Você está na página 1de 44

36

Boletim Técnico

QUANTIFICAÇÃO DAS CINZAS


DE CARVÃO FÓSSIL
PRODUZIDAS NO BRASIL

Geol. Dr. Geraldo Mario Rohde


Claudomiro de Souza Machado

Julho 2016
GOVERNO DO ESTADO DO
RIO GRANDE DO SUL

José Ivo Sartori


Governador

Secretaria da Ciência, Inovação e Desenvolvimento Tecnológico

Fábio Oliveira Branco


Secretário

Marc Richter
Presidente Interino

Rodrigo Martins Saraiva


Superintendente de Produção

Anderson Fraga dos Santos


Superintendente de Administração
Boletim
Técnico 36 Julho/2016

Quantificação das Cinzas de


Carvão Fóssil Produzidas no Brasil

Geol. Dr. Geraldo Mario Rohde


Geólogo, Doutor em Ciências Ambientais
Pesquisador do Departamento de Geotecnia

Claudomiro de Souza Machado


Auxiliar de Pesquisa do
Departamento de Geotecnia
© 2016 – FUNDAÇÃO DE CIÊNCIA E TECNOLOGIA
Qualquer parte desta obra poderá ser reproduzida, desde que
citada a fonte.
Departamento de Informação Tecnológica – DINFOR
Rua Washington Luiz, 675 – CEP. 90010-460
Porto Alegre – Rio Grande do Sul – BRASIL
Tel. 0XX(51)3287.2058 – FAX 0XX(51)3287.2059
e-mail: biblio@cientec.rs.gov.br
homepage: www.cientec.rs.gov.br

Dados Internacionais de Catalogação-na-Publicação (CIP)


Bibliotecária Valéria Lucas Frantz
CRB10/1710

R737q Rohde, Geraldo Mario.

Quantificação das Cinzas de Carvão Fóssil Produzidas no


Brasil / Geraldo Mario Rohde, Claudiomiro de Souza
Machado. -- Porto Alegre: Cientec, 2016.

40 p. – (Boletim Técnico; 36)

1. Cinzas de Carvão. 2. Uso do Carvão Fóssil. 3.


Produção de Cinzas de Carvão. I. Fundação de Ciência e
Tecnologia. II. Machado, Claudiomiro de Souza. III. Título.
IV. Série.

CDU662.613.11:662.66(81)

04
RESUMO

Os processos de utilização termelétrica do carvão originam


vários resíduos. A matéria mineral associada ao carvão, e que não
foi separada daquele no processo de beneficiamento, constitui-se
em um material inerte nos processos de gaseificação ou
combustão direta do carvão. São as chamadas cinzas e conforme o
processo de gaseificação ou combustão do carvão, apresentam-se
em diversas formas tais como: escoria, cinzas de fundo e cinzas
volantes. Tendo em vista a produção atual de cinzas de carvão do
sul do Brasil e a perspectiva, em médio prazo, de uma ampliação
significativa desta geração – com carvão brasileiro e com carvões
importados, tornou-se necessário realizar a quantificação deste
fenômeno.
O Projeto ¨Estudo para a Quantificação das Cinzas de
Carvão Mineral Produzidas no Brasil – Projeto CINZABRASIL¨
teve como premissa esta situação e este trabalho apresenta os
seus principais resultados.
A partir da quantificação buscam-se os seguintes objetivos:

1 – promover a possibilidade de utilização de um material que tem


ampla aplicação em artefatos e estruturas de construção, tais
como bases de pavimentos, aterros, blocos, painéis, tijolos, pavers
e outros;

2 – reduzir a necessidade da mineração de materiais não


metálicos, como brita, areia e argila para uso na construção civil e
pavimentação;

3 – equacionamento da logística de armazenamento,


reaproveitamento, reciclagem e descarte dos resíduos da
conversão termelétrica;

4 – promover o esclarecimento da opinião pública pelo


desenvolvimento de informações repassadas à Frente
Parlamentar em Defesa do Carvão Mineral Gaúcho;

05
5 – fomentar a sustentabilidade da cadeia produtiva do carvão
termelétrico.

PALAVRAS-CHAVE: cinzas de carvão no Brasil; conversão


termelétrica de carvão; uso industrial do carvão; resíduos sólidos;
quantificação da produção de cinzas; mercado de cinzas, ciência
orientada por questões.

KEYWORDS: coal ashes in Brazil; coal-fired power plants


conversion; industrial use of coal; solid wastes; coal ashes
production quantification; coal ashes market, issue driven science.

06
1. OBJETIVOS

Os objetivos básicos do Projeto Estudo para a Quantificação


das Cinzas de Carvão Mineral Produzidas no Brasil foram os
seguintes:

1. levantamento do cenário atual no Rio Grande do Sul;

2. levantamento do cenário atual em Santa Catarina e Paraná;

3. levantamento do cenário atual nos demais estados produtores;

4. quantificação das cinzas de carvão mineral produzidas no


Brasil.

Estes objetivos foram divididos em etapas correspondentes e


ficaram assim definidas:

ETAPA I – LEVANTAMENTO DE DADOS DA GERAÇÃO DE


CINZA NAS TERMELÉTRICAS NO ESTADO DO RIO GRANDE
DO SUL – NA REGIÃO DE CANDIOTA

Complexo Termelétrico de Candiota - Fases A, B e C - Candiota

ETAPA II – LEVANTAMENTO DE DADOS DA GERAÇÃO DE


CINZA NAS TERMELÉTRICAS NO ESTADO DO RIO GRANDE
DO SUL – ÁREA METROPOLITANA

UTE São Jerônimo – CGTEE – São Jerônimo


UTE Charqueadas- TRACTEBEL – Charqueadas
BRASKEM- Triunfo
Celulose Rio-grandense – Guaíba

07
ETAPA III LEVANTAMENTO DE DADOS DA GERAÇÃO DE
CINZA NAS TERMELÉTRICAS NO ESTADO DE SANTA
CATARINA E PARANÁ

Complexo Termelétrico Jorge Lacerda A, B e C


TRACTEBEL ENERGIA S.A . – Capivari de Baixo
UTE Figueira – Carbonífera do Cambuí – Figueira

ETAPA IV – LEVANTAMENTO DE DADOS DA GERAÇÃO DE


CINZA NAS TERMELÉTRICAS NOS DEMAIS ESTADOS DO
BRASIL

Maranhão
Ceará

2. MÉTODO DE TRABALHO

Para a consecução do Projeto, foram efetuadas as seguintes


atividades:

- visitar os locais de produção de cinzas;


- realizar o levantamento de dados da produção de cinzas;
- coletar amostras significativas de cinzas;
- efetuar procedimento administrativo-logístico para a coleta
- e envio das mesmas para a CIENTEC;
- análise dos dados obtidos e elaboração do relatório.

Nota: As amostras de cinzas coletadas destinaram-se a outros


projetos e estudos em andamento, além de atividades
departamentais, possuindo escopo e atividades que não estavam
incluídos no Projeto CINZABRASIL.

08
3. EXECUÇÃO DO PROJETO

O Projeto foi executado nos meses de março de 2014 até o final


de outubro de 2014. Inicialmente previsto para terminar no mês de
agosto de 2014, houve a necessidade de uma prorrogação de 2
(dois) meses em função de várias ocorrências, tais como,
manutenções em unidades a serem visitadas, feriados em função
da Copa do Mundo 2014 no Brasil, períodos com chuvas intensas e
tempestades nos locais a serem visitados, etc.
Foram visitados e obtidas as informações básicas de todas as
unidades planejadas, e, além disso, foram obtidas informações
sobre a empresa Bianchini S. A. usuária de carvão não prevista no
planejamento inicial do projeto.

4. RELATÓRIO FINAL

4.1 SITUAÇÃO DO USO DO CARVÃO E SUA AMPLIAÇÃO NA


MATRIZ ENERGÉTICA BRASILEIRA – DADOS CALCULADOS
E HISTÓRICOS

O cenário nacional é, atualmente, extremamente favorável à


utilização do carvão fóssil, tanto o existente no sul do Brasil, quanto
à previsão de projetos em outros estados, utilizando carvão
importado. Consequentemente, a geração ampliada de grandes
quantidades de cinzas de carvão aponta para uma necessidade de
um correto encaminhamento desta questão ambiental, que irá se
multiplicar em pouco tempo. O Quadro 1 registra os principais
projetos de termelétricas previstos para os estados do Rio Grande
do Sul e Santa Catarina, o município e a potência prevista para ser
instalada. Além dos projetos de termelétricas apontados no Quadro
I, há outras unidades previstas para o território nacional. De fato, a
Vale possui um projeto de termelétrica a carvão para Barcarena, no
estado do Pará, com 600 MW de potência. O carvão a ser
empregado deverá ser importado da Colômbia ou de Moçambique.
Igualmente, a empresa possui duas outras termelétricas em São
Luís do Maranhão (600 MW) e um projeto para Vitória (600 MW).

09
Quadro 1 – Usinas Termelétricas Projetadas para o Sul do Brasil
– Rio Grande do Sul e Santa Catarina.
USINA MUNICÍPIO MW
UTE Fase D - CGTEE Candiota 350
UTE ENEVA Sul Candiota 727
UTE Seival - ENEVA Candiota 600
UTE Pampa Sul - Tractebel Candiota 340
UTE Jaguarão - Star Energy - Grupo Betim Candiota 1200
UTE Cibe Energia S.A. Candiota 700
UTE CT Sul Cachoeira do Sul 700
UTE Eleja (ex-Jacuí) Charqueadas 350
Usitesc Treviso 440

A empresa ENEVA (ex-MPX-EBX), além das usinas projetadas


para Candiota, tem mais três termelétricas a carvão no Brasil, uma
localizada em Porto Itaqui, no Maranhão (360 MW), com carvão
importado da Colômbia e duas localizadas em Porto de Pecém no
Ceará (Pecém I, com 720 MW – em parceria com a empresa EDP e
Pecém II, com 360 MW), com funcionamento a partir de carvão
importado da Colômbia.
No mês de dezembro de 2014 a empresa Tractebel teve êxito
em aprovar o seu projeto da UTE Pampa Sul, a ser construída no
município de Candiota, com previsão de entrar em operação em
janeiro de 2019.
O carvão mineral constitui uma fonte de energia cuja utilização
é pouco explorada em nosso país, basta verificar a nossa matriz
energética, onde as termelétricas a carvão são responsáveis,
apenas, por 1,5% desta energia. Nas Figuras 1 e 2 estão
registradas as matrizes energéticas atual e projeção para 2023.

10
Figura 1 – Matriz de energia elétrica nacional – atual.
Fonte: Ministério de Minas e Energia, 2013.

outros derivados

Figura 2 – Matriz de energia elétrica nacional – projeção.


Fonte: Ministério de Minas e Energia, 2013.

11
Das reservas de carvão fóssil conhecidas no Brasil,
aproximadamente 32,3 bilhões de toneladas, o Rio Grande do Sul
detém as maiores reservas, representando cerca de 89% do total
nacional (CRM, 2013), ao lado do segundo produtor, Santa
Catarina, com cerca de 10% e o Paraná é o terceiro e dispõe de
aproximadamente 1% das reservas nacionais conhecidas.
Pelas características dos carvões fósseis sulbrasileiros, tais
como: baixo poder calorífico, alto teor em matéria inorgânica e um
significativo teor em enxofre, a sua utilização tem sido direcionada
preferencialmente para a geração de vapor, em termelétricas,
sendo hoje a forma mais expressiva de utilização desse
combustível. Três polos regionais, localizados conforme mostra a
Figura 3, se destacam, no sul do Brasil, como consumidores de
carvão mineral como combustível, e consequentemente
geradores de cinzas resultantes de sua combustão.
A importância das cinzas cresce, na medida em que políticas
governamentais, que vem sendo adotadas para o setor energético,
acenam para um cenário favorável para a instalação, no Rio
Grande do Sul, ainda na presente década, de novas unidades
térmicas de carvão, num total de aproximadamente 1327 MW de
potência.

Figura 3 – Polos de geração de cinzas de carvão no sul do Brasil.


12
No Quadro 2 estão registradas as produções de cinzas volante
e de fundo das principais unidade geradoras da região Sul do
Brasil. As quantidades de cinzas geradas pelas Unidades
Termelétricas – UTEs foram obtidas por cálculo a partir de um valor
médio, tendo em vista sua potência nominal.
As quantidades de cinzas geradas pelas Unidades Industriais
(Quadro 3) foram obtidas de informações emanadas pelas
próprias indústrias no mês de dezembro de 2013.

Quadro 2 – Quantidades de cinzas geradas atualmente e projeção com a


implantação de novas UTEs no Estado do Rio Grande do Sul.
Potência Capacidade média de
Unidades Geradoras Instalada Produção de cinzas (t/ano)
Situação
(UTEs) em MW Volante Fundo
Presidente Médici
Em Fases A, B e C 796 2.063.232 687.744
Operação TRACTEBEL 72 198.288 66.096
Sub-Total 2.261.520 753.840

UTE Pampa Sul 727 2.002.158 667.386


Projeto
Seival 600 1.652.400 550.800

TOTAL 5.916.078 1.972.026

Fonte: Calculado a partir da potência nominal média das UTEs; Mallmann, 2013.

Quadro 3 – Quantidades de cinzas geradas atualmente por unidades


industriais no Estado do Rio Grande do Sul.

Capacidade média de produção


Unidades Geradoras de cinzas (t/ano)
Volante Fundo

Indústria Braskem 42.000 12.000

Indústria Celulose Riograndense 64.668 23.280

13
Tendo em vista os dados registrados nos Quadros 2 e 3,
obtidos na forma de cálculos da potência nominal e em declarações
históricas das empresas, verifica-se que a produção atual de cinzas
de carvão no Estado do Rio Grande do Sul disponíveis para uso são
da ordem de 1,5 milhões de toneladas/ano de cinzas volantes e 700
mil toneladas/ano de cinzas de fundo. Considera-se já nestes
números a parcela absorvida pelo uso na fabricação de cimento.
Ressalta-se, ainda, que toda a cinza de fundo é atualmente
descartada, retornando para as cavas de mineração.
A partir da realização de leilões de venda de modalidades de
energia incluindo as termelétricas a carvão fóssil nacional e
importado, tal como o ocorrido em dezembro de 2005, duas novas
usinas já estão viabilizadas pela ANEEL e mais quatro (CT Sul,
Seival, MPX Sul e Usitesc) estão sendo encaminhadas.
O projeto da Usina Termelétrica Sul-Catarinense S. A. –
USITESC com seus 440 MW está previsto para ser instalado no
município de Treviso (PALMA, 2005). Esta UTE utilizará um carvão
fóssil que, durante sua operação, irá originar 67% de cinzas. A
produção anual, apenas de cinzas volantes, será de 800.000
toneladas.
Até o final da década a produção de cinzas não utilizadas e a
serem, portanto, dispostas no ambiente, ultrapassará os 5 milhões
de toneladas/ano.
Deve ser ressaltado, por outro lado, que além das cinzas
"brasileiras" de carvão, já razoavelmente conhecidas do ponto de
vista científico, técnico e ambiental, passarão a existir outras – com
propriedades absolutamente desconhecidas por cientistas e
técnicos nacionais – a partir da utilização de carvões originários da
Colômbia, de Moçambique e da África do Sul, apenas para citar
alguns exemplos.
A matéria mineral associada ao carvão, e que não foi separada
dele no processo de beneficiamento, constitui-se em um material
inerte nos processos de gaseificação ou combustão direta do
carvão. São as chamadas cinzas e, conforme o processo de
gaseificação ou queima do carvão, apresentam-se sob diversas
formas, a saber: escórias, cinzas de fundo e cinzas volantes.
As escórias são produtos originados na queima ou
gaseificação do carvão granulado em grelhas móveis. São

14
retiradas pelo fundo das fornalhas, após serem resfriadas com
água. Frequentemente apresentam-se em granulometria grosseira
e blocos sinterizados, apresentando elevados teores de carbono
não queimado (10 a 20%).
As cinzas de fundo (bottom ash) são as cinzas mais pesadas e
de granulometria mais grossa, que caem para o fundo das
fornalhas e gaseificadores, sendo frequentemente retiradas por um
fluxo de água, principalmente nas grandes caldeiras de usinas
térmicas e centrais de vapor. Originadas nos processos de queima
do carvão em forma pulverizada e da queima ou gaseificação do
carvão em leito fluidizado, contem geralmente teores de carbono
não queimado de 5 a 10%.
As cinzas volantes (fly ash) são constituídas de partículas
extremamente finas (100% menor que 0,15mm), leves e que são
arrastadas pelos gases de combustão de fornalhas ou gases
gerados em gaseificadores industriais. Uma grande parcela dessas
partículas é retida por um sistema de captação tais como filtros de
tecido, ciclones, precipitadores eletrostáticos, etc. As grandes
unidades produtoras desse tipo de cinza são as usinas
termoelétricas e centrais de vapor.

4.2 QUANTIFICAÇÃO DAS CINZAS GERADAS

ETAPA I – POLO DO COMPLEXO TERMELÉTRICO DE


CANDIOTA

COMPLEXO TERMELÉTRICO DE CANDIOTA

O Complexo Termelétrico de Candiota está situado no


município de Candiota, mas a sua abrangência através de
impactos operacionais, logísticos, econômicos e
ambientais atinge os municípios de Pinheiro Machado,
Hulha Negra, Aceguá, Pedras Altas e Bagé, entre outros
(Figuras 4 e 5).
O carvão básico de contrato utilizado nas UTEs do
Complexo Termelétrico de Candiota é o CE 3300, sendo que
o carvão utilizado tem média de 3.100 kcal/kg. O carvão é o
15
mesmo utilizado por todas as unidades e possui 54% de
cinza em média. A Figura 5 mostra o esquema simplificado
da Fase C.

Figura 4 – Vista aérea do Complexo Termelétrico de Candiota.


Fonte: Intranet CIENTEC, 2014.

Figura 5 – Fotografia da vista lateral do Complexo Termelétrico de Candiota.


16
Figura 6 – Esquema simplificado da Fase C do Complexo Termelétrico de Candiota.
Fonte: CGTEE, 2006.

17
O consumo específico de cada UTE perfaz: Fase A – 1,28
t/MWh; Fase B – 1,24 t/MWh e Fase C – 0,89 t/MWh;
A geração de cinzas do Complexo Termelétrico de
Candiota é muito variável e depende diretamente da
operação das Unidades Geradoras; desta forma os valores
apresentados são referenciados em dados históricos
médios.
Para os cálculos foram utilizadas as relações de 30% de
cinza pesada e 70% de cinza leve do total de cinza gerada
na combustão do carvão de Candiota nas Unidades da
Eletrobras CGTEE.

FASE A (Iniciada em 1974 = 63 MW + 63 MW)

A Fase A encontra-se atualmente fora de operação


comercial devido a problemas em turbina e gerador. Estas
Unidades estão sendo utilizadas somente para a geração de
vapor auxiliar para a Fase C. Na quantificação de cinzas
foram utilizados valores históricos com a média de geração
do ultimo ano de operação. A CGTEE está realizando
manutenções na Fase A com a finalidade de disponibilizar
uma Unidade Geradora com geração de 45 MW médios e
uma disponibilidade de 70%. As duas Unidades da Fase A
serão retiradas de operação em 31 de dezembro de 2016
conforme compromissos assumidos com o IBAMA.
A produção de cinzas média da Fase A é de cinza leve –
11.000 t/mês e cinza pesada – 4.500 t/mês. Tanto a cinza
leve quanto a cinza pesada da Fase A não são
comercializadas, sendo destinadas para a recuperação da
área minerada junto a Mina de Candiota. As cavas
atualmente utilizadas são as das malhas 4 e 7.

FASE B (Iniciada em 1986 = 160 MW + 160 MW)

A Fase B tem apresentado indisponibilidade além do


planejado pela CGTEE. Os valores foram calculados com

18
base na sua inflexibilidade (155 MW).
As quantidades médias de cinzas geradas pela Fase B
são: cinza leve – 52.300 t/mês e cinza pesada – 22.400
t/mês.
A CGTEE possui mais de 60 compradores de cinzas
cadastrados, além das cimenteiras Votoram e Intercement,
seus maiores compradores.
Aproximadamente 30% da cinza leve gerada é
comercializada, podendo ser na forma seca, transportada
em caminhão silo, ou úmida, em caminhão basculante; a
média da cinza leve comercializada é de 15.600 t/mês,
sendo que a cinza pesada não é comercializada e, após
umidificada, também retorna a cava da Mina de Candiota
(Figura 7).

Figura 7 – Fotografia do aspecto geral da recuperação ambiental da Mina de


Candiota utilizando os diversos resíduos gerados nas Fases A, B e C do CTC.

19
FASE C (Iniciada em 2011 - 350 MW)

A Fase C tem apresentado disponibilidade de média de


262 MWh. Os valores de geração de cinza foram calculados
com base nesta geração média.
As quantidades de produção de cinza leve e cinza
pesada e de resíduos da dessulfuração-FGD da Fase C são:
cinza leve – 50.000 t/mês; cinza pesada – 30.500 t/mês e
subproduto (produto da reação FGD + cinza leve): 21.300
t/mês.
A CGTEE possui mais de 60 compradores de cinzas
cadastrados, e os valores apresentados são de cinzas
comercializadas e não somente a Votoram e Intercement.
Aproximadamente 30% da cinza leve gerada é
comercializada, podendo ser na forma seca, transportada
em caminhão silo, ou úmida, em caminhão basculante. Em
média, a quantidade de cinza leve comercializada da Fase C
é de 15.000 t/mês; as cinzas pesadas voltam todas para a
cava da mineração, junto com a parte da cinza leve não
comercializada, após ser umidificada e também retorna a
cava da Mina de Candiota. Os resíduos da dessulfuração
voltam todos para a cava de mineração; existem algumas
perspectivas de uso para o resíduo, porém ainda em
avaliação pela FEPAM.
A unidade da empresa InterCement (ex-CIMPOR e ex-
Cimbagé) fica localizada em Candiota, próximo ao sítio do
Complexo Termelétrico, e produz cimento CP IV
adicionando cerca de 32% de cinza volante, recebe em
média 3.700 t/mês deste material. Além disso, está em
andamento uma pesquisa para o uso do FGD – resíduo da
dessulfuração da Fase C, que atinge a quantidade de 1.500
t/mês.
A fábrica da Votoran Cimentos do Grupo Votorantim fica
localizada no município de Pinheiro Machado, na margem
da rodovia BR-265, na Vila Umbu. Esta unidade cimenteira
produz o cimento CP IV desde o ano de 1972. Embora a
norma brasileira permita adicionar até 55% de cinza

20
volante no cimento, a quantia utilizada oscila de 30 a 35%
deste material. A quantidade de cinza volante utilizada no
processo atinge o valor de 12.000 t/mês.

ETAPA II – POLO DA REGIÃO METROPOLITANA

USINA TERMELÉTRICA DE CHARQUEADAS – UTCH

A UTCH está em operação desde o ano de 1962 (Figura 8),


sendo que a construção da TERMOCHAR se iniciou em 1955
(HAMILTON, 2012, p. 74).
Atualmente, a UTCH está sob o controle da Tractebel Energia
S. A. do Grupo GDF Suez, possuindo 84 empregados na sua
operação.
A potência da usina é composta por 4 unidades geradoras de
18 MW, perfazendo 72 MW. Utiliza carvão mineral fornecido pela
empresa COPELMI e o processo de combustão é por carvão
pulverizado. A Figura 9 registra o processo da UTCH de forma
simplificada. A UTCH possui as certificações ISO 9001: 2000,
ISO 14001: 2004 e OHSAS 18001 desde o ano de 2010.
O carvão mineral utilizado pela UTCH tem poder calorífico de
3.100 Kcal/kg, a umidade é menor do que 15%, o conteúdo de
enxofre é de cerca de 1,0% e o teor de cinzas fica entre 53 a 55%.
O consumo mensal de carvão das duas caldeiras em operação
é de 28.866 t/mês.
Todas cinzas volante e de fundo, e o resíduo da dessulfuração
são gerenciados pela empresa cimenteira Votorantim.
Atualmente, a operação da UTCH gera os seguintes resíduos:
cinza leve: 10.000 – 11.000 t/mês; cinza pesada: 3.000 – 3.500
t/mês (Figura 10) e gesso do processo de FGD: 700 – 1.000 t/mês.
Desta forma, os valores superiores anuais produzidos como
resíduos pela UTCH ficam em: cinza leve 132.000 t/ano, cinza
pesada 42.000 t/ano e gesso-FGS 12.000 t/ano, totalizando
186.000 t/ano.

21
Figura 8 – Fotografia da UTCH em vista geral mostrando o equipamento de
dessulfuração, localizada no município de Charqueadas-RS.
Fonte: Tractebel Energia, 2014.

Figura 9 – Esquema simplificado do processo da UTCH.


Fonte: Tractebel Energia, 2014.
22
As cinzas leves são todas utilizadas pela cimenteira
Votorantim de Esteio, bem como o gesso, que é insumo para a
produção de clínquer. As cinzas pesadas voltam para a cava da
mina da COPELMI.

Figura 10 – Fotografia dos tanques de deposição


das cinzas de fundo da UTCH.

23
EMPRESA BRASKEM

A empresa BRASKEM S. A. está situada no município de


Triunfo, dentro do Polo Petroquímico do Rio Grande do Sul (Figura
11).

Figura 11 – Fotografia da unidade industrial da empresa BRASKEM,


no Polo Petroquímico.

A empresa BRASKEM utiliza o carvão da mineradora


COPELMI, extraído no município de Minas do Leão. As
características principais do carvão é ser CE-5000, com 32,5% de
cinzas e 0,73% de enxofre.
O carvão é utilizado desde o ano de 1982, sendo atualmente
queimado carvão pulverizado em duas das três caldeiras
existentes, suspensas por queimadores tangenciais, de tiragem
balanceada com pressão negativa. O consumo de carvão é de
aproximadamente 280 t/hora, 24 horas por dia. O carvão destina-
se à geração de vapor e também de energia elétrica.
A geração de cinzas se dá na proporção de 86% de cinza

24
volante e 14% de cinza de fundo, sendo as quantidades 8.000
t/mês de cinza volante e 1.100 t/mês de cinza de fundo.
As cinzas volantes são, na totalidade, despachadas para a
fábrica de cimento da InterCement (ex-Cimpor) localizada no
município de Nova Santa Rita. As cinzas de fundo têm destino final
na volta para a cava de mineração.

Existem dois projetos de inovação na destinação das cinzas,


ambos na fabricação de tijolos. O primeiro é com a empresa Petzi,
localizada em Triunfo, que recebe 245 t/mês de cinza úmida,
matéria prima para produzir cerca de 87.500 tijolos /mês. O
segundo é com a empresa de André Koff, localizada em Viamão,
que recebe 980 t/mês de cinza úmida, matéria prima para produzir
cerca de 350.000 tijolos /mês.
3
Há um passivo de cerca de 1 milhão de m na forma de cinzas
úmidas depositadas em lotes de armazenamento. Somente em
dois lotes de armazenamento (Lote 17 e Lote 18) de cinzas úmidas,
o volume perfaz aproximadamente 200.000 m3 (Figura 12).
Dentro do Polo Petroquímico, na década de 1980, a
Companhia Petroquímica do Sul (atualmente BRASKEM),
contratou a CIENTEC para desenvolver o projeto de execução do
pavimento utilizado na estrada que liga o anel viário do Polo
Petroquímico ao terminal de cargas Santa Clara. Neste trecho foi
utilizada a tecnologia CICASOL desenvolvida pelas equipes de
pesquisadores da CIENTEC, consistindo em estabilização da base
do pavimento com uma mistura de solo estabilizado com cinza e
cal.
Este trecho viário, embora receba diuturnamente tráfego
extremamente pesado, mesmo após 30 anos de uso contínuo,
ainda se encontra em boas condições.

25
Figura 12 – Fotografia da bacia de cinzas úmidas nos lotes de
armazenamento Lote 17 e Lote 18, contendo um volume que
perfaz aproximadamente 200.000 m3.

EMPRESA CMPC – CELULOSE RIOGRANDENSE

A CMPC – Celulose Riograndense está localizada no


município de Guaíba (Figura 13).
No processo da empresa, o carvão é adquirido da COPELMI,
sendo utilizado o CE – 5200, gerando 30% de cinzas, que é
queimado na forma pulverizada em caldeira de queima tangencial
para geração de vapor e, também, para movimentar turbinas para
geração de energia elétrica, em cogeração.
As cinzas da CMPC são administradas pela empresa VIDA –
Desenvolvimento Ecológico, com sede em Porto Alegre.
No processo da CMPC são geradas 5.500 t/mês de cinzas
volantes e 1.100 t/mês de cinzas de fundo. Estes valores resultam
em 66.000 t/ano de cinzas volantes e 13.200 t/ano de cinzas de
fundo.
26
As cinzas de fundo são retornadas à cava da mineradora
COPELMI, fornecedora do carvão, sendo tratadas com lodo
biológico e sobre as quais são plantadas florestas ou pastos. As
cinzas volantes são, na integralidade, comercializadas entre 12
empresas cimenteiras e concreteiras.

Figura 13 – Vista aérea da unidade industrial da empresa CMPC – Celulose


Riograndense no município de Guaíba. Fonte: CMPC, 2014.

EMPRESA BIANCHINI S. A.

A empresa Bianchini S. A. está localizada no município de


Canoas (Figura 14) e no município de Rio Grande. Suas unidades
industriais utilizam o carvão CE 4700 adquirido da COPELMI nas
duas caldeiras de cada unidade e têm as seguintes características:

Unidade de Rio Grande – utiliza o carvão para geração de


vapor que, por sua vez, é utilizado para a produção de óleo de
soja por esmagamento e exporta o farelo; utiliza 4.500 t/mês de
carvão e produz 1.800 t/mês de cinzas, incluindo os 5% de
incombustos;
27
Unidade de Canoas – utiliza o carvão para geração de vapor
que, por sua vez, é utilizado para a produção de óleo de soja
por esmagamento e beneficiamento visando a produção de
biodisel; utiliza 6.000 t/mês de carvão e produz 2.400 t/mês de
cinzas, incluindo os 5% de incombustos.

Tendo em vista a presença dos incombustos e a mistura das


cinzas de fundo (Figura 15) com as volantes, este material é
devolvido, retornando às cavas de minas da COPELMI.
Existem outras empresas de processamento de soja que estão
utilizando o carvão em seus processos, tais como a Granol e a
Oleoplan.

Figura 14 – Fotografia da empresa Bianchini S. A.


de Canoas, vista da rodovia RS-448.

28
Figura 15 – Fotografia do local de estocagem das cinzas já misturadas
da unidade Canoas da empresa Bianchini S. A.

ETAPA III – ESTADOS DE SANTA CATARINA E PARANÁ

COMPLEXO TERMELÉTRICO DE JORGE LACERDA – UTLA

O Complexo Termelétrico Jorge Lacerda, com o total de 857


MW, é composto de várias unidades, a seguir registradas: UTLA –
início de operações em 1963; UTLA 1 – 50 MW (1965); UTLA 2 – 50
MW (1965); UTLA 3 – 66 MW (1974); UTLA 4 – 66 MW (1974);
UTLB – início de operações em 1977; UTLB – duas máquinas de
131 MW (= 262 MW em 1980); e UTLC2 – início de operações em
dezembro 1996, com 363 MW.
A Figura 16 mostra imagem do Complexo Termelétrico Jorge
Lacerda. O Complexo CJL possui as certificações ISO 9001:2000
e ISO 14001: 2004 (TRACTEBEL ENERGIA, 2007). Em sua área
adjacente foi implantado o Parque Ambiental, voltado para a
população de Capivari de Baixo, de Tubarão e de visitantes
externos.

29
Figura 16 – Vista aérea do Complexo Termelétrico Jorge Lacerda.
Fonte: Tractebel Energia, 2014.

O carvão utilizado no Complexo Termelétrico Jorge Lacerda é


originado em Criciúma e, com eventual complementação da
empresa COPELMI (mina de Recreio), com poder calorífico de CE
4500, tipo de queima frontal na forma de carvão pulverizado. A
geração de cinzas oscila entre 42 e 43%.
Tendo em vista formalidades contratuais, existe um valor de
geração mínima que equivale ao consumo de 200.000 t/mês de
carvão. Em função do período de secas climáticas desde o ano de
2011, este valor se situa em 330.000 t/mês.
As 200.000 t/mês originam 84.000 t/mês de cinzas, enquanto
as 330.000 t/mês produzem 138.000 t/mês caracterizando um
máximo de produção.
Tendo em vista o teste de fator K, intrínseco à forma do
processo, existe a formação de 0,75 a 0,80 de cinza volante do
montante total produzido. Tendo em vista a ocorrência de
eventuais problemas operacionais no sistema, são formados

30
blocos de cinza fundida – sinterizada que são conhecidos
popularmente pelos nomes de "batoque", "tatu" e "cascão".
As cinzas volante e de fundo geradas são totalmente
gerenciadas pela Votorantim Cimentos, em contrato de regime de
comodato. Por força contratual, deve haver uma margem de cinzas
a serem livremente comercializadas na ordem de 15 a 20%.
O destino das cinzas volante e de fundo gerenciadas pela
Votorantim Cimentos são as unidades da Votorantim de Imbituba e
Vidal Ramos em Santa Catarina, e uma unidade em Rio Branco do
Sul, no Paraná. Também recebem cinzas volantes uma fábrica da
empresa Itaimbé, próxima à Curitiba e a Imbralit. Muitas
concreteiras também recebem cinzas, por exemplo a Polimix e a
Supermix no município de Capivari de Baixo.
Tendo em vista que a indústria cimenteira absorve a totalidade
das cinzas volantes produzidas no Complexo Termelétrico Jorge
Lacerda, a Votorantim Cimentos instalou uma unidade de secagem
de cinza de fundo na sua área contígua ao Complexo (Figura 17). A
capacidade de processamento (= secagem) desta unidade é de 30
t/hora de cinza de fundo, o que equivale a 27.000 t/mês.

Figura 17 – Fotografia da unidade de secagem de cinza de fundo da Votorantim


Cimentos, situada em terreno adjacente às UTEs do
Complexo Termelétrico Jorge Lacerda.
31
A moagem da cinza de fundo é feita na unidade da Votorantim
Cimentos localizada no município de Imbituba.
Uma das unidades que absorve as cinzas volantes do
Complexo Termelétrico Jorge Lacerda é a empresa Cimento
Pozosul S. A., situada em Capivari de Baixo-SC. Esta fábrica
produz o cimento CP IV e adiciona de 15 a 50% de cinzas volantes,
dependendo da qualidade do clínquer. A adição média é de 40%.
O consumo de cinzas volantes se situa normalmente em 4 a 5
cargas (caminhões) de 30 toneladas/dia, o que dá 150 t/dia, e
perfaz 4.500 t/mês.

USINA TERMELÉTRICA DE FIGUEIRA

A UTE de Figueira localiza-se na região denominada vale do


Rio do Peixe, às margens do rio Laranjinha, local onde fica a
principal bacia carbonífera do Paraná, no município de Figueira, no
nordeste do Estado. A potência instalada é de 20 MW, com duas
turbinas de 20 MW, marcas Alsthom e Siemens (Figura 18).
A instalação da usina deu-se em duas fases. A primeira foi em
1963, com duas caldeiras marcas Alsthom e dois grupos
geradores, e a segunda em 1966 com a instalação da caldeira 3 da
marca. Em 1969 a COPEL adquiriu a UTELFA, e em 1974, instalou
o terceiro grupo. Em 1986 foi desmobilizado o grupo gerador 2.
Em 1997 a operação e a manutenção da UTE Figueira foram
terceirizadas, sendo executadas atualmente pela Companhia
Carbonífera Cambuí, que também possui a mina anexa que é
responsável pelo fornecimento do carvão utilizado.

32
Figura 18 – Vista aérea da UTE Figueira. Fonte: COPEL, 2013.

CONFIGURAÇÃO ATUAL

A configuração atual é constituída de duas caldeiras Stein &


2
Roubaix – França; PMTA 38 kgf/cm – vazão de vapor 46 a 52 t/h-
temperatura do vapor 450ºC; dois 2 grupos geradores compostos
por: Grupo 1 – marca Alsthom; Potencia: 10.000 KW; Rotação:
3600 RPM e Grupo 3 – Marca: Siemens; Potencia: 10.000 KW;
Rotação: 6500/1800 RPM. A caldeira 2 e Grupo Gerador 2 estão
desativados.

GERAÇÃO DE CINZAS

O carvão é extraído da mina e, após ser beneficiado, é


transportado até a Usina. O carvão chega aos silos das caldeiras
através de correias transportadoras. Cada caldeira possui três
silos. Em seguida o carvão é pulverizado a aproximadamente 200
mesh e insuflado à fornalha onde se processa a queima. As cinzas

33
são recolhidas e acondicionadas em local próprio. Existe um pátio
de reserva de carvão que oscila entre 10 mil a 1000 toneladas de
carvão estocado.
A UTE Figueira está queimando 8.100 t/mês de carvão CE
6000, com 25 % de cinzas (270 t/ dia de carvão ou 97.200 t/ano).
Com produção aproximada de 24.300 t de cinzas/ano que vão para
o aterro, sendo as cinzas volantes misturadas com as de fundo. A
quantidade relativa de cinzas volantes é de 84% do total.
A cinza volante é misturada com a cinza de fundo e recebe 16%
de umidade para ser levado de caminhão distante 8 km para célula
de depósito.
A COPEL, através de um leilão de cinzas, realizado no ano de
2014, pretendeu dar destino industrial-produtivo para as cinzas.

ATERRO DE CINZAS

Os aterros de cinzas ficam localizados a 8 quilômetros da UTE


Figueira. Os aterros são licenciados pelo IAP.
Atualmente, desde 2011, já está em operação o Aterro 2, que
irá perdurar até junho de 2017 (Figura 19). Este pátio atual, com
cerca de 11.300 m2 já está no 3º patamar, sendo previstos 8
patamares até o encerramento. Até a data da visita, em abril de
2014, já haviam sido depositadas 38.000 toneladas neste aterro.
Cada célula do depósito comporta cerca de 10 mil toneladas de
cinzas.
O Aterro 1, já encerrado em 2011, tem depositadas 190.000
toneladas de cinzas.

34
Figura 19 – Fotografia do estado atual do Aterro 2 que serve à
UTE Figueira, recebendo a mistura final de cinzas.

ETAPA IV – ESTADOS DO MARANHÃO E CEARÁ

USINA TERMELÉTRICA DO PORTO DE ITAQUI

A UTE do Porto de Itaqui está localizada no município de São


Luis do Maranhão-MA e sua potência instalada é de 360 MW
(Figura 20). Pertence ao Grupo ENEVA, de origem alemã. Opera
com carvão colombiano, com cerca de 8-10% de cinzas e poder
calorífico de 6100 kcal/kg.

35
Figura 20 – Fotografia da UTE Porto de Itaqui, em São Luiz do Maranhão-MA.

Em regime de operação plena, a UTE Porto de Itaqui produz


519 t/dia de resíduos, sendo composto de 25 t/dia de cinza de
fundo, 230 t/dia de cinzas volantes e 144 t/dia de FGD - resíduos de
dessulfuração.
Há também a produção de 120 t/dia de lodo de clarificação de
água do mar.
3
A produção anual de resíduos estimada é de 153.300 m e
existe uma bacia on site com um volume de 4 x 13.440 m3 (= 53.760
3
m ), o que permite um armazenamento correspondente a apenas 4
meses.

36
COMPLEXO TERMELÉTRICO DE PECÉM

O Complexo Termelétrico de Pecém é composto pela UTE


Energia Pecém I e pela UTE Pecém II, estando localizada no
município de São Gonçalo do Amarante-CE. A potência instalada
na UTE Energia Pecém I é de 720 MW (2 turbinas de 360 MW) e na
UTE Pecém II, é de 365 MW (Figura 21).
Esta UTE opera com carvão colombiano, com cerca de 8-10%
de cinzas.

Figura 21 – Fotografia do Complexo Termelétrico de Pecém. Fonte: ENEVA, 2013.

Em regime de operação plena, o Complexo Termelétrico de


Pecém produz 1300 t/dia de resíduos, sendo composto de 190 t/dia
de cinza de fundo, 900 t/dia de cinzas volantes e 210 t/dia de FGD -
resíduos de dessulfuração.

O Complexo Termelétrico de Pecém possui um aterro em seu


pátio interno com capacidade de estocagem de 235-245 mil m3,
após uma "verticalização" de seus muros externos, esse aterro
alcançou o volume de 570 mil m3.
3
Está sendo construído outro aterro com capacidade de 250 mil m .

37
4.3 USO E DISPONIBILIDADE DE CINZAS NO RIO GRANDE DO
SUL

As quantidades de resíduos significativas produzidas no


Estado do Rio Grande do Sul e sua utilização estão registradas no
Quadro 4. A quantificação anterior, datada de 2006, foi registrada
no livro "Cinzas de carvão fóssil no Brasil" (ROHDE – Org. et al.,
2006, p. 44).

Quadro 4 – Quantificação dos resíduos da utilização do carvão no Rio Grande do Sul.

Quantidade produzidas em t/ano


Unidade
produtora Cinza FGD -
Utilizado Cinza de
de cinzas volante Utilizado Utilizado
fundo resíduo

CTCandiota 1.359.600 418.600 1.359.600 0,00 255.600 0,00


UTCH 132.000 132.000 132.000 0,00 12.000 12.000

BRASKEM 96.000 96.000 96.000 0,00

CMPC 66.000 66.000 66.000 0,00


Total 1.689.600 712.6800 757.200 0,00 267.000 12.000

As quantidades de resíduos significativas produzidas no


Estado do Rio Grande do Sul e sua utilização estão registradas no
Quadro PR. Dele se depreende que a totalidade das cinzas de
fundo, cujo valor atinge 757.200,00 tonelada ao ano, estão
disponíveis para uso, uma vez que voltam às cavas de mineração
como resíduo dos sistemas produtivos. Quanto às cinzas volantes,
há uma disponibilidade de 976.920,00 toneladas por ano, todas
originadas do Complexo Termelétrico de Candiota.

38
4.4 USO, DISPONIBILIDADE E DESTINAÇÃO DAS CINZAS EM
OUTROS ESTADOS

A totalidade de cinzas volantes produzidas pelo Complexo


Termelétrico Jorge Lacerda é integralmente absorvida pelas
indústrias cimenteiras, conforme já descrito neste relatório. As cinzas
de fundo são armazenadas em bacias de decantação localizadas no
interior do Complexo. Tendo em vista que, desde 2011, as unidades
do Complexo estão todas em regime de funcionamento integral
devido à escassez hídrica e o baixo despacho das usinas hidrelétricas
da região, as cinzas de fundo que já estavam sendo também utilizadas
pelas indústrias de cimento, estão indo todas para as bacias.
As cinzas volantes a UTE Figueira no Paraná, misturas, são
dispostas em aterros licenciados pelo IAP.
A totalidade de cinzas produzidas pela UTE Figueira no Paraná,
misturas, são dispostas em aterros licenciados pelo IAP. No ano de
2014 estava previsto um leilão para o seu aproveitamento.
As quantidades de resíduos produzidas nos Estados do
Maranhão e Ceará estão em fase de estudos para seu
aproveitamento.

4.5 AMOSTRAS DOS RESÍDUOS

Durante as atividades do Projeto, foram coletadas amostras das


cinzas e dos resíduos das principais unidades do Estado do Rio
Grande do Sul, Santa Catarina, Paraná, Maranhão e Ceará. Quando
foi possível, a quantidade de amostras coletadas foi de 20 kg.
As amostras foram transportadas para a CIENTEC e estão
depositadas no Laboratório de Reciclagem do DEPGEO.
Ressalta-se que, com os contatos desenvolvidos durante o
transcorrer do Projeto, criou-se uma situação de aproximação com os
diferentes setores que utilizam o carvão mineral com fonte de energia
primária e – em decorrência – há uma facilidade operacional no caso
de haver demandas para mais quantidades amostras de resíduos ou
de informações adicionais ou laterais sobre processos e materiais
envolvidos.

39
REFERÊNCIAS

CARBONÍFERA CAMBUÍ LTDA. Cambuí – Usina Termelétrica.


Figueira: Carbonífera Cambuí Ltda., 2007. 2 p., il. ,

CGTEE. UTE Presidente Médici – Fase C; Nova Usina de


Candiota. Porto Alegre: CGTEE, 2006. 8 p., il. (Fôlder com
duas dobras duplas.).

CRM. Carvão Gaúcho Gerando Energia e Desenvolvimento


Social. Porto Alegre: CRM, [2013]. 43 f. (não paginado), il.

HAMILTON, Duda. Usina Termelétrica Charqueadas: 50 anos.


Charqueadas: Officio, 2012. 128 p., il.

OSÓRIO, Rui Giacomoni. Carvão no mundo e na CRM. Porto


Alegre: CRM-CORAG, 2012. 128 p., il.

ROHDE, Geraldo Mario. Cinzas, a Outra Metade do Carvão


Fóssil - Nova Estratégia para a Termeletricidade. Porto Alegre:
Evangraf, 2013. 29 p., il. [Trabalho apresentado no IV
Congresso Brasileiro de Carvão Mineral (Gramado – 22-24 ago.
2013), no dia 22 de agosto, na Sessão A1, no Auditório Da
Vinci.]

ROHDE, Geraldo Mario et al. Cinzas de Carvão como Material


Alternativo. Porto Alegre: CIENTEC, 2014. 43 p., il.

ROHDE, Geraldo Mario (Org.) et al. Cinzas de Carvão Fóssil no


Brasil. Porto Alegre: CIENTEC, 2006. 204 p., il.

TRACTEBEL ENERGIA. Complexo Termelétrico Jorge


Lacerda. s. n. t., 2002.

TRACTEBEL ENERGIA. Complexo Termelétrico Jorge


Lacerda e O Meio Ambiente. s. n. t., 2007.

TRACTEBEL ENERGIA. Usina Termelétrica Charqueadas. s.


n. t., 2002.
40
Rua Washington Luiz, 675
CEP 90010-460 - Porto Alegre RS Brasil
Tel (51) 3287.2000 - fax (51) 3226.0207
e-mail cientec@cientec.rs.gov.br
homepage www.cientec.rs.gov.br

Você também pode gostar