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Só de ler esse nome a gente já pensa em bombas nucleares, né? Mas a principal utilidade
do urânio enriquecido é gerar energia elétrica. Ele recebe o adjetivo porque o urânio
encontrado na natureza é bastante “pobre”: 99,27% do metal é formado por urânio-238,
que não serve para as usinas nucleares. Energeticamente falando, o que interessa mesmo
é o urânio-235 (U-235), que compõe menos que 1% da massa total do urânio extraído nas
minas. O produto enriquecido nada mais é que o metal bruto com uma porcentagem de
U-235 aumentada artificialmente. Quando essa quantidade chega a 2% ou 3%, o produto
já é capaz de gerar energia nas usinas. Mesmo com essa proporção aparentemente baixa,
a força que tal matéria-prima gera é absurda: alguns gramas de urânio enriquecido
fornecem energia equivalente à da queima de toneladas de carvão ou de milhões de litros
de gasolina. Esse poder todo vem da fissão, ou seja, da quebra dos átomos do U-235. Não
existe forma mais eficiente de obter energia do que quebrar átomos. E o U-235 tem
justamente a propriedade de se romper sem resistência. Basta lançar uma partícula – um
nêutron, no caso -, para que ele arrebente e gere energia pura. Um exemplo funesto dessa
força está nas bombas atômicas. A diferença é que o urânio dessas armas é bem mais rico
em U-235 que o das usinas. O urânio-238 que sobra do enriquecimento não vai todo para
o lixo. Entre outras coisas, ele pode ser convertido em plutônio, que também serve para
as usinas nucleares e, infelizmente, para a fabricação de mais bombas.
Nível de enriquecimento torna o metal útil para usinas ou para bombas atômicas
ETAPAS:
1) O urânio sai das minas na forma de dióxido de urânio (UO2), misturado a argila,
enxofre e outras impurezas. Uma tonelada desse metal na natureza contém apenas
7 quilos de urânio-235 (U-235), o ideal para gerar energia nuclear. O principal
composto restante é o menos aproveitável urânio-238 (U-238).
2) O urânio bruto é limpo com elementos como ácido sulfúrico e transformado em
pó.
3) Depois, é submetido a um gás à base de flúor sob uma temperatura de 550 ºC,
tornando-se uma substância gasosa também. Esse produto passa por um novo
banho de flúor, a 350 ºC, e vira um gás com moléculas compostas por um átomo
de urânio e seis de flúor (UF6).
4) Para ser enriquecido e transformado em combustível, o hexafluorido de urânio
(UF6) é processado em centrífugas nucleares. O gás é submetido a rotação em
velocidades extremas. Os átomos de urânio mais pesados (U-238) se concentram
no alto da centrífuga, e os mais leves (U-235) ficam no centro. O gás recuperado
no centro é enviado para uma nova centrífuga, que repete o processo
sucessivamente, aumentando o grau de concentração de urânio. As usinas que
fazem esse processo possuem milhares de centrífugas.
5) Depois, outros processos separam o urânio enriquecido do flúor e transformam o
metal gasoso em tabletes sólidos.
6) O urânio pobre – o U-238” também tem utilidade. Ele é aplicado na blindagem de
tanques de guerra e na construção de projéteis (munições), já que é 2,5 vezes mais
pesado que o aço. Mas também há um uso civil: denso, ele serve como contrapeso
na carcaça de aviões.
7) O urânio pouco enriquecido, com 2% a 4% de U-235, é suficiente para as usinas
nucleares. Nelas, a energia criada pela fissão desses átomos é usada para ferver
água. E o vapor resultante move as turbinas, gerando eletricidade. Esse mesmo
urânio também é usado para impulsionar submarinos e porta-aviões nucleares.
8) O metal altamente enriquecido tem entre 90% e 99% de U-235. Como essa
concentração é muito grande, o produto gera uma energia absurda em frações de
segundo. Por isso esse é o urânio enriquecido usado nas bombas atômicas. Alguns
gramas dele causam mais destruição do que a vista em Hiroshima, no Japão, em
1945.