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QUALIDADE E CERTIFICAÇÃO

AMBIENTAL

PROFESSORAS
Me. Mirian Aparecida Micarelli Struett
Me. Paula Polastri
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EXPEDIENTE

DIREÇÃO UNICESUMAR
Reitor Wilson de Matos Silva Vice-Reitor Wilson de Matos Silva Filho Pró-Reitor de Administração Wilson de
Matos Silva Filho Pró-Reitor Executivo de EAD William Victor Kendrick de Matos Silva Pró-Reitor de Ensino de
EAD Janes Fidélis Tomelin Presidente da Mantenedora Cláudio Ferdinandi

NEAD - NÚCLEO DE EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA


Diretoria Executiva Chrystiano Mincoff, James Prestes, Tiago Stachon Diretoria de Design Educacional
Débora Leite Diretoria de Graduação Kátia Coelho Diretoria de Permanência Leonardo Spaine Diretoria
de Pós-graduação, Extensão e Formação Acadêmica Bruno Jorge Head de Produção de Conteúdos Celso
Luiz Braga de Souza Filho Gerência de Produção de Conteúdo Diogo Ribeiro Garcia Gerência de Projetos
Especiais Daniel Fuverki Hey Supervisão do Núcleo de Produção de Materiais Nádila Toledo Supervisão
de Projetos Especiais Yasminn Zagonel

FICHA CATALOGRÁFICA
Coordenador(a) de Conteúdo
Silvio Silvestre Barczsz
Projeto Gráfico e Capa C397 CENTRO UNIVERSITÁRIO DE MARINGÁ.
Núcleo de Educação a Distância. STRUET, Mirian Aparecida Mi-
Arthur Cantareli, Jhonny Coelho
carelli; POLASTRI, Paula
e Thayla Guimarães
Qualidade e Certificação Ambiental.
Editoração
Mirian Aparecida Micarelli Struett
Lucas Pinna Silveira Lima Paula Polastri
Design Educacional
Marcus Vinicius A. S. Machado Maringá - PR.: UniCesumar, 2020.
184 p.
Revisão Textual
“Graduação - EaD”.
Cindy Mayumi Okamoto Luca
Nagela Neves da Costa 1. Qualidade 2. Certificação 3. Ambiental. EaD. I. Título.

Ilustração
Bruno Cesar Pardinho
Fotos CDD - 22 ed. 333.7
CIP - NBR 12899 - AACR/2
Shutterstock Impresso por:

Bibliotecário: João Vivaldo de Souza CRB- 9-1679

NEAD - Núcleo de Educação a Distância


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www.unicesumar.edu.br | 0800 600 6360
BOAS-VINDAS

Neste mundo globalizado e dinâmico, nós tra-


balhamos com princípios éticos e profissiona-
lismo, não somente para oferecer educação de Tudo isso para honrarmos a nossa mis-

qualidade, como, acima de tudo, gerar a con- são, que é promover a educação de qua-

versão integral das pessoas ao conhecimento. lidade nas diferentes áreas do conheci-

Baseamo-nos em 4 pilares: intelectual, profis- mento, formando profissionais cidadãos

sional, emocional e espiritual. que contribuam para o desenvolvimento


de uma sociedade justa e solidária.
Assim, iniciamos a Unicesumar em 1990, com
dois cursos de graduação e 180 alunos. Hoje,
temos mais de 100 mil estudantes espalhados
em todo o Brasil, nos quatro campi presenciais
(Maringá, Londrina, Curitiba e Ponta Grossa) e
em mais de 500 polos de educação a distância
espalhados por todos os estados do Brasil e,
também, no exterior, com dezenasde cursos
de graduação e pós-graduação. Por ano, pro-
duzimos e revisamos 500 livros e distribuímos
mais de 500 mil exemplares. Somos reconhe-
cidos pelo MEC como uma instituição de exce-
lência, com IGC 4 por sete anos consecutivos
e estamos entre os 10 maiores grupos educa-
cionais do Brasil.

A rapidez do mundo moderno exige dos edu-


cadores soluções inteligentes para as neces-
sidades de todos. Para continuar relevante, a
instituição de educação precisa ter, pelo menos,
três virtudes: inovação, coragem e compromis-
so com a qualidade. Por isso, desenvolvemos,
para os cursos de Engenharia, metodologias ati-
vas, as quais visam reunir o melhor do ensino
presencial e a distância.

Reitor
Wilson de Matos Silva
TRAJETÓRIA PROFISSIONAL

Me. Mirian Aparecida Micarelli Struett


Possui graduação em Administração pela Universidade Estadual de Maringá - UEM
(2001) e mestrado em Administração em Gestão de Negócios (2005) pela mesma
instituição. É funcionária pública estadual desde 1992. Já coordenou equipes na área
de Imaginologia (Radiologia, Tomografia e USG), realizou Estatística Hospitalar e,
atualmente, é gestora de contratos e atas de registro de preços e convênios federais
do Hospital Universitário Regional de Maringá/UEM. Além disso, é pesquisadora da
Universidade Federal de Minas Gerais - UFMGna área de Sistemas de Informação e
Contabilidade Gerencial, e professora titular do Centro de Ensino Superior de Ma-
ringá - Unicesumar. Tem experiência na área de Administração Pública e Privada e
atua como docente nas áreas de Gestão Hospitalar, Gestão de Hotelaria e Estrutura
Hospitalar, Gestão da Qualidade e Certificação Ambiental, Administração voltada
para a Gestão Pública, Sustentabilidade e Responsabilidade Social, Desenvolvimen-
to Sustentável, Segurança no Trabalho Hospitalar e Conceitos da Administração e
Ética Empresarial

http://lattes.cnpq.br/3388750064285917

Me. Paula Polastri


Possui graduação em Engenharia Ambiental pela Universidade Estadual Paulista
Júlio de Mesquita Filho - Unesp (2007),, pós-graduação em Ciências Ambientais pelo
Instituto Federal do Triângulo Mineiro - IFTM (2014), mestrado em Engenharia Ur-
bana e pós-graduação em Engenharia de Segurança do Trabalho pela Universidade
Estadual de Maringá - UEM (2017). Tem experiência em implantação e certificação
do Sistema de Gestão Ambiental com base na norma ABNT NBR ISO 14001, em
auditorias ambientais, licenciamento ambiental, gerenciamento de resíduos sólidos
e elaboração/execução de projetos ambientais. Atualmente, é doutoranda em Enge-
nharia Química pela UEM na linha de pesquisa acerca do potencial da produção de
biogás a partir da co-digestão anaeróbia de resíduos sólidos industriais. Não só, mas
também compõe o grupo de pesquisa em Gestão Integrada de Águas Urbanas da
Universidade Estadual de Maringá (GIAU/UEM) e atua como professora mediadora
e formadora na modalidade de ensino a distância no Centro de Ensino Superior de
Maringá - Unicesumar.

http://lattes.cnpq.br/6170602428689890
A P R E S E N TA Ç Ã O DA DISCIPLINA

QUALIDADE E CERTIFICAÇÃO AMBIENTAL

Caro(a) aluno(a), é com muito prazer que lhe apresentamos o livro que fará parte da disciplina
Qualidade e Certificação Ambiental. Com ela, esperamos que você adquira os conhecimentos
necessários para a sua atuação enquanto gestor(a) ambiental.

Na Unidade 1, construiremos o conhecimento acerca da qualidade ambiental, abordando as


principais teorias e parâmetros que nos permitem inferir sobre. Nesse sentido, apresenta-
remos os principais indicadores utilizados para mensurar qualitativa e quantitativamente a
qualidade do meio ambiente.

Faremos, na Unidade 2, uma relação entre qualidade, gestão da qualidade e gestão ambien-
tal. Assim, trabalharemos algumas ferramentas de apoio ao gerenciamento da qualidade e à
implementação de um Sistema de Gestão da Qualidade (SGQ).

Na Unidade 3, explanaremos os principais aspectos que culminaram na busca por uma melhor
forma de realizar a gestão organizacional, especificamente por intermédio do Sistema de Ges-
tão Ambiental (SGA). Com ele, as organizações têm buscado aprimorar a sua gestão por meio
da implantação de sistemas de gestão com base em normas de padrão internacional, da qual
a ISO é a mais reconhecida internacionalmente. Por fim, faremos uma breve descrição sobre a
integração do Sistema de Gestão da Qualidade (SGQ) e do Sistema de Gestão Ambiental (SGA).

Para que obtenham a certificação na área ambiental ou da qualidade, as empresas precisam


implementar, primeiramente, um sistema de gestão consistente em uma estrutura organiza-
cional que permita que elas avaliem e controlem as suas atividades produtivas e seus impactos
ambientais. Por isso, na Unidade 4, você conhecerá os tipos de auditoria ambiental e suas
aplicações, bem como a auditoria interna de Sistemas de Gestão Ambiental (SGA).

Na Unidade 5, demonstraremos a importância das certificações e das rotulagens ambien-


tais a partir da apresentação de alguns selos e algumas certificações mais conhecidas e
reconhecidas no mercado internacional. Ao final da unidade, trabalharemos aspectos extras
relacionados à obtenção dessas certificações para as organizações.

Prezado(a) aluno(a), vamos à leitura deste livro. Bons estudos!


ÍCONES
pensando juntos

Ao longo do livro, você será convidado(a) a refletir, questionar e


transformar. Aproveite este momento!

explorando Ideias

Neste elemento, você fará uma pausa para conhecer um pouco


mais sobre o assunto em estudo e aprenderá novos conceitos.

quadro-resumo

No fim da unidade, o tema em estudo aparecerá de forma resumida


para ajudar você a fixar e a memorizar melhor os conceitos aprendidos.

conceituando

Sabe aquela palavra ou aquele termo que você não conhece? Este ele-
mento ajudará você a conceituá-la(o) melhor da maneira mais simples.

conecte-se

Enquanto estuda, você encontrará conteúdos relevantes


online e aprenderá de maneira interativa usando a tecno-
logia a seu favor.

Quando identificar o ícone de QR-CODE, utilize o aplicativo Unicesumar


Experience para ter acesso aos conteúdos online. O download do aplicativo
está disponível nas plataformas: Google Play App Store
CONTEÚDO

PROGRAMÁTICO
UNIDADE 01
8 UNIDADE 02
42
INDICADORES E GESTÃO DA
METODOLOGIAS DE QUALIDADE
QUALIDADE E MEIO AMBIENTE
AMBIENTAL

UNIDADE 03
78 UNIDADE 04
112
SISTEMA DE AUDITORIA E
GESTÃO CERTIFICAÇÃO
AMBIENTAL (SGA)

UNIDADE 05
143 FECHAMENTO
171
ROTULAGEM CONCLUSÃO GERAL
AMBIENTAL
INDICADORES E
METODOLOGIAS DE
Qualidade Ambiental

PROFESSORAS
Me. Mirian Aparecida Micarelli Struett
Me. Paula Polastri

PLANO DE ESTUDO
A seguir, apresentam-se as aulas que você estudará nesta unidade: • Construindo conceitos sobre
Qualidade Ambiental • Metodologias e Indicadores de Qualidade Ambiental.

OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
• Estabelecer a Qualidade Ambiental como um dos principais parâmetros das estratégias de Desenvol-
vimento Sustentável • Discutir sobre as principais metodologias analíticas relacionadas ao levantamento
e ao diagnóstico da Qualidade Ambiental.
INTRODUÇÃO

Olá, caro(a) aluno(a), seja bem-vindo(a) à primeira unidade do livro Qua-


lidade e certificação ambiental. Sabe-se a necessidade de compreender
os principais aspectos que influenciam as nossas tomadas de decisões na
sociedade. Todos somos autores responsáveis por essa construção. Por isso,
nossas decisões precisam ser pautadas nos objetivos do Desenvolvimento
Sustentável e da sustentabilidade; mensuradas e analisadas para que possa-
mos traçar estratégias e metas a serem atingidas. Uma das formas de atingir
essas metas é conhecer os índices de desenvolvimento humano e ambiental
para a posterior formulação das Políticas Públicas.
Desse modo, inicialmente, construiremos o conhecimento acerca da
Qualidade Ambiental, abordando as principais teorias e os parâmetros que
nos permitem inferir na qualidade ambiental. Você verá que muitos parâ-
metros são qualitativos, ou seja, extremamente variáveis, de acordo com
o observador. Tal fato é derivado do conceito de sustentabilidade, sem, no
entanto, sustentar o próprio conceito de qualidade ambiental.
Apresentaremos depois, alguns indicadores, como os índices do desen-
volvimento humano (IDH) e seus desdobramentos; os índices de Desen-
volvimento Ambiental e a Sustentabilidade Ambiental e Humana, a partir
da análise do conceito de Pegada Ecológica; a metodologia Pressão-Estado-
-Resposta e a apresentação do Relatório de Qualidade do Meio Ambiente
(RQMA), compilado pelo Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos
Recursos Naturais Renováveis - Ibama. Observa-se, também, o exemplo do
Estado de São Paulo para melhor visão da importância desses indicadores
para a construção da qualidade ambiental.
Ao final desta unidade, Discutiremos a pesquisa detalhada de Silva
(2016), intitulada “Pegada Ecológica: uma análise dos colaboradores e fa-
miliares do Supermercado Selau em Santana do Livramento”, disponibili-
zada em formato QR Code.
Agora, prezado(a) aluno(a), iniciemos nossa caminhada pela estrada
do conhecimento.
CONSTRUINDO CONCEITOS
UNIDADE 1

SOBRE A QUALIDADE
ambiental

Por muitos anos, o conceito de “crescimento” confunde-se ao de “desenvolvimen-


to”. O aumento das pressões ambientais e da conscientização em relação à ação
antrópica no meio ambiente leva a sociedade a buscar um padrão de vida mais
alto e melhor, conjuntamente ao crescimento econômico, à inclusão da temática
ambiental e ao desenvolvimento humano. A definição de “desenvolvimento”, desse
modo, tornou-se, a partir de 1945, alvo de debates e de discussões (na academia,
nas organizações e nos governos), intensificando-se na década de 70. Encontrou,
porém, partir da década de 90, uma definição mais clara, que perpetua na busca
pelo Desenvolvimento Sustentável no Mundo, até hoje (TOIGO; MATTOS, 2016).
De acordo com Toigo e Mattos (2016, p. 554-555):

““
Tal discussão estava relacionada, sobretudo, a caminhos e trajetórias
para se alcançar o progresso a partir da submissão (e uso extensivo) da
natureza de forma contínua. Assim, a relação entre questões ambientais
e desenvolvimento, principalmente na escala humana, tornou-se um
importante elo para entender os problemas ecológicos cada vez mais
evidentes e irreversíveis. As indagações crescentes a respeito do futuro
do meio ambiente e da humanidade, no que diz respeito à qualidade
de vida e bem-estar, tornaram necessária a criação de indicadores que
fossem além dos limites trazidos pelo Produto Interno Bruto (PIB).

10
Segundo Costa (2018), a qualidade atrela-se às características, propriedades e

UNICESUMAR
atributos. Podemos, também, adjetivar qualidade ambiental como alta ou baixa,
relacionando-a a outros indicadores, como os que produzem baixa qualidade
ambiental, por exemplo, a poluição (ar, água, solos, atmosfera), a geração de resí-
duos perigosos à vida, entre outros.
Para Toigo e Mattos (2016, p.558), “o uso contínuo dos recursos naturais”; o
crescente nível de poluição” e o “desconhecimento da realidade ambiental” glo-
bal “levariam a um declínio na qualidade de vida da população”. Desse modo,
independentemente da atividade ou do empreendimento, ela será importante
para a economia, mas gerará impactos. O exemplo dado por Silva et al. (2018)
demonstra alguns dos impactos, como assoreamento marítimo, contaminação,
poluição etc., causados pelas atividades nos portos; relacionados às atividades
econômicas e ao ecossistema local, demonstrando a necessidade de uma gestão
ambiental a fim de evitar o declínio da qualidade de vida das pessoas e do planeta.
No levantamento de dados, juntos a outros autores, Silva et al. (2018) identifi-
caram alguns indicadores a serem analisados para verificar a medição do desem-
penho ambiental portuário. Dentre eles, têm-se os principais: resíduos, consumo de
água, treinamentos ambientais, acidentes ambientais, emissões, políticas ambientais,
energia, ecossistema local, licenciamento e certificação, ruídos e custos ambientais.
Ao tratarmos do tema “qualidade ambiental”, podemos associá-lo às proprie-
dades e aos atributos ambientais com padrões existentes, utilizados para avaliar
o potencial de sobrevivência do ser humano. Exemplificaremos, a seguir, veri-
ficando a longevidade e a qualidade ambiental de determinado centro urbano
ou rural. Analisar a exata correlação entre a longevidade, as características e os
atributos da área urbana e rural, porém, será tão complexo quanto a correlação
de sustentabilidade de um país para outro.
Desse modo, ao estabelecer um parâmetro para analisar a qualidade ambiental
da Lagoa da Conceição (Florianópolis-SC), Silva (2002 apud COSTA, 2018) uti-
lizou uma metodologia de densidade populacional, uso e ocupação de solo, que é
uma das utilizadas para realizar uma análise qualitativa sobre pressões ambientais,
mas não são gerados os indicadores quantitativos passíveis de comparação.
Percebemos, assim, que adjetivar qualidade ambiental por termos genéricos
e quantificá-los são de difícil execução, pois existem diversos fatores específicos a
serem avaliados, e, dificilmente, conseguimos encontrar uma única metodologia
para a compreensão e análise da qualidade ambiental (COSTA, 2018).

11
Para Hammond et al. (1995 apud ARAÚJO; MAIA; RODRIGUES, 2016, p.
UNIDADE 1

2), “a palavra ‘indicador’ vem do latim indicare, que significa apontar, divulgar, ou
seja, os indicadores são capazes de mostrar e orientar aspectos de certa realida-
de”. De acordo com Dahl (1997), o maior desafio concentra-se na construção de
indicadores relacionados à sustentabilidade e à qualidade ambiental, pois devem
fornecer um retrato da situação de sustentabilidade.
Para Araújo, Maia e Rodrigues (2016), o primeiro entrave na construção de
indicadores relaciona-se à pluralidade do uso conceitual do termo desenvolvi-
mento sustentável e das diferentes correntes de pensamento, por exemplo, as
correntes da Sustentabilidade Econômica Forte e Fraca:
■■ Sustentabilidade Econômica Fraca: faz parte da corrente neoclássica.
Nesta, justifica-se as perdas ecológicas quando há ganhos econômicos e
utiliza-se indicadores monetários.
■■ Sustentabilidade Econômica Forte: há uma defesa pela ecologia, na
qual, diferentemente da corrente neoclássica, as perdas ecológicas não
podem ser justificadas por ganhos econômicos e os indicadores devem
ser mensurados fisicamente.

Questiona-se, porém, como mensurar um padrão, se existe tanta incerteza e com-


plexidade no trato dos dados, originado, principalmente, pelas diferenças entre
países, por exemplo, dos indicadores relativos às questões de diversidade cultural
e outros fatores, como os atrelados à responsabilidade socioambiental?
É possível relacionar índices desfavoráveis, ou seja, que em comparação a outras
regiões ou países, esteja ligado à baixa qualidade ambiental. Dentre os indicadores,
podemos relacionar os de crescimento do PIB e outros passíveis de comparação
com os impactos dos empreendimentos na natureza e na vida das pessoas. Dessa
forma, proposições e levantamentos específicos de dados são necessários para a
correta compreensão da qualidade ambiental, envolvendo gestão e manejo ade-
quado dos recursos existentes bem como a associação de outros fatores, atrelados,
por exemplo, aos aspectos sociais, políticos, físicos, químicos, dentre outros, que,
de fato, podem permitir o desenvolvimento sustentável.
Em síntese, como afirma Valois (2009 apud SILVA et al., 2018, p. 7), “[...] a
avaliação de desempenho [...] com uso de indicadores de desempenho ambiental
deve direcionar a gestão ambiental [...] para a implementação de medidas [...] a
fim de que possam ser comparados [...]” com outros indicadores.

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Os indicadores e seus desdobramentos mencionados a seguir são utilizados

UNICESUMAR
para a formulação e definição de políticas públicas; visam ao alcance dos objetivos
do Desenvolvimento Sustentável (ODS) no mundo e à implementação de medi-
das para o meio ambiente, justamente por representar a orientação das ações de
governos nacionais e internacionais, para proporcionar níveis mais elevados de
renda, redução de desigualdades e da degradação dos recursos naturais, ou seja,
buscar melhorar a relação da sociedade com a natureza.

METODOLOGIAS E
INDICADORES DE
Qualidade Ambiental

Iniciemos com a seguinte questão: como mensurar Desenvolvimento Humano


e Qualidade Ambiental?

““
Todo o debate sobre desenvolvimento humano e sustentabilida-
de encontra maior respaldo, quando se consideram iniciativas
como a Avaliação do Milênio e também no contexto dos tra-

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balhos de mensuração. Os índices são ferramentas poderosas
UNIDADE 1

no processo de consolidação das ideias e também de oferta de


informação mais palpáveis aos formuladores de política pública
(TOIGO; MATTOS, 2018, p.558).

Diante do que aprendemos acerca da Qualidade Ambiental, torna-se necessário


conhecer os indicadores que possam elucidar boa parte das questões atreladas à
sustentabilidade e ao desenvolvimento sustentável. Por isso, nos subtópicos, a seguir,
apresentamos alguns Indicadores de Desenvolvimento Humano (IDH), bem como
do Desenvolvimento Ambiental e a Sustentabilidade Ambiental e Humana, a partir,
também, da análise do conceito de Pegada Ecológica, a Metodologia da Pressão-
-Estado-Resposta (PER) e o Relatório de Qualidade do Meio Ambiente (RQMA).

IDH – Índice de Desenvolvimento Humano

O Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD) lançou o “Índi-


ce de Desenvolvimento Humano” (IDH) para evitar o uso exclusivo da opulência
econômica. A publicação do primeiro Relatório de Desenvolvimento Humano
deu-se em 1990. Até 1960, porém, não houve a necessidade de distinguir desen-
volvimento de crescimento econômico, momento em que as nações ricas estavam
envolvidas no processo da industrialização.
Alguns países, no entanto, permaneciam subdesenvolvidos, nos quais a in-
dustrialização era incipiente, como no Brasil. Nesse momento, nasce um intenso
debate internacional sobre o vocábulo “desenvolvimento”, concebido pela Orga-
nização das Nações Unidas (ONU). Até o final do século XX, ainda, os manuais
serviam-se despudoradamente do desenvolvimento e do crescimento econômico
como sinônimo (VEIGA, 2005).
Segundo Toigo e Mattos (2016), a sociedade precisava compreender que a
sustentabilidade não se relaciona, somente, ao meio ambiente, mas também à
forma de vida das pessoas. A sustentabilidade liga-se, ainda, à equidade, por isso
é preciso que haja consciência da ação individual em relação à coletividade, pois
essas ações podem e poderão afetar a vida das pessoas, a curto e longo prazo.
Ao final dos anos 80, a contribuição de Sen foi importantíssima para o Programa
das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD), consultor de Mahbud ul Haq,
do Banco Mundial, arquiteto do Relatório de Desenvolvimento Humano, publicado
pelo PNUD, em 1990, tentou transformar os dados em índices sintéticos. Mahbud
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foi, fortemente, criticado por Sen, ao tentar transformar dados complexos e amplos

UNICESUMAR
do processo de desenvolvimento em dados quantitativos per capita (VEIGA, 2005).
Ainda, concebem Sen e Mahbud (apud VEIGA, 2005, p. 85):

Só há desenvolvimento quando os benefícios do crescimento ser-


vem à ampliação das capacidades humanas, entendidas como o
conjunto das coisas que as pessoas podem ser, ou fazer, na vida. E
são quatro as mais elementares: ter uma vida longa e saudável, ser
instruído, ter acesso aos recursos necessários e um nível de vida
digno e ser capaz de participar da vida em comunidade. Na ausência
destes quatro, estão indisponíveis todas as outras escolhas comuns.
E muitas oportunidades na vida serão inacessíveis. Além disso, há
um fundamental pré-requisito que precisa ser explicitado: as pes-
soas têm de ser livres para que suas escolhas possam ser exercidas,
para que garantam seus direitos e se envolvam nas decisões que
afetarão suas vidas.

Os relatórios incidem em quatro capacidades anteriormente mencionadas: vida


longa e saudável, conhecimento, acesso aos recursos necessários para um padrão
de vida digno e a participação da comunidade. Apesar das mudanças ocorridas
em 2010 na metodologia do cálculo do IDH, o índice manteve suas características
principais. Os pilares do IDH–longevidade, educação e renda (conhecimento,
saúde e padrão de vida digno, respectivamente)– não foram alterados, mas houve
modificação no cálculo final do índice:
■■ Longevidade – não mudou, mede-se pela expectativa ao nascer.
■■ Educação – anteriormente, o indicador referia-se à “taxa de alfabetização”,
agora, calcula-se a partir dos anos de estudo da população adulta (25 anos
ou mais), pois as taxas de matrícula aumentavam significativamente, bem
como os padrões de matrícula bruta e alfabetização. Mudou-se, também,
os pesos de avaliação dos subíndices de analfabetismo e taxa de matrícula,
que, agora, têm peso semelhante (2 e 1, respectivamente, para 1).
■■ RNB – o Produto Interno Bruto (PIB) per capita foi substituído pela
Renda Nacional Bruta (RNB) per capita, pois, dantes, não contempla-
va o capital exterior (maneira de captar melhor as remessas vindas de
imigrantes, excluírem da conta o envio de lucro para o exterior das
empresas e o cômputo das verbas de ajuda humanitária, recebido pelo
país, por exemplo). Mantido o modo como os valores são expressos
15
(paridade do poder de compra – PPC), levando em conta a variação do
UNIDADE 1

custo de vida entre os países.


■■ Cálculo– até 2009, o cálculo do IDH era a média simples (eram somados os
três subíndices e divididos por três) dos três subíndices. Apartir desse rela-
tório, recorre-se à média geométrica (são multiplicados os três subíndices
e calculada a raiz cúbica do resultado da multiplicação). Agora, o nível de
desenvolvimento deixa de ser um valor fixo e passa a ser um valor relativo.

O PNUD admite que o IDH seja o ponto de partida, entretanto não é uma medida
compreensiva, já que não inclui a participação nas decisões que afetam a vida
das pessoas em comunidade. Como afirma Veiga (2005), no relatório 2004, “uma
pessoa pode ser rica, saudável e muito bem instruída, mas sem essa capacidade
o desenvolvimento é retardado”. O principal defeito do IDH é o resultado arit-
mético dos três índices: renda, escolaridade e longevidade, não havendo dispo-
nibilidade para indicadores tão importantes, como ambiental, cívico e cultural.
O IDH foi muito criticado pelos índices que apresentava. Como a metodologia
não era passível de comparação, e a fim de possibilitar que fossem verificadas novas
tendências no desenvolvimento humano, a equipe responsável pelo relatório cal-
culou, também, o IDH 2009 e os demais anos de referência (UNITED NATIONS
DEVELOPMENT PROGRAMME, 2010 apud TOIGO; MATTOS, 2016).
Podemos ver no Mapa, a seguir, a classificação dos países que participaram do
cálculo do IDH global e estão entre os 25% com maior IDH (desenvolvimento
humano muito alto); seguido dos 25% (alto desenvolvimento humano); dos 25%
de desenvolvimento humano médio; e, por fim, os 25% restantes com menor IDH,
classificados como países de baixo desenvolvimento humano.

16
UNICESUMAR
Mapa-múndi indicando o Índice de Desenvolvimento Humano - 2017.

acima de 0,900 0,650-0,699 0,400-0,449

0,850-0,899 0,600-0,649 0,350-0,399

0,800-0,849 0,550-0,599 0,300-0,349

0,750-0,799 0,500-0,549 abaixo de 0,300

0,700-0,749 0,450-0,499 Sem dados

Figura 1 - Mapa-múndi de IDH (2017) / Fonte: Wikipédia ([2019], on-line)1.

A partir de 2010, o Brasil apresentou diferentes posições no IDH. Atualmente,


encontra-se quase estagnado desde 2016, em relação à expectativa de vida, aos
anos de estudo e à média de anos de estudo. O diferencial refere-se à renda, que,
desde 2010, o Brasil deixou de apresentar crescimento da renda nacional.
No ranking 2018 do IDH global, realizado pela Organização das Nações Uni-
das (ONU), o Brasil posiciona-se na 79ª colocação. Apesar de o Brasil estar no
grupo considerado de “Alto desenvolvimento humano”, é considerado o segundo
escalão na lista, pois, em primeiro escalão, posicionam-se os países de “Muito alto
desenvolvimento humano”, e, após o segundo escalão, tem-se o “Médio desen-
volvimento humano”, seguido dos países de “Baixo desenvolvimento humano”.
A seguir, observe a descrição das três primeiras posições em relação ao ran-
king de cada escalão:

17
Mé-
Gru- Espe- RNB
Anos dia de
po de Posição rança per
esperados anos
Desen- no Ran- País IDH de vida capita
de escola- de
volvi- king ao nas- (PPP,
ridade estu-
mento cer 2018)
dos

1º Noruega 0.953 82.3 17.9 12.6 68,012

Muito
2º Suíça 0.944 83.5 16.2 13.4 57,625
Alto

3º Austrália 0.939 83.1 22.9 12.9 43,56

60º Irã 0.798 76.2 14.9 9.8 19,130

60º Palau 0.798 73.4 15.6 12.3 12,831


Alto
62º Seicheles 0.797 73.7 14.8 9.5 26,077

79º Brasil 0.759 75.7 15.4 7.8 13,755

113º Filipinas 0.699 69.2 12.6 9.3 9,154

África do
Médio 113º 0.699 63.4 13.3 10.1 11,923
Sul

115º Egito 0.696 71.7 13.1 7.2 10,355

Ilhas Sa-
152º 0.546 71.0 10.2 5.5 1,872
lomão

Papua
153º - Nova 0.544 65.7 10.0 4.6 3,403
Baixo Guiné

154º Tanzânia 0.538 66.3 8.9 5.8 2,655

189º Níger 0.354 60.4 5.4 2.0 906

Quadro 1 - As três primeiras posições em relação ao ranking de cada escalão do IDH / Fonte:
adaptado de UNDP ([2019], on-line)2.

18
Em análise aos resultados apresentados nesse relatório, podemos observar que a

UNICESUMAR
Noruega lidera o ranking do IDH entre os resultados apresentados para os 189
países e territórios, enquanto Níger apresenta a pontuação mais baixa na média
de realizações nacionais do IDH– saúde, educação e renda.

explorando ideias

Informações oficiais sobre a atualização estatística do IDH e seus desdobramentos, os


relatórios de Desenvolvimento humano (RDH) bem como outras informações a respeito
dos indicadores de Desenvolvimento Humano e dos Objetivos do Desenvolvimento Sus-
tentável (ODS) poderão ser adquiridas, diretamente, nos sites da Organização da Nações
Unidas (ONU), no Brasil: https://nacoesunidas.org/brasil e no site da United Nations Deve-
lopment Programme – UNDP: https://www.undp.org/.
Fonte: as autoras.

IDHM e as Políticas Públicas

Importante destacar que o conceito IDH sustentável foi consolidado no Brasil na


década de 90. Esse é o método mais empregado para estabelecer prioridades públi-
cas, calcular repasses a estados e municípios na destinação orçamentária, apoiar a
sociedade civil, orientar as empresas privadas, em processos decisórios e alocação
de investimentos. Ele possibilitou o pensamento do progresso, ou seja, o desen-
volvimento atrelado ao rendimento, porém, no quesito ecológico, recebe críticas.

““
O IDH tem sido criticado por não incluir quaisquer considera-
ções ecológicas, com foco exclusivamente no desempenho na-
cional e na classificação, e por não avaliar o desenvolvimento em
uma perspectiva mais abrangente. O índice também foi criticado
como “redundante” por medir aspectos do desenvolvimento que
já foram estudados exaustivamente (SAGAR; NAJAM, 1998; CA-
SADIO; PALAZZI, 2012; PALAZZI; LAURI, 2013 apud BRASIL;
MACEDO, 2016, p.108).

A partir do IDHM Municipal podem ser analisadas prioridades públicas


para cada região, principalmente em busca de melhoria na qualidade de vida nos

19
meios urbanos, já que a forma como se apresenta a urbanização das cidades é
UNIDADE 1

insustentável, aliada à falta de planejamento, à deterioração de recursos naturais


e à vulnerabilidade social.

““
De acordo com o Department of Economic and Social Affairs
(2012) um bilhão de pessoas já vivem em assentamentos precários,
ou seja, sem infraestrutura e sem acesso aos serviços básicos neces-
sários. Se ações não forem tomadas, em 2050 pode haver três bilhões
de pessoas habitando favelas. Com a preocupação global de mudar
esse cenário, os indicadores tornaram-se ferramentas indispensáveis
para orientar, avaliar e monitorar o desempenho das cidades rumo
ao sustentável (ARAÚJO; MAIA; RODRIGUES, 2016).

Silva e Guimarães (2012) fizeram uma correlação importante entre o IDH de


regiões brasileiras, de forma a computar a demanda por consumo de eletricidade
per capita necessária para atingi-las. De acordo com os autores, baseados em
diversos estudos anteriores:

““
[...] a evolução da qualidade de vida da sociedade, traduzida pelo
IDH, apresenta uma correlação estreita com o consumo de eletri-
cidade per capita. Como dispomos no Brasil do indicador de IDH
desagregado, podemos adotar nos estados brasileiros o mesmo
raciocínio usado na comparação entre diferentes países. Assim, é
possível traçar a curva IDH vs. Consumo de eletricidade per capita
(SILVA; GUIMARÃES, 2012, p.16).

Após o levantamento da curva “IDH versus Consumo” de eletricidade dos es-


tados brasileiros, os autores Silva e Guimarães (2012, p.16) propuseram a integra-
ção do Planejamento Energético a uma Política de Governo, visando à melhoria
do IDH, “abrangendo os aspectos de saneamento, construção da infraestrutura,
saúde e educação” sob o risco de inviabilizar o desenvolvimento e a inclusão
social. Nas palavras de Silva e Guimarães (2012, p.16):

““
O acesso à energia é um dos fatores fundamentais na evolução da qua-
lidade de vida da sociedade. Com efeito, apenas com acesso à energia
podemos viabilizar melhorias na expectativa de vida, na escolaridade
e na renda da população. Acima de tudo, a disponibilidade de energia
elétrica é um pré-requisito para esta melhoria, e não sua consequência.
20
Como apontamos, anteriormente, bem como destacado pelos autores Silva

UNICESUMAR
e Guimarães, é preciso que essa distribuição equitativa da energia elétrica
ocorra de forma sustentável, de maneira que outros indicadores, como a PE
e o IDA, sejam necessários para avaliar, efetivamente, a sustentabilidade. A
seguir, apresentamos o índice de desempenho ambiental (IDA) e, na sequên-
cia, a Pegada Ecológica (PE).

Índice de Desempenho Ambiental

As Universidades de Yale e Columbia criaram uma metodologia chamada Envi-


ronmental Performance Index (EPI) cujo objetivo era a criação de uma economia
e uma sociedade mais sustentável. Esse método, no Brasil, chama-se Índice de
Desempenho Ambiental (IDA).
Para avaliar esse desempenho governamental, tal ferramenta mensura as po-
líticas ambientais governamentais, priorizando dois objetivos do meio ambiente:
o primeiro relaciona-se à redução de estresses ambientais para a saúde humana
e, o segundo, à promoção da vitalidade do ecossistema e da correta gestão dos
recursos naturais (TOIGO; MATTOS, 2016).
Segundo essa metodologia, os objetivos são avaliados por meio de 25 indicadores
e divididos em seis dimensões, chamadas de categorias políticas, consideradas funda-
mentais para a vitalidade do ecossistema e estão relacionadas à: “saúde do meio am-
biente, qualidade do ar, recursos hídricos, biodiversidade e habitat, recursos naturais
produtivos e mudança climática” (YALE UNIVERSITY; COLUMBIA UNIVERSITY,
2008 apud TOIGO; MATTOS, 2016, p.561-562).
De acordo com Yale e Columbia Universities (apud TOIGO; MATTOS,
2016), essa ferramenta possui algumas limitações metodológicas, como a falta
de dados. Porém, quando relacionamos aos aspectos da redução da pobreza; da
saúde e de outros objetivos de desenvolvimento, auxilia a tomar decisões e for-
mular políticas ambientais mais condizentes com a realidade, uma vez que resulta
em informações coerentes com os problemas decorrentes do meio ambiente e as
condições de vida humana.

21
Agência Nacional de Transportes Aquaviários (ANTAQ)
UNIDADE 1

Um exemplo de como o indicador quantifica, facilita e simplifica as informações


sobre questões ambientais, além de auxiliar no entendimento a essa ferramenta, foi
o IDA, desenvolvido pela Agência Nacional de Transportes Aquaviários (ANTAQ).
De acordo com os autores Silva et al. (2018), a ANTAQ, criada pela Lei nº
10.233/2001, é uma agência regulamentadora com a finalidade de regular, super-
visionar e fiscalizar as atividades de prestação de serviços de transporte aquaviá-
rio e de exploração da infraestrutura portuária. Assim, por meio da Resolução nº
2650/2012, desenvolveu-se o Índice de Desempenho Ambiental (IDA) cuja ferra-
menta apresenta categorias com indicadores globais e específicos para avaliação
dos portos, envolvendo os aspectos econômico, operacional, sociológico, cultural,
físico, químico, biológico e ecológico.

““
A aplicação dessa ferramenta governamental que é o IDA se dá por
meio de um questionário aplicado aos gestores ambientais, o qual
é preenchido de forma voluntária pelos portos. Esse questionário é
composto por 38 indicadores específicos de desempenho ambiental
que são classificados em 4 categorias e 14 indicadores globais, sendo
que para cada indicador foi estabelecido um conjunto de situações
de atendimento (atributos), as quais determinam em que estágio a
gestão se encontra para aquele indicador, ou ainda, em que nível de
atendimento (SILVA et al. 2018,p. 10-11).

O quadro, a seguir, apresenta esses indicadores e as categorias globais e específicas


do IDA e seus respectivos pesos.

22
ÍNDICE DE DESEMPENHO AMBIENTAL

UNICESUMAR
Categoria Econômico-Operacional

Indicadores Globais Peso Indicadores Específicos Peso

Licenciamento ambiental
0,117
do porto

Quantidade e qualifica-
Governança ção dos profissionais no 0,033
0,217 núcleo ambiental
Ambiental
Treinamento e capacita-
0,016
ção ambiental

Auditoria ambiental 0,05

Banco de dados oceano-


gráficos/hidrológicos e me- 0,016
teorológicos/climatológicos

Segurança 0,16 Prevenção de riscos e


0,108
atendimento a emergência

Ocorrência de acidentes
0,036
ambientais

Ações de retirada de resí-


Gestão Das 0,033
duos de navios
Operações 0,028
Portuárias Operações de contêineres
0,019
com produtos perigosos

Redução do consumo de
0,019
energia

Gerenciamento de Geração de energia limpa


0,028 0,006
Energia e renovável pelo porto

Fornecimento de energia
0,002
para navios

Custos e Benefícios
Internalização dos custos
das Ações 0,068 0,068
ambientais no orçamento
Ambientais

23
Divulgação de informa-
UNIDADE 1

0,004
ções ambientais do porto

Agenda ambiental local 0,018


Agenda Ambiental 0,039
Agenda ambiental institu-
0,01
cional

Certificações voluntárias 0,007

Controle do desempenho
ambiental dos arrenda-
0,038
mentos e operadores
pela Autoridade Portuária

Licenciamento ambiental
0,026
das empresas

Plano de Emergência Indi-


0,015
vidual dos terminais
Gestão Condominial
0,11 Auditoria ambiental dos
o Porto Organizado 0,008
terminais

Planos de Gerenciamento
de Resíduos Sólidos dos 0,011
terminais

Certificações voluntárias
0,004
das empresas

Programa de educação
0,008
ambiental nos terminais

CATEGORIA SÓCIO-CULTURAL

Promoção de ações de
Educação Ambiental 0,05 0,05
educação ambiental

Ações de promoção da
0,008
saúde
Saúde Pública 0,025
Plano de contingência de
0,017
saúde no porto

24
CATEGORIA FÍSICO-QUÍMICA

UNICESUMAR
Qualidade ambiental do
0,025
corpo hídrico
Monitoramento
0,039 Drenagem pluvial 0,004
da Água
Ações para redução e
0,01
reuso da água

Monitoramento Área dragada e disposi-


0,012
Do Solo e Material 0,025 ção de material dragado
Dragado Passivos ambientais 0,012

Poluentes atmosféricos
Monitoramento do 0,011
0,015 (gases e particulados)
Ar e Ruído
Poluição sonora 0,004

Gerenciamento De Gerenciamento de resí-


0,08 0,08
Resíduos Sólidos duos sólidos

CATEGORIA BIOLÓGICO-ECOLÓGICA

Monitoramento de Fauna
0,01
e Flora

Biodiversidade 0,049 Animais sinantrópicos 0,029

Espécies aquáticas exóti-


0,01
cas/invasoras

Quadro 2 - Indicadores e categorias que compõe o IDA


Fonte: adaptado de ANTAQ (2017 apud SILVA et al. 2018).

De acordo com o levantamento de Silva et al. (2018) sobre os portos brasileiros,


no período de 2012 a 2015 e no primeiro semestre de 2016, dados quantitativos
foram levantados, como antecipou Povia (2015), para auxiliar na promoção do
fluxo de informações técnicas sobre a gestão ambiental, porém como o IDA pro-
posto pela ANTAQ é um questionário gerencial, não reflete, necessariamente,
o desempenho ambiental do porto, apesar de 54,50% dos gestores portuários
concordarem com a composição de seus indicadores como adequados.
Nesse sentido, Silva et al. (2018) entenderam que a metodologia da ANTAQ
trouxe indicadores qualitativos organizacionais, não refletindo, especificamente, o
desempenho quantitativo e as consequências do impacto ambiental ou do sistema
25
de gestão ambiental do próprio porto, uma vez que esses gestores respondem
UNIDADE 1

de forma voluntáriae podem haver diferenças nos resultados, ocasionadas pela


diversidade de percepção em relação ao desempenho ambiental.

Pegada Ecológica

Em 1996, os autores Wackernagel e Rees lançaram um livro chamado Our Eco-


logical Footprint, que trouxe importantes medições acerca das pressões e marcas
que nós, seres humanos, deixamos no planeta Terra.
Em português, chamamos Pegada Ecológica (PE) na busca da redução do
impacto do ser humano na Terra. A partir do Ecological Footprint Method, foi
possível avaliar a pressão do consumo sobre os recursos naturais de forma global,
ou seja, mensurar e avaliar os recursos requeridos para sustentar o padrão de vida
das pessoas no mundo (TOIGO; MATTOS, 2016).
De acordo com Pereira (2008, p. 35), esse método busca “quantificar os fluxos
de energia e massa de uma economia ou atividade específica, convertidos em
áreas correspondentes necessárias para suportar esses fluxos”. De maneira sintéti-
ca, reduz a dimensão – áreas de terra e água para o seu suporte, toda a exploração
humana dos recursos e do seu meio ambiente.
Conforme Toigo e Matos (2016, p. 560), a PE “é considerada uma metodologia
de contabilidade ambiental”, seus resultados são expressos em hectares globais
(gha). De acordo com os mesmos autores, “Um gha representa um hectare bio-
logicamente produtivo em relação à média mundial de produtividade”.
Segundo Silva (2016, p.12), para realizar o cálculo da Pegada Ecológica
deve-se considerar os mais diversos “tipos de territórios produtivos e de con-
sumo”, “das tecnologias utilizadas e o tamanho das populações, além das áreas
utilizadas para o recebimento de resíduos gerados e dos recursos necessários
para a manutenção da própria natureza”. Assim, essa metodologia mede uma
área (em hectares globais, que correspondem à terra e à água) impactada pelo
homem na terra e calcula, por meio dessas ocupações (prédios, rodovias, plan-
tio agrícola, dentre outros elementos do planeta), a área de terreno produtivo
necessário para sustentar a vida.

26
De acordo com Scarpa (2012, p. 7), para obter a Pegada Ecológica, deve-se

UNICESUMAR
considerar “a emissão de gases de efeito estufa (principalmente o gás carbônico
- CO2 ) na atmosfera e a presença de poluentes no ar, na água e no solo”. Dessa
forma, todo tipo de consumo (alimentos, bens ou serviços, entre outros) podem
ser convertidos em uma área medida em hectares.
De acordo com o Portal World Wide Fund for Nature - WWF Brasil (2007
apud SILVA, 2016, p.20-21),

““
a pessoa que na somatória de seus pontos obtiver até 23 pontos
possui a pegada ideal (1,8 gha), um planeta Terra; de 24 a 44 pontos
(3,6 gha), 21 o ser humano necessitaria de dois planetas Terra; de 45
a 66 pontos (5,4 gha), o indivíduo necessitaria de três planetas Terra
e; por último, de 67 a 88 pontos (7,2 gha) o impacto de sua pegada
seria de quatro planetas terra.

De acordo com Becker (2012 apud SILVA, 2016), “a média da Pegada Ecológica
mundial era de 2,7 gha por pessoa, enquanto a biocapacidade disponível para
cada ser humano era de apenas 1,8 gha”.

Com isso, a humanidade estava em grave déficit ecológico de 0,9


gha/cap, ou seja, a humanidade consumia um planeta e meio, exce-
dendo assim a capacidade regenerativa do planeta em 50% [...] E,
a Pegada Ecológica brasileira, em 2012, era de 2,9 hectares globais
por habitante, indicando que o consumo médio de recursos ecológi-
cos pelo brasileiro está bem próximo da Pegada Ecológica mundial
(BECKER, 2012 apud SILVA, 2016).

Silva (2016, p.9) afirma que “as projeções para 2050 são que se a humanidade
seguir procedendo desta forma, serão necessários mais de dois planetas para
manter o padrão de consumo”. Como podemos perceber, a sociedade consume
muito mais do que o planeta pode oferecer.
De acordo com os autores Hails et al. (2006 apud PEREIRA, 2008, p. 35), a PE “não
prevê o futuro, portanto ela não estima perdas futuras causadas pela atual degradação
dos ecossistemas”. Para esses mesmos autores, os valores quantitativos encontrados da
pegada não indicam a intensidade de cada zona biologicamente produtiva utilizada,
também não apontam para pressões específicas à biodiversidade.

27
Pegada Ecológica dos colaboradores do
UNIDADE 1

Supermercado Selau e suas famílias

No levantamento dos entrevistados, colaboradores do Supermercado Selau


e suas famílias foram apontados na pesquisa e foi possível concluir que eles
possuem uma Pegada Ecológica de 3,6 a 5,4 gha, ou seja, duas a três vezes
maior do que o valor ideal. Considerando os resultados da pesquisa de Silva,
chegou-se às seguintes conclusões, quanto ao cálculo da Pegada Ecológica dos
entrevistados (SILVA, 2016, p. 21):
■■ 50% atingiram a pontuação de 24 a 44 pontos, representativo de “dois
planetas Terra”.
■■ 43,75% atingiram a pontuação de 45 a 66 pontos, representativo de “três
planetas Terra”.
■■ E, apenas, 6,25% atingiram a pontuação de 67 a 88 pontos, equivalente a
“quatro planetas Terra”.

Convertido em gha, a maioria dos entrevistados tem uma Pegada Ecológica


correspondente à 3,6 a 5,4, maior do que o ideal, 1,8, como destacado anterior-
mente. Sugeriu-se, desse modo, a educação ambiental para esses respondentes,
por meio de folders, por exemplo, para que possam mudar suas atitudes, tor-
nando-as mais sustentável.
Importante destacar que, como indicador ambiental, a PE cumpre seu papel,
pois gera impacto na população, que consegue levar as pessoas a uma reflexão
em relação ao seu comportamento e ao seu consumo (individual e global); não
consegue, porém, evoluir além desse papel de promover a sensibilização (ARAÚ-
JO; MAIA; RODRIGUES, 2016).
Como afirma Amaral, (2010, p. 80) “é necessário que a informação seja
complementada com outros dados específicos para que haja mais coerência
no processo decisório e no planejamento das ações”. Nesse sentido, sugerimos
a metodologia PER, a seguir, como uma das formas de corroborar e somar à
função da Pegada Ecológica.

28
UNICESUMAR
Metodologia Pressão-Estado-Resposta

Rufino (2002) realizou uma análise de Qualidade Ambiental no município de Tu-


barão, no estado de Santa Catarina, utilizando-se da metodologia quantitativa de-
nominada Pressão-Estado-Resposta(PER). O modelo proposto apresenta como as
atividades humanas exercem pressão sobre o meio ambiente e, consequentemente,
como essa pressão pode afetar o seu estado (quantidade de recursos), levando às
ações para reduzir ou prevenir os impactos negativos. Dessa forma, o sistema PER
baseia-se no conceito da causalidade:

““
Atividades humanas exercem pressão sobre o meio ambiente e mu-
dam sua qualidade e a quantidade dos recursos naturais (estado). A
sociedade responde a estas mudanças através de políticas ambien-
tais, econômicas e setoriais (resposta social). [...] estes passos for-
mam parte de um ciclo (política) ambiental que inclui a percepção
dos problemas, a formulação de políticas, monitoramento e ava-
liação política (OECD, 1993 apud ROSSETO et al., 2004, p.5173).

29
Os indicadores, na estrutura Sistema Pressão-Estado-Resposta, representado
UNIDADE 1

na Figura 2, a seguir, apresentam os indicadores como (OECD, 1993 apud


ROSSETO et al., 2004, p.5173):

Indicadores de pressão ambiental – descrevem as pressões


antrópicas exercidas sobre o meio ambiente e que causam
mudanças qualitativas e quantitativas nos recursos naturais.
Compreendem indicadores de pressão imediata (pressão
diretamente exercida sobre o meio ambiente, normalmente
expressa em termos de emissões ou consumo de recursos na-
turais) e indicadores de pressão indireta (refletem atividades
que levam a futuras pressões ambientais).

Indicadores das condições ambientais – correspondem ao


“estado” e relacionam-se à qualidade ambiental e aos aspectos
de quantidade/qualidade dos recursos naturais, refletindo o
objetivo final das políticas ambientais e proporcionando visão
geral da situação (estado) do meio ambiente e o seu desenvol-
vimento ao longo do tempo.

Indicadores de resposta – correspondem às respostas so-


ciais, às ações individuais e coletivas para mitigar ou preve-
nir impactos negativos induzidos pelas atividades humanas, a
fim de interromper ou reverter danos ambientais infligidos ao
meio e caracterizados pelas mudanças ambientais. Estas res-
postas também contemplam ações pertinentes à preservação
e conservação do meio natural e seus recursos. Indicadores de
resposta devem refletir esforços da sociedade no processo de
enfrentamento da problemática ambiental.

30
A OECD (1993 apud ROSSATO et al., 2004) apresenta quatro categorias de

UNICESUMAR
utilização dos indicadores ambientais, a saber: (1) a medição do desempenho
ambiental; (2) a integração das preocupações ambientais nas políticas setoriais;
(3) a integração das tomadas de decisões econômicas e ambientais; e (4) a infor-
mação sobre o estado do meio ambiente. Esses indicadores, respectivamente, são
utilizados para avaliar desempenho.
O exemplo da figura a seguir demonstra as formas de ação da PER:

Figura 2 - Sistema Pressão-Estado-Resposta / Fonte: OECD (1993 apud ROSSATO et. al., 2004, p. 5174).

O trabalho de Rufino (2002 apud COSTA, 2018) esclarece a análise de Qualidade


Ambiental. Para o autor, ela deve ser realizada em microescala, tendo em vista os
diversos padrões atrelados aos aspectos sociais, econômicos, políticos, culturais
e ambientais. A análise deve, também, estabelecer padrões de sustentabilidade
locais, ainda que para uma análise global de uma nação a análise de Qualidade
Ambiental seja sistematizada por meio do mapeamento das situações loco-re-
gionais, visando à formulação e ao desenvolvimento de políticas públicas para
solucionar os problemas encontrados.

31
Relatório de qualidade do Meio Ambiente (RQMA)
UNIDADE 1

No que tange ao nível nacional, o sistema de análise de sustentabilidade e qua-


lidade ambiental encontra-se hierarquizado e o trabalho de alimentação do sis-
tema se dá do nível municipal ao nível federal, passando pelos Estados. Todos
os dados são sistematizados diante de uma metodologia padronizada e, ao final
do processo, fazem parte do que se chama “Relatório Nacional de Qualidade do
Meio Ambiente”. Isso tem uma explicação: o meio ambiente apresenta uma série
muito extensa de variáveis que precisam ser consideradas, mesmo em um recorte
mais restrito, como a análise da qualidade ambiental, no Estado de São Paulo,
produzido pelo Departamento de Controle da Qualidade Ambiental (Decont)
da Secretaria do Verde e do Meio Ambiente (SVMA).
A Prefeitura Municipal de São Paulo realiza o gerenciamento de áreas
contaminadas por meio do Grupo Técnico de Áreas Contaminadas (GTAC),
vinculado ao Decont e ao SVM. em consonância com os instrumentos legais
vigentes. Todos os anos, realiza-se o levantamento das renovações de licenças
e o acompanhamento dos setores que mais degradam o meio ambiente, a
partir das denúncias, e em que boa parte se traduz em políticas ou progra-
mas financiados pelo Fundo Especial do Meio Ambiente e Desenvolvimento
Sustentável (Fema ). Este objetiva apoiar os projetos e programas que prio-
rizam o uso sustentável dos recursos naturais, manutenção, melhoria e/ou
recuperação da qualidade ambiental, pesquisa e atividades ambientais de
controle, fiscalização e defesa do meio ambiente (FEMA, 2019 on-line)3.
Em nossa Leitura Complementar sobre o Relatório Anual de Qualidade do
Meio Ambiente, você verá que muitas análises, em especial as de qualidade das

32
águas superficiais e subterrâneas, de qualidade do ar, áreas degradadas e número

UNICESUMAR
de espécies, exigem levantamentos de campo, coleta de amostras e análises labo-
ratoriais para definir tais parâmetros.
Assim, com os parâmetros numericamente definidos, executa-se uma com-
paração com as bases oficiais, como abordadas, realizando-se uma posterior
discussão dos resultados encontrados, que faz parte de qualquer trabalho sobre
a análise da qualidade ambiental em nível local, territorial, regional e nacional.
Você deseja ter uma ideia de parâmetros oficiais para comparação na produção
dos relatórios de qualidade ambiental? Veja a sugestão de leitura dessa unidade.

explorando ideias

A partir dos resultados da pesquisa sobre a Pegada Ecológica dos colaboradores e fami-
liares do Supermercado Selau, em Santana do Livramento, comparando-se população e
entrevistado, teríamos a necessidade de dois a três planetas para garantir a manutenção
dos hábitos da população mundial, apesar do tamanho da amostra de respondentes des-
ta pesquisa em relação à população ser muito pequena.
Fonte: Silva (2016).

conecte-se

Você já pensou na quantidade de recursos naturais necessários para manter


seu estilo de vida? Por exemplo, a sua alimentação, o seu transporte, ou seja,
tudo o que você faz, Qual é o impacto das suas ações ao meio ambiente? Para
saber mais sobre o assunto, assista ao vídeo a seguir.

33
CONSIDERAÇÕES FINAIS
UNIDADE 1

Caro(a) aluno(a), nesta unidade, discutimos um dos temas centrais desta obra:
a Qualidade Ambiental e a mensuração dos indicadores de Desenvolvimento
Sustentável e Sustentabilidade.
O assunto “Qualidade Ambiental” ganhou seu merecido destaque, com sua
conceituação e com a verificação das diferentes metodologias de análise. Infe-
lizmente, muitas metodologias ainda orbitam na indefinição das características
qualitativas e poucas (as mais completas e efetivas) levam em consideração parâ-
metros quantitativos que permitam a comparação com outras bases, em especial,
as bases oficiais, legalmente definidas.
Em termos práticos, a dificuldade em estabelecer uma análise de Qualidade
Ambiental encontra-se, somente, no nível de trabalho exigido, uma vez que a
complexidade das variáveis a serem analisadas é dirimida por um correto planeja-
mento das ações, antes e durante a realização dos trabalhos. Resultados fidedignos
à situação real refletem em um melhor planejamento em termos de políticas pú-
blicas e, em última etapa do ciclo, no estabelecimento de um verdadeiro processo
de desenvolvimento sustentável.
Conforme observamos, prezado(a) aluno(a), várias são as formas de mensura-
ção qualitativa e quantitativa do desenvolvimento sustentável, sustentabilidade e
qualidade socioambiental atrelada aos objetivos do Desenvolvimento Sustentável.
É preciso compreender, além dos índices, quais, como e de que forma a degradação,
a poluição e as ações humanas impactam o meio ambiente. Torna-se, portanto,
imprescindível conhecer esses indicadores e essas metodologias analíticas para
balizar o seu conhecimento acerca da qualidade ambiental, e não se esgota, nesta
unidade, os métodos e as propostas estratégicas disponíveis para essa mensuração.

34
na prática

1. Indicadores são medidas que capturam dados importantes relacionados a uma


atividade, um fenômeno ou uma situação; fornecem informações que subsidiam
o processo de tomada de decisão e orientam a formulação de políticas públicas e
planejamento. São utilizados com o objetivo de conhecer a realidade econômica, so-
cial, ambiental etc. de uma sociedade; monitorar o seu desenvolvimento e subsidiar
os gestores públicos e privados em suas administrações. São, então, importantes
ferramentas de informação para avaliar avanços, retrocessos ou estancamentos nos
mais diversos aspectos e setores da sociedade.

Fonte: Souza e Spinola (2017).

Dentre os indicadores apresentados, na disciplina, sobre mensuração do desenvol-


vimento sustentável, temos os seguintes:

I - Índice de Qualidade de Desenvolvimento (IQD).


II - Índice de Desenvolvimento Humano (IDH).
III - Índice de Concentração de Renda (GINI).
IV - Índice de Riqueza Inclusiva (IRI).

A esse respeito, podemos afirmar que o Indicador que busca medir a igualdade
ou a desigualdade dos países, na distribuição de renda da população; verificar a
homogeneidade econômica e social de seu povo, levando em consideração compo-
nentes como a renda e a infraestrutura, corresponde a ___? Responda, assinalando
a alternativa correta.

a) I, somente.
b) II, somente.
c) III, somente.
d) IV, somente.
e) I e II, somente.

35
na prática

2. Temas de grande relevância para o município de São Paulo são registrados ano a
ano no Relatório da Qualidade do Meio Ambiente (RQMA), produzido pelo Depar-
tamento de Controle da Qualidade Ambiental (Decont) da Secretaria do Verde e do
Meio Ambiente (SVMA) desde 2010. O relatório atualiza os dados relativos ao ano
anterior, neste caso, 2017, e confere novas informações.

Fonte: Prefeitura de São Paulo (2018).

A esse respeito, leia o RQMA de São Paulo 2018 (link, nas referências) e avalie as
afirmações a seguir:

I - No relatório, apresentam-se os dados relativos ao estágio atual dos dois Aterros


Sanitários da cidade que possuem projetos para exploração de biogás.
II - Apresenta o total de autuações em processos administrativos, número de áreas
degradadas já recuperadas, total de plantios realizados por meio dos Termos
de Ajustamento de Conduta (TAC).
III - O Decont fiscaliza a instalação de cemitérios, helipontos e heliportos, por exem-
plo, bem como o cumprimento de exigências estabelecidas aos empreendimen-
tos licenciados.
IV - Apresenta um Panorama do Uso e Ocupação do Solo das Áreas Contaminadas
no Município de São Paulo.

Considerando essas afirmações, é correto o que se afirma em:

a) I, somente.
b) I e II, somente.
c) I e III, somente.
d) I, II, III e IV.
e) I, II e III, somente.

36
na prática

3. De acordo com Rufino (2002) e Silva (2002), uma questão é clara: a análise de Qua-
lidade Ambiental deve ser realizada sempre em microescala, tendo em vista os di-
ferentes padrões sociais, econômicos, políticos, culturais e ambientais e, ainda, o
estabelecimento de padrões de sustentabilidade locais.

A esse respeito, analise as afirmações a seguir:

1 - A análise de Qualidade Ambiental Nacional deve ser sistematizada para um


correto mapeamento das situações locorregionais e para o desenvolvimento de
políticas públicas que visem à solução das problemáticas encontradas.

Porque

2 - O sistema de análise de sustentabilidade e qualidade ambiental encontra-se


hierarquizado. O trabalho de alimentação do sistema nacional se dá do nível
federal para o nível municipal. Todos os dados são sistematizados diante de
uma metodologia padronizada e, ao final do processo, fazem parte do que se
chama “Relatório Nacional de Qualidade do Meio Ambiente”.

A respeito dessas duas afirmações, é CORRETO afirmar que:

a) As duas afirmações são verdadeiras, e a segunda não justifica a primeira.


b) As duas afirmações são verdadeiras, e a segunda justifica a primeira.
c) A primeira afirmação é verdadeira, e a segunda é falsa.
d) A primeira afirmação é falsa, e a segunda é verdadeira.
e) As duas afirmações são falsas.

37
na prática

4. A qualidade ambiental deve ser sistematizada para um correto mapeamento das


situações locorregionais e para desenvolvimento de políticas públicas que visem à
solução das problemáticas encontradas. Ao considerar o contexto, assinale a alterna-
tiva correta para o relatório que agrega, sistematicamente, todas essas informações.

a) Pressão-Estado-Resposta (PER).
b) Relatório de Qualidade do Meio Ambiente (RQMA)
c) Densidade Populacional/Uso e Ocupação do Solo
d) Modelo Analítico PEIR e RQMA.
e) Pegada Ecológica e Índice de Desempenho Ambiental.

5. O índice, realizado pelo Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento vem
por meio dos seus componentes principais: a) longevidade, b) anos de estudo e c)
renda nacional bruta para mensurar o índice de ___________________________. Complete
assinalando a alternativa correta:

a) Qualidade do Desenvolvimento.
b) Desenvolvimento Humano.
c) Índice de Gini - Conrado Gini.
d) Crescimento Econômico (PIB).
e) Riqueza Inclusiva.

38
aprimore-se

O Relatório de Qualidade do Meio Ambiente (RQMA) foi instituído pela n. nº 6.938/81


na forma transcrita abaixo:

Art. 9º - São instrumentos da Política Nacional do Meio Ambiente:


IX – [...]
X - a instituição do Relatório de Qualidade do Meio Ambiente, a ser divulgado
anualmente pelo Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e Recursos Naturais
Renováveis - IBAMA; (Incluído pela Lei nº. 7.804, de 1989).

Este instrumento de informação ambiental tem como objetivo informar a sociedade


brasileira o status da qualidade ambiental dos diversos ecossistemas brasileiros ou
mais intrinsecamente dos seus compartimentos ambientais.
O RQMA deve ser utilizado para a gestão ambiental a qual objetiva a preservação,
melhoria e recuperação da qualidade ambiental propícia à vida, visando assegurar,
para o nosso Brasil, condições ao desenvolvimento socioeconômico, aos interesses
da segurança nacional e à proteção da dignidade da vida humana.
Desta forma, a divulgação anual trará ao público as informações de qualida-
de ambiental, tornando-se um item essencial para garantir as condições para
que os diversos segmentos da sociedade entrem na discussão das questões am-
bientais e as internalizem.
Entendemos, assim, que o conjunto de relatórios anuais possibilitará uma visão
temporal sobre a evolução da qualidade ambiental no Brasil, auxiliando na avalia-
ção do êxito dos programas de controle ambientais implantados.
Portanto, o IBAMA vem por meio deste meio eletrônico mostrar a sociedade uma
proposta de metodologia de RQMA, bem como solicitar colaboração para a melho-
ria desta proposta, e desde já dizer que é uma proposta de todos.
A ideia que norteia esta proposta tem o Relatório de Qualidade do Meio Am-
biente como um grande banco de informações sobre os diversos compartimentos
ambientais. Estas informações deverão estar disponíveis para acesso na forma de
relatórios pré-formatados, como deverá prever a recuperação desses dados através
de planilhas ou via webservices de forma que possibilitem o seu uso por organismos

39
aprimore-se

que queiram fazer uso desses dados em trabalhos ou para a elaboração de comen-
tários que serão posteriormente incorporados às versões anuais para orientação
dos órgãos gestores daquele segmento.
Dessa forma o RQMA proposto deverá ser dinâmico, permitindo consultas cruza-
das e abordagens por diversos temas. Os dados deverão ser coletados de forma que
possibilitem a sua indexação pelos diversos temas, como localização por Unidade
Federada, Unidade Municipal, Bioma, Bacia Hidrográfica. Deverão tratar de biodi-
versidade, solo, atmosfera, água e bioindicadores.
É uma proposta de todos, e se deve ao fato que a possibilidade de inserção de
informações de forma on-line por várias pessoas, reserva ao IBAMA apenas a respon-
sabilidade pela edição e publicação, garantindo o papel de gerenciador do sistema de
coleta e divulgação e aos informantes a responsabilidade pela inserção, atualização e
conteúdo do documento. Este procedimento parece-nos ser o caminho mais coerente
para a publicação e a atualização do Relatório de Qualidade do Meio Ambiente.

Fonte: IBAMA ([2019], on-line)4

40
eu recomendo!

livro

Indicadores de aplicação e cumprimento da norma ambien-


tal para ar, água e vegetação no Brasil
Autor: Sílvia Cappelli
Ano: 2007
Editora: ONU
Sinopse: os indicadores de aplicação e cumprimento da norma-
tiva ambiental adquirem, nos últimos tempos, crescente impor-
tância, especialmente pelo interesse mostrado por vários países na avaliação do
grau de aplicação das políticas associadas aos regulamentos. A aplicação desses
indicadores na avaliação da eficiência dos investimentos institucionais no meio
ambiente, em função dos progressos no cumprimento dos objetivos nacionais,
tem gerado interesse.

filme

Lixo Extraordinário (Waste Land)


Ano: 2010
Sinopse: com direção de Lucy Walker, João Jardim e Karen Harley,
duração de 99 minutos, Lixo Extraordinário é um documentário
anglo-brasileiro que relata o trabalho do artista plástico brasileiro
Vik Muniz com catadores de material reciclável, em um dos maio-
res aterros controlados do mundo. O documentário apresenta a
realidade de pessoas que vivem em condições críticas (pobreza e
saneamento) e enfrentam o problema ambiental da disposição de resíduos sólidos.

conecte-se

Temas de grande relevância para o município de São Paulo são registrados ano a ano
no Relatório da Qualidade do Meio Ambiente (RQMA). O relatório atualiza os dados
relativos ao ano anterior e inova ao trazer um Panorama do Uso e Ocupação do Solo
das Áreas Contaminadas no Município de São Paulo.
https://www.prefeitura.sp.gov.br/cidade/secretarias/upload/RQMA%202018_Vanda_
final_ok(5).pdf.

41
GESTÃO DA
QUALIDADE
e Meio Ambiente

PROFESSORAS
Me. Mirian Aparecida Micarelli Struett
Me. Paula Polastri

PLANO DE ESTUDO
A seguir, apresentam-se os tópicos que você estudará nesta unidade: • Gestão da qualidade total e
gestão ambiental • Ferramentas da qualidade • Sistema de Gestão da Qualidade (SGQ)

OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
• Entender a qualidade e a sua contribuição para a gestão ambiental • Conhecer as ferramentas de
apoio à gestão da qualidade • Compreender o Sistema de Gestão da Qualidade (SGQ).
INTRODUÇÃO

Prezado(a) aluno(a), esta unidade tem como propósito apresentar-lhe a


relação entre qualidade, a gestão da qualidade e a gestão ambienta. As
principais ferramentas de apoio ao gerenciamento da qualidade e quais
são as etapas para a implementação de um Sistema de Gestão da Qualida-
de (SGQ). Para compreendermos mais sobre qualidade e as certificações
ambientais ainda temos um grande caminho a percorrer.
Por isso, no primeiro tópico desta unidade, trataremos um pouco mais
sobre esse tema, seus principais autores, sua evolução histórica, bem como
o seu vínculo com a qualidade organizacional e a gestão do meio ambiente.
Tudo isso, a fim de demonstrar a importância de gerenciar a qualidade não
somente para atender ao cliente, mas a todas as partes interessadas.
Em seguida, apresentaremos algumas ferramentas de apoio para o ge-
renciamento da qualidade na organização. Algumas são consideradas bem
simples, outras são básicas, intermediárias e avançadas. Lembre-se que, para
cada uma delas, será necessário aprofundar um pouco mais sobre o assunto
quando for do seu interesse, pois, para cada tipo de organização, segmen-
to, produto ou serviço realizado, será preciso o uso de uma ou mais dessas
ferramentas de apoio, inclusive de outras que não abordaremos neste livro.
No último tópico, explanaremos o processo de implantação de um
SGQ com base na norma ISO 9001. Assim, apresentaremos, de forma su-
cinta, algumas dessas etapas, atribuindo ênfase aos requisitos necessários
para a sua implementação e relacionando-as à ferramenta do ciclo PDCA,
a qual é considerada padrão para atender aos requisitos das normas ISO.
Bons estudos!
GESTÃO DA
UNIDADE 2

QUALIDADE TOTAL
e gestão ambiental

Segundo Shigunov Neto e Campos (2016), o conceito de qualidade existe há


milhares de anos. No entanto, na gestão administrativa, existe desde a década
de 20, com a inserção do conceito de revolução industrial como tentativa
de reduzir os problemas em relação aos defeitos dos produtos. Isso se deve,
pois, inicialmente, os defeitos eram visualizados a partir da inspeção técnica
do produto, ou seja, essa certificação se dava, na maioria das vezes, no final
do processo produtivo. Em contrapartida, com o passar dos anos, a busca
pela qualidade se tornou uma questão de sobrevivência, devendo-se seguir
padrões determinados.
Em suma, tivemos cinco momentos históricos importantes e distintos para
a evolução da qualidade, tal qual demonstrado a seguir:

Fase 1 – 1920: Inspeção dos produtos.


Fase 2 – 1930: Controle da Qualidade.
Fase 3 – 1950: Garantia da Qualidade Total.
Fase 4 – 1980: Gestão da Qualidade.
Fase 5 – 1990: Gestão Estratégica da Qualidade.

44
UNICESUMAR
Figura 1 – Fases evolutivas da qualidade / Fonte: adaptada de Shigunov Neto e Campos (2016).

Ao longo dos anos, existiram grandes nomes da qualidade total. A apresentação


pode ser atribuída a Deming, na década de 50, o qual é considerado um dos mais
importantes. Posteriormente, surgiram outros, tais como Juran, Feigenbaum e
Crosby, que também trouxeram importantes contribuições para a qualidade:

Ano Autor Definição

1950 Deming Máxima utilidade para o consumidor

1951 Feigenbaum Perfeita satisfação do usuário

1954 Juran Satisfação das aspirações do usuário

1961 Juran Maximização das aspirações do usuário

1964 Juran Adequação ao uso

Conformidade com os requisitos do


1979 Crosby
cliente

Quadro 1 – Grandes nomes da qualidade total / Fonte: Shigunov Neto e Campos (2016).
45
A qualidade total, também chamada de Total Quality Control (TQC), en-
UNIDADE 2

volve os grandes objetivos de uma empresa e deve ser realizada ao longo do


processo produtivo da organização, de acordo com Shigunov Neto e Campos
(2016), promovendo:

““
[...] a minimização dos custos por meio de uma organização eficaz
e eficiente e a maximização dos recursos produtivos (matéria-pri-
ma, recursos humanos, equipamentos e instalações). Não se trata
apenas de uma técnica ou ferramenta, como visto, mas sim de uma
estrutura voltada a qualidade, em que se tem o controle das ativi-
dades internas da companhia, buscando sua otimização e visão de
concorrência de mercado na qual atua para promover mais eficácia
(SHIGUNOV NETO; CAMPOS, 2016, p. 80).

Foi Deming, o grande divulgador e entusiasta do método PDCA criado por


Walter Stewart na década de 50 e que evoluiu para um gerenciamento, o TQM.
Entendido como um subelemento da qualidade total, o PDCA surgiu como uma
forma de melhorar a qualidade, ou seja, promover a melhoria contínua.
A seguir, apresentamos sucintamente as etapas do ciclo PDCA:

Figura 2 – Etapas do PDCA / Fonte: adaptada de Shigunov Neto e Campos (2016).

46
O ciclo PDCA é uma ferramenta gerencial que visa à melhoria contínua, permi-

UNICESUMAR
tindo que os processos sejam, ao mesmo tempo, avaliados durante a sua operacio-
nalização e forneçam subsídios (retroalimentação) para melhorias. É importante
ressaltar que esse processo envolve a mudança de cultura e de comportamentos
voltados à melhora constante.
Para tanto, o PDCA, segundo Marshall Junior et al. (2011) e Mello (2011),
dá-se em quatro etapas, a saber:

1. PLAN (planejar): nesta etapa, inicia-se o estabelecimento de


objetivos e metas pautadas nas diretrizes da empresa. Assim, as
metas são desdobradas em planejamento estratégico por meio dos
requisitos ou parâmetros que os clientes apontaram nos produtos,
serviços ou processos. Nesse momento, é possível estabelecer os
itens de controle e quais métodos serão utilizados. Além disso, as
metas necessitam de um padrão, a fim de serem utilizadas tanto para
manter quanto para melhorar.

2. DO (executar): nesta etapa, há a implementação do planejamento,


o que exige o fornecimento de educação e treinamento para a exe-
cução dos métodos planejados. Nesse sentido, é importante treinar e
executar o método e coletar os dados para a verificação do processo.

3. CHECK (checar): é nesta etapa que ocorre a avaliação do que foi


planejado. Dessa forma, é realizada uma comparação com os resul-
tados obtidos por meio das ferramentas de controle e acompanha-
mentos, tais como as cartas de controle, os histogramas e as folhas de
verificação, por exemplo. É, portanto, necessário verificar o padrão
e a variação para comparar os resultados com os itens de controle.

4. ACT (agir): nesta etapa, é preciso buscar as causas fundamentais,


a fim de prevenir os efeitos indesejados, ou seja, os distanciados da
meta, e adotar, como padrão, o planejado. Caso não sejam alcança-
das, as metas, deve-se buscar as causas, a fim de prevenir a repetição
dos efeitos não conformes. Com as metas alcançadas, é necessária
a adoção de um padrão.

De acordo com Maciel e Silva (2014), há muitos anos, são discutidos os assuntos
voltados para a qualidade e a proteção ambiental nas organizações. A principal
preocupação está relacionada às exigências dos clientes, pois eles estão em cons-
47
tante busca por produtos mais sofisticados, com qualidade, e por empresas que
UNIDADE 2

executem, com efetividade, a responsabilidade socioambiental ou a sustentabili-


dade. Isso ocorre, porque é preciso interação entre qualidade e gestão ambiental,
não somente por ser uma forma de competição e um diferencial de mercado para
as organizações, mas também porque estas devem levar em consideração seus
compromissos com o meio ambiente.

pensando juntos

As organizações que realizam as suas atividades em busca da qualidade do produto ou


serviço, mas que não se preocupam com a degradação ambiental gerada por sua ativida-
de conseguirão manter-se no mercado?

explorando Ideias

As organizações que não buscam adaptar-se às exigências e às pressões dos clientes e das
partes interessadas (stakeholders), fatalmente não conseguirão manter-se no mercado.
Fonte: as autoras.

Diante desse contexto, torna-se importante definirmos o que são os stakeholders.


De acordo com a ABNT (2015a), a parte interessada, ou stakeholder (termo em
inglês), trata-se de pessoa ou organização que pode afetar, ser afetada ou perce-
ber-se afetada por uma decisão ou atividade.
Os stakeholders são pessoas ou grupos que possuem ou reivindicam proprie-
dade, direitos ou interesses em uma empresa e em suas atividades presentes, pas-
sadas e futuras. Os principais grupos de stakeholders são acionistas, investidores,
clientes e funcionários, os quais possuem participação permanente e vital para
a sobrevivência da empresa. Já outros grupos detêm a capacidade de mobilizar
a opinião pública contra ou a favor de determinada empresa, como os meios de
comunicação, as organizações não governamentais (ONGs) e as demais organi-
zações (BARROS, 2013).

48
De acordo com Maciel e Silva (2014), qualidade e gestão ambiental são temas

UNICESUMAR
que têm atraído e garantido credibilidade entre as organizações do século XXI,
servindo como vantagem competitiva. Nesse sentido, é preciso que ambas se en-
trelacem na criação de estratégias para a redução de impactos ao meio ambiente
e busquem práticas semelhantes para essa implementação, a qual traz diversos
benefícios, como as reduções de custos em água e energia elétrica, por exemplo.
Além disso, é importante destacar que os sistemas de gestão da qualidade e do
meio ambiente devem agir em conjunto para o cumprimento da sua responsa-
bilidade com os diversos setores de fabricação, uma vez que as empresas têm
implementado certificações de normas técnicas para várias organizações.
Para tanto, foi criada a ISO 9001 para o sistema de gestão da qualidade e a ISO
14001 para o sistema de gestão ambiental. Ambas apresentam melhorias e bene-
fícios, uma vez que a 9001 traz melhoria na satisfação dos clientes, redução dos
custos e melhor acesso à informação, enquanto a 14001 proporciona melhoria
na imagem, na proteção ao meio ambiente e na prevenção de riscos ambientais
(SANTOS et al., 2011 apud MACIEL; SILVA, 2014).
Maciel e Silva (2014, p. 5) também sustentam que:

““
Os sistemas de gestão da qualidade e ambiental são processos que
trazem uma melhoria eficiente no mercado, buscando sempre apri-
morar e inovar os existentes nas organizações. Assim, a gestão da
qualidade e a gestão ambiental são de suma importância para as
empresas trazendo reduções de custos, melhoramento na satisfação
das partes interessadas, prevenção das ameaças que podem surgir
ao ambiente e um efeito positivo no desempenho organizacional.

É importante observar que os sistemas (SGQ e SGA) trazem melhorias e são de suma
importância para as empresas, pois proporcionam desempenho organizacional posi-
tivo, prevenindo ameaças que possam afetar direta ou indiretamente o meio ambien-
te. Assim, reduzem-se os custos e é promovida a melhoria contínua, principalmente
no que tange à satisfação das partes interessadas, nas quais incluem-se os clientes.
A seguir, apresentaremos as ferramentas de apoio à gestão da qualidade, o
Sistema de Gestão da Qualidade (SGQ), bem como a sua implantação.

49
FERRAMENTAS DA
UNIDADE 2

QUALIDADE

Diversas ferramentas são pré-requisitos necessários para a implantação da quali-


dade e do Sistema de Gestão da Qualidade (SGQ) nas organizações. Além disso,
é preciso controlar as muitas variáveis qualitativas e quantitativas no processo
produtivo. Nesse sentido, utilizamos ferramentas, que vão desde as mais simples,
utilizadas como formas de controle da qualidade, às básicas, intermediárias e até
mais avançadas (SHIGUNOV NETO; CAMPOS, 2016).
Para que um SGQ tenha sucesso, é importante que o processo seja bem
conduzido e que as ferramentas da qualidade sejam adequadas para correto ge-
renciamento, análise e solução dos problemas. Em consequência disso, diversas
ferramentas estão disponíveis para auxiliar os gestores da qualidade.
A seguir, serão apresentadas algumas metodologias para a implantação da
gestão da qualidade. Algumas são simples e outras mais complexas, mas, diante
de cada realidade, os gestores podem fazer uso de uma ou mais, na busca pela
solução de problemas ou controle da qualidade organizacional.

50
Método 5W1H e 5W2H

UNICESUMAR
Uma das formas de controle da qualidade mais simples e que visa à garantia da
qualidade é o método 5W1H. Nele, são utilizadas algumas perguntas, conforme
pode ser visualizado no quadro a seguir:

Quais são os itens de controle de qualidade, custo, entrega e


What
segurança? Qual é a unidade de medida?

Qual é a frequência com que devem ser medidos (diário, se-


When
manal, mensal, anual)? Quando atuar?

Where Onde são conduzidas as ações de controle?

Em quais circunstâncias o controle será exercido? (Por exem-


Why
plo, o market share caiu abaixo de 50%)

Who Quem participará das ações necessárias ao controle?

Como exercer o controle? Indique o grau de prioridade para a


How
ação de cada item.

Quadro 2 – Método 5W1H / Fonte: adaptado de Shigunov Neto e Campos (2016).

Marshall Junior et al. (2011) citam mais um H além dos já mencionados, o chamado
5W2H, conhecido como plano de ação. Para os autores, é uma ferramenta comple-
mentar ao PDCA, de aplicação gerencial, e que visa ao estabelecimento de responsa-
bilidades, métodos, prazos, objetivos e recursos financeiros necessários. Nesse caso, o
H é de How Much, ou seja,“Quanto Custa?”, o qual pode ser complementado, tornan-
do-se “Quanto custa para exercer esse controle?” (MARSHALL JUNIOR et al., 2011).
A seguir, expomos outro exemplo de aplicabilidade dessa ferramenta, o qual
foi descrito por Custódio (2015), sobre defeito no produto:

51
Pergunta Resposta
UNIDADE 2

Por que o produto está defeituoso? Porque houve falhas na fabricação.

Porque o operador não fez os tes-


Por que houve falhas na fabricação?
tes de funcionamento.

Por que o operador não fez os testes Porque não estava descrito no pro-
de funcionamento? cedimento de trabalho.

Por que não estava descrito no pro- Porque o engenheiro de processos


cedimento de trabalho? não colocou nos procedimentos.

Por que o engenheiro de processos Porque o engenheiro de projetos


não colocou nos procedimentos? esqueceu de solicitar.

Quadro 3 – Método 5W2H / Fonte: adaptado de Custódio (2015).

De acordo com Shigunov Neto e Campos (2016), alguns métodos de controle se


constituem enquanto simples elementos de verificação, como a lista ou folha de
verificação, a estratificação ou o diagrama de Pareto, por exemplo. Em contra-
partida, outras ferramentas são utilizadas para a solução de problemas, como o
diagrama de causa e efeito, os gráficos, a carta de controle e o histograma.

Lista ou folha de verificação

Essa lista se refere à utilização de formulários, com o objetivo de levantar dados


que tenham relação com a frequência de efeitos. Nesse sentido, reúne informações
para iniciar os controles dos processos ou para tomar medidas que solucionem
problemas (SHIGUNOV NETO; CAMPOS, 2016).
Tal qual define Mello (2011), essa planilha deve ser previamente prepa-
rada, a fim de trazer dados relativos a não conformidades de um produto ou
serviço. O exemplo a seguir demonstra um processo de produção de bolos:

52
Quantidade produzida: 2000 unidades - Amostra verificada: 10%

UNICESUMAR
Data de verificação: 24/04/2011 - Frequência de verificação: diária

DEFEITO FREQUÊNCIA SOMA

Massa Pesada \\\\\\ 6

Recheio pouco cremoso \\ 2

Pouca cobertura \\\\ 4

Sabor excessivamente doce \ 1

Sabor artificial \\\\\ 5

Quadro 4 – Checklist da produção de bolos / Fonte: adaptado de Mello (2011).

Estratificação

Esse método reúne dados significativos, a fim de determinar uma causa específica, avaliando
e comparando com mais de um mecanismo de análise para buscar diferenças entre eles. De
acordo com Barros e Bonafini (2012), esse processo consiste em dividir o problema em por-
menores, segundo relatos dos principais envolvidos. Por exemplo, ao tentar descobrir a causa
de um problema, os envolvidos devem apontar quais seriam as possíveis causas, elegendo
as mais relevantes. Apresentamos, no quadro a seguir–como exemplo de estratificação– a
porcentagem de pessoas dos gêneros feminino e masculino por região do país:

Gênero Região do país Qtde. em bilhões Porcentagem

104 3,11%
Norte
212 6,34%
Sul
304 9,09%
Centro-oeste
609 18,21%
Masculino Leste
512 15,31%
Oeste
904 27,03%
Nordeste
700 20,93%
Noroeste
3345 100,00%

53
124 3,15%
UNIDADE 2

Norte
307 5,38%
Sul
204 5,18%
Centro-oeste
812 20,62%
Feminino Leste
470 11,93%
Oeste
1212 30,78%
Nordeste
809 20,54%
Noroeste
3938 100,00%

Quadro 5 – Estratificação por gênero e região do país / Fonte: elaborado pelas autoras.

Diagrama de Pareto

Esse diagrama é representado por um gráfico de barras verticais, que auxilia na


visualização das problemáticas a serem solucionadas, conforme o grau de im-
portância (sintomas e causas) dos problemas (maior ou menor). Assim, a análise
de Pareto envolverá três etapas: o levantamento de dados; a estratificação; e o
diagrama de Pareto (SHIGUNOV NETO; CAMPOS, 2016).
Segundo Custódio (2015), Vilfredo Pareto, criador desse método, buscou evi-
denciar que 80% dos problemas são gerados por 20% de causas. Isso permitiu que
o foco recaísse no menor número de causas, fazendo com que as organizações
buscassem por resultados de forma mais resolutiva. Tal relação ficou conhecida
como a regra dos 80/20, ou seja, de maneira resumida, somente 20% das causas
são responsáveis por 80% dos problemas nas organizações e deverão ser o foco
de ações corretivas e/ou preventivas.
O exemplo exposto a seguir demonstra essa metodologia:

Defeito/problema Quantidade % % acumulada

Pintura 300 33 33

Rebarba 250 28 61

Dimensão 180 20 80

Especificação 95 10 91

54
Quebra 30 3 94

UNICESUMAR
Porosidade 20 2 96

Espessura 18 2 98

Outros 15 2 100

Total 908

Quadro 6 – Exemplo da aplicação da metodologia de Pareto – Dados


Fonte: adaptado de Custódio (2015).

Figura 3 – Exemplo da aplicação da metodologia de Pareto – Gráfico / Fonte: adaptado de


Custódio (2015).

Diagrama de causa e efeito

Esse diagrama é conhecido também como espinha de peixe ou Diagrama de


Ishikawa. É utilizado para a resolução de problemas, por meio da busca das reais
causas e as suas inter-relações.
As etapas para a elaboração de um diagrama de causa e efeito são, de acordo
com Marshall Junior et al. (2011):

55
1. Discussão do assunto, contemplando o processo, como ocorre, onde ocor-
UNIDADE 2

re e as áreas envolvidas.
2. Descrição do efeito (problema ou condição específica).
3. Levantamento das causas possíveis e seu agrupamento por categoria.
4. Análise do diagrama e coleta de dados em frequência com a ocorrência das causas.

O diagrama de causa e efeito tem como pré-requisito o uso de outras ferramentas,


como o brainstorming, o checklist e os cinco porquês. O processo do brains-
torming tem várias definições e é muito utilizado no mundo. Custódio (2015)
explana que, após a geração das ideias, deve-se preceder a análise e a seleção das
que podem ser aproveitadas e hierarquizadas, de tal forma que possam ser rea-
lizadas e utilizadas na análise do diagrama.
O estudioso também traduz o modelo de Ishikawa (espinha de peixe) e o descreve
como uma linha central (espinha dorsal) em que, na sua extremidade direita, descre-
vem-se os efeitos causados pelo problema. Já na linha central, correlacionam-se seis
linhas (três para cima e três para baixo), as quais representam as costelas do peixe, com-
postas por seis fatores (MQ: Máquinas; MT: Método; MP: Material; MO: Mão de Obra;
ME: Medidas; e MA: Meio Ambiente), para a formulação do diagrama. À esquerda, ori-
ginam-se as causas dos problemas e, à direita, é escrito o que deve ser eliminado (efeito).
É importante relatar que é preciso ter foco nas causas, e não na resolução do problema,
porque as causas podem continuar a existir. A seguir, observe um modelo do diagrama:

Figura 4 – Diagrama de causa e efeito ou Diagrama de Ishikawa (espinha de peixe)


Fonte: Custódio (2015, p. 22).
56
Gráficos

UNICESUMAR
Há uma infinidade de gráficos e, por meio deles, há melhor visualização dos dados.
Eles são utilizados como ferramentas de controle da qualidade e os mais utiliza-
dos são os do tipo barra, linhas ou pizza. Em seguida, apresentaremos o gráfico de
controle, o qual tem como objetivo demonstrar o limite aceitável de qualidade, de-
tectando situações de não conformidades (SHIGUNOV NETO; CAMPOS, 2016).
Barros e Bonafini (2014, p. 71) explicam que:

““
Shewhart notou que a qualidade e a variabilidade eram conceitos
contraditórios em produtos e processos. De acordo com ele, moni-
torando e analisando a variabilidade, que é um conceito estatístico,
os produtos e processos poderiam apresentar melhores níveis de
qualidade, indicando menores níveis de variação em suas medidas.

Gráfico de controle

Assim como afirmam Barros e Bonafini (2014, p. 29), o gráfico de controle “per-
mite a análise da variação à qual um processo está submetido e demonstra se está
dentro do padrão esperado ou se apresenta desvio que necessita ser investigado”.

Figura 5 – Exemplo esquemático de um gráfico de controle / Fonte: Barros e Bonafini (2014, p. 60).

57
UNIDADE 2

pensando juntos

A possibilidade de controlar as variáveis ou os atributos de um processo garante que as


organizações alcancem a qualidade e a padronização de seus processos?

Histograma

O histograma é composto por um diagrama de colunas/barras, que demonstra a


frequência de dados dentro de intervalos específicos, com a finalidade de identi-
ficar anormalidades no processo a partir da existência/ausência de simetria. As-
sim, é utilizado para analisar dados a respeito de causas e ocorrências de defeitos
(SHIGUNOV NETO; CAMPOS, 2016).
De acordo com Lélis (2012, p. 58),“o Histograma é uma boa opção para quem
quer saber a frequência com que determinado comportamento ou falha se repete,
especialmente quando a quantidade de dados é grande”. Já para Barros e Bonafini
(2014, p. 44), “é necessário colher uma amostra que seja representativa de toda a
população”, porque será mais fácil reconhecer padrões nessa porção.
A seguir, apresentaremos mais algumas ferramentas da qualidade, as quais
são divididas por Shigunov Neto e Campos (2016) em básicas, intermediárias e
avançadas. Lembramos que esses são apenas alguns exemplos dados pelos auto-
res, visto que há muitas outras ferramentas estatísticas que lhe exigirão um pouco
mais de aprofundamento quando for utilizá-las.

Ferramentas básicas da qualidade

As ferramentas básicas para a implantação da qualidade total são apresentadas


a seguir.

Kaizen

A metodologia Kaizen é compreendida nas empresas como forma de aperfei-


çoamento contínuo. Com ela, busca-se eliminar desperdícios e perdas, atividades

58
que não agregam valor e movimentos desnecessários, os quais devem ser extintos

UNICESUMAR
por todos os envolvidos no processo e nas atividades organizacionais, o que exige
mudança no comportamento e na cultura organizacional.

5S e 8S

De origem japonesa, o 5S (Seiri, Seiton, Seisou, Seiketsu e Shitsuke), também


chamado de “os 5 sensos da qualidade”, são direcionados aos materiais e às pessoas
(utilização, ordenação, limpeza, saúde e autodisciplina). Ele objetiva proporcio-
nar melhores condições de trabalho e de ambiente por meio da educação dos
principais envolvidos.
Há algum tempo, surgiu uma corrente que considerava o 5S pouco
completo. Diante disso, foram adicionados mais 3S, tornando-se, portanto,
8S (ABRANTES, 2007 apud MARSHALL JUNIOR et al., 2011). Os três S
acrescentados foram:
■■ Shikari Yaro: senso de determinação e união.
■■ Shido: senso de treinamento.
■■ Setsuyaku: senso de economia e combate aos desperdícios.

Ferramentas intermediárias da qualidade

As ferramentas intermediárias para a implantação da qualidade total são apre-


sentadas a seguir:

Controle Estatístico do Processo (CEP)

O CEP faz uso de técnicas estatísticas que envolvem dados, análises e interpre-
tações, a fim de obter melhoria, controle e qualidade de produtos e serviços. O
objetivo é aprimorar e controlar o processo produtivo por meio da identifica-
ção de diferentes variáveis, monitorando cada situação e realizando análises e
propostas de melhoria para aperfeiçoar o desempenho organizacional. Com-
preenda um pouco mais sobre esse controle mediante a leitura do Aprimore-se.

59
Just in Time (JIT)
UNIDADE 2

É uma técnica de gerenciamento de produção relacionada à produção enxuta e à


manufatura veloz, de fluxo contínuo e com alto valor agregado. Assim, a produção
é sem estoque e possui o tempo de ciclo reduzido, objetivando, basicamente, a
produtividade e a redução de desperdícios.

Ferramentas avançadas da qualidade

Agora, apresentaremos algumas ferramentas avançadas para a implantação da


qualidade total:

Quality Function Deployment (QFD)

É conhecida como o desdobramento da função da qualidade. Nela, a principal ideia


é executar o projeto da qualidade de acordo com as exigências dos clientes, ou seja,
convertem-se dados em requisitos e é estabelecida uma relação com as caracterís-
ticas dos produtos, a fim de a produtividade e a satisfação dos clientes.
A seguir, demonstramos uma matriz da qualidade (casa da qualidade) e seus
principais componentes. Você perceberá que essa casa da qualidade já aborda a
próxima ferramenta que trataremos, o benchmarking.

60
Figura 6 – Casa da Qualidade / Fonte: Cipriano (2009, p. 19 apud SHIGUNOV NETO; CAMPOS, UNICESUMAR
2016, p. 127).

Benchmarking

Em busca da liderança por meio da melhoria contínua, o benchmarking tem


como objetivo diagnosticar e aprimorar estratégias organizacionais, a fim de ser a
melhor prática tanto intraorganizacional quanto em comparação aos concorren-
tes. O benchmarking pode ser interno (na própria organização) ou externo (com
outras organizações), não competitivo (com organizações não concorrentes),
competitivo (com organizações concorrentes), de desempenho (entre desempe-
61
nhos de operações) e de práticas (adotadas pela organização ou por outra). Nesse
UNIDADE 2

sentido, muitas organizações buscam aprender com as experiências de outras


que administram situações parecidas. Além disso, essa ferramenta é constituída,
basicamente, segundo Shigunov Neto e Campos (2016), por cinco fases, a saber:
1. Planejamento: investigar/identificar ações de benchmarking (referên-
cias, comparação e método de coleta de dados).
2. Análise: coletar os dados e analisá-los.
3. Integração: analisar os dados e os marcos de referência, e estabelecer metas.
4. Ação: converter o plano e o planejamento em ação.
5. Maturidade: definir qual benchmarking será feito (melhor desempenho,
produto/processo de comparação etc. Assim, realiza-se a coleta de dados e
análises para a identificação de erros, definição e metas de melhoria, planos
para a solução das falhas, avaliação dos resultados e repetição das avaliações).

Seis Sigma

Trata-se de um conceito com foco no cliente e no produto, a fim de acelerar o


aprimoramento dos processos produtivos. O objetivo é medir a capacidade do
processo livre de falhas, ou seja, busca-se a perfeição. Por exemplo, deseja-se uma
redução da variação no resultado entregue aos clientes em uma taxa de 3,4 por
milhão, ou 99,99966%. Em outras palavras, visa-se a redução de variação para
menos do que a medida de quatro oportunidades de defeitos por milhão - DPMO
(ROTONDARO, 2002 apud STRUETT, 2012).
A estrutura inclui os líderes da empresa (mentores), os denominados cham-
pions, e os especialistas (masterblack-belts, black-belts e green-belts), que serão
os agentes de mudança, responsáveis por implantá-la junto com as equipes. Os
funcionários são chamados de faixas-pretas (black-belts) e serão os responsáveis
pela coordenação setorial do programa, fornecendo capacitação e suporte para
as equipes envolvidas nos projetos de melhoria, definindo as metas e informando
o andamento das atividades para a direção. Os faixas verdes (green-belts) são
aqueles que lideram uma ou mais equipes, de acordo com sua experiência em
determinados projetos (ROTONDARO, 2002 apud STRUETT, 2012).
Além disso, é necessário afirmar que é imprescindível o uso de outras fer-

62
ramentas para sua execução. Algumas delas já foram apresentadas, mas a mais

UNICESUMAR
utilizada é a metodologia utilizada na solução de problemas, conhecida como
ciclo DMAIC: D: Define (definir); M: Measure (medir); A: Analyse (analisar); I:
Improve (melhorar); C: Control (controlar). Ela é demonstrada no quadro a seguir:

Identifique, selecione e priorize os projetos certos. Defina


DEFINA
os objetivos de melhoria. Designe a equipe.

Estabeleça medições válidas e confiáveis para entender


MENSURE o processo. Avalie o desempenho e monitore os progres-
sos.

Identifique e priorize as causas das variações, erros, fa-


ANALISE
lhas e desperdícios.

Desenvolva e programe soluções para remover causas e


MELHORE
maus desempenhos.

Assegure a manutenção e a evolução das melhorias reali-


CONTROLE
zadas e dos benefícios alcançados.

Quadro 7 – Modelo DMAIC / Fonte: adaptado de Shigunov Neto e Campos (2016).

Conforme podemos perceber até aqui, prezado(a) aluno(a), algumas ferramentas


e metodologias da qualidade são semelhantes, como o ciclo PDCA e o mode-
lo DMAIC, por exemplo. Constatamos, também, que algumas ferramentas de
controle e busca pela causa ou resolução dos problemas prescindem de outras
técnicas ou ferramentas da qualidade, a fim de que haja sua melhor compreensão.
A seguir, nosso foco recairá sobre o Sistema de Gestão da Qualidade (SGQ).

63
SISTEMA DE
UNIDADE 2

GESTÃO DA
qualidade (SGQ)

A ISO 9001 é uma norma pode ser aplicada em empresas, produtos e serviços,
com a finalidade de contribuir e auxiliar as empresas a aumentarem a sua efi-
ciência, bem como obterem a satisfação do cliente. Ela é adotada em diversos
países e visa tão somente uniformizar os critérios de qualidade para os sistemas
de gestão, além de possibilitar que organizações tenham acesso a outros países
por intermédio da redução de barreiras técnicas ao comércio.
Essa norma especifica os requisitos para um Sistema de Gestão da Qualidade
(SGQ). Para tanto, ela consegue demonstrar a sua capacidade em prover produtos
e serviços que atendam aos requisitos do cliente, dos estatutários e regulamentares
aplicáveis, bem como aumenta a satisfação do cliente, sendo eficaz, garantindo
uniformidade e conformidade no processo.
Mas o que é um processo? Um processo está relacionado com as diversas
atividades que se relacionam e interagem, a fim de entregar um resultado, ou
seja, uma saída, que poderá ser um produto e/ou um serviço. A qualidade do
que foi produzido ou realizado deve satisfazer aos seus recebedores (clientes e/
ou partes interessadas). A não satisfação desses recebedores, por sua vez, pode
gerar novas fontes de entradas, cujas atividades deverão passar por novas moni-
torações e controles de desempenho, para que as não conformidades não sejam

64
recorrentes, ou seja, não voltem a acontecer. É nesse momento que utilizamos as

UNICESUMAR
mais diversas ferramentas da qualidade. A figura a seguir sintetiza os elementos
presentes em um processo:

Figura 7 – Representação esquemática dos elementos de um processo individual


Fonte: adaptada de ABNT (2015b).

De acordo com Shigunov Neto e Campos (2016, p. 110), a obtenção do SGQ:

““
[...] exige certo formalismo dos procedimentos em vigor de uma
empresa. Um resultado natural da preparação deveria ser uma
melhoria nos processos atuais, entretanto, muitas organizações se
preocupam somente com a certificação, perdendo chance de obter
os verdadeiros ganhos que a abordagem da qualidade oferece.

Nesse sentido, segundo Shigunov Neto e Campos (2016), para se conquistar


o SGQ, algumas ações devem ser seguidas, como: a) o comprometimento total
da empresa com a qualidade; b) o gerenciamento adequado (humano e mate-
riais); c) a documentação escrita de procedimentos, instruções e registros; d) a
monitoração, com o uso de indicadores e tomadas de ações, quando os objetivos
não forem alcançados.
Para que a organização consiga a certificação, primeiro, ela deve se organizar
com base nos requisitos da qualidade. Depois, precisa construir o seu sistema
de qualidade e manter uma auditoria interna, antes de solicitar um órgão reco-
nhecido para auditar a norma ISO. Nesse contexto, apresentamos as principais
normas da série ISO 9000:

65
Número Título
UNIDADE 2

Sistema de Gestão da Qualidade - Fundamentos


ABNT NBR ISO 9000
e vocabulário

ABNT NBR ISO 9001 Sistema de Gestão da Qualidade – Requisitos

Sistema de Gestão da Qualidade - Melhoria de


ABNT NBR ISO 9004
desempenho

Gestão da Qualidade - Satisfação de clientes -


ABNT NBR ISO 10002 Diretrizes para o tratamento de reclamações nas
organizações

Gestão da Qualidade - Diretrizes para planos da


ABNT NBR ISO 10005
qualidade

Gestão da Qualidade - Diretrizes para qualidade


ABNT NBR ISO 10006
no gerenciamento de projetos

Gestão da Qualidade - Diretrizes para a gestão da


ABNT NBR ISO 10007
configuração

ABNT NBR ISO 10015 Gestão da Qualidade - Diretrizes para o treinamento

Quadro 8 - Principais normas da série ISO 9000 e normas aplicadas à gestão da qualidade /
Fonte: adaptado de Shigunov Neto e Campos (2016).

Os passos para a implantação do SQG, de acordo com Reis (1995 apud SHIGU-
NOV NETO; CAMPOS, 2016), são:

a) Conscientizar a alta administração sobre a importância da qualidade.


b) Escolher a norma ISO 9000 adequada à realidade organizacional.
c) Estabelecer uma política de qualidade e princípios a serem seguidos pela
organização.
d) Criar uma estrutura independente para gerenciar qualidade (grupo de
controle e ação).
e) Investir em treinamento e motivação.
f) Definir as áreas de trabalho e seus requisitos.
g) Avaliar o estágio atual e posterior à implantação do SGQ.
h) Quantificar os custos da qualidade.
i) Preparar e executar planos de ação.
66
j) Atuar nas áreas de custos mais altos primeiramente.

UNICESUMAR
k) Corrigir pontos fracos.
l) Implementar controles estatísticos dos processos (CEP) para gerar dados.
m) Elaborar manuais (qualidade e procedimentos) envolvendo funcionários.
n) Implantar o sistema.
o) Criar auditorias internas, acompanhando e corrigindo a evolução do SGQ.
p) Contratar uma empresa certificadora reconhecida para realizar a audito-
ria final e a certificação da ISO 9000 escolhida.

explorandoideias

A ISO estabelece que uma política de qualidade deve: a) ser apropriada e de acordo com
o propósito da organização, no sentido de apoiá-la estrategicamente; b) servir como es-
trutura para o estabelecimento dos objetivos; c) incluir comprometimento tanto para a
satisfação dos requisitos quanto para com a melhoria contínua do SGQ.
Fonte: ABNT (2015b).

Salientamos que, embora a organização obtenha a certificação, ela deve buscar a


melhoria contínua e atender aos requisitos da norma quando ela for revisada. Esse
processo será facilitado com o uso da ferramenta PDCA. Assim sendo, conforme
já fora explicado, a ferramenta que servirá de suporte para estruturar, implemen-
tar e gerenciar os requisitos dessa norma e de outras será a PDCA.
Dessa forma, as seções de 04 a 10 da ISO 9001 são estruturadas ao ciclo PDCA
(Plan-Do-Check-Act). A seguir, visualizamos como se dá essa estruturação:

67
UNIDADE 2

Figura 8 – Estrutura da norma ISO 9001:2015 no ciclo PDCA / Fonte: adaptada de ABNT (2015b).

O SQG segue os requisitos padrões, pois a ideia é compatibilizar esse sistema com
outros, como o Sistema de Gestão Ambiental (SGA) com base na norma ISO
14001, por exemplo. A seguir, apresentamos os requisitos da norma ISO 9001:

Seção da norma Requisitos

4.1 Entendendo a organização e seu contexto; 4.2 En-


Seção 4
tendendo as necessidades e as expectativas das partes
Contexto da
interessadas; 4.3 Determinando o escopo do SGQ; 4.4
organização
SGQ e seus processos.

Seção 5 5.1 Liderança e comprometimento; 5.2 Política; 5.3 Pa-


Liderança péis, responsabilidades e autoridades organizacionais.

6.1 Ações para abordar riscos e oportunidades; 6.2


Seção 6
Objetivos da qualidade e planejamento para alcançá-los;
Planejamento
6.3 Planejamento de mudanças.

Seção 7 7.1 Recursos; 7.2 Competência; 7.3 Conscientização; 7.4


Apoio Comunicação; 7.5 Informação documentada.
68
8.1 Planejamento e controle operacionais; 8.2 Requi-

UNICESUMAR
sitos para produtos e serviços; 8.3 Projeto e desen-
Seção 8 volvimento de produtos e serviços; 8.4 Controle de
Operação processos; 8.5 Produção e provisão de serviços; 8.6
Liberação e produtos e serviços; 8.7 Controle de saídas
não conformes.

Seção 9
9.1 Monitoramento, medição, análise e avaliação; 9.2
Avaliação do
Auditoria interna; 9.3 Análise crítica pela direção.
desempenho

Seção 10 10.1 Generalidades; 10.2 Não conformidade e ação


Melhoria corretiva; 10.3 Melhoria contínua.

Quadro 9 – Requisitos do SGQ conforme a norma ISO 9001:2015


Fonte: adaptada de ABNT (2015b).

Quanto ao processo de elaboração e implantação do SGQ, ele pode incluir a


definição de quem vai elaborar e implantar o SGQ (equipe interna ou consulto-
ria), o estabelecimento da unidade de negócio onde o sistema será implantado,
a definição da política e dos objetivos da qualidade (alinhada com os requisitos
da norma e com o planejamento estratégico da empresa) que irão compor o
manual da qualidade, bem como o gerenciamento e o mapeamento dos pro-
cessos. Em relação ao mapeamento, tal ato envolve a padronização, quando
levantados, adaptados e documentados, dos processos internos da empresa,
como a admissão e demissão de colaboradores, contas a receber e contas a
pagar, por exemplo, e entre outros (MELLO et al., 2009).
A outra etapa é o delineamento do SGQ, o qual pode ser subdividido, segundo
Mello et al. (2009), em:
a) Determinação dos processos necessários para o sistema de gestão da qua-
lidade e a sua aplicação por toda a organização.
b) Estabelecimento da sequência e a interação desses processos.
c) Determinação dos critérios e métodos necessários para assegurar que a
operação e o controle desses processos sejam eficazes.
d) Assegurar a disponibilidade de recursos e informações necessárias para
apoiar a operação e o monitoramento desses processos.
e) Monitorar, medir onde é aplicável e analisar esses processos.
f) Implementar ações necessárias para atingir os resultados planejados e a
melhoria contínua desses processos.
69
Em seguida, tanto os processos internos quanto os processos do SGQ devem ser
UNIDADE 2

documentados por meio do procedimento operacional padrão. As informações


originadas da etapa de padronização irão compor o manual de procedimentos
e as da etapa de delineamento farão parte do manual da qualidade. Além disso,
deve-se aplicar um treinamento a todos os colaboradores, visando implementar
os novos processos aos quais estão envolvidos. Por fim, são programadas as au-
ditorias internas e externas para verificar as possíveis falhas e saná-las, visando à
melhoria dos processos (MELLO et al., 2009).
É importante lembrar que existem alguns registros obrigatórios que devem
ser realizados pelas empresas após a implantação e certificação do SGQ. Assim,
é preciso documentar as informações referentes à análise crítica feita pela dire-
ção, os treinamentos, as evidências do atendimento aos requisitos do produto
e a análise crítica dos requisitos relacionados ao produto. Não só, mas também
as entradas de projeto e desenvolvimento, verificando os resultados da análise
crítica, verificação, validação, as alterações necessárias do projeto e do seu desen-
volvimento, a avaliação dos fornecedores, a identificação e a rastreabilidade do
produto, a propriedade do cliente, os resultados de calibração, a verificação de
dispositivos de medição e monitoramento, as auditorias internas, as evidências
de conformidade com critérios de aceitação, a natureza das não conformidades,
os resultados de ações corretivas e preventivas, dentre outros.
Todos esses registros servem para fundamentar a auditoria de certificação, pois
garantem ou evidenciam a conformidade do SGQ com os requisitos impostos pela
norma e, portanto, devem ser arquivados e recuperados, em caso de novas audito-
rias. De modo geral,“a organização deve estabelecer, documentar, implantar e man-
ter um sistema de gestão da qualidade, e melhorar continuamente sua eficácia de
acordo com os requisitos desta norma” (LOBO; SILVA, 2014, p. 103), a fim de se ter
a certificação do sistema de gestão da qualidade, obtendo as vantagens esperadas.

explorando ideias

O conteúdo apresentado não substitui a norma ISO 9001:2015: trata-se apenas de um bre-
ve resumo de sua estrutura. Para que você possa saber mais detalhes sobre essa norma e
adquiri-la, acesse o ABNT Catálogo no link a seguir: https://www.abntcatalogo.com.br.
Fonte: as autoras

70
UNICESUMAR
conecte-se

Ser um exemplo de liderança na gestão da qualidade é uma das ferramentas


mais poderosas para a eficácia da qualidade ambiental. Por isso, a liderança
tem responsabilidades e papel fundamental na implementação de um SGQ.
Para saber mais sobre essas responsabilidades assista ao vídeo a seguir:.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Caro(a) aluno(a), nossa caminhada avançou bastante nesta unidade. Agora,


já conseguimos fazer uma melhor relação do que representa a qualidade, de
fato, para as organizações. Por isso, inicialmente, conhecemos alguns nomes de
importantes autores da qualidade, tais como Juran, Feingenbaum e Crosby, com
destaque para Deming, por sua contribuição na ênfase da ferramenta PDCA,
a qual é muito utilizada.
Constatamos, também, que os sistemas de gestão da qualidade e do meio
ambiente devem atuar em conjunto para o cumprimento e responsabilidade,
implementando certificações de normas técnicas para várias organizações. Com
essa primeira parte de nossa unidade, percebemos que as organizações que não
buscarem se adaptar às exigências e pressões dos seus stakeholders, fatalmente,
não conseguirão se manter no mercado. Por isso, é importante buscar ferramentas
que auxiliem no controle e na busca pela solução de problemas da qualidade.
Nesse sentido, apresentamos-lhe um rol de ferramentas de apoio ao gerencia-
mento da qualidade nas organizações. Dentre elas, demonstramos alguns exemplos
aplicados nas organizações que buscam a qualidade de seus processos, produtos e
serviços. Por isso, expomos algumas das ferramentas mais conhecidas: 5W2H, his-
tograma, 5S e 8S, diagrama de causa e efeito, Diagrama de Pareto, cartas de controle,
brainstorming, checklist, Controle Estatístico de Processo (CEP), benchmarking,
kaizen, Just In Time (JIT), 6 Sigma e norma ISO 9001 as quais são utilizadas, tam-
bém, como ferramentas de apoio para a qualidade organizacional.
Por fim, trabalhamos a forma de implementação do Sistema de Gestão da
Qualidade (SGQ), apontando as principais normas utilizadas para buscar a
certificação na área da qualidade. Assim, apresentamos os passos para essa
implementação, os principais requisitos da ISO 9001 e a forma de estruturação
de acordo o ciclo PDCA.
71
na prática

1. Os gráficos são muito utilizados na estatística e são importantes ferramentas para


o apoio ao gerenciamento da qualidade. Isso se deve, pois permitem, aos observa-
dores, na maioria das vezes, compreender padrões e tendências, bem como obter
comparações quantitativas e qualitativas. A esse respeito, apresente as principais
características das representações gráficas das ferramentas da qualidade: histogra-
ma e carta de controle.

2. As ferramentas de controle utilizadas para melhorar a qualidade em processos e


serviços – histograma, carta de controle e o método 5W2H – são consideradas es-
senciais para compreender, controlar, analisar e verificar o desenvolvimento das ati-
vidades em uma organização, com a finalidade principal de prevenir que problemas,
falhas e outros desvios possam ocorrer ou continuar ocorrendo. Sobre a temática,
apresente um exemplo de uma das ferramentas supracitadas, evidenciando as suas
principais características.

3. Observe a seguinte situação hipotética:

Uma empresa, visando à qualidade na entrega de seus produtos, precisa assegurar


que as tampas dos itens não se soltem durante o transporte, evitando, assim, que os
conteúdos presentes em seus interiores sejam despejados.

A esse respeito, analise como devem ser utilizadas as ferramentas da qualidade, assina-
lando (V) para a afirmativa verdadeira e (F) para a afirmativa falsa:

( ) No histograma, poderão ser visualizadas, por meio de um gráfico, quantas vezes


a tampa se soltou, relacionando-as com a causa-raiz do problema.
( ) O uso da ferramenta 5W2H garante a resolução do problema das tampas se
soltarem durante o transporte, ou seja, a partir da aplicação dessa técnica, eli-
mina-se o problema.

72
na prática

( ) A lista de verificação aponta exatamente o que deve e pode ser controlado,


ou seja, garante como deve agir o condutor do veículo para a tampa não abrir.
( ) O gráfico de controle poderá identificar a relação entre os dias em que ocorreu
a abertura das tampas, apresentando, de forma gráfica, a relação entre uma
variável e outra.
( ) O método da estratificação busca reunir dados, determinar uma causa especí-
fica, e avaliar e comparar esses dados com mais de um mecanismo de análise.

Considerando essas afirmações, assinale a alternativa correta:

a) F, F, F, F, V.
b) F, V, V, F, V.
c) V, V, V, V, F.
d) F, V, F, F, V.
e) F, V, V, F, F.

4. Nesta unidade, você estudou as ferramentas de controle da qualidade utilizadas para


melhorar a qualidade em processos e serviços. Assim sendo, escolha uma situação
e utilize uma das ferramentas apresentadas a seguir, de acordo com os exemplos
apresentados no livro:

a) Gráfico: apresentar dados e construir um gráfico (pizza, barras, etc.) a escolher.


b) Diagrama de Ishikawa: apresentar uma causa e efeito e relacioná-los com os
seis fatores (MQ: Máquinas; MT: Método; MP: Material; MO: Mão de Obra; ME:
Medidas; e MA: Meio Ambiente).
c) 5W2H: apresentar uma situação problema que responda às questões pertinentes
ao método.

73
na prática

5. A certificação pelas normas ISO é um dos instrumentos mais procurados pelas orga-
nizações que querem e precisam mostrar o seu desempenho ao mercado em relação
à qualidade de seus produtos, processos ou serviços. Dessa forma, a maioria das
instituições já percebeu que há diversas vantagens na implantação de um Sistema
de Gestão da Qualidade (SGQ). Considerando essas vantagens, avalie as afirmações
a seguir:

I - Redução de custos.
II - Redução de defeitos e erros.
III - Aumento da competitividade.
IV - Aumento de riscos de multas.

É correto o que se afirma em:

a) I, somente.
b) I e II, somente.
c) I, II e III, somente.
d) II, III e IV, somente.
e) III, IV e V, somente.

74
aprimore-se

GESTÃO DA QUALIDADE: UM ESTUDO DE CASO SOBRE A IMPLANTAÇÃO DO


PROGRAMA 5S PARA AS MELHORIAS DE PROCESSOS ADMINISTRATIVOS

Os passos para os 5S iniciam a partir da aplicação do Senso de Utilização/Seleção (SEIRI),


em que é preciso identificar tudo o que é útil e eliminar tudo o que for desnecessário
para o fluxo de informação e de processos no local de trabalho. O conceito desse senso
é a utilidade, mas deve-se tomar cuidado com o que vai ser descartado para não perder
informações e/ou documentos importantes. Com a aplicação desse senso, é possível
liberar espaço, eliminar ferramentas, armários, prateleiras e materiais em excesso, eli-
minar dados de controle ultrapassados e, ainda, diminuir risco de acidentes.
O segundo passo é o Senso de Ordenação/Classificação (SEITON), que se trata
do ato de arrumar os itens que sobraram depois da aplicação do primeiro senso, ou
seja, organizam-se todos os materiais e/ou equipamentos que foram classificados
com as etiquetas verdes. Esse senso é muito importante, pois, com ele, ganha-se
economia de tempo, agilidade e facilidade em encontrar documentos e materiais,
tornando o ambiente harmônico e agradável.
O terceiro passo é o Senso de Limpeza/Zelo (SEISO). No sentido literal, busca-se
retirar a sujeira e varrer, deixando o ambiente bem limpo, bem como lavar o que é
lavável. No sentido mais amplo, é utilizar, com critério, os equipamentos e máqui-
nas, limpá-los após o uso e deixá-los na melhor condição para o próximo usuário.
Faz-se necessário investigar as rotinas que geram sujeiras e, com isso, tentar elimi-
nar suas causas. Todos os agentes que afetam o escopo da aplicação podem ser
englobados como sujeiras, como iluminação deficiente, mau cheiro, ruídos, pouca
ventilação, poeira e entre outros. Mediante a aplicação desse senso, ganha-se um
ambiente saudável, inspirador, além de bem-estar pessoal, manutenção dos equi-
pamentos e materiais, redução do índice de doenças infecciosas e boa impressão
nos clientes e visitantes.
O quarto passo é o Senso de Asseio/Saúde/Integridade (SEIKETSU). Com ele, bus-
ca-se manter as condições de trabalho favoráveis à saúde física e mental. Portanto,
torna o local de trabalho saudável, arejado e iluminado, com enfoque preventivo na

75
aprimore-se

saúde física e mental. Além disso, faz que funcionários fiquem dispostos, além de
realizar melhoria de áreas comuns e em condição de segurança.
O compromisso pessoal com o cumprimento dos padrões éticos, morais e técni-
cos definidos pelo programa 5S define a última etapa desse programa. Assim, o Sen-
so de Autodisciplina/Educação/Compromisso (SHITSUKE) define o hábito de cumprir
os procedimentos operacionais, éticos e morais. A autodisciplina diz respeito à in-
ternalização de padrões, estimular as pessoas a realizarem o seu trabalho correta-
mente, com alegria, e a assumirem responsabilidade. Com isso, a instituição ganha
significativamente, uma vez que trabalha com previsibilidade e melhoria contínua
dos resultados, autoinspeção e autocontrole, trabalho diário agradável, melhoria
nas relações humanas, valorização do ser humano e cumprimento dos procedimen-
tos operacionais e administrativos, ou seja, melhor qualidade.
A aplicabilidade do programa é de responsabilidade de toda a equipe, a qual pos-
sui um conhecimento claro da missão, da visão e dos valores da instituição, passando
a melhorar o sistema de comunicação interna e externa. Deve-se reconhecer o valor
individual das pessoas e promover o trabalho em equipe, definir e compartilhar o
regulamento, bem como os padrões básicos, e desenvolver e operacionalizar instru-
mentos que meçam a satisfação dos clientes. Com o quinto senso, fecha-se a aplica-
ção do programa 5S, que, agora, é preciso gerenciar o programa.

Fonte: Silva Filho e Fernandes (2016).

76
eu recomendo!

livro

Gestão estratégica da qualidade: princípios, métodos e


processos
Autor: Edson Pacheco Paladini
Editora: Atlas
Sinopse: o tema gestão estratégica da qualidade envolve múlti-
plos conceitos da qualidade, convergindo para a qualidade en-
quanto relação de consumo, com ênfase na qualidade total e na
gestão da qualidade no processo, a partir de abordagens práticas que determi-
nam os diferenciais competitivos das organizações. Tudo isso converge para o im-
pacto social da qualidade, ensinando a como estrutura-la, avaliar os seus elemen-
tos no produto, bem como as suas diferentes noções de planejamento e controle.

filme

Erin Brockovich
Ano: 2000
Sinopse: é importante que as empresas busquem a qualidade
para as partes interessadas. Neste filme, Erin (Julia Roberts) des-
cobre que a água de uma cidade no deserto está sendo contami-
nada e espalhando doenças entre seus habitantes. A partir de en-
tão, ela consegue convencer os cidadãos da cidade a cooperarem
com ela, o que exige que a empresa responda por sua imprudên-
cia quanto à falta de qualidade da água junto aos seus stakeholders.

conecte-se

Os documentos que fundamentam a SGQ – NBR ISO 9001:2015 e o Anexo SL – podem


elucidar as dúvidas na implantação da qualidade. Saiba mais sobre esse assunto ao
acessar os links disponíveis em:
https://youtu.be/kkCNWUcyDKE?list=PLwPQ-IOahMKYzpBY56pjKMGhFCG8gdW-j.
https://www.youtube.com/watch?v=FYpY-Cx43ao.

77
SISTEMA DE
GESTÃO
ambiental (SGA)

PROFESSORES
Me. Mirian Aparecida Micarelli Struett
Me. Paula Polastri

PLANO DE ESTUDO
A seguir, apresentam-se as aulas que você estudará nesta unidade: • Histórico do Desenvolvimento
das Normas Ambientais • Norma ISO 14001 • Integração de Sistemas de Gestão Ambiental (SGA) e
Gestão da Qualidade (SGQ)

OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
• Compreender o surgimento das normas ambientais • Conhecer a norma ISO 14001, sua estrutura, os
requisitos e as etapas de implantação do Sistema de Gestão Ambiental (SGA) • Compreender como
ocorre a integração entre os sistemas SGA e SGQ.
INTRODUÇÃO

Prezado(a) aluno(a), iniciaremos a Unidade 3. Nesta, trataremos os prin-


cipais aspectos históricos que culminaram na busca pela melhor forma de
realizar a gestão organizacional, atrelado à gestão organizacional, por meio
da gestão estruturada e padronizada, buscando melhorar, continuamente,
a forma de gestão do meio ambiente, especificamente, por meio de um
Sistema de Gestão Ambiental (SGA).
Percebemos que, em um mundo cada vez mais competitivo e em bus-
ca de novos mercados, as organizações procuram aprimorar a sua gestão
por meio da implantação de sistemas de gestão com base em normas de
padrão internacional. Visam, também, a alcançar as certificações na área
da qualidade, conforme a norma ISO 9001, como você viu na Unidade 2,
e na área ambiental pela norma ISO 14001, ou ainda, a integração desses
sistemas de gestão e de outros.
Dessa forma, para que obtenham a certificação na área ambiental, as
empresas precisam implementar, primeiramente, um sistema de gestão
consistente em uma estrutura organizacional que permita a ela avaliar e
controlar os impactos ambientais de suas atividades, minimizar ou mitigar
esses impactos e buscar alternativas sustentáveis para a utilização adequada
dos recursos naturais.
Os principais motivos que levam as organizações a implantar e certi-
ficar um SGA associam-se à busca por novos mercados, diferencial com-
petitivo, aumento do desempenho ambiental, atendimento aos requisitos
legais e atendimento às expectativas das partes interessadas.
Diante disso estudaremos, nesta Unidade 3, a implantação de um SGA
com base na norma ISO 14001. Para tanto, apresentaremos o histórico das
normas de gestão ambiental, os conceitos envolvidos no SGA, a norma ISO
14001 e seus requisitos. Por fim, sucintamente, discutiremos a descrição da
integração do Sistema de Gestão da Qualidade (SGQ) e do SGA.
Bons estudos!
HISTÓRICO DO
UNIDADE 3

DESENVOLVIMENTO
das normas ambientais

As normas ambientais surgiram como uma proposta concreta para a gestão am-
biental, durante a Conferência Rio 92. Elas são resultado de um processo de
discussões em torno dos problemas ambientais e de como promover o desen-
volvimento econômico frente à questão ambiental.

explorando ideias

Para saber mais sobre as grandes conferências-marco, na área de meio ambiente, acesse
o site da Organização das Nações Unidas (ONU), por meio do link: https://nacoesunidas.
org/acao/meio-ambiente/.
Fonte: as autoras.

Dessa forma, como consequência da Rio 92, propôs-se a criação de um grupo


especial, na International Organization For Standardization - ISO (em por-
tuguês Organização Internacional de Normalização ou Organização Interna-
cional para Padronização), para elaborar normas relacionadas ao tema meio
ambiente (MOREIRA, 2001).
Com o objetivo de padronização de normas nacionais, em 1993, ocorreu a
adoção, pela União Européia, do Gerenciamento Ecológico e Plano de Auditoria
(Eco-Management and Audit Scheme - EMAS), norma elaborada, especifica-
80
mente, para as indústrias e disponível para ser implementada voluntariamente

UNICESUMAR
(ASSUMPÇÃO, 2011).
Nesse contexto, em 1993, a ISO estabeleceu o Comitê Técnico 207, ou
ISO/TC 207 - Gestão Ambiental, com a participação de cerca de 56 países,
responsável por elaborar a série de normas ISO 14000, inter-relacionan-
do-se com o Comitê Técnico ISO/TC 176, no qual elaborou as normas de
Gestão da Qualidade, a série ISO 9000. Assim, desde a sua origem, a série de
normas ambientais buscou afinidades com a série de normas da qualidade,
deixando clara a integração necessária entre os conceitos de qualidade e
meio ambiente (MOREIRA, 2001).
Ainda, em 1995, muitas organizações desenvolveram e implementaram os
seus sistemas de gestão ambiental, utilizando como base a norma BS 7750 e a
norma que estabelecia o Gerenciamento Ecológico e Plano de Auditoria. Desse
modo, em 1994, emitiu-se a primeira norma internacional, a ISO 14001, e, em
1996, foi publicada no Brasil, por meio da Associação Brasileira de Normas Técni-
cas (ABNT), a ABNT NBR ISO 14001 - Sistemas de gestão ambiental - Requisitos
com orientações para uso (ABNT, 2015c). O desenvolvimento da norma ISO
14001 foi fundamentado na “motivação ambiental”, esta baseada em três correntes
de pensamento (ASSUMPÇÃO, 2011):
• Preocupação crescente com as questões ambientais com foco no desen-
volvimento sustentável.
• Desenvolvimento das políticas econômicas.
• Evolução das legislações ambientais que, com o passar dos anos, torna-
ram-se mais restritivas e exigentes.

Adicionalmente a essas tendências, também ocorria o fato de que as empresas,


por iniciativa própria ou decorrente de alguma exigência, tinham o interesse em
demonstrar o seu desempenho ambiental. Dessa forma, elaborou-se a norma
ISO 14001 para que os sistemas de gestão ambiental (SGA) sejam estruturados
e integrados às demais atividades da organização e que devem ser, regularmente,
avaliados por intermédio de auditorias ambientais.
Podemos notar que as questões ambientais ganharam espaço no planejamen-
to estratégico das empresas, gerando políticas, metas e planos de ação específicos,
surgindo, então, o Sistema de Gestão Ambiental (SGA). Uma empresa, portanto,
que se preocupa com as questões ambientais internas e externas e deseja melhorar
o seu desempenho ambiental, pode optar por implantar e certificar um SGA.
81
Dessa maneira, com base na norma ISO 14001, compreenderemos o que se
UNIDADE 3

trata o SGA e como ele pode ser implantado. Antes de adentramos nesse assunto,
porém, precisamos descrever a família da série ISO 14000.

NORMAS ISO APLICADAS À GESTÃO AMBIENTAL

Além da norma ISO 14001, que trataremos, especificamente, no próximo item,


criou-se uma série de normas voltadas para a gestão ambiental. Assim, os objetivos
a que se destinam as normas ambientais levaram ao surgimento de diferentes focos
em sua aplicação. Nesse sentido, elas são fundamentais para o processo de gestão
ambiental organizacional. A série ISO 14000 compreende, portanto, em normas
voltadas para a avaliação da organização e para a avaliação do produto, dividindo-se
em dois grupos, em função do seu objetivo, conforme apresentado na Figura 1.

Figura 1 - Série ISO 14000 / Fonte: adaptada de Moreira (2001).

As normas aplicadas a produtos podem ser implantadas de maneira indepen-


dente das normas de gestão, ou seja, nenhuma é pré-requisito da outra e todas
são voluntárias. A descrição das normas da série ISO 14000 são apresentadas
nos quadros a seguir

Número Título

Sistema de gestão ambiental - Requisitos com


ABNT NBR ISO 14001
orientações para uso

82
Sistemas de gestão ambiental - Diretrizes gerais

UNICESUMAR
ABNT NBR ISO 14004
para a implementação

Gestão ambiental - Avaliação ambiental de locais


ABNT NBR ISO 14015
e organizações

Gestão ambiental - Avaliação de desempenho am-


ABNT NBR ISO 14031
biental – Diretrizes

ABNT NBR ISO 14050 Gestão ambiental – Vocabulário

Gestão ambiental - Comunicação ambiental -


ABNT NBR ISO 14063
Diretrizes e exemplos

Quadro 1 - Normas da série ISO 14000 voltadas para a avaliação da organização


Fonte: adaptado de Assumpção (2011) e Barros (2013).

Número Título

ABNT NBR ISO 14020 Rótulos e declarações ambientais - Princípios gerais

Rótulos e declarações ambientais - Autodeclarações


ABNT NBR ISO 14021
ambientais (rotulagem do tipo II)

Rótulos e declarações ambientais - Rotulagem


ABNT NBR ISO 14024
ambiental do tipo l - Princípios e procedimentos

Rótulos e declarações ambientais - Declarações


ABNT NBR ISO 14025
ambientais de Tipo III - Princípios e procedimentos

Gestão ambiental - Avaliação do ciclo de vida -


ABNT NBR ISO 14040
Princípios e estrutura

Gestão ambiental - Avaliação do ciclo de vida -


ABNT NBR ISO 14044
Requisitos e orientações

Gestão ambiental - Integração de aspectos ambien-


ABNT NBR ISO 14062
tais no projeto e desenvolvimento do produto

Quadro 2 - Normas da série ISO 14000 voltadas para a avaliação do produto


Fonte: adaptado de Assumpção (2011) e Barros (2013).
83
Podemos observar que são várias normas da série ISO 14000, no entanto, nesta
UNIDADE 3

unidade, estudaremos, especificamente, a norma ISO 14001, pois é a norma que


estabelece os requisitos para implantação de sistemas de gestão ambiental (SGA).
Ela é a única norma voltada para a avaliação da organização que possibilita a
obtenção de certificado, ou seja, é a única norma passível de certificação, pois ela
descreve os requisitos a serem cumpridos com posterior verificação e avaliação.
As demais, somente, apresentam diretrizes e orientações a serem adotadas, sem
a avaliação de desempenho da implantação.
No entanto, na Unidade 5, apresentaremos maiores detalhes sobre as nor-
mas aplicadas à avaliação do produto, com ênfase na rotulagem ambiental.
Vamos, agora, conhecer a norma ISO 14001, bem como a implantação de um
SGA com base nessa norma.

84
NORMA

UNICESUMAR
ISO 14001

A norma ISO 14001 - Sistemas de gestão ambiental - Requisitos com orientações


para uso, especifica os requisitos para implantação de um sistema de gestão am-
biental (SGA) que uma organização pode usar para aumentar o seu desempenho
ambiental. Trata-se de uma norma aplicável a qualquer organização, independen-
temente do seu tamanho, tipo e natureza (ABNT, 2015c).
Em outras palavras, pode ser aplicável a qualquer segmento e porte de or-
ganização (empresas de pequeno, médio e grande porte) e a diferentes tipos e
condições, sob o aspecto geográfico, cultural ou social (ASSUMPÇÃO, 2011).
Para você entender melhor o conceito de sistema de gestão e SGA, vejamos
algumas definições que a ISO 14001 (ABNT, 2015c) apresenta:
• Sistema de gestão: conjunto de elementos, que interagem entre si,
presente em uma organização, estabelecido a partir das políticas, dos
objetivos e dos processos organizacionais. Um sistema de gestão pode
abordar uma única disciplina ou várias, por exemplo, gestão da qua-
lidade, gestão ambiental, gestão da saúde e segurança ocupacional,
dentre outras. Em outras palavras, a organização pode optar por ter
um único ou mais sistemas de gestão, o que chamamos de sistema de
gestão integrado (SGI). Os elementos do sistema incluem a estrutura
da organização, papéis e responsabilidades, planejamento e operação,
avaliação de desempenho e melhoria.
85
• Sistema de gestão ambiental: refere-se a uma parte do sistema de gestão
UNIDADE 3

da organização, ou seja, foca no gerenciamento ambiental e respeita a


legislação, verificando os riscos e as oportunidades que o meio ambiental
pode propiciar.

É importante você saber que a norma ISO 14001 encontra-se na sua terceira edi-
ção, publicada em 2015. Como já apresentamos, a primeira norma foi publicada
em 1996 e, posteriormente, a segunda edição, em 2004.
Uma breve comparação entre as versões 2004 e 2015 da ISO 14001, destaca-
mos que as principais diferenças referem-se à versão mais recente, esta apresen-
ta maior enfoque no contexto da organização, durante a elaboração da política
ambiental; ao aumento das responsabilidades da Alta Direção; à utilização do
planejamento estratégico da empresa, como base nos objetivos ambientais; à ên-
fase na identificação das oportunidades e ameaças advindas do ambiente externo,
abordagem de risco, e ênfase também, nas ações de melhoria contínua do SGA.

explorando ideias

Para saber mais sobre as principais mudanças entre as versões da ISO 14001 de 2004 e
2015, acesse o vídeo Nova ISO 14001:2015 por meio do link: https://www.youtube.com/
watch?v=2M63dn79BUc.
Fonte: as autoras.

Nesse contexto, a norma ISO 14001, revisada e publicada em 2015, foi atualizada
para adaptar a norma aos parâmetros da Estrutura de Alto Nível - Anexo SL,
assim como a norma ISO 9001 e demais normas de sistemas de gestão, como a
norma ISO 45001 (ABNT, 2018a). Esta estabelece requisitos para implantação
de sistemas de gestão de saúde e segurança ocupacional (SGSSO). Norma esta
que substituiu a norma OSHAS 18001:2007 (Occupational Health and Safety
Assessment Series, em português, Avaliação da Saúde e Segurança Ocupacional).
Na estrutura da norma estão contidos os requisitos genéricos do Anexo SL,
assim como os requisitos específicos do seu sistema de gestão. Para explicar a ISO
14001 em vigor, precisamos abordar o Anexo SL ou Estrutura de Alto Nível,
que originou toda essa mudança.

86
Esse documento foi desenvolvido e publicado em 2012 pela ISO, para definir

UNICESUMAR
uma estrutura ou modelo padrão para todos os sistemas de gestão (inclusive da
ISO 9001:2015, apresentada na unidade anterior), ou seja, padronizar todos os
itens que as novas ou revisadas normas (a partir de 2012), que orientam a implan-
tação e certificação de sistemas de gestão, devem ter para facilitar a integração
desses sistemas nas empresas, pois terão uma estrutura única, diferente do que
acontecia até o momento.
A estrutura de alto nível tem como principal objetivo, como afirmam Silva e
Barbosa (2017, p.62), “unificar/definir estruturas, requisitos e terminologias de
todas suas normas de gestão, o qual chamou de Anexo SL”.
Ainda, de acordo com as autoras Silva e Barbosa (2017), a estrutura proposta
pelo Anexo SL para todas as novas normas inclui: 1. Escopo; 2. Referências normati-
vas; 3. Termos e definições; 4. Contexto da organização; 5. Liderança; 6. Planejamen-
to; 7. Suporte ou Apoio; 8. Operação; 9. Avaliação do desempenho; 10. Melhoria.
Esses itens representam os requisitos genéricos ou cláusulas obrigatórias, visto que
o anexo propõe que o texto principal seja idêntico, assim como os termos e defi-
nições utilizados, podendo cada norma também possuir requisitos específicos, ou
seja, incluir sub-requisitos de acordo com o tipo de sistema de gestão desenvolvido.
O objetivo da ISO 14001 é nortear a organização na proteção ao meio am-
biente, trazendo soluções às modificações ambientais que possam trazer dese-
quilíbrios à área socioeconômica. Como trata-se de uma norma de implantação
voluntária, ou seja, a organização opta pela sua implantação, podemos destacar
que é uma norma destinada ao uso por uma organização que busca gerenciar as
suas responsabilidades ambientais de uma forma sistemática que contribua para
o pilar ambiental da sustentabilidade (ABNT, 2015c).
Você deve se perguntar, neste momento: por que uma organização deve im-
plementar um SGA, visto que sua implantação é voluntária? A demanda de um
SGA, ao que tudo indica, depende de exigências externas à empresa, especialmen-
te de órgãos ambientais e clientes de grande porte ou fatores de contorno que
possam incentivá-las a buscar uma gestão ambiental eficaz, como incentivos de
órgãos governamentais, financiamentos a baixos custos, tanto para implantação
do SGA quanto para obras ambientais (MOREIRA, 2001). Desse modo, mesmo
que a implantação do SGA seja voluntária, as organizações podem sofrer as pres-
sões dos stakeholders para que o SGA seja implantado.

87
UNIDADE 3

explorando ideias

Parte interessada ou stakeholder trata-se de pessoa ou organização que pode afetar, ser
afetada ou se perceber afetada por uma decisão ou atividade. São exemplos: clientes,
proprietários, pessoas na organização, fornecedores, investidores, órgãos regulamenta-
dores, sociedade, mídia etc.
Fonte: ABNT (2015c).

Adicionalmente, existem vários motivos que podem despertar o interesse de uma


empresa pelo SGA, por meio dos benefícios que este pode proporcionar a esta
organização. Desta forma, dentre os benefícios do SGA, destacamos (MOREIRA,
2001; ASSUMPÇÃO, 2011; BARROS, 2013; ABNT, 2015c):

• Melhoria na performance do desempenho ambiental, na redução do uso


de recursos naturais e redução da geração de poluentes (resíduos sólidos,
efluentes líquidos e emissões gasosas).
• Melhoria no atendimento às legislações ambientais.
• Redução de desperdícios e de custos.
• Prevenção de riscos (acidentes ambientais, multas, ações judiciais etc.
• Homogeneização da forma de gestão ambiental em toda a empresa, espe-
cialmente quando suas unidades são dispersas geograficamente.
• Disseminação da responsabilidade ambiental para toda a empresa, não,
apenas, da área de meio ambiente.
• Acesso a novos mercados e melhoria na competitividade empresarial.
• Melhoria da imagem perante o mercado.
• Melhoria nas relações com seus stakeholders, como clientes, órgãos am-
bientais, comunidade etc.
• Acesso a financiamentos, com taxas reduzidas.
• Benefícios intangíveis, como melhoria do gerenciamento, em função da
cultura sistêmica, da padronização dos processos, treinamentos e capaci-
tação de pessoal, rastreabilidade de informações técnicas etc.

88
UNICESUMAR
explorando ideias

Como no Brasil, a ISO é representada pela ABNT, as normas apresentam a sigla NBR (Nor-
ma Brasileira), expressas como ABNT NBR ISO, seguidas pelo número da norma e o ano.
Dessa forma, aplicando o exemplo a norma ISO 14001, temos: ABNT NBR ISO 14001:2015.
Se utilizarmos, no entanto, o mesmo exemplo, também podemos apresentar as normas
das seguintes maneiras: ABNT NBR ISO 14001 ou simplesmente ISO 14001.
Fonte: as autoras.

Vamos, agora, conhecer os requisitos do SGA, conforme estabelecido pela


norma ISO 14001.

Requisitos do SGA

Assim como as demais normas de sistemas de gestão, a ISO 14001 também é baseada
na metodologia PDCA (Plan-Do-Check-Act), a qual fornece um processo iterativo
para alcançar a melhoria contínua. A figura a seguir ilustra como as seções ou cláusulas
de 4 a 10 da norma (em parênteses) podem ser agrupadas em relação ao ciclo PDCA.

Figura 2 - Estrutura da norma ISO 14001:2015 no ciclo PDCA / Fonte: adaptada de ABNT (2015c).

89
De acordo com a ISO 14001 (ABNT, 2015c), o ciclo PDCA pode ser, resumida-
UNIDADE 3

mente, descrito como a seguir:


• Plan (planejar): estabelecer os objetivos ambientais e os processos ne-
cessários para entregar resultados de acordo com a política ambiental da
organização.
• Do (fazer): implementar o que foi planejado.
• Check (checar): monitorar e medir os processos em relação à política
ambiental, incluindo seus compromissos, objetivos ambientais e critérios
operacionais, e reportar os resultados.
• Act (agir): tomar ações para melhoria contínua.

Logo, podemos verificar que, com base no PDCA, os requisitos são os elos que
compõem o sistema, seu funcionamento proporciona a inter-relação dinâmica, in-
dispensável para o alcance dos objetivos do SGA, a saber: controlar, sistemicamente,
o desempenho ambiental e promover a sua melhoria contínua (MOREIRA, 2001).
A norma ISO 14001 contém as mesmas seções que a norma ISO 9001, por-
tanto, é estruturada em: Prefácio, Introdução, 1. Escopo, 2. Referências norma-
tivas e 3. Termos e definições, e as seções de 4 a 10, nas quais compreendem os
requisitos de implantação do SGA. O Quadro 3 apresenta as seções da norma
e os requisitos de implantação.

Seção da norma Requisitos

4.1 Entendendo a organização e seu contexto; 4.2


Seção 4
Entendendo as necessidades e expectativas das partes
Contexto da
interessadas; 4.3 Determinando o escopo do SGA; 4.4
organização
SGA

5.1 Liderança e comprometimento; 5.2 Política ambien-


Seção 5
tal; 5.3 Papéis, responsabilidades e autoridades organi-
Liderança
zacionais

6.1 Ações para abordar riscos e oportunidades; 6.1.2


Seção 6 Aspectos ambientais e 6.1.3 Aspectos ambientais e
Planejamento outros requisitos; 6.2 Objetivos ambientais e Planeja-
mento para alcançá-los

Seção 7 7.1 Recursos; 7.2 Competência; 7.3 Conscientização;


Apoio 7.4 Comunicação; 7.5 Informação documentada

90
Seção 8 8.1 Planejamento e controle operacionais; 8.2 Prepara-

UNICESUMAR
Operação ção e resposta às emergências

Seção 9 9.1 Monitoramento, medição, análise e avaliação; 9.1.2


Avaliação do Avaliação dos requisitos legais; 9,2 Auditoria interna;
desempenho 9.3 Análise crítica pela direção

Seção 10 10.1 Generalidades; 10.2 Não conformidade e ação


Melhoria corretiva; 10.3 Melhoria contínua

Quadro 3 - Requisitos da norma ISO 14001:2015 / Fonte: ABNT (2015c).

Veja como a estrutura é idêntica a ISO 9001, de acordo com o Anexo SL, a fim de
integrar essas duas normas, bem como os requisitos são muito semelhantes, as di-
ferenças mais significativas referem-se aos requisitos de Planejamento e Operação.
O Contexto da organização abrange os requisitos relacionados às necessida-
des e expectativas das partes interessadas e o escopo do SGA. Para que você entenda
melhor o que se trata uma organização, veja a definição da norma (ABNT, 2015c):
• Organização: pessoa ou grupo de pessoas com suas próprias funções
com responsabilidades, autoridades e relações para alcançar seus objeti-
vos. O conceito de organização inclui empreendedor individual, compa-
nhia, corporação, firma, empresa, associação, instituição, dentre outros,
seja pública, seja privada.

O escopo do SGA destina-se a esclarecer os limites físicos e organizacionais aos


quais se aplicam, de forma que a organização pode optar por implementar a ISO
14001 em toda a organização ou em partes específicas. Na definição do escopo, no
entanto, convém que a definição não seja usada para excluir atividades, produtos,
serviços ou instalações que têm ou podem ter aspectos ambientais significativos
para evitar seus requisitos legais e outros requisitos. Nesse contexto, ao determi-
nar o escopo, a organização deve considerar (ABNT, 2015c):
• As questões externas e internas.
• Os requisitos legais e outros requisitos referidos.
• Suas unidades organizacionais, funções e limites físicos.
• Suas atividades, produtos e serviços.
• Sua autoridade e capacidade de exercer controle e influência.

91
Para melhor entendimento, podemos dizer que o escopo do SGA se divide em
UNIDADE 3

escopo técnico e geográfico, conforme apresentado na Figura 3.

Figura 3- Escopo do SGA / Fonte: as autoras.

Um exemplo de escopo geográfico é a implantação do SGA em diversas unida-


des da organização, localizadas em diferentes cidades, compreendendo em uma
implantação do sistema multi-site, ou seja, em múltiplas localidades.
A Liderança indica os requisitos relacionados ao comprometimento da Alta
Direção e à criação da política ambiental. Analisemos, em primeiro lugar a defi-
nição dada pela norma (ABNT, 2015c):
• Alta Direção: pessoa ou grupo de pessoas que dirige e controla uma
organização no nível mais alto, na qual tem o poder de delegar autoridade
e prover recursos na organização.
• Política ambiental: intenções e direção de uma organização relacionadas
ao seu desempenho ambiental como formalmente expresso pela sua Alta
Direção. Em outras palavras, trata-se de um conjunto de princípios decla-
rados como compromissos, em que a Alta Direção descreve as intenções
da organização para apoiar e aumentar o seu desempenho ambiental.

Nesta nova edição da norma, a Alta Direção tem mais responsabilidades em


relação ao SGA, pois precisa garantir que o sistema de gestão esteja alinhado ao
planejamento estratégico da empresa. Precisa viver, portanto, o SGA no seu dia
a dia, assim como promover a conscientização e o envolvimento dos funcioná-
rios em todos os processos do SGA, por meio do desenvolvimento das pessoas.
Assim, a Alta Direção deve demonstrar liderança e comprometimento ao SGA,
nas responsabilidades com as quais esteja pessoalmente envolvida ou as quais
convém que sejam dirigidas por ela (ABNT, 2015c).
Referente à política ambiental, deve ser incluído o comprometimento da or-
ganização com a questão ambiental. Além disso, a norma exige que a política am-

92
biental seja estabelecida, implementada e mantida pela Alta Direção, documentada,

UNICESUMAR
comunicada internamente a organização e disponibilizada às partes interessadas.
A política ambiental da organização inicia com a definição dos seus objetivos
ambientais de acordo com o SGA. Deste modo, a organização tem alguns com-
promissos que visam a proteger o meio ambiente, obedecer à legislação e outros
requisitos organizacionais, melhorar continuamente e aumentar o seu desempe-
nho ambiental. Adicionalmente aos compromissos, a política ambiental deverá
se adequar ao propósito e ao contexto da organização, incluindo a natureza, a
escala e os impactos ambientais das suas atividades, produtos e serviços; e prover
a estrutura para o estabelecimento dos objetivos ambientais (ABNT, 2015c).
Veremos, mais adiante, o que se deve manter como informação documentada.
Neste momento, no entanto, é importante você saber de que forma uma orga-
nização pode comunicar a sua política ambiental. São exemplos: a impressão da
política em crachás, murais de avisos, metas dos setores, wallpapers, computado-
res (fundo de tela), e-mail, áreas de convívio dentro da organização, no website
da organização, dentre outros.

explorando ideias

Veja o exemplo de uma política ambiental de uma empresa que detém um SGA imple-
mentado. Acesse o link: https://dana.com.br/fornecedores/politica-ambiental/.
Fonte: as autoras.

Para melhor entendimento dos compromissos da política ambiental, veja as de-


finições da ISO 14001 (ABNT, 2015c):
• Prevenção da poluição: uso de processos, práticas, técnicas, materiais,
produtos, serviços ou energia para evitar, reduzir ou controlar a geração
e a emissão de qualquer tipo de poluente, reduzindo, assim, os impac-
tos ambientais adversos. Pode incluir a redução ou eliminação na fonte;
modificações no processo, produto ou serviço; uso eficiente de recursos;
substituição de material e de energia; reuso; reciclagem interna etc.
• Desempenho ambiental: resultado mensurável relacionado à gestão
de aspectos ambientais. Para um SGA, os resultados podem ser medidos
em relação à política ambiental, aos objetivos ambientais e outro critério,
usando indicadores.

93
UNIDADE 3

explorando ideias

Uma ferramenta de gestão ambiental para prevenção da poluição é a Produção Mais Limpa
ou P+L, muito utilizada pelas organizações em associação ao SGA. Conheça mais detalhes
sobre a implementação da P+L por meio dos Guias de P+L para diversos setores produtivos
elaborados pela Companhia Ambiental do Estado de São Paulo (CETESB), órgão ambiental
do Estado de São Paulo no link: https://cetesb.sp.gov.br/consumosustentavel/documentos/.
Fonte: as autoras.

No Planejamento, a organização deve identificar os aspectos e impactos ambien-


tais associados às ameaças e oportunidades e o desenvolvimento dos objetivos
ambientais e planejamento de como alcançá-los. Para melhor entendimento deste
requisito, é importante você conhecer a definição de aspecto ambiental e impacto
ambiental, conforme a norma ISO 14001 (ABNT, 2015c):
• Aspecto ambiental: elemento das atividades, produtos ou serviços de
uma organização, que interage ou pode interagir com o meio ambiente.
• Impacto ambiental: modificação do meio ambiente, tanto adversa quan-
to benéfica, total ou parcialmente resultante dos aspectos ambientais de
uma organização.

Podemos entender aspecto ambiental como algo inerente à atividade, produto ou


serviço, ou seja, algo que provoca o impacto. Assim, as atividades geram aspectos
ambientais como: resíduos sólidos, efluentes líquidos, emissões gasosas, ruído etc.
Por outro lado, impacto ambiental é qualquer modificação provocada no meio
ambiente como: alteração da qualidade ou poluição do ar, água, solo, esgotamen-
to de recursos naturais, dentre outros. O Quadro 4 apresenta-nos exemplos de
aplicação desses conceitos.

Aspectos ambientais (causa) Impactos ambientais (efeitos)

Comprometimento da conservação
Consumo de água dos recursos naturais ou o seu esgo-
tamento.

Comprometimento da conservação
Consumo de energia dos recursos naturais ou o seu esgo-
tamento.

94
Alteração da qualidade do solo.

UNICESUMAR
Geração de resíduos sólidos Alteração da qualidade da água.
Alteração da paisagem.

Alteração da qualidade da água.


Geração de efluentes líquidos
Alteração da qualidade do solo.

Alteração da qualidade do ar.


Emissão de poluentes atmosféricos Aquecimento global.
Danos à saúde da comunidade.

Danos à saúde do funcionário, comu-


Emissão de ruído
nidade e fauna.

Emissão de odor Incômodo à comunidade.

Geração de calor Alteração da temperatura ambiente.

Quadro 4 - Exemplos de aspectos e impactos ambientais / Fonte: adaptado de Moreira (2001).

Assim, um aspecto ambiental pode causar um ou mais impactos ambientais, de


forma que a relação entre aspectos e impactos ambientais seja uma relação de
causa-efeito, isto é, todo aspecto pode causar impacto ambiental. Nesse sentido,
aspecto é a causa e o impacto, o efeito. Veja essa relação no quadro a seguir.

Aspecto Ambiental (ele- Impacto Ambiental


Atividade, produtos ou mento da atividade que (consequência da
serviços interage com o meio interação com o
ambiente) meio ambiente)

Esgotamento de
Limpeza Consumo de água
recursos naturais

Alteração da quali-
Armazenamento de dade da água e solo
Risco de rompimento da
rejeitos de minério de e mortalidade de
barragem
ferro espécimes de fauna
e flora

Geração de resíduos Alteração da qualida-


Abate de bovinos
sólidos de da água e do solo

Quadro 5 - Relação de aspecto e impacto ambiental / Fonte: as autoras.


95
Esse requisito é fundamental para a construção do SGA, uma vez que pratica-
UNIDADE 3

mente todos os demais requisitos dependem do que for estabelecido nesse item.
Atenção! O levantamento de aspectos ambientais e a avaliação de impactos am-
bientais não devem ser confundidos com o Estudo de Impacto Ambiental (EIA)
exigido pela legislação de licenciamento ambiental (MOREIRA, 2001).
Podemos destacar que a norma não estabelece a metodologia a ser aplicada para
a determinação dos aspectos e impactos ambientais significativos, entretanto, o mé-
todo e o critério utilizados devem fornecer resultados coerentes, de forma que os
critérios ambientais são os critérios básicos e mínimos para a avaliação dos aspectos
ambientais. Podem se relacionar ao aspecto ambiental, por exemplo, tipo, tamanho,
frequência; e ao impacto, por exemplo, escala, severidade, duração etc. (ABNT, 2015c).
Com relação aos requisitos legais e outros requisitos, a norma estabelece
que a organização deve determinar e ter acesso aos requisitos relacionados a seus
aspectos ambientais. Exemplos de requisitos legais são: legislações ambientais no
âmbito internacional, nacional, estadual e municipal; condicionantes da licença
de operação; dentre outros.
No requisito objetivos ambientais e planejamento para alcançá-los, a
norma estabelece que, para os objetivos ambientais, deve-se levar em considera-
ção os aspectos ambientais significativos e os requisitos legais e outros requisitos
associados, considerando seus riscos e oportunidades. Desse modo, os objetivos
ambientais devem ser: coerentes com a política ambiental, mensuráveis (se viá-
vel), monitorados, comunicados e atualizados. Logo, para alcançar estes objetivos,
a organização deve determinar o que será feito, os recursos requeridos, quem
será responsável, quando será concluído, e como os resultados serão avaliados,
incluindo indicadores para monitorar esses objetivos (ABNT, 2015c).
Para melhor entendimento, apresentamos um exemplo de objetivos ambien-
tais em uma organização que atua no setor de abate de bovinos. O planejamento
para alcançar os objetivos é estabelecido por meio de um plano de ação, conforme
o exemplo a seguir.

96
Média Plano de
Objetivo Indicador Meta Ação Responsável
Anterior ação

1.Treinar e conscientizar trabalhado-


res quanto ao uso racional da energia
Reduzir o elétrica.
megawatts
consumo 2.486 2.570 2.Localizar cargas de maior consumo e
consumidos/ Dez-20 Paula Polastri
de energia KWh KWh promover rodízio de consumo.
mês
elétrica 3.Monitorar diariamente e online o
consumo e a demanda de energia
elétrica.

Garantir Atendimento
Manter monitoramento de requisitos
o atendi- dos requi-
legais e outros, atualizando, men-
mento dos sitos legais 87,5% 100% Dez-20 Mirian Struett
salmente, por meio de software de
requisitos e outros
controle e requisitos legais.
legais requisitos

Quadro 6 - Exemplo de objetivos ambientais e plano de ação / Fonte: as autoras.

97
UNICESUMAR
Você pode observar que os aspectos ambientais significativos são: o consumo de
UNIDADE 3

água e energia; a geração de resíduos sólidos; efluentes líquidos e emissões gaso-


sas, estes identificados e avaliados em todo o processo produtivo. A organização
estabeleceu objetivo para o atendimento dos requisitos legais aplicáveis.
O requisito Suporte abrange os recursos que serão necessários para o esta-
belecimento, implementação e manutenção do SGA, dentre eles, a descrição dos
cargos que irão compor o SGA, o treinamento dos recursos humanos, a comu-
nicação interna e externa e a elaboração e organização das informações docu-
mentadas (ABNT, 2015c).
Podemos destacar que todas as normas estabelecem os requisitos para sis-
temas de gestão. Em alguns de seus requisitos, consta que a organização deve
manter toda e qualquer informação relacionada a implementação da norma,
devidamente documentada. Isso significa que a organização deve estabelecer
algum tipo de documentação para o que é solicitado na norma.
Podemos destacar alguns requisitos que a norma ISO 14001 estabelece como
informação documentada, por exemplo, escopo do SGA, política ambiental, le-
vantamento de aspectos e impactos ambientais, requisitos legais e outros requi-
sitos, objetivos ambientais, preparação e resposta a emergências, avaliação do
atendimento aos requisitos legais e outros requisitos, auditoria interna, análise
crítica pela direção, e não conformidade e ação corretiva (ABNT, 2015c).
Dessa forma, o termo informação documentada refere-se à informação que
se requer que seja controlada e mantida em uma organização e o meio no qual
ela está contida, em outras palavras, trata-se da documentação necessária para a
organização operar (ABNT, 2015a).
Um documento é a informação e o meio no qual esta informação está contida,
pode ser um registro, especificação, procedimento, desenho, relatório etc., o meio
pode ser papel, eletrônico, fotografia, dentre outros, ou uma combinação destes.
O registro é um tipo de documento que apresenta resultados obtidos ou provê
evidências de atividades realizadas, ou seja, evidencia os resultados alcançados
do sistema de gestão, por exemplo, podemos citar os registros de verificação, de
ação corretiva, de rastreabilidade, de monitoramento etc. (ABNT, 2015a).
Nessa etapa de implantação do SGA, portanto, deve-se definir a forma de
elaboração e organização da estrutura da documentação, na qual normalmente
ocorre em níveis, compreendendo em nível estratégico (nível 1), nível tático (nível
2) nível operacional (nível 3), conforme ilustrado na Figura 4.

98
UNICESUMAR
Figura 4 - Estrutura dos documentos do SGA / Fonte: adaptado de ABNT (2002a).

O requisito Operação estabelece o planejamento e os controles operacionais,


sendo necessário o estabelecimento de processos para atendimento dos requisi-
tos da norma, a preparação e a resposta às emergências reais e acidentes (ABNT,
2015c). Logo, no requisito de Preparação e respostas a emergências, a norma
determina que a organização deverá se preparar e responder a potenciais situa-
ções de emergências, identificadas na etapa de planejamento. Dessa forma, o
requisito deve ter o apoio da área de saúde e da segurança ocupacional (SSO)
da organização para sua implantação, e ser implantado por meio do Plano de
Atendimento a Emergência (PAE).
As situações de emergência podem ser identificadas e informadas na planilha
de aspectos e impactos ambientais, constituindo-se nas situações em que existe
o potencial de se causar danos ao meio ambiente e situações de risco de lesões
ou perdas humanas. Podemos citar algumas situações de emergência associadas
aos aspectos ambientais da organização, como risco de incêndio e explosão; va-
zamentos de combustível; óleo diesel; produtos químicos e gases (amônia, ozônio,
cloro etc.), dentre outros.
A Avaliação de desempenho orienta como deve ser realizado o monitora-
mento, a medição, a análise e a avaliação do SGA ou desempenho ambiental, in-

99
cluindo os processos de auditoria interna e análise crítica. A respeito da auditoria
UNIDADE 3

interna trataremos especificamente na Unidade 4. Uma das etapas importantes


que podemos destacar desse processo é a avaliação do atendimento aos re-
quisitos legais e outros requisitos, no qual a organização deve realizar perio-
dicamente. Para isso, muitas organizações optam por contratar uma consultoria
especializada para essa etapa.
Quanto à análise crítica pela direção, o seu principal objetivo é garantir a
adequação, suficiência e eficácia do SGA e seu alinhamento com a direção estraté-
gica da organização (ABNT, 2015c). Dessa forma, uma das entradas para a análise
crítica pela direção são os resultados de auditoria interna, uma vez que todos os
itens do sistema serão verificados quanto à sua adequação e conformidade. O
resultado da análise crítica pela direção, ou seja, as saídas, devem incluir decisões
e ações relacionadas às oportunidades de melhoria, necessidade de mudanças no
SGA e necessidades de recursos (ABNT, 2015c).
A norma ISO 14001 não determina como a Alta Direção deve realizar a análise
crítica do seu SGA, no entanto, estabelece que ela deve ocorrer em intervalos plane-
jados, ter, obrigatoriamente, assuntos de entrada e saída e ser mantida informação
documentada. Logo, a análise crítica pela direção não precisa ser, necessariamente,
uma reunião anual ou semestral, por exemplo, mas é comum as organizações reali-
zarem dessa forma, geralmente, documentada na forma de atas de reunião.
Por fim, o requisito Melhoria apresenta como devem ser planejadas as ações
corretivas e a melhoria contínua aplicadas às não conformidades detectadas na
auditoria interna. Nessa etapa, é muito comum as organizações utilizarem planos
de ação para controle das não conformidades ou softwares específicos.

explorando ideias

O conteúdo apresentado não substitui a norma ISO 14001:2015, trata-se apenas de um re-
sumo da sua estrutura. Para saber mais detalhes sobre a norma e adquiri-la, acesse o ABNT
Catálogo no link: https://www.abntcatalogo.com.br.
Fonte: as autoras.

100
UNICESUMAR
Processo de implantação do SGA

Como vimos, a norma ISO 14001 adota a metodologia do PDCA no seu processo
de implantação. Primeiramente, deve-se definir quem irá implantar o SGA, pode
ser uma consultoria especializada ou equipe interna, formada por funcionários
da própria organização. Algumas empresas possuem um Comitê de Gestão Am-
biental ou do SGA, que se constitui uma ferramenta estratégica para propiciar
o comprometimento de todos com o assunto meio ambiente. A criação deste
comitê, no entanto, é opcional (MOREIRA, 2001).
Em seguida, a Alta Direção deve elaborar a Política Ambiental, esta deve con-
ter os requisitos mínimos da ISO 14001 e atender ao planejamento estratégico
da empresa. Essa política deve ser documentada, implementada e comunicada
às partes interessadas para que elas possam ajudar a promovê-la e cumpri-la. A
política ambiental representa a posição adotada por uma organização referente
ao meio ambiente, ou seja, é ela que norteia o SGA, é a expressão das intenções
dos gestores da empresa, em relação às questões ambientais. Portanto, deve ser
elaborada por eles, mas não é suficiente formular a política, é preciso que a Alta
Direção da empresa se comprometa com ela.
101
Em seguida, é realizado o planejamento do SGA, composto pelo diagnóstico
UNIDADE 3

ambiental que irá identificar: os aspectos e os impactos ambientais da empresa; os


requisitos legais internos e externos; a análise da política ambiental, dos objetivos e
dos indicadores; o cruzamento dos aspectos ambientais, dos impactos ambientais,
da legislação ambiental vigente e dos requisitos da norma, visando identificar quais
são os tipos de ação de controle que deverão ser adotados; por fim, a elaboração dos
planos e programas, visando o cumprimento dos requisitos da norma e a conquista
do melhor desempenho ambiental possível. Nessa etapa, as organizações, normal-
mente, utilizam softwares específicos para gestão dos aspectos e impactos ambien-
tais, bem como dos requisitos legais aplicáveis ou outros tipos de ferramentas.
Destaca-se que todos os aspectos ambientais devem ser levantados (ou identi-
ficados) e avaliados, considerando o contexto da organização. Podemos considerar
essa como uma das etapas mais importantes na implantação do SGA, visto que uma
falha nessa fase poderá impactar nas etapas subsequentes de implantação do SGA.
A empresa deve manter os registros ou os documentos que comprovem o
atendimento a todos os requisitos previstos na norma, ou seja, que apresentem
as conformidades. Dentre esses documentos, podemos citar a lista de verifica-
ção; formulários específicos utilizados; os resultados das auditorias internas; os
registros relacionados aos aspectos e impactos ambientais; manual do SGA; li-
cença ambiental. Dentre outros documentos legais, estes devem ser arquivados
e recuperados em caso de auditorias.
De maneira geral, as etapas de implantação do SGA envolvem:
• Conscientização da Alta Direção.
• Treinamento de interpretação da norma ISO 14001 para o Comitê do
SGA e demais multiplicadores, caso a organização opte pela estruturação
de um comitê.

102
• Elaboração e comunicação da política ambiental.

UNICESUMAR
• Levantamentos dos aspectos ambientais e avaliação dos significativos.
• Estudo da legislação ambiental e outros requisitos aplicáveis.
• Definição de objetivos e metas ambientais.
• Elaboração e implantação de procedimentos do SGA e acompanha-
mento de ações.
• Conscientização e comunicação interna.
• Treinamento de auditores internos.
• Planejamento e realização de auditoria interna.
• Análise crítica pela Alta Direção.
• Correção das não conformidades.
• Pré-auditoria de certificação ou auditoria de certificação (opcional).

Por fim, salientamos que podem ocorrer diversos problemas, tanto antes quanto
durante a implantação de uma norma, mas, em sua maioria, eles não se relacionam
à aplicação das técnicas previstas, mas à resistência que as pessoas têm em relação à
mudança que a norma gerará dentro da empresa e dos processos de trabalho. Por
isso, é preciso criar uma cultura de gestão ambiental, pois esse problema pode se
agravar, caso a empresa não tenha uma cultura organizacional consolidada.
Para tanto, é preciso investir na sensibilização dos colaboradores por meio
de treinamentos permanentes. Quando uma empresa apresenta consciência am-
biental, o meio ambiente deixa de ser um problema e passa a ser uma oportuni-
dade de negócios.

103
INTEGRAÇÃO DO SISTEMA DE
UNIDADE 3

GESTÃO AMBIENTAL
(SGA) COM O SISTEMA
de gestão da qualidade (SGQ)

Muitas empresas são solicitadas ou se prontificam a obter a certificação do SGA, por


meio da norma ISO 14001, além da certificação do sistema de gestão da qualidade
(SGQ), com base na norma ISO 9001. Para isso, a melhor alternativa é a integração
dos processos de gestão, ou seja, implementação de um único sistema de gestão o
sistema de gestão integrado (SGI), que traz vários benefícios, tais como (CARPI-
NETTI; GEROLAMO, 2016):
• Visão integrada, alinhamento e minimização da chance de conflitos de
decisões e ações relacionadas aos sistemas de gestão.
• Sinergia na utilização das técnicas para gestão de melhoria e tomada de
decisão.
• Integração e enxugamento de documentação.
• Redução de custos de manutenção dos sistemas.

104
As estruturas de cláusulas, nas edições de 2015 da ISO 9001 e da ISO 14001, foram

UNICESUMAR
padronizadas, justamente, para facilitar essa integração em um único sistema.
Podemos perceber que, primeiro, as organizações implementam o SGQ e, depois,
implantam o SGA. A integração dos requisitos viabilizadores é bastante evidente
e de mais fácil integração, depois que houve essa atualização nas duas normas.
Podemos integrar, por exemplo, processos de gestão relacionados aos requisitos
de Liderança ou Suporte que é mais imediato, pois apesar de terem finalidades
diferentes, os processos de gestão para atender a esses requisitos são similares
(CARPINETTI; GEROLAMO, 2016). Da mesma forma, acontece com os proces-
sos do requisito Contexto da organização, parte dos requisitos do Planejamento,
da Avaliação de desempenho e da Melhoria contínua (ABNT, 2015b, 2015c).
Para Carpinetti e Gerolamo (2016), no entanto, os requisitos da Cláusula 8,
que se referem à operação, e os requisitos da cláusula 6.1, que se tratam de riscos e
oportunidades, requerem processos de gestão mais específicos. Os procedimentos
de gestão definidos pela organização para o SGI resultarão em graus variados de
integração dos sistemas. É importante salientar que as organizações, além disso,
devem analisar seus processos, particularidades e legislações específicas.

conecte-se

Os Stakeholders exercem grande influência na gestão organizacional, sendo


que alguns exercem uma influência direta e outros indireta sobre a organi-
zação, e dependendo de seus interesses isso pode impactar positivamente
ou negativamente nas atividades organizacionais. Para saber mais sobre a
influência dos Stakeholders nas organizações, assista ao vídeo a seguir:

105
CONSIDERAÇÕES FINAIS
UNIDADE 3

Prezado(a) aluno(a), observamos, nesta unidade, a importância da gestão ambiental


para as organizações, que, além de trazer vantagens competitivas, é essencial para
a sobrevivência das organizações. As normas, além de orientarem a um sistema de
gestão, irão padronizá-lo, ou seja, esse sistema poderá ser implantado aqui no Brasil
ou em qualquer lugar do mundo, porque a padronização é reconhecida por diver-
sos países como uma forma de comunicação e de atuação da organização, que se
apresenta adequada, em termos de gestão de seus processos, produtos ou serviços.
É reconhecido que as organizações buscam realizar sua gestão, não apenas por
força da legislação, mas também pela pressão exercida pelos seus stakeholders, que,
cada vez mais, cobram uma postura correta e ética da organização com o meio am-
biental. Suas atividades, portanto, não devem impactar negativamente nesse meio.
Além disso, devem buscar alternativas para reduzir ou mitigar o uso de recursos
naturais. Por isso, as organizações buscam formas e estratégias de gestão.
Um SGA é aplicável a qualquer tipo de organização, independentemente do
tamanho e número de funcionários. Nesse sentido, a organização que optar por
implantar esse sistema de gestão deve contar com a colaboração de todos os
envolvidos, investindo em treinamentos e capacitação.
A implementação de um SGA, para posterior certificação, deverá ter muitas
etapas e nem sempre é em curto prazo; na maioria das vezes, é em médio e longo
prazo que os gestores irão colher frutos desse trabalho. Tal esforço, entretanto,
vale a pena, pois a qualidade também é um diferencial para a organização.
Por fim, podemos entender que, para a implantação do SGA, o ciclo do PDCA
é fundamental, pois, a partir dele, aplicamos as etapas de planejamento, ação, ve-
rificação e ações corretivas, que sempre proporcionarão à organização melhoria
contínua do seu SGA implementado.

106
na prática

1. Alcançar o equilíbrio em relação às questões ambientais, econômicas e sociais é


fundamental para as organizações que visam ao desenvolvimento sustentável, em
seus processos. Logo, muitas buscam aprimorar a sua gestão por meio da implan-
tação de sistemas de gestão. Nesse contexto, considerando a norma ISO 14001,
explique o que esta especifica e qual o seu objetivo.

2. Para Moreira (2001), a demanda de implantação de um Sistema de Gestão Ambien-


tal (SGA) depende de exigências externas à empresa, especialmente por parte de
investidores, clientes de grande porte e órgãos ambientais, ou fatores de contorno
que possam incentivá-la a buscar uma gestão ambiental eficaz, como incentivos de
órgãos governamentais, financiamento a baixos custos, tanto para implantação do
SGA quanto para obras ambientais.

Nesse contexto, considere uma organização de grande porte com atuação no mercado
nacional e internacional, que, por exigência do seu maior cliente, implantará um SGA com
base na norma ISO 14001. No entanto, a Alta Direção, ainda, não tem o conhecimento
dos benefícios que o SGA poderá trazer para a empresa. Dessa forma, apresente pelo
menos cinco benefícios que essa empresa poderá obter com a implantação do SGA.

3. Um Sistema de Gestão Ambiental (SGA), segundo a norma ISO 14001, permite a uma
organização desenvolver uma política ambiental, estabelecer objetivos e processos
para o seu cumprimento, agir, conforme necessário, para melhorar continuamen-
te seu desempenho ambiental, verificar e demonstrar a conformidade do sistema
com os requisitos legais, da norma e aqueles com os quais a organização decide,
voluntariamente, aderir.

Considerando o texto apresentado acerca do SGA e a norma ISO 14001, analise as


afirmativas seguintes.

I - A ISO 14001 é uma norma de desempenho ambiental do produto.


II - A estrutura da ISO 14001 é baseada na metodologia PDCA (Plan-Do-Check-Act).
III - A finalidade geral do SGA, proposta na ISO 14001, é equilibrar a proteção ambien-
tal e a prevenção de poluição com as necessidades econômicas das organizações.

107
na prática

IV - A norma ISO 14001 especifica os requisitos relativos a um SGA, permitindo a


organização formular política e objetivos que levem em conta os requisitos legais
e as informações referentes aos impactos ambientais significativos.

É correto o que se afirma em:

a) I e II, apenas.
b) II e III, apenas.
c) III e IV, apenas.
d) I, II e III, apenas.
e) II, III e IV, apenas.

4. A Alta Direção de um frigorífico decidiu implantar um Sistema de Gestão Ambiental


(SGA), conforme os requisitos da norma ISO 14001. Para isso, foi necessário alterar
a cultura empresarial da organização, desenvolver ações ligadas às áreas social e
ambiental, além da econômica, dentre outras ações e melhorias. Nesse contexto,
com a implantação do SGA, as empresas tratam a questão ambiental como uma
nova estratégia de negócio. Desse modo, essas organizações visam:

a) Melhorar a imagem da empresa.


b) Ditar regras no mercado internacional.
c) Apenas aumentar o desempenho ambiental.
d) Ater-se ao cumprimento da legislação ambiental.
e) Ignorar as pressões de stakeholders (partes interessadas).

108
na prática

5. De acordo com Assumpção (2011), a implementação de um Sistema de Gestão Ambiental


(SGA) resulta na melhoria do desempenho ambiental de qualquer organização. Logo, com
a implementação de um SGA, conforme os elementos da norma ISO 14001, ocorre uma
sistematização de tal forma que os aspectos ambientais são identificados e controlados.
Isso conduz para que os riscos potenciais dos impactos adversos ao meio ambiente tor-
nem-se conhecidos e controlados, o objetivo é eliminá-los ou neutralizá-los.

Nesse contexto, em relação a todas as etapas de implantação de um SGA, conforme


a norma ISO 14001, assinale a opção correta.

a) Planejamento e implementação.
b) Planejamento, implementação e revisão.
c) Política ambiental, planejamento, implementação e revisão.
d) Planejamento, implementação e operação, verificação e ações corretivas, e revisão.
e) Política ambiental, planejamento, implementação e operação, verificação e ações
corretivas, e revisão.

109
aprimore-se

SISTEMA DE GESTÃO AMBIENTAL EM EMPRESAS: BENEFÍCIOS ECONÔ-


MICOS E AO MEIO AMBIENTE

A gestão ambiental, em alguns casos, é apenas uma adaptação às regras do mer-


cado e da sociedade que permitam a sobrevivência da empresa, evitando transtor-
nos e custos judiciais. Existe certa dificuldade de se estabelecer uma compatibiliza-
ção eficaz entre valores econômicos e valores ambientais, uma vez que é recente
a intenção de se fazer esta compatibilização, entretanto as empresas têm obtido
resultados positivos no sentido de investir em Gestão ambiental. Em exemplos de
implantação de SGA, as empresas afirmam que os investimentos ambientais apre-
sentaram retorno, diminuíram custos com insumos e custos de produção. Se uma
empresa tem como meta atingir melhores níveis de qualidade, é de suma impor-
tância que a política ambiental estabeleça como estratégia e que benefícios essas
metas. Contudo deixar de investir nesse Sistema de Gestão, significa não estar em
conformidade com o mercado atual e alto risco de elevados custos na implanta-
ção de ações emergenciais, perdendo a oportunidades de retorno de investimen-
to rápido. O grande desafio constatado é o de implementar um desenvolvimento
econômico e social que seja realizado de maneira correta, sem sacrificar os recur-
sos naturais. Necessita-se de programas que visam à preservação do ecossistema,
com maior educação ambiental, incluindo ações que promovam tanto a educa-
ção escolar, profissional e familiar, quanta responsabilidade social e ambiental.
Todavia a empresa que faz além do exigido nas normas, buscando novas ideias,
está contribuindo de forma mais significativa com a sustentabilidade. Visto isso,
a relação de custos e benefícios, bem como de outras iniciativas voluntárias para
melhoria do meio ambiente, dentro dos projetos de SGA como um investimento
sustentável e melhorado, questiona ainda o comportamento das empresas em re-
lação a implantação e desenvolvimento por mais viabilidades ambientais e menos
relutância aos projetos idealizadores à contribuição natural e habitável.

Fonte Souza Junior (2017, p. 21-22).

110
eu recomendo!

livro

Sistema de Gestão Ambiental: Manual prático para imple-


mentação de SGA e certificação ISO 14.001/2015
Autor: Luiz Fernando Joly Assumpção
Editora: Juruá
Sinopse: esse manual oferece apoio técnico e serve como refe-
rência para elaborar, implementar e manter um SGA. Elaborado
com base na norma ABNT NBR ISO 14.001/2015, fundamenta-se
na experiência prática de diversos SGAs, destacando a Gestão de Riscos e como
eles devem ser gerenciados. Tais informações se encontram baseadas na expe-
riência prática de mais de 20 projetos de gestão de riscos para unidades de gran-
de porte, tais como os portos organizados, as ferrovias, dentre outros.

filme

Uma verdade inconveniente


Ano: 2006
Sinopse: vencedor do Oscar de melhor documentário, o filme
baseia-se nas apresentações do ex-vice-presidente americano
Al Gore (Prêmio Nobel da Paz em 2007), realizadas, pelo mundo
inteiro, durante muitos anos, acerca das mudanças climáticas. O
trabalho consiste na apresentação de dados e teorias importan-
tes a respeito do aquecimento global. Al Gore defende que o gás
carbônico, gerado pelos seres humanos, contribui, drasticamente, para a eleva-
ção da temperatura média da Terra.

conecte-se

Dentre os Objetivos do Desenvolvimento Sustentável (ODS), o ODS 12 envolve a ges-


tão sustentável e o uso eficiente dos recursos naturais, minimiza impactos negativos
sobre a saúde humana e o meio ambiente, por meio da prevenção; da redução; da
reciclagem; do reuso e da educação.
https://nacoesunidas.org/pos2015/ods12/.

111
AUDITORIA E
CERTIFICAÇÃO

PROFESSORAS
Me. Mirian Aparecida Micarelli Struett
Me. Paula Polastri

PLANO DE ESTUDO
A seguir, apresentam-se as aulas que você estudará nesta unidade: • Auditorias ambientais • A norma
ISO 19011 • Auditoria interna • Processo de certificação do sistema de gestão ambiental.

OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
• Conhecer os tipos de auditorias ambientais • Entender os tipos de auditorias aplicadas aos sistemas
de gestão da qualidade e ambiental • Estudar as etapas e os envolvidos na auditoria interna • Com-
preender o processo de certificação.
INTRODUÇÃO

Nesta unidade, você conhecerá os tipos de auditoria ambiental e suas


aplicações, bem como a auditoria interna de Sistemas de Gestão Am-
biental (SGA) enquanto um dos requisitos da norma ISO 14001, por-
tanto, obrigatória para as organizações que desejam implantar um SGA
ou certifica-lo. A auditoria ambiental se trata de uma ferramenta do(a)
Gestor(a) Ambiental ao passo que a auditoria de SGA é uma forma de
verificar a conformidade da implementação desse sistema. É importante
que você saiba que a norma que é utilizada para conduzir auditorias é a
ISO 19011, a qual trataremos ao longo desta unidade.
A certificação de um SGA, assim como a sua implantação, é volun-
tária. No entanto quando a empresa se convence de que a implantação
de um SGA lhe trará benefícios, surge a dúvida se a organização deve
buscar a certificação ou simplesmente implantar o sistema de acordo com
os requisitos normativos da ISO 14001. Logo, a busca pela certificação é
altamente recomendável para a instituição que realmente se propuser a
implantar e manter um SGA confiável.
O alcance do certificado do SGA deve ser o reflexo da filosofia e do
comportamento da organização, sendo considerado um ganho adicio-
nal. É necessário reconhecer que a imagem institucional é um fator de
extrema importância no mundo dos negócios. Se a empresa realmente,
assumiu uma postura correta frente às questões ambientais e investe em
recurso humanos e financeiros para obter uma gestão ambiental eficaz,
que mal existe em capitalizar os ganhos de imagem mediante o certifi-
cado? A recomendação, portanto, é explorar o direito ao ecomarketing a
que toda empresa certificada faz jus.
O objetivo desta unidade não é esgotar o assunto, tampouco formá-lo
enquanto auditor interno de sistemas de gestão. Isso se deve, pois há a
necessidade de aprofundamento em diversos requisitos, o que exigiria
um curso com carga horária e ementa específica.
Bons estudos!
AUDITORIAS
UNIDADE 4

AMBIENTAIS

A auditoria ambiental teve a sua origem nos Estados Unidos, por meio da realiza-
ção de auditorias voluntárias na década de 70, nas quais eram realizadas análises
do desempenho ambiental e de conformidade de forma crítica. Essas análises
visavam reduzir riscos, principalmente os dos investidores, que poderiam ter
sanções nos resultados das ações organizacionais. Ainda, o órgão americano de
proteção ao meio ambiente, a Environmental Protection Agency (EPA), serviu de
instrumento para tornar as auditorias ambientais compulsórias, ou seja, obriga-
tórias, em alguns setores industriais (CAMPOS; LERÍPIO, 2009).
Assim, nessa época, as auditorias ambientais se tornaram um instrumento
autônomo de gestão ambiental. Inicialmente, tinham o objetivo de averiguar o
cumprimento das legislações ambientais, as quais estavam se tornando cada vez
mais rigorosas, principalmente sob a influência da Conferência das Nações Uni-
das sobre o Ambiente Humano, em Estocolmo na Suécia, em 1972 (BARBIERI,
2016). A Conferência de Estocolmo foi a primeira grande conferência-marco na
área de meio ambiente (ONU, [2019], on-line)¹.
Dessa forma, no início, as auditorias ambientais eram denominadas auditorias
de conformidade ou de cumprimento legal e buscavam, basicamente, assegurar
a adequação das empresas às legislações ambientais, ou seja, procuravam identi-
ficar os possíveis problemas relacionados com as multas, indenizações e outras
penalidades. Portanto, muitas organizações começaram a realizar auditorias vo-
114
luntárias e os órgãos ambientais passaram a estimular tal prática. Com o tempo,

UNICESUMAR
outras considerações foram acrescentadas, tornando a auditoria ambiental bem
elástica, uma vez que passou a identificar, averiguar e analisar, nas mais diversas
atividades, fatos e problemas ambientais (BARBIERI, 2016).
Ao final da década de 80, as auditorias ambientais acabaram sendo cada
vez mais utilizadas como uma ferramenta gerencial tanto pelos países de-
senvolvidos quanto em desenvolvimento, por meio de empresas estrangeiras
que operam nesses países e pelas demais empresas locais. Assim, de acordo
com Campos e Lerípio (2009), os principais benefícios advindos das audi-
torias ambientais são:
■■ Verificação da existência de passivos ambientais ou até mesmo de poten-
ciais passivos e da sua relação com as legislações vigentes.
■■ Diminuição dos possíveis conflitos com órgãos ambientais, buscando
uma boa relação com as partes interessadas.
■■ Busca pelo equilíbrio entre as práticas e os procedimentos nas unidades
da organização.
■■ Avaliação das inadimplências, priorizando os investimentos.
■■ Geração de oportunidades, com o controle de perdas de matéria e de
energia, o que reduz, por exemplo, os custos.
■■ Melhoria da posição da organização no mercado a partir do cumprimen-
to dos requisitos ambientais.

Adicionalmente, segundo Campos e Lerípio (2009), é possível destacar que, en-


tre os principais motivos para uma organização empreender em uma auditoria
ambiental, estão:
■■ Busca pela conformidade legal.
■■ Análise das práticas gerenciais e das operações existentes.
■■ Estimativa dos riscos e das responsabilidades.
■■ Análise de procedimentos ambientais e de resposta a emergências.
■■ Melhoria na utilização de recursos.
■■ Aumento de competitividade.

Além disso, com a auditoria, é possível aumentar o desempenho ambiental, vi-


sando criar vantagens competitivas para a organização e melhorar a sua imagem
perante as partes interessadas.

115
Portanto, com a popularização das questões ambientais, as auditorias ganha-
UNIDADE 4

ram novas formas e especificidade. Logo, as principais finalidades para que as


empresas realizem uma auditoria são:
■■ A certificação, a manutenção da certificação ou a recertificação.
■■ A verificação do funcionamento do sistema de gestão.
■■ A avaliação da conformidade dos produtos e serviços com as especificações.
■■ A avaliação da conformidade dos procedimentos ambientais com as nor-
mas estabelecidas por clientes ou pela própria empresa.

Classificação das auditorias ambientais

As auditorias ambientais podem ser classificadas quanto a sua aplicabilidade,


tipo e execução (CAMPOS; LERÍPIO, 2009). Vejamos o Quadro 1, a qual ilustra
os critérios de classificação das auditorias ambientais:

Quanto ao tipo Quanto à aplicabilidade Quanto à execução

• Auditoria ou análise
crítica ambiental.
• Auditoria de
• Auditoria de primeira
conformidade.
parte.
• Auditoria due diligence.
• Auditoria de segunda • Auditoria interna.
• Auditoria de Sistema
parte. • Auditoria externa.
de Gestão Ambiental
• Auditoria de terceira
(SGA).
parte.
• Auditoria de questões
isoladas ou de
desempenho.

Quadro 1 – Classificação das auditorias ambientais / Fonte: adaptado de Campos e Lerípio (2009).

Nesse contexto, conheceremos, ao longo desta unidade, todas as classificações das


auditorias ambientais. Quanto a sua aplicabilidade e execução, trabalharemos as
diretrizes da norma ISO 19011, a qual estabelece as diretrizes para as auditorias
de sistemas de gestão (ABNT, 2018b). Para iniciarmos, leiamos a descrição das
auditorias ambientais quanto ao seu tipo.

116
A auditoria ou análise crítica ambiental é realizada em organizações que

UNICESUMAR
não possuem um Sistema de Gestão Ambiental (SGA) implementado. É exe-
cutada internamente e buscando relacionar com as atividades organizacionais
relacionadas às operações ambientais com os aspectos previstos na legislação
e o desempenho ambiental. Além disso, esse tipo de auditoria também é feito
enquanto diagnóstico ambiental, pois aponta os problemas e as vulnerabilidades
da organização (MORAES; PUGLIESI, 2014).
Já a auditoria de conformidade objetiva verificar o status das licenças am-
bientais e avaliar se as atividades da empresa estão atendendo às legislações am-
bientais aplicáveis, seja no âmbito federal, estadual ou municipal, seja no interna-
cional. Ainda, é possível que incluam avaliações de diferentes origens, tais como
exigências legais atuais ou futuras, normas e diretrizes dos setores industriais,
políticas ambientais e normas internas, melhores práticas ambientais e outros
(CAMPOS; LERÍPIO, 2009; CURI, 2011; MORAES; PUGLIESI, 2014).
Por sua vez, a auditoria de questões isoladas ou de desempenho realiza
análises críticas do desempenho ambiental em uma área particular, as quais podem
ser divididas, segundo Campos e Lerípio (2009) e Moraes e Pugliesi (2014), em:
■■ Auditoria de atividade: análise crítica da atividade particular.
■■ Auditoria de processo: avaliação da tecnologia e das técnicas de controle
do processo.
■■ Auditoria de questões emergentes: previsão do futuro, buscando, com
a avaliação da capacidade organizacional, a solução de novos desafios.

A auditoria de aquisição, fusão e alienação (due diligence) analisa o balanço


patrimonial da empresa, verificando os aspectos ambientais (CURI, 2011). Ge-
ralmente, é solicitada por um comprador, intermediário ou cessionário, em uma
transação comercial, como fusão, aquisição ou compra de ações. Uma auditoria
due diligence evita assumir responsabilidades quando há ocorrência de riscos
ambientais potenciais ou até mesmo com a evidência de passivos ambientais.
Normalmente, de acordo com Campos e Lerípio (2009) e Moraes e Pugliesi
(2014), essa auditoria acontece em três etapas ou fases:
■■ Etapa ou Fase 1: investiga-se e é realizada uma avaliação, de forma sis-
temática, dos problemas ambientais (reais ou potenciais) associados com
a instalação.
■■ Etapa ou Fase 2: faz-se um estudo detalhado, a partir do uso de técnicas
(amostragem e estimativas científicas), no intuito de confirmar ou avaliar
117
a extensão dos possíveis problemas detectados na Etapa ou Fase 1.
UNIDADE 4

■■ Etapa ou Fase 3: nesta última etapa ou fase, são realizadas ações de forma
corretiva, a fim de extinguir ou reduzir os riscos ambientais.

Por fim, há a auditoria do Sistema de Gestão Ambiental (SGA), a qual é realiza-


da em organizações que possuem um SGA implementado ou que o estejam implan-
tando, conforme os requisitos da norma ISO 14001. Nesse processo de auditoria,
pode-se verificar se a gestão ambiental está em conformidade com a documentação
relacionada no SGA, bem como se as práticas organizacionais implementadas estão
de acordo com o planejamento ambiental e em consonância com a política am-
biental da organização (CAMPOS; LERÍPIO, 2009; MORAES; PUGLIESI, 2014).
Diante do exposto, é possível observar que existem diversos tipos de auditorias
ambientais, porém a norma ISO 14001 estabelece, enquanto um de seus requisitos
de implantação do SGA, a auditoria interna do SGA. Dessa forma, estudaremos, a
seguir, as auditorias que fazem parte do SGA, as quais são divididas em auditoria
interna e em auditoria de certificação. Esta última é opcional, uma vez que a orga-
nização opta pela sua realização caso queira certificar o seu SGA.

118
A NORMA

UNICESUMAR
ISO 19011

As auditorias são consideradas uma ferramenta muito importante para qualquer


sistema de gestão, pois ajudam na identificação das não conformidades, ou seja,
encontram os pontos falhos no sistema e que podem ser aperfeiçoados. Portanto, é a
forma de verificação e manutenção do sistema de gestão que possibilita a realização
de melhorias (MOREIRA, 2001). Assim, para qualquer sistema de gestão, o processo
de auditoria tem, como base, a norma ISO 19011 ou ABNT NBR ISO 19011.
A norma ISO 19011:2018 - Diretrizes para auditorias de sistemas de gestão ser-
ve para qualquer tipo de organização que precisa planejar e direcionar as auditorias
(internas ou externas) de sistemas de gestão ou gerenciar os programas de audito-
rias. Ela busca, também, orientar, incluir princípios, realizar a gestão de programas
de auditoria e conduzir a auditoria de sistemas de gestão, bem como orienta a ava-
liação de competência dos envolvidos no processo da auditoria (ABNT, 2018b).

explorando ideias

As normas publicadas em 1996 e que estabeleciam, especificamente, as diretrizes para audi-


toria ambiental, compreendendo, nas normas ISO 14010, 14011 e 14012, os princípios gerais,
procedimentos de auditoria e critérios para qualificação de auditores, respectivamente, fo-
ram canceladas em 2002 e substituídas pela norma ISO 19011. Ela teve a sua primeira edição
publicada em 2002 e a segunda em 2012. Já a sua versão atual foi publicada em 2018, tornan-
do-a mais semelhante com as novidades das demais normas ISO revisadas a partir de 2015.
Fonte: as autoras. 119
Para tanto, de acordo com a norma ISO 19011, auditoria é definida como um
UNIDADE 4

“processo sistemático, independente e documentado para obter evidência obje-


tiva e avaliá-la objetivamente, para determinar a extensão na qual os critérios de
auditoria são atendidos” (ABNT, 2018b, p. 01).
Diante desse conceito, entenda, segundo a ISO 19011, o que é evidência ob-
jetiva e critérios de auditoria:
■■ Evidência objetiva: refere-se aos dados (registros, declarações ou outro
tipo de informação) obtidos por observação, medição, ensaio ou outras
formas e que apoiem a existência ou a veracidade de algo que seja perti-
nente para os critérios estabelecidos pela auditoria.
■■ Critérios de auditoria: refere-se ao conjunto de requisitos utilizados en-
quanto referência (requisito da norma ou legal, políticas, procedimentos,
instruções vinculadas ao trabalho, obrigações com contratos, dentre ou-
tros), a fim de se promover uma comparação com uma evidência objetiva.
■■ Constatações de auditoria: são os resultados da avaliação de evidência
de auditoria coletados, os quais são comparados com os critérios de audi-
toria. As constatações de auditoria indicam conformidade (atendimento
de um requisito) ou não (não atendimento de um requisito), bem como
podem levar a identificação de riscos e oportunidades para melhoria ou
registro de boas práticas.

120
Para melhor entendimento, veja a associação desses conceitos na Figura 1:

UNICESUMAR
Fonte de informação

Coletando informação por meio


de amostragem apropriada

Evidência de auditoria

Avaliando em relação aos critérios


de auditoria

Constatações de auditoria

Analisando criticamente

Conclusões de auditoria

Figura 1– Visão geral de um processo usual para coletar e verificar informação / Fonte: adap-
tada de ABNT (2018b).

Portanto, podemos entender que a atividade de auditoria pressupõe sempre


uma comparação entre a evidência objetiva com os critérios de auditoria
(MOREIRA, 2001).
As constatações de auditoria são os resultados da avaliação da evidência
de auditoria coletada comparados com os critérios de auditoria (CAMPOS;
LERÍPIO, 2009). Assim, podem indicar conformidade ou não com os critérios
de auditoria. Ainda, as “não conformidades podem ser classificadas depen-
dendo do contexto da organização e de seus riscos. Esta classificação pode
ser quantitativa (por exemplo, de 1 a 5) ou qualitativa (por exemplo, menor e
maior)” (ABNT, 2018b, p. 29).
Podemos destacar alguns exemplos de critérios de auditoria, tais como
os requisitos da norma ISO 14001, os requisitos legais, o manual, os procedi-
mentos e as instruções de trabalho do SGA.
As evidências objetivas são todas as informações levantadas durante a au-
ditoria. Logo, segundo Campos e Lerípio (2009), a coleta de evidências envolve:
121
■■ A análise crítica da informação documentada.
UNIDADE 4

■■ A realização de entrevistas com funcionários.


■■ A observação das atividades.
■■ A análise de registros com os resultados dos monitoramentos e medições
ambientais, como o do gerenciamento de resíduos sólidos, efluentes lí-
quidos e emissões gasosas.
■■ A realização de amostragens para verificar a relevância e pertinência
dos registros.

Além disso, as auditorias aplicadas aos sistemas de gestão, como no caso do SGA,
podem ser internas e externas, conforme é ilustrado no Quadro 2

Auditoria de 1ª parte Auditoria de 2ª parte Auditoria de 3ª parte

Auditoria de fornecedor Auditoria de certificação


externo. Outra auditoria e/ou acreditação.
Auditoria interna
de parte interessada Auditoria estatutária,
externa. regulamentar e similar.

Quadro 2– Tipos de auditorias conforme norma ISO 19011 / Fonte: adaptado de ABNT (2018b).

As auditorias internas ou de primeira parte funcionam como uma espécie de


autoavaliação, sendo conduzidas pela organização ou em seu nome. Elas podem
ser realizadas por uma equipe de auditores internos da empresa, os quais são devi-
damente capacitados, ou por uma consultoria externa especializada. As auditorias
de segunda e de terceira parte, são as auditorias externas, sendo que a de segunda
parte é conduzida por partes interessadas como clientes, por outras pessoas em seu
nome ou, ainda, a própria instituição conduz uma auditoria sobre um fornecedor
ou prestador de serviço. Já as auditorias de terceira parte são conduzidas por organi-
zações de auditoria independentes, como aquelas que fornecerem uma certificação/
registro de conformidade, ou por agências governamentais (ABNT, 2018b).
Não só, mas, de acordo com Moraes e Pugliesi (2014), as auditorias de ter-
ceira parte podem ocorrer de duas formas: pela pré-auditoria e pela auditoria
de certificação:

122
■■ Auditoria de pré-certificação, pré-auditoria ou auditoria inicial:

UNICESUMAR
apesar de não ser obrigatória, é considerada uma etapa importante para
ajustar o sistema antes da auditoria de certificação. Dessa forma, identi-
fica-se o nível de maturidade da implantação do SGA, a fim de saber se a
empresa já está preparada para receber a auditoria de certificação.
■■ Auditoria de certificação: é obrigatória na emissão tanto da certificação
quanto da recertificação de um Sistema, podendo se dividida em:
• Auditoria inicial ou de adequação: trata-se de uma auditoria de
primeira fase, pois visa verificar a estrutura documental do SGA.
Dentre os documentos analisados, podemos incluir o manual do
SGA (não obrigatório), procedimentos etc., assim como os regis-
tros que evidenciam a conformidade do sistema com os requisitos
propostos pela norma vigente.
• Auditoria principal, de conformidade ou de certificação: é
uma auditoria de segunda fase, pois visa verificar a implantação do
SGA propriamente dita. Dessa forma, os resultados da certificação
de adequação e conformidade identificam se o SGA da empresa
pode ser certificado ou não.
• Auditoria de monitoramento, acompanhamento ou manuten-
ção: por meio de amostragem, uma ou duas vezes ao ano, busca-se ve-
rificar se a organização está atendendo aos requisitos da norma.
• Auditoria de recertificação: realizada a cada três anos, verifica-se
a empresa manteve os requisitos.

Ainda, a ISO 19011 apresenta a auditoria combinada, que se forma quando


dois ou mais sistemas de gestão de disciplinas diferentes, como qualidade, meio
ambiente, segurança e saúde ocupacional, por exemplo, são auditados juntos. Já
quando duas ou mais organizações de auditoria cooperam para auditar um único
auditado, denomina-se auditoria conjunta (ABNT, 2018b).
Adicionalmente, é possível destacar que algumas empresas também têm ado-
tado a auditoria de conformidade legal aplicada por consultorias jurídicas ou por
consultorias especializadas no SGA.

123
UNIDADE 4

explorando ideias

A norma ISO 19011 pode ser utilizada para auditorias externas, mas não para as que compreendem os
sistemas de gestão para a certificação da terceira parte. A norma que fornece requisitos para esse tipo
de auditoria é a ISO/IEC 17021-1. Além disso, o conteúdo apresentado não substitui a norma ISO 19011,
mas é apenas um breve resumo de sua estrutura. Para que você possa saber mais detalhes sobre essa
norma e adquiri-la, acesse o site da ABNT Catálogo no link a seguir: https://www.abntcatalogo.com.br.
Fonte: as autoras.

AUDITORIA
INTERNA

As normas ISO 9001 e ISO 14001 estabelecem a realização da auditoria interna.


Aprendemos, nas Unidades 2 e 3 que a auditoria interna é o requisito nove nas
normas supracitadas, integrando a etapa de avaliação de desempenho, a qual
corresponde à fase de checagem ou de verificação do ciclo PDCA.
Assim, a auditoria interna permite a avaliação do status do Sistema de Ges-
tão Ambiental (SGA) da organização e a identificação das áreas ou funções que
necessitam de melhorias. Portanto, trata-se de uma avaliação periódica a fim de
124
verificar o funcionamento do SGA. É possível destacar que a auditoria interna

UNICESUMAR
do SGA se refere a uma auditoria ambiental, sendo, portanto, um instrumento
de gestão ambiental (BARBIERI, 2016).
Em relação ao requisito auditoria interna, a ISO 14001 explana que, por meio
de intervalos planejados, a organização conduz o processo de SGA, verificando
a conformidade entre os requisitos da organização com o seu SGA bem como a
conciliação entre a norma e a sua implementação eficaz (ABNT, 2015c).
Para que haja o atendimento a esse requisito, a organização precisa estabele-
cer, implementar e manter um ou mais programas de auditoria interna, demons-
trando a frequência, os métodos e as responsabilidades bem como os requisitos
para planejamento e relato dessas auditorias. Quanto ao programa de auditoria,
a instituição deve definir critérios e escopo delas, realizar a seleção de auditores
e conduzir as auditorias, assegurando que o processo ocorra de forma objetiva e
imparcial e que os resultados sejam relatados para a respectiva gerência (ABNT,
2015c). Por fim, para evidenciar a implementação do programa de auditoria in-
terna e dos resultados dela, a organização deve reter informação documentada.
Conforme fora estabelecido no requisito da norma, os objetivos da auditoria
interna são:
■■ Determinar a conformidade do sistema, ou seja, definir se o SGA está em
conformidade com o que foi estabelecido no manual do SGA, nos proce-
dimentos, nas instruções de trabalho etc. Assim, deve-se verificar se todos
os aspectos anteriores estão sendo atendidos na rotina organizacional.
■■ Averiguar se o SGA atende aos requisitos da norma ISO 14001.
■■ Constatar se o SGA foi devidamente implementado e mantido, ou seja, se
as evidências objetivas podem comprovar o funcionamento do sistema.
■■ Fornecer, para a alta direção, informações sobre os resultados das audito-
rias enquanto principal subsídio para a sua análise crítica.

Neste momento, você deve estar se perguntando: por que uma organização deve
realizar uma auditoria interna? Isso se deve ao fato de que ela é um dos requisitos
de implantação do SGA e dos demais sistemas de gestão, tais como o SGQ, o qual
foi estudado na Unidade 2, por exemplo. Logo, é obrigatória para a organização que
queira ter um SGA implementado e/ou certificado conforme a norma ISO 14001.
Portanto, é por meio da auditoria interna que ocorre a verificação do SGA,
e possibilita identificar o que não está em conformidade e fazer as melhorias
necessárias. Para atender aos requisitos da norma, a empresa precisa elaborar o
125
programa de auditorias internas, o qual deve incluir informação e recursos a
UNIDADE 4

fim de permitir que as auditorias sejam conduzidas de forma eficaz e eficiente,


dentro dos prazos especificados, bem como deve apresentar:

a) objetivos para o programa de auditoria;


b) riscos e oportunidades associados ao programa de auditoria e ações para
abordá-los;
c) escopo (extensão, limites, locais) de cada auditoria no programa de au-
ditoria;
d) agendamento (número/duração/frequência) das auditorias;
e) tipos de auditoria, como interna ou externa;
f) critérios de auditoria;
g) métodos de auditoria a serem empregados;
h) critérios para selecionar membros de equipe de auditoria;
i) informação documentada pertinente (ABNT, 2018b, p. 8).

Para ilustrar as etapas de uma auditoria interna, apresentamos, na Figura 2, o fluxo


do processo de formação (qualificação) de auditores internos e de auditoria interna:

Figura 2 – Fluxograma básico para a qualificação dos auditores internos e do processo de


auditoria interna / Fonte: adaptada de Moreira (2001).

126
Dessa forma, uma auditoria interna é dividida em etapas de planejamento, prepara-

UNICESUMAR
ção, execução e elaboração do relatório final, conforme apresentado no Quadro 3:

Etapa Atividades

Definição dos objetivos e do escopo.


Planejamento da auditoria
definição dos recursos necessários.

Definição da equipe auditora.


Preparação da auditoria Análise preliminar dos documentos.
Plano de auditoria.

Reunião de abertura.
Coleta e avaliação das evidências.
Execução da auditoria Constatações.
Reunião de encerramento e apresentação
dos resultados.

Elaboração e distribuição do relatório.


Elaboração de relatório final
Plano de ação.

Quadro 3 – Etapas e atividades gerais de uma auditoria interna


Fonte: adaptado de Campos e Lerípio (2009).

É importante destacar que o programa de auditoria se refere aos arranjos para


um conjunto de uma ou mais auditorias, planejado para um período de tempo
específico e direcionado a um propósito específico. Já o plano de auditoria é a
descrição das atividades e dos arranjos para que ela aconteça. Vejamos um exem-
plo de um plano de auditoria:

Local da ABC Frigorífico Data da


auditoria Ltda auditoria

Auditor Equipe Hagaijota Leme (HL) e Neope


Abece Defege (AG)
líder auditora Queres (NQ)

ISO 14001:
Produção de cortes, recortes e miúdos bovinos, resfriados e congelados,
Escopo buchos congelados, tripas bovinas e subprodutos (farinha de carne e
ossos, sangue in natura e sebo bovino) e supergelados (hambúrguer,
almôndegas, quibe e carne moída).

127
Itinerário
UNIDADE 4

Horário Atividade Auditor Auditado

Reunião de
José, Maria e
8:00-8:30 abertura AG, HL, NQ
João

Avaliação da
Documentação:
Informação
documentada
José, Maria e
8:30-
Direção: AG, HL, NQ João
12:00
Política e objetivos
Provisão de
recursos
Análise crítica

12:00- José, Maria e


Almoço
13:00 João

Gerenciamento:
Auditoria e
melhorias
13:00- Aspectos/perigos e José, Maria e
AG, HL, NQ
15:00 Requisitos legais João
Plano de controle
Plano de
emergência

Gerenciamento de
15:00- José, Maria e
resíduos AG, HL, NQ
17:00 João
Controles

Quadro 3 – Exemplo de um plano de auditoria interna do SGA


Fonte: adaptado de Campos e Lerípio (2009).

O propósito da reunião de abertura é assegurar o acordo de todos os cons-


tituintes (por exemplo, auditado, equipe de auditoria) com o plano de audi-
toria. Não só, mas anunciar a equipe de auditoria e suas funções bem como
asseverar que todas as operações planejadas de auditoria possam ser efetua-
das (ABNT, 2018b). Logo, a reunião de encerramento tem como finalidade
assegurar que a empresa auditada conheça as constatações da auditoria e que
128
permita aos auditados apresentarem observações quanto às não conformi-

UNICESUMAR
dades detectadas (CAMPOS; LERÍPIO, 2009).
O relatório de auditoria registra, formalmente, o resultado dela, ou seja, é o documento
em que a equipe de auditores apresenta as evidências de conformidade e de não confor-
midade da organização auditada, segundo os critérios de auditoria (CAMPOS; LERÍPIO,
2009).Além disso, deve conter quais foram as não conformidades encontradas, junto com
as recomendações das medidas de ações corretivas, enumerando prazo de implantação e
responsáveis pela área auditada.Assim, deve fornecer um registro completo, exato, conciso
e claro da auditoria. Não só, mas convém que inclua ou se refira a:

a) objetivos de auditoria;
b) escopo de auditoria, particularmente a identificação da
organização (o auditado) e as funções ou processos auditados;
[...]
d) identificação da equipe de auditoria e de participantes do
auditado na auditoria;
e) datas e locais onde as atividades de auditoria foram con-
duzidas;
f) critérios de auditoria;
g) constatações de auditoria e evidências relacionadas (ABNT,
2018b, p. 32).

Necessita, também, incluir:

— plano de auditoria, incluindo agenda;


— um resumo do processo de auditoria, incluindo quaisquer
obstáculos encontrados que possam reduzir a confiabilidade
das conclusões de auditoria;
[...]
— um resumo cobrindo as conclusões de auditoria e as prin-
cipais constatações de auditoria que a apoiam;
— boas práticas identificadas;
— acompanhamento de plano de ação acordado, se houver
(ABNT, 2018b, p. 32).

Por fim, podemos destacar que o cliente final da auditoria interna é a alta direção
da organização, pois os resultados serão o principal subsídio para a análise crítica
do SGA, requisito da norma ISO 14001, a qual estudamos na Unidade 3.
129
Pessoas envolvidas em uma auditoria
UNIDADE 4

Normalmente, são previstos cinco diferentes atores no processo de auditoria,


cada qual com funções e responsabilidades específicas. São eles: o auditor
líder, o auditor, o cliente, o auditado e demais membros da equipe de audi-
toria (CAMPOS; LERÍPIO, 2009).
Dessa forma, vamos entender melhor as funções, a responsabilidade e as ativi-
dades do auditor líder e dos demais auditores envolvidos no processo de audito-
ria. Mas antes, vejamos, de acordo com a ISO 19011, alguns termos fundamentais
para a compreensão do processo:
■■ Auditor: pessoa que realiza uma auditoria.
■■ Equipe de auditoria: uma ou mais pessoas que realizam uma auditoria,
apoiadas, se necessário, por especialistas. O auditor de equipe é indicado como
líder da equipe, principal figura no processo de condução da auditoria interna.
Nessa equipe, é possível incluir auditores para treinamento.
■■ Especialista: esta pessoa não atua como auditor, dado o seu conhecimento
ou experiência com a atividade, com o processo, com o produto ou outro tipo
de ciência ou experiência específicos da organização. Assim, terá como papel
prover esse conhecimento e essa experiência para a equipe de auditoria.

130
O auditor líder tem, ainda, como responsabilidade, assegurar que o processo de

UNICESUMAR
auditoria seja eficiente e eficaz, de acordo com o escopo (abrangência e limites,
as quais incluem a descrição da infraestrutura, das atividades, entre outros) e o
plano de auditoria, descrição de atividades e arranjos para uma auditoria, cujo
objetivo é garantir o cumprimento do escopo, aprovado pelo cliente. Além de
um segundo auditor, a equipe de auditoria pode ser composta por especialistas,
técnicos e auditores em treinamento (CAMPOS; LERÍPIO, 2009; ABNT, 2018a).
Segundo a norma ISO 19011, convém que os auditores tenham competência
necessária para a realização de auditoria interna, incluindo o conhecimento de:
■■ Princípios de auditoria, métodos e processos.
■■ Normas (gestão ou outras relevantes) e documentos (referência/orientação).
■■ Informações do auditado e seu contexto (por exemplo, necessidades e
expectativas do auditado, negócio, produto, serviço e processo etc.).
■■ Requisitos estatutários e regulamentares bem como os relacionados à
atividade do negócio auditado.

Ainda, tornam-se necessárias as atividades de desenvolvimento contínuo, apropriadas para


manter a competência necessária para gerenciar o programa de auditoria (ABNT, 2018b).
Destaca-se que as auditorias devem ser, fundamentalmente, objetivas (baseadas
em fatos e dados) e imparciais (independentes), além da carregarem o profissionalismo
(pessoal qualificado) consigo. Em detrimento disso, os auditores internos não devem
atuar nas áreas em que tenham vínculo de subordinação ou qualquer tipo de influência
indesejável (MOREIRA, 2001) e, portanto, devem possuir educação, experiência e trei-
namento em auditoria. Já os auditores do SGA devem apresentar, ainda, conhecimento
na área ambiental, nas legislações ambientais etc. (CAMPOS; LERÍPIO, 2009).
A empresa pode decidir por formar auditores internos ou contratar terceiros
a cada auditoria interna. No entanto a primeira opção é a mais indicada, uma vez
que o envolvimento de elementos da própria empresa contribui para o aprimo-
ramento do sistema. Neste caso, deve-se qualificar auditores internos por meio
de treinamentos específicos, como o de formação de auditores do sistema de
gestão que está sendo implantado, tendo, como conteúdo básico, a interpretação
da norma e das técnicas de auditoria da norma ISO 19011.
Ainda, uma vez formado o auditor, é necessário que a sua qualificação seja
mantida por meio de outros treinamentos e, principalmente, pela prática real de
auditorias, visto que um auditor só se desenvolve pela prática (MOREIRA, 2001).

131
PROCESSO DE CERTIFICAÇÃO
UNIDADE 4

DO SISTEMA
de gestão ambiental

Tanto a adoção de modelos normativos de gestão pela empresa quanto a candi-


datura ao certificado são opcionais. Contudo a grande vantagem do certificado
se dá na facilidade com que a empresa demonstra, publicamente, a sua confor-
midade aos padrões reconhecidos em âmbito nacional e internacional. Logo, a
certificação será concedida para a organização que demonstrar concordância
com a norma adotada (MOREIRA, 2001).
A certificação é voluntária, mas as empresas que buscam diferencial competi-
tivo em relação aos seus concorrentes e querem passar imagem de confiabilidade
aos seus clientes precisam certificar o seu SGA. Assim, a certificação pode ser
definida como:

““
[...] um conjunto de atividades desenvolvidas por um organismo
independente, sem relação comercial, com o objetivo de atestar pu-
blicamente, por escrito, que determinado produto ou processo está
em conformidade com os requisitos especificados. Esses requisitos
podem ser nacionais ou internacionais (MARSHALL JÚNIOR et
al., 2008, p. 69).

132
O processo de certificação consiste em ser uma auditoria de terceira parte (auditoria

UNICESUMAR
independente), a qual é realizada por um organismo certificador devidamente auto-
rizado por um organismo credenciador, com o objetivo de comprovar a eficácia do
SGA para certificação (ou recertificação para SGA implementados). Neste caso, três
entidades estão envolvidas no processo de certificação: organismo normalizador,
credenciador e certificador, assim como é apresentado na Quadro 4

Organismo Descrição

Organização Internacional para a Normalização


(ISO - International Organization for Standardi-
Normalizador
zation), representada, no Brasil, pela Associação
Brasileira de Normas Técnicas (ABNT).

No Brasil, o Instituto Nacional de Metrologia,


Qualidade e Tecnologia (INMETRO) credencia as
Credenciador
entidades certificadoras, ou seja, os Organismos
de Certificação Credenciados (OCC).

Os Organismos de Certificação de Sistemas de


Gestão da Qualidade (OCS) e de Sistemas de Ges-
Certificador tão Ambiental (OCA) conduzem e concedem a cer-
tificação de conformidade, com base nas normas
ISO 9001 e ISO 140001, respectivamente.

Quadro 4 – Organismos envolvidos no processo de certificação / Fonte: as autoras.

O organismo normalizador é o responsável pela elaboração e publicação das


normas técnicas, como a ISO e a International Electrotechnical Commission
(IEC) ou Comissão Eletrotécnica Internacional, em português, uma organização
internacional de padronização de tecnologias elétricas, eletrônicas e relacionadas,
as quais são entidades de normalização internacional. No Brasil, a única entidade
autorizada a emitir normas técnicas é a Associação Brasileira de Normas Técnicas
(ABNT), que atua como representante da ISO e IEC.
Já o organismo credenciador é o responsável por estabelecer as diretrizes e
os critérios para credenciar os organismos de certificação. Cada país possui um
organismo credenciador de âmbito federal e, no Brasil, o é o Instituto Nacional
de Metrologia, Qualidade e Tecnologia (INMETRO).
O organismo certificador ou organismo de certificação credenciado
(OCC) é o incumbido em aplicar a auditoria externa para a certificação e recerti-
ficação dos sistemas de gestão implantados nas organizações. Em outras palavras,
133
é o organismo que tem autoridade para auditar a empresa e dar o parecer ou não
UNIDADE 4

sobre a sua recomendação ao certificado em questão.


Portanto, a certificação do SGA somente pode ser realizada por organismos
certificadores (entidade independente, sem relação comercial com a empresa,
garantindo a imparcialidade do resultado), devidamente credenciados no INME-
TRO. Um exemplo de organismo de certificação é a ABNT, que está credenciada
para realizar auditorias e certificações.

explorando Ideias

No Brasil, além da ABNT, existem vários outros Organismos de Certificação de Sistemas de


Gestão da Qualidade (OCS) e de Sistemas de Gestão Ambiental (OCA) que conduzem e con-
cedem a certificação de conformidade com base nas normas ISO 9001 e 14001, respectiva-
mente. Para saber mais, acesse o site do INMETRO: http://www.inmetro.gov.br/organismos/.
Fonte: as autoras.

O processo de certificação obedece, basicamente, ao fluxo apresentado na Figura


3, a qual apresenta as etapas que compõem o processo de certificação do SGA e
os momentos de utilização dos diferentes tipos de auditoria de um SGA:

134
UNICESUMAR
follow-up

follow-up

follow-up

Figura 3 – Processo de certificação do sistema de gestão ambiental


Fonte: Moraes e Pugliesi (2014).

135
O processo de certificação se inicia com a escolha do organismo de certificação,
UNIDADE 4

o qual fica a critério da organização. Assim, os técnicos contratados definem o


escopo de certificação e, em seguida, fazem a visita inicial ou pré-auditoria na
empresa que implantou o SGA. Essa auditoria, embora opcional, é altamente
aconselhável (MOREIRA, 2001).
A auditoria follow-up consiste em analisar e elaborar um plano de ações o
qual será encaminhado pelo auditado para a certificadora, minimizando as não
conformidades identificadas. Caso a equipe responsável pela análise na certifica-
dora considere necessário, pode ser agendada uma visita nas instalações do audi-
tado a fim avaliar a efetividade do plano de ações (MORAES; PUGLIESI, 2014).
Posteriormente, ou de forma direta, sem a pré-auditoria, realiza-se a auditoria
de certificação, que segue o processo de auditoria externa. Caso não sejam en-
contradas não conformidades, a organização é recomendada para a certificação.
A partir da obtenção do certificado, a empresa passa a ter auditorias anuais ou
semestrais de manutenção e, a cada três anos, há uma auditoria de recertificação,
momento em que o OCC pode ratificar, suspender, cancelar ou revogar o certi-
ficado concedido (CAMPOS; LERÍPIO, 2009).

explorando Ideias

Se a organização implantou um sistema de gestão integrado com base nas normas ISO 9001,
ISO 14001 e ISO 45001, por exemplo, deverá escolher um organismo que seja credenciado
para auditar todos os sistemas e cada um será objeto de um certificado específico, mesmo
que sejam apresentados de maneira integrada. Assim, a empresa pode optar por auditorias
simultâneas ou não.
Fonte: adaptado de Moreira (2001).

Existem diversos níveis de certificação para a execução da


atividade de auditor. Mas quais são os requisitos necessários
para ser um, demonstrando que o candidato(a) satisfaz os
critérios de certificação e está apto(a) para realizar as suas
atividades? Para saber mais sobre esses níveis de certificação
e seus requisitos, assista ao vídeo a seguir:

136
CONSIDERAÇÕES FINAIS

UNICESUMAR
A tendência natural é que as empresas passem a ser cada vez mais cobradas pelo
gerenciamento das suas atividades e dos impactos que essas ações causam ao
meio ambiente. Logo, as organizações têm um grande desafio: compatibilizar
crescimento e desenvolvimento sustentável na gestão.
Para tanto, uma das medidas encontradas para realizar essa gestão de forma
adequada é a adoção dos Sistemas de Gestão Ambiental (SGA) a fim de melhorar
o desempenho organizacional. Neste contexto, destacamos a auditoria ambiental
como uma poderosa avaliação do desempenho ambiental de uma empresa.
Os objetivos básicos das auditorias ambientais podem ser a verificação do
atendimento aos requisitos legais, a redução dos riscos de impactos ambientais
negativos e a melhoria no controle operacional e nos custos com sistemas de
gestão. Assim, a auditoria ambiental pode ser uma poderosa ferramenta e uma
contribuição valiosa para o aprimoramento da gestão ambiental da empresa.
Após a implantação do SGA, a empresa, caso queira certificar o seu sistema,
solicitará a auditoria de certificação, a qual será realizada pelo organismo cer-
tificador. Caso esteja tudo em conformidade, a instituição será indicada para a
certificação. Com a obtenção do certificado, a empresa terá a auditoria de manu-
tenção, que lhe permitirá o acompanhamento do seu sistema de gestão. Não só,
mas também haverá a auditoria de recertificação, que ocorre após a auditoria de
certificação, a qual objetiva analisar se a organização manteve o seu sistema de
gestão consolidado no período avaliado.
Por fim, é plausível afirmar que a implementação do SGA, de acordo com
a norma ISO 14001, ou até mesmo a implementação de um sistema de gestão
integrado é a opção mais adequada para que as organizações equilibrem as suas
atividades produtivas e socioeconômicas com as demandas socioambientais,
agregando uma imagem responsável perante as partes interessadas.

137
na prática

1. A norma ISO 19011 fornece orientações “sobre a auditoria de sistemas de gestão,


incluindo os princípios de auditoria, a gestão de um programa de auditoria e a con-
dução da auditoria de sistemas de gestão” (ABNT, 2018a, p. 1). Não somente isso,
mas também colabora para a análise da competência dos indivíduos envolvidos no
processo de auditoria.

Considerando a norma ISO 19011 e as auditorias ambientais, avalie as afirmações a seguir:

I - Determinada empresa, a partir de sua auditoria interna, obteve a informação


de que ela poderia realizar auditoria somente em um sistema de gestão imple-
mentado.
II - Além da ISO 19011, ainda se encontra em vigor a ISO 19009 para auditorias de
sistemas de gestão.
III - Ao realizar a auditoria ambiental, a organização pode, por exemplo, verificar a
conformidade com as exigências legais e outros aplicáveis.
IV - Para manter a imparcialidade no processo, a organização deve buscar a contra-
tação de terceira parte para realizar a auditoria interna.

É correto que se afirma em:

a) II, apenas.
b) I e IV, apenas.
c) III, apenas.
d) II e IV, apenas.
e) II, III e IV, apenas.

2. Uma empresa farmacêutica quer implantar um Sistema de Gestão Ambiental e,


portanto, busca a norma ISO 14001. Após a fase da implantação da SGA, ela deverá
implementar a auditoria interna e, em seguida, a análise crítica deverá ser realizada
pela direção.

138
na prática

Considerando esta realidade, analise as afirmações a seguir:

I - Um auditor líder é indicado pelo representante da organização que implantará


um SGA e auditará a equipe de auditoria externa.
II - A empresa pode formar auditores internos ou optar por contratar terceiros
para realizar a auditoria interna. Entretanto, o mais indicado é a formação de
auditores pela própria organização, pois contribui para aprimorar o SGA.
III - Para manter um programa de auditoria, a organização deve incluir diversos fa-
tores. São exemplos: os métodos utilizados, o tempo necessário e os resultados
de auditorias realizadas anteriormente.
IV - A análise crítica da alta direção deve ser realizada, integralmente, ao final da
auditoria interna, pois a alta direção é o cliente final da auditoria.

É correto o que se afirma em:

a) I e II, apenas.
b) II e III, apenas.
c) III e IV, apenas.
d) I, II e III, apenas.
e) II, III e IV.

3. A empresa ABC passou pelo processo de recertificação da norma da ISO 14001, por
meio da auditoria de manutenção, em agosto de 2018. Esta certificação é utilizada
por organizações a fim de comprovarem que apresentam um SGA implementado.
Dessa forma, afirme até quando essa empresa terá o seu certificado ISO 14001
válido e explique por qual tipo de auditoria essa organização deverá passar durante
a vigência desse certificado.

139
na prática

4. Na auditoria externa realizada por uma certificadora terceirizada, na empresa ABC,


foram verificados os processos internos. Seus processos de gestão ambiental foram
entendidos como inteiramente compatíveis com o padrão, além de que a empresa
contava, também, com programas de auditoria interna eficazes, realizados por uma
equipe de funcionários da própria organização. Assim, explique as diferenças entre
auditoria interna e externa de um sistema de gestão e apresente os responsáveis
pela realização de tais.

5. A empresa DEF recebeu uma certificação pela excelência no cumprimento dos


padrões internacionais relacionados à gestão ambiental, com base na norma ISO
14001. Com o trabalho contínuo de evolução nos requisitos avaliados, a DEF expan-
de a quantidade de unidades certificadas anualmente. Por meio da última auditoria
externa realizada, todas as suas unidades receberam a recertificação.

De acordo com as informações apresentadas, a empresa DEF passou por auditoria


de pré-certificação, certificação, manutenção e recertificação. Explique cada uma
dessas auditorias.

140
aprimore-se

Qual é a relevância da auditoria ambiental e a sua relação com a eficiência de um


Sistema de Gestão Ambiental (SGA)? Fernandes e Horikawa destacam a mudança
de paradigma em relação a como a auditoria é vista pelas organizações e a sua real
finalidade, que não é simplesmente a procura por falhas no processo de gestão,
mas otimiza-lo por meio de dados confiáveis e promover a melhora contínua, que é
base de um SGA.
Conforme é citado ao longo da pesquisa realizada pelos estudiosos, o processo
de auditoria de SGA tem, como consequências, os impactos ambientais, sociais e
econômicos, os quais podem vir a gerar benefícios para a empresa no mercado.
Entre as vantagens competitivas, destaca-se uma maior solidez do SGA, a certeza de
seu real estado e a utilização de bons resultados para associar a imagem da organi-
zação enquanto consciente da causa ambiental.
Com resultados satisfatórios e a periodicidade das auditorias, a tendência é que
se crie uma cultura organizacional voltada para a preocupação ambiental e um
maior conhecimento das normas e leis relacionadas ao assunto por parte dos fun-
cionários. Assim sendo, fica clara a relevância da auditoria ambiental no processo de
gestão enquanto uma verificação extremamente eficiente de diferentes pontos de
uma instituição ou dela por completa. Se realizada conforme as normas pertinentes
e existir um investimento por parte dos auditados, suas vantagens vão, definitiva-
mente, sobrepor as desvantagens.

Fonte: Fernandes e Horikawa (2018).

141
eu recomendo!

livro

Auditoria e certificação ambiental


Autor: Clauciana Schmidt Bueno de Moraes e Érica Pugliesi
Editora: Intersaberes
Sinopse: as organizações veem a necessidade cada vez maior de
aliar os seus processos de produção com uma gestão ambiental
responsável. Neste contexto, procuram se adequar cada vez mais
aos processos “verdes”, relacionados com a busca por ações e prá-
ticas sustentáveis. Assim, esta obra analisa a evolução da gestão ambiental, suas
normas, seus selos, suas certificações e ferramentas de gerenciamento e auditoria
enquanto instrumento da melhoria da qualidade e desempenho ambiental.

conecte-se

Para saber mais sobre as principais mudanças entre as versões da norma ISO 19011
de 2012 e 2018, assista ao vídeo.
https://www.youtube.com/watch?v=bKyImdqqIyc.

142
ROTULAGEM
AMBIENTAL

PROFESSORAS
Me. Mirian Aparecida Micarelli Struett
Me. Paula Polastri

PLANO DE ESTUDO
A seguir, apresentam-se as aulas que você estudará nesta unidade: • Histórico da rotulagem ambiental
• Selos e certificações ambientais • Aspectos extras da rotulagem ambiental

OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
• Demonstrar, historicamente, a necessidade dos programas de rotulagem ambiental e os tipos de ro-
tulagem existentes • Apresentar os principais selos e certificações ambientais nacionais e internacionais
• Trabalhar alguns aspectos extras da rotulagem ambiental
INTRODUÇÃO

Esta unidade tem, como finalidade, apresentar a importância das certifi-


cações e das rotulagens ambientais existentes. Tudo isso enquanto forma
de transparência e comunicação utilizada pelas organizações a fim de ex-
porem as ações de sustentabilidade desenvolvidas na área ambiental para
a sociedade.
Em seguida, serão apresentados os selos e as certificações. Alguns deles
são bastante conhecidos e já estão no mercado nacional e internacional há
muito tempo. Nesta última unidade, não serão trabalhados todos os selos e
certificações existentes, porque há uma infinidade deles. Além disso, alguns
são reconhecidos internacionalmente, mas há aqueles que são regionais.
Sobre este tópico, apresentaremos alguns aspectos extras relacionados com
a sua obtenção e a importância da certificação para as organizações.
Como você poderá constatar, prezado(a) estudante, a área ambiental
é muito importante, visto que é entendida como uma comunicação clara
sobre as ações de sustentabilidade em atendimento à legislação, às normas,
às expectativas e demandas da sociedade. É preciso reconhecer que mui-
tos consumidores já praticam o consumerismo, mas, infelizmente, muitos
ainda não adquiriram esta consciência socioambiental.
O(A) Gestor(a) Ambiental pode e deve auxiliar na educação da so-
ciedade e na elaboração de informações que visam a demonstrar a trans-
parência de como a empresa deve colaborar e atuar com sustentabilidade
para a sociedade. É em consequência disso que esta unidade é de suma
importância para finalizarmos este livro.
Até aqui, prezado(a) aluno(a), esperamos que você tenha compreen-
dido que há muito o que fazer para reduzir os impactos ambientais decor-
rentes da exploração produtiva do homem e da maneira desenfreada com
que muitas empresas ainda atuam no âmbito global.
Então, vamos à leitura da última unidade deste livro, com a qual espe-
ramos contribuir ainda mais para o seu aprendizado.
HISTÓRICO DA

UNICESUMAR
ROTULAGEM
ambiental

Os programas de rotulagem ambiental, inicialmente, eram utilizados para infor-


mar e alertar o consumidor sobre as características relacionadas com a saúde ou
a segurança do produto. Todavia, com o passar dos anos, os dados destacados nas
embalagens dos itens começaram a fornecer outros tipos exigências, como a re-
dução dos impactos ambientais e a forma de utilização da mão -de -obra humana.
Nesse sentido, como resposta às exigências e expectativas dos stakeholders e,
por consequência, das transformações nas demandas das partes interessadas, as
empresas necessitam utilizar estratégias, como o marketing ambiental, por exemplo,
no intuito de reduzir os impactos sobre o meio ambiente e atender à preocupação
ambiental global. Assim, países do âmbito internacional já elencaram como prio-
ridade facilitar, inclusive, no comércio internacional, a exportação de produtos de
organizações que apresentam, no rótulo ambiental, informações sobre as caracterís-
ticas dos produtos que os clientes estão consumindo (MORAES; PUGLIESI, 2014).
Além disso, segundo Moraes e Pugliesi (2014, p. 246):

““
Considera-se que a empresa, ao internalizar as questões ambien-
tais e incorporar tal variável no negócio, busca a racionalização da
utilização da matéria-prima e energia, aumentando a eficiência dos
processos e reduzindo o desperdício, o que permite a ela a redução
de custos e o aperfeiçoamento da qualidade.
145
Segundo Barbieri (2016), os rótulos são baseados em metodologias científicas,
UNIDADE 5

com o objetivo de dar suporte para as afirmações. Não só, mas os critérios uti-
lizados devem ser relevantes ao ciclo de vida do produto. Neste contexto, a ava-
liação de ciclo de vida serve de subsídio para a rotulagem ambiental e para a
identificação dos aspectos ambientais relacionados tanto ao produto quanto ao
processo. Assim, a maioria dos rótulos ecológicos passa por uma avaliação dos
seus impactos ambientais, ao longo do ciclo de vida.
Para Moraes e Pugliesi (2014, p. 255), os rótulos ambientais “visam informar ao
consumidor algum aspecto ambiental do produto e evidenciam que o produto atende
aos padrões ambientais requeridos”. De maneira geral, a organização busca garantir
o desempenho ambiental por meio da demonstração da qualidade ambiental. Para
tanto, a rotulagem apresenta alguns objetivos, os quais são apresentados na Figura 1:

Objetivos da rotulagem ambiental

Despertar, no con- Promover o cresci-


Influenciar na escolha sumidor e no setor mento da consciência
do consumidor e no privado, a consciência e o entendimento dos
comportamento do e o entendimento dos aspectos ambientais de
fabricante. propósitos de um pro- um produto que recebe
grama de rotulagem. o rótulo ambiental.

Figura 1 – Objetivos da rotulagem ambiental / Fonte: adaptada de Barboza (2001).

Moraes e Pugliesi (2014, p. 247) explanam, ainda, que a rotulagem não serve ape-
nas para a proteção do meio ambiente, mas também como “estímulo à inovação
ambientalmente sustentável na indústria e no desenvolvimento da consciência
ambiental dos consumidores”. Assim, a rotulagem encoraja a produção e o consumo
de produtos que apresentam características menos agressivas ao meio ambiente, se
comparados a outros que não oferecem a política da qualidade ambiental.
Portanto, a rotulagem ambiental pode ser demonstrada por meio de uma
marca na embalagem, por exemplo, com o uso de selo verde, selo/rótulo ecoló-
gico, entre outros, a fim de demonstrar que a organização produziu um produto
com menos impactos ambientais.
Diante do exposto, torna-se importante conhecermos um pouco mais das
normas que regulamentam essa rotulagem ambiental. Não só, mas os principais
rótulos ecológicos e certificações existentes no Brasil e em outros países bem
como as suas aplicações.
146
Normas aplicadas aos rótulos ambientais

UNICESUMAR
Os procedimentos para a rotulagem ambiental são estabelecidos pelas normas
da International Organization For Standardization - ISO (em português, Or-
ganização Internacional de Normalização ou Organização Internacional para
Padronização). Assim como já foi estudado nas unidades anteriores, a ISO é re-
presentada pela Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT), no Brasil.
Assim, os rótulos ambientais são divididos em três categorias por tipo, a saber:

Número Título

Rótulos e declarações ambientais - Princípios


ABNT NBR ISO 14020
gerais.

Rótulos e declarações ambientais - Autodecla-


ABNT NBR ISO 14021
rações ambientais (rotulagem do tipo II).

Rótulos e declarações ambientais - Rotulagem


ABNT NBR ISO 14024 ambiental do tipo l - Princípios e procedimen-
tos.

Rótulos e declarações ambientais - Declarações


ABNT NBR ISO 14025 ambientais de Tipo III - Princípios e procedi-
mentos.

Quadro 1 – Normas aplicadas à rotulagem ambiental / Fonte: ABNT (2002, 2004, 2015, 2017).

As classificações propostas pela ISO são voluntárias e variam segundo as caracte-


rísticas de cada programa adotado. Caiado (2014) sustenta que, de maneira geral,
as características gerais de cada uma delas são:
■■ Rotulagem Tipo I: envolve a aprovação ou a reprovação. Além disso, a
licença é concedida por terceira parte (órgão independente) para uso do
rótulo (normalmente, uma logo). Há critérios múltiplos de avaliação, com
base nos impactos ambientais do ciclo de vida do produto bem como um
conjunto de critérios e de avaliação do produto são determinados. Para
obter esse selo, a organização precisa demonstrar que o seu produto é
ecologicamente correto.
■■ Rotulagem Tipo II: declaração na forma de texto e/ou logo. Normal-
mente, baseia-se em critério único (por exemplo, feito com 50% de ma-
147
terial reciclado), mas pode ser de múltiplos critérios ou de autodeclara-
UNIDADE 5

ção, ou seja, sem envolvimento de um organismo de terceira parte. Um


exemplo são as informações vazias com o termo “produto verde”, que não
informam o que a empresa faz para proteger o ambiente.
■■ Rotulagem Tipo III: informação quantitativa. Pode ser apresentada em
texto, gráfico, ilustração etc. Apresenta critérios múltiplos, baseados em es-
tudos de avaliação do ciclo de vida do produto, em um conjunto de dados
ambientais quantitativos determinados por organismos de terceira parte a
fim de informar o cliente para que ele possa comparar com outros produtos.

Ainda segundo Caiado (2014), os requisitos e critérios devem determinar uma


referência para demonstrar a conformidade com o uso do rótulo ambiental. O
requisito define o objetivo da rotulagem e o critério terá, como resposta, o as-
pecto qualitativo ou quantitativo. Um exemplo pode ser dado por meio da água:
suponha que o requisito seja a economia e que o critério visa a economizar 50%
do consumo total de água potável por ano (neste caso, é quantitativo).
O programa ABNT de Rotulagem Ambiental é uma certificação voluntária de
produtos e serviços a qual foi elaborada segundo as normas ABNT NBR ISO 14020
e ABNT NBR ISO 14024. Além disso, de acordo com a A3P ([2019], on-line)⁶:

““
[...] é classificado como um Rótulo Tipo I, ou seja, é uma certificação
de terceira parte. Este tipo de rótulo leva em consideração o ciclo
de vida dos produtos, e tem como objetivo principal a redução dos
impactos negativos causados ao meio ambiente em todas as etapas
do seu ciclo de vida, desde a extração dos recursos, até a fabricação,
passando pela distribuição, utilização e descarte.

148
A ABNT ([2019], on-line)7 explana que os benefícios do rótulo ecológico são: pro-

UNICESUMAR
mover a redução de desperdícios e a otimização dos processos; demonstrar ao
mercado que a sua empresa está preocupada com as próximas gerações e promover
a preservação do meio ambiente por meio da diminuição dos impactos negativos.
Diante dos diversos rótulos ambientais Tipo I, Flores (2011) explica que os
processos de concessão são muito parecidos entre si, com exceção do selo da ABNT,
que apresenta pontos distintos em relação aos internacionais. Neste sentido, propõe:
■■ A monitoria, controlada e regular, posterior à obtenção do selo.
■■ Abrangência de outras áreas além da ambiental, avaliação do desempe-
nho do produto, tais como o cumprimento de leis trabalhistas e antidis-
criminatórias, e critérios focados em aspectos sociais.
■■ Avaliação de questões importantes para a sustentabilidade do produto,
tais como: diminuição das emissões; incentivo aos fornecedores e distri-
buidores das boas práticas e qualificação ambiental; implementação de
Sistema de Gestão ISO 14001; metas de redução no uso de combustíveis
fósseis etc.

Por outro lado, não há um estabelecimento de parâmetros ou de metas para serem


atingidas e de que forma essas questões serão cobradas e fiscalizadas. Assim, não
é possível avaliar se as empresas estão, realmente, atuando corretamente, uma vez
que não existe um sistema de pontuação específico de acordo com o desempenho
do produto (FLORES, 2011).
De acordo com Leite (2017, p. 34), “é bom lembrar que a maioria dos selos
Tipo I que existem, ao contrário do Tipo III, aborda poucas questões ambientais
e não cobre todo o ciclo de vida do produto”. Portanto, é imprescindível a recorda-
ção de que a implementação do ciclo de vida é complexa e, pelo fato de ainda não
estar formatada pela ISO, pode exigir tempo maior para ganhar mercado e atingir
o consumidor diretamente, assim como ocorre com as outras duas classificações.

149
SELOS E
UNIDADE 5

CERTIFICAÇÕES
ambientais

As certificações e os selos representam uma das formas de comunicação com


os clientes e partes interessadas. Seu objetivo é muito simples: tornar pública
as boas práticas organizacionais, trazendo, dessa forma, melhorias para a sua
imagem organizacional. Além disso, estão relacionados aos processos de gestão,
relacionamento, padronização de produtos e adoção de métodos sustentáveis,
uma vez que, a partir deles, descreverão regras ou padrões que serão avaliados
constantemente e certificados.
É importante destacar que esses selos descreverão padrões estabelecidos ou
regras que serão avaliadas constantemente. Já no caso das certificações, elas serão
concedidas somente por empresas acreditadas pelo Instituto Nacional de Metro-
logia, Qualidade e Tecnologia (INMETRO). Além disso, podem ser obtidas por
multiatributo, representando um conjunto específico de critérios estabelecidos
por uma organização de terceira parte bem como por um único atributo, cuja
emissão do selo atesta uma característica do produto, como reciclado ou biode-
gradável, por exemplo (BARBOZA, 2001).

150
Selos de rotulagem ambiental

UNICESUMAR
Neste subtópico, apresentaremos os selos e os certificados ambientais nacionais
e internacionais mais conhecidos. Não é nosso interesse aprofundar em cada
tema, mas tão somente orientá-los para a existência, a finalidade e a importân-
cia de tais na área ambiental, além de refletirmos sobre alguns aspectos extras
relacionados com a sua obtenção.
A Alemanha foi o primeiro país a criar, em 1978, um sistema de rotulagem
baseado em critérios ambientais, com a designação de Anjo Azul (Blaue Engel).
Esta classificação implicava o uso eficiente de combustíveis fósseis, a redução de
gases de efeito estufa (GEE) e a diminuição do consumo de matérias-primas não
renováveis. Em 1988, o Canadá criou o rótulo ecológico EcoLogo e, um ano após,
em 1989, os países do Norte da Europa, ou seja, Finlândia, Islândia, Noruega e
Suécia criaram O Cisne (do inglês, The Swan). A Dinamarca aderiu a esse sistema
de certificação somente em 1998. Já em 1989, os Estados Unidos criaram o Selo
Verde (do inglês, Green Seal), o Japão, o Ecomark e, em 1992, foi criado o rótulo
ecológico Europeu Eco-Label (TORGAL; JALALI, 2010).
De acordo com Flores (2011), no Brasil, o mercado da rotulagem teve início
após a Conferência do Rio (Eco92). Em 1994, foi criada uma associação sem
fins lucrativos, a Global Ecolabelling Network (GEN), considerada de tercei-
ra parte (Tipo I), cuja finalidade foi promover e desenvolver as certificações
de produtos/serviços bem como a troca de informações e a cooperação entre
organizações. Essa associação é mundialmente reconhecida e, no Brasil, é re-
presentada pela ABNT (FLORES, 2011).
O programa de rotulagem ambiental, todavia, foi desenvolvido somente em
1995, pela ABNT. O rótulo ecológico (selo verde) brasileiro é apresentado pela
logomarca de um beija-flor verde e branco sobre o globo terrestre azul, o rótulo
Colibri. É importante destacar que o rótulo ecológico brasileiro tem, como pa-
râmetro, as diretrizes do Global Ecolabelling Network (GEN). O foco do GEN
vai muito além da questão ambiental, visto que obedece, também, critérios de
adequação ao uso (qualidade) e a aspectos sociais.

151
Em seguida, apresentaremos outros exemplos de selos/certificações existentes
UNIDADE 5

no âmbito nacional e internacional. Frisamos que, para cada tipo de programa


de rotulagem ambiental, haverá, consequentemente, critérios diferentes, os quais
serão avaliados e verificados de maneira distinta. No entanto a verificação dos
atributos ainda será de primeira parte (o próprio fabricante atesta que está aten-
dendo aos requisitos do programa escolhido) ou de terceira parte (por entidades
independentes), baseada em critérios ambientais ou em normas determinadas.

Selo Carbon Free

O Selo Carbon Free atesta, de forma determinante, quais emissões de gases de


efeito estufa inventariadas de uma organização (utilizando a metodologia GHG
Protocol) deverão ser compensadas por meio do restauro florestal de determi-
nada mata. Esta metodologia estabelece orientação para projetos voluntários de
reflorestamento para compensação de emissões de gases de efeito estufa. Este
selo é considerado do Tipo III, pois apresenta a declaração com informações
quantificadas para uso, inclusive, na ACV do produto.
No Brasil, o Programa Carbon Free, o qual foi desenvolvido pela Iniciativa
Verde, apoia empresas que aderem a um dos dois projetos, a saber: compensação
ou neutralização do carbono. Assim, oferece um ID (número de identificação) para
elas, ao final da execução, da manutenção, do monitoramento e do registro do res-
tauro florestal. Além disso, a organização pode monitorar o projeto via Internet
bem como é possível divulgar e comunicar as suas ações para toda a sociedade.
As organizações que aderem a esse programa recebem um selo que demons-
tra a quantidade de árvores que foram plantadas e a quantidade de gases do efeito
estufa que foram neutralizadas por meio do plantio realizado. É muito comum
que as organizações utilizem esta informação em sua rotulagem para demons-
trarem uma boa imagem perante aos seus stakeholders.

pensando juntos

Algumas organizações, infelizmente, plantam uma única árvore para ter esse selo. Será
que essas organizações se preocupam, realmente, com o meio ambiente? O que elas, de
fato, querem transmitir para seus clientes?

152
Certificação FSC – Forest Stewardship Council

UNICESUMAR
É muito comum ver o selo FSC quando há a aquisição de produtos de papelaria,
embalagens e móveis. Ele é o selo representativo das empresas que são certificadas
por meio do FSC ou do Conselho de Manejo Florestal. Trata-se de uma insti-
tuição certificadora internacional nascida na década de 90, a qual possui, como
objeto certificador, a prática sustentável e o manejo responsável dos produtos
florestais. Portanto, trata-se de um selo do Tipo I, pois a licença é concedida
por terceira parte (órgão independente) para uso do rótulo (normalmente, uma
logo) e, para obter esse selo, a organização precisa mostrar que o seu produto é
ecologicamente correto.
Assim como asseveram os autores Torgal e Jalali (2010), esse rótulo é utiliza-
do para madeira certificada. Dessa forma, essa certificação foi criada como uma
forma de diferenciar os produtos que tivessem, como matéria-prima, a madeira
que viesse de uma floresta remanejada, em decorrência do próprio anseio da so-
ciedade. Atualmente, há dois sistemas de certificação válidos internacionalmente:
o Programme for de Endorsement of Forest Certification Schemes (PEFC) e o
Forest Stewardship Council (FSC). O primeiro certifica as florestas nacionais por
meio de um esquema multiparticipativo e adaptado às realidades locais, enquanto
o segundo, o qual é mais conhecido, envolve um sistema baseado em princípios
e critérios (multicritérios). Ao todo, são dez princípios e 70 critérios aprovados,
os quais são considerados os mais importantes, em nosso contexto, por esses
membros internacionais (PUGLIESI; MORAES, 2014).
Outra propriedade interessante dessa certificação é a sua flexibilidade em
termos de oportunidades de certificação para empresas de menor porte, as quais
são formadas por agricultores e extrativistas. Nestes últimos casos, a certificação
pode ser solicitada por associações e cooperativas de produtores, de forma que os
custos com a auditagem e a certificação podem ser rateados entre os membros.

153
Selos do Conselho Nacional de Defesa Ambiental
UNIDADE 5

(CNDA)

Os selos do CNDA são


classificados em Tipos I e II,
respectivamente. De acordo
com Leite (2017), o CNDA é
um selo ambiental regulamen-
tado pela ABNT e pelas ISO
14021, 14024, 1425 e 14040.
Figura 2 – Selos CNDA / Fonte: CNDA ([2019], on-line)³.

A responsável pela sua criação, ou seja, o Conselho Nacional de Defesa Ambiental


(CNDA), é uma organização sem fins lucrativos e, desde a década de 60, vem aten-
dendo ao interesse público e busca soluções para os problemas socioambientais.
Essa organização, considerada uma OSCIP, sobrevive de parcerias com governo e
iniciativas privadas a fim de capacitar parceiros e organizações, para que consigam
certificar seus produtos e serviços, além de desenvolverem diversos projetos ligados
à área socioambiental. Os dois selos dessa OSCIP em destaque são, respectivamente:

Selo verde

O selo verde, também conhecido como green label ou green seal, é uma ecoeti-
queta apoiada pela sociedade civil e que busca demonstrar, por meio de laudos
técnicos, por exemplo, que a organização tem qualidade em suas atividades de
produção ou serviço e em outras áreas ecológicas e/ou socioambientais. Esse selo
demonstra que a organização que o obtém se preocupa com o planeta, buscando
não prejudicá-lo em todos os seus aspectos.

Empresa Amiga do Meio Ambiente

As ecoetiquetas são consideradas de caráter institucional, ou seja, são voltadas


para a organização que busca participar de campanhas socioambientais, por
exemplo. Neste sentido, a CNDA premia a instituição que busca atuar enquanto
amiga do meio ambiente, seguindo os mesmos padrões do selo verde, mas trazen-
do benefícios para terceiros. A diferença está nos requisitos exigíveis para receber
o selo. Ainda, vale destacar que o CNDA pode conferir certificações auditadas
154
em diferentes programas institucionais (certificação de empresa ecoeficiente em

UNICESUMAR
energia elétrica, combustíveis e uso de água).

Certificações de produtos orgânicos

A certificação de produtos orgânicos tem ganhado destaque nos dias atuais pelo
fato de tratar de um tema basilar para a sobrevivência do ser humano: a alimenta-
ção. Ainda, é necessário destacar que considera os malefícios dos produtos feitos
em modelos convencionais de produção.
Nós estamos contribuindo para o desenvolvimento sustentável ao consumir produtos
orgânicos, os quais se apresentam sob a forma de um selo (afixado ou impresso) no rótulo
ou na embalagem do produto. Para que um produtor orgânico obtenha a certificação,
primeiramente, deve fazer parte do Cadastro Nacional de Produtores Orgânicos (CNPO).
As três principais certificadoras de produtos orgânicos, no Brasil, são a ECO-
CERT Brasil, o Instituto Biodinâmico e o Instituto Tecnológico do Paraná – TE-
CPAR. Isto se deve ao fato de que apresentam uma característica relevante em re-
lação às demais certificadoras: tratam-se de certificados aceitos internacionalmente,
em especial para as duas primeiras instituições, e são classificados em selo Tipo I.
Essa aceitação se deve pela acreditação dos certificados. Em outras palavras,
os certificados emitidos por essas instituições são avalizados por instituições in-
ternacionais, a exemplo da Federação Internacional de Movimentos de Agricul-
tura Orgânica (IFOAM), do Deutsche Akkreditierungsrat (DAR), órgão com alta
competência de credenciamento de certificadoras da Alemanha e União Europeia,
e do United States Department of Agriculture (USDA), que garante, aos produtos
certificados, acesso ao mercado norte-americano, e da Demeter International, a
qual garante a certificação de produtos biodinâmicos com a marca Demeter.
Há, ainda, muitas outras marcas presentes no mercado nacional e interna-
cional, além das mais conhecidas. Neste sentido, é preciso obter mais informa-
ções sobre a criação de cada uma delas e as suas finalidades específicas. Cada
instituição possui as suas próprias metodologias de certificação e auditagem,
mas se tratam de metodologias convergentes no que tange à desintoxicação do
solo, a não utilização de adubos químicos e agrotóxicos, ao atendimento das
normas ambientais, em especial às áreas de preservação permanente, ao respeito
às normas sociais e trabalhistas, ao bem-estar animal e ao desenvolvimento de
projetos de responsabilidade socioambiental.
155
Certificação para construções sustentáveis
UNIDADE 5

Com a Conferência das Nações Unidas sobre o Meio Ambiente e o Desenvol-


vimento, a ECO 92 ou a Rio 92, diversos temas e documentos sobre o desenvol-
vimento sustentável foram gerados, inclusive, criando algumas e revisando as
existentes certificações ambientais, assim como os selos que atestam se a cons-
trução/o empreendimento segue os preceitos da sustentabilidade.
Tanto o LEED quanto o AQUA seguem os requisitos da norma da Rotulagem
Tipo II, mas com fornecedores que declaram ou utilizam a Rotulagem do Tipo
III. A seguir, apresentaremos alguns fornecedores mais conhecidos.

Liderança em Energia e Design Ambiental (LEED)

O LEED, sigla em inglês para Leadership in Energy and Environmental Design,


que, em português, significa Liderança em Energia e Design Ambiental, visa a
pontuar as organizações que buscam a obtenção de certificados em edifícios, no
quesito ambiental de design, construção e manutenção. Essas certificações são
alcançadas quando a organização obtém créditos. A pontuação dos créditos se dá
nos devidos quesitos: 40 a 49, para obter a certificação LEED; 50 a 59 para obter
a certificação na categoria LEED-Prata; 60 a 79 para obter a certificação LEED-
-Ouro; e, a partir de 80 créditos, a organização recebe a certificação LEED-Platina.
De acordo com Malin et al. (2012 apud CAIADO, 2014), a versão 4 do LEED
busca favorecer os fabricantes que declaram informações sobre seus produtos pau-
tados no ACV. Assim, os novos requisitos do sistema pontuam os projetos com
156
produtos, o que exige que fabricantes apresentem o relatório com base na NBR

UNICESUMAR
ISO 14044 ou uma Declaração Ambiental do Produto baseada na NBR ISO 14025.
Por ser um sistema de certificação documentado online, também permite o
crescimento e a adoção internacional do LEED, criando, realmente, um padrão
mundial para construções sustentáveis. Contudo sua limitação está no processo
de auditagem, o qual é feito, basicamente, por declaração comprobatória, por
meio de documentos (em inglês) e materiais visuais (fotos e vídeos), que são
tramitados online. Além do LEED, existem outros selos de sustentabilidade uti-
lizados para quem quer obter reconhecimento na área da construção civil.

Certificação para construção sustentável: AQUA

É uma certificação ambiental internacional que utiliza o Sistema de Gestão


de Empreendimento (SGE) e as diretrizes da Qualidade Ambiental de Edifí-
cio (QAE), atestando que uma construção atende a uma normativa e a critérios
estabelecidos de segurança ambiental. Trata-se de uma certificação de origem
francesa, que envolve algumas categorias de preocupação ambiental e três etapas:
pré-projeto (distribuídas em 14 categorias: base, boas práticas e melhores práti-
cas), projeto e execução, a fim de garantir a sustentabilidade ambiental.
Na etapa de pré-projeto, é realizada a análise do local, seguida das 14 cate-
gorias hierarquizadas, envolvendo, ainda, a justificativa, o planejamento SGE e
a proposta/avaliação da QAE. Já na etapa do projeto, deve-se buscar as soluções
por meio da realização do gerenciamento do empreendimento segundo a SGE e
a avaliação da QAE. Por fim, parte-se para a execução da obra, seguindo a SGE, os
registros dos impactos, a capacitação dos principais envolvidos e a gestão da obra.
157
No Brasil, desde 2012, a Fundação Vanzolini é a responsável pela certificação do
UNIDADE 5

sistema Alta Qualidade Ambiental (AQUA), o qual é voltado para as edificações sus-
tentáveis. Ela também criou um selo ambiental denominado RGMAT, com o objetivo
de avaliar o desempenho ambiental dos materiais de construção por meio da declara-
ção ambiental de produto, a qual é baseada na avaliação do ciclo de vida do material.
A ACV envolve diversos aspectos, tais como: consumo e emissões (como o
consumo da água e a emissão de resíduos na natureza), a produção, a extração, o
transporte, entre outros. No entanto, diferentemente dos demais selos ambientais
apresentados, o RGMAT é uma Declaração Ambiental do Tipo III (CAIADO, 2014).

Selo Procel Edifica – Eficiência energética em edificações

Assim como o próprio nome já diz, esse selo visa à eficiência energética em edifi-
cações, ou seja, busca o uso racional da energia elétrica nestes locais. Não só, mas
também se empenha em orientar o consumidor na hora da compra do imóvel
ou da construção, ao saber o quanto ele pode contribuir para o meio ambiente e
o quanto ele reduzirá em custos com energia elétrica.
Assim, obter o selo Procel Edifica distinguirá uma edificação de outra no
momento da escolha para o consumidor consciente. Além disso, a economia que
o cliente tem, com uma edificação premiada com esse selo, supera mais de 30%
de redução de energia em sua vida útil.
É importante salientar que existe uma infinidade de selos e certificações. Até
aqui, apresentamos apenas alguns mais conhecidos e utilizados no âmbito nacio-
nal e internacional. Entretanto, as certificações apresentadas já foram suficientes
para destacar os seus aspectos principais, a saber: a necessidade de um processo
metodológico definido; a acreditação das certificadoras para validação em mer-
cados nacionais e internacionais; a essencialidade do processo (nem sempre as
certificações de responsabilidade social fazem jus ao meio ambiente); a grande
presença de ONGs e OSCIPs nos processos de certificação; a diferenciação entre
certificação e selo; e o ônus e a relação custo/benefício da certificação (trata-se
de um processo oneroso, mas com um custo benefício atrativo em longo prazo).
Para cada segmento de mercado, os gestores podem escolher um ou mais
selos, sem, entretanto, deixar de considerar que a sua obtenção envolve diversos
aspectos extras, os quais discorremos a seguir.

158
ASPECTOS

UNICESUMAR
EXTRAS DAS
certificações ambientais

Embora tenhamos suscitado toda a importância do processo e da apresenta-


ção das certificações ambientais, devemos apontar, ainda, de acordo com Costa
(2018), os seguintes aspectos extras em relação às certificações ambientais:
a) Existem muitos selos e certificadoras, o que abre espaço para a adoção de
selos sem valor ou de certificações que não oferecem a desejada entrada
em mercados mais especializados.
b) Selos locais devem ser apenas voltados aos mercados locais, devido à sua
falta de acreditação (ou seja, não existem órgãos “de peso” avaliando tal
iniciativa em nível regional e nacional).
c) O processo de certificação é, certamente, caro, pois exige uma sequência
de procedimentos e investimentos. Para ter uma ideia, existem casos de
certificação de produtos orgânicos que demoram cerca de cinco anos,
considerando todo o processo de conversão. Nesses cinco anos, são gastos
cerca de R$ 30.000,00 somente com o processo de auditagem (e isso varia
de acordo com a certificadora).
d) Pelo grande número de selos e certificações, é comum haver a confusão
entre aqueles voltados ao ambiental e a outros temas apenas relaciona-
dos. Os selos de responsabilidade social, por exemplo, não estabelecem,
necessariamente, uma relação com as questões ambientais.
159
e) Também deve-se destacar a grande ação de oportunistas nesse mercado
UNIDADE 5

de certificações. É necessário que os empresários que desejam investir


nesta questão o façam em conjunto com empresas especializadas e com
auditores realmente capacitados para tal fim. O investimento será maior,
contudo, as preocupações serão menores.
f) O processo de certificação é longo e sistêmico: não adianta impor vertical-
mente um sistema de gestão ambiental na empresa apenas para facilitar a
obtenção das certificações. Todas as certificações ambientais exigem o que
chamamos de tempo de assimilação, por parte de todos os colaboradores
da empresa e de todos os participantes da cadeia produtiva (fornecedo-
res). No geral, para que essa assimilação ocorra e para a observação de
mudanças sistêmicas nas empresas, há a demora de, no mínimo, um ano
e meio (tempo variável de acordo com o porte da empresa).

Mesmo com a explanação desses aspectos, muitas vezes, eles são classificados
enquanto dificuldades no processo. Vale salientar que os benefícios ambientais e
comerciais os suplantam, afinal, o investimento em sustentabilidade transpassa
as questões econômicas, uma vez que, acima de tudo, estabelecem uma chave
primordial para a sobrevivência da sociedade global.
Leite (2017, p. 21) se baseia na ABNT, ao sustentar que:

““
A Rotulagem Ambiental é um importante mecanismo de implementa-
ção de políticas ambientais dirigido aos consumidores, auxiliando-os
na escolha de produtos menos agressivos ao meio ambiente. É também
um instrumento de marketing para as organizações que investem nes-
ta área e querem oferecer produtos diferenciados no mercado.

Nesse sentido, é preciso levar em consideração algumas questões estratégicas


em relação às questões ambientais desenvolvidas para cada segmento-alvo bem
como os serviços e produtos que serão ofertados aos consumidores no momento
de investir nas rotulagens e certificações enquanto forma de garantir a qualidade
e sustentabilidade ambientais. Assim:

160
““
Uma estratégia de grande poder para o desenvolvimento do merca-

UNICESUMAR
do verde é buscar a conexão entre as variáveis do composto de mar-
keting, formadas pelo produto, preço, praça e promoção (KOTLER,
1998 apud EIDT; CARDOSO; ROMAN, 2017, p. 206).

Para Kotler (1998 apud EIDT; CARDOSO; ROMAN, 2017), o marketing ver-
de, também chamado marketing ecológico ou marketing ambiental, teve início
no momento em que as organizações e empresas perceberam que precisavam
atender às preocupações ambientais tanto dos consumidores quanto das partes
interessadas (produzindo ecologicamente, com produtos mais corretos, seguros,
éticos, com embalagens recicláveis e biodegradáveis, entre outras a que são atri-
buídas o desempenho organizacional).
Dias (2017) incorpora o conceito do composto de marketing desenvolvido
por Kotler, definindo-o como marketing mix ecológico. Este envolve quatro ques-
tões importantes a serem observadas:
1. Produto verde: o conceito envolve, no processo de fabricação, os atribu-
tos específicos e ecológicos do produto. Neste sentido, as decisões tomadas
pelos gestores devem ser direcionadas para projetar a melhoria do bem
ou serviço, de forma que haja redução (água, luz, resíduos da produção
etc.) de recursos, sem comprometer a qualidade almejada pelos clientes.
Portanto, as questões que envolvem os produtos verdes devem ser anali-
sadas por ferramentas da qualidade ambiental, como as normas da série
ISO 9000 e da ISO 14000 e, especificamente, as de rotulagem ambiental,
as quais foram apresentadas nos tópicos anteriores.
2. Preço ecológico: envolve o preço do valor atribuído ao produto pelo
valor ecológico que ele apresenta bem como o seu custo de fabricação.
Neste momento, o consumidor deve ter clareza do custo-benefício dos
produtos ecológicos.
3. Distribuição do produto ecológico: relaciona produção e consumo
ao envolver questões, tais como: escolha do canal de distribuição; pontos
de venda; logística, etc. Em cada atividade, devem ser relacionados os
aspectos ambientais, como a minimização de recursos e a promoção de
um sistema eficiente de distribuição em toda a cadeia produtiva. Neste
caso, relatamos a logística reversa: ela faz o gerenciamento do retorno de
produtos e embalagens para a origem.

161
4. Comunicação do produto ecológico: o objetivo, assim como o nome já
UNIDADE 5

diz, é informar os atributos do produto (específicos ao produto e ecológi-


co), objetivando a melhoria da imagem organizacional. É na comunicação
apresentada aos consumidores que se agrega valor ao produto, se realiza a
sensibilização ambiental, se demonstra a relação de custo e benefício do
produto ambientalmente correto bem como outros aspectos importantes
demandados pelo consumidor. Em outras palavras, o consumidor deve
ter acesso às informações na decisão de compra.

Outra questão que não pode ser desconsiderada na comunicação com as partes
interessadas é a falta de transparência ou o uso de práticas enganosas na comu-
nicação. Isto se dá, principalmente, nas rotulagens do Tipo II, as quais possuem
informações normatizadas pela ISO 14021, o que permite que a empresa di-
vulgue, na mídia, seus benefícios ambientais próprios e métodos específicos de
avaliação/verificação (LEITE, 2017).
De acordo com Lemos (2012 apud LEITE, 2017, p. 30), a norma apresenta
vários termos, tais como compostável e projetado para desmonte, os quais podem
ser usados quando são relevantes ao produto. Entretanto, todos deveriam seguir
o objetivo dessa norma, a saber:

a) Comunicar informações precisas: isto reforça a necessidade de


cálculos e ensaios com metodologia reconhecida.

b) Comunicar informações verificáveis: a apresentação da meto-


dologia de ensaio, laudo ou certificado de terceira parte faz-se ne-
cessária.

162
c) Comunicar informações não enganosas: em 07 de junho de 2011

UNICESUMAR
o Conar – Conselho Nacional de Autorregulamentação Publicitária
– cria normas éticas para apelos de sustentabilidade na publicidade
(CONAR, 2012). Apesar disto, conceitos sobre o assunto ainda não
estão claros para todas as partes envolvidas e a cobrança do merca-
do pela comprovação da informação é incipiente. Confirmando a
necessidade desta regulamentação, a norma define que não devem
ser utilizadas frases vagas, como: “ambientalmente seguro”, “amigo
do meio ambiente”, “amigo da Terra”, “não poluente”, “verde”, “amigo
da natureza”, “amigo da camada de ozônio”, dentre outros (LEMOS,
2012 apud LEITE, 2017, p. 30).

Para as informações enganosas, salientamos que algumas organizações podem


apresentar, no rótulo de seus produtos ou em outros locais de publicidade,
informações que não condizem com o praticado pela organização. Assim, a
instituição teve a intenção de projetar a ideia de que o produto tem alto valor
agregado ou, ainda, deseja esconder os riscos atribuídos pelo produto, favore-
cendo só os aspectos que são ecológicos. Um exemplo é afirmar que um produto
é 100% natural, quando, na verdade, ele oferece risco ao consumidor, visto que
contém algum tipo de substância perigosa. A essa publicidade enganosa, cha-
mamos greenwashing, lavagem verde ou maquiagem verde (BARBIERI, 2016).
Produtos que demonstram algum tipo de apelo ambiental,
mas que, de fato, são considerados formas de greenwashing, são
apresentados como pecados presentes na rotulagem ambiental
e podem impactar negativamente a imagem organizacional.
Para saber mais desses pecados, assista ao vídeo a seguir:

163
CONSIDERAÇÕES FINAIS
UNIDADE 5

Prezado(a) aluno(a), nesta última unidade, analisamos, diante do contexto da


sustentabilidade, do estabelecimento de sociedades sustentáveis, do conheci-
mento acerca da qualidade ambiental e dos principais impactos causados pelo
ser humano, a questão das certificações ambientais.
Constatamos, a princípio, que essas certificações possuem sua importância no
que tange ao estabelecimento de parâmetros quantitativos claros relativos às metas
de diminuição de impactos ambientais, além, logicamente, de estabelecerem uma
vantagem competitiva, em termos comerciais, para as empresas que as adotam.
Depois de serem realizadas tais discussões iniciais, demonstramos as prin-
cipais certificações ambientais no Brasil. Algumas são mais comuns e outras,
certamente, você nunca ouviu falar. Assim como já foi mencionado, não existe
a pretensão de esgotar o assunto, tampouco todas as certificações ambientais
existentes, afinal, precisaríamos de um espaço bem maior para isso.
Por fim, é plausível afirmar que a certificação ambiental é um dos mecanismos
que podem garantir a manutenção da qualidade ambiental, considerando a ação
de empresas responsáveis socioambientalmente. Além disso, esses dois temas –
certificação e qualidade ambiental – são condições extremamente necessárias
para o estabelecimento da sustentabilidade e das sociedades sustentáveis. Notou
que voltamos ao aspecto inicial desta obra e, finalmente, fechamos o elo do ciclo?
O caminho que você tem que percorrer para deixar a sua pegada no mundo só
começou e dependerá de você, de seus empenho e dedicação para que a mudança
realmente aconteça, pois ainda há muito que fazer para que caminharmos rumo
a uma sociedade sustentável. Tudo o que foi apresentado, até agora, demonstra
que já estamos caminhando para isso, mas ainda é muito pouco perante o que
esperamos que você faça enquanto gestor(a) ambiental.

164
na prática

1. As classificações propostas pela ISO para rotulagem ambiental são voluntárias e


cada uma apresenta características diferentes para cada tipo de programa adotado.
Assim, existem três tipos de rotulagens ambientais: Tipo I, Tipo II e Tipo III. Consi-
derando essas características, associe as informações da rotulagem ambiental aos
seus respectivos tipos:

( 1 ) Tipo 1
( 2 ) Tipo 2
( 3 ) Tipo 3

( ) Declaração na forma de texto e /ou logo.


( ) Para obter este selo, a organização precisa demonstrar que o seu produto é
ecologicamente correto.
( ) Apresenta informações quantitativas e serve mais para informar o cliente a fim
de que ele possa comparar com outros produtos.

A sequência correta é:

a) 2, 1, 3.
b) 1, 2, 3.
c) 3, 2, 1.
d) 1, 3, 2.
e) 2, 3, 1.

2. Os rótulos ambientais, de maneira sintética, visam a informar ao consumidor os


aspectos ambientais dos produtos, evidenciando que eles atendem aos padrões
requeridos. Contudo essa ferramenta não serve apenas para a proteção ao meio
ambiente, visto que:

I - Estimula a inovação ambiental.


II - Desenvolve consciência ambiental.
III - Encoraja o consumo de produtos sustentáveis.
IV - Influência o comportamento dos fornecedores.

165
na prática

É correto o que se afirma em:

a) I, somente.
b) I e II, somente.
c) I, II e III, somente.
d) II, III e IV, somente.
e) I, II, III e IV.

3. O mercado de rotulagem existe desde o final da década de 80 e preza pelos critérios


ambientais. Contudo o selo brasileiro de rotulagem ambiental do Tipo I, reconhecido
pela ABNT, surgiu apenas em 1995. Esse selo é o:

a) Cisne.
b) Colibri.
c) EcoLogo.
d) Ecomark.
e) Blaue Engel.

4. Existem alguns termos que são muito utilizados pelas organizações na rotulagem
de seus produtos ou em outra forma de comunicação e publicidade. São exemplos:

I - Greenwashing.
II - Lavagem verde.
III - Maquiagem verde.
IV - Informação verificável.

É correto o que se afirma em:

a) I, apenas.
b) I e II, apenas.
c) II e III, apenas.
d) III e IV, apenas.

166
na prática

e) I, II e III, apenas.

5. Selos podem ser criados e concedidos por empresas, instituições, associações de


classe, laboratórios, organizações governamentais ou não, os quais descrevem
regras ou padrões que são avaliados constantemente, visando a um objetivo es-
tabelecido. A esse respeito, relacione os tipos de selos/certificações com as suas
respectivas características:

Coluna A

( 1 ) Selo Carbon Free


( 2 ) Certificação Forest Stewardship Council (FSC)
( 3 ) LEED, AQUA, Procel Edifica
( 4 ) Selo Amigo do Meio Ambiente
( 5 ) Ecocert, IBD e TECPAR

Coluna B

( ) Utiliza a metodologia GHG Protocol para mensurar GEEs.


( ) Está relacionado com o manejo sustentável e responsável de produtos florestais.
( ) O segmento da construção busca cada vez mais este tipo de certificação.
( ) É uma ecoetiqueta voltada para a organização que apoia ações ambientais.
( ) Selos reconhecidos como certificados orgânicos.

A sequência correta é:

a) 1, 2, 3, 4, 5.
b) 2, 3, 4, 1, 5.
c) 3, 1, 2, 4, 5.
d) 4, 2, 1, 5, 3.
e) 4, 1, 2, 3, 5.

167
aprimore-se

Até a rotulagem ambiental com certificação tem sido utilizada de modo indiscriminado
e, ao invés de auxiliar o consumidor, pode acabar por desorientá-lo, na busca de uma
escolha consciente. Basicamente, são dois os tipos de “poluição” de rótulos verdes cer-
tificados: o logojungle e o greenwashing, os quais serão objeto de estudo a seguir.
O logojungle (selva dos logotipos) se caracteriza quando os empresários utilizam in-
discriminadamente os rótulos, por meio da comparação, por exemplo, de selos priva-
dos ainda insipientes com selos públicos tradicionais e respeitados, o que confunde o
consumidor. Não só, mas quando há uma grande quantidade de rótulos disponíveis no
mercado e o consumidor acaba por não compreender qual é a diferença entre eles, não
se sentindo confortável em escolher em qual confiar e comprar (LEITÃO, 2011, p. 109).
Nesse sentido, Leitão (2011, p. 110) expõe que:

““
A multiplicidade de rótulos é fonte de embaraço, desnorteadora da-
quilo que se deseja transmitir, fazendo com que os consumidores se
sintam rodeados por informação em excesso, a qual não são capa-
zes de ler, compreender e assimilar. A razão do fenômeno decorre
do sucesso dos programas oficiais de rotulagem ecológica sobre as
vendas dos produtos que a ostentam, porque esse sucesso desenca-
deia uma tentação nos fornecedores de reproduzir, ilimitadamente,
rótulos ecológicos das mais variadas espécies. Essa ação é facilitada,
ainda, pela ausência de um sistema harmonizado e completo de nor-
mas tratando do tema.

O logojungle acontece, dessa feita, justamente pelo excesso de informações dispo-


níveis no mercado, as quais, ao invés de auxiliarem o consumidor, acabam por dei-
xá-lo confuso ou desconfiado se o produto segue, ou não, um padrão de gestão
ambiental eficiente. Em outras palavras, não se sabe se o item obedece aos ditames
de sustentabilidade (COELHO, 2014, p. 55).
Já o greenwashing (lavagem verde) ou “maquiagem verde” significa atribuir qua-
lidades ambientais inverídicas nos produtos e/ou em seus rótulos, utilizando-se de
figuras ou linguagens que podem levar o consumidor a acreditar no aspecto am-
biental positivo do produto, mesmo com informação parcial ou totalmente falsa.

168
aprimore-se

De acordo com Karina Haidar Müller (2011):

““
O termo “greenwashing” foi inicialmente utilizado em 1986 pelo norte
americano Jay Westerveld. Ao observar as então novas práticas ho-
teleiras de encorajar o consumidor (hóspede, no caso) a reutilizar as
toalhas e lençóis (ao invés de trocá-los diariamente, como se costu-
mava fazer) sob o pretexto de que, com tal atitude, o hóspede esta-
ria ajudando a “salvar o meio ambiente”, Westerveld observou que
tais práticas nada mais eram do que uma manobra para aumentar os
lucros, pois, na realidade, a campanha de reutilização dos lençóis e
toalhas era isolada e não havia nenhuma outra política ou ação efeti-
vamente sustentável pelos hotéis (MÜLLER, 2011, on-line).

A “maquiagem verde” ocorre, também, quando se distorce a realidade fática, de


modo que até um fato tido como repudiável passa a ser entendido como admirável,
demonstrando uma “suposta mudança” de comportamento da empresa e/ou do
meio de produção.
Trata-se de uma atitude intencional e nitidamente desonesta, a fim de tentar atribuir
um falso status ecológico ao produto. Nos dizeres de Leitão (2011, p. 113), “é como pas-
sar sobre eles uma ‘tinta verde’, que ‘tinja’ a realidade e aparente ser mais ‘ecológico’”.
Basta apenas uma palavra, imagem, vídeo ou comercial para induzir o consumi-
dor a uma interpretação errada da realidade do produto. E foi o que ocorreu 70, no
processo em que a empresa Monsanto foi condenada.

Fonte: adaptado de Félix (2015).

169
eu recomendo!

livro

Edifício Ambiental
Autor: Joana Carla Soares Gonçalves e Klaus Bode
Editora: Oficina de Textos
Sinopse: mais do que um livro de arquitetura: um novo conceito
em edificações. Esta obra convida o leitor a pensar criticamente
questões, tais como desempenho, qualidade e impacto ambien-
tal, as quais vão além do consumo de energia e devem ser anali-
sadas a partir da relação de um edifício com o seu entorno, transcendendo limi-
tes quantitativos de desempenho, o que atribui qualidade e autenticidade para a
arquitetura.

filme

Home - nosso planeta, nossa casa


Ano: 2014
Sinopse: após a Terra sofrer várias interferências humanas, todas
as riquezas do planeta correm risco. Agora, a solução se mostra
cada vez mais impossível de ser encontrada. O filme visa a sen-
sibilizar, a educar e a conscientizar as plateias de todo o mundo
sobre a fragilidade de nosso lar, ao demonstrar que tudo que é
vivo e belo em nosso planeta está interligado.

conecte-se

Conheça os três tipos de programas que usam a imagem Colibri: o Rótulo Ecológico da
ABNT, os Organismos de Verificação e Validação de Gases de Efeito Estufa e a Pegada de
Carbono (quantidade de gases de efeito estufa emitida ao longo do ciclo de vida do produto).
https://www.abntonline.com.br/sustentabilidade/.

170
conclusão geral

conclusão geral

Prezado(a) aluno(a), acreditamos que esta disciplina foi de fundamental impor-


tância para ampliar a sua atuação enquanto gestor(a) ambiental, na qual qualidade
e certificação ambiental são destaques.
Na Unidade 1, percebemos a grande dificuldade de estabelecer uma análise de
qualidade ambiental, devido, principalmente, à complexidade das variáveis a serem
averiguadas para estabelecer um verdadeiro processo de desenvolvimento sustentá-
vel e para obter a qualidade socioambiental. Assim, os índices nos auxiliam a enten-
der como a degradação, a poluição e as ações humanas impactam o meio ambiente.
Já na Unidade 2, você pôde perceber que existem diversas ferramentas de apoio
para a qualidade. As mais conhecidas são: 5W2H, histograma, 5S e 8S, diagrama
de causa e efeito, diagrama de Pareto, cartas de controle, PDCA, brainstorming,
checklist, Controle Estatístico de Processo (CEP), benchmarking, filosofia Kaizen,
Just In Time (JIT) e 6 Sigma, assim como as ISO das séries 9000 e 14000. Ao final
da unidade, você aprendeu quais são os principais requisitos da ISO 9001.
Na Unidade 3, trabalhamos a construção histórica da importância do meio
ambiente e a sua relação com o desenvolvimento sustentável e a qualidade. Tam-
bém foi apresentada, passo a passo, a implementação de um SGA para posterior
certificação. Ao término da unidade, demonstramos como ocorre a integração dos
requisitos viabilizadores do anexo SL, a qual evidenciou que a integração entre
sistemas ficou bem mais fácil depois que houve a atualização das duas normas.
Na Unidade 4, você compreendeu a importância e os tipos de auditoria am-
biental bem como a sua aplicação no Sistema de Gestão Ambiental (SGA). Assim,
constatamos que, após a implantação do SGA, a empresa, caso tenha o desejo de
certificar o seu sistema, solicitará a auditoria de certificação, a qual será realizada
pelo organismo certificador. Caso esteja tudo em conformidade, a instituição será
indicada para a certificação.
Por fim, na Unidade 5, apresentamos alguns exemplos de selos e certificações
ambientais mais conhecidos. Ao final da unidade, você percebeu como o marketing
verde organizacional e a sua ética no uso da rotulagem ambiental são importantes.

171
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2 Em: http://hdr.undp.org/en/2018-update. Acesso em: 03 out. 2019.

3 Em: https://www.prefeitura.sp.gov.br/cidade/secretarias/meio_ambiente/confema/index.
php?p=3299. Acesso em: 03 out. 2019.

4 Em: http://servicos.ibama.gov.br/ctf/manual/html/rqma.htm. Acesso em: 02 out. 2019.

5 Em: https://nacoesunidas.org/acao/meio-ambiente/. Acesso em: 08 out. 2019.

6 Em: http://a3p.eco.br/produto/rotulo-ecologico-abnt/. Acesso em: 14 out. 2019.

7 Em: https://www.abntonline.com.br/sustentabilidade/Rotulo/rotulo. Acesso em: 14 out.


2019.

8 Em: https://www.cnda.org.br/selos-e-certificacoes. Acesso em: 15 out. 2019.

176
gabarito

UNIDADE 1 nação, a análise de Qualidade Ambien-


tal também deve ser sistematizada para
1. Correta, somente, a alternativa III, pois um correto mapeamento das situações
esse índice busca medir a igualdade ou loco-regionais e para o desenvolvimen-
desigualdade dos países na distribuição to de políticas públicas que visem a so-
de renda da população, verificando a lução das problemáticas encontradas.
homogeneidade econômica e social de
A Afirmativa II é falsa, pois, no que tange
seu povo, levando em consideração os
ao nível nacional, o sistema de análise
componentes como a renda e a infraes-
de sustentabilidade e qualidade am-
trutura. Desta forma, o indicador, quanto
biental encontra-se hierarquizado, em
mais próximo de 0 melhor, pois corres-
que o trabalho de alimentação do sis-
ponde a uma completa desigualdade.
tema se dá do nível municipal ao nível
2. Todas as alternativas estão CORRETAS. federal, passando pelos Estados. Todos
os dados são sistematizados diante de
Afirmativa I está correta, nesse relatório
uma metodologia padronizada e, ao fi-
são apresentados dados relativos ao es-
nal do processo, fazem parte do que se
tágio atual dos dois Aterros Sanitários
chama “Relatório Nacional de Qualida-
da cidade que possuem projetos para
de do Meio Ambiente”.
exploração de biogás.
4. RQMA - Relatório de Qualidade do
Afirmativa II está correta, apresenta o
Meio Ambiente.
total de autuações em processos ad-
ministrativos, número de áreas degra- 5. IDH - Índice de Desenvolvimento Hu-
dadas já recuperadas, total de plantios mano
realizados por meio dos Termos de
Ajustamento de Conduta – TAC.
UNIDADE 2
Afirmativa III está correta, O DECONT
fiscaliza a instalação de cemitérios, de 1. Orientação e sugestão de resposta:
helipontos e heliportos, por exemplos,
Histograma: o gráfico apresenta dados
bem como o cumprimento de exigên-
em forma de colunas ou barras, compa-
cias estabelecidas aos empreendimen-
rando quantidades ou demonstrando
tos licenciados.
valores pontuais em um determinado
Afirmativa IV está correta, nesse relató- período.
rio é apresentado um Panorama do Uso
Carta de Controle: o gráfico apresenta
e Ocupação do Solo das Áreas Conta-
faixas de limites de controle (inferior e
minadas no Município de São Paulo.
superior) a uma linha média, verifican-
3. A afirmativa I é verdadeira e a II é falsa. do se um processo está sob controle, ou
A Afirmativa I é Verdadeira, em nível de não, a partir dos pontos dispostos (infor-
mações e dados) entre eles.

177
gabarito

2. Orientação e sugestão de resposta: valor do consumo da água, o qual pode


ser reduzido do custo maior atribuído
Qualquer exemplo similar poderá ser
ao produto.
considerado, desde que não fique dife-
rente das características apresentadas 3. Orientação e sugestão de resposta:
pelas ferramentas.
Falso - O histograma permite visualizar
Carta de Controle: esta ferramenta per- o número de vezes que a tampa se sol-
mite acompanhar o desempenho e tou, mas não relaciona a causa-raiz, pois
monitorar a estabilidade de um proces- permite somente conhecer o número
so a partir das suas variações apresen- de vezes que ocorreu tal ato.
tadas, evidenciando se ele está, ou não,
Falso - A ferramenta 5W2H é uma estra-
dentro dos limites de controle. É muito
tégia utilizada para gerar respostas que
utilizado para acompanhar padrões de
esclareçam um problema a ser resolvi-
comportamento de tendências em um
do ou organizar as ideias na resolução
determinado período de tempo. Exem-
de problemas.
plo: depende do tipo de gráfico, mas
pode ser utilizado para controlar o peso Falso - A lista (checklist) apresenta o
de aves a serem abatidas, verificação do que pode e deve ser controlado, mas
número de itens defeituosos em amos- não garante que o problema da abertu-
tras, fração ou número de defeitos por ra das tampas seja solucionado. É uma
unidade produzida, verificando taxas de ferramenta que auxilia outras na resolu-
conformidade etc. ção de problemas.

5W2H: seu uso gera respostas para as Falso - O gráfico apresenta uma linha
perguntas orientadoras, as quais escla- central e dois limites (superior e infe-
recem o problema a ser resolvido ou or- rior), apresentando apenas se o proces-
ganizam as ideias na resolução dos pro- so está fora do controle.
blemas. As perguntas orientadoras são: Verdadeiro - Esse método reúne dados
What: o que será feito? Why: por que fa- significativos, a fim de determinar uma
zer? Where: onde será feito? Who: quan- causa específica, avaliando e compa-
do será feito? Who: quem fará? How: rando com mais de um mecanismo de
como será feito? e How much: quanto análise para buscar diferenças entre eles.
custará? Exemplo: o quê? Reduzir o
consumo de água. Como? Fechando 4. Orientação e sugestão de resposta:
adequadamente a torneira. Quando? a) Carta de Controle: deverá apresentar
De 01 a 30 de cada mês. Quem fará? dados, cálculos e um gráfico.
Todos os que utilizam torneiras. Onde? b) Deverá apresentar um exemplo de
Na empresa inteira. Por que fazer? Por- gráfico de espinha de peixe.
que causa impacto no preço do produ- c) Deverá apresentar um exemplo que
to. Quanto custa? Redução de 10% no contemple o método 5W2H

178
gabarito

5. Orientação e sugestão de resposta: de riscos, como acidentes ambientais,


multas, ações judiciais etc.; dissemina-
As afirmativas I, II e III estão corretas em
ção da responsabilidade sobre o pro-
relação à implantação do SGQ, pois há
blema ambiental para toda a empresa,
redução de custos, defeitos e erros, bem
dentre outros.
como há um aumento da competitivi-
dade. No entanto, a afirmativa IV está 3. e.
incorreta, uma vez que o seu estabele-
4. a.
cimento reduz o risco de multas.
5. e.

UNIDADE 3
UNIDADE 4
1. O objetivo da ISO 14001 é prover às or-
ganizações uma estrutura para a pro- 1. C
teção do meio ambiente e possibilitar A afirmativa I está incorreta, pois a audi-
uma resposta às mudanças das condi- toria interna de uma organização pode
ções ambientais em equilíbrio com as avaliar mais de um sistema de gestão.
necessidades socioeconômicas. Especi-
fica, portanto, os requisitos que permi- A afirmativa II está incorreta, pois a úni-
tem que uma organização alcance os ca norma de auditoria de sistemas em
resultados pretendidos e definidos para vigor é a ISO 19011.
seu sistema de gestão ambiental. A afirmativa III está correta, pois a au-
2. O(a) aluno(a), com base no conteúdo do ditoria de conformidade avalia o aten-
livro didático e das aulas ao vivo, poderá dimento às exigências legais e outros
citar cinco dos seguintes benefícios de requisitos aplicáveis na auditoria am-
um SGA: melhorar a imagem junto aos biental.
clientes, órgãos ambientais, à comuni- A afirmativa IV está incorreta, pois a or-
dade e ONGs; aumento de competiti- ganização realiza a auditoria interna e
vidade tornando-a mais atraente para contrata uma terceira parte para reali-
o mercado; conservação dos recursos zar a auditoria externa.
naturais, devido a redução do uso des-
2. E.
ses, como água e energia; redução da
geração de resíduos sólidos e efluentes A afirmativa I está incorreta, pois o au-
líquidos e dos poluentes em geral; me- ditor líder ou líder da equipe realiza au-
lhoria nos procedimentos ambientais; ditoria interna.
melhoria nas relações com o público; li-
A afirmativa II está correta, pois tanto a
mitação à exposição a processos legais;
empresa pode formar quanto contratar
melhoria no desempenho ambiental;
auditores internos, porém a primeira
redução de desperdícios; prevenção
opção é a melhor para a empresa.

179
gabarito

A afirmativa III está correta, pois, para cação/registro de conformidade, ou por


implementar e manter um programa agências governamentais.
de auditoria, a organização deve incluir
5. A auditoria de pré-certificação, pré-au-
diversos fatores, tais como frequên-
ditoria ou auditoria inicial tem por obje-
cia, métodos e responsabilidades, por
tivo ajustar o sistema antes da auditoria
exemplo, além das mudanças e resulta-
de certificação e não é obrigatória. Já
dos anteriores.
a auditoria de certificação é obrigató-
A afirmativa III está correta, pois o clien- ria, sendo utilizada quando a empresa
te final da auditoria é a alta direção e, busca avaliar a conformidade do SGA
portanto, deve realizar a análise crítica para emitir a certificação ou recertifi-
no sistema de forma integral. cação. Esse tipo de auditoria pode ser
dividido em: a) Auditoria inicial ou de
3. O certificado ISO 14001 é válido por
adequação: trata-se de uma auditoria
três anos. Entretanto, as organizações
de primeira fase, pois visa verificar a es-
certificadas devem passar por audito-
trutura documental do SGA. Dentre os
rias de manutenção com periodicidade
documentos analisados, podemos in-
semestral ou anual. Nessas auditorias
cluir o manual do SGA (não obrigatório),
de manutenção, a empresa certificada
procedimentos etc., assim como os re-
deve disponibilizar evidências de que
gistros que evidenciam a conformidade
o SGA continua atendendo aos requi-
do sistema com os requisitos propostos
sitos da norma ISO 14001 e que as não
pela norma vigente.
conformidades encontradas foram tra-
tadas. Assim, após três anos, a empresa b) Auditoria principal, de conformidade
passa por uma recertificação para reno- ou de certificação: é uma auditoria de
vação do certificado por igual período. segunda fase, pois visa verificar a im-
plantação do SGA propriamente dita.
4. As auditorias internas ou de primeira
Dessa forma, os resultados da certifi-
parte são entendidas como autoava-
cação de adequação e conformidade
liações, sendo conduzidas pela ou em
identificam se o SGA da empresa pode
nome da própria organização. Podem
ser certificado ou não.
ser realizadas por uma equipe de au-
ditores internos da empresa, os quais c) Auditoria de monitoramento, acom-
são devidamente capacitados, ou por panhamento ou manutenção: é reali-
consultoria externa especializada. Já zada a cada 06 ou 12 meses, visando
as auditorias externas incluem aquelas, verificar, por amostragem, se a empresa
geralmente, chamadas auditorias de está realmente seguindo os requisitos
segunda e terceira partes. As auditorias determinados pela norma no seu dia a
de terceira parte são conduzidas por dia. Caso não esteja, pode ocasionar o
organizações de auditoria independen- cancelamento da certificação.
tes, como aquelas que fornecem certifi-

180
gabarito

d) Auditoria de recertificação: é feita a A afirmativa III está correta, visto que os


cada 03 anos, a fim de verificar todos os rótulos ambientais encorajam a produ-
requisitos do SGA, para manter a certifi- ção e o consumo de produtos que apre-
cação da empresa. O nível de exigência sentam características menos agressi-
dessa auditoria depende do histórico vas ao meio ambiente.
de desempenho do SGA da instituição
A afirmativa IV está correta, dado que
diante dos critérios do organismo cer-
os rótulos ambientais influenciam, tam-
tificador, ou seja, apresenta um maior
bém, no comportamento do fornece-
nível de exigência, pois busca a consoli-
dor e do fabricante.
dação do SGA no período avaliado.
3. É o colibri. Os demais são referentes a
outros países.
UNIDADE 5
4. As afirmativas I, II e III estão corretas. Já

1. Sequência correta: 2, 1, 3. a IV está incorreta, visto que as informa-


ções devem ser verificáveis. Além disso,
Tipo II: declaração, na forma de texto e/ não se aplicam as afirmativas I, II e III.
ou logo. Normalmente, baseia-se em
critério único (por exemplo, feito com 5. A, B, C, D e E.
50% de material reciclado), mas pode A: Selo Carbon Free: atesta que deter-
ser de múltiplos critérios ou autodecla- minada atividade teve as suas emissões
ração. de gases de efeito estufa inventariadas.

Tipo I: para obter esse selo, a organiza- B: Certificação Forest Stewardship Cou-
ção precisa comprovar que o seu pro- ncil (FSC): é o selo representativo das
duto é ecologicamente correto. empresas que são certificadas por meio

Tipo III: conjunto de dados ambientais do FSC.

quantitativos determinados por tercei- C: LEED, AQUA e Procel Edifica: o seg-


ra parte. Servem mais para informar o mento da construção busca cada vez
cliente, a fim de que ele possa compa- mais esse tipo de certificação.
rar com outros produtos.
D: Selo Amigo do Meio Ambiente: é um
2. I, II, III e IV estão corretas. dos selos do CNDA destinado para a

A afirmativa I está correta, pois os rótu- organização que apoia as questões so-

los ambientais promovem o estímulo à cioambientais.

inovação ambientalmente sustentável. E: Ecocert, IBD e TECPAR: apresentam

A afirmativa II está correta, porque os características relevantes em relação às

rótulos ambientais promovem o desen- demais certificadoras.

volvimento da consciência ambiental


dos consumidores

181
anotações



































anotações



































anotações




































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