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ORGANIZAÇÃO PALAVRA DA VIDA - NE

INSTITUTO BÍBLICO PALAVRA DA VIDA - IBPV


DISCIPLINA: Ética Cristã
Profº Alexandre Mendonça

UNIDADE I – SISTEMAS ÉTICOS


Tipos de raciocínio moral

INTRODUÇÃO:

I – Definições sobre teorias éticas


A ética atua na reflexão daquilo que é moralmente certo ou errado, ou seja, nos atos morais.
Muitas teorias foram construídas ao longo da história que teceram a trajetória da ética, a finalidade era
legislar ou discernir o que é uma ação moralmente boa ou ruim, ou ainda aceitável ou tolerável na vida
em sociedade.
Há duas visões sobre a ética, a Deontológica, que se relaciona com a ética das ações ou do
‘dever’, e a Teleológica que diz respeito a ética dos agentes, ou no ser, estando centrada nos meios
(pessoas), e nos fins (resultados). O campo Teleológico é também chamada de Consequencialismo.
Relacionada à filosofia que domina nossos dias, o Consequencialismo gira em torno das necessidades
dos sujeitos e diretamente, como vimos anteriormente, está relacionado com sua satisfação.
Neste quesito, (o homem), age de acordo com sua conveniência, ou pela noção do que é
melhor para ele ou para a maioria (pragmatismo).

II – Objetivo da aula

Refletir sobre as Teorias Éticas que são mais valorizadas na pós-modernidade, considerando
acerca das éticas das ações, que valorizam o fazer, e as éticas dos agentes, refletindo sobre o ser.

III – CONCEITOS ETMOLÓGICOS

3.1 ÉTIMOLOGIA para ÉTICA

Etimologicamente, a palavra Ética origina-se do grego “éthos” e tem dois sentidos: um que
significa “MORADA”, “LUGAR ONDE SE HABITA” e outro que quer dizer “CARÁTER”, ou seja, “MODO
DE SER ADQUIRIDO”. Indica um comportamento propriamente humano não natural, sendo adquirido
pelo hábito constituído histórica e socialmente de acordo com as relações sociais.

3.2 CONCEITUAÇÃO E DESENVOLVIMENTO

Tratada por muitos como sendo um ramo da filosofia, a Ética é considerada, hoje, como sendo
a ciência ou tratado dos deveres de um ponto de vista empírico, dada a sua aplicabilidade mediadora
aos inúmeros anseios individuais de interesses contidos no reflexo social de conflito.

Ética também pode ser definida como sendo“[…] a ciência do comportamento moral dos
homens em sociedade. Ou seja, é ciência de uma forma especifica de comportamento humano.”, nada
diferente, a Ética tem sido entendida em seu sentido mais amplo:

[…] a ciência da conduta humana perante o ser e seus semelhantes. Envolve, pois, os estudos de
aprovação ou desaprovação da ação dos homens e a consideração de valor como equivalente de uma
medição do que é real e voluntarioso no campo das ações virtuosas.
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DISCIPLINA: Ética Cristã
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A Ética é vista como sendo a ciência do comportamento e da conduta humana, ou seja, a


ciência das premissas que influenciam as ações do homem estabelecido num determinado meio social,
sendo um conjunto de princípios e disposições teorizadas, constituída na história humana, e voltadas
para a ação do ser humano com o intuito de balizá-la teoricamente.

3.3 ETIMOLOGIA para MORAL

Etimologicamente, a palavra Moral origina-se da palavra latina “mores”, “moralis”, que significa
“COSTUMES”, “HÁBITO”, representando a prática do conjunto de princípios gerais de conduta
estabelecidos em uma determinada sociedade. Encontra-se ligada intimamente ao aspecto cultural de
uma região, de uma nação, sendo um mandamento de retidão de postura frente aos hábitos inerentes
do cotidiano.

3.4 CONCEITUAÇÃO E DESENVOLVIMENTO

A Moral está interligada a prática, a ação de um ditame, procedimento, sendo assim, é


considerada como o exercício da teoria moral estabelecida, a ação Ética do modo de proceder
concebida apenas à sua execução. Enquanto ação humana, do ponto de vista do dever-fazer, a Moral
é quem determina a ação estabelecida frente a teorização Ética, jquanto ao dever-ser, a Ética mesma
estará condicionada aos valores ora determinados por essa teorização. Segundo Scheler (1941,
p.267), “Todo ‘dever-ser’ está fundado sobre os valores; ao contrário, os valores não estão fundados,
de nenhum modo, sobre o dever-ser.”.

Refere-se a Moral, exclusivamente aos motivos de criação de uma conduta validada pelo
costume e que prescrevem ou proíbem o estabelecimento de uma determinada ação que,
obrigatoriamente, estará condicionada e contida na definição daquilo que é bom ou ruim, do bem e do
mal. Dessa maneira, relembramos que a Moral ‘é quem prescreve a conduta em sua forma de ação
acertada’, estabelecida quando do entendimento comum de todos os membros de uma sociedade em
sua forma especifica de ação.

Apesar de exprimirem um mesmo cerne, não há de se confundir Ética e Moral. A primeira é


teoria, a segunda ação, e nesse sentido, a Moral é estabelecida como objeto da ciência Ética do
comportamento humano, intrínseca a uma conjuntura mais regionalizada.

IV – ÉTICA DOS AGENTES

4.1 ETIMOLOGIA para DEONTOLOGIA

Etimologicamente, a palavra Deontologia origina-se do grego “deon” ou “deontos/logos” e


significa o estudo dos deveres, estudo daquilo relativo a dever, obrigação ou necessidade.
A Deontologia faz parte da filosofia moral contemporânea, significa ciência do 'dever' e da
'obrigação'. Foi organizada em 1834, pelo filósofo inglês Jeremy Bentham, quando disse que a
deontologia seria a “ciência do que é justo e conveniente que o homem faça, dos valores que decorrem
do dever ou norma que dirige o comportamento humano”.
As bases da Deontologia foram popularizadas com Imannuel Kant. A Deontologia é um tratado
dos deveres e da moral. O que importa são as escolhas dos indivíduos. Se alguém entende que algo é
moralmente necessário e isso lhe serve, então essa ação deve ser feita.
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4.2 CONCEITUAÇÃO E DESENVOLVIMENTO

Como procedimento, a Deontologia torna-se o estudo dos princípios e fundamentos do sistema


de Moral individualizado e orientado, ligado exclusivamente a uma atividade profissional quando do seu
exercício, é o termo utilizado para a designação da Ética aplicada ao exercício no meio profissional.
Nesse sentido, a Deontologia é o conjunto de regras que direcionam as ações do homem na relação
social, profissional e familiar.

É utilizada para designar uma maneira que comporte a sua execução uma Ética eclesiástica ou
a moral do exercício ministerial resultado de uma reflexão comum dos envolvidos na prática ou
organização. Considerada como a teoria dos deveres, a Deontologia se constitui por meio de princípios
e regras que direcionam e disciplinam o comportamento individual do integrante de um determinado
segmento, designando, pelo estabelecimento de normas do comportamento, aquilo a ser observado
pelo profissional em atendimento ao propósito de sua instituição.

V – ÉTICA DAS AÇÕES

5.1 - Teleologia

A Teleologia tem a ver com à noção de finalidade das causas finais. Foi organizada no
aristotelismo e está fundamentada na ideia de que, os seres existentes, quanto ao universo como um
todo, direcionam-se em última instância a uma finalidade que, por transcender a realidade material, é
inalcançável plena ou permanentemente. Essa teoria inverte a ordem da criação e da providência de
Deus colocando a criação como árbitro final das ações humanas.
Como mencionado, a Teleologia é também chamada de Consequencialismo’, este, é uma ideia
filosófica que relacionada a teoria da responsabilidade, habitualmente tem sido usada como árbitro
para definir o 'correto' e o 'incorreto'. Nessa teoria a pessoa se norteia pelo direito de fazer o que quiser
se isso for bom para a maioria.

O consequencialíssimo, consequência das ações, são responsabilidade de quem prática,


e podem ser justificadas pelo bem da maioria.

5.2 – Emotivismo

O emotivismo é uma visão meta-ética, ou seja, está além das supostas posturas morais. Essa
ideologia apoiará que ações éticas não são expressadas por proposições, (ideias), mas por atitudes
emocionais.
O emotivismo afirma que juízos morais que uma pessoa tenha expressam sentimentos tanto
positivos quanto negativos. Se 'X é bom', isso é igual à exclamação: 'Viva X!' — Ou seja, o importante é
que eu goste de algo, logo, o que eu gosto não precisa ser dito que é verdadeiro nem tampouco falso.

Não pode haver 'Verdade Absoluta ' nem conhecimento moral que me contrarie.
O que importa é que eu me sinta bem.

5.3 – Intucionismo
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O Intucionismo tem seu centro na intuição, e a considera como norte para o conhecimento.
Formulado por Henri Bergson (1859-1941), este afirmou que a intuição permite o contato com a
realidade absoluta. Para W. D. Ross, outro expoente da área, quando nos perguntamos sobre a razão
do que é moralmente bom, se conclui que os motivos das ações são moralmente bons. A bondade
moral é independente do que é correto.
Assim uma ação moralmente boa não necessariamente precisa ser correta, e a realização de
algo correto não tem que ser uma ação moralmente boa. Tanto um animal quanto um homem agem
instintivamente tem acesso ao moralmente correto.

Diante das circunstâncias, as ações instintivas são justificadas e corretas.

5.4 - Virtude

A Virtude é a qualidade do que é considerado correto e desejável falando do ponto de vista da


moral, da ética e da religião. Tem a ver com o Bem, com o acerto moral, com a Boa conduta e com a
dignidade. Quando alguém praticar o bem, ele é virtuoso. Isso não é só uma característica, é uma
inclinação, virtudes hábitos constantes que levam o homem para o caminho do bem.
A virtude se relaciona com a força, paciência, coragem, o poder de agir, a eficácia de um ou a
integridade da mente. É um conceito relacionado a conduta do ser humano, quando há uma adaptação
entre os princípios morais e a vontade humana.

Virtude é uma disposição a praticar o bem; trata-se de uma verdadeira inclinação para a bondade.

CONCLUSÃO

Os Sistemas e Teorias Éticas básicas tanto das ações quanto dos agentes, repousam na ideia
de que não há uma Verdade Absoluta, objetiva, e de que por tudo ser relativo o que serve para alguém
não necessita servir para o homem, pois ele enquanto ser racional é senhor do seu destino.
A Ética, a Moral e a Deontologia são institutos (relações), que se estabelecem sobre o modo
de proceder do homem, nas ações voluntárias individuais que interferem nas relações sociais.
Fica convencionado (combinado), estabelecido, claramente a interdependência existente entre
tais institutos, e que, apesar de possuírem o mesmo intuito de condução e direcionamento teórico e
prático da ação do indivíduo em sociedade, distinguem-se perfeitamente quanto a sua forma de
interferência dado seu campo de aplicação.

A Ética possui sua aplicação no campo teórico universal, a Moral atua refletindo a cultura da ação
humana em sua forma social restrita, e a Deontologia atua na atividade tanto profissional quanto social.

A aplicação desses institutos no modo de proceder do indivíduo em sociedade possibilita a


constituição de uma relativa harmonia nas relações sociais existentes, quando a liberdade para o
exercício da vontade individual não supere a necessidade coletiva de desenvolvimento.
O surgimento de uma nova realidade social é fato impositivo para a instituição de uma nova
maneira de proceder, e tal necessidade, promove aos institutos de direcionamento teórico e prático da
conduta humana, uma condição adaptativa ao momento vivido pela vontade social.
Sua aplicação, além de garantir a liberdade ao exercício da razão realizada pelo indivíduo,
possibilita também, que as instituições sociais das quais esses indivíduos fazem parte, exerçam e
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promovam as ações sociais necessárias para a realização dos objetivos a que elas se propuseram,
contribuindo assim, ao desenvolvimento de toda a sociedade.
É necessário entender que a ação prática de uma conduta Moral não é imutável frente a
procedimentos e conceitos teóricos sociais já estabelecidos, e que está ligada a um procedimento
teórico de conduta Ética universal. A prática de uma ação Moral permite no procedimento, a
interposição da vontade de um determinado grupo ou segmento. Por isso a aplicação da Deontologia
na atividade profissional atenta a uma expectativa de orientação e procedimento vitais ao crescimento
de todo o conjunto do relacionamento laboral.
Para a estruturação e constituição de uma sociedade, se faz necessário que os critérios
teóricos e as normas de procedimento da conduta humana sejam estabelecidos levando em
consideração a aplicação dos institutos aqui trabalhados. Ética, Moral e Deontologia, limitam a prática
da ação da vontade individual em detrimento ao querer de uma coletividade, o que disciplina desvios
de conduta por não estar concebida de valor, o que não poderia ser admitido num meio social que se
estabelece continuamente, de formação social diária.
Um exemplo do que está mencionado nos parágrafos acima na esfera cristã, deveria ser a
consequente melhora e promoção de transformações sociais em lugares onde o evangelicalismo se
tornasse numeroso e influente, tendo em vista o efeito transformador do Evangelho. Essas condições
sociais que lhe são inerentes (ao Evangelho), como justiça, honestidade, respeito e altruísmo deveriam
ser mais amplamente percebidas a partir da influência e participação do cristão na sociedade em que
ele está inserido.
Temos constatado essa transformação em relação ao fenômeno do crescimento exponencial
do percentual de cristãos evangélicos nas últimas décadas na sociedade brasileira? Esse fenômeno
tem contribuído para uma sociedade mais justa, avessa a corrupção? Os valores da vida eterna são em
grau de superioridade aos valores e pressupostos sobre a vida?
Fica a reflexão sobre como a igreja brasileira precisa revisar suas posturas sobre a Ética e
Moralidade cristãs junto a sociedade.

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