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Democracia participativa na Constituição

Brasileira

Paulo Sérgio Novais de Macedo

Sumário
Introdução. 1. Análise conceitual. 2. Tipos
de democracia. 2.1. Democracia direta; 2.2. De-
mocracia indireta; 2.3. Democracia semidireta.
3. Democracia semidireta e democracia parti-
cipativa. 4. Sistema democrático estabelecido
pela Constituição de 1988. 4.1. Instrumentos da
democracia participativa previstos na Consti-
tuição. Conclusão.

Introdução
O artigo aborda especificamente a de-
mocracia participativa, no Brasil, conside-
rando os instrumentos e as diversas formas
de participação que a Carta de 1988 coloca à
disposição da sociedade, para acompanhar,
fiscalizar e controlar os atos estatais.
Apresenta os tipos de democracia, con-
forme a doutrina, distinguindo democracia
direta, indireta e semidireta. Aborda a rela-
ção entre a democracia semidireta e a parti-
cipativa, tentando estabelecer diferenciação
entre ambas. Outrossim, discorre sobre a
amplitude da democracia participativa e
os objetivos que esta busca alcançar, por
Paulo Sérgio Novais de Macedo é advogado. meio das diversas formas de participação
Servidor da Câmara dos Deputados lotado na
da sociedade nos destinos do país.
Liderança do PSDB. Pós-graduado em direito
público pela Associação Nacional dos Magistra- Por último, realiza varredura ao longo
dos Estaduais. Extensão em Direitos Humanos do texto constitucional, buscando localizar
pela Federación Iberoamericana del Ombuds- cada um dos dispositivos que prevê qual-
man em convênio com a Universidad Alcalá da quer forma de participação popular, ou
Espanha. Conselheiro em Direitos Humanos de legitimação da representatividade, nas
pela Ágere Cooperação em Advocacy. decisões políticas e no controle/fiscalização
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das atividades estatais. Destaca a abertura consideração os resultados buscados pela
que o sistema democrático adotado pela democracia, que é exatamente o bem co-
Constituição de 1988 significou para os mum, o governo a favor do povo.
rumos da democracia brasileira e os prin- Celso Antonio Bandeira de Mello (2001),
cipais instrumentos de participação que fo- ao tratar do tema, oferece conceito mais am-
ram criados e que ainda podem ser criados plo, considerando não somente os aspectos
sob a inspiração da Constituição. formadores da democracia, mas também os
aspectos referentes a seu exercício, à forma
de realização e aos resultados a serem al-
1. Análise conceitual
cançados. O autor, em sua fundamentação,
Conforme assinala José Afonso da Silva aduz:
(2000), somente pode ser entendida dentro “dita expressão reporta-se nucle-
de determinado contexto histórico, uma armente a um sistema político fun-
vez que resulta do modelo de convivência dado em princípios afirmadores da
social e de poder que determinada socie- liberdade e da igualdade de todos
dade adota. Portanto não é valor-fim, mas os homens e armado ao propósito
valor-meio – instrumento de realização de de garantir que a condução da vida
valores essenciais da convivência huma- social se realize na conformidade
na. Daí que, conceituar democracia não é de decisões afinadas com tais valo-
tarefa fácil. Rubens Pinto Lyra afirma que res, tomadas pelo conjunto de seus
se trata de um dos mais elásticos conceitos membros, diretamente ou por meio
da ciência política. de representantes seus livremente
De acordo com Lincoln, conforme men- eleitos pelos cidadãos, os quais são
ciona o próprio José Afonso da Silva (2000, havidos como os titulares da sobera-
p. 130), “democracia é governo do povo, nia (MELLO, 2001).”
pelo povo e para o povo”. Tal definição A abordagem feita por Celso Antonio
retrata bem a democracia direta e pode-se Bandeira de Mello (2001) é bastante larga
dizer que essa seria uma concepção ideal de e traz consigo outros conceitos de igual
democracia. Contudo, é provável que, com complexidade, como soberania, igualdade
essa definição, não se encontre em lugar e liberdade, o que termina dificultando sua
algum um Estado democrático, puramen- utilização técnica.
te democrático. Rousseau (apud PEDRA, Mas, afinal, democracia é um conceito
2003) afirma que, “se tomarmos o termo histórico. Portanto possui o sentido que
no rigor da acepção, nunca existiu verda- as circunstâncias, que a sociedade, que a
deira democracia, nem jamais existirá. Não própria história lhe imprime. É por isso que
se pode imaginar que o povo permaneça se chamou democracia a dinâmica demo-
constantemente reunido para ocupar-se crática que existiu na Grécia antiga. É por
dos negócios públicos”. isso que, em muitos países, principalmente
Maurice Duverger (apud MORAES, subdesenvolvidos e em desenvolvimento,
2005, p. 132) afirma que democracia é o chama-se de democracia a forma de go-
“regime em que os governantes são esco- verno elitista e burguesa, implementada
lhidos pelos governados; por intermédio sob o discurso da representatividade, da
de eleições honestas e livres”. Veja-se que universalidade e do proveito comum.
esse conceito, como o próprio autor assi- José Afonso da Silva (2000, p. 130), com
nala, é uma definição simples. Além disso, maestria, conceitua democracia como “um
é um conceito mais afinado com a teoria processo de convivência social em que o
liberal, pois, além de vislumbrar apenas poder emana do povo, há de ser exerci-
a democracia representativa, não leva em do, direta ou indiretamente, pelo povo e

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em proveito do povo”. Veja-se que nesse tornaria cada vez mais onerosa, lenta e cara.
conceito estão presentes os aspectos mais A democracia direta não se enquadra para
importantes da democracia, conforme a uma grande população, principalmente
concebemos: a historicidade, quando se considerando que toda sociedade necessita
refere a um “processo de convivência”; o de versatilidade, de tomada de decisões
poder político, que “emana do povo”; a rápidas, urgentes e emergentes, sob pena
forma de exercício desse poder, “direta ou de sacrifícios e de prejuízos irrecuperáveis.
indiretamente”; e, por último, o resultado, Daí a governabilidade ser, em regra, re-
que pode ser traduzido no bem comum, presentativa.
“em proveito do povo”. Ainda, milita em desfavor da demo-
cracia direta o fato de que o público em
2. Tipos de democracia geral não possui condições técnicas nem
conhecimento para julgar ações do gover-
A teoria tradicional costuma classificar a no. A maioria da população tem apenas
democracia em indireta ou representativa, conhecimento superficial dos aconteci-
direta e semidireta, esta às vezes chamada mentos políticos e científicos. Sabe-se que,
de participativa. muitas vezes, há necessidade de tomada
de decisões críticas, como questões de se-
2.1. Democracia direta
gurança, estratégicas, questões científicas e
Democracia direta, de acordo com lição tecnológicas, acerca das quais nem sempre
de José Afonso da Silva (2000), é aquela em o povo está apto a decidir. Diante do des-
que o povo exerce, por si, os poderes go- conhecimento de assuntos técnicos, o povo
vernamentais, fazendo leis, administrando se tornaria extremamente frágil, com possi-
e julgando. Refere-se ao sistema político em bilidade de decisões esdrúxulas, podendo
que os cidadãos decidem, de forma direta, também ficar à mercê de ser influenciado
cada assunto, por meio do voto. por um argumento carismático, vindo a ser
Argumenta-se em favor da democracia presa fácil das demagogias.
direta que a democracia representativa
é incapaz de defender os interesses da 2.2. Democracia indireta
maioria da população, principalmente Democracia representativa é aquela em
no Brasil, uma vez que os representan- que o povo, fonte primária do poder, elege
tes eleitos, em regra, não fazem parte da representantes, periodicamente, para tomar
parcela populacional que os elegeu. Os as decisões políticas. Segundo Norberto
eleitos normalmente possuem necessidades Bobbio, democracia representativa significa
diferentes, por pertencerem a uma classe que as deliberações relativas à coletividade
com maior nível de riqueza, de educação. inteira são tomadas não diretamente por
Assim, a solução seria garantir o verdadeiro aqueles que dela fazem parte, mas por
sufrágio universal, o voto direto destinado pessoas eleitas para essa finalidade.
a decidir cada questão, e não a eleger um É também chamada de democracia
representante onipotente. liberal, visto ser defendida pelos grandes
No entanto, a democracia direta tem-se pensadores do liberalismo, que a admitem
tornado cada vez mais utópica, em virtu- como o único sistema político em que os va-
de de dificuldades práticas, como obter e lores liberais podem realmente existir e se
computar o voto de cada um dos cidadãos desenvolver. Por isso admite um conceito
em cada uma das questões que precisam de cidadania restrita e individual, limitada,
ser decididas. Essas dificuldades se po- na prática, ao direito de voto.
tencializam na proporção das dimensões Sob a ótica liberal, a tomada de decisões
populacionais e territoriais do país, o que a não pode contemplar a soberania popular.

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Tal posicionamento se baseia, principal- “A felicidade e a glória de um repre-
mente, no argumento da incapacidade do sentante devem consistir em viver na
povo para as decisões estatais, da inope- união mais estreita, na correspondên-
rância das formas da democracia direta cia mais íntima e numa comunicação
em países de grandes dimensões popula- sem reservas com os seus eleitores.
cionais e territoriais e, ainda, da defesa do Os seus desejos devem ter, para ele,
sistema burocrático de Max Weber. Dessa grande peso, a sua opinião, o máximo
sorte, o liberalismo não busca democracia respeito, os seus assuntos uma aten-
direta nem participativa, mas de partido, ção incessante.”
representativa, em que os representantes, Anderson Sant’ana Pedra (2003), ins-
mais “aptos” e mais “racionais”, tomariam pirado em Bobbio e em Rousseau, conclui
as melhores decisões para o país e para o que a democracia consiste na vontade
povo. geral, e a vontade geral não pode ser re-
Democracia representativa pressupõe presentada. Os deputados não são nem
um conjunto de institutos voltados ao siste- podem ser representantes, para decidirem
ma de representação. Trata-se do processo definitivamente em substituição ao povo.
político, por meio do sufrágio universal, das Rousseau, em severa crítica à democracia
eleições, dos partidos políticos, do mandato representativa inglesa, assevera que o povo
eletivo. A eleição é o momento máximo da inglês pensa ser livre, mas, na realidade, só
democracia liberal, em que o povo legitima o é durante as eleições.
o exercício do poder, outorgando-o aos Na democracia representativa, a parti-
representantes. cipação popular fica praticamente alijada,
A grande crítica à democracia represen- por ausência de controle por parte da
tativa está relacionada à legitimidade. É o população, após o processo eleitoral, pois
que se denomina de crise de legitimidade. o que existe é um arremedo de controle,
Observa-se que, no Brasil, os representan- exercido por órgãos com essa atribuição,
tes, após eleitos, não se mantêm vinculados normalmente compostos de agentes indi-
aos seus eleitores nem aos compromissos cados pelos Poderes constituídos. Assim, se
com eles assumidos. Normalmente se des- considerarmos que é da essência do sistema
vinculam dos representados logo que são democrático o “poder do povo” e o efetivo
eleitos. Mas não se deve esquecer que a controle dos resultados, pode-se dizer que
democracia representativa é a democracia a democracia representativa está deveras
liberal, que em nenhum momento previu distante da essência do termo: de poder do
uma democracia de efetiva participação. povo, para o povo.
O Estado é governado por uma elite “mais Importante destacar que tais críticas
preparada” e apenas formalmente ratifica- não buscam sepultar os institutos da de-
da pelo povo. mocracia representativa. O objetivo, antes,
Diferente do que acontece na prática, o é humanizá-los, é democratizá-los. Con-
ideal seria que não ocorresse o distancia- forme Alexandre de Moraes (2005, p. 132),
mento entre representantes e representados “mister se faz a adequação de mecanismos
e que aqueles estivessem sempre prestando que ampliem a eficácia da representativi-
contas ao eleitor. Edmund Burke (apud dade, sejam preventivos, por meio de um
Gonçalves1, 2005), descreve como deveria representante do cidadão nas eleições,
ocorrer a verdadeira representação: sejam repressivos, por meio de práticas
de Democracia semidireta”. Não se trata,
1
Arnaldo Manuel Abrantes é mestre em Ciência
Política e Relações Internacionais (IEP-UCP), licen-
assim, de desvalorizar o sufrágio universal
ciado em Direito(FD-UNL), professor convidado do nem as instituições representativas, mas
Instituto Politécnico de Macau. de se preocupar com novo uso do sufrágio

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universal e buscar nova rede de institutos ticipativa pode englobar muito mais que
de participação, por uma cidadania mais esses instrumentos específicos, conforme
ativa e por uma democracia mais real será visto adiante.
(CARRION, 2001, p. 50).
3. Democracia semidireta e
2.3. Democracia semidireta
democracia participativa
Considerando a crise de legitimidade
Se democracia indireta ou representativa
da democracia representativa, os países
é aquela na qual o povo outorga as funções
de democracia liberal passaram a incor-
de governo aos seus representantes, eleitos
porar elementos da democracia direta no
periodicamente, democracia semidireta é
sistema político, com o objetivo de lhe dar
a democracia representativa acrescida de
mais legitimidade, mesclando institutos
institutos da democracia direta.
da democracia direta e da indireta. Essa
Muitos autores entendem democracia
conjugação de elementos culminou no que
participativa como sinônimo de democracia
se denomina democracia semidireta.
semidireta. No entanto, na acepção atual,
José Afonso da Silva (2000, p.140) afirma
democracia participativa possui espectro
que “democracia semidireta é, na verdade,
de muito maior abrangência. Democracia
democracia representativa com alguns
participativa compreende uma participação
institutos de participação direta do povo
universal, com todas as formas e meca-
nas funções de governo”. Esses institutos
nismos que existirem e que forem criados
de participação direta, conforme assinala
para ampliar os espaços de participação da
Maria Elizabeth Guimarães Teixeira Ro-
sociedade nas decisões políticas e nos atos
cha2, “são enumerados pela maioria dos
da administração pública.
tratadistas de direito público como sendo
Nesse sentido, José Afonso da Silva
o referendum, o plebiscito, a iniciativa e o
(2000, p. 145) assevera que “as primeiras
direito de revogação, acrescendo alguns
manifestações da democracia participativa
autores, o veto popular, também chamado
consistiram nos institutos de democracia
referendo facultativo”. Estes últimos não
semidireta, que combinam instituições de
adotados no Brasil.
participação direta com instituição de par-
Admitindo-se esse entendimento, não
ticipação indireta”. Daí, pode-se concluir
se pode dizer que democracia semidireta
que a democracia semidireta foi apenas o
seja sinônimo de democracia participativa,
crepúsculo da democracia participativa.
vez que esta, como veremos adiante, pos-
Na realidade, avaliando a etimologia
sui um significado mais largo. No Brasil, a
da palavra, como democracia significa po-
Constituição da República prevê institutos
der do povo, toda democracia deveria ser
da democracia representativa, como o su-
participativa. Não haveria democracia sem
frágio universal, o mandato eletivo, mas
participação popular, de uma ou de outra
prevê, também, os elementos tradicionais
forma. Ocorre que o adjetivo “participati-
de participação direta: plebiscito, referendo
va” tomou significado especial, de sorte
e iniciativa popular (Constituição Federal
que, no sentido que se vem solidificando,
art. 14), o que configuraria a democracia
caracteriza a democracia pela presença dos
semidireta. No entanto democracia par-
institutos da representação (democracia
2
Maria Elizabeth Guimarães Teixeira Rocha é indireta), pela participação direta do povo
mestra em Ciências Jurídico-Políticas pela Univer- com plebiscito, referendo e iniciativa popu-
sidade Católica Portuguesa, Doutora em Direito lar (democracia direta) e por outros meios
Constitucional pela Universidade Federal de Minas
Gerais, Professora de Direito no Centro Universitário
de participação dentro de um espaço com
de Brasília e na Universidade de Brasília. contínua utilização, renovação e criação de

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novas formas de legitimação do poder e de e em todas as atividades do estado, num
atuação efetiva da sociedade no controle, verdadeiro exercício da cidadania.
na fiscalização e na tomada de decisões
do Estado. 4. Sistema democrático estabelecido
A experiência democrática, na maioria
pela Constituição de 1988
dos países, demonstrou a ineficiência e as
distorções que a democracia representati- A Constituição é a carta que organiza
va significava, incapaz de responder aos e delimita os poderes do Estado; define a
anseios da sociedade. Por outro lado, a forma de exercício do poder, os meios de
democracia direta parece utópica, impos- organização, de sustentação do Estado e as
sível de ser viabilizada. Do mesmo modo, vias do exercício da democracia. É, também,
a semidireta ficou aquém das expectativas, a fonte da qual provém as garantias e liber-
vez que somente inseria alguns elementos dades individuais. A Carta Política brasi-
da democracia direta no sistema. Daí re- leira pode ser considerada uma das mais
sultou a democracia participativa, aberta modernas e democráticas do mundo.
a todas as formas de atuação do povo nas A Constituição, no art. 1o, determina que
decisões políticas e nos atos da Adminis- o Brasil é uma República Federativa, forma-
tração Pública. da pela união indissolúvel dos Estados e
Rubens Pinto Lyra admite que o enve- Municípios e do Distrito Federal. Qualifica
lhecimento das teorias sobre democracia e o Estado como Democrático de Direito. No
o surgimento de formas inovadoras, “sui Parágrafo Único do mesmo artigo, prevê
generis”, de participação popular impõem que todo o poder emana do povo; que esse
uma redefinição do conceito de democracia poder será exercido por meio de represen-
participativa. Assevera que a participação tantes (democracia indireta) e também de
política somente ocorre quando o cidadão forma direta. Isso significa dizer que a base
pode apresentar e debater propostas, de- do sistema democrático será não apenas o
liberar sobre elas, mudar o curso da ação voto, mas também a participação popular,
estabelecida pelas forças constituídas e direta, pelos meios e instrumentos consti-
elaborar ações alternativas. Haverá demo- tucionais e legais.
cracia participativa quando houver amplas A Constituição declara seus princípios
formas de o cidadão participar, decidindo, fundamentais e afirma a soberania popular.
opinando, direta ou indiretamente, por Tudo objetivando assegurar o exercício dos
meio de entidade que possa integrar, peran- direitos sociais e individuais, a liberdade, a
te uma gama diversificada de instituições, segurança, o bem-estar, o desenvolvimento,
no âmbito da sociedade, seja ela empresa- a igualdade e a justiça como valores supre-
rial, familiar, educacional, seja na esfera mos de uma sociedade fraterna, pluralista
pública, como no orçamento, nos conselhos e sem preconceitos, fundada na harmonia
de direito, nos conselhos consultivos, nas social.
ouvidorias etc. Considerando a democracia semidireta
Na democracia participativa, as eleições como a simples conjugação da represen-
livres, os partidos de oposição, a liberdade tação com institutos da democracia dire-
de imprensa, o instituto da representação, ta, não se pode dizer que a democracia
os institutos clássicos da democracia direta afirmada na Constituição seja semidireta,
e a previsão constitucional de um estado pois, no decorrer de seu texto, há diversas
democrático são apenas pilares, elementos, formas inovadoras de participação da so-
de uma estrutura democrática participati- ciedade nas atividades estatais. Assim, a
va. Para concretizá-la, há de existir efetiva Constituição institui, como paradigma, a
participação em todo o processo decisório democracia participativa, reconhecendo o

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sufrágio universal, inserindo institutos da não se poderá falar em democracia sem a
democracia direta, como referendo, plebis- persecução destes objetivos: construir uma
cito e iniciativa popular e proporcionando sociedade livre, justa e solidária; garantir
outros meios de participação e controle o desenvolvimento nacional; erradicar a
da sociedade nas decisões políticas e nas pobreza e a marginalização e reduzir as
atividades da administração pública. desigualdades sociais e regionais; promo-
A proposta da democracia participativa ver o bem de todos, sem preconceitos de
é no sentido de incorporar na prática demo- origem, raça, sexo, cor, idade e quaisquer
crática novos e modernos instrumentos de outras formas de discriminação.
controle e de participação no poder, com No contexto constitucional, cidadania
ênfase nos mecanismos de controle social deve significar mais que a mera participa-
(CARRION, 2001, p. 49-52). ção no processo eleitoral. A Constituição
Segundo José Antonio Moroni (2005), o foi chamada de “Carta Cidadã” exatamente
sistema democrático estabelecido na Cons- pelo fato de estarem nela presentes as
tituição é resultado de um processo que exi- garantias e direitos individuais, amplos
giu não só a democratização, mas também direitos sociais e, também, mecanismos
a publicização do Estado, a necessidade de expressão da vontade popular, para
do controle social em cinco dimensões: o efetivo exercício da cidadania. Para a
formulação, deliberação, monitoramento, democracia participativa, cidadão não é
avaliação e financiamento das políticas mero sinônimo de eleitor, mas de indivíduo
públicas. participante, fiscalizador e controlador da
Como dito anteriormente, a Constitui- atividade estatal.
ção adota o Estado democrático de direito, Sem dúvidas, novo paradigma no ar-
que, segundo José Afonso da Silva (2000), cabouço jurídico e democrático brasileiro
se funda no princípio da soberania popular, é estabelecido pela Constituição. Todo o
impondo a participação efetiva e operante rol de direitos e garantias individuais, de
do povo na coisa pública, participação esta fundamentos e objetivos da República, de
que não se exaure na simples formação das direitos políticos e sociais, buscam não so-
instituições representativas, mas na busca mente evidenciar, mas também consolidar
do completo desenvolvimento do Estado, a democracia brasileira, que será sempre
procurando realizar o princípio demo- baseada na soberania popular, pelo exer-
crático como garantia geral dos direitos cício pleno da cidadania.
fundamentais da pessoa humana. Aproveitando lição de Norberto Bobbio,
No art. 2o, a Constituição institui como pode-se dizer que o que ocorreu foi a am-
poderes da União, o Legislativo o Execu- pliação do processo de democratização, a
tivo e o Judiciário, que são, na atualidade, expansão do poder, da soberania popular,
condição sine qua non para a existência de em que se passa a considerar o cidadão
um Estado democrático. Um dos primeiros além da esfera de suas relações políticas,
passos para uma democracia é, há muito, a considerando também suas relações entre
separação dos poderes, com independência si e com o Estado.
e harmonia entre eles. A Constituição Federal de 1988 inova
De acordo com o art. 1o da Constituição, em aspectos essenciais, especialmente no
não haverá democracia sem veneração que se refere à gestão das políticas públicas,
à soberania, à cidadania, à dignidade da por meio do princípio da descentralização
pessoa humana, aos valores sociais do tra- político-administrativa, alterando normas
balho, aos da livre iniciativa e ao pluralismo e regras centralizadoras e distribuindo me-
político. Mas também há de se observar os lhor as competências entre o poder central,
objetivos traçados pelo art. 3o, de modo que os poderes regionais e locais. O sistema

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democrático adotado pela Constituição aqueles atinentes à representação, basica-
buscou criar mecanismos em complemento mente relacionados ao sufrágio universal;
às instituições representativas tradicionais, b) aqueles tradicionalmente constantes do
incorporando na dinâmica política da socie- rol dos instrumentos da democracia direta:
dade civil, organizada em suas entidades e plebiscito, referendo e iniciativa popular;
associações, maior e mais efetivo controle c) aqueles inovadores, peculiares da de-
social, além de dar dimensão mais real e mocracia participativa, que consistem nas
mais efetiva à prática democrática (MO- mais variadas formas de participação da
RONI, 2005). sociedade, como meio de legitimação do
poder e exercício da soberania popular.
4.1. Instrumentos da democracia A seguir, estão elencados os enunciados
participativa previstos na Constituição constitucionais que garantem a democracia
Como dito anteriormente, a democracia participativa no Brasil e que inspiraram
participativa no Brasil, com a acepção que a criação, por lei, de diversos outros ins-
assume modernamente, não se restringe à trumentos de participação da sociedade.
conjunção de elementos tradicionais da re- Os itens relacionados não contemplam os
presentação, com elementos da democracia dispositivos tradicionais da democracia
direta. A democracia participativa engloba representativa nem da democracia direta,
outros mecanismos constitucionais e legais por já estarem consagrados na doutrina.
de participação e controle social. Contemplam apenas aqueles dispositivos,
Aqui se deverá entender, como me- de certa forma inovadores, que podem
canismos e instrumentos da democracia significar abertura para uma maior par-
participativa, toda e qualquer forma legal ticipação da comunidade nas atividades
de controle, pela sociedade, dos atos da estatais.
administração; todo e qualquer ato de – obrigação de os órgãos públicos pres-
atuação popular nas decisões políticas e tarem informações de interesse particular,
na gestão da coisa pública; todas as formas ou de interesse coletivo ou geral, no prazo
que objetivem dar mais legitimidade às de- da lei (Art. 5o, XXXIII – Constituição Fede-
cisões e aos atos administrativos, por meio ral – CF);
de qualquer instrumento legal que garanta – direito de petição aos poderes públicos
mais participação popular. em defesa de direitos ou contra ilegali-
De acordo com Alice Maria Gonzalez dade ou abuso de poder (Art. 5o, XXXIV,
Borges (2006), o que a Constituição busca, a – CF);
com a permissão ou previsão da partici- – reconhecimento da competência do
pação popular, é garantir que a sociedade Tribunal do Júri, de caráter eminentemente
civil organizada, no exercício da cidadania popular, de participação da sociedade no
responsável, seja convocada a controlar e Poder Judiciário (Art. 5o, XXXVIII – CF);
fiscalizar efetivamente o cumprimento dos – legitimidade de qualquer cidadão para
programas anunciados pelos governantes e propor ação popular, em defesa de direito
das ações dos administradores. De diversas difuso, objetivando anular ato lesivo ao
maneiras, quer formais, quer informais, patrimônio público ou de entidade de que
quer judiciais ou não, a Constituição asse- o Estado participe, à moralidade adminis-
gura ao cidadão, em cada um dos Poderes trativa, ao meio ambiente e ao patrimônio
da República, formas de controle social histórico e cultural (Art. 5o LXXIII – CF );
e de participação da sociedade na gestão – participação da comunidade nas ações
pública. de seguridade social (Art. 194,VII – CF);
Assim, os instrumentos da democra- – participação dos trabalhadores e
cia participativa, no Brasil, podem ser: a) empregadores nos órgãos colegiados dos

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órgãos públicos, para defesa de interesses – disciplina da representação contra o
profissionais ou previdenciários (Art. 10 exercício negligente ou abusivo de cargo,
– CF); emprego ou função na administração pú-
– previsão de aprovação da população, blica (Art. 37, § 3o, III – CF). Além das ouvi-
por plebiscito, em caso de incorporação, dorias, inspirou a criação das corregedorias
subdivisão ou desmembramento de Esta- no serviço público;
dos (Art. 18, § 3o – CF); – instituição de conselhos de política de
– previsão de consulta prévia, mediante administração e remuneração de pessoal,
plebiscito, às populações dos Municípios em todas as esferas da Federação, com a
envolvidos, para a criação, a incorporação, participação dos servidores (Art. 39 – CF);
a fusão e o desmembramento de Municí- – realização de audiências públicas das
pios (Art. 18, § 4o – CF); comissões do Legislativo com entidades da
– previsão de lei sobre a iniciativa popu- sociedade civil ( Art. 58, II – CF);
lar no processo legislativo estadual (Art. 27, – viabilização de corregedorias e ouvi-
§ 4º – CF). Esse dispositivo levou os Estados dorias, no âmbito do Legislativo, para re-
a regulamentarem a iniciativa popular e a ceber petições, reclamações, representações
criarem, alguns deles, a Comissão de Legis- ou queixas de qualquer pessoa contra atos
lação Participativa, facilitando a participa- ou omissões das autoridades ou entidades
ção popular no processo legislativo; públicas (Art. 58, IV – CF);
– colaboração de associações represen- – legitimidade dos cidadãos para inicia-
tativas da coletividade no planejamento tiva de leis (Art. 61, § 2o – CF);
municipal ( Art. 29, XII – CF). Deu origem – legitimidade ao cidadão, partido
ao Orçamento Participativo, em âmbito mu- político, associação ou sindicato, para
nicipal, em diversas cidades brasileiras; denunciar irregularidades ou ilegalidades
– previsão de iniciativa popular de pro- perante o Tribunal de Contas da União (Art.
jetos de lei de interesse específico do Mu- 74, § 2o – CF);
nicípio, da cidade ou de bairros, mediante – participação de seis cidadãos brasilei-
manifestação de, pelo menos, cinco por ros natos, no Conselho da República (Art.
cento do eleitorado ( Art. 29, XIII – CF); 89, VII – CF);
– colocação das contas dos municípios – participação de dois cidadãos no
à disposição dos cidadãos, que poderão Conselho Nacional de Justiça (art. 103-b,
questionar-lhes a legitimidade e a legali- XIII – CF);
dade (Art. 31, § 3o – CF); – previsão de corregedoria, no âmbito
– participação dos usuários na adminis- do Superior Tribunal de Justiça (Art. 103-B,
tração direta e indireta quando se tratar de § 5o, I – CF);
prestação de serviços à comunidade (Art. – previsão de ouvidorias de justiça, no
37, § 3o – CF); âmbito da União, Distrito Federal e Territó-
– obrigatoriedade de a Administração rios, para receber reclamações e denúncias
direta e indireta criar mecanismos para (Art. 103-B, § 7o – CF);
receber reclamações relativas à prestação – participação de dois cidadãos no Con-
dos serviços públicos em geral (Art. 37, § 3o, selho Nacional do Ministério Público (Art.
I – CF). Esse dispositivo ensejou a criação de 130-A, VI – CF);
ouvidorias e outras formas de atendimento – criação de ouvidorias do Ministério
aos usuários; Público, em âmbito federal e estadual,
– acesso da sociedade a registros admi- para receber reclamações e denúncias de
nistrativos e a informações sobre atos de qualquer interessado contra membros ou
governo, observado o disposto no art. 5º, órgãos do Ministério Público (Art. 130-A,
X e XXXIII (art. 37, § 3o, II – CF); § 5o – CF);

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– fiscalização pela sociedade quanto às Conselhos de direito; Conselhos gestores
atividades das empresas públicas, socieda- de políticas públicas; Orçamento participa-
des de economia mista e suas subsidiárias, tivo; Ouvidorias; Comissões de legislação
que explorem atividade econômica de participativa. Tudo inspirado no sistema
produção (Art. 173, § 1o, I – CF); democrático estabelecido pela Constituição
– participação do setor de produção, de 1988. Isso significa que, não somente os
envolvendo produtores e trabalhadores mecanismos e instrumentos atualmente co-
rurais, bem como dos setores de comercia- nhecidos, mas diversos outros podem vir a
lização, de armazenamento e de transportes integrar o elenco das formas que compõem
na política agrícola (Art. 187 – CF); a democracia participativa no Brasil, sob a
– participação da comunidade, na ges- égide da Constituição Cidadã.
tão administrativa das ações de seguridade RUBENS PINTO LYRA (1999), nesse
social ( art. 194, parágrafo único, inciso sentido, afirma:
VII – CF). Deu origem aos Conselhos de “A Constituição de 1988, ao consa-
Assistência Social; grar, junto com os mecanismos de
– participação da comunidade nas ações representação, o princípio de parti-
e serviços públicos de saúde (Art. 198, III – cipação direta na gestão pública pro-
CF). Deu origem aos Conselhos de Saúde; duziu – ou inspirou – a emergência
– participação da população, por meio de diversos institutos de gestão ou
de organização representativa, na formula- fiscalização de políticas públicas, que
ção das políticas e no controle das ações da corporificam essa práxis participati-
Assistência Social (Art. 204, II – CF); va: as consultas populares, os conse-
– colaboração da sociedade na promo- lhos gestores de políticas públicas,
ção e incentivo da educação ( art. 205 – CF) o orçamento participativo e as ouvi-
e gestão democrática da educação (Art. 206, dorias. Tais mudanças repercutiram
VI – CF); também, como não podia deixar de
– colaboração da comunidade com o po- ser, nas áreas de segurança e de jus-
der público, para a proteção do patrimônio tiça. Graças à iniciativa de militantes
cultural brasileiro (Art. 216, § 1o – CF); de direitos humanos, foram criados
– exercício, pela coletividade, do dever Conselhos Estaduais encarregados
de preservar o meio ambiente para as pre- da defesa e da promoção desses di-
sentes e futuras gerações ( Art. 225 – CF); reitos, com a presença majoritária de
– participação das entidades não gover- órgãos independentes do Governo:
namentais nos programas de assistência Conselhos de Segurança e de Justiça,
integral à saúde das crianças e adolescentes dotados de expressiva participação
(Art. 227, § 1o – CF); da sociedade civil e Ouvidorias autô-
– participação da sociedade no amparo nomas, com seus titulares recrutados
às pessoas idosas (Art. 230 – CF); fora da corporação policial.”
– participação de representantes da so-
ciedade civil, no Conselho Consultivo e de Conclusão
Acompanhamento do Fundo de Combate e
Erradicação da Pobreza (Art. 79 das Dispo- Considerando democracia como resul-
sições Constitucionais Transitórias). tado de um contexto histórico, e em que
É importante dizer que, como visto, pese o importante papel da democracia
diversos instrumentos da democracia par- liberal na passagem do estado totalitário
ticipativa não estão direta e expressamente para o estado democrático, pode-se dizer
previstos na Constituição, mas na legislação que atualmente democracia significa muito
infraconstitucional. Trata-se da criação dos mais que os institutos vinculados à repre-

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sentação e muito mais que a legitimação A concepção de que a democracia par-
das decisões tomadas pelos representantes, ticipativa se equivale à democracia semi-
mediante a realização de eleições. direta, no sentido de contar com os meca-
Aliás, ao longo do tempo, autores de nismos da representação e com as clássicas
renome, como Rousseau, Norberto Bobbio, formas de participação direta, já não pode
além de outros não menos importantes, mais subsistir. Não há mais espaço para
deixaram claro que a democracia repre- restringir a democracia participativa. Esta
sentativa não poderia subsistir no tempo, assume efetivamente um conceito de maior
em face da deficiência dos mecanismos amplitude, admitindo a inserção de novos e
representativos que culminariam em mar- diferentes mecanismos de participação po-
car grande distância entre representantes pular a cada dia, na tentativa de se alcançar
e representados, prenunciando uma grave o “bem-estar, o desenvolvimento, a igual-
crise de legitimidade. dade e a justiça como valores supremos de
No contexto da realidade brasileira, a uma sociedade fraterna, pluralista e sem
história da democracia está intimamente preconceitos, fundada na harmonia social”
vinculada à história das constituições, (preâmbulo da Constituição de 1988), pelo
principalmente considerando que estas pleno exercício da democracia, com a maior
organizam o Estado, definem seus limites participação possível da sociedade.
e determinam sua relação com os cidadãos.
A Constituição de 1988, especialmente, sig-
nificou uma sólida base para o desenvolvi- Referências
mento dos mais diversos tipos de participa-
AFFONSO, Almino. Democracia participativa plebisci-
ção da população na fiscalização, controle, to, referendo, iniciativa popular. Brasília: Câmara dos
formulação das políticas públicas e atos da Deputados, 1998.
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criar tantos mecanismos quantos forem ne- de Marco Aurélio Nogueira. São Paulo: Brasiliense,
cessários para a efetiva e real participação 2005.
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baseada não nesses ou naqueles institutos Aurélio Nogueira. São Paulo: Paz e Terra, 2000. (Pen-
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dinâmica democrática, perante uma cons- BORGES, Alice Maria Gonzalez. Democracia parti-
ciente participação da população por todas cipativa: reflexões sobre a natureza e a atuação dos
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