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Métodos e Técnicas de Pesquisa – Prof.

Cristiano Santiago

Estudo de caso (SETAC 03)

Foi julgada na sessão do dia 17, da 5ª Turma Cível, apelação cível interposta por uma universidade de Campo Grande
em face de aluna, a qual foi flagrada praticando plágio na monografia de conclusão de curso. A aluna foi repreendida
pelo orientador, o que gerou constrangimento pela própria postura desonesta dela. A acadêmica ajuizou ação de
reparação de danos morais julgada procedente, condenando a instituição de ensino ao pagamento de R$ 3.000,00. Na
ação, a aluna fundamentou que teria sido abruptamente impedida pelo orientador de apresentar o trabalho de
conclusão de curso sob o argumento de que teria cometido plágio. Sustentou ainda que o professor em questão não
teria feito o devido acompanhamento, análise e discussão dos textos elaborados, além de faltar com a verdade ao
afirmar que o trabalho estava bem redigido e apto a ser apresentado. No momento da apresentação, foi surpreendida,
diante da banca já composta, pelas palavras do orientador que denunciou o plágio e a atitude ilícita. A aluna
argumentou na ação que seu orientador a submeteu à situação que lhe causou constrangimento e vexame. O relator do
processo, Des. Sideni Soncini Pimentel, destaca que há um fato comprovado e, de certa forma, não impugnado nestes
autos: o de que o plágio efetivamente existiu. A peculiaridade está em que a apelada tentou justificar-se, dando a
entender que o que se considerou como "plágio" teria sido, na verdade, fruto de sua inexperiência e, em última medida,
do descaso do professor. Por inexperiência ou desconhecimento, ela teria errado, ao fazer as citações, dando a
impressão de que teria, simplesmente, copiado texto alheio. No entendimento da relatoria, os documentos dos autos
demonstram que a aluna transcreveu na íntegra de texto alheio como se fosse de sua autoria, o que é muito diferente
da falta de experiência ou desconhecimento das normas e padrões adotados na elaboração de trabalhos científicos .
Consideração relevante, afirma o desembargador, já que ainda que o orientador tenha sido omisso e negligente, não se
pode acreditar que um aluno universitário, prestes a obter o bacharelado em Direito, não tenha a mínima noção de que
escrever um trabalho não é o mesmo que copiar um texto de outro e apresentá-lo como próprio, principalmente quando
se trata de trabalho tão importante e sério (ao menos assim deveria ser encarado por alunos e professores), como é o
trabalho de conclusão de curso. E segue o magistrado na sua observação de que foi percebida claramente a pretensão
de a aluna imputar a responsabilidade ao orientador por ter sido flagrada na prática de plágio e censurada diante da
banca. Não houve nenhum exagero, até mesmo porque a aluna foi censurada justamente diante daqueles em que ela
pretendia enganar. Esquece-se, no entanto, de que o trabalho estava plagiado e de que procurava se aproveitar desse
fato. É enfática, ao criticar a postura do orientador; mas silencia no que diz respeito ao próprio erro , complementou o
relator, mencionando também que "Não se pode confundir a humilhação, o vexame, a exposição gratuita e
desnecessária de alguém, com o único propósito de denegrir-lhe a honra, com a repreensão de um professor, sem
excessos, feita em ambiente fechado de uma universidade. Uma coisa é não se ter o direito de ofender a honra de
outrem; outra, bem diferente, é ter a obrigação de evitar uma situação vergonhosa criada pela própria vítima". Desta
forma, por unanimidade, os desembargadores que participaram do julgamento deram provimento ao recurso, para que
a sentença seja reformada e os pedidos da aluna sejam julgados totalmente improcedentes. Como consequência, ela
deverá arcar com as custas processuais e honorários advocatícios, que, com fundamento no art. 20, § 4 do CPC, foi
estipulado em R$ 500,00.
Fonte: https://www.migalhas.com.br/Quentes/17,MI93316,11049-TJMS+Aluna+flagrada+em+plagio+da+monografia+perde+direito+a

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