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A saúde em debate na Educação Física

O texto inicia com o questionamento do que “é a saúde” de fato. Para


tentar entender esse conceito, é necessário voltar em todos os entendimentos
que já se formaram sobre o que seria saúde.

Inicialmente, a saúde pública foi formada em articulação com a


medicina, valendo-se do conhecimento científico positivo, deste modo o
discurso da área da saúde era circunscrito por conceitos objetivos sobre a
doença, e não sobre a saúde propriamente dita. A conceito de doença veio da
análise do corpo humano a partir dos conceitos de anatomia e fisiologia. É a
partir desse entendimento que surge a ideia de que saúde por ser expressada
como ausência de doenças.

Segundo Canguilhem, “saúde é uma margem de tolerância às


infidelidades do meio”. Assim a saúde poderia se caracterizar por ser a
possibilidade de agir e reagir, adoecer e se recuperar. A doença ao contrário
seria a “redução da margem de tolerância às infidelidades do meio”.

Lefèvre, por sua vez, entendia que a saúde estava sempre associada a
bens de consumo que objetivavam promover a própria saúde, como por
exemplo medicamentos, seguro-saúde, exercícios físicos, alimentos
específicos. A saúde passava a ser apenas mais um produto do mercado
através dessas mercadorias.

A saúde também pode ser vista como “bem-estar”, e a própria


Organização Mundial da Saúde (OMS) possui esse entendimento: “saúde é um
estado de completo bem-estar físico, mental e social e não apenas a ausência
de doença ou enfermidade”. Porém, esta definição pode ser considerada uma
forma implícita de indicar a impossibilidade de se alcançar a saúde, uma vez
que seria impossível atingir um ‘completo’ bem-estar.

Tendo em vista a complexidade de se conceituar a saúde, o relatório


final da VIII Conferência Nacional de Saúde apresentou a seguinte redação:
“Saúde é o resultante das condições de alimentação, habitação, renda, meio
ambiente, trabalho, transporte, emprego, lazer, liberdade, acesso e posse da
terra e acesso aos serviços de saúde. É, assim, antes de tudo, o resultado das
formas de organização social da produção, as quais podem gerar grandes
desigualdades nos níveis de vida”. A partir dessa redação resta claro o
entendimento de que a saúde está relacionada à história individual e sua
inserção na sociedade.

Diante de todas essas possibilidades, a prática de atividade física não


deve ser encarada como uma simples obrigação, ela tem que ser uma
possibilidade prazerosa, de livre escolha. Os profissionais de educação física
devem se atentar para tais aspectos e reforçar aos demais a importância do
movimento humano.
Conceitos de Esporte e Lei Pelé

A definição se uma determinada prática é esporte ou não nem sempre é


muito clara, depende do conceito de esporte que é utilizado para servir de
parâmetro.

Para Mauro Betti, esporte “trata-se de uma ação social institucionalizada


composta por regras, que se desenvolve com base lúdica, em forma de
competição entre dois ou mais oponentes ou contra a natureza, cuja o objetivo
é, por meio de comparação de objetivos, determinar o vencedor ou registrar o
recorde. Os resultados alcançados pelos praticantes são resultantes das
habilidades ou estratégias utilizadas por estes, e podem ser intrínsecas ou
extrinsecamente gratificantes.”

Valter Bracht por sua vez, entende que o esporte é “atividade corporal
de movimento com caráter competitivo seguindo algumas características
básicas: competição, rendimento físico e técnico, record, racionalização e
cientifização do treinamento”.

Importante diferenciar o conceito de jogo e de esporte. O jogo pode estar


até mesmo contido no esporte, mas não é sinônimo. O jogo pode ter uma
flexibilidade maior nas suas regras, nos materiais utilizados e no número de
participantes, podem ter caráter competitivo, cooperativo ou recreativo e serem
praticados em diversos momentos, até mesmo por pura diversão. Deste modo,
brincadeiras regionais, jogos de tabuleiro e brincadeiras infantis são
considerados jogos, mas não podem ser considerados como esporte.
Maikon Maia explica a diferença: “é que o esporte possui regras
preestabelecidas e não podem ser mudadas porque são regidas por entidades,
como por exemplo, as federações que os regulamentam amador ou
profissionalmente, diferentemente do jogo, onde dependendo do número dos
participantes, do espaço e do material as regras podem ser adaptadas ou
recriadas” .

Em relação a Lei Pelé, esta divide o Esporte em três esferas, quais


sejam: O Esporte Participação (Prática voluntária com a finalidade de contribuir
para a integração social, na promoção da saúde, da educação e da
preservação do meio ambiente); O Esporte Rendimento (Prática profissional ou
amadora com a finalidade de obtenção de resultados e a integração das
pessoas, comunidades e nações); e o Esporte Educacional (Prática
desenvolvida nos estabelecimentos de ensino (formal e informal), com a
finalidade de promover o desenvolvimento integral do individuo e sua formação
para o exercício da cidadania e da prática do lazer. Evitando a seletividade e a
hipercompetitividade).

De um modo geral é possível afirmar que o esporte é uma prática social


polissémica, para muitos o esporte se aproxima mais às práticas esportivas
que são transmitidas pela televisão, para outros o significado pode variar de
acordo com o propósito de cada instituição.

Muitos ainda acreditam que o investimento no Esporte de Alto


Rendimento é sinônimo de retorno financeiro, crescimento do país e redução
das desigualdades e melhora no índice do IDH. Porém, ao compararmos a
tabela do IDH com o desempenho dos países nos esportes de alto rendimento,
percebemos que esta relação não é correta, que os índices de IDH e o
desenvolvimento do país dependem mais de outros fatores do que do
investimento no esporte de alto rendimento.

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