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TABELA PRICE E ANATOCISMO

QUESITO
Se da utilização da “Tabela Price”, e da correção do saldo devedor pela taxa de referência (TR), e demais
formas de correção prevista contratualmente, há incidência de juros sobre juros? Por derradeiro, verifique
se há incidência ou não de JUROS SOBRE JUROS, o que caracteriza o ANATOCISMO.

ORLANDO OLIVEIRA DA CRUZ


Nos financiamentos do SFH a capitalização de juros se configura quando da ocorrência de amortização negativa,
(prestação insuficiente para quitar os juros mensais), mediante incorporação da insuficiência de juros ao saldo
devedor, que estará sujeito a nova incidência de juros no período seguinte. Tal situação se verifica em alguns meses
do prazo decorrido do presente contrato.
A ocorrência da amortização negativa se dá pela seguinte razão: a) calculada a primeira prestação do
financiamento, as demais são obtidas pela aplicação dos índices de reajustes pactuados em contrato; b) a cada mês, a
parcela de amortização de cada prestação é sempre calculada pela diferença entre o valor total pago pelo mutuário
(chamado Encargo Mensal) menos as parcelas de seguros e de juros calculados sobre o saldo devedor; c) como o
saldo devedor é reajustado com mais freqüência e por índices diferentes dos aplicados à prestação, a parcela de juros
- que é calculada sobre este saldo – apresenta, mês a mês, um crescimento maior que o observado para os valores
mensais pagos pelo mutuário; d) em decorrência, a parcela de amortização – que é obtida por diferença – muitas
vezes apresenta valor negativo, isto é, o valor pago pelo mutuário só é suficiente para pagar a parcela de seguro e
parte dos juros mensais devidos; e ) a parte dos juros que não paga é incorporada ao saldo devedor.
Desta forma, a capitalização de juros ocorre não por uma disposição de cláusula contratual ou pela escolha do
sistema de amortização, mas em decorrência exclusivamente da amortização negativa.
A afirmação de que a adoção da Tabela Price implica a incidência de juros sobre juros só é verdadeira do ponto de
vista do CREDOR (que emprestou o dinheiro) e desde que os valores por ele recebidos a cada mês sejam
reaplicados no mesmo momento e à mesma taxa do contrato original.
Para o DEVEDOR, que paga juros calculados a cada mês sobre o saldo devedor, não há capitalização de juros
e não se caracteriza o ANATOCISMO.

JOSEMAR BENEDITO
A afirmação de que o uso da Tabela Price provoca a incidência de juros sobre juros em uma operação de
financiamento é verdadeira do ponto de vista do CREDOR (que emprestou o dinheiro), desde que os valores por ele
recebidos a cada mês, a título de principal e juros, sejam reaplicados no mesmo momento em novas operações, à
mesma taxa de juros e pelo respectivo prazo remanescente do contrato original.
Para o DEVEDOR, que paga juros calculados sobre o saldo devedor a cada mês, não há a incidência de juros
sobre juros desde de que a prestação mensal se revele suficiente para quitar pelo menos a totalidade dos juros
devidos mensalmente.
O ANATOCISMO somente se configura nos contratos onde ocorre amortização negativa, isto é, prestação
insuficiente para quitar a parcela de juros mensais. A insuficiência de juros é incorporada ao saldo devedor, que
estará sujeito a nova incidência de juros no período seguinte, caracterizando, desta forma, o anatocismo.
Assim, a capitalização de juros ocorre não por uma disposição de cláusula contratual ou pela escolha do sistema de
amortização (Tabela Price, SAC ou outro qualquer), mas em decorrência exclusivamente da amortização negativa.
No caso deste contrato, como houve a redução de 35% no valor da primeira prestação — com vistas à adequação da
prestação inicial com a renda do autor —, e a adoção da série gradiente, a capacidade de pagamento das prestações
iniciais ficaram bastante reduzidas, agravando-se as condições para a ocorrência da amortização negativa.
Devido às peculiaridades do presente contrato desde o vencimento da primeira prestação aconteceram amortizações
negativas e, assim sendo, existiu a incidência de juros sobre juros.
Muito se tem discutido quanto à utilização da Taxa Referencial – TR como indexador do saldo devedor de contratos
de financiamentos, uma vez que a metodologia de cálculo da TR, que corrige os saldos das Cadernetas de
Poupança, além de ser um instrumento de política monetária, contém componentes de taxas de juros, não refletindo
a variação de preços em um determinado período.
Segundo a metodologia de apuração, a TR é obtida com base em uma taxa média ponderada de remuneração dos
CDB/RDB das 30 maiores instituições financeiras do país menos um redutor estabelecido pelo Banco Central do
Brasil.
Se admitido que há componentes de taxa de juros no indexador utilizado como reajuste do saldo devedor e se os
juros incidem sobre o saldo devedor previamente atualizado, é pertinente a discussão se estaria caracterizada, nestas
operações, a ocorrência de anatocismo, o que é questão de direito, subordinada, portanto, à decisão da Ex ma. Dra.
Juíza.

LUCY ANA RODRIGUES


Como consta na resposta ao Quesito 2 e apresentado na alínea a.1 do Quesito 1, no ato da assinatura do contrato, a
parcela de juros da primeira prestação é calculada sobre o valor do financiamento. A partir do vencimento da
primeira prestação, e em todos os demais vencimentos, os juros devidos são calculados sobre o saldo devedor do
mês anterior, devidamente atualizado.
No entendimento deste Perito, o ANATOCISMO se configura nos contratos onde ocorre amortização negativa,
(prestação insuficiente para quitar a parcela de juros mensais). A insuficiência de juros é incorporada ao saldo
devedor, sujeito a nova incidência de juros no período seguinte.
Devido às peculiaridades do presente contrato as 57 primeiras prestações apresentam amortização negativa e, assim
sendo, existe a incidência de juros sobre juros neste período.
QUESITO
A Tabela Price tem pertinência de juros sobre juros?

CÉLIA DAMAS E ROBERTO AZEVEDO


A afirmação de que Tabela Price tem pertinência de juros sobre juros em uma operação de financiamento é
verdadeira do ponto de vista do CREDOR (que emprestou o dinheiro), desde que os valores por ele recebidos a
cada mês, a título de principal e juros, sejam reaplicados no mesmo momento em novas operações, à mesma taxa
de juros e pelo respectivo prazo remanescente do contrato original.
Para o DEVEDOR, que paga juros calculados sobre o saldo devedor a cada mês, não há capitalização de juros desde
de que a prestação mensal fixada pelo sistema de amortização se revele suficiente para quitar a totalidade dos juros
devidos mensalmente.
Nos financiamentos do SFH a capitalização de juros se configura quando da ocorrência de amortização negativa
(prestação insuficiente para quitar a totalidade dos juros mensais), mediante incorporação da insuficiência de juros
ao saldo devedor, que estará sujeito a nova incidência de juros no período seguinte.
Desta forma, a capitalização de juros ocorre não por uma disposição de cláusula contratual ou pela escolha do
sistema de amortização (Tabela Price, SAC ou outro qualquer), mas em decorrência exclusivamente da amortização
negativa.

QUESITO
Na planilha fornecida pela ré, as amortizações negativas (coluna “amortização”) é o resíduo dos juros que o
autor não conseguiu pagar com o valor das prestações? (S/N) Justifique.

CÉLIA DAMAS E ROBERTO AZEVEDO


Sim. A ocorrência da amortização negativa se dá pela seguinte razão: a) calculada a primeira prestação do
financiamento, as demais são obtidas pela aplicação dos índices de reajustes pactuados em contrato; b) a cada mês, a
parcela de amortização de cada prestação é sempre calculada pela diferença entre o valor total pago pelo mutuário
(chamado Encargo Mensal) menos as parcelas de seguros, FCVS e de juros calculados sobre o saldo devedor; c)
como o saldo devedor é reajustado com mais freqüência e por índices diferentes dos aplicados à prestação, a parcela
de juros - que é calculada sobre este saldo – apresenta, mês a mês, um crescimento maior que o observado para os
valores mensais pagos pelo mutuário; d) em decorrência, a parcela de amortização – que é obtida por diferença –
muitas vezes apresenta valor negativo, isto é, o valor pago pelo mutuário só é suficiente para pagar a parcela de
seguro e parte dos juros mensais devidos; e) a parte dos juros não paga é incorporada ao saldo devedor.
No mês seguinte, como houve incorporação da insuficiência de juros ao saldo devedor, há a incidência de juros
sobre juros quando se calcula os juros mensais devidos.
JOSÉ GOMBERG

QUESITO 7
Queira o senhor perito indicar se, a metodologia para a obtenção de prestações uniformes, dados o capital
emprestado, a taxa de juros e o número de prestações periódicas é a chamada TABELA PRICE;

Sim. A metodologia citada acima é a chamada TABELA PRICE.

QUESITO 8
Queira o sr. Perito indicar se essas prestações podem ser obtidas através de calculadora financeira, e como;

Sim. Na maioria das calculadoras são necessários os seguintes passos:

DIGITAR TECLAR RESULTADO/VISOR


O valor do empréstimo PV Valor do empréstimo

A taxa de juros do período I Valor da taxa de juros nominais do período


O número de períodos N Valor do número de períodos do empréstimo
- PMT Valor das prestações (Amortização + Juros)

Outros passos serão necessários para se obter, por exemplo, o valor da soma das amortizações entre dois períodos e
cada calculadora tem sua peculiaridade. Mas, basicamente, todas as calculadores financeiras podem fornecer os
dados essenciais para a evolução de um contrato de empréstimo.

QUESITO 9
Queira o sr. Perito indicar se a fórmula matemática para cálculo do valor da prestação uniforme pela Tabela
PRICE corresponde a seguinte expressão:
U = P x [ i(1+i)n / (1+i)n –1] (Formula do valor uniforme)
O fator [ i x (1+i) n / (1+i)n – 1] é denominado Fator de recuperação de capital de uma série uniforme de
pagamentos, representado por (P/U,i,n)

Sendo U o valor da prestação, P o valor do capital emprestado, i a taxa nominal de juros de cada período e n o
número de períodos, a fórmula matemática para cálculo do valor da prestação uniforme pela TABELA PRICE é a
mencionada no quesito acima e o fator citado é o de recuperação do capital aplicado.

QUESITO 10
Queira o sr. Perito demonstrar, na forma contábil americana simplificada (histórico, débito/crédito e saldo),
a involução do saldo do contrato em dois demonstrativos:
- utilizando-se das prestações mensais e desconsiderando a correção monetária, demonstrar a involução de
saldo devedor, com anatocismo mensal declarado (antes do débito das prestações, somar ao saldo
devedor os juros do período);
- utilizando-se mesmas prestações mensais e desconsiderando a correção monetária, demonstrar a
involução de saldo devedor, SEM anatocismo mensal (acumular os juros em controle a parte, para somá-
los ao capital somente uma vez ao ano, em 1º de janeiro de cada ano);

No entendimento desse Perito o ANATOCISMO somente se configura nos contratos onde ocorre amortização
negativa, isto é, prestação insuficiente para quitar a parcela de juros mensais. A insuficiência de juros é incorporada
ao saldo devedor, sujeito a nova incidência de juros no período seguinte, caracterizando, desta forma, o Anatocismo.
Na primeira modalidade de evolução do saldo devedor solicitada pelo Autor, a qual é qualificada como involução
com anatocismo mensal declarado, cabe esclarecer que o anatocismo só de carateriza nesta modalidade se o valor
da prestação a ser debitado a cada mês for menor que o valor dos juros somados ao saldo devedor na mesma data
do débito da prestação
O ANEXO 4 - PLANILHA DE EVOLUÇÃO DA PRESTAÇÃO E DO SALDO DEVEDOR TEÓRICO –
SEM CORREÇÃO MONETÁRIA E ACUMULANDO JUROS CONTRATUAIS MENSALMENTE
demonstra o comportamento do saldo devedor teórico (considerando como pagas todas as prestações devidas) na
primeira modalidade solicitada pelo Autor. Em 11/07/06, quando do vencimento da 180 a prestação, o saldo devedor
torna-se nulo.
O ANEXO 5 – PLANILHA DE EVOLUÇÃO DA PRESTAÇÃO E DO SALDO DEVEDOR TEÓRICO –
SEM CORREÇÃO MONETÁRIA E ACUMULANDO JUROS CONTRATUAIS ANUALMENTE demonstra
o comportamento do saldo devedor teórico (considerando como pagas todas as prestações devidas), na segunda
modalidade solicitada pelo Autor. Em 11/10/03, quando de vencimento da 147 a prestação, o saldo devedor torna-se
nulo.
SÉRGIO ELEOTÉRIO

QUESITO 9
É importante frisar, de início, que a capitalização acarreta a invalidade da cláusula que prevê, mesmo que
haja pacto acerca da sua incidência.
Veda o Decreto 22.626/33, em seu art. 4º a contagem de juros sobre juros; como resultado da interpretação
dos tribunais a este dispositivo foi editado o enunciado n. 121 da Súmula do STF, cujo texto é o seguinte: "É
vedada a capitalização de juros, ainda que expressamente convencionada."
Capitalização composta é aquela em que a taxa de juros incide sobre o capital inicial, acrescido dos juros
acumulados até o período anterior. Neste regime de capitalização a taxa varia exponencialmente em função
do tempo.
Assim a fórmula final do montante é dada pela equação:
S = P (1 + i) n
No âmbito do modelo Price, especificamente, a capitalização de juros se faz incontroversa quando se
contempla a fórmula utilizada para o cálculo das prestações, dentro da qual se encastela sem nenhum pudor
o fator exponencial (n) acima descrito:
VF* ((1 + i)n x i)
PMT = ————————
((1 + i) n - 1)
PMT = prestação
VF = valor financiado
i = taxa de juros
n = prazo do contrato
Incontroverso que a metodologia de cálculo denominada método Francês de Amortização ou Tabela Price,
acarreta a ilegal capitalização de juros. Até porque a matemática é uma ciência exata, onde não se admitem
diversas explicações para o mesmo fenômeno. Assim, em havendo o elemento exponencial na equação, há a
presença de fórmula que prestigia a contagem de juros sobre juros.
Detectou V.Sa. a prática de “anatocismo” no presente contrato? Se positivo, apresente o resultado financeiro.
9.1 - ou a aplicação de juros capitalizados pela adoção da Tabela Price? Queira apresentar o resultado
financeiro desta pesquisa.
9.2 - Queira apurar a elevação de juros aplicada neste financiamento de forma abusiva e ilegal.
Apresente o resultado financeiro desta pesquisa.

No contrato em análise, tendo em vista não ter ocorrido a amortização negativa, isto é, a incorporação de parte da
parcela mensal de juros ao saldo devedor, não ficou caracterizada a capitalização de juros, uma vez que no saldo
devedor não há juros incorporados.
A ocorrência da amortização negativa se dá pela seguinte razão: a) calculada a primeira prestação do
financiamento, as demais são obtidas pela aplicação dos índices de reajustes pactuados em contrato; b) a cada mês, a
parcela de amortização de cada prestação é sempre calculada pela diferença entre o valor total pago pelo mutuário
(chamado Encargo Mensal) menos as parcelas de seguros e de juros calculados sobre o saldo devedor; c) como o
saldo devedor é reajustado com mais freqüência e por índices diferentes dos aplicados à prestação, a parcela de juros
- que é calculada sobre este saldo – apresenta, mês a mês, um crescimento maior que o observado para os valores
mensais pagos pelo mutuário; d) em decorrência, a parcela de amortização – que é obtida por diferença – muitas
vezes apresenta valor negativo, isto é, o valor pago pelo mutuário só é suficiente para pagar a parcela de seguro e
parte dos juros mensais devidos; e ) a parte dos juros que não paga é incorporada ao saldo devedor.
Desta forma, a capitalização de juros ocorre não por uma disposição de cláusula contratual ou pela escolha do
sistema de amortização, mas em decorrência exclusivamente da amortização negativa.
A afirmação de que a adoção da Tabela Price implica a capitalização dos juros só é verdadeira do ponto de vista do
CREDOR (que emprestou o dinheiro) e desde que os valores por ele recebidos a cada mês sejam reaplicados no
mesmo momento e à mesma taxa do contrato original.
Para o DEVEDOR, que paga juros calculados a cada mês sobre o saldo devedor, não há capitalização de juros
e não se caracteriza o anatocismo.
ERALDO PESSANHA

QUESITO 2
Em caso negativo, queira o Dr. Perito informar se houve a prática da capitalização de juros? (art. 4º do Dec.
22.626.33, Port. SDE 3, enunciado nº 9)

No contrato em análise, tendo em vista ter ocorrido em diversos meses a amortização negativa, isto é, a
incorporação de parte da parcela mensal de juros ao saldo devedor, fica caracterizada a capitalização de juros, uma
vez que no saldo devedor há juros incorporados.
A ocorrência da amortização negativa se dá pela seguinte razão: a) calculada a primeira prestação do
financiamento, as demais são obtidas pela aplicação dos índices de reajustes pactuados em contrato; b) a cada mês, a
parcela de amortização de cada prestação é sempre calculada pela diferença entre o valor total pago pelo mutuário
(chamado Encargo Mensal) menos as parcelas de seguros e de juros calculados sobre o saldo devedor; c) como o
saldo devedor é reajustado com mais freqüência e por índices diferentes dos aplicados à prestação, a parcela de juros
- que é calculada sobre este saldo – apresenta, mês a mês, um crescimento maior que o observado para os valores
mensais pagos pelo mutuário; d) em decorrência, a parcela de amortização – que é obtida por diferença – muitas
vezes apresenta valor negativo, isto é, o valor pago pelo mutuário só é suficiente para pagar a parcela de seguro e
parte dos juros mensais devidos; e ) a parte dos juros que não paga é incorporada ao saldo devedor.
Desta forma, a capitalização de juros ocorre não por uma disposição de cláusula contratual mas em decorrência da
amortização negativa.

QUESITO 3
Tendo ocorrido a capitalização, queira o Dr. Perito esclarecer em qual forma foi adotada: se diária, mensal,
trimestral ou anual?

Como os juros são calculados a cada mês, a capitalização é mensal a partir da primeira ocorrência de amortização
negativa.

QUESITO 4
Queira o Dr. Perito informar se no presente contrato a Ré se utilizou da chamada Tabela Price? (Vide artigo
anexo "Tabela Price: enfim os Tribunais reconhecem a ilegalidade")

Sim. A primeira prestação contratual foi calculada com base na Tabela Price.
Quanto ao artigo mencionado, a afirmação de que "Tabela Price é capitalização dos juros compostos" é verdadeira
do ponto de vista do CREDOR (que emprestou o dinheiro), desde que os valores por ele recebidos a cada mês
sejam reaplicados no mesmo dia e à mesma taxa do contrato original. Para o DEVEDOR, que paga juros
calculados a cada mês, não há capitalização de juros compostos.
No caso do contrato em questão, a capitalização de juros se dá pela ocorrência da amortização negativa e não
porque a Tabela Price foi utilizada para calcular a primeira prestação contratual.
JOSEMAR BENEDITO

QUESITO 1
Qual o valor correto da primeira prestação, aplicando-se o Sistema Francês de Amortização, observando o
valor do financiamento, e o prazo para quitação?

Resposta
O valor correto da prestação (somente as parcelas de amortização e juros), na data da assinatura do contrato,
calculada pelo Sistema Francês Amortização (Tabela Price) e observando-se as condições estipuladas no contrato
(valor do financiamento, prazo e taxa de juros), multiplicado pelo Coeficiente de Equiparação Salarial (CES=1,15)
seria de Cr$ 123.838,75. Em razão da opção do autor pela Série em Gradiente, a prestação inicial resultou em R$
80.495,19. Se considerada a parcela do seguro no valor de R$ 21.895,16, o valores seriam, respectivamente, R$
145.733,91 e R$ 102.390,35.
O prazo previsto para a quitação do saldo devedor do financiamento, de acordo com o estabelecido no contrato, é de
240 meses, podendo ser prorrogado por mais 108 meses na ocorrência de saldo residual (parágrafo 1 o da cláusula
décima terceira).

ROBERTO AZEVEDO

QUESITO 2
Da forma como os juros vêm sendo cobrados, verifique se há juros capitalizados no presente financiamento?

A capitalização de juros se evidencia em decorrência da incorporação de parte dos juros mensais devidos ao saldo
devedor, nos meses em que as respectivas prestações (A+J) são insuficientes para quitar a sua totalidade.
No contrato em análise, tendo em vista ter ocorrido em diversos meses a amortização negativa, fica caracterizada a
capitalização de juros, uma vez que no saldo devedor há juros incorporados.
CONCLUSÃO

TABELA PRICE
ALZIRA MARLY PEDROSA x ITAÚ E JOSÉ GOMBERG x BRADESCO
A afirmação de que a Tabela Price implica a incidência de juros sobre juros em uma operação de financiamento
não é verdadeira do ponto de vista do DEVEDOR. Para o DEVEDOR, que paga juros calculados a cada mês
sobre o saldo devedor, não há capitalização de juros e não se caracteriza o ANATOCISMO pela simples
utilização da Tabela Price .
Do ponto de vista teórico, a afirmação de que o CREDOR (que emprestou o dinheiro) estaria sendo remunerado a
uma taxa de juros capitalizada é verdadeira desde que os valores por ele recebidos a cada mês, a título de principal
e juros, sejam reaplicados no mesmo dia e à mesma taxa de juros e pelos respectivos prazos remanescentes do
contrato original.

ANATOCISMO
ALZIRA MARLY PEDROSA x ITAÚ E JOSÉ GOMBERG x BRADESCO E JOSEMAR BENEDITO
Como mencionado nas respostas à quesitação, nos financiamentos do SFH o anatocismo se configura quando da
ocorrência de amortização negativa (prestação insuficiente para quitar a parcela de juros mensais). A insuficiência
de juros é incorporada ao saldo devedor, que estará sujeito a nova incidência de juros no período seguinte.
Tal situação não se verifica no presente contrato devido ao critério de atualização monetária do saldo devedor e do
encargo mensal: ambos são atualizados pelo mesmo índice e na mesma periodicidade.
Tal situação se verifica no presente contrato desde o vencimento da primeira prestação.

SOBRE A EXISTÊNCIA DE JUROS CAPITALIZADOS


CÉLIA DAMAS E ROBERTO AZEVEDO
Conforme mencionado nas respostas aos quesitos das autoras, nos financiamentos do SFH a capitalização de juros
se configura quando da ocorrência de amortização negativa (prestação insuficiente para quitar a totalidade dos juros
mensais), mediante incorporação da insuficiência de juros ao saldo devedor, que estará sujeito a nova incidência de
juros no período seguinte.
Desta forma, a capitalização de juros ocorre não por uma disposição de cláusula contratual ou pela escolha do
sistema de amortização (Tabela Price, SAC ou outro qualquer), mas em decorrência exclusivamente da amortização
negativa.

SOBRE A CAPITALIZAÇÃO DE JUROS E O ANATOCISMO


LUCY ANA
A afirmação de que há incidência de juros sobre juros em uma operação de financiamento é verdadeira do ponto
de vista do CREDOR (que emprestou o dinheiro), desde que os valores por ele recebidos a cada mês, a título de
juros, sejam reaplicados no mesmo dia e à mesma taxa de juros e pelos respectivos prazos remanescentes do
contrato original.
Para o DEVEDOR, que deverá pagar juros calculados a cada mês sobre o saldo devedor, não há capitalização de
juros.
No caso deste contrato, como apresentado na resposta ao Quesito 7 do autor, configura-se a ocorrência do
ANATOCISMO pois as 57 primeiras prestações são insuficientes para a quitação da parcela de juros mensais,
insuficiência esta que é incorporada ao saldo devedor, sujeito a nova incidência de juros no período seguinte.
A partir do 58o mês de execução, as prestações são suficientes para o pagamento da parcela de juros.

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