baseada, fundamentalmente, na morfologia, compreendendo a identificação, a
nomenclatura e a classificação.

A diversidade de organismos vegetais criou no homem a necessidade de classificação, com a


finalidade de poder acumular conhecimentos sobre eles. Instintivamente, o homem começou a
classificar as plantas, dividindo o mundo vegetal em grupos menores e mais fáceis de entender. As
primeiras classificações foram baseadas na prática. O homem necessitava saber quais as plantas
que poderiam servir para comer, para cuidar de enfermidades ou quais as que seriam nocivas ou até
mesmo fatais. Este tipo grosseiro de classificação, de interesse imediatista, levou em conta quase
que exclusivamente a morfologia. As plantas de forma e propriedades semelhantes eram reunidas
em grupos, os quais recebiam certas denominações (TREASE e EVANS, 2000). A partir de Darwin,
começou-se a tentar organizar os vegetais em grupos, baseados em seu aspecto estrutural. Hoje o
ramo da Botânica que estuda isso é a Sistemática.

16
FARMACOBOTÂNICA │ UNIDADE I

A Sistemática Vegetal tem por objetivo agrupar as plantas dentro de um sistema. Deste modo, ela
utiliza conhecimentos de Morfologia, Fisiologia, Fitopaleontologia, Química, Genética, Ecologia,
Fitogeografia, entre outros ramos do conhecimento. Contudo, a Sistemática tem por finalidade a
identificação, a nomenclatura e a classificação das plantas.

Identificação se baseia na determinação de um táxon (plural: TAXA ou TAXONS) como idêntico


ou semelhante a outro já conhecido. Além disso, o Táxon é a unidade ou categoria taxonômica
das plantas. A nomenclatura está relacionada com o emprego correto do nome das plantas e a
classificação, com a ordenação das plantas em um táxon e este dentro do sistema (RAVEN, EVERT
e EICHHORN, 2001; THOMAS, 1929).

Os sistemas de classificação podem ser divididos em três grupos:

»» sistemas artificiais;

»» sistemas naturais;

»» sistemas filogenéticos.

Os sistemas artificiais baseiam-se em um único caráter ou em poucos caracteres para a sua


ordenação. Desse modo, as características são facilmente observáveis, no entanto, estas não levam a
um parentesco evolutivo, pois a característica é escolhida aleatoriamente. Por exemplo: caráter flor.

Os sistemas naturais baseiam-se na afinidade natural das plantas. Este tipo de classificação foi
primeiro, utilizado por Jussieu. Baseia-se em diversos tipos de caracteres, relacionando-os.

Os sistemas filogenéticos baseiam-se na evolução, relacionando os diversos grupos vegetais com a


filogênese.

Taxonomia
A taxonomia é um aspecto importantíssimo da sistemática, devido a sua função de identificar, atribuir
nomes e classificar as espécies de plantas, animais e minerais. O primeiro naturalista a denominar
os nomes e descrever as espécies foi Carl Linnaeus, do século XVIII. Em 1753, Linnaeus publicou
um trabalho em dois volumes com o título Species Plantarum (“As Espécies Vegetais”), no qual ele
descrevia em latim cada espécie por meio de uma sentença limitada a doze palavras. Mais adiante,
esses polinômios foram trocados pelo sistema binomial (“Sistema de dois termos”) de nomenclatura,
por este mesmo pesquisador. Este sistema foi originado a partir do Species Platarum, sendo que
ele juntou aquele polinômio, de cada planta, minério ou animal e retirou uma palavra “própria”
de cada espécie, descrevendo a espécie em uma única palavra. Essa palavra, quando combinada
com a primeira palavra do polinômio, denominada gênero, formava uma designação “abreviada” e
conveniente para a espécie. Por exemplo, a gataria, que foi formalmente chamada Nepeta floribus
interrupte spicatus pedunculatis (significando “Nepeta com flores numa espiga pendunculada
interrompida”), Linnaeus escreveu “cataria” (significado “associada a gato”) na margem do texto,
assim chamando a atenção para um atributo familiar à planta. Após a nomenclatura ser originada,

17
UNIDADE I │ FARMACOBOTÂNICA

muitos pesquisadores e cientistas da época começaram a usar esse termo para se referenciar a
espécie. A Nepeta cataria se popularizou e até hoje esse nome ainda é usada por diversas pessoas
tanto leigos como cientistas (RAVEN, EVERT e EICHHORN, 2001; TREASE e EVANS,1972).

No sistema Binomial que é usado hoje em dia, todo o nome deve ser acompanhado pelo nome
do autor da espécie em latim, e deve aparecer destacado no texto. Além disso, a primeira palavra
corresponde ao nome genérico, e a segunda corresponde ao nome específico. Assim, o nome
científico é constituído de um nome genérico ou ao gênero ao lado do nome específico ou epíteto
específico. Assim, o nome de uma espécie consiste em duas partes.

Com certa frequência, costuma-se acrescentar ao conjunto o nome do autor que descreveu o vegetal
pela primeira vez.

Por exemplo 1: Desse modo, para a gataria, o nome genérico é Nepeta, o epíteto é o cataria, e o nome
da espécie é Nepeta cataria.

Exemplo 2:

Coffea arábica L. à Nome do autor que descreveu o vegetal pela primeira vez

Nome genérico Nome específico

Exemplo 3: Erythroxylum coca Lam. ou Erythroxylum coca Lam.

Além disso, quando uma espécie muda de gênero, o nome do autor referente ao primeiro nome
dado a espécie (Basiônimo) deve ser citado entre parênteses, seguido pelo nome do autor que fez a
nova combinação.

Por exemplo: Tabebuia alba (Cham.) Sadw.;

Basiônimo: Teocoma alba Cham.

O nome genérico pode ser escrito sozinho quando se refere ao grupo inteiro de espécies que formam
aquele gênero. Por exemplo: Figura 3. Mostra três espécies do gênero da violeta, Viola. Contudo, um
epíteto específico é desprovido de sentido quando escrito sozinho, uma vez que, o epíteto específico
biennis, por exemplo, está associado a dezenas de diferentes nomes genéricos. Artemisia biennis,
uma espécie de losna, e Lactuca biennis, uma espécie de alface selvagem, são dois representantes
muito diferentes da família do girassol; Oenothera biennis, uma flor semelhante à prímula, pertence
a uma família totalmente diferente. Devido ao perigo de se confundirem os nomes, um epíteto
específico é sempre precedido do nome ou da letra inicial do gênero, no qual, ele se inclui, por
exemplo: Oenothera biennis ou O. biennis. Os nomes dos gêneros e espécies são escritos em itálicos
ou são sublinhados quando escritos à mão.

Caso uma espécie seja colocada em um gênero errado, ela deverá ser colocada no gênero certo, dessa
maneira, o epíteto específico move-se com a espécie para o novo gênero. No entanto, caso já haja
uma espécie naquele gênero que tem aquele determinado epíteto específico, um nome alternativo
deve ser criado.

18
FARMACOBOTÂNICA │ UNIDADE I

Cada espécie tem um espécimen tipo, geralmente um espécimen seco da planta, mantido em um
museu ou um herbário, que é designado ou pela pessoa que originalmente descreveu aquela espécie
ou por um autor subsequente, se o autor original não fez a designação. O espécimen tipo serve como
um referencial para a comparação com outros espécimens para determinar se eles pertencem ou
não à mesma espécie (RAVEN, EVERT e EICHHORN, 2001; TREASE e EVANS,1972).

Figura 3. Três membros do gênero da violeta. (a) A violeta comum azul, Viola papilionaceae, que cresce em na
América do Norte. (b) Viola tricolor, uma violeta de flores amarelas. (c) Amor-perfeito, Viola tricolor var. hortensis,
uma linhagem anual cultivada, pertencente a uma espécie principalmente perene e nativa do oeste europeu.
Estas fotos indicam os tipos de diferenças em tamanho e cor das flores, forma e margem das folhas e outras
características que distinguem as espécies desse gênero, muito embora haja uma semelhança geral entre elas. Há
cerca de 500 espécies do gênero Viola; a sua maioria é encontrada em regiões temperadas no Hemisfério Norte.

(a) (c)
(b)
Figura adaptada e disponível em: <http://carolynsshadegardens.com/tag/natural-lawn-care/>, <aggiehorticulture.tamu.edu/
wildseed/johnnyjumpup.html>, <http://www.plantamed.com.br/plantaservas/especies/Viola_tricolor.htm>
Acessado em 12 maio 14.

A conveniência desse novo sistema logo substituiu os polinômios, desse modo, o primeiro binômio
aplicado a uma dada espécie tem prioridade sobre outros nomes aplicados posteriormente. As regras
que governam a aplicação de nomes científicos às plantas estão incorporadas no International Code
of Botanical Nomenclature (Código Internacional de Nomenclatura Botânica) (RAVEN, EVERT e
EICHHORN, 2001).

O nome científico é universal, e serve para caracterizar a espécie que designa. Em levantamento
bibliográfico, através de Abstracts, é o nome científico do vegetal que deve ser empregado como
palavra-chave.

Com frequência, atribuem-se às espécies vegetais nomes vulgares. Estes nomes são regionais e
variam de lugar para lugar, podendo dar margem a confusões. Algumas vezes ainda se fala em nome
oficial. Chama-se nome oficial, em um país, o nome vulgar que foi eleito para designar uma planta
na farmacopeia oficializada.

Carl Linnaeus, também conhecido como Carl von Linné ou Carolus Linnaeus, é
muitas vezes chamado o pai da taxonomia. Seu sistema para nomear a classificação,
e classificação de organismos ainda é largamente utilizado hoje (com muitas
alterações). Suas ideias sobre a classificação tem influenciado gerações de biólogos

19
UNIDADE I │ FARMACOBOTÂNICA

tanto durante como depois de sua própria vida, mesmo aqueles que se opunham às
raízes filosóficas e teológicas de sua obra.

Ele nasceu em 23 de maio de 1707, em Stenbrohult, na província de Smaland, no sul


da Suécia. Seu pai, Nils Ingemarsson Linnaeus, era ao mesmo tempo um jardineiro
ávido e um pastor luterano, e Carl mostrou um profundo amor as plantas e um
fascínio com os seus nomes desde uma idade muito precoce. Carl decepcionou seus
pais, pois não demonstrou aptidão nem desejo para o sacerdócio, mas sua família
foi um pouco consolada quando Linnaeus entrou na Universidade de Lund em
1727 para estudar medicina. Um ano depois, ele se transferiu para a Universidade
de Uppsala, a universidade mais prestigiada da Suécia.  No entanto, as suas
instalações médicas tinham sido negligenciada e tinha caído em desuso. A maior
parte do tempo de Linaeus em Uppsala foi gasto em recolher e estudar as plantas,
seu verdadeiro amor.  Na época, a formação em botânica fazia parte do currículo
médico, cada médico tinha que preparar e prescrever medicamentos derivados de
plantas medicinais. Apesar de estar em situação financeira difícil, Linnaeus montou
uma expedição botânica e etnográfica à Lapónia em 1731, em 1734, montou outra
expedição à região central da Suécia.

Linnaeus foi para a Holanda em 1735, rapidamente terminou seu curso de medicina
na Universidade de Harderwijk, e depois se matriculou na Universidade de Leiden
para estudos posteriores. Nesse mesmo ano, ele publicou a primeira edição de sua
classificação dos seres vivos, o  Systema Naturae.  Durante esses anos, ele obteve
contato com grandes pesquisadores botânicos da Europa, e continuou a desenvolver
o seu sistema de classificação. Retornando para a Suécia em 1738, praticou medicina
(especializada no tratamento da sífilis) e lecionou em Estocolmo, antes de ser premiado
com uma cátedra na Uppsala em 1741. Na Uppsala, ele restaurou o jardim botânico da
Universidade (organizando as plantas de acordo com o seu sistema de classificação),
fez mais três expedições a diversas partes da Suécia, e inspirou uma geração de
estudantes.  Tanto é que seu aluno mais famoso, Daniel Solander, foi o naturalista
a primeira viagem da volta ao mundo do capitão James Cook, e trouxe de volta as
primeiras coleções de plantas da Austrália e do Pacífico Sul para a Europa.  Anders
Sparrman, outro dos alunos de Linnaeus, foi o botânico da segunda viagem de
Cook. Outro estudante, Pehr Kalm, viajou nas colônias americanas do Nordeste por
três anos estudando plantas americanas. No entanto, o aluno Carl Peter Thunberg,
foi o primeiro naturalista ocidental a visitar o Japão em mais de um século; ele não
só estudou a flora do Japão, mas ensinou a medicina ocidental para praticantes
japoneses. Outros de seus alunos viajaram para a América do Sul, sudeste da Ásia, da
África e do Oriente Médio, no entanto, muitos morreram em suas viagens.

Linneaus continuou a ampliar seu livro, o Systema Naturae, que cresceu a partir de


um folheto fino para uma obra de vários volumes, isso porque, seus conceitos foram
modificados e mais e mais espécimes de plantas e animais foram enviadas a ele de
todos os cantos do globo. Linnaeus também estava profundamente envolvido em
tornar a economia sueca mais autossuficientes e menos dependentes do comércio

20
FARMACOBOTÂNICA │ UNIDADE I

exterior, seja pela aclimatação de plantas valiosas para crescer na Suécia, ou por
encontrar substitutos nativos. Infelizmente, as tentativas de Linnaeus para crescer
cacau, café, chá, bananas, arroz e amoras não foi bem sucedida no clima frio da
Suécia. Suas tentativas de impulsionar a economia (e para evitar a fome que ainda
atingiam a Suécia na época), encontrando fábricas suecas nativas que poderiam ser
usadas como chá, café, farinha, e forragens também não foram bem sucedido. Ele
ainda achou tempo para praticar a medicina, tornando-se médico pessoal da
família real sueca.  Em 1758, ele comprou a propriedade senhorial do Hammarby,
fora de Uppsala, onde construiu um pequeno museu por suas extensas colecções
pessoais.  Em 1761, foi-lhe concedida a nobreza, e tornou-se Carl von Linné.  Seus
últimos anos foram marcados por depressão e baixa autoestima.  Persistente por
vários anos, depois de sofrer o que foi, provavelmente, uma série de derrames leves
em 1774, ele morreu em 1778. Seu filho, também chamado Carl, conseguiu a sua
cátedra em Uppsala, mas nunca foi notável como um botânico. Quando Carl, o
filho, morreu cinco anos mais tarde, sem herdeiros, sua mãe e irmãs venderam a
biblioteca do Linnaeus mais velho, manuscritos e coleções de história natural para o
Inglês naturalista Sir James Edward Smith, que fundou a Linnean Society of London
para cuidar deles.

Referência <www.ucmp.berkeley.edu/history/linnaeus.html> acesso em 15/05/2014.

Classificação Hierárquica
A unidade fundamental dos sistemas de classificação é a espécie. A espécie, porém, não é a menor
unidade sistemática. A espécie pode ser dividida em categorias taxonômicas, tais como a raça ou
variedades, subespécies ou forma.

A espécie pode ser considerada como um grupo de indivíduos que se assemelham e que são capazes
de se intercruzarem, originando descendentes férteis. Apesar de a aparência ser útil na identificação
de espécies, não é isso que a define. Por exemplo, a cotovia ocidental (Sturnella neglecta) e a
cotovia oriental (Sturnella magna) apresentam similaridades físicas, no entanto, apesar de suas
regionalidades o que realmente as diferencia são seus diferentes cantos que previnem o acasalamento
entre espécies (TREASE e EVANS, 1972).

Até recentemente, o reino era a unidade mais inclusiva usada na classificação biológica. Além dela,
várias outras categorias taxonômicas hierárquicas foram acrescentadas entre os níveis de gênero e
reino: os gêneros foram agrupados em famílias, as famílias em ordens e estas em classes. O botânico
franco-suíço Augustin-Pyramus de Candolle (1778-1841), que criou a palavra “taxonomia”, incluiu
outra categoria, a divisão, para designar grupos de classes no reino vegetal. Assim, as divisões
tornaram-se os maiores grupos inclusivos do reino vegetal. Nesse sistema hierárquico, isto é, os
grupos dentro de grupos, cada um deles colocado em certo nível hierárquico, o grupo taxonômico
em qualquer nível é chamado de táxon. O nível no qual ele é colocado é conhecido como categoria,
e Prunus e Prunus persica são táxons dentro daquelas categorias.

21
UNIDADE I │ FARMACOBOTÂNICA

O termo filo na nomenclatura equivale à divisão. “Filo” tem sido usado há muito tempo pelos
zoólogos para os grupos de classes. Além disso, o Código Internacional de Nomenclatura Botânica
recomendou a prática de usar itálico para todos os nomes taxonômicos, não apenas para os nomes
de gêneros e espécies. Todos os táxons em nível de gênero ou em nível mais alto são escritos em
letras maiúsculas.

O conjunto de espécies que mais se assemelham denomina-se gênero. O conjunto de gêneros


que mais se assemelham corresponde à família. O conjunto de famílias que mais se assemelham
constitui a ordem. O conjunto de ordens que se assemelham forma a classe. O conjunto de classes
que possuem algo em comum forma a divisão. Cada uma dessas categorias citadas corresponde a
um táxon (categoria taxonômica) e algumas delas podem possuir terminação características. Assim,
as palavras indicativas de famílias botânicas possuem como sufixo a terminação ACEAE; as ordens,
ALES; as classes, AE e a divisão, PHYTA, com muito poucas exceções (Tabela 2.).

Os nomes mais antigos são admitidos como alternativas para umas poucas famílias, tais como
Fabaceae, a família da ervilha, que pode também ser chamada pelo nome mais antigo Leguminosae;
Apiaceae, a família da salsinha, também é conhecida como Umberlliferae; as Asteraceae, a família
do girassol, também é conhecida como Compositae.

A classificação dos vegetais baseia-se nos caracteres de semelhança e nas diferenças. Cada uma
das categorias taxonômicas é individualizada por uma série de caracteres de semelhanças. Assim,
os indivíduos pertencentes à certa espécie possuem uma similaridade nas suas características, que
fazem parte da descrição minuciosa do classificador. São características que permitem reunir numa
mesma categoria diversos elementos.

Os caracteres diferenciais, ou seja, as diferenças permitem separar os taxa. Palicourea marcgravii


St. Hill e Palicourea coriaceae (Cham.) Schum, por exemplo. Possuem uma série de características
comuns que permitem reuni-las no gênero Palicourea. Entretanto, nelas existem também caracteres
diferenciais que permitem separar uma da outra (GENTCHOJNICAV, 1976; TREASE e EVANS,
2000).

Os caracteres que permitem colocar os gêneros A, B, C e D dentro da família, e as espécies dentro


dos gêneros, são chamados de semelhança, ao passo que os caracteres que permitem separar os
gêneros, entre si, assim como as espécies entre si, são chamados diferenciais.

Os caracteres de semelhança também podem ser classificados como: morfológicos, fisiológicos e


químicos, entre outros.

Assim, se as espécies estudadas pertencentes ao gênero A possuírem substâncias semelhantes


ao grupo S, existe uma grande probabilidade de ser uma outra espécie ainda não estudada do
grupo A que contenha a referida substância S. Fato semelhante poderia ser mencionado para
detalhes morfológicos, e assim por diante. Este fenômeno costuma ser conhecido como “valor de
predição” e costuma ser utilizado na procura de substâncias, especialmente as de uso farmacêutico
(GENTCHOJNICAV, 1976; RAVEN, EVERT e EICHHORN, 2001).

22
FARMACOBOTÂNICA │ UNIDADE I

Deste modo, certas espécies consistem em duas ou mais subespécies ou variedades. Como observado no
esquema hierárquico de Engler, quando ele subdivide a espécie de hortelã-pimenta, como, por exemplo:

»» Divisão: Angiospermae

»» Classe: Dicotiledoneae

»» Subclasse: Simpetalae

»» Ordem: Tubiflorae

»» Subordem: Verbenineae

»» Família: Labiatae (Lamiaceae)

»» Subfamília: Stachidoideae

»» Tribo: Satureieae

»» Gênero: Menta

»» Espécie: Menta piperita Linnaeus (Hortelã-pimenta)

»» Variedade: Menta piperita var. officinalis Sole (Hortelã-pimenta branca)

»» Menta piperita var. vulgaris Sole (Hortelã-pimenta preta)

Todos os representantes de uma subespécie ou variedade de uma dada espécie assemelham-se entre
si e compartilham uma ou mais características que não se encontram em outras subespécies ou
variedades daquela espécie. Como resultado dessas subdivisões, embora o nome binomial ainda
seja à base da classificação, os nomes de algumas plantas e animais podem consistir em três partes.
A subespécie ou variedade que inclui o espécime tipo da espécie repete o nome da espécie e todos os
nomes são escritos em itálico ou sublinhados. Assim, por exemplo, o pessegueiro é Prunus persica
var. nectarina. A repetição persica no nome do pessegueiro nos diz que o espécime tipo da espécie P.
persica pertence a essa variedade, abreviada “var.” (RAVEN, EVERT e EICHHORN, 2001;TREASE
e EVANS, 2000).

Tabela 2. Colocação modificada de espécies dentro do sistema taxonômico, evidenciando a subordinação e


coordenação das diversas categorias.

UNIDADES SISTEMÁTICAS (CATEGORIAS TAXONÔMICAS)


Spermatophyta
DIVISÃO

Angiopermae/Gymnospermae
CLASSE

ORDEM Gentianales/Myrtales/...

FAMÍLIA Rubiaceae/Asclepiadaceae/Apocynaceae/...
Policourea/Cephaelis/Coffeal/...

GÊNERO Palicourea marcgravii St Hill
Palicourea coriácea (Cham.) Schum.

INDIVÍDUOS que mais se assemelham ESPÉCIE
(modificado de TREASE e EVANS, 2000).

23
UNIDADE I │ FARMACOBOTÂNICA

Filogenia
A taxonomia é apenas um aspecto da sistemática vegetal. Para Linnaeus e seus sucessores imediatos,
o objetivo da taxonomia era a revelação do magnífico e imutável projeto de criação. Contudo, após
a publicação em 1859 da obra Origem das Espécies, de Darwin, as diferenças e semelhanças entre
os organismos passaram a ser vistas como os produtos de sua história evolutiva, ou a filogenia.
Os cientistas desejavam classificações que fossem não apenas informativas e úteis, mas também
que espelhassem as relações evolutivas entre os organismos. Estas têm sido representadas em
diagramas conhecidos como árvores filogenéticas, que mostram as relações genealógicas entre
táxons. Simplificando mostra quais grupos ou espécies estão mais relacionadas, de acordo com as
hipóteses de um determinado pesquisador. Do mesmo modo, que outras hipóteses, certos aspectos
das arvores filogenéticas podem ser testados e revistos quando necessário. Exemplos de tais testes
poderiam ser os estudos detalhados do registro fóssil e o exame das características estruturais e
moleculares dos organismos vivos (<http://www.biomania.com.br/bio/conteudo.asp?cod=1778>
acesso em 20-05-2014).

Em um esquema de classificação que reflete de modo preciso a filogenia, cada táxon é, nas condições
ideais, monofilético. Isso significa que os representantes de um táxon em qualquer nível hierárquico,
seja ele gênero, família ou ordem, devem ser todos descendentes de uma única espécie ancestral.
Assim, um gênero deveria constituir em todas as espécies descendentes do ancestral comum
mais recente e apenas de espécies daquele ancestral. De modo semelhante, uma família deveria
ser formada por todos os gêneros descendentes de um ancestral comum mais distante e apenas
de gêneros descendentes daquele ancestral, como, por exemplo, a trepadeira da tribo Passifloreae
pertencente a família Passifloraceae, apresenta uma corona filamentosa em suas flores que é uma
característica marcante dessa família (JUDD et al., 1999).

Embora esse ideal, que resulta em táxons naturais, soe de modo relativamente direto, frequentemente
se torna difícil consegui-lo. Em muitos casos, os pesquisadores não conhecem o suficiente sobre a
história evolutiva dos organismos para estabelecer táxons que sejam monofiléticos com um razoável
grau de segurança. No entanto, nos casos em que as relações são desconhecidas ou incertas, pode
ser mais prático criar um táxon artificial. Desse modo, alguns táxons amplamente conhecidos
contêm representantes descendentes de mais de uma linha ancestral. Pode-se dizer que estes táxons
são polifiléticos. Outros táxons excluem um ou mais descendentes de um ancestral comum. Assim,
denomina-se que estes táxons são parafiléticos, como, por exemplo, a tribo Paropsieae, pertencente
a família de plantas Passifloraceae. Esta tribo por ter perdido suas gavinhas se originam em árvores
e arbustos, desta forma são consideradas parafiléticas dentro da sua família (JUDD et al., 1999).

No amplo sentido, a sistemática é uma ciência comparada. Esta agrupa organismos em táxons
desde a categoria de gênero até filo, baseando-se em semelhanças estruturais e outros caracteres.
No entanto, a partir de Aristóteles, os pesquisadores vêm reconhecendo que as semelhanças
superficiais não são critérios úteis para decisões taxonômicas. Recorrendo a um exemplo simples,
pássaros e insetos não devem ser reunidos em um grupo somente por ambos apresentam asas.
Um inseto sem asas (como uma formiga) ainda é um inseto e um pássaro sem asas (como o quivi)
continua sendo um pássaro.

24
FARMACOBOTÂNICA │ UNIDADE I

Uma questão chave em sistemática é a origem da semelhança ou diferença. Será


então, que a semelhança em uma dada característica reflete uma herança a partir de
um ancestral comum, ou ela reflete a uma adaptação a ambientes semelhantes por
organismos que não compartilham um ancestral comum? Uma questão relacionada
diz respeito a diferenças entre organismos: Será que uma diferença reflete histórias
evolutivas separadas, ou ao invés disso, ela reflete adaptações de organismo
estreitamente relacionado com ambientes muito distintos?

Desse modo, podemos dizer que as folhas normais, os cotilédones, as escamas das gemas e as
peças florais têm funções e aparências bem diferentes, mas todas são modificações do mesmo tipo
de órgão, ou seja, a folha. Assim, tais estruturas que apresentam uma origem comum, mas não
necessariamente uma função comum, são homólogas. Essas são as características baseadas nas
quais os sistemas de classificação deveriam idealmente ser construídos.

Ao contrário, outras estruturas, que podem ter uma função semelhante ou aparência superficial,
tem uma bagagem evolutiva totalmente diferente. Desse modo, podemos dizer que estas estruturas
são análogas e que aparecem por evolução convergente. Assim, as asas de uma ave e as asas de um
inseto são análogas, em vez de homólogas. De modo semelhante, os espinhos de um cacto (uma folha
modificada) e um espinho de um hawthorn (um caule modificado) são análogos e não homólogos.
A distinção entre homologia e analogia raramente é simples e geralmente requer uma comparação
minuciosa e evidências oriundas de outras características dos organismos em estudo (TAIZ e ZEIGER,
2006; NABORS, 2003). Sumarizando, podemos dizer que ao se comparar a anatomia de organismos,
percebe-se um grau de parentesco entre eles, evidenciando, dessa forma, a presença de estruturas
análogas e/ou homólogas. Assim, as estruturas análogas são as que apresentam a mesma função,
porém diferente formação em espécies variadas. Já as homólogas são aquelas que possuem a mesma
formação, porém podem ou não desempenhar as mesmas funções também em espécies variadas.

Desse modo, isso nos faz pensar que diferentes espécies poderiam ter um ancestral comum, que
conforme a evolução, dependendo do ambiente e temperatura, acabaram desenvolvendo novas
espécies para se adaptar conforme suas necessidades.

Evolução Convergente
Forças seletivas de intensidade comparável, agindo sobre plantas que crescem em
habitats semelhantes, mas em distintas partes do mundo, frequentemente fazem
com que plantas totalmente não relacionadas adquiram uma aparência semelhante.
O processo pelo qual isso acontece é conhecido como Evolução Convergente.

Consideramos algumas das características adaptativas de plantas que crescem


em ambientes desérticos os caules colunares, carnosos (que conferem a
capacidade de armazenar água) espinhos protetores e folhas reduzidas. Três
famílias fundamentalmente diferentes de plantas floríferas, a família das eufórbias
(Euphorbiaceae), a família dos cactos (Cactaceae) têm representantes que
desenvolveram esses caracteres. Os representantes semelhantes a cactos das

25
UNIDADE I │ FARMACOBOTÂNICA

famílias das eufórbias e do oficial-de-sala mostrados abaixo evoluíram a partir de


plantas com folhas que são muito diferentes uma das outras.

Os cactos silvestres (com exceção de uma única espécie) ocorrem exclusivamente


no Novo Mundo. Os representantes igualmente carnosos das famílias das eufórbias
e do oficial-de-sala ocorrem principalmente em regiões desérticas na Ásia e
principalmente na África, onde desempenham um papel ecológico semelhante
aquele dos cactos Novo Mundo.

Embora as plantas mostradas abaixo como: (a) Euphorbia; (b) Echinocereus, um


cacto; (c) Hoodia, uma asclepiadácea carnosa tenham fotossíntese CAM, elas são
relacionadas e derivadas de plantas que apresentam apenas fotossíntese C. Isso
indica que as adaptações fisiológicas envolvidas na fotossíntese CAM também
surgiram como resultado de evolução convergente.

(a) (b) (c)


< http://www.fazfacil.com.br/jardim/euphorbia-lactea/ > acesso em 20-5-2014
< http://www.backyardnature.net/desert/12cacti.htm > acesso em 20-5-2014
< http://flores.culturamix.com/flores/naturais/hoodia > acesso em 20-5-2014

Nomes populares designados as plantas


Nomes populares comuns, vulgares, ou vernaculares são regionais e não recebem importância, de
modo geral, nos trabalhos científicos. Por outro lado, eles são úteis e importantes em trabalhos
etnobotânicos, como fonte de informações sobre a cultura ou vocabulário de uma população,
podendo dar indícios sobre a utilização popular de uma espécie. É importante, destacar que uma
planta pode receber vários nomes, de acordo com a região, como por exemplo, Casearia silvestris
Sw. (Flacourtiaceae), que é conhecida por chá-de-bugre e erva-de-bugre no rio Grande do Sul e
Estados do sul do Brasil, e, por guaçatonga, guaçatunga ou língua-de-largato em outras regiões do
país. Além disso, o mesmo nome popular pode significar diferentes espécies, como, por exemplo, a
marcela ou macela, que tanto pode ser considerada presente em duas espécies nativas de Asteraceae
do gênero Achyrocline (A. satureioides (Lam.) De. e A. vauthieriana De.), bem como Chamaemelum
nobile (L.) All. (= Anthemis nobilis L.), mais comumente conhecida como camomila-romana. O
nome macela, para esta última planta, é usado em Portugal (PARDO-DE-SANTAYANA et al.,2007)
e possivelmente os imigrantes, ao chegarem ao Brasil, procurando por plantas de igual uso, deram
esse nome às nossas espécies. No nordeste brasileiro, por exemplo, esta designação popular é
utilizada para Egletes viscosa (L.) Less (CLEMENTE e STEFFEN, 2010).

26
FARMACOGNOSIA UNIDADE II

CAPÍTULO 1
Introdução à farmacognosia

O termo farmacognosia foi primeiramente empregado entre 1759-1809 por Johann Adam Schmidt
no manuscrito Lehrbuch der Materia Medica, o qual foi publicado em 1811, e depois em 1815, em
um pequeno trabalho intitulado Analecta Pharmacognostica, por Aenotheus Seydler.

Farmacognosia significa o conhecimento (gnosis) dos fármacos, drogas ou venenos (pharmakon).


No entanto, Seydler empregou essa palavra para designar a ciência que estudava as matérias-
primas de origem animal, usadas nos tratamentos de doenças. Atualmente, podemos dizer que a
farmacognosia é considerada o estudo de matérias-primas e substâncias de origem biológica, ou
seja, obtidas a partir de vegetais, animais ou por fermentação a partir de micro-organismos, com
finalidade terapêutica (SIMÕES, 1999; PIO CORREA, 1984; < http://www.sbfgnosia.org.br/>
acessado em 17-5-2014).

Além disso, o termo farmacognosia encontra-se, de certa forma, ultrapassado. É usado, atualmente,
mais por tradição. Na Alemanha usa-se a expressão “Biologia Farmacêutica” para substituí-lo. Os
franceses utilizam a expressão “Matéria Médica”. Recentemente, foi criada no Brasil a designação
“Biofarmacognosia” (SOUSA, 2004).

Esta é uma ciência multidisciplinar, deste modo, se nos restringirmos de forma arbitrária, ao estudo
de drogas e substâncias de origem vegetal, a farmacognosia envolve a identificação de drogas
vegetais por caracteres morfológicos e anatômicos. O estudo de sua origem e forma de produção,
controle de qualidade, composição química, elucidação estrutural e conhecimento das propriedades
físico-químicas das substâncias ativas, bem como o estudo de suas propriedades farmacológicas
e toxicológicas (BRUNETON, 1993). Esta ciência ainda tem o cuidado com a seleção, cultura e
colheita de plantas destinadas a produzir drogas, bem como seleção e criação de animais destinados
ao mesmo fim.

A Farmacognosia pode ser encarada tanto sob o ponto de vista utilitário como filosófico. As pesquisas
de novas plantas medicinais, buscando o isolamento de princípios ativos e sua identificação, a
verificação da atividade farmacodinâmica destes princípios ativos bem como a do extrato vegetal
envolvido, constitui atividade relevante.

27
UNIDADE II │ FARMACOGNOSIA

Farmacognosia é uma ciência privativa do farmacêutico, representando uma das mais importantes
disciplinas de sua formação. No campo das ciências básicas, que entram no currículo farmacêutico,
ela se relaciona intimamente com a Botânica, Zoologia, Genética, Física e Química, lançando mão
destas ciências no cumprimento de suas finalidades. No campo das ciências aplicadas, ela exerce
influência na Farmacotécnica, na Química Farmacêutica, na Farmacodinâmica e na Tecnologia e
Controle, tanto de medicamentos como de alimentos (< http://www.sbfgnosia.org.br/> acessado
em 17-5-2014; SCHENKEL, 2003).

Embora os produtos sintéticos desempenhem papel importante na terapêutica moderna, a


Farmacognosia não é uma ciência ultrapassada. Existem substâncias medicamentosas naturais,
usadas diariamente no tratamento de enfermidades, cuja síntese ainda é desconhecida. Os digitálicos
constituem exemplo típico deste fato. O preço elevado pelo processamento dessas substâncias
naturais se deve a síntese do metabólito ou então do princípio ativo dessa planta. Além disso, o alto
custo faz com que ela continue sendo obtida a partir do vegetal, Outro fato é o de que certos vegetais
apresentam conjuntos de princípios ativos, cuja ação farmacodinâmica é mais conveniente do que
um desses princípios isolados (SOUSA, 2004).

Inúmeras matérias de origem vegetal são utilizadas tanto no combate às doenças, como para saciar
a fome. A maioria dos condimentos utilizados na alimentação encontra-se incluída nos tratados de
farmacognosia. A microscopia alimentar constitui um dos elos importantes entre Bromatologia e
Farmacognosia (SOUSA, 2004).

Drogas
Em farmacognosia, droga é todo o produto de origem vegetal ou animal que, coletado ou separado
da natureza e submetido a processo de preparo e conservação, apresentam composição e
propriedades, dentro da sua complexidade, que constitui a forma bruta do medicamento. Droga é,
pois, toda a matéria sem vida que sofreu alguma transformação para em seguida servir de base para
o medicamento. A história, a produção, o armazenamento, a comercialização, o uso, a identificação,
avaliação, conservação e o isolamento de princípios ativos de drogas são aspectos também tratados
em farmacognosia (OLIVEIRA, 2005).

A origem da palavra droga não está ainda bem esclarecida. Contudo, alguns pesquisadores
consideram que a designação esteja relacionada com a palavra alemã trocken que significa secar,
visto que drogas de origem vegetal ou animal se apresentarem quase que exclusivamente no estado
seco. Outros acreditam que a palavra droga seja originada do holandês droog que apresenta também
o mesmo significado, seco (PIO CORREA, 1984; OLIVEIRA, 2005).

Sabe-se que qualquer parte, órgão ou produtos derivados diretamente do vegetal ou de origem
animal, após sofrerem processos de coleta, preparo e conservação, são capazes de possuir composição
e propriedades que possibilitam o seu uso como forma bruta em um medicamento. Além disso, o
processo de coleta e conservação não modifica as condições genéricas do produto. Por exemplo: As
folhas de eucalipto, Eucalyptus globulus Labillardiere, são utilizadas em tratamentos respiratórios,
no entanto, são coletadas simplesmente do vegetal, não constituindo nenhuma forma de droga, em

28
FARMACOGNOSIA │ UNIDADE II

contrapartida, quando são submetidas a um processo de conservação como, por exemplo, a secagem
passa a constituir a forma de uma droga. Já no caso de um fruto como, por exemplo, uvas rosadas,
pertencentes à família Vitis vinífera L. se submetê-lo ao processo de secagem, irá se transformar em
uva passa, o qual não apresenta uso medicinal (AL - SAYED et al.,2014). Na América Central, nas
plantas pertencentes à família Cactaceae se desenvolve um inseto denominado Cochonilha (coccos
cacti L.). Estes insetos coletados, quando mortos a partir do emprego de água fervente são submetidos
posteriormente ao processo de secagem, constituindo o chamado carmim animal, o qual é empregado
como uma necessidade farmacêutica no colorimento de certos medicamentos e alimentos. Trata-se,
portanto, de um tipo de droga apesar de não apresentar atividade farmacodinâmica (de CASTRO
CAMPOS PINTO, 2014; COHEN, 2013).

Mas não são todos os frutos que não apresentam uso medicinal, dependendo do fruto, ao passar pelo
processo de preparação do medicamento, ele pode passar a constituir uma droga. Neste aspecto, a
droga pode ser considerada como matéria-prima de medicamento conservado.

Segundo a sua origem, a droga pode ser classificada em três tipos, a saber:

»» droga vegetal;

»» droga animal;

»» droga derivada (vegetal ou animal).

Drogas derivadas são produtos derivados de animal ou planta, obtidos diretamente, isto é, sem
utilização de processo extrativo delicado. Quando executamos incisões no tronco de um pinheiro,
por exemplo, notamos, após algum tempo, a exsudação de uma mistura complexa de substâncias
que se solidifica em contato com o ar. Este conjunto de substâncias recebe o nome de terebintina e,
após o trabalho de coleta e preparo, constitui exemplo de droga derivada. Se, entretanto, retirarmos
desta mesma árvore alguns pedaços de caule e os submetermos a destilação, obteremos o óleo
essencial do pinheiro. Este não é considerado como droga derivada, em virtude do processo de
sua obtenção. O pão de ópio constitui outro exemplo de droga derivada (LING e BOCHU, 2014).
Além disso, podemos considerar o caso dos frutos verdes, plenamente desenvolvidos de Papoula
(Papaver somniferum L.). Fazendo incisões nestes frutos, deles exsudará um látex que, em contato
com o ar se solidificará. Este exsudato raspado das cápsulas, reunido e moldado em forma de
pães após processo de secagem vai construir o pão de ópio, sendo rico em alcaloides, deste modo,
apresentando função na indústria farmacêutica. Trata-se, portanto, de um tipo especial de droga
constituída de mistura de substâncias derivadas diretamente de vegetal, denominada deste modo,
de droga derivada (BONILLA et al., 2014). Como exemplo de droga derivada de origem animal têm
o bílis de boi e o mel de abelha.

Assim, para que uma matéria possa ser considerada como droga, segundo o sentido farmacognóstico,
deverá preencher as seguintes condições:

»» ser de origem animal;

»» ter sido submetida a processo de coleta, preparo e conservação;

29
UNIDADE II │ FARMACOGNOSIA

»» não ser obtida através de processos extrativos delicados;

»» apresentar propriedades farmacodinâmicas ou ser considerada como necessidade


farmacêutica.

O uso da droga legítima no preparo “simples” é o fato que se impõe. O prestígio ou desprestígio
dos extratos vegetais usados na terapêutica depende do tipo da droga utilizada em sua elaboração.
Assim, por exemplo, o fabricante de extratos vegetais que utilizar na fabricação de um extrato
fluido de jaborandi, folhas de uma espécie de Ottonia, conhecida pelo povo como jaborandi, estará
cometendo um erro. As propriedades farmacodinâmicas deste extrato irão diferir muito daquele
obtido com as folhas de Pilocarpus jaborandi Holmes, que constitui a droga verdadeira (VERAS et
al., 2013).

Antes de utilizarmos qualquer droga no preparo de medicamentos, devemos submetê-la a uma


análise rigorosa. A identificação e a pureza da droga, bem como a avaliação de seus princípios ativos,
são tarefas indispensáveis àqueles que buscam produtos de boa qualidade.

O analista deve sempre ter em mente que a adulteração e a falsificação constituem procedimentos
danosos daqueles que, sem pensar no bem público, buscam aumentar o lucro. Há muito tempo
esse tipo de procedimento têm preocupado aqueles que assumem como função preservar a saúde
pública.

Em nosso país, as leis que governam os procedimentos que apresentam o processamento de drogas
naturais, principalmente as de origem vegetal, é comum apresentarem problema frequentemente.
Grande parte das drogas brasileiras origina-se de plantas silvestres. Deste modo, pode-se afirmar
que o cultivo racional das plantas medicinais quase inexiste em nosso país. Não obstante, as
pessoas que se prestam à coleta de plantas nativas, com frequência, são possuidoras de poucos
conhecimentos, recorrendo, portanto, ao lado da desonestidade de alguns, a ignorância de outros
(OLIVEIRA, 2005).

Os nomes regionais de plantas podem se constituir em outro motivo de erro. Esses nomes, ou seja,
os nomes populares das plantas variam muito de um lugar para o outro, e é comum designarem-se
plantas diferentes com o mesmo nome, bem como uma planta com diversos nomes. Por exemplo:
“jaborandi”, nome oficial de nossa farmacopeia para as espécies Pilocarpus jaborandi Holmes,
Pilocarpus microphyllus Stapf e Pilocarpus pennatifolius Lem., se conhecem também diversas
espécies pertencentes ao gênero Piper e Ottonia, subordinadas à família Piperaceae. Chapéu-de-couro,
denominação oficial de nosso código farmacêutico para Echinodorus macrophyllus (Kunt) Micheli, é
nome vulgar de diversas espécies de Alisma e de Echinodorus (CLEMENTE e STEFFEN, 2010).

A necessidade de identificação de drogas destinadas ao consumo dos laboratórios farmacêuticos


pode ser mais bem entendida quando, na prática, se tem a incumbência de analisar plantas coletadas
por “razeiros”.

30
FARMACOGNOSIA │ UNIDADE II

“O termo farmacodinâmica é utilizado para descrever os efeitos de um fármaco no


corpo. Estes efeitos geram uma resposta clínica, a qual pode apresentar toxicidade
ou eficácia para o paciente. No entatno, isso vai depender de efeitos quantitativos.”

A produção de drogas vegetais designa-se tanto de vegetais silvestres ou espontâneos como vegetais
cultivados. A grande maioria das drogas brasileiras é proveniente de vegetais silvestres, ou seja, de
processos extrativos. Estas drogas acabam, quase sempre, possuindo qualidade não suficientemente
boa e padronizada (SCHENKEL, 2003).

O cultivo de plantas medicinais vem sofrendo impulso relativamente grande tanto no Brasil como
no resto do mundo. Inúmeros campos experimentais de cultivo têm sido destinados, quase que
com exclusividade, para o setor de plantas medicinais. Nestes campos experimentais procura-se
adaptar plantas exóticas a novas condições de cultivo, bem como produzir, em larga escala, vegetais
autóctones. Assim, a seleção e cultivo de novas variedades são tarefas bastante frequentes nestes
tipos de instituições. O melhoramento de plantas medicinais relaciona-se tanto com a maior
capacidade de produção de princípios ativos, como com a maior resistência a condições climáticas
desfavoráveis e a parasitas (GILMAM, HARDMAM, LIMBRIG, 2003).

O melhoramento pode estar relacionado a condições exteriores, isto é, com o maior ambiente ou com
o patrimônio genético do vegetal. No primeiro caso, diz-se estar relacionado com fatores extrínsecos
e, no segundo caso, com fatores intrínsecos.

No entanto, podem ocorrer problemas inerentes às drogas como no processo de seleção, por
exemplo, pois sabe-se que uma espécie vegetal pode estar relacionada com caracteres genéticos
flutuantes, deste modo, a seleção de melhores indivíduos, levará à produção de cultura de melhor
qualidade. Cultura, fatores climáticos, fatores edáficos, colheitas, preparo e tratamento como:
secagem, estabilização, conservação e ambiente também são exemplos que podem vir a ocasionar
problemas no processamento das drogas (GILMAM, HARDMAM, LIMBRIG, 2003; OLIVEIRA,
2005).

31
CAPÍTULO 2
Estudo das principais classes de
compostos orgânicos encontrados em
plantas

Fitoquímica – todo ser vivo é um laboratório que produz compostos químicos


primários, ou seja, proteínas, carboidratos, gorduras, glicose, celulose e compostos
secundários, como glicosídeos, alcaloides, terpenoides, saponinas, entre outros. Os
primeiros são usados como alimento pelo próprio vegetal, animais e seres humanos.
Quanto aos últimos, são eles que conferem o caráter terapêutico a uma planta. No
entanto, não se conhece bem a função dos compostos secundários, que são os
princípios ativos. Estes podem ser erros metabólicos, uma forma de excretar certas
substâncias do organismo, ou uma forma de proteção do organismo vegetal. No
entanto, sabemos utiliza-los de modo positivo a nosso favor, perante isso, mais de
25 % dos fármacos apresentam-se seus princípios ativos baseados em plantas ou
microrganismos retirados da flora e fauna (ITF, 2008).

Os alcaloides estão entre os mais importantes compostos ativos do ponto de vista


farmacológico, ou medicinal. O interesse por eles tem derivado tradicionalmente
de seu dramático efeito fisiológico ou psicológico nos seres humanos. Eles são
compostos nitrogenados com sabor amargo e são básicos (alcalinos) em suas
propriedades químicas.

O primeiro alcaloide a ser identificado foi à morfina em 1806, obtida da papoula


(Papever somniferum), usada hoje como analgésico e inibidor da tosse, no entanto,
o uso excessivo dessa droga pode levar a uma extrema dependência. Em seguida
provenientes de alcaloide vieram, a cocaína (Erythroxylum coca) proveniente da coca,
cafeína, encontrada em plantas como o café (Coffea arabica), o chá (Camellia sinensis)
e o chocolate (Theobroma cacao). A cafeína age como estimulante, no entanto, em
insetos e fungos ela tem se mostrado altamente tóxica em altas concentrações e até
mesmo letais.

A nicotina também é uma substância estimulante, esta é obtida de folhas de tabaco


(Nicotiana tabacum), sendo um alcaloide altamente tóxico. A atropina obtidos do
meimendro egípcio (Hyoscyamus muticus) era usada para dilatar pupila, na esperança
das mulheres se tornarem mais atraentes. Durante o período medieval, as mulheres
europeias extraíam a atropina de beladona (Atropa belladonna) com os mesmos
objetivos. Atualmente a atropina é usada como estimulante cardíaco, dilatador de
pupilas em exames oftalmológicos e eficiente antídoto contra envenenamento por
alguns gases asfixiante (XAVIER e RAUTER, 2014).

32
FARMACOGNOSIA │ UNIDADE II

Óleos essenciais apresentam na sua composição os terpenóides, por serem altamente


voláteis e contribuírem para a fragrância ou essência das plantas que os produzem.
No entanto, muitos terpenóides são venenosos, entre eles os glicosídios cardioativos,
que são derivados esteróis que podem causar ataques cardíacos. Quando usados
medicinalmente, os glicosídios cardioativos podem resultar em batimentos regulares
e fortes. As dedaleiras (Digitalis) são as principais fontes dos mais ativos glicosídios
cardioativos, a digiotoxina e a digoxina (TAVAZZI, 2014). Além disso, os terpenoides
também apresentam ação sobre a modulação de estresse de retículo endoplasmático
em desordens metabólicas (BEUKES, LEVENDAL e FROST, 2014).

As plantas medicinais possuem inúmeros compostos de interesse terapêutico. Hoje já se conhecem


940 princípios ativos diferentes só em plantas lenhosas. Esses princípios ativos tanto podem ser do
metabolismo primário como do metabolismo secundário (KURITA et al., 2014).

O metabolismo primário é o processo de fotossíntese capaz de produzir glicose e oxigênio, a partir


de gás carbônico, água, luz e sais minerais. O pigmento que dá cor verde às plantas é a clorofila,
a qual converte energia luminosa em energia química permitindo, a síntese de glicose, que dura
pouco. Desse modo, transforma-se em açúcar de transporte, como a frutose e amido.

No metabolismo primário temos o amido, que é a forma de armazenar o alimento de reserva da


planta. Este é composto por 2 polissacarídeos diferentes. Ocorrem nas sementes, caules e raízes. É
usado como veículo na fabricação de comprimidos, talcos, álcool etílico, formalina, espessante de
xaropes e adoçantes (frutose). É usado também no tratamento do envenenamento por iodo (ITF,
2008).

A pectina também é um polissacarídeo presente nas paredes celulares, de grandes moléculas


e composto por uma fração de açúcar natural, que geralmente são arabinose e galactose e uma
porção maior de ácido galacturônico. É encontrada em todas as partes da planta, mas geralmente
concentram-se nos frutos onde participa do processo de amadurecimento. Forma as geleias, usados
como antidiarréico e absorvente de toxinas no tubo digestivo. Favorece as funções digestivas, porém
não são absorvidas no tubo digestivo pelo seu tamanho, deste modo, atuam como constipantes,
sendo mais encontradas em frutos maduros (ITF,2008).

A celulose é o composto mais abundante na Terra, pois forma a parede celular das plantas superiores.
É insolúvel em solventes orgânicos, como álcool, éter, benzeno e outros, sendo usado como reagente
na indústria química para a fabricação do ácido oxálico. Em herbalismo é usado como purgativo ou
hemostático (hemorragias) (CAMPOS e CARIBÉ, 1999).

As gomas são modificações das membranas celulares para a armazenagem de água, são compostos de
vários polissacarídeos e pequena quantidade de ácido urônico, presume-se que sirvam para proteger
a planta de ataques de micro-organismo em áreas com lesões. Podem ser total ou parcialmente
solúveis em água, mas nunca em alcoóis fortes. Assim, são usadas como fixadores em cosmética
(cremes, pós, laquês e adesivos para dentadura) e em herbalismo como protetores de peles irritadas,
ressecadas, como protetor de mucosas e em xaropes para diabéticos. Na indústria alimentícia a
utilização da goma hidrossolúvel é importante para a preparação e alimentos fáceis e de rápido
preparo (NEUKOM, 1989; PANEGASSI, SERRA e BUCKERIDGE, 2000).

33
UNIDADE II │ FARMACOGNOSIA

Mucilagens são coloides que em contato com a água se tornam viscosos. Promovem depósitos de
água para a germinação e impedem a atividade de substâncias irritantes, protegendo mucosas
inflamadas, como vias respiratórias, tubo digestivo e vias genito-urinárias. São laxantes e podem
promover diarreias por irritação da mucosa intestinal. São usados em cataplasmas por causar
congestão sanguínea e são estabilizantes de pomadas e cremes. Diminuem a acidez de certos
medicamentos e são hidratantes. Não são absorvidos no tubo digestório pelo seu grande tamanho,
mas aumentam o bolo alimentar, quando atuam como laxantes e são reguladoras do apetite. Podem
ser encontradas nas Rosáceas, lináceas, Boragináceas, Plantagináceas, Malváceas e Tiliáceas
(PIMENTEL et al., 2011; PRIOLO DE LUFRANO e CAFFI NI, 1981; GREGORY e BAAS, 1989;
ROSHCHINA e ROSHCHINA, 1993).

Já os metabólitos secundários, ocorrem a partir de substâncias simples, como os aminiácidos,


lipídeos, açúcares e produtos intermediários do metabolismo primário. A produção dos mesmos
é influenciada pela constituição genética da planta, pelas condições do ambiente em que ela se
encontra e também pela idade da planta. Desse modo, os metabólitos secundários nem sempre são
necessários para que uma planta complete seu ciclo de vida. No entanto, eles desempenham um
papel importante na interação das plantas com o meio ambiente. Um dos principais componentes
do meio externo cuja interação é mediada por compostos do metabolismo secundário são os
fatores bióticos. Desse modo, produtos secundários possuem um papel contra a herbivoria, ataque
de patógenos, competição entre plantas e atração de organismos benéficos como polinizadores,
dispersores de semente e micro-organismos simbiontes. Contudo, produtos secundários também
possuem ação protetora em relação a estressores abióticos, como aqueles associados com mudanças
de temperatura, conteúdo de água, níveis de luz, exposição à UV e deficiência de nutrientes minerais
(YUAN et al., 2014).

Os glicosídeos são substâncias derivas de metabólitos secundários, sendo compostos formados


por açúcares ligados a substâncias não glicídicas, como as geninas ou agliconas. Geralmente estes
compostos são amargos. São comumente encontrados em diversas plantas. Contudo dependendo
da estrutura do seu componente não glicídico, a genina, os glicosídeos podem ser divididos em:

»» Glicosídeos cardiotônicos ou esteroidais

»» Glicosídeos alcoólicos ou salicílicos

»» Glicosídeos cianogenéticos

»» Glicosídeos antraquiônicos ou antraquinonas

»» Glicosídeos sulfurados

»» Glicosídeos aldeídicos

»» Glicosídeos fenólicos

Os glicosídeos cardiotônicos ou esteroidais apresentam uma estrutura esteroidal ligada a vários


açúcares, estes não possuem ainda equivalentes sintéticos. Talvez possa ser considerado o mais
importante grupo terapêutico, um dos motivos pode estar relacionado por aumentar a força de

34
FARMACOGNOSIA │ UNIDADE II

contraçãodo músculo cardíaco, regular a função cardiovascular e melhorar a função renal, aliviando
o edema associado à insuficiência cardíaca. Foram descobertos a partir da Dedaleira (Digitalis
purpurea). Sua dose terapêutica é muito próxima da dose tóxica, deste modo, devem ser usados
com prescrição médica e não devem ser aquecidos (LI et al., 2014). Além disso, POBLOCKA-OLECH
et al., (2014) também observaram que os glicosídeos cardiotônicos induzem a morte celular por
autofagia em células cancerígenas do pulmão.

Glicosídeos alcoólicos ou salicílicos apresentam uma fração aglicona formada por um álcool, é
anti-inflamatório e antipirético, agindo sobre o reumatismo e sobre a temperatura corporal. Foi
descoberto a partir do salgueiro (Salix alba) usado pelo índios americanos, levou à síntese do acetil
salisílico (aspirina), que hoje os substitui (NEDERKASSEL et al., 2007). Glicosídeios cianogenéticos
liberam o ácido cianídrico ou prússico quando hidrolisados, são tóxicos por inibir a respiração
celular. Pode ser encontrados nas folhas e nas sementes das Rosáceas, Leguminosas e Euforbiáceas,
apresenta no gênero Prunus – pessegueiro (Prunus pérsica), cerejeira (Prunus cerasus) e damasco
(Prunus armeniaca), um tipo de glicosídeo que tem ação sedativa sobre a tosse, a amigdalina.
Geralmente são de uso externo, podendo ter ação anticancerígena e aromatizante (GLEADOW e
MOLLER, 2014; KIM et al., 2013).

Glicosídeos antraquiônios ou antraquinonas são purgativas por excitação do peristaltismo intestinal


e laxativas pela estimulação da secreção intestinal e diminuição da absorção de líquidos. São também
cicatrizantes. Não apresentam cheiros e apresentam cor amarelada ou castanha, não são absorvidas
no intestino. A aloína e aloe-emodina da Babosa (Aloe vera) pertencem a este grupo. São solúveis
a água e também a álcool. São encontradas nas famílias Liliáceas, Leguminosas, Ramnáceas e
Polygonáceas. Apresentam efeito carcinogênico com o uso prolongado (LOCATELLI, 2011).

Glicosídeos sulfurados, contèm enxofres em sua composição celular, apresentam ação antisséptica
e estimulante das funções digestivas, produzem efeito tópico irritante e vasodilatador. São
anticancerígenos e estão presentes nas Crucíferas, Tropaoláceas e Lilíáceas (ABDULL e NOOR,
2013; VLASE et al.,2012).

Glicosídeos aldeídicos são os principais aromatizantes de metabólitos secundários de plantas, podem


ser encontrados na Baunilha (Vanilla planifólia), entre outras espécies (PALAMA et al.,2009).

Glicosídeos fenólicos são anti-sépticos e adistringentes. A Uva ursina (Arctostaphylos offcinallis),


da família Eriaceae, é um exemplo de planta com boa concentração de glicosídeo fenólico
(LEIFERTOVÁ et al., 1975).

As Saponinas também são metabólicos secundários de planats. Elas são heterosídeos que apresentam
uma molécula de açúcar diferente da glicose ligada a uma aglicona. Dependendo desta fração serão
esteroidais como nas monocotiledôneas ou triterpênicas como as eudicotiledôneas. Diminuem
a tensão superficial da água e formam espuma, saponificam substâncias solúveis em gorduras,
tornando-a liposolúvel. Participam da germinação e induzem a floração, são extremamente anti-
sépticas. Podem ser usadas em cosméticas e apresentam atividade mucolítica, expectorante,
diarreica, antimicrobiana e anti-inflamatória. Podem ter ação hemolítica e necrotizante em doses
excessivas. São absorvidas por via oral. Pode-se encontra-las no Alcaçuz (Glyrrhiza glabra)
semelhante a um corticóide, no Ginseng (Panax ginseg) que ativa o metabolismo oxidativo, na

35
UNIDADE II │ FARMACOGNOSIA

castanha da Índia (Aesculus hippocastanum) como tônica das veias e anti-inflamatório (XIONG et
al.,2014; NASROLLAHI et al., 2014; QIAO et al., 2014; JIANG et al., 2011).

Os Lipídeos são óleos, gorduras e ceras, sua função é armazenar nutrientes, apresenta alto valor
calórico e dão muita energia. Apresentam-se ação emoliente no organismo. Podem ser chamado
de óleos quando são líquidos à temperatura ambiente, e de gorduras quando são sólidas. As ceras
são usadas para endurecer pomadas e cosméticos. Estão presentes nas sementes de Palmáceas,
leguminosas e Rosáceas (ITF, 2008).

Os Terpenóides são encontrados tanto nos vegetais como em fungos, insetos e alguns animais
marinhos. São compostos simples, os óleos essências são muito voláteis, apresentam baixo peso
molecular que é o que dá o odor a plantas e flores. Podem apresentar até 100 substâncias diferentes,
têm função de polinização, proteção e metabolismo celular. Apresentam ação anestésica, anti-
histamínica, anti-inflamatória, anti-helmíntica, anti-fúngica, carminativa, expectorante e sedativa.
Dão os sabores picantes e aromáticos às plantas medicinais. São bem absorvidos por via oral ou
pela mucosa digestiva e alterações neurológicas. As principais famílias são Labiadas, Rubiáceas,
lauráceas, Umbelíferas e Asteráceas (AL MUQARRABUN, AHMAT e ARIS, 2014) .

Os Taninos, desde os tempos mais longínquos plantas taniníferas são utilizadas no processo de
curtimento do couro. Devido à sua capacidade de se combinar com proteínas da pele animal, os
taninos inibem o processo de putrefação, e, consequentemente, conservam as peles e dão a elas
resistências e flexibilidade. Um típico exemplo de droga vegetal utilizada para este fim é o Angico
(Anadenanthera macrocarpa), que além de curtir o couro, proporciona uma coloração avermelhada
típica dos couros nordestinos. Interessante que o extrato de Anadenanthera macrocarpa além da
sua função de coloração foi observado que ela é capaz de matar a larva do  Aedes aegypti. Desse
modo, é provável que o tanino dessa espécie possa ser capaz de atuar como inseticida (FARIAS et
al., 2010).

Os taninos são macromoléculas polifenólicas de origem vegetal, que apresentam solubilidade


em água (hidrossolúveis) e peso molecular compreendido entre 500 e 3000 Dalton. Possuem a
habilidade de formar complexos insolúveis em meio aquoso com proteínas, gelatinas e metais. A
ligação entre taninos e proteínas ocorre, provavelmente, através de pontes de hidrogênio entre outros
os grupos fenólicos dos taninos e determinados sítios das proteínas, emprestando uma duradoura
estabilidade a estas substâncias. Para a formação destas ligações é necessário que o peso molecular
dos taninos esteja compreendido entre limites bem definidos, se este é demasiadamente elevado, a
molécula ao pode se intercalar entre os espaços interfibrilares das proteínas ou macromoléculas; se
é muito baixo, a molécula fenólica se intercala, mas não forma um número suficiente de ligações que
assegure a estabilidade da combinação (LING e BOCHU, 2014).

Por serem compostos fenólicos os taninos são muito reativos quimicamente, possuindo a capacidade
de formação de pontes de hidrogênio intra e intermoleculares. Assim, um mol de taninos pode se
ligar a doze moles de proteínas, fundamentando-se nessa propriedade pode-se identificar taninos
por teste de precipitação de gelatinas, por exemplo (LING e BOCHU, 2014).

Tais compostos são responsáveis pela adstringência de muitos frutos e produtos vegetais, devido à
precipitação de proteínas salivares, o que ocasiona a perda do poder lubrificante. Nos vegetais, os

36
FARMACOGNOSIA │ UNIDADE II

taninos agem como protetores contra predadores, devido à redução da palatabilidade, dificuldade
na digestão e toxicidade. Há aqueles que buscam aumentar a produção de taninos em plantas
medicinais, visando melhorar a resistência do vegetal, reduzindo desta forma, a probabilidade de
utilização de inseticidas, visto que estes compostos podem proteger a planta (aumento dos teores de
taninos sem que os mesmos sejam as substâncias farmacologicamente ativas) (FARIAS et al., 2010).

Os taninos podem ser classificados segundo a estrutura química como hidrolisáveis ou condensados
(não hidrolisáveis). Estes taninos hidrolisáveis são ésteres de ácido gálico ou elágico glicosilados,
onde os grupos hidroxila do ácido são esterificados com os ácidos fenólicos, formando os galotaninos
(taninos gálicos) e os elagitaninos (taninos elágicos). Estes grupos de taninos podem ser hidrolisados
a compostos mais simples por ação da água quente ou de enzimas (MELONE et al., 2013). Os
taninos elágicos são muito mais frequentes que os gálicos, provavelmente porque ocorre a ligação
oxidativa de dois ácidos gálicos para a formação do ácido elágico antes da união destas substâncias
na biogênese dos taninos. Os taninos elágicos agem sobre a inflamação gástrica aliviando a dor
(SANGIOVANNI et al., 2013).

Os taninos condensados (não hidrolisáveis), também conhecidos por proantocianidinas, são


polímeros de flavonoides, ligados por ligações carbono-carbono, as quais não são susceptíveis
de serem rompidas por hidrólise. Eles são formados predominantemente por 50 unidades de
flavonas (catequina), antocianinas (cianidina) ou flavonóis, e podem conter de 2 à 50 moléculas
de flavonoides. Muitos dos flavonoides envolvidos na biossíntese deste grupo de taninos possuem
coloração avermelhada (BOECKLER et al., 2014).

As aplicações medicinais de drogas vegetais contendo taninos estão relacionadas, principalmente,


com suas propriedades adstringentes. Por via interna exercem efeito antidiarréico e anti-séptico
(efeito local no trato digestório), por via externa (tópica) impermeabilizam as camadas mais
expostas da pele e mucosas, protegendo assim as camadas subjacentes. Ao precipitar proteínas,
os taninos propiciam um efeito antimicrobiano e antifúngico, impossibilitando o desenvolvimento
de microrganismos sobre a lesão, impedindo o risco de infecção local. Além disso, os taninos são
hemostáticos e, desta forma, favorecem a cicatrização observada em ratos (LI et al., 2011).

Já que os taninos precipitam alcaloides e metais, eles podem servir de antídoto em casos de
intoxicações por estes compostos. Além disso, a possibilidade de interações medicamentosas entre
taninos presentes em muitos chás consumidos rotineiramente, como o chá verde, e alcaloides deve
ser levados em consideração na orientação aos pacientes, isto é, na assistência farmacêutica (LING
e BOCHU, 2014).

Em processos de cura de feridas, queimaduras e inflamações, os taninos auxiliam formando uma


camada protetora (complexo tanino-proteína) sobre tecidos epiteliais lesionados, podendo, logo
abaixo dessa camada, o processo curativo ocorrer naturalmente (reepitelização celular) (LING e
BOCHU, 2014).

Os taninos são considerados nutricionalmente indesejáveis porque precipitam proteínas, inibem


enzimas digestivas e afetam a utilização de vitaminas e minerais podendo, ainda, em alta concentração,
desenvolver câncer de bochecha e esôfago (IGWILO et al., 2014). Além disso, os estudos realizados

37
UNIDADE II │ FARMACOGNOSIA

com ratos revelaram que os animais alimentados com sementes de soja apresentaram menor
absorção de ferro quando tratados com taninos condensados (YUN et al., 2011).

Identificação dos taninos pode ser caracterizada através de reações de precipitação com gelatina,
alcaloides, cloreto férrico, acetato de chumbo e acetato de cobre. Quanto às aplicações industriais,
os taninos são empregados na maioria das vezes no curtimento do couro e na produção de cerveja.
Nas cervejarias, o objetivo é reduzir a concentração de proteínas através de precipitação como
complexos tanino-proteícos, que são retirados de cerveja através de sedimentação ou centrifugação/
filtração (PASCAL et al., 2009).

Uma curiosidade é que alguns pesquisadores relacionaram menor incidência de processos obstrutivos
esofágicos na população inglesa em comparação aos holandeses, pois os ingleses têm o hábito de
tomar chá com leite, enquanto que os holandeses não (HERTOG et al., 1997). Os pesquisadores
americanos atribuíram a maior incidência de câncer de esôfago em uma determinada localidade dos
EUA às pessoas que consomem rotineiramente após o almoço nozes que contêm cerca de 25% de
taninos. Contraditoriamente, pesquisadores japoneses sugerem que pessoas que ingerem chá verde,
rico em taninos, em suas dietas diárias o risco de câncer gástrico é menor (CHUNG et al., 1998).

O Barbatimão do ponto de vista popular é empregado para atividades biológicas


como: cicatrização e leucorréias. No primeiro caso, diversos autores avaliaram o
efeito cicatrizante do extrato de barbatimão, ou ainda, deste associado ao extrato
de hamamélis ou mesmo calêndula. Mais recentemente, foi comprovado o efeito
cicatrizante de extrato incorporado em uma pomada, de três diferentes espécies
de barbatimão (S. adstringens, S. obovatum e S. polyphyllum) comparando com um
produto do mercado, Nebacetin® (neomicina + bacitracina), amplamente empregado
para esta finalidade. O resultado foi melhor que o controle positivo, confirmando a
atividade a qual a população utiliza o extrato (MATOS, 2000) (Tabela 3.).

Tabela 3. Algumas drogas vegetais tanínicas

Droga vegetal Nome científico Parte utilizada Atividade farmacológica


Adstringente, anti-inflamatório,
Hamamélis Hamamelis virginiana Folhas
cicatrizante, antidiarréico
Espinheira-santa Maytenus ilicifolia Folhas Antiulcerogênica e cicatrizante
Cicatrizante, anti-inflamatório, anti-
Barbatimão Stryphnodendron barbatimam Cascas
hemorroidal e antifúngica
Anti-inflamatória, anti-hemorroidal e
Erva-de-bicho Polygonum sp Partes aéreas
antidiarréica

Flavonóides são compostos por um açúcar e um pigmento que têm atuação na diferenciação celular
(semente e folhas) e dão cor as folhas, flores e frutos. Há um tipo amarelo (flavonona) presente em
Rutáceas, gramíneas, Asteráceas, Polipodiáceas, Leguminosas, Pináceas e escrofulariáceas, e um
tipo azul (antociânicos), presentes nas flores. Os amarelos são de baixa toxicidade e são absorvidos
via digestiva. Têm ação anti-inflamatória, antiespasmódica, cardiocirculatória e estabilizadora das
paredes das veias. Os flavonoides são, provavelmente, a maior classe de metabólitos secundários
vegetais, e apresentam um amplo espectro de atividades biológicas, incluindo frequentemente

38
FARMACOGNOSIA │ UNIDADE II

atividade mutagênica e, com bem menos frequência, atividade anti-mutagênica, podendo ser
encontradas nas famílias Eriocaulaceae, como a Paepalanthus latipes (Silveira) ( BOSQUEIRO et
al., 2000).

Fitoesteróides são os hormônios vegetais (esteróides), eles atuam no crescimento das plantas, sendo
encontrada em todas as plantas medicinais, porém em baixas concentrações. Nas dioscoreáceas (Inhames)
e algumas Leguminosas, permite a síntese de hormônio feminino semi-sintético. São bem absorvidos
por via oral e metabolizados no fígado. O tratamento de fitoesterois na dieta diminuiu moderadamente
os lípides plasmáticos em pacientes hipercolesterolêmicos (LOTTENBERG et al., 2002).

Alcalóides são os compostos mais estudados, mas não são encontrados em qualquer planta. Em
contrapartida, as espécies vegetais com altas concentrações deste princípio ativo são consideradas
as mais perigosas e, às vezes, até mesmo venenosas. São compostos nitrogenados alcalinos e de
sabor amargo. Apresentam função protetora reguladora no crescimento de plantas. Podem estar
em várias partes da planta. Sua atividade terapêutica é muito variada, podendo ser vaso-dilatadora,
analgésica, vemicida, antitussígena, anti-hipertensiva, liberadora de adrenalina. Podemos ser
absorvidos por via oral e metabolizados no fígado. As famílias, onde possamos encontrar os
alcaloides são Apocináceas, Leguminosas, Papaveráceas, Rubiáceas e Solanáceas. São potentes
psicotrópicos. São solúveis em água, álcool e etanol e são encontrados nas plantas como os sais
(XAVIER e RAUTER, 2014).

Cumarinas são lactonas derivas do ácido cumarínico, cujo aroma se intensifica com a desidratação
da planta. Têm ação farmacológica diversificada, como hepato-proteção, antiinflamatório e
especialmente anti-espamódica, tendo sido utilizadas como condimento alimentar por suas
qualidades aromáticas e de disfarçar adores. São encontrados livres ou como glicosídeos muito
presentes no reino vegetal, especialmente nas Leguminosas, rutáceas, Moráceas (LEE et al., 2014;
SHI et al., 2014).

Lactonas sesquiterpênicas são presentes notadamente na família Asteráceas, mas também em outras
angiospermas. São lactonas associadas a terpenos, onde sua atividade farmacológica citostática,
antimicrobiana e anti-inflamatória, está diretamente relacionada à fração lactona. Causam reações
alérgicas e dermatites de contato comumente (MOHAMED, ESMAIL e EL-SAADE, 2013).

Resinas são óleos essencias transformados e misturados a outros componentes, produzidos por
células especializadas nas famílias Coníferas e Leguminosas (ITF, 2008).

Gomo-resinas se solidificam rapidamente, são cicatrizantes, analgésicas e anti-inflamatórias. São


encontradas nas famílias Ziziberáceas, Legumonisas, Coníferas e Euforbiáceas (ITF, 2008).

Látex são emulsões leitosas (borrachudas) fracas em óleos essenciais. As famílias onde podemos
encontrar o látex são as Asclepiáceas, Euforbiáceas, Moráceas, Papaveráceas, Apocináceas e
Sapotáceas (ITF, 2008).

Óleos resinosos são provenientes da oxidação incompleta de um óleo essencial. Podem apresentar
minerais e ácidos graxos. As famílias que apresentam os óleos resinosos são Pináceas, Anacardiáceas
e Leguminosas (ITF, 2008).

39
UNIDADE II │ FARMACOGNOSIA

Bálsamo são produtos de características resinosos semi-líquidos extremamente aromáticos.


Pertencentes as famílias Leguminosas, Hamameliáceas e Stiracáceas (ITF, 2008).

Os ácidos orgânicos são moléculas pequenas produzidas no metabolismo intermediário, tem


um radical hidroxila. Aparecem ligados a alcaloides ou carreando sais minerais. São laxativos
ou diuréticos. Famílias Asteráceas, Labiadas, gramíneas, Equisetáceas e Borragináceas são as
principais. São inúmeros os ácidos orgânicos, como málico, cítrico, cafeico, tartárico e oxálico.
São bem absorvidos pelo aparelho digestivo e excretados na urina. Dever ser evitados em casos de
cálculos renais. Podem causar diarreia, cistite e irritação gástrica (FERNÁNDEZ et al., 2014).

Princípios amargos apresentam ação estimulante sobre as papilas gustativas e ação digestiva.
Sua característica principal é o sabor amargo, criando um grupo especial. Podem ser glicosídeos,
alcaloides, saponinas, e até mesmo óleos essenciais, estão mais presentes nas famílias Asteráceas e
Gencianáceas (GAO et al., 2004).

Os sais minerais são indispensáveis ao metabolismo humano e vegetal, são oxidantes e reconstituintes.
Cada elemento é responsável por uma função específica, assim sendo, os sais de cálcio formam
o tecido ósseo, modulam a excitabilidade neuromuscular e participam do processo de coagulação
sanguínea. Sais de ferro são estruturalmente importante nas hemácias e processos anti-anêmicos.
Temos ainda os oligo-elementos, que geralmente aparecem como traços também fundamentais
como o iodo, manganês, zinco, boro, bromo, molibdênio, entre outtros, cuja participação no
processo enzimático é crucial (GOLAN et al., 2009).

Vitaminas são substâncias indispensáveis ao desenvolvimento animal, no entanto não são


sintetizadas pelo organismo, devendo ser obtidas através da alimentação. Podendo ser solúveis em
água, como as vitaminas B1, B2, B6, B12, C e P e as lipossolúveis em óleo, que são as A, D, E e K.
Elas degradam pelo calor e são encontradas em diversos representantes do reino vegetal (GOLAN
et al., 2009).

40
CAPÍTULO 3
Controle de qualidade de matéria-
prima e produtos fitoterápicos

O uso de plantas medicinais é equivocadamente entendido, pela população de


uma maneira geral, como o emprego de fitoterapia. Segundo conceito da Agência
Nacional de Vigilância Sanitária, o medicamento fitoterápico é obtido, através
do emprego exclusivo de matérias-primas vegetais, sendo caracterizado pelo
conhecimento da eficácia e dos riscos de seu uso, assim como pela reprodutibilidade
e constância de sua qualidade. Sua eficácia e segurança são validadas, através de
levantamentos etnofarmacológicos de utilização, documentações tecnocientíficas
em publicações ou ensaios clínicos fase 3 (BRASIL, 2004).

O conhecimento sobre plantas medicinais simboliza muitas vezes o único recurso


terapêutico de muitas comunidades e grupos étnicos, sendo que o uso de plantas
no tratamento de enfermidades é tão antigo quanto a espécie humana (MACIEL,
PINTO e VEIGA, 2002). Os primeiros relatos do uso das plantas medicinais são
de 2.600 a.C. tais espécies utilizadas na Mesopotâmia ainda são mencionadas
pelas sociedades atuais para tosse, febre e inflamação (GURIB - FAKIM, 2006).
Fitoterápico, em um conceito bastante amplo e constante em legislação (Portaria
06/95 ANVISA) pode ser definido como “Todo medicamento tecnicamente obtido
e elaborado, empregando-se, exclusivamente, matérias primas ativas vegetais com
a finalidade profilática, curativa ou para fins de diagnóstico, com benefício para
o usuário. É caracterizado pelo conhecimento da eficácia e dos riscos de seu uso,
assim como pela reprodutibilidade e constância de sua qualidade; é o produto final
acabado, embalado e rotulado. Na sua preparação podem ser utilizados adjuvantes
farmacêuticos permitidos pela legislação vigente. Não podem estar incluídas
substâncias ativas de outras origens, não sendo considerado produto fitoterápico
quaisquer substâncias ativas, ainda que de origem vegetal, isoladas ou mesmo suas
misturas.” (BRASIL, 1995).

Para o controle de qualidade de uma droga, há três tipos de operações fundamentais, que são: a
amostragem ou tomada de ensaio, a identificação e a verificação da pureza. A análise de uma droga
se inicia pela amostragem, seguindo a identificação e a verificação da pureza. A partir do momento
que se prova que a droga não é adequada, esta não passa para a etapa seguinte de avaliação. No
entanto, quando se têm a droga de interesse em ótimo estado de pureza, então consequentemente
passamos para a etapa seguinte. Outro aspecto a ser considerado na análise das drogas vegetais é o
da qualidade, pois esta característica está relacionada a apresentação, estado de conservação, teor
de princípios ativos e com a pureza. Deste modo, a apresentação de uma droga é importante quando
ela se destina à elaboração de chás, por exemplo. Assim, tamanhos muitos diferentes e coloração
irregular, depreciam o produto, no entanto, a apresentação já não é levada em conta quando a droga

41
UNIDADE II │ FARMACOGNOSIA

se destina a indústrias de extratos, por exemplo. Devemos lembrar que o teor de princípios ativos e
pureza sempre devem ser lavados em consideração, independente de qual rumo o produto (droga)
tomar (OLIVEIRA, 2005).

Como uma das principais etapas no processo de controle de qualidade de insumos vegetais se destaca
a amostragem ou tomada de ensaio, devido à variabilidade na uniformidade dos lotes recebidos, a
amostragem é determinante para o sucesso dos testes de controle de qualidade. Esta deve seguir
critérios estatísticos para que a mesma seja representativa do todo. No caso de insumos vegetais,
na forma de droga vegetal inteira ou rasurada, a segregação de porções com diferentes espessuras
ou granulometrias é muito frequente. Dessa forma, a amostragem deve ser realizada utilizando-
se métodos como o quarteamento que permite a realização de uma amostragem homogênea
respeitando-os diferentes estados de divisão da droga. Assim podemos observar que:

»» O êxito da análise esta intimamente relacionada à tomada da amostra;

»» A amostra deve ser representativa da quantidade global da droga;

»» As drogas vegetais são apresentadas em embalagens de tamanho relativamente


grande, por isso a tomada da amostra deve ser feita de várias partes da embalagem,
a fim de evitar:
›› a separação de fragmentos mais densos na parte inferior e menos densos na
parte superior;
›› e a substituição fraudulenta de parte da droga (geralmente na parte inferior).

Após a tomada da amostra efetua-se a homogeneização da droga e o quarteamento, que consiste


em distribuir a amostra da droga vegetal sobre uma área quadrada em quatro partes iguais, e fazer
a tomada de duas porções dispostas diagonalmente (Figura 4.). Quando as diferenças são muitos
evidentes em fragmentos entre uma tomada de ensaio e outra, separam-se estes materiais por
catação (TREASE e EVANS, 2000).

A análise de chás é feita separando-se as partes pelo processo de catação. Quando o chá é constituído
por duas ou mais plantas, procura-se separar os componentes com auxílio de lupa e de pinça.
Estima-se, depois, a porcentagem de cada componente da mistura.

Figura 4. Figura representativa do quarteamento da droga vegetal, sendo que a superfície é dividida em quatro
quadrados, destinada a reduzir o tamanho da amostra

(modificado de OLIVEIRA, 2005).

42
FARMACOGNOSIA │ UNIDADE II

A identificação cria individualidades, não existindo sequer dois indivíduos iguais. No entanto, entre
os indivíduos da mesma espécie prevalecem às semelhanças, ficando assim, as diferenças restritas a
certos limites. Graças a este fato é possível concluir que “certa” planta pertence a uma determinada
espécie, como vimos no capítulo 1. Por outro lado, órgãos de indivíduos pertencentes à mesma
espécie são muito semelhantes entre si, possibilitando, inclusive, a identificação da espécie à qual
pertencem. As raízes Ipecacuanha – Cephaelis ipecacuanha (Brotero) Richard, possuem certas
características especiais, que permitem a sua identificação mesmo quando estão separadas do
restante da planta. Na análise de drogas vegetais, grande parte das identificações baseia-se neste fato.
A qualidade dos extratos vegetais utilizados na terapêutica depende do tipo de droga utilizada na sua
produção. Antes de utilizarmos qualquer droga no preparo de medicamentos, devemos submetê-
la a análise rigorosa. Dessa forma, a identificação de uma droga vegetal é feita comparando-a com
a droga padrão, através de descrições pormenorizadas existentes nas farmacopeias, ou ainda, em
literatura especializada (método comparativo). A identificação pode ser por processos diretos ou
indiretos (TREASE e EVANS, 2000; OLIVEIRA, 2005).

Identificação por processos diretos


A droga vegetal é analisada mediante exame de suas características organolépticas através da
utilização dos recursos sensitivos, ou seja, visão, tato, degustação ou sabor e olfato. A observação
visual, com ou sem auxilio de lupa de pequeno aumento, de uma droga vegetal fornece dados
importantes sobre a identidade do vegetal. O tamanho, a forma e a coloração são particularidades
muito relevantes no processo de diagnose, além do comprimento, largura e espessura dos órgãos
vegetais e possíveis contaminantes macroscópicos. Assim, ninguém vai confundir uma semente
de Mostarda cujo tamanho não é muito maior que o da cabeça de um alfinete com um coco da
Bahia, por exemplo. Deste modo, a forma constitui a característica mais importante neste tipo
de identificação. É importante salientar que a droga pode apresentar cor variada dependendo do
processo de secagem a ser utilizado, apresentar órgãos inteiros ou fragmentados, amarrotado ou não
e exibindo brilho a coloração característica (WAGNER e BLADT, 1996). Algumas espécies vegetais
possuem características macroscópicas muito particulares que nos permitem concluir sobre sua
autenticidade utilizando este parâmetro. Neste caso, o estado de divisão da droga deve permitir
a total caracterização dos elementos botânicos especificados. Por exemplo: Espinheira santa
(Maytenus ilicifolia) – Folhas com margem do limbo mucronato-serrata. Além disso, a Espinheira
Santa (Maytenus ilicifolia) da família Celastráceae que é muito usada na medicina tradicional
brasileira se mostra eficiente no tratamento de estômago, inclundo náuseas, gastrites e úlceras. Essa
droga também se mostrou eficiente em proteger as élulas saudáveis, enquanto induzia a apoptose
em células cancerígenas humanas (ARAÚJO et al., 2013).

O tato também é importante para a identificação de drogas, através da verificação da consistência,


por exemplo, ou tateando a superfície dessa droga que pode apresentar-se, lisa, rugosa, tomentosa e
etc. A consistência da droga em questão pode variar, sendo mole ou dura, friável ou flexível. O caule
e a raiz das drogas Jurubeba e Muirapuama são muito duros, o frutos de Baunilha são razoavelmente
moles, as folhas de Beladona apresentam-se friáveis, ao passo que os folíolos de Sene são flexíveis
(MESIA-VELA et al., 2002; SIQUEIRA et al., 2007; WIŚNIEWSKI e PIASECKA, 1971).

43
UNIDADE II │ FARMACOGNOSIA

Já pelo olfato, a droga pode apresentar-se inodora ou com odor, sendo este agradável ou desagradável,
aromático ou nauseoso. As raízes de Guiné ou Pipi apresentam odor aliáceo, as raízes de polígala
apresentam odor de salicilato de metila, por exemplo. Além disso, KURODA, SHIZUME e MIMAKI,
(2014) evidenciaram dois novos glicosídeos triterpenoides acetilados após o isolamento do extrato
de metanol de raízes de Polígala que apresentavam intenso odor de salicilatro de metila.

Por fim, o sabor também é uma característica relevante na identificação das drogas. Podendo
apresentar-se com sabor doce, amargo, azedo e salgado. O sabor é muito presente em drogas
vegetais, como adstrigentes, oleosos, mucilaginosos, acre e pungente. O adstringente, observado
em drogas tânicas, apresenta um aperto sobre a mucosa bucal. O oleoso lembra a sensação de óleo
na boca. O mucilaginoso dá a impressão de aumentar de volume e escorregar na boca. O acre ou
picante e o pungente apresenta-se ardido ou doloroso, sendo todos esses sabores empregados na
caracterização de certos tipos de droga. Assim, os métodos diretos são simples e rápidos e podem
justificar a rejeição de um lote de droga vegetal.

Identificação por processos indiretos


Os processos indiretos podem ser classificados em físico, químico e biológico.

Entre os processos físicos se destacam a microscopia e a cromatografia, estes métodos são


considerados como gerais para a identificação de drogas vegetais. A microscopia é um método
rápido, barato e fácil na identificação e na pureza de drogas vegetais, pois através de técnicas simples
obtêm-se resultados imprescindíveis na identificação. Além disso, a microscopia visa identificar
as estruturas teciduais a partir da histologia, através das quais podem ser discernidas as espécies
vegetais. Este ensaio consiste na elaboração de cortes histológicos a partir do material em análise e
visualização das características do tecido celular com o auxílio de um microscópico. As estruturas
celulares mais pesquisadas são os tipos de tricomas (tectores e glandulares), estômatos, parênquima,
entre outras. Assim, a microscopia deve ser sempre utilizada quando a análise macroscópica, por si
só for insuficiente para determinar a autenticidade da amostra em questão. É importante citar que,
quanto menor o estado de divisão da droga vegetal, maior será a dificuldade em realizar os cortes
histológicos e em identificar as estruturas celulares (WAGNER e BLADT, 1996).

A cromatografia em camada delgada é também muito importante, porém apresenta custo


relativamente alto. Necessita ainda de equipamentos adicionais e de padrão para efetuar a
comparação. No entanto, ela pode diferenciar espécies vegetais através de sua composição química.
Um exemplo são as espécies de Echinaceae angustifolia (raízes e rizomas) e Echinaceae purpurea
(partes aéreas), em que a diferenciação botânica entra as espécies são difíceis se conduzida através da
macro e microscopia. Contudo, pode ser realizada facilmente através da cromatografia em camada
delgada, que identifica a presença de equinacedo e cinarina na Echinaceae angustifolia e ácido
chicórico na Echinaceae purpúrea. A Equinácea é um dos fármacos mais utilizados e conhecidos na
Europa e nos EUA (TREASE e EVANS, 2000).

44
FARMACOGNOSIA │ UNIDADE II

A análise de fluorescência, imunoensaios, radioimunoensaio, espectrometria de massa, ELISA


(Enzyme Linked Immuno Sorbent Assay) e microscopia quantitativa, são técnicas usadas também
para o processo de controle de qualidade de uma droga (TREASE e EVANS, 2000).

Os processos químicos empregados na identificação de drogas são de três tipos: transformações


químicas, reações de caracterização e incineração.

Nas transformações químicas, as reações de caracterização química, podem ser feitas no próprio
tecido vegetal ou em extratos provenientes destes. As reações de caracterização podem se derivar
em reações histoquímicas, quando a reação ocorre no seio do tecido, e em reações microquímicas,
quando uma pequena quantidade de substância é extraída, para a execução da reação destinada a
caracterizar a droga, a qual ocorre fora do tecido vegetal. Um exemplo de transformação química
destinada à identificação de drogas é a reação de murexida que se faz com as drogas caféicas, a
qual origina um extrato clorofórmico da droga. O extrato passa por um processo de evaporação
do clorofórmio a partir de uma temperatura baixa, e, em seguida o resíduo formado é tratado e
acrescentado a uma mistura de ácido clorídrico e clorato de potássio, o qual visa obter um composto
intermediário oxidado. Por fim, expõe-se este composto a vapores de amônia originando coloração
vermelha da murexida (Figura 5.) (OLIVEIRA, 2005).

Figura 5. Processo de transformação química da Murexida

oxidação aquecimento

CAFEÍNA ALOXANO
O O
OH
O
NH
HN NH4

O O O O
N N
H H
ALOXANTINA

MUREXIDA
(modificada de OLIVEIRA, 2005).

45
UNIDADE II │ FARMACOGNOSIA

Os cristais de oxalato de cálcio são frequentes em tecidos vegetais. Sua identificação costuma ser
evidenciada pela verificação da presença de íons-cálcio. Para tanto, emprega-se o reativo para oxalato
de cálcio à base de ácido sulfúrico diluído. O ácido sulfúrico reage com o oxalato de cálcio, formando
sulfato de cálcio, substância esta que se cristaliza em forma de cristais aciculares. Basicamente, o
que ocorre é a transformação de uma forma cristalina de oxalato de cálcio em outra de sulfato de
cálcio (BROWN, WARWICK e PRYCHID, 2013).

As reações características apresentam inúmeras substâncias ou grupo de substâncias, quando


tratadas por determinados reativos, dão reações de coloração ou de precipitação importantes para
a identificação das drogas que as contêm. Assim, o resíduo do extrato clorofórmico das sementes
de noz-vômica, são previamente alcalinizadas, quando tratado por uma gota de ácido sulfúrico
concentrado e adicionado um cristal de bicromato de potássio, dessa maneira, desenvolve intensa
coloração violácea indicativa da presença de estricnina. Dessa forma, o resíduo resultante da
evaporação do extrato clorofómico de 1g do pó de folha de Beladona previamente alcalinizada,
tratado com 1 a 2 gotas de ácido nítrico concentrado e, após resfriamento, com 1 a 2 gotas de potassa
alcoólica, desenvolve coloração violeta intensa que passa a vermelho-vinhosa com o tempo (Reação
de Vitali) (SAKAGUCHI, KITAJIMA e IWASHINA, 2013).

Os alcalóides presentes em drogas costumam frequentemente ser caracterizados através de reações


de precipitação com, por exemplo, os reativos de precipitação de alcalóides.

Inúmeros processos biológicos de identificação podem ser utilizados. A hemólise ocasionada por
extratos de drogas contendo saponinas constitui exemplo deste importante grupo de processos de
identificação. A hemo-aglutinação ocasionada por extratos de drogas contendo taninos corresponde
a outro exemplo. Algumas reações específicas costumam ser empregadas. A verificação de
ictiotoxicidade para drogas contendo saponinas, o vômito de pombos para as drogas cardiotônicas,
a convulsão estricnínica e o desenvolvimento de estado de catatonia, são algumas vezes utilizados
(TREASE e EVANS, 2000).

A pureza da droga pode ser modificada em função de contaminação ou fraude. A contaminação


ocorre acidentalmente durante as etapas de coleta do vegetal, do preparo, da conservação ou do
armazenamento. Esta contaminação pode ocorrer com outros vegetais ou por outros órgãos, do
mesmo vegetal, ou ainda, por micro-organismos, insetos e roedores. A adulteração sempre tem
caráter intencional. A presença de contaminantes é outra característica importante a ser observada.
Estes contaminantes podem ser de diversas origens, a saber: órgão diferente do mesmo vegetal,
órgão de outro vegetal, material orgânico, material inorgânico e parasito (OLIVEIRA, 2005).

Segundo a OMS 2007 – Guidelines for assessing quality of herbal medicines with reference to
contaminants and residues, os contaminantes em insumos vegetais são classificados em físico-
químicos e biológicos. Os contaminantes físico-quimicos são partes da mesma planta que não
a parte usada ou partes de outras plantas, terra, areia, pesticidas e herbicidas, metais pesados e
os contaminantes biológicos são micro-organismos, insetos, parasitos, entre outros (TREASE e
EVANS, 2000).

46
FARMACOGNOSIA │ UNIDADE II

Alguns destes contaminantes podem ser identificados através de técnicas muito simples como teor
de cinzas. Dessa forma, é importante compreendermos a origem destes contaminantes para que
ações possam ser tomadas no sentido de evitar ou minimizar as contaminações.

Pesticidas e herbicidas deixam como resíduos em solo e/ou plantas medicinais os metais pesados.
Portanto, deve-se evitar o cultivo de plantas medicinais em terrenos contaminantes pelos mesmos,
bem como evitar seu uso. A poluição ambiental é fonte de contaminação de insumos vegetais com
metais pesados. Recomenda-se não coletar plantas medicinais em locais poluídos como áreas
próximas às rodovias, onde as plantas podem estar em contato com os gases poluentes oriundos
dos automóveis e estarem contaminadas por chumbo (GILMAM, HARDMAM e LIMBIRD, 2003).

Os vegetais apresentam, além de seus constituintes orgânicos, componentes de natureza inorgânica,


representados por carbonatos, fosfatos, cloretos, óxidos de silício, magnésio, cálcio, potássio,
alumínio, ferro e sódio. Estes componentes inorgânicos, próprios da constituição da droga vegetal,
são denominados de intrínsecos e diferem dos componentes inorgânicos de origem externa, por
exemplo, areia, pedra, gesso e terra. Estes últimos são originados de más preparações ou falsificações.
Levando-se em consideração o componente inorgânico intrínseco de cada droga, fixou-se o limite
máximo que, excedido, determina a reprovação do produto. A quantificação do conteúdo inorgânico
faz-se por meio da determinação do resíduo pela incineração ou cinzas. Assim, a droga calcinada
à alta temperatura tem toda a sua matéria orgânica transformada em CO2, restando apenas
compostos minerais na forma de cinzas. Por tanto, a determinação do conteúdo em cinzas mostra
principalmente o cuidado que foi dedicado na preparação de determinada droga vegetal (GILMAM,
HARDMAM e LIMBIRD, 2003).

Em outras palavras, quando uma droga é adulterada, a porcentagem de cinzas varia. Esta
determinação é muito importante na identificação de drogas pulverizadas, que podem ser adulteradas
pela adição de areia. Neste caso, o teor de cinzas vai aparecer aumentado.

47
CAPÍTULO 4
Biotransformação

Os seres humanos são diariamente expostos a uma grande variedade de compostos


estranhos denominados, xenobióticos. Estes são substâncias absorvidas pelo
pulmão, pela pele ou, mais comumente, ingeridas seja de modo não intencional,
como compostos presentes em alimentos e líquidos, ou deliberadamente, como
drogas para fins terapêuticos ou “recreativos”. A exposição à xenobióticos ambientais
pode ser inadvertida e acidental ou quando presentes como componentes do ar,
da água e dos alimentos, inevitável. Assim, muitos xenobióticos podem provocar
uma resposta biológica, que dependem da conversão da substância absorvida no
metabólito ativo.

A maioria das transformações metabólicas ocorre em algum ponto entre a absorção


da droga na circulação geral e a sua eliminação renal.

Os xenobióticos incluem tanto produtos naturais como manufaturados, assim


como, drogas, produtos industrializados, pesticidas, poluentes, produtos da pirólise
em alimentos cozidos, alcaloides, metabólitos secundários de plantas e toxinas,
produzidos por fungos, plantas e animais (GILMAM, HARDMAM e LIMBIRD, 2003).

Diversos órgãos têm a capacidade de metabolizar em certo grau as drogas pelas reações enzimáticas.
Assim, os rins, o trato gastrintestinal, os pulmões, a pele e outros órgãos contribuem para o metabolismo
sistêmico das drogas. Entretanto, o fígado é que contém a maior diversidade e quantidade de enzimas
metabólicas, de modo que a maior parte do metabolismo das drogas ocorre nesse órgão. A capacidade
do fígado de modificar os fármacos depende da quantidade de droga que penetra nos hepatócitos. Em
geral, os fármacos altamente lipofílicos podem penetrar mais facilmente nas células (inclusive nos
hepatócitos). Desse modo, o fígado metaboliza preferencialmente as drogas hidrofóbicas. Entretanto,
o fígado também contém numerosos receptores, que também permitem a entrada de algumas drogas
hidrofílicas nos hepatócitos. As enzimas hepáticas têm a propriedade de modificar quimicamente uma
variedade de substituintes nas moléculas das drogas, tornando essas drogas inativas ou facilitando
a sua eliminação. Essas modificações são designadas, em seu conjunto, como biotransformação.
As reações de biotransformação são classificadas em dois tipos: as reações de oxidação/redução e
as reações de conjugação/hidrólise. (Embora as reações de biotransformação sejam frequentemente
denominadas reações de Fase I e de Fase II) (GOLAN et al., 2009).

A reação de fase I envolve as reações de hidrólise, redução e oxidação. Estas reações expõe ou introduz
um grupo funcional (-OH, -NH2, -SH ou -COOH), e geralmente resultam em um pequeno aumento
na hidrofilicidade. Reações de biotransformação de fase II incluem acetilação, metilação, sulfonação
(mais conhecido como sulfatação), glucuronidação, conjugação com glutationa (síntese de ácido
mercaptúrico), e conjugação com aminoácidos, bem como glicina, taurina e ácido glutâmico. Os
cofatores para estas reações reagem com o grupo funcional que está presente sobre os xenobióticos
ou que foram introduzidos ou expostos durante a biotransformação de fase I. Muitas reações de

48
FARMACOGNOSIA │ UNIDADE II

biotransformação de fase II resultam em um aumento de hidrifilicidade, com isso, eles promovem a


excreção dos produtos “estranhos” (GOLAN et al., 2009).

As reações de oxidação/redução modificam a estrutura química de um fármaco através de oxidação


ou redução. O fígado possui enzimas que facilitam cada uma dessas reações. A via mais comum, o
sistema do citocromo P450 microssomal, medeia um grande número de reações oxidativas. Uma
reação oxidativa comum envolve a adição de um grupo hidroxila a droga. Além disso, é preciso
assinalar que algumas drogas são administradas em sua forma inativa, de modo que podem ser
alterados metabolicamente à forma ativa por reações de oxidação/redução no fígado. Essa estratégia
de forma inativa pode ser utilizada para facilitar a biodisponibilidade oral, diminuir a toxicidade
gastrintestinal e/ou prolongar à meia-vida de eliminação de uma droga (GOLAN et al., 2009).

As reações de conjugação/hidrólise hidrolisam a droga ou a conjugam com uma molécula grande


e polar para inativar a droga ou, mais comumente, para aumentar a sua solubilidade e excreção
na urina ou na bile. Em certas ocasiões, a hidrólise ou a conjugação podem resultar em ativação
metabólica da forma inativa (GOLAN et al., 2009).

No fígado, a enzima de citocromo P450 converte hormônios esteroidogênicos para metabólitos


solúveis em água que são excretados na bile ou eliminados na urina, de uma maneira análoga é
a biotransformação e a eliminação de xenobióticos. Já em tecidos esteroidogênicos a enzima do
citocromo P450 não é capaz de fazer o papel de biotransformador de xenobióticos (BUTTER,
DOEHMER e GONZALEZ, 1999). Desse modo, a importância desse fenômeno para a farmacologia,
é que algumas drogas precisam sofrer biotransformação para elas exercerem seu efeito
farmacodinâmico. Assim, muitos metabólitos de drogas, e não propriamente a droga é quem exerce
o efeito farmacológico.

A capacidade de biotransformação de xenobióticos irá depender da variedade de alimentos,


por exemplo, disponível. Assim, insetos que comem uma variedade de plantas terá uma maior
capacidade de biotransformação de xenobióticos do que insetos de se alimentam com um número
de plantas limitado.

Além disso, alguns xenobióticos estimulam a síntese de enzimas envolvidas na biotransformação


de xenobióticos. Este processo, conhecido como, indução de enzimas, é uma resposta adaptativa
e reversível da exposição de xenobióticos. A indução da enzima permite em alguns xenobióticos
acelerar sua própria biotransformação e eliminação (CONNEY, 1967).

O limoneno é um monoterpeno monocíclico que faz parte da estrutura de mais de 300 vegetais
(BURDOCK,1995). Ele tem a finalidade de trazer o aroma a diversos produtos a partir da sua
biotransformação, no entanto, também pode ser usado como solvente para resinas, síntese de outros
componentes químicos, aplicações em borracha, tintas, agentes dispersantes para óleo, além da
utilização na síntese química do menthol (http:// http://www.associtrus.com.br/, acessada em Maio
de 2014). Assim sendo, a biotransformação de limoneno em compostos de aroma, como carvona,
álcool perílico trouxe vantagens a esta substância, uma vez que, formou a regioespecificidade e a
enantioespecificidade que são enzimas importantes no processo de biotransformação. Fazendo
com que numerosos microoganismos e células de plantas fossem descritos como transformadores
desse monoterpeno (DUETZ, 2003).

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UNIDADE II │ FARMACOGNOSIA

Entretanto, a grande maioria dos estudos de biotransformação de monoterpenos descritos até o


momento são apenas acadêmicos, sendo inviáveis do ponto de vista industrial, pois sua aplicação
direta em escalas maiores esbarra nos baixos rendimentos devido à volatilidade do substrato e
toxicidade do limoneno aos microrganismos em geral (CHATTERJEE e BHATTACHARYYA, 2001).
A alta fluidez da membrana pode prevenir a manutenção dos complexos entre enzima e membrana
como, por exemplo, o complexo formado entre citocromo P450 monoxigenase e citocromo P-450
redutase dependente de NADPH, que está envolvido nas transformações oxidativas de terpenos,
hidrocarbonetos policíclicos aromáticos, esteróides e outros compostos lipofílicos, promovidas por
fungos (ONKEN e BERGER, 1999).

A biotransformação pode levar à substituição de sítios quimicamente inacessíveis sem perturbar


o substrato orgânico (DE-LIMA,CARNELL e ROBERTS,1999). A biotransformação realizada pelo
fungo, Mucor ramosissimus, produziu os produtos de redução, oxidação, isomeração e a redução
da regioespecificidade e da enantioespecificiade foi alcançada. Dessa maneira, a biotransformação
de compostos orgânicos sintéticos a partir desse fungo é eficaz (ITO et al., 2009).

Obtenção de substâncias bioativas pela biotransformação de produtos naturais

<revista.ufg.br > acessado em maio de 2014

Princípios Ativos
A biotransformação pela ação farmacodinâmica das drogas é devida à presença de princípios ativos.
Estes princípios ativos são constituídos de uma substância ou conjunto de substâncias quimicamente
definidas.

O estramônio, a beladona, o meimendro e a trombeteira são drogas antiespasmódicas, em virtude


de possuírem alcaloides tais como a escopolamina e a hiosciamina, que são os seus princípios ativos.
A droga constituída das cascas de quinas é utilizada em função de princípios ativos alcalóides que
contêm, especialmente, quinina e quidina. As folhas de Digitalis apresentam como princípios ativos
os glicosídeos cardiotônicos (LING e BOCHU, 2014).

Além dos princípios ativos que são importantíssimos para a função da droga, existe uma série
de substâncias que não apresentam atividade farmacodinâmica como os princípios ativos, mas
que, frequentemente, apresentam importância farmacêutica. Estas substâncias químicas são
importantes algumas vezes na caracterização química da droga. O ácido mecônico, por exemplo,
existente no pão de ópio é importante pela cloração vermelho-vinhosa que ele forma na presença
da solução de cloreto férrico, e esta reação é empregada na identificação de ópio, no entanto, não
é considerado um princípio ativo (LING e BOCHU, 2014; AYYANGAR e BHIDE, 1988; KAMAT,
JOGLEKAR, 1975).

Por outro lado, estas substâncias que não são designadas de princípios ativos podem agir ocasionando
incompatibilidades medicamentosas que dificultam a obtenção de boas formas farmacêuticas.
Genericamente, estas substâncias são denominadas de princípios inativos.

50
FARMACOGNOSIA │ UNIDADE II

Das principais plantas tóxicas existentes, cada uma apresenta um princípio ativo, podendo ser igual
ou diferente, no entanto, o princípio ativo que mais prevalece nas plantas é o oxalato de cálcio e
depois derivados de diferentes glicosídeos, como podemos observar abaixo:

»» Tinhorão (Caladium bicolor Vent.). Princípio ativo: oxalato de cálcio

»» Comigo-ninguém pode (Dieffenbachia picta Schott.). Princípio ativo: oxalato de


cálcio e saponinas

»» Taioba-brava (Colocasia antiquorum Schott.). Princípio ativo: oxalato de cálcio

»» Copo-de-leite (Zantedeschia aethiopica Spreng.). Princípio ativo: oxalato de cálcio

»» Saia-Branca(Datura suaveolens L.). Princípio ativo: alcalóides beladonados.


(atropina, escopolamina e hioscina).

»» Aroeira (Lithraea brasiliens March.). Princípio ativo: os conhecidos são os óleos


voláteis, felandreno, carvacrol e pineno.

»» Bico-de-Papagaio(Euphorbia pulcherrima Willd.). Princípio ativo: látex

»» Coaroa-de-Cristo (Euphorbia milii L.). Princípio ativo: látex

»» Avelós (Euphorbia tirucalli L.). Princípio ativo: látex

»» Urtiga (Fleurya aestuans L.). Princípio ativo: histamina, acetilcolina, serotonina.

»» Esperradeira(Nerium oleander L.). Princípio ativo: glicosídeos carditóxicos

»» Chapéu-de-Napoleão (Thevetia peruviana Schum.). Princípio ativo: glicosídeos


carditóxicos

»» Cinamomo (Melia azedarach L.). Princípio ativo: saponinas e alcalóides


neurotóxicos (azaridina).

»» Mandioca-Brava (Manihot utilissima Pohl.) (Manihot esculenta ranz). Princípio


ativo: glicosídeos cianogênicos

»» Mamona (Euphorbiaceae). Princípio ativo: toxoalbumina (ricina)

»» Pinhão-roxo (Euphorbiaceae.). Princípio ativo: toxoalbumina (curcina)

Desse modo, o princípio ativo de algumas plantas pode ser formado a partir de enzimas, como no
caso da enzima que hidrolisa os glicosídeos, estas agem sobre a Salina, Amigdalina, Sinigrina e
glicosídeo cardíaco. Outras enzimas atuam sobre ligações peptídicas, como as enzimas animais,
Pepsina, Renina, Tripsina, Trombina e plasmina e as enzimas vegetais, Papaína (Carica papaya)
e a Ficina (da espécie do Figo). Existem enzimas que atuam sobre o amido linear que são as
Asparaginases (presente no alcaçuz e em demais plantas) e a Urease. Os amidos cíclicos são atuantes
na Penicilinase (ITF, 2008).

51
UNIDADE II │ FARMACOGNOSIA

Isopentanil difosfato isomerase (IPP) e a Chalcona isomerase são enzimas importantíssimas que
levam a formação de metabólitos medicinais, como os Terpenóides (HAN et al., 2014; ZHOU et al.,
2013).

Os glicosídeos são metabólitos muito conhecidos de diversas plantas, os açúcares achados dentro
dos glicosídeos podem ser monossacarídeos, com a glicose, ramnose e fucose e mais raramente, o
deoxiaçúcar, assim como a cimarose achada nos glicosídeos cardíacos. Mais de uma molécula de
açúcar pode se ligar ao aglicona.

Nem todos os compostos químicos elaborados pelas plantas são igualmente interessantes para os
farmacognosistas. Até recentemente, os principais princípios ativos de plantas eram os alcaloides
ou glicosídeos específicos que apresentavam propriedades farmacológicas relevantes. Estes, por
sua vez, apresentavam-se nas principais drogas de plantas do sistema alopático de medicina. Hoje
muitos outros constituintes de plantas, particularmente são associados na fitoterapia, apresentando
suas propriedades medicinais, a qual é manifestada mais sutilmente e por vias menos agressivas do
que obviamente plantas venenosas.

Outros grupos como carboidratos, gorduras, proteínas que são de importância alimentar, e outros,
bem como amido e gomas são usadas pela farmácia, no entanto, nem sempre apresentam sua
ação farmacológica. Desse modo, substâncias como oxalato de cálcio, sílica, liginina e métodos
colorímetros, como corantes, podem ajudar na identificação de drogas e na detecção de adulteração.

52
CAPÍTULO 5
Farmacologia e fitoquímica de
fitoterápicos que atuam no sistema
nervoso central, sistema cardiovascular,
sistema respiratório, sistema digestório
e trato genito-urinário

Um esquema válido para estudos de plantas e seus produtos medicinais são suas a ações
farmacológicas. Este esquema pode ser explicado incluindo numerosas plantas na qual, embora
provoquem uma resposta farmacológica, não são usadas como drogas, por diversos motivos. Isso
talvez, por que centenas de plantas contêm metabólitos secundários, como alcaloides e glicosídeos.

Alguns dos principais grupamentos farmacológicos envolvidos nas drogas agem sobre o sistema
nervoso, cardíaco, pulmão, trato-gastrointestinal, rins, fígado, órgãos reprodutores, pele, mucosa e
sistema sanguíneo.

Outras drogas também pode ter ação em hormônios, vitaminas e drogas quimioterápicas para o
tratamento de infecções e doenças malignas.

No entanto, algumas plantas como, por exemplo, Papaver, ipecacuanha e alcaçuz, contêm diversos
compostos que diferem nas suas propriedades farmacológicas. Dessa forma, plantas usadas no
estudo de drogas alopáticas, vista na medicina tradicional pode vir a acarretar problemas, uma vez
que, numerosas plantas são capazes de ser empregadas em ações farmacológicas.

Ação de Drogas no Sistema Nervoso


O sistema nervoso coordena e regula diversas atividades voluntárias e involuntárias do nosso corpo
e ele é dividido em sistema nervoso central (SNC) e sistema nervoso autônomo (SNA). Estes são
interligados, dessa forma, algumas drogas são capazes de afetarem o SNC e produzirem reações
associadas com o SNA (GOLAN et al., 2009).

Outras drogas agem diretamente no SNA, o que acaba sendo mais conveniente para a sua classificação,
uma vez que órgãos são envolvidos, assim, produzem vasoconstrição ou vasodilatação, muitas vezes
envolvendo o sistema circulatório e respiratório (GILMAM, HARDMAM, LIMBRIG, 2003).

Basicamente, o SNC compreende o cérebro, cerebelo, medula oblonga e medula espinhal. Ele
coordena atividades voluntárias do corpo e apresenta numerosas interações dentro do seu sistema,
juntamente com interações ao sistema autônomo. Drogas envolvidas com o SNC podem ser
amplamente classificadas de acordo com a sua ação estimulatória ou depressiva e algumas subdivisões
em relação a ações específicas como atividades anticonvulsivantes e psicofarmacológicas. Alguns
dos medicamentos naturais mais estudados estão no grupo dos narcóticos (opióides), analgésicos,

53
UNIDADE II │ FARMACOGNOSIA

outras drogas como alucinógenas apresentam importante implicação social, um dos motivos
principais é por afetar a atividade mental. As principais drogas alucinógenas são: ácido lisérgico
dietilamida (LSD) que são preparados pela síntese parcial dos alcaloides a partir do centeio ou
cultura artificial, Mescalina são obtidas de cactus peiote e Cannabis que são componentes ativos
contidos na resina de Cannabis sativa (GILMAM, HARDMAM, LIMBRIG, 2003).

Já as bases Purinas como cafeína, teofilina e teobromina, estimulam a atividade mental, geralmente
estão presentes em bebidas como, café, chá, mate, cacau e cola. A cocaína é uma das mais recentes
drogas que estimula o cérebro. É encontrada nas folhas Erythroxylum coca, altamente viciante.

Diversas outras drogas atuam no cérebro, manifestando diversas reações, como por exemplo,
Ginkgo biloba, melhora temporariamente a memória, Ginseng, melhora parcialmente a
concentração mental no envelhecimento, Galantamina, ajuda no tratamento da doença Alzheimer,
Hipérico, alivia depressões leves e moderadas. Sálvia, usado para perda de memória. Reserpina,
usado em tratamentos psiquiátricos, obtida da Rauwolfia spp., ela deprime a atividade mental
e provoca sedação. Ioimbina apresenta ação similar da Reserpina, foi achada em várias espécies
de Apocymaceae, apresenta reações antiadrenalina que repercuti sobre o músculo cardíaco, não
é usada na clínica. Valeriana, Passiflora, é usada como sedativo e hipinótico, tem a capacidade de
melhorar a qualidade do sono, por ajudar na insônia (EBUEHI e ALESHINLOYE, 2010; SHIBUYA
e SATO, 1985; CHARVERON et al., 1984; TREASE e EVANS, 2000).

Picotroxina,é uma droga analéptica previamente utilizada no tratamento de envenenamento por


barbitúrico, obtidas a partir de bagas de Anarmita cocculus. Lobelina, obtida da Lobelia inflata .
Estricnina, fraco analéptico, doses tóxicas produz convulsão, obtida de sementes de
Strychnos spp. Cânfora, fraco analéptico obitido de Cinnamomum camphora e por síntese (DAS et
al., 1964; DWOSKIN e CROOKS, 2002 ).

Os depressores centrais de funções motoras são: alcaloides tropanos, exemplo: atropina, hioscina, e
outros. São drogas efetivas no aliviamento dos sintomas da doença de Parkinson.

Raiz de Gelsemium, usada no tratamento de enjôos e delírios, raramente são empregadas


clinicamente, devido sua alta toxicidade, suas preparações são ocasionalmente usadas como anti-
espasmódicos (ZHANG et al., 2012).

Drogas analgésicas como morfina, são efetivas para o alívio de dores severas. Além disso, apresenta
ação depressora sobra à tosse e centros respiratórios, lembrando que ele é o principal alcaloide
do ópio. Codeína, apesar de ser menos ativa do que a morfina, a codeína é uma droga muito mais
segura para o alívio de dores suaves e para o uso de supressor de tosse.

O SNA controla o tecido muscular liso e as glândulas exôcrinas do corpo. É constituído por neurônios
que se encontram na medula e no tronco encefálico, e através de gânglios periférico coordenam a
atividade da musculatura lisa e glândulas exócrinas. O SNA é dividido em sistema nervoso simpático
(toracolombar ou adrenérgico), divisão na qual surge de uma ragião lombar e torácica e o sistema
nervoso parassimpático (craniossacral ou colinégico), a divisão ocorre da região cerebral e sacral.
No geral o aumento da atividade do sistema simpático gera a resposta imediata do corpo (luta e
fuga), enquanto os estímulos do sistema vagal ou parassimpático produzem efeitos mais associados

54
FARMACOGNOSIA │ UNIDADE II

com aqueles que ocorrem durante o sono e com a conservação de energia. Assim duas importantes
substâncias de neurotransmissores do SNA são aceticlcolina e noradrenalina, sendo que as fibras
que secretam a noradrenalina ativam os receptores adrenérgicos e as que secretam a acetilcolina
ativam os receptores colinérgicos. Os derivados dessas duas substâncias que podem ser agonistas
ou antagonistas produzem maiores respostas fisiológicas (GILMAM, HARDMAM, LIMBRIG, 2003;
GOLAN et al., 2009).

As drogas que atuam no sistema nervoso autônomo são: Pilocarpina, advinda de folhas de Pilocarpus
microphyllus, Aerocolina, advinda de sementes de Areca catechu, Muscarina, proveniente de
Amanita spp. e outros fungos e Fisostigmina, um inibidor de colinesterase, advinda de sementes
de Physostigma venenosum. Essas drogas são conhecidas por serem agonistas de acetilcolina.
Já as drogas antagonistas de acetilcolina são: Tropano éster de alcaloide, por exemplo, hioscina
e atropina, estas drogas estão envolvidas geralmente com tratamentos gastro-intestinais, genito-
urinário, bronquial, efeitos oftálmicos além de ter atividade sobre o sistema nervoso central,
também (TREASE e EVANS, 2000).

Agente inibidor neuromuscular e de gânglios, como por exemplo, Tubocarina, originada de folhas e
caules de Rhondodredon tomentosum (RAAL, ORAV e GRETCHUSHNIKOVA, 2014).

A Efedrina, proveniente de caules de Ephedra spp.; podendo ser principalmente sintética é um


droga conhecida por ser agonista de adrenalina. No entanto, alcaloides provenientes do fungo
Ergot, exemplo de um alcaloide desse fungo é a Ergotamina, são gerados a partir do fungo Claviceps
spp. E por fim para a depleção de noradrenalina é usado Reserpina, por apresentar um efeito
antihipertensivo, o que resulta na dilatação cardíaca (TREASE e EVANS, 2000).

Os olhos são afetados por algumas drogas, como por exemplo, Atropina, Hioscina, Pilocarpina e
Fisostigmina (CARLIER et al., 2014).

Ação de Drogas no Sistema Cardiovascular


A principal causa de morbidade e mortalidade em países em desenvolvimento e desenvolvidos é
por doenças cardiovasculares. Deste modo, não surpreende o aumento de pesquisas nessa área
do conhecimento não só para o desenvolvimento de novos fármacos, mas para a prevenção dessa
doença.

Dessa forma, o hábito das pessoas, em relação a ser mais saudável, vem mudando conforme o
tempo, dando maior importância a exercícios físicos, fatores alimentares, suplementação na dieta e
produtos fitoterápicos, estes vem substituindo os medicamentos farmacêuticos tradicionais.

Muitos fatores afetam a regulação cardíaca, do ponto de vista terapêutico, já que muitas drogas
conhecidas no mercado possuem atividade cardiovascular, mas falham sobre a sua ação na
musculatura cardíaca. Assim, estas drogas possuem ação, antiarritmia, anti-hipertensivo, anti-
hiperlipidêmico, vasoconstritor, vasodilatador, anticoagulante e atividade de ação plaquetária
(TREASE e EVANS, 2000).

55
UNIDADE II │ FARMACOGNOSIA

Os fitoterápicos apresentam grande interesse já que alguns compostos presentes em plantas podem
levar a uma nova droga semi-sintéticos. GHISALBERTI, PENNACHIO e ALEXANDER (1998)
listaram aproximadamente 447 espécies de 109 famílias de plantas que apresentaram atividade
cardiovascular, junto com uma compilação de mais de 700 metabólitos secundários, como atividade
cardíaca também.

Glicosídeos cardioativos são considerados um grupo de plantas que exercem efeitos sobre o músculo
cardíaco a partir da sua interação com açúcares, na região aglicona, tornando os compostos mais
solúveis que aumentam o poder de fixação dos glicosídeos ao músculo cardíaco. Estão presentes
nesses grupos as Digitalis, Strophanthus, Convallaria, Nerium, Thevetia e Erysimum. São
também usados como drogas antiarritimias (NORN e KRUSE, 2004). O controle da pressão é um
importante elemento nas desordens metabólicas, desse modo o principal fitoterápico hipotensivo
é a Rauwolfia, que é o principal alcaloide da Reserpina, junto como o extrato Veratrum que foi
reconhecido pela medicina alopática, por volta de 1950. No entanto, outras plantas também
podem auxiliar no controle hipotensivo, como Crataegus, Yarrow, Tilia e Fagopyrum. Agora,
para o controle hipertensivo, são usadas na medicina Ayurvedic: Pipper betle, Jasminum sabac,
Cardospermum halicacabum e Tribilus terrestris o uso do controle hipertensivo é associado a uma
alta inibição da enzima conversora de angiotensinogênio (ECA), sugerindo que este é um possível
mecanismo de ação da droga (ZHANG et al., 2010).

Indivíduos que possuem problemas cardíacos podem vir a apresentar agregação plaquetária
causada pelo PAF (Fator de ativação plaquetária). Fisiologicamente atua a prostaciclina originada
da prostaglandia, na íntima arterial, a qual apresenta propriedades de desagregação plaquetária,
no entanto, existem situações em que o sistema fisiológico não consegue compensar o dano, a
partir daí intervimos com medicamentos, como por exemplo, a aspirina que é um medicamento
já bem estabelecido. Contudo, as plantas também apresentam componentes que são capazes de
antagonizarem a ativação do PAF, sendo que um dos primeiros produtos naturais identificado foi
extraído da Piper futokadsura,usada na medicina tradicional chinesa para tratamentos alérgicos.
Outras plantas também foram relatadas como antagonistas de PAF assim incluem as espécies
Forsythia, Arctium, Centipeda, Tussilago, Pyrola, Populus e Peucedanum. Ginkgo biloba tem sido
comercializado na Europa para tratamento de desordens cardiovasculares. Assim, como óleos de
peixe, que tem sido suplementado na dieta alimentar, apresentando uma diminuição na agregação
plaquetária nas pessoas que fazem o uso deste suplemento devido a alta concentração de ácido
eicosapentaenoico que favorece a biossíntese de tromboxano A3, o que é um fraco estimulador de
agregação plaquetária, em comparação ao tromboxano A2 (LIU et al., 2014; GOLAN et al., 2009;
TREASE e EVANS, 2000).

Os anticoagulantes orais são geralmente aqueles que constituem o 4-hidroxi-cumarinas, estes atuam
antagonizando o efeito da vitamina K, uma das drogas mais usadas que apresenta este constituinte
é a Warfarin sodium. As plantas que apresentam estes constituintes são Melilotus officinalis,
Galium aparine, Lavandula officinalis e Aster yomena (Kitam). Honda. Outros anticoagulantes
são a heparina, que dada por injeção e a hirudina, produzida por uma sanguessuga, sendo um
polipeptídeo de 65 aminoácidos que pode ser obtida por modificação genética da Saccharomyces
(CHOI et al., 2014).

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FARMACOGNOSIA │ UNIDADE II

A dislipidemia apresenta associação positiva com a doença cardiovascular. Assim, tratamento para
hiperlipidemia na maioria das vezes vem acompanhado com orientação nutricional. Terapias
medicamentosas só são indicadas para condições intratáveis. Produtos naturais de ação benéfica
incluem ácido nicotínico e óleos de peixe que contêm alta quantidade de ômega -3. Diversos estudos
têm demonstrado que o alho (Allium sativum) também é benéfico para tratamento cardiovascular,
principalmente por diminuir LDL-colesterol e aumentar a HDL-colesterol (AHMAD ALOBAIDI, 2014).

As drogas sobre ação vascular são essencialmente substâncias vasoconstritoras ou vasodilatadoras,


no entanto, essas ações podem ser originadas por diversas vias, podendo ser por ação periférica,
central ou reflexa, como por exemplo: Ergotamina (Claviceps purpurea), Ergotoxina, Nicotina,
Picrotoxina, Papaverina, derivados de xantina, Reserpina, alcaloides provenientes do fungo
Veratrum spp. Porém existem outras drogas que são acionadas por outras vias, como por exemplo:
alcaloides derivados do fungo ergot (Claviceps purpurea), brônquio dilatadores e diuréticos
(TREASE e EVANS, 2000).

Ação de Drogas no Sistema Respiratório


As doenças respiratórias afetam os tecidos relacionados diretamente com as vias condutoras, como
o parênquima pulmonar e a musculatura respiratória, onde são encontrados diversos mediadores
químicos, a exemplo das cininas (em especial, a bradicinina), 5-HT, histamina, prostaglandinas
e interleucinas (ALABASTER e MOORE,1993; WEINBERGER, 1996). Essas doenças têm caráter
obstrutivo, oferecendo resistência à passagem do ar pelas vias aéreas. Deste modo, podem ocorrer
espasmos da musculatura lisa, hiperprodução de secreção viscosa, edema de mucosa e tosse
(ALTOSE e NEETER, 1979; WYNGAARDER e SMITH, 1998).

Dentre os patógenos que infectam o aparelho respiratório com maior frequência, encontram-se
as bactérias Haemophilus influenzae (sensível às penincilinas associadas aos inibidores de beta-
lactamases) e Staphylococcus aureus (sensível a cefotaxima e ceftriaxona) e os agentes virais dos
grupos influenza, parainfluenza e adenovírus, contra os quais a terapia profilática ainda tem melhor
efeito (SBPT, 2001).

Para o tratamento das afecções das vias respiratórias são usados fármacos anti-inflamatórios,
analgésicos e antitérmicos (SIMÕES et al., 1999; MATOS, 2000), É, também, bastante comum
o uso de plantas na forma de chás e xaropes, de forma isolada ou, associadas aos medicamentos
tradicionais. Plantas como a Eucalyptus globulus, Mentha piperita e Nasturtium officinale, entre
outras, são frequentemente usadas pela população nesses casos (PIO CORRÊA, 1984; SIMÕES et
al., 1999; MATOS, 2000)

Dentre as opções terapêuticas das quais dispomos no combate dessas patologias ainda estão a codeína
(analgésico narcótico que inibe a tosse a nível central, que pode causar sedação, náuseas, vômitos e
constipação) e o dextrometorfano (também de ação central, mas com menor número de reações
adversas). Os anti-histamínicos são úteis nas faces iniciais do resfriado comum. Também são usados
fármacos broncodilatadores, como os agonistas beta-adrenergicos, as metilxantinas e os glicocorticoides,
indicados nos casos de asma e doenças pulmonares obstrutiva crônicas, entretato, esses medicamentos
apresentam uma gama de reações adversas (GILMAN HARDMAM, LIMBRIG, 2003).

57
UNIDADE II │ FARMACOGNOSIA

A tosse é um reflexo fisiológico que tem a finalidade de proteger as vias aéreas contra a inalação
de partículas, eliminando-as juntamente com o muco produzido na luz bronquial. Por vezes, há
intercorrência inflamatória, o que faz com que se agregue a essa mistura, debris teciduais e exsudatos
(COCKCROFT, 1998). A caracterização clínica da tosse é fundamental para o diagnóstico de sua
causa e seu tratamento (WEINBERG, 1996).

Dado seu caráter defensivo, não deve ser suprimida indiscriminadamente. Prioriza-se a supressão
da tosse nos casos em que a mesma apresenta-se em expectoração, emenagoga (provocando
vômitos) ou tão frequentes que irrita o paciente, ou impede seu sono. Nestas situações, o médico
deve prescrever um medicamento que reduza a ocorrência e intensidade da tosse (WYNGAADEN e
SMITH, 1998).

Além dos citados acima, podemos descrever outras drogas provenientes de plantas usadas para o
tratamento do sistema respiratório, como Benjoim, óleo de eucalipto, óleo de pimenta com hortelã e
mentol, timol, bálsamo de Tolu, terebentina, que são inalações aromáticas, para bronco-dilatadores,
expectorantes e descongestionantes nasais são indicados, efedrina, xantinas (teofilina), efedra,
ipecacuanha, raiz de alcaçuz, raiz de angélica, violeta doce entre outros. Para antiexpectorantes são
usados atropina e codeína. Para depressores de tosse, morfina, codeína, noscapina e cereja selvagem.
Dumulcente (protetor de mucosa) marshmallow, verbascum, mel, musgo da Islândia e plantago.

Ação de Drogas no Sistema Digestório


O trato gastrointestinal pode ser dividido em três partes: a superior (boca, estômago e uma porção
do duodeno), o meio (porção baixa do duodeno, e o esfíncter ileocólico) e a parte inferior (porção
final do duodeno, cólon e o reto). Contudo, as porções superiores e inferiores são as porções mais
susceptíveis a desordens e são consequentemente associadas ao maior número de drogas, para
o tratamento do trato gastrointestinal. As drogas podem ser derivadas de raízes amargas, usada
geralmente em medicamentos líquidos para estimular o apetite. As raízes amargas estimulam os
nervos gustativos da boca, propiciando o aumento do suco gástrico. Extratos desta droga também
têm sido empregados, que são: quássia, genciana, calumba, quina e nox vômica, esses extratos
também parece ser relevantes para o use de tumores e málaria. As drogas anticolinérgicas ajudam
nos distúrbios causados pela mobilidade gástrica e por espasmos musculares particularmente
em alguns pacientes que apresentam úlceras. Estas drogas constituem a hioscina e a hiosciamina
(GILMAM, HARDMAM, LIMBRIG, 2003; GOLAN et al., 2009).

As drogas eméticas constituem ipecacuanha, sobre administração oral irrita a membrana da mucosa,
a picrotoxina estimula o centro do vômito por meio de um efeito geral no SNC. Os anti-eméticos, no
caso o gengibre tem sido cientificamente aprovado por prevenir os sintomas de enjoos. Os cannabis
proporcionam alívio em pacientes que fazem quimioterapia (GILMAM, HARDMAM, LIMBRIG,
2003).

Carminativos são substâncias aromáticas com mecanismo de ação desconhecido, que ajudam no
reflexo da erupção. Óleos de Dill são usados para melhorar a flatulência, especialmente em bebês.
Outras plantas ou óleos são usados como carminativos, incluindo alcaravia, erva-doce, hortelã-

58
FARMACOGNOSIA │ UNIDADE II

pimenta, noz-moscada, gengibre, cravo, canela, camomila, tomilho, dente de alho, cálamo e outros
(TREASE e EVANS, 2000).

Derivados do ácido glicirrízico, extraído da raiz de alcaçuz, promove melhora em úlceras pépticas.
Outras agentes antiulceras incluem o ácido algínico, marshmallow e confrei (TREASE e EVANS,
2000).

Demulcentes acalmam e protege o trato alimentar, podem ser usados para tratar úlceras, também.
Musgo da Islândia, lírio e casca de olmo podem ser incluídos aqui.

Laxativos ou purgativos, os purgativos podem ser divididos conforme sua ação. Agar, pisílio e
ispaghula, os coloides hidrofílicos destes compostos funcionam como laxantes produzindo bolo fecal.
O farelo uma fibra vegetal não digestiva, tem como função absorver água e promover a formação
do bolo fecal. Sena contem derivados de antraquinona, o qual são hidrolisados no intestino para
estimular o plexo Auerbach na parede intestinal. Cascara, ruibarbo e aloés são similares ao sena. O
óleo de rícino contem glicerídeos que hidrolisam o ácido riconoleico, irritando o intestino. Resina
de podófilo, resina de jalapa e colocíntidas são purgativos drásticos, usados em poucas quantidades,
já foram prescritos com beladona para reduzir a gripe TREASE e EVANS, 2000).

Óleo de amendoim, esculina, hamamelis, bálsamo do Peru são exemplos de constituintes de drogas
para o reto e cólon, incluem o uso de supositórios.

Morfina e codeína atuam por aumentar o tônus da musculatura lisa do intestino, reduzindo a
mobilidade, geralmente prescrito com caulim.

Ação de Drogas no Sistema trato


genito-urinário
As drogas que atuam sobre o sistema urinário e reprodutor são diuréticos derivados de xantina,
como encontrado em diversas bebidas (café, chá, e outros), e são capazes de promover a dilatação
dos vasos sanguíneos dos rins. Os glicosídeos das Digitalis melhoram o dano cardíaco aumentando a
reperfusão renal e a filtração glomerular, também atua na reabsorção tubular de sódio. Antissépticos
urinários e diuréticos incluem as drogas usadas nos tratamentos de cistite e uretrites. As plantas
medicinais são buchu, ursina, zimbro e copaíba (SINGH, 1976).

Antigamente, o fungo ergot era usado em partos, hoje em dia ele foi substituído pela ergometrina,
que foi isolada de alcaloides desse fungo ergot. A ergometrina tem ação estimulante direta sobre
a musculatura do útero e por isso reduz a incidência de hemorragia pós-parto. Ergotamina atua
similarmente, porém não é adequada para o uso obstétrico, uma vez que, tem ação vasoconstritora.
“Black haw” é um tônico uterino e sedativo usado para a prevenção de aborto espontâneo e para
dismenorreia (cólica menstrual) após o parto. Hidrastis são empregados para menorreia e outras
desordens menstruais (BORTOLONI e MARTIN, 2001; CALLIARI, 1998).

Para contraceptivos orais diversas plantas veem sendo estudadas para serem testadas na atividade
de anti-infertilidade tanto para as mulheres como para os homens.

59
UNIDADE II │ FARMACOGNOSIA

Para o tratamento de impotência masculina é usado a Papaverina, somente sob supervisão médica
e a ioimbina para disfunção erétil.

Os metabólitos dihidrotestosterona e o estrogênio requerem as enzimas 5alfa-reductase e a


aromatose para constituírem a hiperplasia benigna da próstata (HBP), diante disso, algumas drogas
têm sido usadas para inibirem essas enzimas. Assim, os constituintes das drogas são Cucurbita pepo
(sementes de abóbora), Epilobium angustifolium, Prunus africana (Pygeum africanum), Serenoa
repens, Urtica dioica e extrato da raiz de U. urens (BORTOLONI e MARTIN, 2001; CALLIARI,
1998).

60
TOXICIDADE DE UNIDADE III
FITOTERÁPICOS

Segundo dados da Organização Mundial de Saúde (OMS), cerca de 80% da população


mundial utiliza produtos de origem natural para combater problemas como pressão
alta, queimaduras, gripe, tosse, prisão de ventre, entre outros (FREITAS, 2005)

A importância para o princípio da toxicologia é que muitos xenobióticos devem sofrem


biotransformação para exercer suas características tóxicas ou efeitos tumorigênicos,
dessa forma, muitas drogas seriam menos tóxicas ou tumorigênicas se estas não
fossem convertidas em reativos metabólicos pelas enzimas que biotransformação
dos xenobióticos. Em muitos casos, entretanto, a biotransformação termina no efeito
farmacológico da droga e por isso, diminui a toxicidade dos xenobióticos. Enzimas que
catalisam reações de biotransformação determinam tanto a intensidade como a duração
da ação da droga, tendo assim, um papel central na toxicidade e na tumorigênese da
droga. (ANDERS,1985; JAKOBY, 1980; JAKOBY et al., 1982; KATO et al., 1989).

Terapias alternativas são práticas que visam à assistência a saúde do indivíduo, seja
na prevenção, tratamento ou cura, considerando-o como um todo e não por partes
isoladas, como é visto na prática ocidental. Deste modo, o objetivo da fitoterapia,
por exemplo, é diminuir o custo da assistência médica privada, e o custo dos
medicamentos alopáticos e também a precariedade dos serviços públicos prestados
(TROVO et al., 2003).

Vale lembrar da existência do decreto nº.5813 que dispõe sobre a Política


Nacional de Plantas Medicinais e Fitoterápicos (BRASIL, 2004), este proporciona
à população brasileira acesso seguro, bem como o uso racional de plantas
medicinais e fitoterápicos, o qual promove o uso sustentável da biodiversidade, o
desenvolvimento da cadeia produtiva e da indústria nacional, ampliando, dessa
forma, as opções terapêuticas a sociedade.

A planta medicinal utilizada em medicamentos é um xenobiótico, isto é, um produto


estranho ao organismo humano, introduzido com finalidades terapêuticas. Como
todo corpo estranho, os produtos de sua biotransformação são potencialmente
tóxicos e assim devem ser encarados até comprovação contrária. Do ponto de vista
toxicológico, deve-se considerar que uma planta medicinal ou um fitoterápico não

61
UNIDADE III │ TOXICIDADE DE FITOTERÁPICOS

tem somente efeitos imediatos e facilmente correlacionados com a sua ingestão,


mas, também, os efeitos que se instalam ao longo prazo e de forma assintomática,
como os carcinogênicos, hepatotóxicos e nefrotóxicos (SIMÕES et al., 2002)

“...todas as substâncias são venenos, não existe nenhuma que não seja. A dose
correta diferencia um remédio de um veneno”.
Paracelsus 1443-1541

62
CAPÍTULO 1
Conceitos gerais de toxicologia

Toxicologia é a ciência que estuda os efeitos nocivos decorrentes das interações de substâncias
químicas com o organismo, sob as condições específicas de exposição. Entre o organismo vivo e a
substância química pode-se apresentar o dano, a partir do rompimento da homeostase dentro do
organismo vivo. Assim, o índice terapêutico (IT), é definido como a relação entre a dose necessária
para produzir um efeito tóxico e a dose necesserária para obter a resposta terapêutica desejada.
Por outro lado, todo agente capaz de provocar o rompimento da homeostase no sistema biológico,
e alterar seriamente uma função específica ou levar à morte em certas condições de exposição,
pode ser chamado de agente tóxico, toxicante ou xenobiótico. Como por exemplo, nitritos, chumbo,
mercúrio e cianeto (HAYES, 2001).

O veneno é um termo popular utilizado para designar a substância química, que provoca a intoxicação
ou a morte com baixas doses. Estas substâncias podem ser encontradas em animais com o intuito de
provocar a autodefesa ou até mesmo a predação de uma presa.

Além disso, o veneno pode ser definido como um agente capaz de produzir uma resposta prejudicial
em um sistema biológico. Praticamente todas as substâncias químicas conhecidas têm o potencial de
produzir lesão ou morte caso estejam presentes em quantidades suficientes. É necessário perceber
que as medidas de letalidade aguda, como DL50 (Dose Letal que se pressupõe que irá causar a morte
de 50 % da população investigada) podem não refletir o espectro de toxicidade ou o perigo associado
à exposição a uma substância química. Alguns produtos químicos com baixa toxicidade aguda, por
exemplo, podem ter efeitos cancerígenos ou teratogêncios em doses que não produzem nenhuma
evidência de toxicidade aguda (HAYES, 2001).

As substâncias tóxicas são produzidas por sistemas biológicos como as plantas, animais, fungos ou
bactérias. Por exemplo: toxina butolínica, aflatoxinas e microcistinas que são toxinas produzidas por
cianobactérias. O toxicante pode ser um composto químico original ao qual o organismo é exposto,
um metabólito ou espécies reativas de oxigênio ou de nitrogênio (ROS, RNS) geradasa durante a
biotransformação do toxicante, ou uma molécula endógena.

A droga como vimos no capítulo 3, é a matéria – prima de origem mineral, animal ou vegetal que
contém um ou mais fármacos. É a partir da droga que extraímos o fármaco, e o fármaco por sua vez,
é toda a substância com estrutura química definida que, quando em contato ou introduzida em um
sistema biológico, modifica uma ou mais de suas funções (WATERS e FOSTEL, 2004).

O antídoto é um agente capaz de antagonizar os efeitos tóxicos de substâncias.

Deste modo, o objetivo da toxicologia é obter o diagnóstico, observar se realmente a substância foi
tóxica, e se sim, qual melhor tratamento. Nestes aspectos quem atua é o médico.

A intoxicação refere-se à manifestação dos efeitos tóxicos, com consequentes alterações bioquímicas
no organismo. (As definições de toxicologia podem ser visualizadas no site: http://www.saude.
pr.gov.br/arquivos/File/zoonoses_intoxicacoes/Conceitos_Basicos_de_Toxicologia.pdf).

63
UNIDADE III │ TOXICIDADE DE FITOTERÁPICOS

A prevenção da intoxicação é imprtantíssima, desse modo, devemos estabelecer medidas seguras de


exposição. Como, por exemplo:

»» IDA ou ingestão diária aceitável;

»» LEO ou limite de exposição ocupacional;

»» LMR ou limite máximo de resíduo não intensionado.

Além disso, as fases de intoxicação são: exposição, toxicocinética, toxicodinâmica e clínica.

A exposição irá depender da dose ou concentração da droga, o tempo ou frequência a exposição, a


via de administração, susceptibilidade individual e as propriedades físico-químicas, esta últimas
como por exemplo, o chumbo que é nocivo ao organismo (WATERS e FOSTEL, 2004).

Na exposição, a dose especifica a quantidade de uma substância administrada a um organismo vivo,


geralmente expresso por unidade de peso corpóreo. Já a concentração indica as quantidades a que
os organismos vivos estão expostos (WATERS e FOSTEL, 2004; CALABRESE e BLAIN, 2005).

O perfil de exposição de substâncias a um organismo pode ser, aguda, sub-aguda, sub-crônica e


crônica. Sendo que a aguda é a caracterizada por elevadas concentrações, a curto prazo ou período
de exposição, ou seja, menos de 24 h. A exposição repetida pode originar a fase sub-aguda que
refere-se a exposição repetida a um produto químico durante 1 mês ou menos. A subcrônica de 1 a 3
meses e a exposição crônica é caracterizada por menores doses ou concentrações a longo prazo de
exposição sendo este maior que 3 meses (WATERS e FOSTEL, 2004).

Dessa forma, efeitos tóxicos crônicos podem ocorrer se a substância química se acumular no sistema
biológico, ou seja, se a taxa de absorção exceder a taxa de biotransformações e/ou excreção (Figura 6.).

Figura 6. Taxa de eliminação versus frequência da exposição

(CASARETT e DOULL, 2010).

64
TOXICIDADE DE FITOTERÁPICOS │ UNIDADE III

A linha A é um produto químico com eliminação muito lenta (por exemplo, meia-vida de 1 ano).
Em contrapartida, a linha B é um produto químico, com uma taxa de eliminação igual à frequência
de administração (por exemplo, um dia). Já a linha C, é a taxa de eliminação mais rápida do que
a frequência de administração (por exemplo, 5 h). Nunca atingindo a toxicidade. A área em roxo
é representativa da concentração do produto químico no local de destino, necessária para obter
uma resposta tóxica. Deste modo, quanto maior o tempo da substância na circulação, maior será a
probabilidade de toxicidade (WATERS e FOSTEL, 2004; CALABRESE e BLAIN, 2005).

As principais vias de administração são por ingestão, inalção, cutânea e parenterais diferentes da via
intestinal (Figura 7). Os agentes tóxicos produzem resposta de maior efeito quando administrados
diretamente na corrente sanguínea. Desta maneira, a ordem decrescente de eficácia para vias seria
inalação, intraperitoneal, subcutânea, intramuscular, intradermica, oral e dérmica. Além disso, a
via de administração pode influenciar a toxicidade dos agentes. Por exemplo, um agente que atua
no SNC e que e de maneira eficiente é detoxificado no fígado, seria menos tóxico se administrado
por via oral do que inalado, já que quase a totalidade da dose por via oral passa pelo fígado antes de
atingir a circulação sanguínea e, em seguida, o SNC (CALABRESE e BLAIN, 2005).

Lembrando que a detoxificação ocorre quando a biotransformação são capazes de eliminar o


toxicante ou prevenir a formação destes. Em alguns casos, a detoxificação pode competir com a
toxificação.

Figura 7. Rotas de absorção, distribuição e excreção de toxicantes no organismo a partir da via de administração

(CASARETT e DOULL, 2010).

65
UNIDADE III │ TOXICIDADE DE FITOTERÁPICOS

A relação dose-resposta relaciona as características de exposição a um agente e seu espectro de


efeitos. Esta relação pode ser individual, ou seja, pode descrever a dose-resposta de um organismo
individual a diferentes doses de uma substância química. O que pode estar caracterizada por um
aumento na gravidade da resosta relacionada à dose. Ou pode ser uma relação dose-resposta
quântica, que caracteriza a distribuição de respostas diante de doses diferentes em uma população
de organismo individuais (CALABRESE e BLAIN, 2005).

As reações idiossincráticas referem-se a uma determinada reação geneticamente anormal a uma


substância química. A resposta geralmente é qualitativa, semelhante em todos os indivíduos, embora
com sensibilidade diferente a doses baixas ou extrema insensibilidade a altas doses do produto
químico. Indivíduos que são sensíveis a nitrito, oxidam com facilidade o ferro da hemoglobina para
produzir metemoglobina, que é incapaz de transportar oxigênio aos tecidos. Como consequência
disso, podem desenvolver hipóxia tecidual após a exposição a substâncias químicas produtoras de
metemoglobina, com doses que seriam inofensivas para indivíduos normais (CALABRESE e BLAIN,
2005).

A toxicocinética dependerá da absorção, biotransformação, distribuição, armazanamento e excreção,


como serão vistos mais adiante.

Como vimos até o momento, a toxicologia trata dos efeitos deletérios dos agentes químicos e físicos
sobre todos os sistemas vivos. Todavia, a toxicologia trata primeiramente os efeitos adversos que
resultam da exposição dos seres humanos a drogas e outras substâncias químicas, assim como a
demonstração de segurança ou dos perigos associados a seu uso (GOLAN et al., 2009).

É preciso reconhecer que não existe nenhuma substância totalmente “específica”. Todos os fármacos
possuem efeitos colaterais ou adversos. Embora os efeitos colaterais possam ser neutros ou até
mesmo benéficos, eles são tipicamente indesejáveis. Os efeitos adversos podem variar quanto à
sua gravidade, incluindo desde um efeito prejudicial a um efeito passível de ameaçar a vida do
indivíduo. Em consequência desses efeitos, muitos pacientes demonstram relutância em tomar
fármacos de modo regular, e essa falta de aderência do paciente ao tratamento representa uma
importante limitação prática da farmacologia (GOLAN et al., 2009, BERTRAM, 2006).

A toxicologia de fitoterápicos enfoca os efeitos prejudiciais de fármacos em animais e no corpo


humano em praticamente todos os aspectos.

A possibilidade de uma droga causar mais prejuízo do que benefício a determinado paciente
irá depender de muitos fatores, incluindo idade do indivíduo, constituição genética e condições
preexistentes, dose do fármaco administrado e se o paciente faz uso de outros fármacos em
associação. Por exemplo, indivíduos muito idosos ou crianças muito pequenas podem ser mais
susceptíveis aos efeitos tóxicos de uma droga, devido a diferenças dependentes da idade no perfil
de absorção e metabolismo da droga. Os fatores genéticos também podem alterar o modo pelo qual
uma pessoa metaboliza ou responde a determinada droga. Desta maneira, podem ocorrer também
respostas individuais, devido a diferenças genéticas no metabolismo da droga ou na atividade do
receptor, bem como a diferenças nas atividades dos mecanismos de reparo. Pode haver maior
tendência às reações adversas da droga, pacientes com condições preexistentes, como disfunção
hepática ou renal, função imune deprimida ou gravidez. A determinação de toxicidade de uma

66
TOXICIDADE DE FITOTERÁPICOS │ UNIDADE III

droga nem sempre pode ser direta (GOLAN et al., 2009; MONTEIRO et al., 2001). Dessa forma,
muitos efeitos adversos podem estar associados ao uso de qualquer droga. Assim é útil conceituar
os mecanismos de toxicidade das substâncias, como por exemplo:

»» Efeitos adversos sobre o alvo, que é resultado da ligação da droga a seu receptor,
porém em uma concentração inapropriada, com cinética subótima ou no tecido
incorreto;

»» Efeitos colaterais indesejados, que são causados pela ligação da droga a um alvo ou
receptores não pretendidos;

»» Produção de metabólitos tóxicos;

»» Produção de respostas imunes prejudiciais;

»» Respostas idiossincrásticas.

Assim, um conceito importante na toxicidade de substâncias é que um efeito adverso pode


representar um exagero de ação da droga desejada, devido a alterações na exposição à substância.
Isso pode ocorrer através de um erro deliberado ou acidental de dose, alterações na absorção da
droga devido à outra doença preexistente e alterações na biotransformação da substância. Todas
essas alterações podem levar a um aumento na concentração efetiva da substância e, portanto, a um
aumento da resposta biológica (PELLECUER, 1995).

Praticamente todas as drogas são metabolizadas pelo fígado e/ou por outros tecidos. Algumas vezes
o metabolismo produz um metabólito ativo que pode ter um efeito adverso.

Outras formas de toxicação


A toxicidade refere-se à capacidade de determinado agente provocar lesão. Trata-se de um termo
qualitativo. A ocorrência ou não dessas lesões depende da quantidade de substâncias derivadas
da droga absorvida (intensidade da exposição, dose). Por outro lado, a probabilidade refere-se à
aceitação de que a lesão irá ocorrer em determinada situação ou contexto, assim as condições de
utilização e exposição ao tóxico é o que determina a lesão. Para avaliar a probabilidade, é necessário
ter um conhecimento da toxicidade inerente da substância (aspecto qualitativo) e das quantidades
às quais os indivíduos podem ser expostos (aspecto quantitativo). Os seres humanos podem utilizar
com segurança substâncias potencialmente tóxicas, a partir do momento que são estabelecidas e
respeitadas as condições necessárias para minimizar a absorção. A presença de uma substância
potencialmente tóxica no local de trabalho ou no ambiente não significa necessariamente que existe
uma situação perigosa.

O risco é definido como a frequência esperada de ocorrência de um efeito indesejável em decorrência


da exposição a um determinado agente. A estimativa do risco utiliza dados de dose-resposta e a
extrapolação das relações observadas para as respostas esperadas com doses que ocorrem em situações
reais de exposição. A qualidade e a adequação dos dados biológicos empregados nessas estimativas
constituem importantes fatores limitantes. Foram planejados diversos modelos matemáticos que

67
UNIDADE III │ TOXICIDADE DE FITOTERÁPICOS

são frequentemente utilizados para calcular o risco de carcinogênese (ECOBICHON, 1992), podem
ser também utilizados para avaliar o risco envolvido em outras formas de toxicidade.

A via de entrada das substâncias no organismo difere situações de exposição. Num ambiente
industrial a inalação constitui a principal via de entrada. A via transdérmica também é muito
importante, enquanto a ingestão oral represente uma via relativamente insignificante. Assim, as
medidas preventivas destinam-se, em grande parte, a eliminar a absorção por inalação ou por
contato tópico (BERTRAM, 2006). Desta maneira a toxicidade por contato pode ser evitada por
EPI´s (equipamentos de proteção individual) como luvas, botas, máscaras, óculos e outros.

68
CAPÍTULO 2
Mecanismos de ação da toxicidade

Mecanismos de ação dos herbicidas

<http://www.cnpa.embrapa.br/produtos/algodao/publicacoes/trabalhos_cba5/336.pdf>

Patogênese, sinais clínicos e patologia das doenças causadas por plantas hepatotóxicas
em ruminantes e equinos no Brasil, Pesq. Vet. Bras. 28(1):1-14, janeiro 2008

<http://www.scielo.br/pdf/pvb/v28n1/a01v28n1.pdf>

A concentração do toxicante na molécula-alvo depende da eficácia relativa no processo que aumenta


ou diminui sua concentração no sitio-alvo. O aumento da concentração é facilitado pela absorção,
distribuição no sítio de ação, reabsorção e toxificação, enquanto a eliminação de primeira passagem,
a distribuição para fora do sítio de ação, a excreção e a detoxificação diminuem a concentração do
toxificante no alvo.

Deste modo, a farmacocinética refere-se à relação entre a quantidade de uma substância química
que atua sobre o organismo e a concentração dele no plasma, relacionando os processos de absorção,
distribuição, armazenamento, biotransformação e excreção, em função do tempo (ARENA, 1979).

A biotransformação, tão importante para a excreção de substâncias, apresenta o seu lado perverso
como resultado da oxidação microssômica. Os metabólitos tóxicos podem formar ligações
covalentes e/ou não covalentes com moléculas-alvo. As interações não covalentes, entre elas,
a peroxidação lipídica, a produção de espécies tóxicas de oxigênio e as reações causadoras de
alteração na concentração de glutationa reduzida (GSH) e de grupos sufidrilas, podem resultar na
citotoxicidade. Já as interações covalentes de metabólitos reativos à proteína podem produzir um
imunógeno, que é a ligação ao DNA, podendo causar carcinogênese e teratogênese (MOREIRA et
al., 2002). Atualmente, as principais hipóteses para os mecanismos de ação de substâncias que
provocam câncer estão baseadas na indução de mutações em células somáticas. Praticamente,
todos os agentes mutagênicos químicos e físicos, capazes de provocar câncer e induzir danos no
DNA celular, resultam na geração de mutações de diferentes tipos, como, por exemplo, metilação,
glicosilação entre outros (GOLAN et al., 2009).

A atividade mutagênica de flavonoides, como a quercetina, canferol, 3-metilquercetina e


7,4`-dimetilquercetina, está relacionada com a presença de grupos hidroxila livres em C3`e C4`, no
anel B, de uma hidroxila livre em C3 e de uma dupla ligação entre C2 e C3. (MACGREGOR e JURD,
1978).

A toxicidade dos microrganismos ao precursor limoneno e a multiplicidade dos metabólitos


originados da biotransformação do monoterpeno resulta em baixas concentrações dos produtos
finais e intermediários, elevando os custos da recuperação dos compostos gerados. Adicionalmente,
um longo tempo de fermentação é necessário para que os produtos se acumulem em grandes

69
UNIDADE III │ TOXICIDADE DE FITOTERÁPICOS

quantidades, o que contrasta diretamente com a necessidade de um curto tempo de fermentação, uma
vez que o substrato monoterpênico (limoneno) possui alta instabilidade e volatidade (SPEELMANS,
BIIJLSMA, EGGINK, 1998). Além disso, alguns autores relatam que o limoneno diminui a
velocidade do processo de fosforilação oxidativa nas células (CHATTERJEE e BHATTACHARYYA,
2001). Log P é utilizado como medida estabelecida da toxicidade de microrganismos a solventes
orgânicos imiscíveis em água. As toxicidades mais fortes foram observadas em valores de log P
entre 1 e 5. Compostos como o limoneno (com log P = 4,83) aumentam a fluidez das membranas
dos fungos filamentosos, o que leva a permeabilidade não específica, perda de integridade celular,
decréscimo de matéria seca e inativação da energia metabólica devido à dissipação da força próton
motiva (gradiente eletroquímico de H+ através da membrana)(ONKEN e BERGER, 1999).

A transferência do composto químico para a circulação é chamada de absorção. Os fatores que


influenciam a absorção é a concentração, área de superfície da exposição, características da
camada epitelial através da qual o toxicante está sendo absorvido e, em geral, o mais importante,
a solubilidade lipídica, pois moléculas lipossolúveis são absorvidas mais facilmente para o interior
das células, como já vimos anteriormente. Durante a transferância para a circulação, os toxicantes
podem ser eliminados, como por exemplo, as drogas que são absorvidas pelo sistema digestório,
pois estes podem passar pela mucosa gastrointestinal, pelo fígado e pelo pulmão antes de serem
distribuídos para o resto do sistema biológico, isto se denomina eliminação de primeira passagem.
Estes geralmente reduzem os efeitos tóxicos, mas ao mesmo tempo podem contribuir para a lesão
gastro-intestinal, fígado e pulmão, já que, esses órgãos promovem a liberação do toxicante.

Durante a fase de distribuição, os toxicantes são removidos do sistema circulatório para os seus alvos
ou também chamados, sítios. Estes podem ser sítios de ação tóxicos que a partir da biotransformação
origina o toxicante.

A excreção é a remoção de xenobióticos do sangue e seu retorno para o ambiente externo. A


excreção é um mecanismo físico, enquanto a biotransformação é um mecanismo químico para a
eliminação do toxicante. Os principais órgãos de excreção é o rim e o fígado. Estes removem de
maneira eficientecompostos altamente hidrofílicos, como os ácidos e as bases. Os mecanismos de
ação não são eficinetes para compostos não voláteis e altamente lipofílicos, sendo então eliminados
muito devagar.

Os toxicantes podem ser reabsorvidos pelas células tubulares renais, aumentando sua residência no
sistema biológico e, deste modo, a toxicidade no sistema.

Toxicantes liberados para o sistema digestório pela excreção biliar, gástrica e intestinal e secreção
por glândulas salivares e exócrinas pancreáticas podem ser reabsorvidas por difusão pela mucosa
intestinal. A reabsorção de compostos excretores na bile é possível somente se eles forem lipofílicos
ou se forem convertidos para as formas lipossolúveis no lúmen intestinal (GOLAN et al., 2009).

A ingestão de vegetais é uma das 10 principais causas de intoxicação em todo o mundo. Felizmente,
a intoxicação por vegetais é rara, no entanto, quando acontece a toxicidade grave ou o óbito devido
às plantas tóxicas é por causa do abuso intencional, uso inadequado ou até por tentativa de suicídio.

70
TOXICIDADE DE FITOTERÁPICOS │ UNIDADE III

Os vegetas podem ser classificados de acordo com a sua toxicidade potencial. Por exemplo;

»» Vegetais do grupo I – apresentam venenos sistematicamente ativos podendo causar


intoxicação grave;

»» Vegetais do grupo IIa – contêm critais insolúveis de oxalato de cálcio que podem
causar dor forte e edema das membranas mucosas. Geralemente as plantas
domésticas encontram-se neste grupo;

»» Vegetais grupo IIb – contêm sais solúveis de oxalato (sódio ou potássio) que podem
gerar hipocalemia aguda, insufuciência renal e lesões em outros órgãos secundários
à precipitação dos cristais de oxalato de cálcio em diversos órgãos. A irritação de
mucosa é rara, a qual posibilitaa ingestão de quantidades suficientes para causar
toxicidade sistêmica. Também pode ocorrer gastroenterite.

»» Vegetais do grupo III – apresentam várias toxinas que geralmente produzem


irritação branda à moderada após a ingestão do tóxico, ou dermatite após contato
com a derme (OLSON et al., 2012).

A amêndoa amarga produz uma substância tóxica, denominada amigdalina, esta quando hidrolisada
produz glicose, benzaldeído e ácido hidrociânico. A produção de cianureto define glicosídeos
cianogênicos. A liberação enzimática de cianureto ocorre na presença da enzima glucoronidade
beta que é encontrada nas sementes e no intestino humano. Quando o cianureto é removido, o óleo
resultante é chamado de óleo de amêndoa amarga que é basicamente composto de benzaldeído.
Este óleo é tóxico quando consumido em grandes quantidades (ITF, 2008).

71
CAPÍTULO 3
Contaminação e principais plantas
tóxicas

Intoxicação por plantas que contêm swainsonina no Brasil acessado em maio de


2014

< h t t p : / / w w w. s c i e l o . b r / s c i e l o . p h p ? s c r i p t = s c i _ a r t t e x t & p i d = S 0 1 0 3 -
4782013000400014&lng=en&nrm=iso>

Informações toxicológicas de alguns fitoterápicos utilizados no Brasil <http://www.


scielo.br/pdf/rbcf/v42n2/a15v42n2.pdf> acessado em Maio de 2014

Artigo - Fitoterápicos e potenciais interações medicamentosas na terapia do câncer


– passar na tutoria

As plantas tóxicas são consideradas todos os vegetais que, em contato com o organismo do homem
ou de animais, ocasionam danos que se refletem na saúde e na vitalidade desses seres. Deste modo,
todo vegetal é potencialmente tóxico.

O princípio tóxico consiste em uma substância ou um conjunto delas, quimicamente bem definido,
de mesma ou diferente natureza, capaz de causar intoxicação, quando em contato com o organismo.
Deste modo, os fatores que determinam ou influenciam a toxicidade das plantas, podem ser diversos
como, por exemplo:

»» Condições ambientais, como: clima (temperatura, grau de umidade, duração


do dia), solo (constituição do solo, pH, excesso ou falta de nutrientes) e cultura
regional. Esta nos períodos de seca prolongada favorece o acúmulo de substâncias
tóxicas, devido à diminuição do metabolismo primário e secundário (Figura 8.)
(NETO-GOBBO e LOPES, 2007).

Figura 8. Principais fatores que podem influenciar o acúmulo de metabólitos secundários em plantas, tornando-os
potencialmente tóxicos

(NETO-GOBBO e LOPES, 2007).

72
TOXICIDADE DE FITOTERÁPICOS │ UNIDADE III

»» Por condições da própria planta que pode apresentar uma parte tóxica. Em algumas
plantas, há maior concentração do princípio tóxico em uma ou em mais partes da
planta, por exemplo, nas sementes de Mamona (Ricinus communis).

»» Por variedades de plantas, por exemplo, dentro de uma mesma espécie podem
existir variações quanto à concentração de princípios tóxicos, contidos numa planta.

»» Pela solubilidade do princípio ativo, a intoxicação pode ser causada pela ingestão de
água, por exemplo, Policourea marcgravii (erva de rato) - ácido monofluoracético.

»» Podem estar relacionadas às próprias pessoas, com relação a idade, dose, ou seja,
quanto maior a dose maior a probabilidade das ocorrências de intoxicações.

»» Por condições de saúde, os organismos debilitados são mais susceptíveis a


intoxicações.

»» Pela via de administração, ou seja, muitas plantas de uso externo são tóxicas quando
administradas por via oral, por exemplo, Confrei (Synphytum officinale L.).

»» Por condições fisiológicas especiais, como, hipersensibilidade do usuário, gestação,


entre outros.

Assim, os fatores que determinam a toxicidade das plantas também podem interferir quanto a ação
abortiva dela, por exemplo, muitas plantas que são destacadas como medicinais se submetidas
a uma destes fatores podem ser consideradas abortivas ou podem causar mal ao feto, como por
exemplo, as plantas Confrei (Synphytum officinale L.), Mussambê (Cleome heptaphilla) e Capim
Santo (Cymbopogon citratus (D.C.) Stapf) (SIMÕES et al., 2010).

Além disso, quanto maior o tempo de uso de uma droga potencialmente tóxica, mais propenso está
o usuário a ter problemas tóxicos.

A toxicidade advinda da planta pode gerar diversos distúrbios como:

Digestivos como, náuseas, vômitos, cólicas abdominais e diarréia. Os principais responsáveis por
estes sintomas são:

»» Proteínas tóxicas: Ricina da mamona (Ricinus comunis L).

»» Solaninas: presentes no gênero Solanum (Arrebento–cavalo, Jurubeba, Erva-


moura, etc.)

»» Saponinas: Sapindus saponaria L. (Sabonete).

»» Resinas: mistura de álcoois, ácidos e fenóis têm efeito irritante sobre o trato
gastrintestinal. Por exemplo, D. racemosa Grisele (Imbira) provoca distúrbios
diarréicos graves.

73
UNIDADE III │ TOXICIDADE DE FITOTERÁPICOS

Também pode trazer distúrbios, cutâneo de mucosas, como traumas mecânicos, por exemplo, nas
Stipa SP que apresentam frutos espiculados o qual perfuram a pele, causando irritação química
primária ou pela seiva leitosa do Avelós, da Coroa de Cristo entre outras (SIMÕES et al., 2010).

As sensibilizações alérgicas podem vir do ipê roxo e da aroeira do sertão. A fotossensibilização pode
vir de plantas ricas em furocumarinas como a Arruda e o Hipérico (SIMÕES et al., 2010).

Os distúrbios nas mucosas, como erosões, úlceras hemorrágicas, edema podem ser causados por
Dieffenbachia picta Schott (comigo-ninguém-pode) (SIMÕES et al., 2010).

As alergias respiratórias, como rinite alérgica, asma alérgica, podem ocasionar a partir da Ricinus
comunis (Mamona). E as alucinações pelas plantas, Jurema preta, angico, saia branca, coca entre
outras (ITF, 2008).

Os tipos de intoxicação são:

»» Intoxicação Aguda: quase sempre por ingestão acidental da planta inteira ou de


partes. Sua incidência é predominante no grupo pediátrico.

»» Intoxicação Crônica: (três tipos)

›› Ingestão continuada: A ingestão continuada de certas espécies vegetais provoca


distúrbios clínicos, muitas vezes complexos e graves. Por exemplo: Cirrose
hepática provocada pelo hábito de ingerir Crotalária e distúrbios hepáticos e
circulatórios pelo costume de ingerir alimentos preparados com farinha de trigo
contaminada com sementes de Senécio, observados em algumas populações
orientais.

›› Exposição Crônica: Evidenciada particularmente por manifestações cutâneas


em virtude do contato sistemático com vegetais, verificado com maior freqüência
em atividades industriais ou agrícolas.

›› Utilização continuada de certas espécies vegetais, para inalação, fumos ou


infusões, visando experimentar efeitos alucinógenos e entorpecentes (SIMÕES
et al., 2010).

Deste modo, existem regras básicas para a prevenção no contato com as plantas, como por exxemplo:

»» Conhecer as plantas perigosas da região, da casa e do quintal. Conhecê-las pelo


aspecto e pelo nome.

»» Não comer plantas selvagens, inclusive cogumelos, a não ser que sejam bem
identificadas.

»» Conservar plantas, sementes, frutos e bulbos longe do alcance de crianças pequenas.

74
TOXICIDADE DE FITOTERÁPICOS │ UNIDADE III

»» Ensinar as crianças, o mais cedo possível, a não pôr na boca plantas ou suas partes,
alertando-as sobre os perigos em potencial das plantas tóxicas.

»» Não permitir nas crianças o hábito de chupar ou mascar sementes ou qualquer


outra parte da planta.

»» Identificar as plantas antes de comer seus frutos.

»» Não confiar em animais ou pássaros para saber se uma planta é tóxica.

»» Lembrar que nem sempre o aquecimento ou cozimento destrói a substância tóxica.

»» Armazenar bulbos e sementes seguramente e longe do alcance das crianças.

»» Não fazer nem tomar remédios caseiros com planta, sem orientação médica.

»» Lembrar que não existem testes ou regras práticas seguras para distinguir plantas
comestíveis das venenosas.

»» Evitar fumaça de plantas que estão sendo queimadas a não ser quando sejam bem
identificadas.

Os princípios gerais de tratamento das intoxicações agudas por plantas são, diminuição da exposição
do organismo ao tóxico, aumento da eliminação do tóxico já absorvido, administração de antídotos
e antagonistas e tratamento geral e sintomático.

Assim, pode-se afirmar que uma planta pode ser ora medicinal ora tóxica, dependendo de fatores
relacionados com o indivíduo e com a planta (MÉNDEZ e RIET-CORREA, 2000).

A contaminação por alumínio em plantas de milho influencia negativamente no crescimento e na


morfoanatomia da raiz e da folha, isso por que a toxicidade por alumínio é um dos fatores mais
limitantes para a produtividade, uma vez que, a toxicidade causada por alumínio interfere nas
reações enzimáticas, no metabolismo de diversos elementos e com a permeabilidade da membrana
plasmática (KOCHIAN, 1995; BATISTA et al., 2013).

Os efeitos mais preocupantes do uso indiscriminado de plantas medicinais são teratogênicos,


embriotóxicos e abortivos, uma vez que os constituintes da planta podem atravessar a placenta,
chegar ao feto e gerar um desses efeitos (BRASIl, 2002). Para EMBIRUÇUI et al. (2005), os
teratógenos constituem agentes ambientais, químicos, físicos e biológicos, que podem causar
anormalidades obstétricas e/ou fetais. SMITHELLS (1980) define a teratologia como um termo
que se refere ao ramo da ciência médica que se preocupa com o estudo da contribuição ambiental ao
desenvolvimento pré-natal alterado.

Para VEIGA JÚNIOR et al. (2005), a angélica (Angelica archangelica), sucuúba (Himathantus
sucuuba), alecrim (Rosmarinus officinales), arnica (Arnica montana), cânfora (Cinnamomum
canphora), confrei (Symphytum officinale L.), eucalipto (Eucaliptus globulus) e sene (Cassia
angustifolia e Cassia acutifolia) são abortivos, pois podem estimular a motilidade uterina e provocar
aborto. A angélica é utilizada como anticoagulante e a cânfora tem largo uso como antisséptico

75
UNIDADE III │ TOXICIDADE DE FITOTERÁPICOS

e sedativo em problemas genitais e urinários; a sucuúba é usada no combate à amebíase, úlcera


e gastrite. O alecrim apresenta propriedades estimulantes, antioxidantes, antiespasmódicas,
antissépticas, antifúngicas e antibacterianas (JOLY, 1993; PORTE e GODOY, 2001; SARTORATTO
et al., 2004; ADIGÜZEL et al., 2005). A arnica é utilizada topicamente em contusões, entorces,
hematomas, distensões musculares, flebites, artrites; o confrei é utilizado em úlceras de difícil
cicatrização, psoríase, cicatrização de queimaduras, fissuras; o sene é utilizado como purgativa e
laxativa (LONDRINA, 2006). O uso do Eucaliptus globulus (eucalipto) é especialmente eficaz no
tratamento de inflamações pulmonares e mucosidade excessiva (LAVABRE, 2001).

Estudos realizados com ratas wistar prenhas mostraram que arruda (GONZALES et al., 2006),
barbatimão (VITRAL et al., 1987), cambará (MELLO et al., 2005), chapéu-de-couro (TOLEDO et
al., 2004b), falso boldo (ALMEIDA e LEMONICA, 2000), vidreira (CHAN e NG, 1995), Rhazya
stricta (RASHEED et al., 1997) e Senecio latifolius (STEENKAMP et al., 2001) apresentam efeitos
que podem ser prejudicial a gestante e o concepto. A arruda (Ruta graveolens) possui atividade
anti-helmíntica, anti-hemorrágica, abortiva, carminativa, antiespamódica e estimulante. Indicada
para reumatismo, hipertensão e verminoses. Contra indicada durante a gravidez, pois exerce fortes
contrações no útero (MATOS, 2000; SOUSA et al., 2004). Além disso, estudos comprovaram o efeito
embriotóxico e teratogênico a partir do extrato aquoso das folhas de Arruda (Ruta chalepensis)
no período de pós-implantação (GONZALES et al., 2006). Já o Barbatimão (Stryphnodendron
polyphyllum) apresenta atividade antioxidante e antimicrobiana (SOARES et al., 2002). As
sementes do barbatimão (Stryphnodendron polyphyllum) foram testadas em ratas grávidas na qual
encontrou-se diminuição do peso dos ovários e do peso e medidas dos corpos lúteos gravídicos das
ratas. A partir de então, acredita-se que o efeito do barbatimão ocorra através de alterações da zona
basal da placenta, acarretando a morte embrionária e atrofia do corpo lúteo (VITRAL et al., 1987).

Mello et al. (2005) afirmam que o cambará (Lantana camara) apresenta atividade embriotóxica.
É utilizado para fins antipiréticos, antimicrobianos e antimutagênicos (Seawrigth, 1965; Sharma
et al., 1988). A planta chapéu-de-couro (Echinodorus macrophyllus) é utilizada na medicina
popular para tratamentos de doenças renais, reumatismo, afecções cutâneas e problemas do fígado.
Em ensaios realizados com extratos aquosos de chapéu-de-couro em ratas, comprovou-se que
os fetos apresentaram hepatomegalia branda, pontos hemorrágicos pelo corpo, pele viscosa. Um
útero encontrava-se desprovido de fetos e preenchido com um líquido semelhante ao amniótico
comprovando seu efeito abortivo (TOLEDO et al., 2004b). O efeito abortivo do falso boldo (Coleus
barbatus) foi comprovado em estudo realizado no período de pré-implantação cujo efeito anti-
implantação e desenvolvimento retardado (ALMEIDA e LEMONICA, 2000). O falso boldo é
utilizado para o tratamento de problemas digestivos (FISCHMAN et al., 1991).

CHAN e NG (1995) afirmam que a vidreira (Tripterygium wilfordii) é embriotóxica. É


potencialmente útil para doenças como lúpus eritematoso sistêmico ou síndrome nefrótica como
afirma estudos farmacológicos utilizando animais (ZHANG et al., 1992). Para RASHEED et al.
(1997) a Rhazya stricta apresenta efeitos embriotóxicos ou teratogênicos, entretanto, a incidência
de malformações como micromelia, hipoplasia maxilo-mandibular e edema, não fizeram alcance
estatístico significativo, e ainda, a mesma é usada no tratamento de diabete mellitus, condições
inflamatórias, helmintases e possui atividade microbiana. E o Senecio latifolius é uma planta usada

76
TOXICIDADE DE FITOTERÁPICOS │ UNIDADE III

no tratamento de queimaduras e ferimentos. Os alcalóides pirrolizidínicos presente nesta planta,


pode estar relacionado ao efeito teratogênico provocado por esta planta (STEENKAMP et al., 2001).

A atividade anti-inflamatória é exercida tanto pela artemísia (Artemisia vulgaris) (TIGNO et al.,
2000) quanto pela espinheira santa (Maytenus ilicifolia) (SOUZA-FORMIGONI et al., 1991;
JORGE et al., 2004). Além disso, a artemísia pode apresentar efeito antihipertensivo (TIGNO et
al., 2000; TIGNO e GUMILA, 2000), digestivo, antiespasmódico, anti-helmíntico, reguladora da
menstruação e provocar aborto (NÁCUL et al., 2001). Entretanto, quando as doses ingeridas são
insuficientes para interromper a gestação, podem resultar em toxicidade para a gestante e o concepto
(CALLIARI, 1998) ou em alterações no desempenho reprodutiva materna (BORTOLINI e MARTIN,
2001). A espinheira santa (Maytenus ilicifolia) além de antiinflamtória, tem ação antiulcerogênica e
antinoniceptiva (SOUZA-FORMIGONI et al., 1991; JORGE et al., 2004). Extratos hidroalcoólicos de
espinheira santa mostraram-se abortivos por atuarem no período de pré-implantação dos embriões
no útero (MONTANARI e BELILACQUA, 2002).

A plantas utilizadas para fins digestivos são boldo (MONTEIRO et al., 2001), boldo do Chile
(NEWALL et al., 1996) e gengibre (Zingiber officinale). O extrato aquoso de folhas de boldo
(Vernonia condensata) é indicado para tratamento da desordem gastrintestinal, enxaqueca, diarréia
e além de possuir propriedades analgésicas. Possui baixa toxicidade e nenhuma evidência mostra
risco de teratogenicidade ou mutagenicidade, entretanto o único efeito tóxico era um leve retardo
de crescimento fetal ou embriotoxidade (MONTEIRO et al., 2001). O boldo do Chile (Peumus
boldus) é indicado para hepatites, dispepsias hiposecretoras, mal estar, afecções do fígado e da
vesícula, cálculo biliar, diarreia, digestão, febre, fraqueza orgânica, gota, insônia, má-flatulência,
previne icterícia, prisão de ventre, problemas diuréticos, reumatismo, ureia (NEWALL et al., 1996).
O Boldo do chile é teratogênico (MENGUE et al., 2001) e estudos têm demonstrado ação abortiva
e teratogênica (ALMEIDA et al., 2000). Além atuar com auxílio digestivo, o gengibre (Zingiber
officinale) é utilizado como estimulante, diurético e antiemético. Estudo realizado em ratos com
11 semanas de gestação obteve-se resultados terapêuticos que incluíam abortos, além disso,
encontraram associação entre exposição pré-natal e aumento da perda fetal (CONOVER, 2003).

Segundo NAVARRO (2000), o ipê roxo (Tabebuia sp.) e hortelã (Mentha piperita) possuem efeito
teratogênico. Foram encontrados ensaios-clínicos confirmando a atividade antineoplásica do Ipê
Roxo (MATOS, 2002). Já a hortelã é indicada para distúrbios gastrintestinais, vermífugo (giardíase
e amebíase), gases, analgésica, antisséptica, antiespasmódica, anti-inflamatória, tônica, problemas
respiratórios (VIEIRA, 1992). Quebra-pedra (Phyllanthus amarus) não pode ser utilizada durante
a gravidez, pois possui princípios ativos que atravessam a barreira placentária, podendo provocar
aborto, e essas substâncias também podem ser excretadas no leite materno (MATOS, 2000; SOUZA
et al., 2004). A quebra-pedra (Phyllanthus amarus) possui propriedades diurética, hipoglicemiante,
antiespasmódica, litolítica, colagoga (LONDRINA, 2006).

Muito comercializada para rinite e sinusite a bucha paulista ou cabacinha (Luffa operculata)
(MENGUE et al., 2001; SCHENKEL et al., 2003) possui substâncias denominadas cucurbitacinas
responsáveis pelas ações embriotóxicas e abortivas, podendo causar hemorragia grave ou até mesmo
a morte (MATOS, 2000; SOUSA et al., 2004). Ginseng (Pfaffia glomerata spreng) que é utilizado
para fins afrodisíacos, calmante, contra úlcera e hipoglicemica. Em ensaios realizados com esta

77
UNIDADE III │ TOXICIDADE DE FITOTERÁPICOS

planta, foi possível observar malformações externas viscerais e esqueléticas, provocando mudanças
estruturais que podem prejudicar o desenvolvimento dos fetos, observou-se também atraso no
desenvolvimento fetal em relação a fetos controle (TOLEDO et al., 2004a).

Chenopodium ambrosioides (Mastruz) apresenta toxicidade pode ser citados, náuseas, vômitos,
depressão do SNC, lesões hepáticas e renais, transtornos visuais e auditivos, convulsões, coma,
lesões no miocárdio e insuficiência cardiorrespiratória. A toxicidade pode manifestar-se, também,
de maneira cumulativa, por meio do uso de pequenas doses diárias. Por este motivo, recomenda-se
que, mesmo em pequenas doses, o uso diário deve ser repetido somente após seis meses (ROBINEAU,
1995). O óleo essencial é irritante à mucosa do trato gastrointestinal, rins e fígado (DE PASCUAL et
al., 1980).

Eucalyptus globulus utilizado como analgésico, anti-inflamatório e antipirético, pode causar


fototoxicidade, a partir do cineol, enquanto que o seu óleo essencial tem uma boa tolerabilidade
(NEWALL et al., 1996; PELLECUER, 1995). Em doses altas, porém, pode causar náuseas, vômitos,
epigastralgia, gastrenterite, asfixia, hematúria, neurotoxicidade (convulsões epileptógenas, perda
de consciência, delírio e miose), depressão bulbar respiratória e coma (NEWALL et al., 1996). Seu
uso é contraindicado a gestantes, lactantes e crianças menores de 2 anos (ALONSO, 1998).

A mamona (Ricinus communis) é considerada mutagência e consequentemente citotóxico, pois


ela foi capaz de aumentar a frequência de anomalias do ciclo mitótico, assim como, as anomalias
interfásicas, a partir do seu mecanismo de ação, demonstrando, dessa forma, uma ação tóxica para
o material genético, através do teste de Allium cepa, pois infundiram as sementes de mamona em
células meristemáticas de de  Allium cepa. Já a coroa-de-cristo (Euphorbia millii) não alterou a
frequência de anomalias. E, embora seja considerada uma planta tóxica, não se detectou nenhuma
ação genotóxica, através do teste de Allium cepa. (SILVA et al., 2009).

Absinto (Artemisia absinthum L.) seu óleo essencial é tóxico. Abútua (Chondrodendron platyyphyllum
Myers), os efeitos de intoxicação desta planta incluem taquicardia, taquipnéia,hipotensão, arritimias
e morte. Acerola (Malpighia glabra L.), os extratos etanólicos em doses maiores que a terapêutica
apresentam toxicidade não específica, apesar de não ter nenhum, relato de morte por intoxicação.
Açafrão (Crocus sativus L.) A dose letal é 20g e a dose abortiva se encontra em 10 g. grandes doses
atuam como sedativo, porém há relatos de morte por açafrão sendo abortífero. A presença das
saponinas no rebento é tóxica a animais jovens. Após 5g desse composto já foi relatado, púrpura
severa, trombocitopenia, e sangramento severo. Agoniada (Plumeria lancifolia Muell. Arg.) as
resinas do gênero Plumeria são tóxicas em doses elevadas, causando grande irritação da mucosa
gastrointestinal, provocando diarreia, esofagite, gastrite e eventualmente sangramento digestivo.
Alecrim (Rosmarinus officinalis L.) a ingestão de grandes quantidades do óleo de alecrim por
induzir toxicidade, sendo caracterizada por irritação no estômago e intestino e por danos renais.
As cetonas monoterpénicas da planta são potentes convulsantes com propriedade epileptogénicas
conhecidas. Algodoeiro (Gossypium herbaceum L.), o gossipol causa hipo-potassemia, fadiga
crônica e oligoespermia com o uso prolongado, a dose tóxica é 500 vezes superior à dose terapêutica,
causando congestão pulmonar e hemorragia difusa (ITF, 2008).

78
TOXICIDADE DE FITOTERÁPICOS │ UNIDADE III

Amêndoa-Amarga e Amendôa-doce, estas são uma das Rosaceae de sementes e comestível. A


amêndoa amarga e a doce são classificadas em gêneros diferentes. A presença da amigdalina é a
principal diferença entre a amêndoa doce da amarga, sendo esta encontrada somente na amarga,
como nas sementes de damasco, cereja e pêssego.a amêndoa doce, não contêm amigdalina e, dessa
forma, pode ser consumida de forma segura. Dessa maneira, a amêndoa amarga é altamente tóxica
podendo ser letal, seu uso acaba sendo proibido em alguns países (ITF, 2008).

Inseticidas Botânicos
Os inseticidas derivados de fontes naturais incluem a nicotina, a rotenona e o piretro. A nicotina é
obtida das folhas secas de Nicotiana tabacum e Nicotiana rústica. É rapidamente absorvida pelas
superfícies mucosas, sendo que o alcaloide livre, mas não o sal, sobre rápida absorção pela pele.
A nicotina reage com o receptor de acetilcolina da membrana pós-sináptica (gânglios simpáticos
e parassimáticos, junção neuromuscular), resultando em despolarização da membrana. As doses
tóxicas causam estimulação que é rapidamente seguida de bloqueio de transmissão. O tratamento é
orientado para a manutenção dos sinais vitais e a supressão das convulsões.

A rotenona é obtida de Detris elliptica, Derris mallaccensis, Lonchocarpus utilis e Lonchocarpus


urucu. A ingestão oral de rotenona provoca irritação gástrica. Além disso, podem ocorrer conjuntivite,
dermatite, faringite e rinite. O tratamento é sintomático.

O piretro consiste em seis ésteres conhecidos: a piretrina I, a piretrina II, a cinerina I, a cinerina II,
a jasmolina I e a jasmolina II. Os piretroides sintéticos são responsáveis por cerca de 30% do uso
mundial de inseticidas (ECOBICHON, 1996). O piretro pode ser absorvido após inalação ou ingestão.
A absorção pela pele não é significativa. Os ésteres sofrem extensa biotransformação. Os inseticidas
de piretro não são altamente tóxicos para os mamíferos. Quando absorvidos em quantidades
suficientes, o SNC constitui o principal local de sua ação tóxica. Podem ocorrer excitação, convulsões
e paralisia tetânica através de um mecanismo que envolve os canais de sódio, semelhante ao do
DDT. O tratamento consiste no uso de anticonvulsivantes. A lesão relatada com mais frequência
nos seres humanos decorre das propriedades alergênicas da substância, especialmente dermatite
de contato. Foram observadas parestesias cutâneas em trabalhadores que utilizam piretroides
sintéticos em spray. A exposição ocupacional grave a piretroides sintéticos na China resultou em
efeitos pronunciados sobre o SNC, incluindo convulsões (ECOBICHON, 1996).

Principais plantas tóxicas encontradas no Brasil

Tinhorão
Família: Araceae.

Nome científico: Caladium bicolor Vent.

Nome popular: tajá, taiá, caládio.

79
UNIDADE III │ TOXICIDADE DE FITOTERÁPICOS

Parte tóxica: todas as partes da planta.

Sintomas: a ingestão e o contato podem causar sensação de queimação, edema (inchaço) de lábios,
boca e língua, náuseas, vômitos, diarreia, salivação abundante, dificuldade de engolir e asfixia; o
contato com os olhos pode provocar irritação e lesão da córnea.

Princípio ativo: oxalato de cálcio.

Comigo-ninguém-pode
Família: Araceae.

Nome científico: Dieffenbachia picta Schott.

Nome popular: aninga-do-Pará.

Parte tóxica: todas as partes da planta.

Sintomas: a ingestão e o contato podem causar sensação de queimação, edema (inchaço) de lábios,
boca e língua, náuseas, vômitos, diarréia, salivação abundante, dificuldade de engolir e asfixia; o
contato com os olhos pode provocar irritação e lesão da córnea.

Princípio ativo: oxalato de cálcio, saponinas.

Taioba-brava
Família: Araceae.

Nome científico: Colocasia antiquorum Schott.

Nome popular: cocó, taió, tajá.

Parte tóxica: todas as partes da planta.

Sintomas: a ingestão e o contato podem causar sensação de queimação, edema (inchaço) de lábios,
boca e língua, náuseas, vômitos, diarréia, salivação abundante, dificuldade de engolir e asfixia; o
contato com os olhos pode provocar irritação e lesão da córnea.

Princípio ativo: oxalato de cálcio.

Copo-de-leite
Família: Araceae.

Nome científico: Zantedeschia aethiopica Spreng.

Nome popular: copo-de-leite.

80
TOXICIDADE DE FITOTERÁPICOS │ UNIDADE III

Parte tóxica: todas as partes da planta

Sintomas: a ingestão e o contato podem causar sensação de queimação, edema (inchaço) de lábios,
boca e língua, náuseas, vômitos, diarreia, salivação abundante, dificuldade de engolir e asfixia; o
contato com os olhos pode provocar irritação e lesão da córnea.

Princípio ativo: oxalato de cálcio.

Saia-branca
Família: Solanaceae.

Nome científico: Datura suaveolens L.

Nome popular: trombeta, trombeta-de-anjo, trombeteira, cartucheira, zabumba.

Parte tóxica: todas as partes da planta.

Sintomas: a ingestão pode provocar boca seca, pele seca, taquicardia, dilatação das pupilas, rubor
da face, estado de agitação, alucinação, hipertermia; nos casos mais graves pode levar a morte.

Princípio ativo: alcalóides beladonados (atropina, escopolamina e hioscina).

Aroeira
Família: Anacardiaceae.

Nome científico: Lithraea brasiliens March.

Nome popular: pau-de-bugre, coração-de-bugre, aroeirinha preta, aroeira-do-mato, aroeira-brava.

Parte tóxica: todas as partes da planta.

Sintomas: o contato ou, possivelmente, a proximidade provoca reação dérmica local (bolhas,
vermelhidão e coceira), que persiste por vários dias; a ingestão pode provocar manifestações
gastrointestinais.

Princípio ativo: os conhecidos são os óleos voláteis, felandreno, carvacrol e pineno.

Bico-de-papagaio
Família: Euphorbiaceae.

Nome científico: Euphorbia pulcherrima Willd.

Nome popular: rabo-de-arara, papagaio.

81
UNIDADE III │ TOXICIDADE DE FITOTERÁPICOS

Parte tóxica: todas as partes da planta.

Sintomas: a seiva leitosa causa lesão na pele e mucosas, edema (inchaço) de lábios, boca e língua,
dor em queimação e coceira; o contato com os olhos provoca irritação, lacrimejamento, edema das
pálpebras e dificuldade de visão;

a ingestão pode causar náuseas, vômitos e diarreia.

Princípio ativo: látex irritante.

Coroa-de-cristo
Família: Euphorbiaceae.

Nome científico: Euphorbia milii L.

Nome popular: coroa-de-cristo.

Parte tóxica: todas as partes da planta.

Sintomas: a seiva leitosa causa lesão na pele e mucosas, edema (inchaço) de lábios, boca e língua,
dor em queimação e coceira; o contato com os olhos provoca irritação, lacrimejamento, edema das
pálpebras e dificuldade de visão; a ingestão pode causar náuseas, vômitos e diarreia.

Princípio ativo: látex irritante.

Avelós
Família: Euphorbiaceae.

Nome científico: Euphorbia tirucalli L.

Nome popular: graveto-do-cão, figueira-do-diabo, dedo-do-diabo, pau-pelado, árvore de São


Sebastião.

Parte tóxica: todas as partes da planta.

Sintomas: a seiva leitosa causa lesão na pele e mucosas, edema (inchaço) de lábios,boca e língua,
dor em queimação e coceira; o contato com os olhos provoca irritação, lacrimejamento, edema das
pálpebras e dificuldade de visão; a ingestão pode causar náuseas, vômitos e diarreia.

Princípio ativo: látex irritante.

Urtiga
Família: Urticaceae.

82
TOXICIDADE DE FITOTERÁPICOS │ UNIDADE III

Nome científico: Fleurya aestuans L.

Nome popular: urtiga-brava, urtigão, cansanção.

Parte tóxica: pelos do caule e folhas.

Sintomas: o contato causa dor imediata devido ao efeito irritativo, com inflamação, vermelhidão
cutânea, bolhas e coceira.

Princípio ativo: histamina, acetilcolina, serotonina.

Espirradeira
Família: Apocynaceae.

Nome científico: Nerium oleander L.

Nome popular: oleandro, louro rosa.

Parte tóxica: todas as partes da planta.

Sintomas: a ingestão ou o contato com o látex podem causar dor em queimação na boca, salivação,
náuseas, vômitos intensos, cólicas abdominais, diarreia, tonturas e distúrbios cardíacos que podem
levar a morte.

Princípio ativo: glicosídeos cardiotóxicos.

Chapéu-de-napoleão
Família: Apocynaceae.

Nome científico: Thevetia peruviana Schum.

Nome popular: jorro-jorro, bolsa-de-pastor.

Parte tóxica: todas as partes da planta.

Sintomas: a ingestão ou o contato com o látex pode causar dor em queimação na boca, salivação,
náuseas, vômitos, cólicas abdominais, diarreia, tonturas e distúrbios cardíacos que podem levar a
morte.

Princípio ativo: glicosídeos cardiotóxicos.

Cinamomo
Família: Meliaceae.

83
UNIDADE III │ TOXICIDADE DE FITOTERÁPICOS

Nome científico: Melia azedarach L.

Nome popular: jasmim-de-caiena, jasmim-de-cachorro, jasmim-de-soldado, árvore-santa, loureiro-


grego, lírio-da-índia, Santa Bárbara.

Parte tóxica: frutos e chá das folhas.

Sintomas: a ingestão pode causar aumento da salivação, náuseas, vômitos, cólicas abdominais,
diarréia intensa; em casos graves pode ocorrer depressão do sistema nervoso central.

Princípio ativo: saponinas e alcaloides neurotóxicos (azaridina).

Mandioca-brava
Família: Euphorbiaceae.

Nome científico: Manihot utilissima Pohl. (Manihot esculenta ranz).

Nome popular: mandioca, maniva.

Parte tóxica: raiz e folhas.

Sintomas: a ingestão causa cansaço, falta de ar, fraqueza, taquicardia, taquipneia, acidose metabólica,
agitação, confusão mental, convulsão, coma e morte.

Princípio ativo: glicosídeos cianogênicos.

Mamona
Família: Euphorbiaceae.

Nome científico: Ricinus communis L.

Nome popular: carrapateira, rícino, mamoeira, palma-de-cristo, carrapato.

Parte tóxica: sementes.

Sintomas: a ingestão das sementes mastigadas causa náuseas, vômitos, cólicas abdominais, diarreia
mucosa e até sanguinolenta; nos casos mais graves podem ocorrer convulsões, coma e óbito.

Princípio ativo: toxalbumina (ricina).

Pinhão-roxo
Família: Euphorbiaceae.

Nome científico: Jatropha curcas L.

84
TOXICIDADE DE FITOTERÁPICOS │ UNIDADE III

Nome popular: pinhão-de-purga, pinhão-paraguaio, pinhão-bravo, pinhão, pião, pião-roxo,


mamoninho, purgante-de-cavalo.

Parte tóxica: folhas e frutos.

Sintomas: a ingestão do fruto causa náuseas, vômitos, cólicas abdominais, diarreia mucosa e até
sanguinolenta, dispneia, arritmia e parada cardíaca.

Princípio ativo: toxalbumina (curcina).

Contudo, devemos sempre lembrar de que não devemos preparar remédios ou chás caseiros sem
orientação médica e, não comer folhas, frutos, e raízes desconhecidas. Lembre-se de que não há
regras ou testes seguros para distinguir as plantas comestíveis das venenosas. E nem sempre o
cozimento elimina a toxicidade da planta. (<http://www.fiocruz.br/sinitox_novo/media/plantas_
toxicas.pdf> acesso em 15/05/2014)

Tabela 4. Plantas que apresentam citotoxicidade em fitoterápicos (TREASE e EVANS, 2000).


Nome Comercial
Nome Científico Uso Proposto Agentes Tóxicos e efeitos Comentários
Partes da Planta
Confrei Auxiliar digestivo de uso interno,
Alcalóides pirrolizidínicos, Evitar a ingestão interna; o uso
Espécies de Shymphytum aplicação tópica para a
hepatotoxicidade tópico deve limitar-se a 4-6 semanas
Folhas e raízes cicatrização de feridas
Evitar a ingestão de qualquer parte da
Tussilagem planta; as folhas podem ser utilizadas
Infecções de vias respiratórias Alcalóides pirrolizidínicos,
Tussilago farfara topicamente, por seus efeitos de anti-
superiores hepatotoxicidade
Folhas e flores inflamatórios, durante um período de
até 4-6 semanas
Germândria
Teucrium chamaedrys Supressor do apetite Hepatotoxidade Evitar
Sumidades

Borragem
Alcalóides pirrolizidínicos,
Borago officinalis Anti-inflamatório, diurético Evitar
hepatotoxicidade
Sumidades, folhas

Chaparral
Anti-infeccioso, antioxidante,
Larrea tridentata Hepatotoxicidade Evitar
anticâncer
Brotos, folhas

Sassafrás
Óleo de safrol, Hepatocarcinógeno
Sassafras albidum Diminui a viscosidade do sangue Evitar
em animais
Raízes, casca

Acônito Alcalóide, efeitos cardíacos e sobre o


analgésico Evitar
Espécies de Aconitum SNC
Poejo
Pulegona, e metabólito da pulegona,
Mentha pulegium ou Auxiliar digestivo, indução do
insuficiência hepática, insuficiência Evitar
Hedeoma pulegioides fluxo menstrual, abortivo
renal
Extrato
Erva-dos-cancros
Anti-reumático Gastrite hemorrágica Evitar
Phytolacca americana

Jin Bu Huan Analgésico; sedativo Hepatotoxicidade Evitar


Evitar em pacientes com risco de
acidentes vascular cerebral, infarto
Ephedra, Ma huang Supressor de apetite; estimulante; Toxicidade do SNC,
do miocárdio, pressão arterial não
Espécies de Ephedra bronco dilatador cardiotoxicidae
controlada, convulsões, distúrbios de
ansiedade geral
Evitar em pacientes com alergias
Geléia real
crônicas ou doenças respiratórias,
Apis mellifera Tônico Broncoespasmo, anafilaxia
asma, doença pulmonar obstrutiva
(abelha)
crônica, enfisema, atopia

85
Para (não) finalizar

O conteúdo de Farmacobotânica, Farmacognosia e Toxicologia é extenso em realção aos fitoterápicos


e as novas descobertas ocorrem a cada dia, como você mesmo, pôde observar por diversas referências
atuais no decorrer da apostila. Como por exemplo, na abordagem de novos metabólitos, que vem
sendo encontrados em diversas plantas. Todavia, a ação, de muitos metabólitos já identificados é
desconhecida tanto na prática clínica quanto na teórica.

Com base nisso, o conhecimento precisa ser renovado e ampliado constantemente, já que a pesquisa
se supera a cada dia. Deste modo, bons profissionais devem buscar fontes seguras para novos
conceitos e aprendizados, levando sempre um conteúdo mais atualizado para sua prática.

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