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Prof.

José Tadeu Balbo

Notas de Aula – Teoria de Pavimentos de Concreto

MINI CURSO SOBRE PAVIMENTOS DE

CONCRETO DE CIMENTO PORTLAND

NOTAS DE AULA

Prof. José Tadeu Balbo


(Laboratório de Mecânica de Pavimentos – USP)

Vitória, 7 de maio de 2.002


Prof. José Tadeu Balbo

Notas de Aula – Teoria de Pavimentos de Concreto

1. Estudo do Subleito para Pavimentos de Concreto


1.1 Premissas Básicas:

Modelo de Winkler K = Módulo de Reação do Subleito

Ø Relação Básica para a Carga:


P
p =n+m
A
p= pressão na placa; P/A= perímetro/área
Válido para solos não-elásticos
2 ensaios, com mesmo ∆, com P/A diferentes

Ø Hipótese: elasticidade e homogeneidade:


p
- Impor pressões com taxa de crescimento padrão k =

- Yoder sugere que 10 PSI é o ponto ideal para definir o valor de K.

Ø Potencialidades do Teste:

Necessidade de estabilização da
∆ leitura quando a taxa de variação
atinge 0,005 cm/min

p
Medidas de deformação permanente
> aplica-se carga e quando
∆ estabiliza, alivia-se a carga


∆plástica
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Ø Possibilidade de Estimativa do “E” do subleito:

a
1 CAMADA Boussinesq
p.a
∆= F
E
z
r

z r 
F = f  ;  e F = f (µ )
a a
a
1
( ) ( )( )
3
− 2 −2
F = (1 + µ )z 2 r 2 + z2 2 + 2 1− µ r
2 2
+z 
2 

Hipótese de emprego do módulo de reação do subleito

Ø Estudos de Teller e Sutherland (1935) e Kelley (1939): Testaram vários


diâmetros de placas > K é muito sensível ao diâmetro; diâmetros superiores a 1,30 m
resultam em K estável.
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Figura 1 Influência da dimensão da placa no valor de K (Fonte: Balbo, 1989)

Ø 2 Camadas:
Burmister: Teoria Elástica de Sistemas de Camadas
- Critério de PCA para definir o valor de K das sub-bases (incremento)

1.2 Problemas do Ensaio de Carga em Placa

1.2.1 Correção de Umidade:


Ensaio de compressão em laboratório com amostra em umidade natural e
amostra saturada; mede-se ∆.

K corrig = K campo
∆ sat
1.2.2 Estudos de Spangler (1942):
Testes em placas de concreto reais
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1. Teste na borda: K=180


MPa/m
2 1 2. Teste a ≈ 1,0 m da borda,
mesma placa: K=14
MPa/m

Portanto: O teste não simula uma placa real


1.2.3 Tipo de Ensaio

• Estático: quando seria ideal o dinâmico


• Tendência internacional: Kdinam ou E dinam
• Uso de F.W.D.

1.2.4 Outras Limitações

• Ensaios de carga em placa pouco utilizados para rodovias


• Ensaio difícil e oneroso
• Correlações com CBR (desde USACE – aeroportos)
• Espessuras de pavimentos de CCP pouco sensível ao valor de K
• Utilização de médias globais
• Correlações com a Classificação Unificada (Casagrande) e outras

Tipo de Solo C.U. K (MPa/m)


GW ≥ 83
GP ≥ 83
Pedregulhos e solos
pedregulhosos
GU ≥ 83
GM ≥ 83
GC 55-83
SW 55-83
SP 55-83
Areias e solos arenosos SU 55-83
SM 55-83
SC 55-83
ML 28-55
CL 28-55
OL 28-55
Solos finos
MH 28-55
CH 14-28
OH 14-28
(fonte: Yoder & Witczak, 1975)

2 . S u b -b a s e s p a r a p a v i m e n t o s d e C C P

Ø Ponto de vista estrutural:


- A placa de CCP poderia ser dimensionada sem a sub-base
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- Baixas tensões ocorrem nessa sub-base devido ao estado plano de tensões na
placa de CCP.
Ø Motivos de emprego (justificáveis):
- Homogeneidade de suporte;
- Camada drenante;
- Evitar Bombeamento;
- Controlar efeitos de contração e inchamento de solos;
- Controlar “de-frost”.

(fonte: Balbo, 1989)

(fonte: Balbo, 1989)


2.1 Tipos Genéricos

- Granulares (drenantes): BGS, MH, BC, etc;


- Tratadas: solo-cimento, BGTC, CCR, misturas asfálticas (estruturais)

2.1 .1 Concreto Compactado com Rolo (CCR):

• Origem: Inglaterra “House State Roads”


• 1ª especificação: 1944 (lean concrete)
• Outros nomes: concreto pobre rolado, econocrete (Estados Unidos)
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2.1.1 Características Básicas


• Concreto seco e com baixo abatimento
• Menor teor de cimento heterogeneidades
• Compactado por meio de rolos

Aplicações históricas no Brasil:


• 1946: Vale do Anhangabaú – SP – (base)
• 1972: Porto Alegre (base)
• 1976: Aeroporto de Viracopos (base de pavimento de CCP)
• 1987: SP-55 – Pedro Taques (base de pavimento de CCP)

Faixas Granulométricas

não são muito rígidas para o CCR

Dosagem

Quantidade de água:
definida através de ensaios de compactação > umidade ótima
Consumo de cimento:
Como sub-base de pavimento de CCP: 80 kg/m3
Como revestimento: 380 kg/m3

Testes:
Traço básico
-40 kg/m3 de consumo
+40 kg/m 3 de consumo
Traço mínimo: 1:22 a 1:24 ≈ BGTC

Aplicações:
Como revestimento (pavimento de CCP)
Como base de pavimento de CCP ou asfáltico
No caso de base de pavimento de CCP, a ABCP trata o CCR + subleito com K
modificado
Cura:
Como sub-base: emulsões de ruptura rápida ou sacaria, plásticos, aspersão de água

Características de Resistência
Consumo de Resistência à Resistência à Módulo Resiliente
cimento compressão tração na (MPa)
(kg/m3) (MPa) flexão (MPa)
80 5a7 0,6 a 1,0 7.400 a 12.600
120 10 a 15 1,2 a 2,2 17.100 a 21.900
160 16 a 23 2,0 a 2,8 20.600 a 24.900

Fissuras de Retração:
Ocorrem de 15 a 18 m (DNER)
Controle de fissuras de retração > Serrar juntas até 48h, de 9 a 15 m, para
revestimentos com maior teor de cimento
Pavimento Monolítico Composto de CCP:
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Placa + base possuem forte aderência
Aspecto s BGTC CCR
Agregados Brita graduada desde as frações Pedra Britada (pedra 2 e pedra 1) e
grosseiras às frações mais finas areia
Granulometria Distribuição rigorosa Faixa mais ampla (menos rigor)
Material passante # 200 Até 10 % Não se tolera
Teor de Cimento 80 kg/m (4% em peso) no máximo
3
80 a 380 kg/m3
Fabricação da Mistura Em usinas de agregados Em centrais de concreto
Resistências Pequenas comparadas ao CCP para idênticas ou inferiores ao CCP para
pavimentos pavimentos
Módulo de deformação ou de Ainda inferior ao CCP se compactado próximo ao CCP para elevados
elasticidade energicamente consumos de cimento
Aplicação em camadas de pavimentos Nunca como revestimento; apenas em Revestimentos, bases e sub-bases
bases e sub-bases
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3. Concreto de Cimento Portland


Ø Processo de Mistura: Manual ou por meio de Equipamentos
Cimento + agregados + água (+ aditivos)
Ø Concretos: Simples, armado (armadura passiva), protendido (armadura ativa)
Ø Exigências Básicas:
o Facilidade de manipulação;
o Características estruturais;
o ........ECONOMIA.
3.1 Propriedades do Concreto Fresco:
o Consistência:
§ Dependência:
• Coesão, atrito interno, viscosidade tipo de peça, forma de
lançamento...
§ Simplificadamente: medida de consistência “Medida de
resistência que se opõe a massa fresca à sua deformação”.
§ Medida de Consistência:
• Cone de Abrams (slump):
o Deformação vertical da massa fresca

∆> para concretos fluidos


∆ ∆< para concretos secos

• Fator de compactação:
Massa _ auto − compactada(queda _ de _ cone _ em _ cilindro _ e _ arrasament o)
FC =
Massa _ compactada(golpes _ normalizados)
Abatimento (mm) FC
Seco 0 a 20 0,75
CCP normais 20 a 160 0,75 a 0,97
Fluido >160 0,97

§ Segregação:
• Agregados se separam em agrupamentos mais finos e
outros mais grossos;
• Alta relação a/c: fenômeno de exsudação;
• Ocorre em várias fases do manuseio;
• Concretos de pega lenta: maiores riscos;
• Prejuízos para pavimentos:
o Zonas fracas: abrasão (maior relação a/c em caso
de exsudação) superfícies mais lisas.

§ Compacidade:
• Maior ou menor presença de ar aprisionado porosidade
grau de adensamento permeabilidade durabilidade;

§ Massa específica: natureza do agregado. Ex. barita >> γ;


vermiculita >> γ

§ Contração química:
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“o volume da pasta de cimento se conserva no concreto fresco, e


equivale a um decréscimo de 25,4% no volume de água (Powers)”
§ Retração:
• Variações volumétricas na massa... fissuras na estrutura
interna;
• Vários mecanismos;
• RETRAÇÃO HIDRÁULICA E TÉRMICA (principais): A
água de amassamento é dividida em três partes, conforme suas
funções:
o ÁGUA DE CRISTALIZAÇÃO: reações formando a
parte sólida da paste de cimento;
o ÁGUA DE GEL: adsorvida aos cristais hidratados.
Meio de transporte de compostos para a continuidade das
reações, formando o gel de cimento hidratado;
o ÁGUA LIVRE: capilar, que somada ao gel de
cimento forma a pasta de cimento.
o RETRAÇÃO HIDRÁULICA: (secagem)
• Causas:
• Evaporação da água de gel (T>100
ºC);
• Evaporação da auga capilar (U.A <
100%).
• Controle:
• Cura adequada;
• Problemas: concreto massa.
o RETRAÇÃO TÉRMICA: ∆T no concreto por:
• Liberação de calor de hidratação;
• Efeitos externos (insolação).
• Controle:
• Cimentos com baixo calor de
hidratação;
• Menor traço de cimento;
• Proteção do concreto fresco;
• Agregados: hornblenda e piroxênio
colaboram para elevar a retração.
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3.2 Propriedades do Concreto Endurecido:


o Resistência: “Propriedade medida no momento da ruptura do
material”
§ Parâmetros básicos de projeto, afetado por:
• Módulo de Finura;
• Relação a/c;
• Consumo de cimento;
• Idade

§ Controle Estatístico: variabilidade ≈ 8%


§ Resistência ainda afetada:
• Na trabalhabilidade relação a/c
• Resistência de interface (textura) (principalmente em
tração)
• Amostras de controle x amostras extraídas
§ Padrão de 28 dias: medidas anteriores para previsão do padrão;
§ Ideal: amostras refletirem a cura em campo;

Moldadas

Extraídas

Período de cura Cura posterior continuada


Idade
Inicial

Endurecimento em Hidratação do cimento


mais rápido que nos mais eficiente no laboratório
tanques em laboratório

§ Resistência de campo x resistência de laboratório: ?


§ Norma Inglesa: amostras extraídas; desprezar os 50 mm
superiores.
o Resistência à Compressão Uniaxial (simples):
§ Padrões: ∅150 mm – h300 mm (Brasil, Estados Unidos)
Cubos – 150 mm (Europa)
§ Uso de cilindros de menor relação h/∅ (,1,8):
Correção de resultado
§ Rcilin = Rcubo/1,25 (se ∅ = lado do cubo)
§ Dosagem de concretos estruturais (e controle)

o Resistência à Tração Direta:


§ Ensaio muito difícil
§ Validade: ruptura na seção central
adensamento variável;
ensaios com seção estrangulada.
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§ Fusco: σt , rup ≅ σc , rup / 10

o Resistência à Tração na Flexão:


§ Vigotas de concreto: 150x150x500 mm
§ Ensaio com Carga no vão central (3 ponto)

P
Mx
l/2 l/2

P/2 P/2
Mx , Max = Pl/4

§ Ensaio com viga engastada

P
Mx
l
P/2 P/2
Mx Mx , Max = Pl
l/3 l/3 l/3

P/2 P/2
P
Mx , Max = Pl/6

§ Ensaio com Carga em 2 pontos (2 cutelos)

Tomando-se a hipótese de Navier e linha neutra à meia altura da viga:


 l 
1. σ tf = 1,5P 

 bh 2 

 bh 3
h I =
M 
σ tf = t e  12
I  h
e=
 2
b 

 l 
2. σ tf = 6P 

 bh 2 
 l 
3. σ tf = P 

 bh 2 
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§ O terceiro caso exige menor carga para ruptura;
§ Os casos 1 e 2 determinam σ tf ,rup em seção bem definida;
§ O caso 3 rompe na seção mais fraca do terço-médio (Mx
constante);
§ Os dois primeiros casos definem MR (= σ tf ,rup ) superiores ao
terceiro caso.

o Resistência à Tração Indireta: (Split test ou Brazilian test)

P σ cd compressão diametral

2P
d σ ti = σ ti
π .d .l
Tração Indireta

l
Fusco: σ t,rup ≅ 0,85 σ t,rup
i

o Resistência à Tração Indireta:


§ Restrições: - relações não universais;
- cada concreto possui características próprias;
- aproximativas, estimativas.

Rc = 0,82(Rtf + 1,4 )
2
§ Lobo Carneiro:
A.C.I.: Rc = k .Rtf
2
§ (k entre 1,42 e 0,22)
1, 67
 Rtf 
§ Bucher: Rc =  
 0,56 

o Módulo de Elasticidade: “É a propriedade da matéria não guardar


deformações residuais”

σ σ

Material Material
Elástico Elástico
Perfeito

ε ε
σ σ
E= ≠ cte E= = cte
ε ε
J
e também dependente do J
tempo Vale a lei de Hooke
J generalizada
VISCO-ELASTICIDADE
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§ Ensaios diversos: estáticos e dinâmicos;
Comitê Europeu do Concreto (CEB)
E28 = η.γ α . f cβ28
η = coeficiente admensional dependente do tipo de
agregado e de cimento;
γ = peso volumétrico do concreto (desprezível);
α , β = coeficiente de regressão;
§ Concretos com agregados usuais:
- Módulo de deformação Tangente:
E j = 2100 f cj (MPa )
- Módulo de deformação Secante (1/3):
E j = 1900 f cj ( MPa)
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§ Coeficiente de Poisson:
- Diversos estudos: 0,15 a 0,20

§ Coeficiente de Dilatação:
- CEB: 0,7 a 1,3x10-5 ºC -1 ≅ 10-5 ºC -1
- diminui para agregados leves

Fadiga do Concreto

“Ocorrência de microfissurações progressivas, rompendo as ligações (na interface), a


tensões sempre inferiores àquela de ruptura.”
§ Principais Dificuldades:
• Equipamentos precisos (hidráulicos);
• Ensaio com estado uniaxial de tensões;
• Definição de um valor bastante acertado para σtf,rup (MR);

σtf /MR

Faixa de variação
estatística

3 4 5 6 7
10 10 10 10 10 log N (ciclos de carga)

• Se MR varia por amostra, os coeficientes da reta também;

• Aproximação da realidade (Teoria de Weibull);

σtf /MR

Modelos Disponíveis

Comportamento Real

103 10 4 105 106 107 log N (ciclos de carga)

• Erros na estimativa de N;
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Notas de Aula – Teoria de Pavimentos de Concreto


• Heterogeneidade das amostras: vários testes para
diversos níveis de tensão;
• Baixas relações σtf /MR consomem tempo de ensaio;
• Estabelecer tempo de aplicação de carga, intervalos
(freqüência) próximos da realidade;

§ Principais Modelos Experimentais (ou mistos) de Fadiga:


1. Portland Cement Association (Hilsdorf e Kesler, 1966)
- MR: 90 dias
σ tf
log N = 11,78 − 12,11
MR
σ tf
log N = ∞ se <0,5
MR
2. Vesic e Saxena (1969)
- Dados empíricos da AASHTO Road Test (221 seções);
- MR e k idênticos para todas as seções;
- Teoria de Westergaard para cômputo de tensões;
- Limite para PSI=2,5;
4
 MR 
N f = 225.000 
σ 
 tf 
3. US Air Force (Hammit et al., 1971)
- Desempenho de pavimentos aeroportuários;
- Utilizado pelo USACE;
- Critério de fadiga:
- formação de 1 fissura para placa para k≤ 54 MPa/m;
- formação de 2 fissuras para placas para k>54 MPa/m.
- Tensões de borda: Westergaard;
- Bem documentado para valores acima de 5.000
coberturas;
- Dependente de k.
4. Darter (Illinois, 1977)
- 140 estudos de flexão provenientes de 3 fontes;
σ tf
- log N = 17,61 − 17,61 , para probabilidade de acerto de
MR
50%;
σ tf
- log N = 16,61 − 17,61 , para probabilidade de acerto de
MR
76% (Critério de ZERO-Manutenção);
5. FHWA-ARE (1977) – Treibig et al.
- Dados da AASHTO Road Test;
- MR e k idênticos para todas as seções;
- Analisadas seções apenas com fissuras > classe 3;
- Tráfego convertido para o eixo-padrão de 80 kN com base
nos FEC/AASHTO para PSI=2,5;
- Uso da teoria elástica de camadas;
- Tensões computadas no meio da placa;
3, 21
 MR 
N f = 23.440 
σ 
 tf 
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MR
- Para >60% ⇒ vida de fadiga maior que os modelos
σ tf
experimentais.
6. Ilves e Majidzadeh (1983)
- Dados da AASHTO Road Test;
- MR e k medidos para todas as seções;
- Teoria: Placas sobre sistema elástico de camadas (MEF);
- Efeitos: posição de cargas, geometria de placas, barras de
transferência de carga;
- FEC/AASHTO para PSIf = 2,0
4 , 29
 MR 
N f = 22.209 
σ 
 tf 
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4. Métodos de Dimensionamento de Pavimentos de Concreto


4.1 Introdução
o Equação da Linha Elástica de Placas em Flexão
§ 1822: Equação de Lagrange (Kirchoff e Poisson);
§ condições de contorno para placas totalmente apoiadas: só solucionada
após 100 anos;
§ 1884: Hertz (superfícies congeladas de lagos);
• aplica a hipótese de Winkler como condição de suporte para uma
superfície infinita de gelo sobre um liquido muito denso quando
submetida a carga vertical sobre a superfície
§ 1868: Winkler publica modelo simples de fundação no Praha Dominicus;
• fundação reage aos esforços verticais como um conjunto de
molas idênticas, sendo válida a lei de Hooke
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4.2 A Teoria de Westergaard – anos 20 e 30


Harald Malcom Westergaard (prof. da Univ. de Illinois e posteriormente de Harvard) publica
em 1926
“Teoria de Cálculo de Tensões para Pavimentos de Concreto”
(artigo apresentado no 5th Highway Research Board Meeting)

Ø Teoria Clássica de Placas;


∂ 4ω ∂ 2ω ∂ 4ω (q − p ) (q − p )
+ 2 + = ou ∇ 2ω =
∂x 2 ∂x 2 ∂y 2 ∂y 2 D D
onde:
ω = deslocamento vertical sofrido em um ponto da superfície;
q = força distribuída aplicada pela carga sobre a superfície;
p = força de reação distribuída;
Eh3
D=
12(1 − µ 2 )
D = raio de rigidez da placa

D.∇ 2ω + k .w = q
Ø Estado Plano de Tensões;
Ø Hipótese de Winkler;
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O prof. Malcom Harald Westergaard, para a integração da equação anterior, aplicou:

Teorema das Deformadas Recíprocas de Maxwell;


Funções Polinomiais para campos de deslocamentos;
Séries de Fourrier;

As condições de aplicação de cargas únicas e distribuídas sobre área circular de raio


conhecido foram:

l = raio de rigidez relativo da placa = (D/k)0,25


b = raio equivalente da seção resistente efetiva = (1,6.a+h 2)0,5-0,675.h
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(fonte: Associação Brasileira de Cimento Portland – Curso de Pavimentos em Concreto , 2002)

Observações pertinentes sobre os modelos analíticos de Westergaard


Placa semi-infinita versus placa finita;
Não eram empregados fatores de tráfego;
Não impunha modelos de ruptura para o pavimento;
Modelos aplicáveis para vias de baixo volume de tráfego;
Não há transferência de cargas em juntas transversais.

Os Ábacos da PCA (Pickett e Ray) – anos 50


Portland Cement Association (1951)
Necessidade de cômputo de tensões resultantes da aplicação de
várias cargas sobre uma mesma placa
Cartas de Influência de Pickett e Ray (ábacos)
Cálculo de momentos fletores;
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Notas de Aula – Teoria de Pavimentos de Concreto


Cálculo de deslocamentos verticais;
Cálculo de tensões de tração na flexão;

Cálculo do momento fletor abaixo da área de contato:


ql 2 N
M=
10.000
Cálculo de tensão de tração na flexão:
6.M
σ=
h2
Superposição de tensões e de deslocamentos sofridos independentemente por várias
rodas.
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Notas de Aula – Teoria de Pavimentos de Concreto

4.3 O Método da PCA – 1966

• Cálculo de Tensões: manipulação computacional dos ábacos de Pickett e Ray permitiu


a definição de curvas de dimensionamento:

• Resistência à tração na flexão do concreto;

• Módulo de ração do subleito;

• Resistência à fadiga do CCP;

• Adoção da Regra de Miner para cômputo do consumo da resistência à fadiga.

• Ensaio de dois cutelos para a definição da resistência do concreto;

Modelo de fadiga elaborado pela PCA com base em ensaios dinâmicos à flexão de vigotas de
concreto:
σ tf
log N = 11,78 − 12,11
MR
σ tf
Se RT= <0,5 ................... número ilimitado de repetições
MR

O emprego de Bases Tratadas com Cimento no método PCA –66

• Emprego de módulo de reação do sistema de apoio;


• Espessuras de base cimentada escolhida a priori;
• Admite-se que a base cimentada aumente o módulo de reação do sistema de apoio da
placa de CCP.
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Notas de Aula – Teoria de Pavimentos de Concreto

(fonte: Associação Brasileira de Cimento Portland – ET-14 , 1987)

Módulo de Reação do Subleito em função do CBR do subleito


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Notas de Aula – Teoria de Pavimentos de Concreto

(fonte: Associação Brasileira de Cimento Portland – ET-14 , 1987)

Módulo de Reação do Sistema de Apoio em função da espessura do CCR


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Notas de Aula – Teoria de Pavimentos de Concreto

Tabela de Cálculo – PCA/66;


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Notas de Aula – Teoria de Pavimentos de Concreto

(fonte: Associação Brasileira de Cimento Portland – ET-14 , 1987)

Ábaco de dimensionamento para ESRD;


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Notas de Aula – Teoria de Pavimentos de Concreto

(fonte: Associação Brasileira de Cimento Portland – ET-14 , 1987)

Ábaco de dimensionamento para ETD;


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Notas de Aula – Teoria de Pavimentos de Concreto

(fonte: Associação Brasileira de Cimento Portland – ET-14 , 1987)

Ábaco de dimensionamento para ETT;


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Notas de Aula – Teoria de Pavimentos de Concreto

Efeito da espessura de base granular sobre a espessura de placas de CCP (PCA/66)

Efeito da espessura de base tratada com cimento sobre a espessura de placas de CCP
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Notas de Aula – Teoria de Pavimentos de Concreto

4.4 Método da AASHTO


O Modelo da AASHO Road Test – anos 50 e 60
o Abertura à operação em outubro de 1958 e novembro de 1960;
o Não houve formulação teórica para o projeto de pavimentos de concreto e
objetivou-se construir modelo de desempenho através da observação do
comportamento dos pavimentos em escala real, sob ação de tráfego real (eixos
simples e duplos);
o Estabelecer relação de danos entre cargas (Fatores de Equivalência entre
Cargas);
o O Modo de Ruptura do Critério de Projeto:
§ A condição final de ruptura é dada pelo nível de serventia final admitido
para o tipo de via em questão;
§ Serventia: definição;
§ Conceito de projeto: Serventia – Desempenho.
o A Equação de Projeto:
§ Equação empírica obtida por meio de análise de desempenho de
diversas seções-teste;
§ A espessura da placa de concreto é definida através de vários
parâmetros;
§ A equação é resolvida de modo iterativo, determinando-se a espessura
necessária de concreto frente a um tráfego previsto e para uma perda de
serventia estabelecida a priori.
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Notas de Aula – Teoria de Pavimentos de Concreto


o Principais Observações sobre Desempenho em Pista
§ A espessura de placas era a variável mais sensível para as deformações
no concreto;
§ Todas as juntas com barras de transferência: não se observaram
escalonamentos em juntas;
§ Bombeamento de finos de subleito para bases granulares foram a maior
causa de degradação observada.

Análise de sensibilidade de parâmetros no método da AASHTO


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Notas de Aula – Teoria de Pavimentos de Concreto

Análise de sensibilidade de parâmetros no método da AASHTO


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4.5 O Método da PCA - 1984

• Reformula o cálculo de tensões pelo MEF (vantagens);


• Reconsidera o modelo de fadiga de 1966 com base em ampliação do número de
experimentos;
• Estabelece novos modelos para o processo de fadiga do concreto;
• Reconsidera a posição critica de cargas (borda longitudinal);

(fonte: Associação Brasileira de Cimento Portland – ET-97, 1996)

• Introduz o critério de ruptura por erosão (AASHO Road Test) por meio de modelos
relacionando a deformação vertical e a pressão aplicada por unidade de área;

• A análise de erosão é realizada para cargas de canto na junta transversal (efeito de


bombeamento e descalçamento de placas);

• As tensões e o número de repetições de carga são calculados por meio de tabelas e


ábacos;

• Emprega a regra de Miner para o cálculo de consumo à fadiga e por erosão;


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• Emprega a hipótese de um modelo de reação do sistema de apoio para o tratamento de
bases cimentadas, da mesma forma que a versão de 1966;

Conceito de Tensão Equivalente:


• Vida à Fadiga: f (SSR = Tensão atuante/Resistência)
• Tensão Crítica: Eixo na Borda Longitudinal
• Eixo Padrão (ESRD, 80kN) ⇒ CRFPADCR
• Somente 6% dos eixos solicitam a borda longitudinal;
CRFi PAD
R= < 1,0 ⇒ depende da forma com que o tráfego está distribuído;
CRFCRPAD

• Tensão Equivalente:

Tensão provocada por um eixo qualquer que provocaria o mesmo consumo à fadiga que um
ESRD com a mesma distribuição na faixa de rolamento

Para distribuição de 94% dos veículos na posição “i” e 6% na posição crítica ⇒ R = 0,89:
σ equiv = R.σ CR
Extrapolação para os demais carregamentos de eixos:
Considerando linearidade entre tensão e carga
σ i σ PAD σ
= ⇒ σ i = PAD Qi
Qi QPAD QPAD
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Aumento do Módulo de Reação do Subleito devido à presença de uma base granular

(fonte: Associação Brasileira de Cimento Portland – ET-97, 1996)


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Aumento do Módulo de Reação do Subleito devido à presença de uma base cimentada (CCR);

(fonte: Associação Brasileira de Cimento Portland – ET-97, 1996)


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Notas de Aula – Teoria de Pavimentos de Concreto

Tensão Equivalente para ESRD e ETD. Pavimento sem acostamento de CCP;

(fonte: Associação Brasileira de Cimento Portland – ET-97, 1996)


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Tensão Equivalente para ETT. Pavimento sem acostamento de CCP;

(fonte: Associação Brasileira de Cimento Portland – ET-97, 1996)


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Ábaco de dimensionamento – Análise de Fadiga

(fonte: Associação Brasileira de Cimento Portland – ET-97, 1996)


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4.6 A questão das Bases Cimentadas


Realidade brasileira de projeto: Método da PCA;

As bases cimentadas são tratadas como um elemento para melhoria do sistema de apoio do
subleito;

E o processo de consumo à fadiga das bases cimentadas tem significância para o


dimensionamento dos pavimentos de CCP?

Exemplo de Dimensionamento e Verificação:

Carga: ESRD de 100 kN;


Dimensionamento para um número ilimitado de repetições de cargas pelo Método da PCA/66
k = 20 MPa/m;
Espessura de base cimentada: 150 mm (BGTC);
Resistência do CCP: 4,2 MPa;
Resistência da BGTC: 1,1 MPa;

Com base nos dados apresentados, resultam:


k sist = 95 MPa/m;
Tensão de Projeto: 2,1 MPa;
Espessura de CCP = 165 mm.

Verificação à Fadiga da base em BGTC:

Cálculo da tensão na base (modelo fechado por MEF, r2=0,91), para carga de borda
transversal, sem barras de transferência (compatível com o método da PCA/66);
σ base = 0,000179e −placa
1, 491913 −0 , 286708 0 , 55974 −0 , 038938
ebase Ebase k
Tensão Crítica na BGTC = 0,81 MPa;

Modelo de fadiga para BGTC:


σ
= 0,874 − 0,051.log N
MR
Substituindo as variáveis por seus valores chega-se ao seguinte número de repetições,
permitindo para a camada de base:
N=500 !!!!

Conseqüências:

A base cimentada, em curto período de tempo, sofre total ruptura por fadiga;

A base passa então a responder como uma camada granular;

Voltando-se ao critério da PCA, tem-se:


Novo valor de módulo de reação do sistema de apoio: k = 25 MPa/m;
Nova tensão no CCP: 2,65 MPa;
Tráfego Admissível pelo pavimento:
14 .000 repetições de cargas
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4.7A questão dos Diferenciais Térmicos

• CCP é um mau condutor de calor;


• Entre topo e fundo de placa surgem diferenciais térmicos;
• Ocorrência de empenamento na placa;
• empenamento é restringido e surgem tensões no CCP devidas a tais efeitos;
• Consideração em Método de Projeto : Explicitamente apenas no Estado da Flórida, EU

(fonte: Associação Brasileira de Cimento Portland – Curso de Pavimentos em Concreto , 2002)


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Atividades Pioneiras de Modelagem Analítica


(Prof. Westergaard)
Modelo de Westergaard (1926);
Eα∆T
σx = (C x + µC y )
(
2 1− µ 2 )
• As constantes Cx e Cy foram definidas em função do raio de rigidez relativo da placa e
de seu comprimento;

• São indevidamente atribuídas a Bradbury que reproduziu o trabalho de Westergaard em


1938 (até em livros como Yoder e Witczak);

1,1
1,0
0,9
0,8
.

0,7
Cx ou Cy

0,6
0,5
0,4
0,3
0,2
0,1
0,0
0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14
Lx/ll ou Ly/ll
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Modelagem Numérica das Tensões de Empenamento

Valem-se do emprego do MEF para fluxos de calor irradiado sobre a superfície da placa;
Modelo de Nishizawa e Fukuda para tensões de bordo:

∆T 0,662 .L2,94 .k 0,44


σ = 4,5
h1,92

Tensões por Gradientes Térmicos


2,50

2,00
Tensões (MPa)

1,50

1,00

0,50

0,00
0 2 4 6 8 10 12 14
o
Diferencial Térmico ( C)
Westergaard (k=27,5 MPa/m) Nishizawa e Fukuda (k=27,5 MPa/m)
Westergaard (k=64,7 MPa/m) Nishizawa e Fukuda (k=64,7 MPa/m)
Westergaard (k=98,1 MPa/m) Nishizawa e Fukuda (k=98,1 MPa/m)

Importância das Tensões por Diferenciais Térmicos.


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5. Considerações Finais
• Os métodos de Dimensionamento de pavimento de pavimentos de CCP se diferenciam
por:
• Formulação teórica ou empírica
• Formulação teórica analítica ou numérica
• Critério de ruptura explícito

• Em 70 anos desde os primórdios de suas formulações sofisticaram os critérios de


cálculo de tensões:
De analítico para numérico
• Têm procurado um refinamento dos critérios de ruptura

Porém, TAIS MÉTODOS :

• Não são capazes de explicitar a contribuição estrutural de bases cimentadas para


pavimentos trabalhando em flexão;

• Não permitem a consideração dos efeitos térmicos sobre as placas de concreto (que
deviam ser considerados nos cálculos de consumo à fadiga);

• Não permitem extrair a realidade de que uma base cimentada, ainda que respondendo
à ação das cargas poderá, na realidade, incrementar as tensões por diferenciais
térmicos.
Prof. José Tadeu Balbo

Notas de Aula – Teoria de Pavimentos de Concreto

Aplicabilidade dos Métodos Vigentes:


Critério Aplicações
Carga isolada sobre pavimento industrial, aeroportuário ou
Westergaard + Pickett
portuário;
e Ray (ábacos)
Bases Granulares.
AASHTO/ 72, 86, 93 ??????????????????????????? (empírico!!!!!!!!!)
Cargas sobre juntas transversais sem barras de transferência;
PCA/1966
Bases granulares.
pavimento com barras de transferência;
PCA/1984
possibilidade para pavimentos compostos.

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