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Negociar na Era

da Informação
Em entrevista exclusiva, o especialista de Harvard William Ury
explica as novas características da negociação, como o longo
período de construção de um relacionamento entre as partes,
que permite aumentar a velocidade de discussões e acordos

A Era da Informação bem que poderia ser chamada de Era da Revolução da –pessoas de cima dando ordens
Negociação, na opinião de William Ury, um dos maiores especialistas em para as de baixo– para a horizontal.
negociação da atualidade. Segundo ele, o fato de a maioria das tomadas O que é a tomada de decisões
de decisão ser agora horizontal –em equipes de trabalho, forças-tarefas, horizontal senão negociação? Na
verdade, estamos vivendo na Era
joint ventures, alianças estratégicas, empresas fundidas ou adquiridas– faz
da Revolução da Negociação.
com que tudo passe a depender de um processo contínuo de negociação e
renegociação. E com um desafio extra: as várias culturas envolvidas Isso explica por que a negociação
trazidas à mesa pela globalização econômica. está provocando interesse tão
Em entrevista exclusiva a José Salibi Neto, diretor editorial de HSM generalizado?
Management, Ury afirma que a forma predominante de negociação da Claro. A fim de conseguir realizar
Era da Informação deve ser a negociação cooperativa, de benefício mútuo. suas tarefas hoje, as pessoas depen-
E, reconhecendo que a negociação veloz também predominará, ele projeta dem de dezenas de indivíduos e
organizações sobre os quais não
a “negociação 80% aprendizado”, que pressupõe a construção –lenta– de
possuem nenhum controle direto.
um relacionamento de confiança entre as partes. “Isso significa passar a Não podemos impor uma decisão;
primeira metade do tempo de negociação simplesmente construindo o somos forçados a negociar. A nova
relacionamento e explorando o problema, aprendendo um com o outro, realidade também se aplica até no
em vez de começar com um preço ou uma posição”, comenta. Segundo meio militar, uma organização pira-
Ury, o lema do negociador bem-sucedido é simples: “Vá devagar para midal por excelência, em que as pes-
conseguir andar rápido”. Entre outras questões discutidas, o especialista soas estão acostumadas a dar ordens
de Harvard lembra algo muito importante a empresas e governos. e receber obediência imediata.
A maior interdependência trazida pela globalização significa mais conflito. Numa série de palestras na
ALTA GERÊNCIA

Colômbia, fiquei surpreso ao


receber uma solicitação do general
Zuniga, chefe das Forças Armadas
O processo de negociação está na política e na família. É uma colombianas, para dar uma palestra
sendo transformado pela Era da revolução na maneira de as pessoas a seus generais e almirantes. Eles
Informação? tomarem decisões. À medida que as necessitavam de treinamento em
Sim, eu diria que há uma revolu- organizações piramidais se achatam negociação, explicou o general,
ção silenciosa acontecendo hoje no em redes, a forma básica da tomada para obter dos políticos o orçamen-
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mundo, tanto nos negócios como de decisão se desloca da vertical to que buscavam, dos líderes da

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guerrilha o cessar-fogo que queriam Estão relacionados com o novo ambiente dos negócios muda.
e de seus colegas de farda a coope- mundo empresarial, onde cada vez Temos pouca escolha senão apren-
ração de que precisavam. mais se realizam trabalhos em der a tomar nossas decisões em
Mesmo com os subordinados equipe e com forças-tarefas, em- conjunto. Não é uma tarefa fácil;
diretos, acrescentou ele, eles não preendem-se negócios por meio de trata-se de um grande desafio. Mal
conseguiam obter o desempenho joint ventures e alianças estratégicas sabemos fazer isso em grupos de
que desejavam com meras ordens; (veja o Dossiê desta edição, na página seis pessoas, imagine em grupos de
precisavam negociar para conseguir 57) e faz-se empresas crescer com 600, 6 mil ou 6 milhões.
as coisas. fusões e aquisições. Além disso, com o fenômeno da
Cada uma dessas formas organi- globalização, os negociadores das
Quais são os grandes desafios dos zacionais exige negociação contínua empresas enfrentam o desafio de
negociadores de hoje e amanhã? e renegociação, à medida que o fazer com que pessoas de diferentes
culturas cheguem a um mesmo
“sim”. Os antropólogos nos dizem
que há mais de 6 mil culturas na
face da Terra atualmente.

Divulgação
Em resumo, talvez o desafio
central dos negociadores do século
XXI se traduza na seguinte questão:
como nos comunicarmos eficaz-
mente e aprendermos a trabalhar
juntos.

Qual é o efeito da globalização nas


negociações políticas e econômicas?
Em primeiro lugar, é preciso
lembrar que maior interdependên-
cia significa mais conflito, e não
menos. Como sabe qualquer pessoa
que faz parte de uma família, as
brigas entre os que têm dependên-
cia mútua são as mais problemáti-
cas. Quanto mais interligadas se
tornam as tribos do planeta, mais
elas insistem na autodeterminação.
Um exemplo claro é a integração
européia, que apenas intensificou a
atividade dos movimentos separatis-
tas –os bascos e os catalães na
Espanha, os escoceses e os galeses
na Grã-Bretanha, os bretões e os
corsos na França e os lombardos na
Itália. Já que podem compartilhar
a prosperidade e a segurança da
Grande Europa, pensam eles, por
que precisam obedecer às ordens
de Madri, Londres, Paris ou Roma?
À medida que a teia cresce,
torna-se mais vulnerável ao conflito
destrutivo. As brigas começam a
afetar não só as partes imediatamen-
te envolvidas, mas também pessoas
muito distantes. A guerra do
Oriente Médio de outubro de 1973
desencadeou uma crise mundial
de petróleo. Em 1998, uma greve
dos trabalhadores de uma única ➙
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William Ury unidade da General Motors, em

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Flint, Michigan, forçou as fábricas Mudou algo em seu modo de O desafio para o negociador não
de todos os Estados Unidos a pensar desde que o sr. escreveu é só entender a cultura do outro,
demitir aproximadamente 146 mil os livros Como Chegar ao Sim mas também a sua. É comum não
funcionários e fez com que o e Getting Past No? termos consciência de nossas
crescimento econômico de todo Sim, a primeira coisa que me características. Somos como peixes
o país caísse quase 1% em um ocorre é a noção da importância do no oceano: não conseguimos
período de seis meses. background cultural das pessoas em enxergar a água, que é a cultura
Tudo isso significa que nosso uma negociação. As premissas em que vivemos.
futuro político e econômico depen- culturais que trazemos a uma Quero citar o caso de uma
de, mais do que nunca, de nossa negociação afetam tudo, desde a empresa japonesa que, estando
capacidade de negociar. oportunidade certa e a natureza prestes a entrar numa joint venture
do relacionamento que criamos com uma empresa norte-americana,
Diante disso, muda a técnica de até o tipo de acordo a que chega- passou uma semana inteira treinan-
negociar? mos. Para os norte-americanos, por do sua equipe para que desenvolves-
Estão ocorrendo mudanças não só exemplo, tempo é dinheiro. Talvez se uma sensibilidade cultural antes
no que eu chamo de “quantidade de sejamos a cultura mais impaciente de enviá-la aos Estados Unidos. O
negociação”, mas também no estilo da Terra. Para grande parte do interessante é que o foco principal
de negociar. Por tradição, a negocia- resto do mundo, contudo, tempo do treinamento não foi a cultura
ção tinha uma característica intrínse- é relacionamento. É a oportunidade norte-americana, e sim a japonesa.
ca de “ganha-perde”: era considera- de formar os relacionamentos Os japoneses precisavam entender
da como apenas outra forma de duradouros normalmente necessá- suas características para que, então,
guerra. No entanto, as pessoas estão rios para uma negociação produtiva. pudessem entender melhor como
cada vez mais buscando métodos
para chegar a soluções de benefício
mútuo, o “ganha-ganha”.
Mesmo as maiores companhias
do mundo estão descobrindo que
precisam negociar de modo coope-
rativo. A General Motors formou
uma aliança estratégica com sua
concorrente Toyota; a IBM, com a
Fujitsu. Os funcionários e a alta
gerência estão aprendendo que, se
não trabalharem juntos, nenhum
dos dois consegue trabalhar. Para
competir no mercado de hoje, você
precisa cooperar, ou melhor,
negociar de maneira cooperativa.
Em meu trabalho, tive muitas
oportunidades de presenciar líderes
sindicais inflexíveis e executivos
céticos, por exemplo, gradualmente
chegarem à compreensão de que
a negociação de benefício mútuo
pode levar a resultados sensivelmen-
te melhores do que gritar uns com
os outros e procurar derrotar o
outro. Em vez de tentarem dividir
um bolo econômico que está
diminuindo com a intensificação da
competição mundial, a alta gerência
e os funcionários buscam aumentar
o bolo com maneiras inovadoras
de incrementar a produtividade e
compartilhar os lucros. “O bom
relacionamento –essa é a nossa
vantagem competitiva”, disse-me um
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líder sindical anteriormente cético.

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os norte-americanos os veriam, o velocidade significa, paradoxalmen- presidente da Capital Cities. Buffet
que, por sua vez, lhes permitiria ser te, que precisamos ir mais devagar. e Murphy estavam planejando, com
mais sensíveis, no bom sentido, a A negociação leva tempo. A forma- o dinheiro de Buffet e a administra-
seus novos parceiros. ção de relacionamentos de confian- ção de Murphy, adquirir a rede de
ça leva tempo. É possível negociar televisão ABC. Eles precisavam
A velocidade parece ser a premissa rápido e com eficiência, mas somen- chegar a um acordo quanto ao
básica da Era da Informação. Como te se você já tiver investido antes volume e preço das ações que
isso afeta a negociação, já que as numa relação de confiança. Buffet ia receber. Era uma negocia-
pessoas e as empresas estão menos Tomemos como exemplo uma ção de US$ 500 milhões feita por
dispostas a esperar? negociação que ocorreu entre o telefone. Buffet perguntou a Mur-
O tempo afeta enormemente a famoso investidor norte-americano phy se ele já havia pensado no
negociação. A necessidade de Warren Buffet e Thomas Murphy, assunto. Murphy passou a bola para
Buffet, dizendo que provavelmente
ele (Buffet) tinha uma idéia melhor.
Buffet fez uma proposta e Murphy
”O tempo afeta muito a negociação. a aceitou. Tudo em 15 segundos.
Foi extremamente rápido e o
A necessidade de velocidade significa, negócio mostrou-se muito lucrativo
para ambas as partes. Funcionou
paradoxalmente, que precisamos ir porque os dois homens já haviam
estabelecido anteriormente um
mais devagar“ relacionamento de confiança;

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”Com meios eletrônicos, talvez haja Afinal, não estamos negociando
com computadores, e sim com seres
menos contato cara a cara. Mas o e-mail humanos de carne e osso, que
possuem emoções, percepções
permite que as pessoas se comuniquem diferentes de uma mesma situação,
crenças e atitudes distintas, estilos
vencendo barreiras hierárquicas“ de comunicação diferentes.
A despersonalização, por outro
lado, tem uma vantagem. Ela pode
nos permitir separar melhor a
assim, não importava quem fizesse A revolução digital está despersona- pessoa do problema, para que
a proposta –ambos sabiam que lizando o processo de negociação? possamos então nos concentrar
podiam confiar no outro. É uma faca de dois gumes. Com melhor no problema que precisa
Da mesma forma que investimos os processos eletrônicos de comuni- ser resolvido.
continuamente em novos proces- cação, talvez haja menos contato
sos e reestruturações de negócios cara a cara. Porém, o e-mail, por Como é possível descobrir as
a fim de obter mais eficiência, exemplo, permite que as pessoas verdadeiras intenções das pessoas
também precisamos investir em se comuniquem em profundidade quando se usam canais que limitam
relacionamentos. O lema do vencendo barreiras hierárquicas –na o contato pessoal?
negociador bem-sucedido é: verdade através de todos os tipos de Torna-se cada vez mais impor-
“Vá devagar para conseguir andar fronteiras. Nesse sentido, a comuni- tante consultar outros que tenham
rápido”. cação eletrônica nos possibilita per- feito negócio com essas pessoas.
A propósito, a necessidade de sonalizar novamente os relaciona- Quase todos possuem um histórico
velocidade também dá uma vanta- mentos que antes eram efetuados e uma reputação. Você pode,
gem aos parceiros potenciais que somente por intermediários. por exemplo, consultar pessoas
cultivaram uma reputação de Aqui existe um paradoxo, per- de sua empresa que já lidaram
sinceridade e jogo limpo. As pessoas ceptível na frase de John Naisbitt anteriormente com o mesmo
que têm pressa recorrem a eles (autor dos livros Megatendências e cliente. Ou pode sair e falar com
em vez de a pessoas ou empresas Paradoxo Global): “high tech, high fornecedores, banqueiros, advoga-
de confiabilidade desconhecida. touch” (alta tecnologia, alto conta- dos e outros profissionais que
O patrimônio mais valioso do to). Quanto mais usamos meios possam conhecer a pessoa. As
negociador é sua reputação. eletrônicos de comunicação, mais empresas precisam acumular
precisamos investir em relaciona- sistematicamente informações
Como a revolução digital está mentos pessoais e prestar atenção às sobre os interesses de seus clientes
mudando os diferentes estágios pessoas com quem estamos lidando. e parceiros potenciais.
do processo de negociação?
Se a negociação tradicional era
80% barganha, o novo tipo de
negociação é 80% aprendizado.
As melhores soluções surgem de um
processo de aprendizado conjunto
Saiba mais sobre William Ury
entre os parceiros que comparti- Considerado uma das maiores Johnson & Johnson, General Foods,
lham informações sobre o proble- autoridades mundiais em negocia- AT&T, IBM e American Express,
ma, sobre seus respectivos interesses ção, ao lado de Roger Fisher, entre outras. Na área governamen-
e sobre soluções potencialmente William Ury está ligado à Harvard tal, atuou para o Departamento de
criativas. O resultado final normal- University, onde atua como diretor- Estado dos EUA e para o Pentágo-
mente é algo que nenhuma das adjunto do Harvard Negotiation no. Ele assessorou a Casa Branca,
partes imaginara antes de entrar Project, organização dedicada a por exemplo, nas negociações para
no processo de negociação. aperfeiçoar a teoria e a prática da a criação de centros de redução de
Isso significa passar a primeira resolução de conflitos, e como risco nuclear.
metade do tempo de negociação diretor da International Negotiation Ury escreveu, com Roger Fisher,
simplesmente construindo o rela- Network. Possui vasta experiência o best seller Como Chegar ao Sim
cionamento e explorando o proble- internacional como consultor (ed. Imago), traduzido para mais
ma, aprendendo um com o outro. e mediador. de 20 idiomas. Também é autor de
Em vez de começar com um preço No âmbito empresarial, traba- Getting Past No e já teve artigo
ou uma posição, deixe para discutir lhou para companhias como Ciba- publicado em HSM Management
isso na segunda parte do processo Geigy, Hewlett-Packard, Ford, (número 8, página 70): Muito
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de negociação. Microsoft, Citibank, DowChemical, além do não.

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Torna-se importante também até inteligência artificial para auxiliar vemos as ações bárbaras perpetra-
fazer o máximo de perguntas negociadores em uma negociação das pelas forças sérvias, sentimo-nos
possível. Não se baseie apenas nos difícil. Eu, pessoalmente, me interes- naturalmente revoltados e quere-
cargos deles. Vá além. Diga-lhes que so muito por essas possibilidades. O mos uma ação punitiva. Não devería-
gostaria de satisfazer suas necessida- próximo passo além do treinamento mos esquecer, porém, que, quando
des, mas que, para tanto, precisa é dar assistência oportuna às pes- zangados, tomamos decisões de
entender melhor essas necessida- soas envolvidas nessas negociações. que nos arrependemos por toda a
des. Ou tente fazer um resumo do vida. Depois de não ter conseguido
que você realmente sabe serem tais Qual é sua opinião sobre a negocia- forçar Milosevic a um acordo,
necessidades e prioridades e envie-o ção por videoconferência e telecon- o bombardeio parece mais uma
a eles para que façam as correções. ferência? punição do que uma estratégia
A videoconferência e a teleconfe- com finalidade. Precisamos manter
De que forma a utilização da mídia rência podem ser extremamente os olhos no prêmio final: a paz
eletrônica pode afetar a criatividade úteis para aumentar a comunicação sustentável nos Bálcãs. Bombardeios
durante o processo de negociação? entre pessoas de locais diferentes, contínuos não levam a isso.
O uso da mídia eletrônica, como mas ainda não substituem a intera- De uma perspectiva “da sacada”,
o e-mail, permite que muito mais ção cara a cara. Existe algo que as podemos reformular o problema
pessoas com pontos de vista diferen- pessoas apreendem na interação para entender melhor os requisitos
tes sejam consultadas sobre as cara a cara, quando podem ver a para uma solução. Gostem ou não,
decisões. Isso aumenta a possibilida- linguagem corporal do outro e até os sérvios e os kosovares-albaneses
de de soluções criativas. sentir seu cheiro. É muito difícil sempre serão vizinhos. Uma solução
No futuro, espero que haja estabelecer confiança a distância. deve concentrar-se na criação de
bancos de dados de soluções A teleconferência, pela minha condições sociais e econômicas para
criativas de negociações para uma experiência, tende a funcionar que sérvios e albaneses aprendam
ampla gama de problemas, desde melhor entre parceiros que já a viver juntos em segurança e com
fusões e aquisições a negócios tenham construído um relaciona- prosperidade no futuro. Nenhuma
imobiliários. As pessoas poderão mento à antiga, cara a cara. solução que dê a vitória a somente
digitar certas palavras-chave e A comunicação por meio eletrô- um lado será estável. Além disso,
receber uma gama de possibilidades nico pode funcionar bem para as concentrar-se apenas em Kosovo é
para considerar a estruturação da fases intermediárias da negociação, um erro. Qualquer solução precisa
melhor solução. Há programas de quando as pessoas estão explorando ser regional, caso contrário os
computador ainda não desenvolvi- os diferentes tópicos, trocando problemas serão simplesmente
dos que poderiam ajudar as partes informações e buscando soluções transferidos de um lugar para
a “aumentar o bolo” e atingir criativas. Para as fases iniciais, do outro, como está acontecendo
soluções ótimas, que maximizem o estabelecimento da confiança, e agora na Macedônia, na Albânia,
ganho disponível para ser dividido. para as fases posteriores, da tomada na Bósnia e em outros lugares.
de decisões, deve-se preferir o Quando se tem um plano razoá-
O processo de negociação está contato cara a cara. vel, a tentação é forçar e pressionar
sendo automatizado? Há algum o outro lado a aceitá-lo. No entanto,
exemplo disso? Com toda a sua experiência em quanto mais se forçar, mais o outro
Agora e no futuro previsível, os negociações entre governos, como lado resistirá. Foi exatamente isso
seres humanos continuarão um o sr. teria aconselhado a Otan a que aconteceu na Iugoslávia.
componente vital das negociações. lidar com Slobodan Milosevic, Usando uma estratégia de nego-
Eu não ouvi falar que a negociação dirigente da Iugoslávia? ciação, deveriam fazer uma aborda-
já esteja sendo automatizada, mas A primeira coisa que precisamos gem oposta: atrair as partes para
as novas tecnologias criam todos os fazer é “sair à sacada” e considerar uma solução. Uma das abordagens
tipos de possibilidades, desde bancos nossos objetivos, como nas negocia- mais construtivas já sugeridas foi
de dados “negociando” informações ções entre empresas. Quando oferecer a todos os povos da região,
sérvios inclusive, a perspectiva de
uma futura incorporação à Unidade
Européia. Que se ofereçam livre
”A comunicação por meio eletrônico comércio e ajuda econômica. Que
se ofereçam respeito e tratamento
pode funcionar bem para as fases igual e a perspectiva de um futuro
melhor, caso se chegue a um acor-
intermediárias da negociação, quando do. Em outras palavras, que se

construa para as partes uma ponte
as pessoas estão trocando informações “ “dourada” sobre a qual avançar. ◆
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