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ÍNDICE

INTRODUÇÃO...................................................................1
Como o Direito lida (e como deveria lidar) com o
surgimento de tecnologias disruptivas?........................ 2
Por que uma startup precisa de um
escritório de advocacia?................................................5
Como um advogado pode se preparar para
trabalhar com startups?..................................................8
O dia a dia de uma advogada que trabalha com
propriedade intelectual para empreendedores
e empresas de tecnologia............................................ 10
Como é o trabalho na área de Inovação e
Startup de um escritório de advocacia........................ 13
Como funciona a maior aceleradora de
startups da América Latina............................................ 16
O que entrava a inovação no Brasil? Veja o que
pensa Ronaldo Lemos, um dos criadores do
Marco Civil da Internet..................................................20
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INTRODUÇÃO
O Google nasceu em 1998. O Facebook, em 2004. O Youtube, em 2005. O iPhone, em
2007. Bitcoins, em 2009. Carros autônomos estão dobrando a esquina, e a velocidade
das disrupções tecnológicas só tende a crescer.

O Direito já se envolve e se envolverá cada vez mais com as relações humanas no


mundo digital, e o mercado precisa de advogados preparados para esse contexto. Os
jovens que saem das faculdades de Direito, por sua vez, são crescentemente atraídos
por novos ambientes e maneiras de trabalhar.

Tudo isso conflui também para uma transformação dos escritórios tradicionais de
advocacia, que se preparam para uma modernização estrutural, e uma alta na demanda
por serviços no segmento de inovação e empreendedorismo.

No Brasil, as grandes firmas criaram áreas específicas para empresas de tecnologia


e startups, e há outras surgindo apenas para atender apenas essa clientela, que tem
desafios únicos e dinâmicos – sem falar no exército de advogados que já trabalha
dentro de gigantes como Google e Facebook.

Neste ebook, você descobre o dia a dia em áreas como propriedade intelectual e
inovação, como é a interação entre empreendedores e advogados e como se inserir
nesse mercado tão dinâmico.

Um jovem advogado faz bem em se manter atento às mudanças e também a


oportunidades como a Conferência Na Prática Jurídica, um evento de carreira gratuito
que reúne os escritórios citados neste ebook em busca de novos talentos.

Em tempo: Quem cogita entrar na área de tecnologia também pode complementar


essa leitura com o ebook Estudar Direito no Exterior, do portal Estudar Fora. Afinal,
as decisões americanas e europeias ainda são grandes inspirações para as firmas
brasileiras.

Boa leitura!

1
COMO O DIREITO LIDA (E COMO
DEVERIA LIDAR) COM O SURGIMENTO DE
TECNOLOGIAS DISRUPTIVAS?
Quais são os empecilhos que empreendedores brasileiros enfrentam em áreas do Direito e como as
leis do país poderiam torná-lo um hub de inovação?

Pode levar cinco minutos ou uma hora, mas qualquer “Há leis que estabelecem bases, como o Marco
conversa com um empreendedor brasileiro Civil da Internet, a lei do e-commerce, o Código
sobre seu negócio eventualmente deságua nas de Defesa do Consumidor, a lei de propriedade
dificuldades impostas pela burocracia brasileira. intelectual e a lei de direito autoral, entre outras, mas
é muito difícil que o Direito acompanhe, de forma
Quando se trata de startups, um segmento que rápida, as evoluções trazidas por esse mercado”,
lida com soluções inovadoras, há frequentemente diz Erik Nybo, co-coordenador do curso Direito em
uma zona cinzenta de regulamentação. “O que Startups do Insper.
se aplica e o que não se aplica nesse caso?”,
indagam os envolvidos. O problema, continua ele, é que diversas questões
importantes do dia a dia continuam sem respostas –
Parte do problema, destacada tanto por e, num eventual processo, essa lacuna acaba sendo
advogados quanto por empreendedores e preenchida pela decisão do juiz, que também não
observadores, é a desconexão entre legisladores tem ligação com o setor.
e o setor. Descoladas da realidade, suas leis
podem acabar criando empecilhos para a Nybo exemplifica o problema: “Imagine que você
inovação ao invés de ajudá-la. tem uma startup. Você pode fazer uma campanha
no Google AdWords comprando o nome da marca
concorrente? As pessoas do mercado geralmente
fazem isso, mas onde está escrito que pode ou
não? Existem artigos sobre o assunto, mas não há
lei ou orientação para uma compra que, em muitas
startups, é normal.”

2
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O SURGIMENTO DE TECNOLOGIAS DISRUPTIVAS?

A questão tributária Há também o caso marcante da regulamentação


Além de pendências judiciais, há outra questão dos aplicativos de transporte como Uber em São
na mesa: como incentivar investimentos nesse Paulo. Sob a gestão do prefeito Fernando Haddad, a
segmento? cidade foi uma das primeiras do mundo a legalizar o
serviço, em maio de 2016.
Isso porque startup nenhuma sai do chão sem
investidores – e, no Brasil, conquistá-los já é tarefa A solução, que inclui três atividades regulamentadas
difícil porque não existem tantos com alto apetite e a compra de créditos por quilômetro por parte das
para risco. operadoras, foi resultado de oito meses de pesquisa,
planejamento e debate entre funcionários da SP
A falta de incentivos fiscais específicos para startups Negócios, uma empresa de economia mista ligada
(descontos no imposto de renda são uma possibilidade à Prefeitura, e sindicatos, especialistas e órgãos
em pauta) e a alta tributação de eventuais ganhos num internacionais.
negócio bem-sucedido acabam deixando investidores
mais cautelosos, tanto na hora de assinar cheques, Com a lei em vigor, a situação, que chegou ao ponto
quanto de escolher empreitadas. da violência física entre taxistas e motoristas de
aplicativos e da apreensão de carros pela polícia, foi
Quando finalmente escolhem uma startup para normalizada e elogiada internacionalmente.
investir, podem achar que o risco é tão alto, que só
poderiam fechar a rodada com garantias igualmente Como melhorar a relação
altas de retorno por parte da startup – e quando ela “O que acontece hoje é que o legislador tem uma
não pode aceitar, acaba perdendo o dinheiro. pauta política e o empreendedor acha que o político
está envolvido com corrupção ou tem um interesse
“Se o tributo for alto sobre o único investimento escuso – e tem medo de falar algo que possa ser
que deu certo, o investidor vai analisar muito usado contra ele”, continua o professor. “A dinâmica
bem antes de investir de novo”, explica Nybo, é de desconfiança entre os dois lados.”
que pesquisa o assunto. “Isso acaba gerando um
problema em toda a cadeia.” Para revertê-la, Nybo sugere que se abra um canal
de comunicação direta entre as partes para que
Mudanças em curso legisladores possam primeiro entender o mercado
O ritmo é lento, é verdade. Mas isso não significa que e, em seguida, criar as regulamentações. Antes de
não haja progresso algum em curso no país. aprová-las, seria ideal organizar uma nova troca para
discutir com os envolvidos que impacto real as leis
Em dezembro de 2016, por exemplo, foi instituída a redigidas teriam naquele ecossistema.
Frente Parlamentar de Economia Digital e Economia
Colaborativa – que ainda não anunciou medidas – O problema, continua, é que “o governo não
para debater o assunto. se mostra tão aberto, e as startups não estão
acostumadas, como o setor tradicional está, a fazer
As fintechs, como são chamadas as startups de o papel de relações governamentais ou lobby
sistema financeiro como o Nubank, uma emissora legalizado. Então a startup está tocando seu negócio
de cartão de crédito avaliada em R$ 500 milhões, até que um dia o governo bate à porta e diz: ‘O que
já conseguiram conquistas importantes e têm canal você fez não pode, está aqui a multa.’”
aberto com o Banco Central.

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O SURGIMENTO DE TECNOLOGIAS DISRUPTIVAS?

Nybo opina que, no caso das fintechs, seu trânsito


mais livre por Brasília se deva ao próprio setor
financeiro, que exige investimentos mais robustos e
garantias financeiras para empresas existirem no país.
Esse volume maior de capital traria consigo pessoas
com maior vivência de mercado, aptas a criar canais
de comunicação entre governo e startups.

Ou seja, é possível fazer diferente, desde que


alguém mostre onde está a porta.

Futuro da inovação brasileira


Tudo indica que, mesmo em tempos turbulentos, o
segmento de startups vá continuar sua expansão
no Brasil, tradicionalmente um país com forte veia
empreendedora.

Ao mesmo tempo, a economia digital caminha para


a onipresença na vida da população, o que torna
embates como a regulamentação do Uber inevitáveis
– e boas leis não são criadas a toque de caixa, de um
dia para o outro.

Além disso, outros aspectos da vida digital, como


privacidade, soberania nacional e fronteiras entre
o que está online e a justiça, continuam avançando
e demandando respostas. Não há como pará-los:
eventualmente, tudo será pauta em Brasília.

É aí que entra a preparação dos advogados,


empreendedores e profissionais do setor
público, que começa muito antes da aprovação
de um projeto de lei: é preciso estar atento às
oportunidades e possíveis soluções (e fracassos)
para criar diálogos frutíferos.

Para quem observa o cenário brasileiro, o país tem


grandes chances de se tornar um hub de inovação
mundial caso jogue suas cartas corretamente. Para
que isso aconteça, no entanto, o Direito do mundo
digital precisa ser construído continuamente com a
ajuda de todos os envolvidos.

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POR QUE UMA STARTUP PRECISA DE UM
ESCRITÓRIO DE ADVOCACIA?
Head de Propriedade Intelectual e Inovação do escritório Souza Cescon fala sobre as principais
dúvidas e desafios jurídicos de empreendedores

Uma startup que ignora seu contexto jurídico Para navegar os meandros das leis brasileiras
já nasce com um problema (possivelmente e das diversas áreas que afetam um novo
incontornável) para resolver. Firmar os pés nesse negócio, especialmente um tão ágil e com tantas
universo desde cedo é, portanto, questão de bom particularidades, um advogado precisa agir de
senso para um empreendedor. maneira multidisciplinar.

“Imagina alguém que empreende, investe tempo, É preciso descobrir o melhor tipo societário
esforço… E descobre que o negócio não para para a empresa, por exemplo, como proteger
em pé?”, começa Luiz Felipe Di Sessa, head de a propriedade intelectual e informações
Propriedade Intelectual e Inovação do escritório confidenciais, como aplicar leis trabalhistas
Souza Cescon. em relação a colaboradores e funcionários em
cada modelo e como tudo pode funcionar da
“É importante que o empreendedor consulte um maneira mais eficiente do ponto de vista tributário
advogado desde o começo para ver se o negócio – só para citar as dúvidas mais comuns entre
é factível”, continua. “E geralmente esse advogado empreendedores.
não vai falar: ‘Melhor mudar de ideia!’. Ele vai atuar
como parceiro do empreendedor e explicar o que Há ainda negócios disruptivos, sem abrigo na
ele precisa fazer para existir.” legislação existente ou que estão dentro de
mercados altamente regulados, o que exige estudo
e interpretação para entender o terreno.

Dentro de um mundo tão vasto, é compreensível


que um empreendedor não consiga ver todos os
pormenores e exigências jurídicas em seu caminho.

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ESCRITÓRIO DE ADVOCACIA?

Isso justifica as consultas jurídicas, que continuam Se for algo na internet, como aplicativos e
conforme o negócio escala e passa a lidar com plataformas online, também é muito comum
investidores e novidades. “Muitas vezes há um redigirmos os termos de uso e as políticas de
documento em que eles não pensaram”, afirma privacidade.”
Sessa.


Depois, é hora de buscar e formalizar
Atualização constante investimentos financeiros para avançar o negócio.
Do outro lado da mesa, o advogado de uma startup
precisa estar atento ao que está acontecendo em No cotidiano de Sessa, que advoga tanto para
processos pelo país e conversar continuamente startups quanto para fundos de investimentos,
com colegas de outras firmas e empreendedores é o momento em que aparecem processos de
para entender como Direito pode agir. diligência prévia (due dilligence), um processo de
investigação de uma oportunidade de negócio que
“É nessa troca que mais aprendo e tenho insights”, investidores exigem para avaliar riscos.
diz Sessa, destacando que aqueles que têm
conhecimentos tecnológicos se destacam ao 
“Nós assessoramos as startups e as ajudamos
poder realmente entender os negócios e antecipar a estruturar esse processo”, explica. “Como
problemas. advogamos também para investidores, temos
facilidade em fazer esse meio de campo e explicar
“Se você lê os termos de uso de uma empresa tanto porque é preciso dar tais informações quanto
que coleta dados mas não avisa ali que os coleta explicar, para um fundo, como funciona determinada
ou como os trata, é um problema em potencial”, empresa.”
exemplifica. “Quando entende, pode falar para
seu cliente que, de acordo com o Marco Civil da Com a due dilligence aprovada, contratos de
Internet, ele precisa tornar aquilo público para seus investimento precisam ser redigidos e responder
usuários e consegue recomendar alterações.” questões que variam bastante. É uma participação
acionária? Uma aquisição? Que garantias estão
No seu caso, a aprendizagem também acontece envolvidas?
dentro do Souza Cescon – onde Sessa ajudou
a criar um grupo multidisciplinar de inovação em Pela natureza dinâmica de uma startup, que pode
2014 – através da prática de corporate venture (que “pivotar” (o termo vem do inglês pivot, ou mudar de
aproxima seus clientes de grande porte de startups) direção) rapidamente, advogados que trabalham na
e de mentoria de startups e aceleradoras. área precisam ter um nível de agilidade compatível
em seu trabalho.
Ele destaca que não há um momento ideal para
bater à porta de um escritório e que sua lista de 
“É possível que um empreendedor primeiro mude
clientes, majoritariamente startups de aplicativos, é de direção e depois te avise”, ri Sessa. “Então é
variada. preciso correr atrás, verificar os impactos e informar
os riscos para ver se ele quer corrê-los.”
“Às vezes duas pessoas chegam, dizem que têm
uma ideia e querem vendê-la no mercado. Primeiro
formamos a sociedade e levamos a ideia para o INPI
[Instituto Nacional da Propriedade Industrial].

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ESCRITÓRIO DE ADVOCACIA?

Colaboração é palavra-chave
Não são todas as startups que podem contratar
um escritório de advocacia, é verdade, mas isso
não significa que têm que fazer tudo sozinhas
– afinal, muita gente esteve nessa trilha e está
disposta a auxiliar.

“O ecossistema de startups é muito aberto. Quando


você se propõe a estar lá, as pessoas tendem a
ajudar e oferecer o que você precisa. Há um espírito
de colaboração que propicia conhecimento”,
continua Sessa, que está em contato constante
com sua rede e aprendeu na prática como o Direito
funciona em tempos de inovação digital.


“Terminei a faculdade em 2007 e naquela época


não existia essa imensidão de apps nem muitos dos
modelos de negócios atuais. Hoje você pode sair
do Brasil, acordar em algum país da Europa e pedir
um Uber, traduzir algo no Google Translate, reservar
um hotel no AirBnb”, fala. “Esses não eram assuntos
em sala de aula, mas faz parte do trabalho estar
atento às transformações, estudá-las, discuti-las e
se antecipar.”

O mundo de startups é conhecido pelo alto grau


de autonomia (e a responsabilidade) que oferece
aos seus integrantes. Esses traços se estendem
aos advogados do segmento, que trabalham num
campo em franca construção.

“É natural que a lei não acompanhe as inovações


com a mesma velocidade, mas quem trabalha na
área precisa acompanhar e descobrir quais são os
resultados possíveis”, conclui Sessa. E isso vale para
empreendedores também.

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COMO UM ADVOGADO PODE SE PREPARAR
PARA TRABALHAR COM STARTUPS?
Segmento exige conhecimentos básicos, energia e muita vontade de aprender; “O
empreendedor quer alguém que de fato ponha a mão na massa”, explica professor do Insper

Imagine que você, um advogado novo no escritório, Também existem cases interessantes, como a
é escalado para uma reunião numa startup cliente. situação regulatória do Airbnb nos EUA e do Uber
Em dez minutos, já está pensando em como procurar pelo mundo, o processo contra o app Whisper
no Google, discretamente, o que significam as devido ao rastreamento de usuários e a briga entre
palavras disparadas em sua direção: MVP, prova de Mark Zuckerberg e seus primeiros investidores, os
conceito, demandas de back-end, custos da nuvem, irmãos Winklevoss e o brasileiro Eduardo Saverin.
investidor-anjo…
Depois, é hora de se inserir no mercado e começar
Esta é a primeira dica para advogados que a frequentar eventos de aceleradoras, coworkings e
querem trabalhar no segmento de startups em fundos de investimento, entre outros, para conversar
qualquer capacidade: aprenda a terminologia. e fazer contatos. A ordem dos passos não altera os
Considerando o número de termos que você já fatores, só não dá para pular nenhum.
teve que aprender ao longo da graduação, não é
uma surpresa – e é vital. “Não existe preconceito ou barreira para participar
desse universo. Só que, se você não souber a
Com a base preparada, é hora de mergulhar mais terminologia ou estiver indo em eventos só por
fundo em documentários, publicações e filmes sobre ir, não vai ser levado a sério”, diz Erik Nybo, co-
o assunto para entender a dinâmica envolvida nesse coordenador do curso Direito em Startups do Insper,
tipo de negócio. em São Paulo. “Se estiver realmente interessado,
todos vão ajudá-lo a se inserir.”

Do lado de soft skills necessárias, ele destaca


as relações interpessoais. “É preciso tomar muito
cuidado com o ego de advogado. Você está
lidando com um empreendedor, não com grandes
empresas”, explica. “O empreendedor quer alguém
que de fato ponha a mão na massa, esteja disposto
a fazer várias coisas ao mesmo tempo, seja ágil e
entenda suas necessidades.”

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TRABALHAR COM STARTUPS?

Se o único atrativo for financeiro, continua, o outro “Foi uma experiência muito boa, porque startups
lado logo percebe e busca outra pessoa. “Como têm uma estrutura muito enxuta. Isso faz com que
os recursos do empreendedor são escassos, ele você tenha que explorar ao máximo suas próprias
não vai gastar a maior parte do orçamento com capacidades”, fala, destacando a horizontalidade
serviços jurídicos, mas investindo no produto e em que caracteriza esse tipo de empreendimento. “Você
sua expansão.” acaba tendo uma visão mais global do negócio.”

Como um advogado trabalha em startups? Questão de responsabilidade


Para startups brasileiras – atualmente há mais de 4 Naturalmente, tanta autonomia cobra seu preço. “As
mil filiadas à Associação Brasileira de Startups –, decisões que você tomar têm um impacto muito
advogados são essenciais para navegar a burocracia maior, então é preciso estar confortável com essa
envolvida em abrir um novo negócio e fazê-lo responsabilidade.”
prosperar.
Não raro, o profissional que trabalha em uma startup
A demanda por serviços legais existe em startups – uma empreitada de alto risco – acaba também se
de todos os níveis, daquelas que ainda estão sentindo responsável por seu sucesso, o que traz
começando às que já têm milhões de dólares em mais uma dose de responsabilidade.
investimentos.
“É assim: se a startup não conseguir atingir um ponto de
É preciso checar, por exemplo, se a ideia é equilíbrio dentro de dado prazo, vai fechar as portas.
juridicamente possível, escolher a estrutura societária Então existe muito espírito de colaboração porque
mais adequada, registrar propriedades intelectuais e todos estão construindo o negócio em conjunto.”
lidar com os aspectos de investimentos financeiros,
entre outras coisas. Assim que a transação foi concluída, ele deixou o
cargo e entrou no SBAC Advogados, um escritório
“O melhor jeito de aprender é do it yourself [faça paulista especializado em startups. É uma área que
você mesmo]”, brinca Nybo, pensando em sua tende a crescer: muitos escritórios tradicionais já têm
própria trajetória. Ele ajudou a fundar uma startup áreas dedicadas à inovação, propriedade intelectual
e, em 2015, dois anos após se formar na Fundação e startups.
Getulio Vargas de São Paulo, tornou-se gerente
jurídico global da startup brasileira Easy Taxi, que atua “Se olharmos quem está se formando hoje, vemos
na América Latina. que não são todos que buscam trabalhar em uma
multinacional. Não existe mais esse tipo de ambição”,
Mesmo jovem, acumulou responsabilidades fala Nybo. “Metade dos meus amigos hoje trabalha
como aconselhar decisões da diretoria, elaborar em startups e grandes empresas de tecnologia,
contratos diversos, lidar com compliance e análise como Google e Facebook. Os salários podem ser
de riscos, gerir ações trabalhistas e envolver-se em inferiores, mas o conjunto de benefícios é atrativo.”
discussões e avaliações de projetos de lei para a
regulação do setor. Além da prática do Direito em si, o professor também
aponta que é possível empreender na área através
Em junho de 2017, a Easy se uniu à espanhola Cabify, de lawtechs, startups voltadas para o mercado
outra startup com aplicativo de transporte, após um jurídico. O campo, portanto, é imenso. “Em todos
ano de negociações que envolveram Nybo em um os segmentos possíveis existem advogados – e a
complexo processo global, que incluiu lidar também melhor forma de se inserir é atuando neles.”
com leis e investidores estrangeiros.

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O DIA A DIA DE UMA ADVOGADA QUE TRABALHA
COM PROPRIEDADE INTELECTUAL PARA
EMPREENDEDORES E EMPRESAS DE TECNOLOGIA
Sócia do escritório Mattos Filho, que atende Google, Netflix e Spotify, Juliana Gebara tem uma
década de experiência e não cansa de aprender: “Novas tecnologias levantam novas questões”

Em 26 de abril, a Organização Mundial da Entre os exemplos do que mudou, ela cita a


Propriedade Intelectual (WIPO) comemora o Dia relevância crescente de questões sobre privacidade,
Mundial da Propriedade Intelectual. O objetivo é o uma demanda popular entre seus clientes que
mesmo de toda data comemorativa: trazer atenção coletam dados e que no Brasil envolve o Marco Civil
ao tema. Nesse caso, um intimamente ligado à da Internet, aprovado em 2014 e uma das leis mais
inovação e ao futuro da economia digital. utilizadas na área.

No tradicional escritório de advocacia Mattos Filho, “É ele que regula muitas das interações entre
a seção de Propriedade Intelectual tem uma dezena empresas de tecnologia e usuários, como a
de pessoas em regime integral e clientes de peso responsabilidade do provedor”, comenta.
como Google, Netflix e Spotify, além de startups que
se encaixam no programa de emerging companies Para companhias como Google e Facebook,
da firma, que foca em negócios inovadores. considerados provedores de aplicação de internet
dentro do Marco Civil (há também os provedores de
Há dez anos no Mattos Filho e na área, Juliana conexão à internet), é uma preocupação constante.
Gebara já se acostumou com o ritmo intenso
de trabalho e das mudanças. “Às vezes tem uma Imagine o seguinte cenário: alguém na sua
empresa nova que nem é tão grande e de repente timeline postou um desenho de outra pessoa sem
vira um monstro”, conta. autorização. O autor viu a postagem e fez a denúncia
à rede social, dizendo que aquela sua criação e que
deveria ser retirada dali.

E agora? Quem decide onde está a razão?

O que as grandes empresas de tecnologia não


querem fazer, explica Juliana, é justamente agir como
um juiz de conteúdo.

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PROPRIEDADE INTELECTUAL PARA EMPREENDEDORES E
EMPRESAS DE TECNOLOGIA

“Como a liberdade de expressão também é um Ali, há oito áreas de atividade: marca, patente,
direito importante, essas empresas não querem desenho industrial, indicação geográfica,
decidir se um conteúdo fere ou não um direito de programa de computador, topografia de circuitos
terceiro”, continua. “Quando fazemos uma crítica na integrados, transferência de tecnologia e informação
internet, exercitando nossa liberdade de expressão, tecnológica.
podemos ou não estar violando o direito de uma
outra pessoa. Mas quem deve julgar isso é um juiz, Mas não é sempre que a proteção de propriedade
não a empresa de tecnologia.” intelectual precisa passar pelo INPI. Juliana
explica que, no caso de um novo software, não há
Daí surgem os questionamentos recorrentes que o necessidade de registrá-lo porque, no Brasil, essa
escritório recebe. criação já é protegida pela lei de direito autoral.

Segundo o Marco Civil, em regra, o provedor de Caso o criador queira registrá-la mesmo assim (e
aplicação (nesse exemplo, a rede social) só poderá houve 763 pedidos no semestre passado), precisa
ser responsabilizado se, após ordem judicial entregar trechos do código-fonte ao INPI e informar
específica, não tomar as providências para retirar o seus autores através de uma documentação formal.
conteúdo em questão.
Se mais de uma pessoa estiver envolvida na criação,
Ou seja, uma denúncia que parece fácil para quem é preciso informar formalmente quem são os outros e
clica no botão é, na verdade, questionamento apresentar um contrato de trabalho ou prestação de
recorrente entre quem lida com Direito na internet. serviço – e é aí que muita gente bate na parede.

Dentro deste ambiente ágil, a indagação incessante “Quem não é muito envolvido no mercado de
é natural. “Novas tecnologias levantam novas tecnologia pode contratar alguém, fazer um contrato
questões e a legislação não consegue evoluir tão de desenvolvimento do software e descobrir depois
rápido”, fala a advogada. que aquilo não é seu porque não estava escrito no
contrato”, diz.
Atenção é crucial
Além dos problemas que surgem em decorrência Para evitar surpresas, é importante ter uma relação
do uso de tecnologias, a rotina de propriedade jurídica clara e formalizada. Um conhecimento que
intelectual envolve, além da redação de contratos de nem sempre vem fácil para empreendedores, mas
desenvolvimento de software e de termos de uso e que é rapidamente apontado por um advogado
políticas de privacidade, o registro da propriedade especializado.
intelectual em si.
Em evidência
Uma startup precisa, por exemplo, começar Quem quer atuar com propriedade intelectual não
registrando sua marca e seu domínio online – isso pode parar de ler, já que decisões importantes
depois de checar se já não existe nada parecido surgem frequentemente.
nos arquivos do Instituto Nacional de Propriedade
Industrial (INPI). Uma das novidades legais mais recentes na área
de propriedade intelectual – e que ilustra bem as
É uma organização movimentada. Entre janeiro e ambiguidades de regular o que está online – trata da
junho de 2017, mais de 100 mil pedidos foram feitos, seguinte questão: quando alguém dá play em uma
entre eles 23 mil pedidos estrangeiros. música num serviço de streaming como Spotify, o ato
pode ser considerado uma performance pública?

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PROPRIEDADE INTELECTUAL PARA EMPREENDEDORES E
EMPRESAS DE TECNOLOGIA

À primeira vista, é uma pergunta curiosa. E se for No Brasil, há uma série de organizações que
uma pessoa escutando sozinha em casa ou no fazem eventos sobre o assunto, de aceleradoras
metrô usando fones? Como isso pode ser uma e coworkings a associações como a Associação
performance pública? Brasileira de Direito da Tecnologia da Informação
e das Comunicações (ABDTIC) e o Instituto dos
Para os reguladores do Escritório Central de Advogados Brasileiros (IAB).
Arrecadação e Distribuição (Ecad), não importa
se a música está tocando para uma pessoa ou “Como sempre tem uma tecnologia nova, há sempre
duzentas: as companhias de streaming devem, sim, um aspecto diferente para analisarmos”, continua. O
pagar direitos autorais ao órgão porque esse tipo que não significa que um advogado de propriedade
de serviço se encaixa no conceito de execução intelectual precisa necessariamente dominar o
pública legal. conhecimento tecnológico: “Ele precisa gostar do
dinamismo da área e estar disposto a aprender. Com
Em fevereiro de 2017, o Superior Tribunal de Justiça isso, já chega longe.”
– após uma consulta pública que envolveu membros
do Ecad e da indústria musical – decidiu que o Ecad
tinha razão e tornou obrigatório um pagamento até
então opcional.

“O STJ decidiu que a internet é um lugar de


frequência coletiva, então se encaixa”, explica a
advogada. (Na lei, locais de frequência coletiva são
definidos como meios de “transmissão, radiodifusão
e exibições cinematográficas”.)

O Spotify, um dos clientes do escritório Mattos


Filho, tinha se antecipado à decisão: quando se
instalou no país, em 2014, começou a pagar os
tributos de forma voluntária.

“Em outros países, essa discussão já tinha existido”,


esclarece Juliana, destacando a relevância de
tendências mundiais na área de propriedade
intelectual. “A decisão de chegar ao Brasil pagando
foi para não ter esse passivo mais adiante.”

Aprendizado constante
Graças à velocidade das mudanças, livros sobre
propriedade intelectual se tornam rapidamente
obsoletos nas estantes.

Para quem quer se manter atualizado na área,


Juliana recomenda manter contato com a indústria
e participar de cursos, seminários, congressos e
grupos de estudo sobre o tema.

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COMO É O TRABALHO NA ÁREA DE INOVAÇÃO
E STARTUP DE UM ESCRITÓRIO DE ADVOCACIA
Rodrigo de Campos Vieira, head da seção no escritório Tozzini Freire, explica o que seu
cotidiano exige e como a firma mudou ao ter contato com o empreendedorismo

Em agosto de 2016, o escritório Tozzini Freire “Ela está pronta para receber investimentos de forma
oficializou sua área de Inovação e Startup em uma mais célere e tem um desconto menor no valuation”,
parceria com a aceleradora ACE, que trouxe as resume Vieira, empregando o termo em inglês para
primeiras empresas de seu programa de aceleração o processo de estimar quanto vale uma empresa,
como clientes. determinando seu preço e o retorno do investimento.

Um ano depois, há entre 30 e 40 startups na lista, Com quase um ano de experiência, ele já pode
que já surtem efeito tanto na hora de atrair jovens elencar as dúvidas e problemas que mais se repetem
talentos quanto de render novos aprendizados que entre empreendedores, como ajustes de termos e
se espalham pelo escritório inteiro. condições conforme os produtos vão mudando,
obstáculos burocráticos em contratos e dúvidas em
“Nossa rotina é atender startups, estejam elas em relação a aspectos tributários.
fase inicial ou mais desenvolvidas, e ver quais pontos
elas precisam corrigir para estarem aptas a receber De tão frequentes, as perguntas acabaram se
investimentos de fundos de venture capital”, começa tornando um ebook gratuito, Como Estruturar
Rodrigo de Campos Vieira, head da área. Juridicamente Sua Startup, feito com a ACE.

Como existe uma concorrência entre startups pelos “É ruim quando a startup está avançada e, às
investimentos no mercado, continua, aquela que vésperas de começar uma rodada de investimentos,
apresenta uma estrutura jurídica sólida tem vantagem precisa tirar a atenção do negócio para arrumar a
competitiva e se torna mais atraente. casa”, continua o advogado.

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UM ESCRITÓRIO DE ADVOCACIA

Trabalho imersivo Como o número de startups que podem atender é


Antes de integrar a equipe, que hoje tem mais de 40 restrito, a equipe empregou os novos conhecimentos
pessoas – elas vêm de diferentes partes da empresa também para desenvolver o know how necessário
em um sistema de rotação, para não restringir os para avaliar aquelas que têm mais potencial.
aprendizados a uma área só –, Vieira trabalhava com
mercado de capitais e regulamentação bancária. É uma parte crucial da estratégia: é raro que uma
startup tenha capital suficiente para pagar, na íntegra,
Hoje, sua empolgação é visível quando fala da os serviços jurídicos de um escritório tradicional.
experiência com empreendedores e o que esse tipo Por isso, o Tozzini Freire seleciona as startups com
de relação exige. as quais quer trabalhar e aceita uma remuneração
variável, que cresce junto com a empresa.
“Aprendemos a ser bem objetivos, ter uma
comunicação clara, não desperdiçar tempo, produzir Para os advogados envolvidos, uma das lições mais
resultados rapidamente… Mudamos até o dress code, importantes foi entender a importância da figura do
agora mais informal, para frequentar os mesmos empreendedor para o sucesso do negócio.
ambientes que as startups”, fala.
“Você aprende que é mais importante apostar nos
A priorização necessária em organizações de jóqueis que nos cavalos. São as pessoas flexíveis
recursos escassos também se disseminou entre os e apaixonadas pelo que fazem que vão ajustar o
profissionais que as atendem. produto quantas vezes for necessário para que seja
aceito pelo consumidor, escalável e tenha valor”,
“Você não precisa lidar com as partes societária, resume Vieira.
trabalhista ou tributária de uma vez. Precisa decidir
quais são as principais, estabelecer cronogramas A startup enxuta (e o escritório enxuto)
de resolução de problemas por ordem de Que o empreendedorismo e a economia digital têm
importância…”, explica Vieira. “A regra ‘o ótimo é lugar importante no futuro da economia brasileira e
inimigo do bom’ vale muito para startups.” do mundo, ninguém duvida.

Além de atender as startups da parceria com a ACE, E se há alguns anos trabalhar com tecnologia era
os advogados do Tozzini Freire passaram a frequentar difícil e custoso – lembra das salas separadas e
espaços de empreendedorismo de São Paulo, como refrigeradas para servidores? –, atualmente um
os coworkings Cubo e Google Campus, atraindo empreendedor com acesso à nuvem pode encontrar
outros clientes. um cliente em potencial em qualquer smartphone.
“Não se trata de uma onda: é uma nova forma de
O mergulho nesse ecossistema continuou através negócio que a tecnologia permitiu”, garante.
de visitas ao Vale do Silício, nos EUA, muita leitura e
interação com fundos de venture capital e grandes Preparar-se para essa nova realidade inclui
empresas interessadas em inovação, que também não só tornar o escritório mais atraente para
são clientes da área e acabam indicando setores e empreendedores, mas também para novos talentos
startups que consideram interessantes. do Direito, que hoje saem das universidades com
outras aspirações profissionais.
De maneira progressiva, continua ele, “você começa
a entender a mentalidade do ecossistema.”

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Voltar para o índice COMO É O TRABALHO NA ÁREA DE INOVAÇÃO E STARTUP DE
UM ESCRITÓRIO DE ADVOCACIA

“A forma que essa geração usa para estabelecer


relações de confiança é diferente da tradicional”,
explica Vieira. “Confiam no Uber em qualquer cidade
pela reputação do aplicativo, dormem num espaço
do Airbnb confiando na reputação do proprietário,
veem informações sobre restaurantes e hotéis no
Tripadvisor… Então a gente se pergunta: como
construir essa relação com advogados?”

Parte da resposta, que já afeta o cotidiano de outras


áreas do Tozzini Freire, veio do próprio com startups.
“Surpreendeu-me como a cultura de uma grande
organização pode ser positivamente influenciada”,
diz. “Hoje somos mais enxutos e colaborativos,
recebemos mais currículos e temos mais gente
interessada em inovação.”

No fim, continua, o trabalho com Inovação e


Startups é uma geração de valor conjunto.
“Dá alegria participar de algo novo. É uma
sensação de propósito que faz muito bem para a
sociedade”, finaliza.

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COMO FUNCIONA A MAIOR ACELERADORA
DE STARTUPS DA AMÉRICA LATINA
Fundador da StartUp Farm, Felipe Matos já esteve em todos os lados do negócio e diz que
uma equipe diversa e complementar é fundamental para o sucesso

Desde criança, Felipe Matos é fascinado por No meio tempo, prática não lhe faltou.
tecnologia. “O potencial para construir soluções e
criações sempre me interessou muito”, fala. Aprendeu Sua primeira empresa passou por uma incubadora
a programar cedo e, aos 16 anos, criou o Girando, universitária em Minas Gerais e foi lá, em meio a
primeiro aplicativo móvel latinoamericano. Era 1999. outros empreendedores, que ele percebeu que
todos precisavam do mesmo auxílio para tirar
Quase vinte anos depois, tem no currículo uma série projetos do papel. “Geralmente são pessoas muito
de empreendimentos fundados na área e atuou em técnicas e que entendem pouco de negócios”,
diferentes momentos como investidor, investidor explica.
anjo, gestor de fundos e defensor de políticas
públicas. Seu maior negócio hoje é outro que fez Em 2002, decidiu ele mesmo preencher o nicho com
história na América Latina: a StartUp Farm, a maior o Instituto Inovação, aceleradora pioneira no país.
aceleradora de startups privada da região. O escopo ia além de negócios digitais e envolvia
também agronegócios, tecnologia de informação e
Enquanto empreendia, Felipe deu um jeito de estudar biotecnologia, entre outros.
a teoria. Formou-se quase dez anos depois de
começar o curso de Administração, em 2011, e hoje é Com o tempo, a organização foi tomando a forma de
mestrando na Universidade de São Paulo e membro um grupo de investidores. Surgiu o convite para se
da Líderes Estudar, a rede de jovens de alto impacto tornarem gestores de investimentos de uma empresa
da Fundação Estudar. de venture capital, e a equipe ajudou na criação
dos fundos e desenvolvimento de critérios. Entre
2007 e 2009, avaliaram mais de duas mil startups – e
investiram em apenas 36.

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DE STARTUPS DA AMÉRICA LATINA

“Havia um gap muito grande entre quem buscava o formar uma rede e vender meu sonho”, lembra. “Foi
investimento e quem o recebia”, lembra. O boom mais ou menos como convidar um monte de gente
das startups digitais e dos aplicativos estava logo para uma festa: ‘Fulano, você vem? Beltrano vai!’”
ali. Não vinha discreto, e o descompasso entre
os estágios reais dos negócios e aquilo que eles Uma vez com o projeto em pé, era hora de validar o
buscavam como investidores passou a incomodar modelo, testar a abordagem, manter o que funciona
Felipe ainda mais. e melhorar continuamente – afinal, eles eram uma
startup também.
“Faltava muito a figura do investidor anjo ou da
aceleradora, que dá o start inicial”, diz. Para suprir Hoje, a StartUp Farm tem mais de 200 startups no
essa necessidade, ele abriu as portas da StartUp portfólio e estima ter captado mais de US$ 100
Farm em 2010. O primeiro programa de aceleração milhões em investimentos e gerado mais de US$ 1
aconteceu no ano seguinte, já voltado para projetos bilhão de valor de mercado agregado.
online e capacitação de empreendedores.
“Não é só quantidade, é qualidade”, destaca Felipe,
Aproveitaram para importar a cultura de que se prepara para a 17ª edição do programa.
colaboração e mentoria do Vale do Silício, “Selecionar bem os participantes é fundamental,
apostando na criação de redes e de um porque damos o suporte mas quem de fato acelera
ecossistema mais forte para sustentar a empreitada são eles.”
durante e depois do programa.
A aceleração em si consiste em duas fases. A
A resposta foi imediata. Da primeira turma, saíram primeira inclui uma imersão de cinco semanas para
o serviço de delivery HelloFood e o Beauty Date, validar modelos de negócios. É um período intenso,
que captou 28 milhões de reais em 2015. Outros em que os selecionados estudam de tudo, dos
sucessos da aceleradora nos anos subsequentes problemas que estão resolvendo às estratégias de
incluem o aplicativo Easy Taxi, o sistema de registro mercado e como fazer o melhor pitch. Em seguida,
de ponto digital Ponto Tel e a plataforma de viagem e passam um dia apresentando suas empresas a
economia colaborativa WorldPackers.com. investidores.

Seis anos depois, Felipe vê um cenário brasileiro A segunda fase é de acompanhamento e pode durar
muito diferente. Há cerca de 4 mil startups ativas no até dois anos. A Startup Farm ajuda os participantes
país e uma gama variada de ferramentas, redes de conforme surgirem as necessidades, seja na busca
apoio, fundos de investimento, auxílio empresarial, por mentores específicos (são mais de 350) ou
hubs e espaços de coworking, como Cubo e Google criando pontes com fundos de investimento e
Campus (a StartUp Farm é sua parceira em São Paulo). empresas. Através da Farm.VC, seu braço interno de
Só as aceleradoras hoje somam quase cinquenta. venture capital, ela mesma pode se tornar investidora.

Metodologia Felipe martela que o aspecto humano é básico para


O sucesso veio, mas não veio fácil. A primeira grande o sucesso. “A maior causa de falhas tem a ver com
dificuldade foi explicar a ideia e praticamente criar sócios e problemas societários, então colocamos
um mercado, ainda nos tempos de Instituto Inovação. muita ênfase em equipe, senso de propósito e na
criação de uma comunidade forte e com espírito
“Mudei-me de Belo Horizonte para São Paulo e colaborativo”, diz.
passei meses conversando com empresas de
tecnologia e empreendedores bem sucedidos para

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DE STARTUPS DA AMÉRICA LATINA

No governo Apesar dos desafios, o impacto foi positivo e cerca


Em fevereiro de 2013, Felipe também passou a atuar de 200 startups foram apoiadas. O programa foi
como Chief Operating Officer (COO) do StartUP encerrado em 2015 por contenção de gastos, mas
Brasil, programa do Ministério de Ciência, Tecnologia está em vias de reavaliação.
e Inovação para promover o ecossistema de startups
no país. Enquanto isso, Felipe dirige o Movimento Dínamo,
grupo que luta pela melhoria de políticas públicas
“Algo que me surpreendeu positivamente foi ver para empreendimentos de tecnologia e tem
muita gente inteligente e com interesse genuíno em participação de startups, empresas de venture
construir coisas interessantes mesmo numa estrutura capital, aceleradoras e grandes empresas como o
muito difícil, principalmente quando se trata de Google. “Voltei muito mais imbuído desse espírito
iniciativas inovadoras”, conta. público que quer fazer com que o país funcione
melhor”, resume.
Ele esclarece: na gestão pública, é preciso trabalhar
somente dentro do que é permitido pela lei. Parece Entre suas principais bandeiras estão a
óbvio, mas é diferente do dia a dia civil, em que desburocratização do processo de abertura de
você também pode fazer tudo aquilo que não é empresas, que acaba resultando em “gambiarras
proibido. Na prática, significa estudar os mecanismos jurídicas” que põe em risco o trabalho e os
existentes e tentar utilizá-los para o que você investimentos. Outro ponto são incentivos tributários,
precisa. inexistentes no momento.

“Ou você trabalha com o formato que já existe para “Se eu investir em renda fixa ou Tesouro Direto, tenho
criar algo novo ou tem um patrocínio político para desconto no imposto de renda. Se investir em uma
seu projeto e consegue modificar as regras, como startup, não: vou pagar o imposto cheio e correr um
aconteceu com a lei nova que permitiu que existisse risco maior com um investimento que é produtivo,
o programa SEED do governo de Minas Gerais, por que gera crescimento, emprego, tecnologia,
exemplo”, diz. inovação”, justifica. “É desconcertante.”

Ao longo de quase três anos, Felipe aprendeu Como ele investe


muito sobre gestão pública e o poder de parcerias Se existe algo que empreendedores sempre querem
público-privadas como aquela – e percebeu que o saber é como impressionar um investidor. No papel
governo poderia ter um impacto imenso. tríplice de empreendedor, investidor e acelerador,
Felipe é direto: o principal ponto é sempre a equipe.
Foi possível, por exemplo, criar uma nova grade “No começo, a empresa ainda não tem um produto
de bolsas dentro do Conselho Nacional de bem definido. Tem um protótipo e poucos clientes,
Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) e seu principal ativo são as pessoas e sua capacidade
passar a oferecer boas bolsas de pesquisa também de gerar no futuro”, fala.
para quem tivesse muita experiência no mundo
empresarial, além de para acadêmicos. Em sua opinião, um bom time é composto por gente
com competências complementares e, dentro
Ao todo, a empreitada envolveu dois ministérios, desse campo, ele avalia vários critérios. Quem são
duas autarquias da administração federal, uma aquelas pessoas? Quais são suas capacidades?
associação sem fins lucrativos e 18 aceleradoras. Suas competências? É feita só de programadores
ou gente de business? Sem diversidade na equipe,
chances são de turbulência na rota para o mercado.

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DE STARTUPS DA AMÉRICA LATINA

Em seguida, é hora de olhar para o mercado em si.


Que solução é essa? Ela faz sentido? Há espaço
para crescimento? É competitivo? Tem companhias
dominantes? Que caminho pode ser traçado e como
essa equipe em particular está preparada para ele?

São tantos os questionamentos que é praticamente


impossível que o projeto se mantenha inalterado –
mesmo uma equipe boa com um bom mercado e o
apoio de uma aceleradora vai enfrentar mudanças. É
um fator que torna flexibilidade e mente aberta outras
peças-chave para o sucesso.

Apesar das dificuldades inerentes, Felipe garante


que empreender em qualquer nível é uma carreira
recompensadora. Tem sido seu caso. “Ao invés de
ser uma peça de engrenagem em uma coisa muito
maior, você trabalha naquilo que acredita. É algo que
tem mais significado e muito mais impacto.”

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O QUE ENTRAVA A INOVAÇÃO NO BRASIL?
VEJA O QUE PENSA RONALDO LEMOS, UM DOS
CRIADORES DO MARCO CIVIL DA INTERNET
“Há uma cultura de inovação entre nós que fica reprimida por agendas presas a modelos
do passado ou por falta de visão de futuro”, critica Ronaldo Lemos, que compartilha o que
aprendeu sobre inovação e gestão pública em sua carreira

Três bilhões, seiscentos e onze milhões, trezentos Membro da rede Líderes Estudar da Fundação
e setenta e cinco mil, oitocentos e treze. Este é o Estudar, que reúne jovens e profissionais de alto
número global de usuários da internet segundo a impacto, ele é um dos principais nomes por trás da
estimativa mais recente, de junho de 2016. lei do Marco Civil da Internet, pioneira no mundo.

Destes, mais de 139 milhões estão no Brasil – e todos Acumulador de funções, é professor de direito da
eles têm garantias, direitos e deveres previstos no Universidade Estadual do Rio de Janeiro (UERJ),
Marco Civil da Internet, aprovado em abril de 2014, representante do MIT Media Lab no Brasil, diretor
que vão muito além de uma postagem. do projeto Creative Commons no país, cofundador
e diretor do Instituto de Tecnologia & Sociedade
“É um erro grave confundir a internet somente com do Rio (ITS) e vice-presidente do Conselho
as redes sociais e aplicativos de mensagem”, diz de Comunicação Social, criado por um artigo
Ronaldo Lemos. “A rede é parte da infraestrutura do constitucional e com sede no Congresso Nacional.
país. Ela é responsável hoje por atividades críticas
como comércio eletrônico, telemedicina, serviços Sua trajetória – que o levou do Triângulo Mineiro
públicos, transações bancárias e financeiras, à Universidade Harvard e à longa batalha pela
gerenciamento de infraestrutura e da rede elétrica e aprovação e manutenção do Marco – começou em
assim por diante. Isso só vai se aprofundar.” Araguari e é marcada pela curiosidade duradoura. A
cidade havia sido escolhida pelo governo para ser
uma das primeiras a receber TV a cabo, e o acesso à
informação encantou a criança. “A conexão ao mundo
que isso propiciou foi um elemento fundamental na
minha formação”, lembra.

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PENSA RONALDO LEMOS, UM DOS CRIADORES DO
MARCO CIVIL DA INTERNET

Atraído pela vastidão de informações disponíveis investimentos, empresas, arquivos, bancos de dados,
globalmente, Ronaldo decidiu estudar direito, que ele serviços etc.)”, escreveu. “As regras penais devem ser
via como uma profissão conectada às mais diversas criadas a partir da experiência das regras civis.”
áreas, da arte à economia. Em 1994, mudou-se para a
capital paulista para estudar na Universidade de São Ou seja, antes de impor um marco penal era preciso
Paulo, na Faculdade do Largo de São Francisco (de ter um marco civil. Dois anos depois, quando a
onde saíram nomes que vão do presidente Michel aprovação da Lei Azeredo ainda estava em pauta,
Temer ao diretor de teatro Zé Celso). o texto civil – que também ganhou um apelido:
“constituição da internet” – começou a surgir,
Dois anos depois, começou a trabalhar em um graças à forte reação da sociedade e apoiado pelo
escritório de direito relacionado a telecomunicações governo federal.
e, ao mesmo tempo, a dar aulas de sociologia. “Esse
curto circuito me levou para a internet”, fala. “Logo Passou por consulta pública entre 2009 e 2010
percebi que aquela nova rede teria um impacto e chegou ao Congresso em 2011, privilegiando a
enorme nas nossas vidas e passei a me especializar liberdade de expressão, a neutralidade da rede e a
nessa área.” privacidade. “É uma lei essencialmente anti-censura”,
resume Ronaldo. “Quem se sente incomodado pela
Em 2001, fez as malas para um mestrado em liberdade da internet geralmente não gosta do Marco
Harvard. Naquela época – e é preciso fazer um Civil. Infelizmente isso inclui políticos em Brasília, que
esforço para lembrar que o mundo nem sempre sofrem com o fato da internet jogar transparência
foi hiperconectado –, a universidade tinha a única sobre sua atuação.”
escola de direito com um centro de pesquisas
totalmente dedicado ao direito e à internet. Ainda levaria outros três anos e uma série de idas e
vindas – e as denúncias de espionagem feitas por
Empolgado com o que tinha aprendido nos EUA, Edward Snowden, que fizeram com que a presidente
ele retornou ao Brasil um ano depois e mergulhou Dilma Rousseff ordenasse que o projeto fosse
na organização de um seminário sobre o tema em votado logo – até que fosse sancionado.
parceria com Harvard, chamado de iLaw. “Esse
seminário foi formativo e dele participou toda uma “É uma conquista imensa para o Brasil e um dos
geração de estudiosos da internet que estão na ativa pilares essenciais para se promover a inovação”,
até hoje”, conta. entusiasma-se. “Não é um projeto de governo nem
de partido, e sim originado da sociedade. Para mim,
Construção de um marco é uma satisfação imensa ter contribuído para colocar
Muitos deles estiveram envolvidos com o maior o país na liderança dessa discussão mundialmente.”
projeto da carreira de Ronaldo até agora, o Marco O legado, impulsionado por Ronaldo, já está em
Civil da Internet. Escrito a muitas mãos e de maneira construção. O documento, que foi considerado pela
colaborativa, começou a tomar forma pública em um ONU como modelo internacional e elogiado pela
artigo de Ronaldo publicado em 2007 pela “Folha de imprensa por seu pioneirismo, inspira hoje a Itália, que
São Paulo”. está em vias de criar seu próprio marco civil.

Intitulado “Internet brasileira precisa de marco Inovação no Brasil


regulatório civil”, o texto criticava duramente um A luta contínua para defender o Marco inclui também
projeto de lei de crimes digitais então em tramitação facilitar a inovação e o empreendedorismo no país,
em Brasília, que acabou apelidado de “Lei Azeredo” ambos cada vez mais ligados ao online.
ou “AI-5 Digital”.
Então coordenador do Centro de Tecnologia e “Um dos principais obstáculos é superar essa
Sociedade da FGV-Rio, Ronaldo era totalmente cultura anti-inovação que infelizmente é majoritária”,
contra a proposta. “Para inovar, um país precisa fala, adicionando que há mais de 60 projetos de
ter regras civis claras, que permitam segurança e lei que visam cercear, criminalizar ou controlar a
previsibilidade nas iniciativas feitas na rede (como internet atualmente no Brasil.

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PENSA RONALDO LEMOS, UM DOS CRIADORES DO
MARCO CIVIL DA INTERNET

“Não há um projeto sequer para apoiar os inúmeros Em sua visão, esse futuro levará políticos a encarar
garotos e garotas espalhados por todo o Brasil a questão da internet queiram eles ou não. Cidades
criando empresas inovadoras e startups.” inteligentes, redes neurais, internet das coisas,
inteligência artificial e carros autônomos estão
No Conselho de Comunicação Social, órgão auxiliar todos no horizonte e precisarão ser debatidos e
do Congresso Nacional criado em 1991, Ronaldo regulamentados.
trabalha com o grupo para realizar estudos e
recomendações sobre diversos temas, da proibição Além de render transparência e melhores
de biografias não-autorizadas à alteração de processos de gestão na máquina pública, abrir as
resultados em sites de buscas. portas para a inovação também pode ter efeitos
menos óbvios, como tornar a economia brasileira
Hoje em seu segundo mandato e eleito vice- baseada na transformação de conhecimento em
presidente, viu seus pareceres citados até pelo produtos e serviços.
Supremo Tribunal Federal. Sua participação,
acredita, diminui a distância entre os debates “Precisamos construir um outro tipo de
travados em Brasília e na sociedade como todo. desenvolvimento no país, onde a informação
(Dos 13 integrantes previstos pela lei, cinco devem e o conhecimento são elementos centrais”,
representar sociedade civil.) fala, antes de criticar os bloqueios recentes de
aplicativos como WhatsApp, Secret e Uber. “É uma
Praticamente um veterano dos meandros da gestão temeridade. Quem mexe na infraestrutura da rede
pública, Ronaldo age para criar insumos de outras em geral são países autoritários como Irã, Arábia
maneiras também. O ITS, que oferece diversas Saudita e Coreia do Norte.”
publicações para download, está preparando um
mapa do empreendedorismo inovador no Brasil Patrimônio
que servirá de base para a criação de uma agenda Equilibrar tantas funções não é fácil. Manter-se
positiva de políticas públicas. atualizado em relação a temas tão dinâmicos
também não. Para dar conta de tudo, Ronaldo criou
Entre os diversos desafios enfrentados pelos grupos de trabalho em sintonia com os mesmos
empreendedores brasileiros, burocracia e falta de valores e espírito.
incentivos fiscais estão entre os mais citados.
“O maior patrimônio que tenho na vida é a sorte de
“Se eu investir em renda fixa ou Tesouro Direto, tenho trabalhar com pessoas tão incríveis e que admiro
desconto no imposto de renda. Se investir em uma tanto”, diz ele, citando como referências Joi Ito,
startup, não: vou pagar o imposto cheio e correr um diretor do MIT Media Lab, e o antropólogo Hermano
risco maior com um investimento que é produtivo, Vianna. “Esse é o maior tesouro que alguém pode ter
que gera crescimento, emprego, tecnologia, no mundo de hoje.”
inovação”, disse Felipe Matos, fundador da maior
aceleradora da América Latina, a StartUp Farm, em Aos jovens profissionais e advogados, seu conselho
uma entrevista ao Na Prática. “É desconcertante.” é direto: mantenha-se curioso. “É preciso estar
interessado não só sobre o tema principal, mas sobre
“Nosso país conta com um dos mais altos índices de o mundo como um todo. Tudo está conectado. Para
empreendedorismo do planeta e nossa utilização entender sobre uma área é preciso entender sobre
da internet também está entre as mais altas”, fala muitas outras também. Acredito que o melhor que
Ronaldo. “Isso não é trivial. Há uma cultura de um jovem advogado interessado nesse campo pode
inovação entre nós que fica reprimida por agendas fazer é se manter curioso e trabalhar em favor dessa
presas a modelos do passado ou por pura falta de curiosidade. Todo o resto será consequência.”
visão de futuro mesmo.”

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Para saber mais Aceleradoras


StartupBrasil.org.br
Sites Startupfarm.com.br
Wired.com goace.vc
TechCrunch.com
Startupi.com.br
Coworkings
Cubo
Recode.net StartupGraveyard.io
Google Campus
jota.info
Plug.co
Endeavor.org

Livros
A Startup Enxuta, de Eric Ries
Como Estruturar Juridicamente Sua Startup, de TozziniFreire Advogados e ACE
De Zero a Um, de Peter Thiel
Direito das Startups, de Lucas Pimenta Júdice e Erik Fontenele Nybo
Direito Digital, de Patrícia Peck Pinheiro
Os inovadores: Uma biografia da revolução digital, de Walter Isaacson

Para assistir
A Rede Social (2010), de David Fincher
Silicon Valley (2014 – Atual), de Mike Judge, John Altschuler e Dave Krinsky
Startup.com (2001), de Chris Hegedus e Jehane Noujaim
Steve Jobs (2015), de Danny Boyle

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Glossário
Aceleradora: empresas que apoiam e investem no desenvolvimento de
startups.

Back-end: Programação que envolve os sistemas, algoritmos, servidores, etc.


que fazem uma plataforma, site ou aplicativo rodar.

Business Model Canvas: modelo de negócios dinâmico e dividido em blocos


(como post-its coloridos), incluindo clientes, oferta, viabilidade e infraestrutura.

Front-end: Programação da interface de plataformas, aplicativos, etc. Tudo


aquilo que interage diretamente com o usuário.

Investidor-anjo: procura startups em fase inicial e investe entre R$ 50 mil e R$


500 mil. Também traz experiência e rede de contatos.

Investimento-semente: entre R$ 500 mil e R$ 2 milhões, geralmente feitos por


fundos que também investem em outras empresas. Nesse momento, a startup já
tem clientes e produtos.

Lean startup: a startup enxuta é um método para criar e aprimorar negócios


num ciclo rápido: construir um MVP, testá-lo, aprender com os resultados e
começar de novo.

MVP: Minimum Viable Product, ou produto mínimo viável, é uma versão-teste e


básica do produto.

Private equity: envolve grandes investimentos em startups já consolidadas ou


com alto potencial. O fundo compra parte da empresa e pode agir em sua
gestão.

Venture capitalist: os VCs são os investidores de risco e seus fundos


costumam investir entre R$ 2 milhões e R$ 10 milhões. O objetivo é ajudar a
startup e lucrar com a venda.

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Textos
Ana Pinho
Rafael Carvalho

Edição
Rafael Carvalho

Design
Aaron Saiki
Danilo de Paulo
Renata Monteiro

Imagens
Creative Commons

fundação estudar, 2017

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