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QUALIDADE
PROFESSORAS
Dra. Graciela Lucca Braccini
Esp. Leiluana Roque Oliva
Me. Mirian Aparecida Micarelli Struett
ACESSE AQUI
O SEU LIVRO
NA VERSÃO
DIGITAL!
EXPEDIENTE
DIREÇÃO UNICESUMAR
Reitor Wilson de Matos Silva Vice-Reitor Wilson de Matos Silva Filho Pró-Reitor de Administração
Wilson de Matos Silva Filho Pró-Reitor Executivo de EAD William Victor Kendrick de Matos Silva
Pró-Reitor de Ensino de EAD Janes Fidélis Tomelin Presidente da Mantenedora Cláudio Ferdinandi
FICHA CATALOGRÁFICA
Coordenador(a) de Conteúdo
Silvio Silvestre Barczsz
Projeto Gráfico e Capa C397 CENTRO UNIVERSITÁRIO DE MARINGÁ.
Núcleo de Educação a Distância. BRACCINI, Graciela Lucca;
Arthur Cantareli, Jhonny Coelho
OLIVA, Leiluana Roque; STRUETT, Mirian Aparecida Micarelli.
e Thayla Guimarães
Gestão da Qualidade.
Editoração
Graciela Lucca Braccini; Leiluana Roque Oliva; Mirian Aparecida
Lucas Pinna Silveira Lima Micarelli Struett.
Design Educacional
Giovana Cardoso Maringá - PR.: UniCesumar, 2020.
Jociane Karise Bendett 280 p.
“Graduação - EaD”.
Revisão Textual
Eloisa Dias 1. Gestão 2. Qualidade 3. Agronegócio. EaD. I. Título.
Nagela Neves da Costa
Ilustração
Bruno Cesar Pardinho CDD - 22 658.5
CIP - NBR 12899 - AACR/2
Fotos Impresso por:
ISBN 978-65-5615-019-2
Shutterstock
qualidade, como, acima de tudo, gerar a con- são, que é promover a educação de qua-
versão integral das pessoas ao conhecimento. lidade nas diferentes áreas do conheci-
Reitor
Wilson de Matos Silva
TRAJETÓRIA PROFISSIONAL
http://lattes.cnpq.br/7276001040101122
http://lattes.cnpq.br/5621609703689721
http://lattes.cnpq.br/3388750064285917
A P R E S E N TA Ç Ã O DA DISCIPLINA
GESTÃO DA QUALIDADE
Prezado(a) estudante, é com muita satisfação que apresentamos este livro a você e, a partir
dos conceitos e das práticas, os cases a serem expostos nos cinco capítulos que o compõem,
compreenderão a fundamentação teórica da gestão da qualidade na área do Agronegócios.
Você conhecerá a importância da Gestão da Qualidade na cadeia de produção agroindus-
trial, desenvolvendo o conhecimento acerca das exigências regulamentares e do uso das
ferramentas, das normas e das certificações existentes na busca da garantia da qualidade
no processo produtivo em Agronegócio.
A justificativa encontrada para responder a esta pergunta é que a disciplina emergiu da im-
portância que os consumidores estão atribuindo à qualidade e à segurança alimentar. Isso faz
com que os países exijam, cada vez mais, mecanismos que garantam a qualidade no processo
produtivo em agronegócio. Um dos exemplos desta exigência é a rastreabilidade da carne
bovina, exigida pela União Europeia e outros países para atestar a procedência dos bovinos
em toda a cadeia de produção; e outro, são as certificações e o uso de normas de qualidade
que asseguram a qualidade ao qual está submetido determinado produto, por exemplo, o
orgânico. É evidente que, no decorrer do nosso aprendizado, nesta disciplina, outras formas
de busca pela qualidade serão apresentadas.
Diante deste contexto, faz-se necessário que você, aluno(a) do Agronegócio, adquira conhe-
cimento dos principais instrumentos e das ferramentas utilizados na gestão de qualidade
bem como as principais certificações disponíveis. Ademais, cabe, ainda, transmitirmos a você,
aluno(a), o conhecimento de casos reais de implantação de sistemas de qualidade no Agrone-
gócio. Tarefa que executaremos em todas as unidades deste livro. Você conhecerá, na prática,
o uso das ferramentas de gestão da qualidade bem como dos selos e das certificações mais
utilizados na área de agronegócios.
A P R E S E N TA Ç Ã O DA DISCIPLINA
Até chegarmos a este ponto, no entanto, um longo caminho deve ser percorrido. Devemos
conhecer este histórico, ao mesmo tempo, cientes de que a qualidade não é estanque. A qua-
lidade deve evoluir com o próprio progresso da sociedade, que tem preferências modificadas,
ao longo do tempo. Os gestores em agronegócios que souberem compreender esta evolução
e captarem essas preferências em todos os processos da cadeia serão mais bem-sucedidos.
Para que aumente nosso aprendizado acerca de conhecimentos específicos, que vão além
do que será abordado neste livro, sugiro que leia os livros e textos apontados como também
as leituras e referências sugeridas nos conteúdos e ao final de cada capítulo.
Lembre-se de acessar a todos os sites e vídeos indicados no livro e nos materiais extras
apresentados pelo professor da disciplina. Além disso, assista a todas as aulas e desenvolva
as atividades apresentadas para ampliar o seu conhecimento. Esperamos que você aproveite
da melhor maneira possível a leitura, mas, principalmente, que desperte o seu interesse em
aprofundar esse tema que figura como uma das exigências para a profissionalização dos
gestores em agronegócios.
ÍCONES
pensando juntos
explorando ideias
quadro-resumo
conceituando
Sabe aquela palavra ou aquele termo que você não conhece? Este ele-
mento ajudará você a conceituá-la(o) melhor da maneira mais simples.
conecte-se
PROGRAMÁTICO
UNIDADE 01
10 UNIDADE 02
60
EVOLUÇÃO DA CUSTOS DA
QUALIDADE QUALIDADE
UNIDADE 03
106 UNIDADE 04
166
PLANEJAMENTO NORMAS, SISTEMAS E
E GERÊNCIA DA CERTIFICADOS
QUALIDADE: DA QUALIDADE
O USO DAS
FERRAMENTAS DA
QUALIDADE
UNIDADE 05
218 FECHAMENTO
263
A BUSCA PELA CONCLUSÃO GERAL
QUALIDADE E
INOVAÇÃO NA
GESTÃO DA
QUALIDADE EM
AGRONEGÓCIOS
1
EVOLUÇÃO DA
QUALIDADE
PROFESSORAS
Dra. Graciela Lucca Braccini
Me. Mirian Aparecida Micarelli Struett
Esp. Leiluana Roque Oliva
PLANO DE ESTUDO
A seguir, apresentam-se as aulas que você estudará nesta unidade: • Qualidade no Agronegócio •
Conceitualizando Qualidade • Aspectos Históricos da Qualidade • Gestão Estratégica da Qualidade •
Sistemas de Gestão da Qualidade.
OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
• Aprender sobre o conceito de qualidade voltado para o Agronegócio • Conhecer a evolução do conceito
de qualidade total • Entender como se processa a qualidade, a partir da contextualização histórica em
organizações • Compreender o conceito de gestão da qualidade na área que abrange o Agronegócio •
Identificar a interação e interdependência dos sistemas de gestão da qualidade.
INTRODUÇÃO
AGRONEGÓCIO
UNICESUMAR
produção estão ligados pelos objetivos comuns em suprir o consumidor final de
produtos de origem agropecuária e agroflorestal (SILVA, 2007).
A qualidade como fator de competitividade deve ser trabalhada na cadeia
produtiva como um todo, envolvendo múltiplos conhecimentos para traduzir em
atributos ao produto (químicos, físicos e sensoriais) a fim de satisfazer o cliente.
explorando Ideias
13
De acordo com Toledo, Batalha e Amaral (2000), a agricultura não pode mais ser
UNIDADE 1
considerada de maneira indissociada dos demais agentes que são responsáveis pelas
atividades que garantem o processo industrial, desde a produção, passando pela
transformação e distribuição até que o produto finalizado chegue ao consumidor
final. Os autores caracterizam as atividades agrícolas como sendo parte de uma rede
bem extensa de agentes econômicos que vão desde os insumos até a transformação,
armazenagem e distribuição dos produtos agrícolas e seus derivados.
Dessa forma, o conceito de cadeia produtiva agroindustrial pode se con-
siderar como uma continuação de etapas de produção, desde a produção de
insumos até o produto finalizado. Então, a cadeia de produção agroindustrial
pode ser dividida em:
UNICESUMAR
QUALIDADE
Definir Qualidade é bem difícil, pois mesmo tentando, sempre haverá um enfo-
que diferenciado entre as pessoas, que observam somente alguns aspectos, dei-
xando de lado outros. Então, podemos dizer que, Qualidade depende do ponto
em que é observada (QUEIROZ, 1995).
Nos últimos anos, várias foram as abordagens conceituais empregadas para
definir qualidade. Os conceitos convergem para o ajuste do produto à demanda
que se pretende satisfazer. Outras definições podem ser enquadradas, mas é pos-
sível haver um conflito entre elas, dependendo da área considerada – marketing,
produção ou vendas, por exemplo, uma ou outra aplica-se melhor.
pensando juntos
A qualidade nunca se obtém por acaso; ela é sempre o resultado do esforço inteligente.
(John Ruskin)
É preciso deixar claro que qualidade não é algo identificável e observável, di-
retamente. O que é identificável e observável são as características das coisas
ou pessoas. Por exemplo: a qualidade de uma pessoa pode ser vista pelas suas
atitudes, como caráter e honestidade, e as características de um produto, por
exemplo, a alface pode ser descrita pela sua aparência, qualidade nutricional,
textura, higiene etc.
pensando juntos
16
Devemos nos atentar, também, para a questão subjetiva, uma vez que a aparência
UNICESUMAR
(estética) ou a beleza de um alimento, por exemplo, a alface, sobre a qual acabamos de
expor as características, são exemplos de características subjetivas. Subjetivismo este,
conforme aponta Toledo (2001), que contribui para a confusão na aplicação da pala-
vra qualidade. Desta forma, as dimensões podem ser tanto objetivas como subjetivas.
A seguir, as definições apresentadas pelos “gurus” da qualidade (TOLEDO,
2001):
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ADEQUAÇÃO AO USO
UNIDADE 1
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UNICESUMAR
c) Abordagem do valor associado ao produto: neste caso, o consumidor
compra o produto porque considera o seu valor em termos de utilidade,
preço, dificuldade de aquisição, elementos afetivos entre outros. Exemplo
na área de agronegócios: podemos nos remeter aos minilegumes e frutas
produzidos, atualmente, e utilizados em pratos sofisticados em restauran-
tes. Nessa abordagem, o produto deve apresentar qualidade, desde que a
um preço aceitável. A generalização da ideia (dos níveis de aceitação do
preço) de valor surge da visão transcendental do produto, uma aborda-
gem muito mais complexa.
20
Para atingir a sociedade, os gestores em Agronegócios devem começar com inves-
UNICESUMAR
timentos na comunidade mais próxima, seus funcionários, fornecedores e entorno.
21
UNIDADE 1
Em suma, fazer melhor, com menos custos e entregar ao cliente produtos que
correspondam ou superem suas expectativas. Outra questão muito importante
que norteia o conceito de qualidade: a premissa do relacionamento ético entre
todos os elementos envolvidos na cadeia de produção, sem esquecer o meio am-
biente e a sociedade.
Para Marshall Junior et al. (2010, p. 21), a qualidade é definida como:
“
[...] um conceito espontâneo e intrínseco a qualquer situação de
uso de algo tangível, a relacionamentos envolvidos na prestação de
um serviço ou a percepções associadas a produtos de natureza in-
telectual, artística, emocional e vivencial. Estamos frequentemente
avaliando e sendo avaliados no ato de gerarmos ou recebermos os
elementos que compõem a interação e os atos de consumo presentes
em nossa vida.
Já para Gianesi e Corrêa (1994, p. 81), o foco é a qualidade, tendo como desejo o
aperfeiçoamento, pois ele fez a seguinte afirmação:
“
[...] ainda que as expectativas dos clientes, em dado momento, se-
jam menos exigentes que suas reais necessidades, devido ao fato de
nenhum dos fornecedores do serviço ser capaz de atendê-los total-
mente, alguns fornecedores estarão procurando capacitar-se para
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tanto, possivelmente através de avanços tecnológicos, criando assim
UNICESUMAR
um diferencial competitivo. Ao longo do tempo, as expectativas dos
clientes irão modificar-se, tornando-se mais exigentes à medida que
mais e mais fornecedores estiverem capacitados a melhor atender
às suas necessidades.
23
3
ASPECTOS HISTÓRICOS
UNIDADE 1
DA QUALIDADE
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HISTÓRIA DA EVOLUÇÃO DA QUALIDADE
UNICESUMAR
Figura 4 - História da Evolução da Qualidade / Fonte: adaptada de Carvalho (2012).
Para Juran (1978), o homem primitivo, como toda a espécie, sempre esteve preo-
cupado com a qualidade. Teve de determinar, por exemplo, se o alimento era bom
para comer e se as armas que utilizava eram, suficientemente, boas para defendê-lo.
No início, o homem era apenas um “coletor” de alimentos, pois a natureza fazia toda
a manufatura ou o processamento. As primeiras etapas para a manufatura feita
pelo homem iniciaram com o crescimento do alimento, da produção animal, do
cozimento do alimento e da preparação de peles para sua vestimenta. No processo
de manufatura, praticamente, o ciclo inteiro era realizado pelo mesmo indivíduo.
Para Mello (2011), a preocupação com a qualidade não é recente. Nas socieda-
des agrícolas primitivas, da qualidade das sementes semeadas dependia a colheita
que levaria o pão à mesa dos aldeões. Podemos imaginar que, na Idade Média, os
artífices eram tão mais valorizados quanto mais apresentassem qualidade no seu
trabalho. Até mesmo em casa, crescemos vendo nossas mães preocupadas com
a qualidade dos alimentos que nos serviam. Somos os primeiros consumidores
que se tornam clientes dessa qualidade.
Na história, a busca pela qualidade iniciou antes de 2150 a.C., em que no
Código de Hamurabi, prescreviam-se recomendações a respeito da durabilidade
e funcionalidade das habitações produzidas na época. O construtor de uma obra
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que desabasse poderia ser punido com a morte. Os fenícios também penalizavam
UNIDADE 1
26
De acordo com Mello (2011), as máquinas a vapor trazidas pela Revolução
UNICESUMAR
Industrial, no século XVIII, propiciaram aumento considerável da capacidade
produtiva, uma vez que o trabalhador não acompanhava todo o processo pro-
dutivo, e sim parte dele, pois, pouco a pouco, se instalou a divisão de trabalho.
De acordo com Marshall Junior et al. (2010), no início do século XX, ocorreu
um diferencial na evolução da inspeção, atribuído a Frederick W. Taylor, criador
da “administração científica”, em que foi desmembrado o setor inspeção da pro-
dução por profissionais capacitados, o que colaborou para dar mais autenticidade
ao serviço de inspeção.
Os serviços de inspeção mudaram rapidamente e se transformaram em ativi-
dades independentes, associadas ao controle da qualidade. E, dessa forma, em 1922,
com a publicação de The Control of Quality in Manufactoring, pela primeira vez,
a qualidade foi vista como uma responsabilidade gerencial distinta e com função
independente. E assim, a qualidade na inspeção se tornou de grande valor para as
organizações. Como salienta Mello (2011), o foco está no produto final.
O controle da qualidade, efetuado pela inspeção 100% (inspeção de todo o
lote de produção), manteve-se permanente por um longo período, mesmo com
a determinação evidente de carência de mudança, pois era efetuada sem uma
metodologia e, em consequência disso, não alcançavam estágios confiáveis. Com
estudos realizados em laboratórios do Bell Telephone, foram efetuadas alterações,
buscando solução para os problemas que surgiram na produção, sendo de res-
ponsabilidade do setor de inspeção. Assim deu-se origem ao controle estatístico
da qualidade na produção (MARSHALL JUNIOR, 2010).
Considerando que a Revolução Industrial provocou expressivo aumento na
demanda de produtos, inviabilizou-se o controle por peça, uma a uma, como na
fase anterior. O controle passou a ser feito por lotes de produtos produzidos. O
grande responsável pela introdução das técnicas de amostragem foi Walter A.
Shewart (1891-1967), chamado, na área, de “pai do controle estatístico de qualida-
de”, e uma das suas contribuições foi o desenvolvimento do Controle Estatístico
de Qualidade (CEP), método que visa desenvolver estatísticas para controlar
um processo e também permite a interpretação dos dados sobre determinada
atividade. Assim, ao encontrar variações, essas podem ser corrigidas.
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UNIDADE 1
pensando juntos
UNICESUMAR
tar novos mercados e a mudar a
imagem dos produtos japoneses,
que, até então, não detinham fama
de produtos de qualidade (MAR-
SHALL JUNIOR et al., 2010).
A seguir, William E. Deming
e os 14 Pontos para o caminho da
Gestão da Qualidade Total, enfati-
zando que eles devem ser aperfei-
çoados, continuamente. São eles:
1. Manter a constância de pro-
pósitos e aperfeiçoamentos
do produto e do serviço, sen-
do eles competitivos e geran- Figura 6 - Willian Edwards Deming (1900-1993
do empregos. Fonte: Cae Treinamentos ([2020], on-line)1.
2. A filosofia deveria ser: assu-
mir desafios, conscientizar-se de suas responsabilidades e assumir liderança.
3. Eliminar a inspeção em massa e internalizar a qualidade.
4. Reduzir custos, manter um único fornecedor para cada item, com rela-
cionamentos duradouros, calcados na qualidade e confiança.
5. O aperfeiçoamento constante – planejamento, produção e serviço – a
produtividade e a redução de custos.
6. Oferecer treinamento in loco.
7. Priorizar e instituir liderança.
8. Suprimir o medo.
9. Trabalhar em equipe, quebrando os diferentes departamentos.
10. Excluir avisos, como chamadas de atenção e/ou conselhos, slogans e metas
dirigidas aos colaboradores.
11. Eliminar determinados tipos de padrões artificiais, como cotas numéricas
para o chão de fábrica.
12. Remover barreiras e incentivar o orgulho pelo trabalho realizado com
qualidade, com a abolição das avaliações de desempenho ou mérito.
13. Instaurar um projeto de educação e autoaperfeiçoamento para os colaboradores.
14. Fazer com que todas as pessoas da organização trabalhem na busca pela
transformação.
29
Joseph M. Juran foi o primeiro a
UNIDADE 1
UNICESUMAR
demais é a abrangência relacionada à
lucratividade e aos objetivos empre-
sariais básicos, sendo mais sensível
às necessidades da concorrência e do
consumidor, estando mais associada
ao processo de melhoria contínua.
Armand V. Feigenbaum foi, tam-
bém, um dos formuladores do con-
ceito TQC (Controle da Qualidade
Total). Para ele, qualidade é um ins-
trumento estratégico pelo qual todos
os trabalhadores são responsáveis.
É mais que uma técnica de redução
de custos, é uma filosofia de gestão
e compromisso com a excelência.
Figura 8 - Armand Vallin Feigenbaum (1922-2014)
As formas de desenvolver e atingir / Fonte: Cae Treinamentos ([2020], on-line)1.
o comprometimento depende de
fatores, como cultura, história, política, recursos e personalidade da empresa
(MARSHAL JUNIOR et al., 2010).
Feigenbaum destacou que qualidade nada mais é do que uma maneira de
gerir uma organização e, a sua ideologia central de abordagem sistemática, se
resume nas seguintes definições de qualidade total:
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Phillip B. Crosby (apud MAR-
UNIDADE 1
“
Tal como Deming, Crosby
prevê 14 passos para a me-
lhoria da qualidade, encara-
dos como um processo e ba-
seados na cultura filosófica Figura 9 - Phillip B. Crosby (1926-2001) / Fonte:
Cae Treinamentos ([2020], on-line)1.
delineada por quatro princí-
pios de gestão de qualidade:
conformidade aos requisitos, prevenção, execução do defeito zero,
medida da qualidade é o preço da não conformidade. Os 14 passos
para a melhoria da qualidade são (CROSBY apud MARSHALL JU-
NIOR et al., 2010, p. 42-43).
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12. Reconhecimento do colaborador que atinge suas metas.
UNICESUMAR
13. Troca de ideias e experiência sobre qualidade.
14. Regularidade nos processos.
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4
GESTÃO ESTRATÉGICA
UNIDADE 1
DA QUALIDADE
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REFLEXOS EM TER-
UNICESUMAR
O QUE SE PENSA SO-
DECORRÊNCIAS MOS DE GESTÃO OU
BRE A QUALIDADE
EQUÍVOCOS
Não acompanha as
tendências e as mu-
Nunca muda. Definitivo e imutável. danças de preferên-
cias do consumidor,
por isso, não muda.
Não é mensurável,
pode ser avaliada
Aspecto subjetivo das Não dá para classificar
apenas em face do
pessoas. – várias subjetividades.
sentimento e por es-
pecialistas.
Restringe-se a prepa-
rar pessoas, sendo
É a área que se envol- Tarefa dos especialis- responsáveis pelos
ve com essa questão tas do assunto. acertos e erros. Os
demais se isentam da
qualidade.
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O subjetivo pode refletir posições
UNICESUMAR
Qualidade é um aspecto subjetivo. práticas (minivegetais apresentam-se
mais bonitos no prato).
Quadro 2 - Aspectos que levam a falhas nas ações gerenciais na busca pela qualidade
Fonte: adaptado de Paladini (2010).
De acordo com Paladini (2010), Oliveira (2004), Mello (2011) e Marshall Junior
et al. (2010), as ideias de Deming nortearam o conhecimento a respeito da qua-
lidade. Sua importância na gestão da qualidade começa no fato de ele considerar
que o processo de gestão era a fonte dos sucessos ou insucessos na qualidade. Sua
frase “85% dos defeitos têm causas institucionais e apenas 15% são decorrentes de
falhas locais” foi fundamental para que ficasse evidente a importância do processo
administrativo no esforço da qualidade.
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A atuação da Gestão da Qualidade torna-se cada vez mais importante quando se
UNIDADE 1
38
QUEM QUANDO COMO (proble-
UNICESUMAR
O QUE ITEM EXIGI-
(decide (a função é ONDE POR QUê ma/ necessi-
(função) DO
comprar) necessária) dade)
Impõe res-
Próximo peito, é visí-
Manter Vacinação/
Ao movimentar ao curral Investe contra a vel, machuca
apartado o Pulverização/
o gado ou canto cerca em veloci- ao tocar, é
gado Rotação de
(20%). da cerca dade. difícil de pas-
(50%). pasto.
(60%). sar, resiste
Pecuarista
ao impacto.
(60%)
Pasto
Desmama de Força por baixo
vizinho à Manejo de Mantém a
bezerros em diversos
mãe plantel. posição.
(30%). lugares.
(20%).
Proteger
A plantação A menos Passa pescoço
lavoura/
está tenra e de 2 m da Rendimento entre os fios e Provoca dor
Gado/
Lavourista volumosa cerca da lavoura. força, suave- ao forçar.
Cavalo
(20%) (80%). (100%). mente, o peito.
(70%).
Fácil de
Ao lado Construção desenrolar,
Cerqueiro Desenrolar Ao espichar o Rolando no
dos pos- da cerca por não exige
(10%) o arame. arame. chão.
tes. empreitada. mais de 1
pessoa.
Lojista,
Etc. Etc. Etc. Etc. Etc. Etc.
outros
39
Oliveira (2004) aponta que há várias maneiras de extrair os itens exigidos. Para
UNIDADE 1
40
Extensão do planejamento dos negócios da empresa que inclui o planejamen-
UNICESUMAR
to da qualidade, são atividades usuais da TQM:
■ Estabelecer objetivos abrangentes.
41
5
SISTEMAS DE GESTÃO
UNIDADE 1
DA QUALIDADE
“
[...] um conjunto de partes que interagem e se interdependem,
formando um todo único com objetivos e propósitos em comum,
efetuando sinergicamente determinada função. É composto por
outros sistemas menores, denominados subsistemas, que estão se-
quencialmente dependentes uns dos outros, como se fossem elos
de uma corrente. O desempenho de cada uma dessas partes define
o sucesso do sistema maior e, se um deles falhar, compromete-se
o desempenho de todos eles” (OLIVEIRA, 2004, p. 48, BATISTA,
2005, p. 13-14).
42
■ Quais serão os custos de cada serviço, o custo unitário e o global.
UNICESUMAR
■ Que materiais serão aplicados.
■ Que máquinas, dispositivos e ferramentas serão necessários.
Elementos de
Elementos do sistema de qualidade
um sistema
Políticas de qualidade.
Diretrizes de funcionamento do sistema produtivo.
Normas de interação com o mercado.
Em resumo: informações relativas a um processo de deci-
Entradas
são que confira prioridade à qualidade nas ações.
Observação: considera-se como entrada, ainda, o conjun-
to de informações referentes aos dados da realidade do
mercado, dos estudos e das pesquisas.
43
A qualidade é meta e tarefa para todos.
UNIDADE 1
Busca de obje-
Os sistemas de qualidade exigem que o mercado deseje o
tivos comuns
produto.
Elementos de um
Sistema de produção Sistema da qualidade
sistema
Políticas da qualidade,
diretrizes de funcio-
Matérias-primas,
Entradas namento, normas de
energia ou trabalho.
atendimento preferen-
cial aos clientes.
Sequência linear de
Interação organizada Setores organizacionais
atividades, setor após
entre as partes em malhas.
setor.
Otimização do aten-
Otimização do pro-
Princípios básicos de dimento ao mercado
cesso e aumento da
funcionamento consumidor e aumento
produtividade.
da qualidade.
45
Busca de objetivos O produto é aceito O produto é desejado
UNIDADE 1
explorando Ideias
46
Paladini (2010) enfatiza que a análise dos confrontos apresentada, aprofundada
UNICESUMAR
em várias situações, induz a uma conclusão interessante: os sistemas da qualidade
não existem, são apenas um aperfeiçoamento do conceito de sistema de produção.
Dito de outra forma, sistema de qualidade são sistemas de produção nos quais
a qualidade é uma noção estratégica. Essa nova estrutura não nega o que existe,
mas o integra numa nova concepção.
Política de Qualidade
Neste passo, a alta direção formaliza e define seu sistema de qualidade e deixa
claro os objetivos pretendidos. Trata-se de um documento que explicita, de forma
sintética, o compromisso da alta administração com a qualidade e serve como
guia filosófico para as ações gerenciais, técnicas e operacionais. Esse documento
também é importante para divulgação aos clientes externos do comprometimen-
to da empresa com a qualidade.
Essa descrição geral da Política da Qualidade será delineada em um Manual
da Qualidade, que é um documento consolidador do sistema de gestão da quali-
dade, descrevendo a maneira pela qual a empresa procura atingir os objetivos da
qualidade expressos em sua política. Paladini (2010) diz que para estruturar uma
política de qualidade devem ser considerados alguns princípios básicos, justifi-
cados a partir da prática das empresas, como pode se ver no Quadro 6 a seguir:
47
Princípios da Política da
UNIDADE 1
Justificativa
Qualidade
A qualidade envolve a
todos. De cada um espe-
A qualidade depende de todos os esforços e
ram-se resultados que
ninguém pode omitir-se.
devem ser bem definidos e
conhecidos.
Documentação
UNICESUMAR
da validade, atualização e que esteja nos lugares adequados no momento certo.
É importante para se estabelecer um registro de cultura produtiva e melhorar
a capacidade de inovação e dos processos em si, por meio de retroalimentação
dos procedimentos.
Auditorias
Apesar do medo que a palavra auditoria provoca, é importante que seja imple-
mentado um cronograma de Auditorias de Qualidade para avaliação do grau
de implementação dos procedimentos, orientação aos responsáveis e correção
de eventuais falhas. Podem ser fundamentadas nas normas das séries ISO 9000,
por exemplo.
É importante que sejam autorizadas pela administração, programadas com
antecedência, que os responsáveis pelos trabalhos estejam presentes, que te-
nha métodos e objetivos específicos, sejam realizadas por pessoal experiente,
treinado e desvinculado dos setores a serem auditados e, principalmente, que
não tenha caráter punitivo, mas sim orientativo, de correção e aprimoramento.
Especificamente às certificações, faremos um aprofundamento nas mais rele-
vantes para o Agronegócio.
49
Recursos humanos
UNIDADE 1
Logística e Suprimentos
Esta área vem ganhando mais importância nos últimos tempos, pois não basta
que os produtos tenham elementos e características desejáveis pelos clientes, mas
também que eles estejam no lugar, na quantidade e no momento desejados. Esta
cadeia logística tem ganhado atenção, por meio da implementação de diversas
ferramentas da tecnologia da informação, atualmente, disponíveis, como ECR
(Efficient Consumer Response), QR (Quick Response), EDI (Electronic Data
Interchange), WMS (Warehouse Management System), DRP (Distribution Re-
source Plannning), MRP (Manufacturing Resouce Planning) entre outras (OLI-
VEIRA, 2004; BATISTA, 2005). Essas ferramentas possibilitam o gerenciamento
e o incremento da cadeia logística e a geração de valor ao produto final, com
ganhos em economia de tempo, melhoria da qualidade do produto e redução de
custos de estocagem e distribuição.
50
Sistema de Informação
UNICESUMAR
Um sistema eficaz de informação ganha mais importância, devido à complexi-
dade e à velocidade da circulação de informações, por meio de canais diversos,
principalmente a Internet. No entanto, é preciso ter a informação certa, na hora
certa e saber usá-la. Para que os gestores possam executar o processo de tomada
de decisão, e isso acontece o tempo todo nas organizações, é imprescindível que
essas informações sejam corretas e de fonte segura. Tomar a decisão correta está
relacionado, diretamente, à qualidade das informações recebidas.
Conforme aponta Oliveira (2004, p. 19), “as informações têm que ser dis-
seminadas para os diversos escalões da organização, possibilitando que todos
caminhem na mesma direção e ocorram ganhos pela sinergia e convergência
das decisões tomadas”. O uso das informações, por meio da retroalimentação de
novas informações, possibilita ganhos estratégicos à organização e fornece infor-
mações relacionadas ao desempenho dos produtos e serviços junto ao mercado
(clientes). Essas informações podem direcionar e (re)direcionar as estratégias
da empresa, corrigindo desvios nos processos organizacionais, tais como o de
projetos, produção, distribuição entre outros.
Processo Produtivo
Esta fase é, talvez, uma das mais estudadas por profissionais ligados à indústria,
pois é nela que são aplicadas, com mais intensidade ferramentas de controle, com
o objetivo de evitar não conformidades. Estão presentes nessa etapa ferramentas,
como o Controle Estatístico da Qualidade (CEP), ferramentas para detecção
e apresentação para problemas com produtos e processos, como Diagrama de
Ishikawa, 5W2H, brainstorming entre outros. Essas ferramentas serão estudadas,
mais especificamente, em módulo posterior.
De acordo com Silva (2007), na atualidade, para a implementação e gestão de
cadeias produtivas, bem como de sistemas logísticos em agronegócios, por exem-
plo, têm sido empregadas técnicas, como: o PDCA (plan, do, check and action)
— que visa organizar e propor sequência de operações para otimizar processos
produtivos —, o Just in Time, o MRP (Materials Resource Planning) e o ERP
(Enterprising Resource Planning) — que objetivam planejar os processos de pro-
dução, levando em conta a demanda e a quantidade de matéria-prima necessária
51
—, o PDM (Product Data Management) — uso de recursos contábeis e de TI
UNIDADE 1
CONSIDERAÇÕES FINAIS
1. Nos últimos anos, vários conceitos foram empregados para definir qualidade. Toledo
(2001) ressalta que a qualidade é definida como propriedade, atributo ou condição
das coisas ou pessoas capazes de distingui-las das outras e de lhes determinar a
natureza. De acordo com a definição de Toledo (2001), analise as afirmativas a seguir:
a) I, apenas.
b) I e II, apenas.
c) I, III e IV, apenas.
d) II, III e IV, apenas.
e) I, II, III e IV.
I - Fazer o melhor, com menos custos e entregar ao cliente produtos que corres-
pondam às suas expectativas, ou as superam.
II - A premissa do relacionamento ético entre todos os envolvidos no processo de
produção, sem esquecer o meio ambiente e a sociedade.
III - A redução de custos nos processos de produção, o aumento da produtividade,
levando em consideração a qualidade do produto e a satisfação do cliente.
a) I, apenas.
b) II, apenas.
53
na prática
c) I e II, apenas.
d) I e III, apenas.
e) I, II e III.
I - Era da Inspeção.
II - Era da Conformidade.
III - Era do Controle Estatístico
IV - Era da Gestão Estratégica da Qualidade.
V - Era da Qualidade Total.
a) I, apenas.
b) I, II e III, apenas.
c) I, II e IV, apenas.
d) I, III, IV e V, apenas.
e) I, II, III, IV e V.
54
na prática
a) I, apenas.
b) II, apenas.
c) I e II, apenas.
d) I e III, apenas.
e) I, II e III.
55
aprimore-se
Além da metodologia Ciclo PDCA, a ABNT NBR ISO 9001 – Sistema de Gestão da Qua-
lidade – Requisitos (ABNT, 2000), apresenta os 8 princípios da qualidade. Trata-se de
um conjunto de parâmetros, oriundos da experiência de inúmeras organizações do
mundo todo, que poderão ser utilizados pela organização com o intuito de melhorar
seu desempenho.
Além de tornarem mais fácil a compreensão da importância de um Sistema de
Gestão da Qualidade, os princípios oferecem um caminho mais seguro para o su-
cesso do sistema. Porém, recomenda-se que, antes de serem colocados em prática,
esses princípios sejam analisados não apenas isoladamente, mas também na rela-
ção entre si. São 8 os princípios do Sistema de Gestão da Qualidade:
■ Foco no Cliente – o cliente é a razão de ser de uma organização. Isso eviden-
cia a importância de antecipar-se às necessidades do cliente, não apenas a
fim de atendê-lo, mas também para encantá-lo. Somente assim será possível
sua fidelidade.
■ Liderança – para que uma organização atue, efetivamente, com qualidade, o
Sistema de Gestão da Qualidade recomenda à organização uma liderança sólida,
capaz de acompanhar o mercado no qual atua. É necessário, ainda, que a insti-
tuição forneça aos seus liderados não apenas diretrizes como também insumos,
para que sejam capazes de executar os processos nos quais estão envolvidos.
■ Envolvimento das Pessoas – de acordo com o Sistema de Gestão da Quali-
dade, a equipe de colaboradores de uma organização é o seu recurso mais
valioso. O envolvimento direto desses colaboradores no Sistema de Gestão
da Qualidade é de vital importância. Isso por que seu sucesso dependerá do
fato de seus colaboradores estarem conscientes da importância e do objetivo
de sua atuação bem como dos objetivos estratégicos da organização.
56
aprimore-se
57
eu recomendo!
livro
livro
conecte-se
58
eu recomendo!
conecte-se
59
2
CUSTOS DA
QUALIDADE
PROFESSORAS
Dra. Graciela Lucca Braccini
Me. Mirian Aparecida Micarelli Struett
Esp. Leiluana Roque Oliva
PLANO DE ESTUDO
A seguir, apresentam-se as aulas que você estudará nesta unidade: • Especificidades da Gestão da
Qualidade nas Cadeias Agroindustriais • Custos da Qualidade • Desperdícios na Cadeia de Produção •
Gestão de Perdas • Just in Time (JIT) - o Pensamento Enxuto.
OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
• Identificar e discutir a gestão da qualidade nas cadeias agroindustriais • Entender os conceitos de
Custos da Qualidade no processo de produção • Entender como minimizar estes custos e desperdícios
no processo produtivo em agronegócios • Aprender como gerir as perdas na cadeia de produção agroin-
dustrial • Conhecer o sistema Just in time e como a Gestão de Perdas pode minimizar estes custos.
INTRODUÇÃO
DA QUALIDADE
nas cadeias agroindustriais
Olá, prezado(a) aluno(a), seja bem-vindo(a) ao estudo dos conceitos sobre gestão
da qualidade nas cadeias agroindustriais, que serão apresentados como sendo
um desafio dentro da Gestão do Agronegócio. Neste setor, as agroindústrias es-
tão inseridas em um cenário de rápidas transformações, estabelecidas por um
mercado cada vez mais exigente.
Desta maneira, podemos dizer que a qualidade de um produto agroalimentar tem
duas características marcantes, sendo a primeira pertencente aos padrões e critérios
de qualidade, geralmente, desconhecidos pelos consumidores, podendo, de alguma
forma, vir a causar transtornos (referem-se às condições mínimas que o produto deve
atender). A outra característica refere-se à importância dos parâmetros de qualidade
de apresentação ou representação para a decisão de compra do produto.
Assim, pode ser que um produto seja perfeito do ponto de vista da qualidade
da segurança alimentar, mas o consumidor, a partir de sua percepção, não apre-
cie, ou não deseje consumi-lo. A segurança e a qualidade de um alimento são
dimensões inseparáveis em todas as fases da cadeia (TOLEDO, 2001, p. 93). É
fundamental o esforço na identificação das causas e dos problemas de segurança
e as tomadas de decisão corretivas e preventivas pertinentes.
Conforme aponta Toledo (2001), um alimento de qualidade é aquele que visa
atender às exigências do consumidor quanto à conveniência, às propriedades
organolépticas, funcionais, nutritivas e de higiene, respeitando a legislação per-
62
tinente e informando ao consumidor os cuidados e as formas de conservação,
UNICESUMAR
preparo e ingestão.
Sabemos, então, que a gestão é definida como um conjunto das condições e
medidas (ações) planejadas e implementadas de forma sistemática, envolvendo
toda a cadeia agroalimentar. Além disto, a gestão deve incorporar as boas práti-
cas de manufatura e higiene e a avaliação dos riscos para garantir a qualidade e
reforçar a segurança do alimento.
explorando Ideias
A gestão das empresas rurais deve ser priorizada nas atividades relacionadas ao trabalho
agropecuário, zootécnico e agroindustrial, agrupando técnicas de produção e conceitos
operacionais nas respectivas atividades.
Fonte: Araújo (2016a).
Figura 1 - Compreensão da qualidade dos produtos alimentícios / Fonte: Scalco (2004, p. 27).
63
A qualidade é e sempre será um diferencial competitivo para as indústrias agroa-
UNIDADE 2
2
CUSTOS DA
QUALIDADE
UNICESUMAR
quaisquer negócios, é necessário o contínuo aprimoramento de práticas que
objetivam: a) analisar e otimizar os fluxos operacionais; b) eliminar as ativi-
dades que não agregam valor, reduzir custos; c) reduzir os prazos de entrega;
d) melhorar o fluxo de informação entre os componentes da cadeia produtiva;
e) ofertar produtos de qualidade. Surge, então, a necessidade de adoção de
tecnologias, tais como as Boas Práticas de Fabricação (BPF) e a utilização de
métodos de controles da qualidade.
Gestão da Qualidade no Agronegócio é uma estratégia fundamental de ges-
tão para empresas do setor de alimentos, pois está ligada à competitividade e à
rentabilidade, busca a redução dos custos de produção e dos desperdícios, via-
bilizando como resultado produtos que atendem às necessidades e às exigências
do mercado consumidor (TELLES, 2014).
explorando Ideias
Por volta do início da década de 50, a tônica era o real significado da palavra
qualidade. A pergunta que se destacava era: qual era o seu nível suficiente? Ainda
nessa época, o que tornava o debate mais impreciso era o fato de não se poder
mensurar, de acordo com quantificações estruturadas ou, até mesmo, estimati-
vas, em muitos casos, os custos reais envolvidos nos processos que constituíam
a qualidade (MARSHALL JUNIOR et al., 2010).
Segundo Leone (2000), não é possível, para a empresa, eliminar, totalmente,
as perdas, as sobras, as unidades defeituosas e os estragos, salvo pelo emprego
de equipamentos, tecnologia e controles muito dispendiosos. Desta forma, aliada
à contabilidade de custos e a própria produção, os gestores devem se cercar de
instrumentos de controle para que esses fenômenos indesejáveis não ocorram
em maior grau do que o planejado, em frequência maior do que é comum e em
intensidade maior que a suportável ou recuperável em termos comerciais.
Para Deming (2003, p. 27), “a baixa qualidade implica em altos custos” e al-
guém sempre é responsável por eles, e os defeitos não são livres de custo.
65
Carvalho, Ramos e Lopes (2009) ressaltam a gestão de custos como fator de-
UNIDADE 2
“
[...] os custos da qualidade constituem as bases por meio das quais in-
vestimentos em programas da qualidade podem ser avaliados em ter-
mos de melhoramento de custos, aumento da lucratividade e outros
benefícios para fábricas e companhias originados desses programas.
Uma manifestação de “reação em cadeia” pode ser vista no setor lácteo, por exemplo, cujas
cooperativas, ao serem pressionadas, incentivam seus produtores a investir mais em tecno-
logia para se aprimorarem e, na sequência, preparam projetos para financiar a compra de
resfriadores e demais equipamentos, e também, treinarem, continuamente, seus produtores.
Outro exemplo dá-se pelo conceito de comercialização, em uma Cadeia Produtiva que se tor-
na mais ampla do que a simples venda de determinados produtos. Isso é entendido como a
passagem do produto pelos vários estágios produtivos, obrigando a pensar que variações,
em qualquer um dos estágios pelos quais o produto passa, poderão ser sentidas nos demais
estágios, como em uma “reação em cadeia”, que ocorre entre os elos do Agronegócio.
Fonte: Batalha et al. (2001).
67
Em relação à redução de custos e otimização dos processos, citamos, por exem-
UNIDADE 2
plo, a bateção de pastos com foice ou roçadeira de trator para eliminar as ervas
daninhas que comprometem a produção de capim (competem por nutrientes
do solo e por luz). Para eliminar as ervas daninhas, após serem roçadas, deve-se
aplicar herbicida no toco cortado. Normalmente, aplica-se uma dose de herbicida,
porém verificar se todos os tocos receberam a dose do herbicida seria inviável, e
perderíamos muito tempo para esta análise. A redução do tempo perdido nessa
análise é solucionada a partir da adição de 1% de anilina azul ao recipiente de
aplicação de herbicida, permitindo completa e rápida visualização dos tocos que
receberam a substância e, em consequência, a reparabilidade. O processo adotado
representa uma economia de, aproximadamente, 7% nos custos totais de bateção
de pasto (OLIVEIRA, 2004).
A qualidade está relacionada com a perda que um produto causa à sociedade,
a partir do momento em que ele é colocado à disposição dos clientes. Neste caso,
se os custos forem reduzidos ou otimizados (evitados desperdícios ou retrabalho,
por exemplo), a qualidade é garantida (e o produto funciona, adequadamente), e
as perdas serão reduzidas para a sociedade (TAGUCHI, 1990 apud MELLO, 2011).
Existe uma relação entre empresa e cliente, demonstrada no Quadro 1, que
exemplifica a relação Qualidade versus Custo.
QUALIDADE CUSTO
68
A quem esse produto causa perda? A quem esse produto causa perda?
UNICESUMAR
Ao cliente (em última instância, à À empresa (em última instância, à
sociedade). sociedade).
Quadro 1 - Relação entre qualidade versus Custo / Fonte: Taguchi (1990 apud MELLO, 2011, p. 15).
Campos (2004 apud MELLO, 2011, p. 48) aponta que quanto mais um produto
atende às expectativas dos clientes, mais valor lhe será dado. Dessa forma, como
o cliente busca maior valor pelo menor preço de um produto, e o preço de um
produto está ligado ao seu custo, podemos afirmar que uma empresa é mais com-
petitiva quanto mais conseguir minimizar os seus custos, atrelando o conceito
de competitividade ao de produtividade, ou seja, o aumento da produção gera
um volume maior de produtos com valores de baixo custo, tornando a empresa
competitiva (Figura 2).
69
.
UNIDADE 2
Figura 3 - Custos da Qualidade / Fonte: Feigenbaum (1994 apud TELLES, 2014, p. 30).
.
70
UNICESUMAR
Figura 4 - O custo e o valor da qualidade / Fonte: adaptada de Paladini (2006).
De acordo com Marion (2005 apud ARAÚJO, 2016b), serão apresentadas algu-
mas formas de classificação de custos, suas diferenças e os enfoques essenciais
para uma eficiente e competitiva gestão administrativa em empresas rurais e
agrícolas. São três tipos:
71
■ Indireta – quando os contratados estão, indiretamente, liga-
UNIDADE 2
72
3. Variação quantitativa: quando os custos não sofrem alterações ou va-
UNICESUMAR
riações, conforme quantidade produzida, permanecendo constantes in-
dependentemente do volume.
a) Custos fixos: são aqueles que não sofrem alterações de valor em caso
de aumento ou redução da produção, ou seja, independentemente
do volume de produção, esse custo ocorre em determinado interva-
lo de tempo (por exemplo, salários da administração, depreciação,
seguros entre outros).
Mello (2011) propõe que a avaliação seja baseada no retorno da qualidade entre a
redução dos custos e a retenção dos clientes. Seja, primeiramente, avaliada a retenção
dos clientes nas receitas futuras, a este montante somam-se as economias com a redu-
ção dos custos propiciada pelo programa de qualidade e deduzindo os custos por ele
gerados, dessa forma, o valor resultante é o retorno da qualidade. Porém, salienta-se
que os resultados desta medição não podem ser mensurados somente, quantitati-
vamente, uma vez que valores intangíveis estão imbricados à fidelização do cliente.
73
UNIDADE 2
conceituando
• Custos de Prevenção: são custos bons, pois são investimentos que resultam em pre-
venção das não conformidades.
• Custos de Avaliação: são custos que buscam assegurar que os produtos e/ou serviços
atendam às necessidades dos clientes, e estão em conformidade com os requisitos e
padrões de qualidade.
• Custos das falhas internas: são provenientes de erros no processo produtivo e de não
conformidades de produtos e materiais, identificados e corrigidos antes do produto
ser entregue ao consumidor.
• Custos das falhas externas: são resultados das falhas, defeitos ou não conformidade
às especificações de produtos/serviços, identificados pelo cliente.
Fonte: Telles (2014. p. 31-32).
Como vimos até agora, qualidade deve ser planejada. Diante disso, as premissas
para reduzir custos e efetivar o planejamento podem ser traduzidas em uma única
palavra: prevenção. Para exemplificar problemas relacionados com a falta de
qualidade, ressaltamos um exemplo bastante conhecido pela sociedade, o recall.
Você já deve ter ouvido falar em recall de veículos, em que há comunicados e
chamamentos pela mídia ou pelo Ministério da Justiça para que o consumidor
retorne à concessionária para trocar alguma peça que apresentou defeito (a pre-
venção minimizaria os erros e aumentaria a produtividade).
A convocação de empresas para retirar do mercado alimentos com problemas
é muito rara, os recalls são mais comuns em bens duráveis, como automóveis,
motocicletas e celulares, e muito comuns em indústrias farmacêuticas, na área de
medicamentos. Porém, na área do agronegócio, isto está se tornando uma prática
comum, dada a grande exigência do consumidor (superar as expectativas do
consumidor) e as questões de responsabilidade social amparadas também por
leis e resoluções. Destacam-se:
74
“
[...] Art. 10. O fornecedor não poderá colocar no mercado de con-
UNICESUMAR
sumo produto ou serviço que sabe ou deveria saber apresentar
alto grau de nocividade ou periculosidade à saúde ou segurança.
“
Art. 2º. regulamenta essa comunicação e estabelece que o forne-
cedor, no caso de efetuar o recall, deverá imediatamente comu-
nicar o fato, por escrito, ao Departamento de Proteção e Defesa
do Consumidor- DPDC, da Secretaria de Direito Econômico
- SDE, do Ministério da Justiça, aos PROCONs, bem como a
todas as demais autoridades competentes e define quais são
as informações que devem estar contidas nesta comunicação
(BRASIL, 2001).
conecte-se
Caro(a) aluno(a), veja um exemplo de Retorno de Produtos (Recall), na qual uma indústria
de carne brasileira anunciou o recolhimento de 164,7 toneladas de produto in natura que
seriam comercializados no mercado nacional, e outras 299,6 toneladas que seriam des-
tinadas ao mercado externo, por possível contaminação pela bactéria Salmonella. Quer
entender mais? Leia no link:
https://www.canalrural.com.br/noticias/pecuaria/aves/brf-recolhe-carne-de-frango-por-
-risco-de-contaminacao-por-salmonella/
76
3
DESPERDÍCIOS NA
UNICESUMAR
CADEIA DE
produção
O Brasil pontua o 10º lugar no ranking dos países que mais desperdiçam ali-
mentos. Outros países, como os Estados Unidos, Inglaterra, Canadá, França,
Alemanha, Espanha, Turquia, Japão e Austrália, terão que rever suas ações, a fim
de diminuir o desperdício de alimentos e demonstrar a importância do aprovei-
tamento integral dos alimentos, em receitas saudáveis e sustentáveis. A meta é
causar impacto social e ambiental de divulgação das ações de ajuda e melhoria
que contribuam com a posição do Brasil no ranking mundial para a redução de
50% do desperdício até 2030 (ENVOLVERDE, 2018, on-line)3.
Dados da FAO Brasil – Organização das Nações Unidas para a Alimentação e
Agricultura – citam que 28% dos alimentos se perdem no processo de produção
agrícola, e mais 28% são jogados no lixo, após chegarem às casas dos consumi-
dores. Aproximadamente, 1,3 bilhão de toneladas de alimentos são descartadas,
desperdiçadas, ou se perdem ao longo das Cadeias Produtivas ao ano, visto que,
aproximadamente, 800 milhões de pessoas passam fome. O volume representa
30% da totalidade de comida produzida por ano no planeta (FAO, 2017, on-line)4.
77
UNIDADE 2
78
■ Os déficits na produção de grãos em território nacional com condições
UNICESUMAR
de armazenagem e transporte: a produção pode ser entendida quando
relacionada à ineficiência, o que afeta, negativamente, a sustentabili-
dade ambiental, econômica e social da cadeia produtiva de grãos, no
Brasil, reduzindo a oferta de soja e milho no sistema. Foram mapeadas
as perdas recorrentes a cada atividade logística da soja e do milho no
país, para quantificar os prejuízos físicos, econômicos e ambientais para
cada estado produtor a fim de avaliar cenários de mitigação dos danos.
Identificou-se que os problemas na logística dos alimentos (soja e mi-
lho) alcançaram mais de 2,381 milhões de toneladas, em 2017 (1,303%
da produção), com déficit econômico de R$ 2,04 bilhões — em con-
sequência de custos de oportunidades com vendas perdidas e gastos
desnecessários (CARLIM, 2017, on-line)6.
Na logística, a perda mais significativa é na armazenagem (67,2%),
seguida do transporte rodoviário (13,3%), no terminal portuário
(9,0%), no transporte multimodal ferroviário (8,8%) e no transpor-
te multimodal hidroviário (1,7%). Os maiores produtores de grãos,
Mato Grosso do Sul e Rio Grande do Sul, apresentaram perdas, variando
entre 0,995% e 1,671%, respectivamente. Sem falar no custo ambiental,
as perdas físicas (de soja e milho) requerem combustível nos caminhões,
locomotivas e puxadores das barcaças para execução da logística, resul-
tando mais desprendimento de dióxido de carbono na atmosfera (CAR-
LIM, 2017, on-line)6.
Em sua pesquisa, Péra (CARLIM, 2017, on-line)6 identificou, também, que
a utilização de armazéns externos à fazenda implica elevação dos déficits.
Isso se dá em decorrência da utilização de mais uma atividade logística (o
transporte rodoviário de transferência de grãos da fazenda ao armazém
externo), muitas vezes, feito em estradas em condições precárias. Outros
pontos constatados são: a) a condição das vias, representada por corre-
dores rodoviários de boa qualidade significam menores perdas em relação
àquelas vias em condições precárias; b) o canal de comercialização com-
promete as perdas, e os grãos destinados aos portos apresentam maiores
déficits em detrimento daqueles equiparados aos do mercado doméstico.
79
UNIDADE 2
Algumas das soluções citadas no estudo de Péra (CARLIM, 2017, on-line)6 se-
riam: a) aumentar a capacidade no armazenamento dos grãos nas fazendas bra-
sileiras (redução dos níveis atuais em até 21,67%); b) melhorar as condições das
rodovias nacionais (redução do prejuízo em cerca de 7%); c) utilizar caminhões
em melhores condições e menos avariados; d) qualificar os profissionais do trans-
porte e armazenagem; e) gerir, de forma eficiente, as atividades de conservação; f)
aferir as balanças, periodicamente; g) incorporar os custos deficitários na gestão
das empresas (CARLIM, 2017, on-line)6.
Em conclusão, o estudo contribuiu para fazer o diagnóstico dos níveis de
perdas relacionadas à logística da soja e do milho, no Brasil, avaliando estratégias
para atenuar as perdas no Agronegócio. O problema torna-se ainda mais grave
quando apresentado em toda a logística (forma integrada), do campo até o consu-
midor final. Este protótipo reforça a necessidade de conscientização da relevância
em reduzir perdas, por meio de políticas públicas e gestões mais eficientes.
80
TIPOS DE DESPERDÍCIOS
UNICESUMAR
Há sete tipos de desperdícios mais comuns entre as empresas, de acordo com
Ohno (2004), que são objetos de uma perseguição sem fim por sua eliminação,
conforme a classificação.
Transporte
Processamento
Movimentação
Perda de Espera
82
Estoque
UNICESUMAR
Itens que permanecem em estoques estão sujeitos à redução de sua vida útil, além
de gerarem muito desperdício quando relacionados aos custos financeiros. Por
este motivo, uma empresa deve trabalhar com o estoque mínimo de segurança,
adotando o sistema Just in time, em que o objetivo é produzir a quantidade
demandada pelo cliente, em perfeita qualidade, sem excesso e de forma rápida,
evitando, assim, perdas de produto/matéria-prima e aumento de custo. A busca
por mensurar e identificar os desperdícios e pela minimização destes pode ser a
solução para a empresa perante a economia competitiva.
explorando Ideias
Selo “Sobrou, levou” – um exemplo dos esforços para o combate ao desperdício de ali-
mentos em São Paulo. O selo é um projeto desenvolvido pela Secretaria Municipal de
Desenvolvimento Econômico e do Trabalho, em parceria com a Associação Brasileira de
Bares e Restaurantes (Abrasel). A ação foi pensada para sensibilizar empresários e esti-
mular o consumo consciente de alimentos nesse setor.
Fonte: Anufood Brazil ([2020], on-line)7.
83
4. Padronização de embalagens (tamanhos, encaixes...).
UNIDADE 2
84
Dicas para evitar desperdícios
UNICESUMAR
Na fase de planejamento da cultura, selecionam-se as variedades adequadas às
condições locais de clima e solo bem como as potencialidades e oportunidades do
mercado. Planejar a produção requer também verificar a época e a quantidade, de
acordo com as condições mais favoráveis de comercialização. Além disso, deve-se
procurar formas associativas e cooperativas de comercialização, o que melhora a
inserção dos produtos no mercado e no poder de barganha.
Na fase da pré-colheita, deve-se corrigir a acidez do solo e adubá-lo de
acordo com as suas necessidades e cultura, seguindo as técnicas para uso de de-
fensivos agrícolas e realizando operações de desbaste, quando necessário, para
melhorar as condições das plantas e dos frutos a fim de obter um produto final
saudável e de qualidade.
Na fase da colheita, deve-se investir em treinamento e qualidade de mão
de obra bem como evitar colher os produtos nas horas mais quentes do dia.
Os produtos colhidos devem ser deixados à sombra e levados o mais rápido
possível ao local escolhido para classificação e acondicionamento. Lembran-
do que esse local deve ser seco, arejado, limpo e fresco. As frutas e hortaliças
devem ser manuseadas com cuidado para evitar choques e machucaduras.
85
O transporte deve ser feito em sacos, caixas ou baldes, de preferência colo-
UNIDADE 2
UNICESUMAR
antes da armazenagem, removendo, rapidamente, o calor dos produtos perecíveis
e deixando sua temperatura próxima daquela que será utilizada durante o perío-
do de armazenamento e transporte. Alguns produtos são incompatíveis entre si e
não devem ser armazenados, simultaneamente. O uso do frio deve ser contínuo
ao longo de toda a cadeia, permitindo a manutenção da qualidade dos produtos.
Os choques térmicos são sempre danosos aos produtos, portanto, não é possí-
vel o transporte com veículos refrigerados, devem ser protegidos por lonas limpas
e de cores claras. Garantir a circulação do ar, evitar o abafamento e o calor exces-
sivo são condição essencial da manutenção da qualidade do produto. Quando o
carregamento e descarregamento forem manuais, as embalagens não devem ser
jogadas pelas pessoas responsáveis por essas atividades. Carga e descarga devem
ser rápidas para evitar que os produtos fiquem expostos ao sol.
87
4
GESTÃO DE
UNIDADE 2
PERDAS
UNICESUMAR
ticular em qualquer característica do produto ou serviço, lembrando do conceito
de cliente, como sendo a sociedade, que pode ser afetada por esta insatisfação.
Desta forma, cabe à organização minimizar quaisquer custos que possam advir
da utilização do produto, tornando-se, assim, necessário repassar à gestão da qua-
lidade e ao setor produtivo a mesma visão e mesmo sentimento que a sociedade
tem de nossos produtos ou serviços e os adequar ao uso.
De acordo com Oliveira (2004), gestão de perdas é uma metodologia voltada
para a otimização do uso dos recursos empresariais pela eliminação total das
perdas. Neste sentido, as empresas devem se adaptar às necessidades do mercado
e otimizar seus processos, continuamente, de forma eficiente. A constatação e
eliminação de perdas durante o processo produtivo é uma das principais funções
da gerência de uma empresa moderna uma vez que a concorrência exige quali-
ficação e know-how para se manter no mercado.
Dessa forma, o uso de sistemas que podem auxiliar no processo de análise e
melhoria da eficiência dos processos internos podem ser uma poderosa ferra-
menta de apoio gerencial, permitindo a identificação e quantificação das perdas
da empresa. Oliveira (2004) indica que a gestão de perdas ensina a olhar as di-
ferenças existentes entre a condição ideal e a condição real, em todos os ativos
da organização para que seja possível medir o distanciamento (deterioração) e
estabelecer metas de recuperação, o que assegurará maior capacidade de um pro-
cesso fabricar produtos dentro das especificações, com mínimo de investimento.
Para isso, a empresa precisa ser uma “organização que aprende”, ou seja, ter uma vi-
são de olhar sempre pelos olhos da qualidade e seus processos, enxergando neles quais-
quer desvios que estejam gerando uma “sangria” de recursos, como matéria-prima ou
mão de obra, que poderiam ser mais bem utilizados na redução de custos e em ações
de inovação, realinhando seu planejamento e seus processos sempre que necessário.
explorando Ideias
Agricultura 4.0, internet das coisas e agricultura de precisão atuam em todas as etapas
da cadeia produtiva, juntamente com os recursos do GPS, drones, equipamentos para
aplicação de água e fertilizantes e sistemas de abastecimento automático, com as vanta-
gens de monitorar a produção com softwares, ajudando a evitar perdas acarretadas por
condições meteorológicas, por exemplo. Já as ferramentas de controle de frota e rastrea-
bilidade ajudam a melhorar a distribuição e entrega e evitar desperdício.
Fonte: Ionics ([2020], on-line)8.
89
Para Paladini (2006), a prática ensinou também quais os indícios mais usuais de
UNIDADE 2
90
Etapa 1 Etapa 2 Etapa 3
UNICESUMAR
Ações e
Eliminação de Eliminação de causas Otimização do pro-
etapas
perdas e perdas cesso
91
Prioridade Minimizar des- Evitar situações que Definir potencialidade
UNIDADE 2
UNICESUMAR
congelados são destinados à produção de polpa de abacaxi, que é extraída, me-
canicamente. A partir do resíduo proveniente da produção da polpa de abacaxi
(bagaço), foram encontrados os seguintes resultados: comparados aos anos poste-
riores, os dados obtidos, em 2003, indicavam que as perdas ocorridas no processo
de produção da polpa de abacaxi representavam 76%, sendo o aproveitamento
do fruto na produção de cubos congelados de 24%.
Não foi considerado, neste estudo, o descarte das cascas, da coroa, das aparas
e do miolo das frutas, que representam em torno de 15% do fruto. Dados de 2008,
indicaram aumento no aproveitamento do fruto, com redução de perdas no des-
cascamento (40 para 35%) e na utilização das aparas, anteriormente, descartadas
para a produção de sucos. As perdas provenientes da coroa e miolo não sofreram
muitas alterações (redução de 23 para 22%). A produção do bagaço foi reduzida
de 15% para 5%, porém continuou sendo descartada.
A partir de 2008, este resíduo passou a ser utilizado na produção de alimentos
artesanais, como: recheio de bombom, trufas, bolos, tortas, pirulitos, doce em
massa e pasta. Lembrando que foram realizadas pesquisas junto ao laboratório
de análises e, comparando-se os valores nutricionais da polpa (100 gramas da
parte comestível) e do bagaço (média de 3 amostras – 100 gramas cada), foram
encontrados os seguintes resultados apresentados no Quadro 3.
O PENSAMENTO
enxuto
“
A expressão em inglês Just in Time foi adotada pelos japoneses, mas
não se consegue precisar a partir de quando ela começou a ser utilizada.
Fala-se do surgimento da expressão na indústria naval, sendo incor-
porada, logo a seguir, pelas indústrias montadoras. Portanto, já seria
um termo conhecido e amplamente utilizado nas indústrias antes das
publicações que notabilizaram o JIT como um desenvolvimento da
Toyota Motor CO. No entanto, Ohno afirma que o conceito JIT surgiu
da ideia de Kiichiro Toyoda de que, numa indústria como a automo-
bilística, o ideal seria todas as peça ao lado das linhas de montagem no
momento exato de sua utilização (SARCINELLI, 2008, p. 25-26).
UNICESUMAR
desperdício, tornando-se uma guerra às perdas, com o entendimento de que
produzir estoques não agrega valor ao produto final e, por consequência, tor-
na-se um custo inútil. Dessa forma, os administradores seguidores desta filosofia
recebem os insumos, somente no momento do seu consumo. Porém, devido ao
baixo volume de material, esta técnica é muito flexível. Os níveis de estoque são
muito baixos, o que pode vir a gerar a falta de material. A atual concepção do
conceito Just in time é o combate aos desperdícios de maneira contínua.
O Just in time é conhecido como um sistema de puxar a produção, então,
a medida em que surge a necessidade dos insumos (material), são puxados da
etapa anterior da cadeia de produção. Dependendo do foco de interesse de
trabalho, os agentes das cadeias produtivas agroindustriais fazem a utilização
do Just in time, mesmo que, indiretamente, devido ao fato de muitos insumos
apresentarem alta perecibilidade.
Dennis (2008) apresenta algumas vantagens na aplicação de um sistema puxado:
Outro ponto que contribui para a utilização do Just in time nessas cadeias pro-
dutivas deve-se a flexibilidade do sistema para responder a alterações de deman-
da, comuns neste tipo de mercado. Quanto às agroindústrias que necessitam de
grãos, como insumo, o Just in time é tido como uma forma de restrição, pois as
empresas optam pela segurança de estoques, não percebendo os custos financei-
ros elevados que arcam com a manutenção desses estoques.
O Just In time tornou-se um dos pilares da filosofia de gestão, que define que
nada deve ser produzido, transportado ou comprado em excesso, e sim, seguir
fluxo planejado, evitando os desperdícios. A Figura 7 apresenta a aplicabilidade
do Just in time dentro do planejamento da gestão do tempo (demanda do cliente,
95
tempo de produção e tempo de entrega dos fornecedores), sendo possível entre-
UNIDADE 2
Figura 7 - Gestão do tempo do Sistema Just In Time / Fonte: Cavaglieri e Juliani (2016, p. 75).
explorando Ideias
Na indústria automobilística, o ideal seria ter à disposição todas as peças ao lado das
linhas de produção, no momento exato de sua utilização. Assim, na atividade do Just in
time, as partes corretas necessárias à montagem alcançariam a linha no momento em
que fossem necessárias e, também, somente na quantidade necessária. A principal carac-
terística do Just in time é administrar a manufatura de forma simples e eficiente, otimizan-
do o uso dos recursos de capital, equipamento e mão de obra.
Fonte: Ohno (2004).
96
■ Eliminação de estoques.
UNICESUMAR
■ Eliminação de desperdícios.
■ Manufatura de fluxo contínuo.
■ Esforço contínuo na resolução de problemas.
■ Melhoria contínua dos processos.
97
UNIDADE 2
Figura 8 - Esquema dos sistemas de produção adotados ao longo da cadeia de arroz, no Rio
Grande do Sul / Fonte: adaptada de Santos (2005).
98
CONSIDERAÇÕES FINAIS
UNICESUMAR
Nesta unidade, foram apresentadas algumas especificidades nas cadeias agroin-
dustriais, sendo possível verificar que algumas características da qualidade são
ocultas, e outras devem ter as garantias mínimas de atendimento às necessidades
do cliente e, por fim, compreendeu-se que é necessário um conjunto de ações e
medidas para que a qualidade seja alcançada.
Em relação aos custos, foi verificado que a baixa qualidade implica altos
custos, que estão relacionados com a produção da qualidade e otimização no
processo, implicando em produtividade e competitividade. Se aumentarmos a
produtividade, consequentemente, seremos competitivos, e, para isso, é preciso
aumentar a qualidade e reduzir custos. Em relação ao confronto entre o valor
desta qualidade e o custo, aprendemos que há custos para a realização do pro-
cesso de avaliação da qualidade, com prevenção, na garantia desta qualidade e
também custos com informação. Para exemplificar um dos problemas da falta
de qualidade, apresentou-se o recall, recolhimento dos produtos oferecidos no
mercado, vários produtos de marcas reconhecidas.
Além dos custos na busca pela qualidade, foram apontados exemplos, como
os desperdícios na cadeia de produção. Os dados levam em conta as perdas ge-
radas na colheita, no transporte, na armazenagem, no varejo e consumo. Dentre
as causas do desperdício, foram apontadas a ineficiência logística, o transporte,
a superprodução, o processamento, as falhas no armazenamento correto, a fa-
bricação de produtos defeituosos, a movimentação, o desperdício de espera e a
falta de otimização do processo produtivo. O CEAGESP discorre sobre algumas
dicas de como eliminar os desperdícios em toda a cadeia produtiva. Na gestão
de perdas, o que não agrega valor ao produto é perda, e, diante disto, foi exposto
como eliminar as perdas e otimizar o processo.
E, por fim, foram apresentados os conteúdos sobre a filosofia Just in time na
eliminação de custos e perdas, contrapondo com o sistema Just in case, demons-
trados no sistema de produção de arroz do Rio Grande do Sul e apresentamos o
exemplo da Perdigão.
99
na prática
a) I, apenas.
b) I e II, apenas.
c) I e III, apenas.
d) II e III, apenas.
e) I, II e III.
100
na prática
a) I, apenas.
b) III, apenas.
c) I e II, apenas.
d) II e III, apenas.
e) I, II e III.
3. A qualidade é utilizada cada vez mais nas empresas. Podemos definir qualidade
como a capacidade para atingir os objetivos operacionais visados. Produzir com
qualidade implica investir, ou seja, ter custos para inspeção e prevenção para que
se produza bem e haja satisfação do cliente ao produto ou serviço final. Ao falarmos
em sistemas de gestão da qualidade, somos remetidos, automaticamente, a pensar
em resultados, em termos de produtividade e ganhos. Neste sentido, explique a
importância do conceito reação em cadeia.
a) I, apenas.
b) III, apenas.
c) I, II e III, apenas.
d) I, II e IV, apenas.
e) I, II, III e IV.
101
na prática
5. Para colocar alimento ao alcance das pessoas, não é questão apenas de aumentar
a produção global, mas sim que esses alimentos tenham a garantia de produzir e
distribuir até o consumidor final. Porém, este deslocamento dos alimentos deve
ser monitorado de tal forma que um nível mínimo de perdas ocorra. Essa postura
quanto à minimização dos desperdícios deve envolver todos os atores participantes
da cadeia produtiva (MARTINS; FARIAS, 2002). Sobre os desperdícios na cadeia de
produção, leia as alternativas a seguir.
a) I, apenas.
b) III, apenas.
c) I e II, apenas.
d) I e III, apenas.
e) I, II e III.
102
aprimore-se
Realizar uma boa gestão do agronegócio não é uma tarefa fácil, sobretudo em um
contexto no qual os produtores rurais precisam enfrentar diariamente uma série de
desafios. O alto custo do transporte e um certo atraso em relação à revolução tecno-
lógica que vem ocorrendo nos países de primeiro mundo são alguns dos obstáculos
do gestor agrícola no Brasil. Diante desse cenário, o empreendedor rural que está
em busca do sucesso deve estar focado em identificar e corrigir falhas e deficiências
e aproveitar as oportunidades.
Principais desafios da gestão do agronegócio no país.
1. Perda e desperdício da produção: a Organização das Nações Unidas para
Alimentação e Agricultura (FAO) aponta o combate à perda e ao desperdício
de alimentos como um dos principais desafios do Brasil e do mundo nos
próximos anos. A perda se refere à redução da disponibilidade de alimentos
especialmente nas fases de produção, pós-colheita e processamento. Já o
desperdício ocorre mais para o fim da cadeia. No Brasil, existem os dois
problemas: tanto a perda dentro da propriedade quanto o desperdício no
varejo ou consumo em função de sistemas de logística ineficientes.
2. Burocracia dos processos: o excesso de burocracia é outro obstáculo enfren-
tado na gestão do agronegócio. Os processos, como o de exportação de pro-
dutos, envolvem uma série de exigências que podem “dificultar” a atividade.
Medidas são essenciais para reduzir os riscos de propagação de pragas e
doenças. É preciso conhecer bem a legislação de cada país para evitar que
surjam imprevistos que impeçam os produtos de entrar em algum lugar.
3. Transporte da produção: é um dos maiores custos de um empreendimento rural.
Além do elevado valor do combustível, a dependência do transporte rodoviário
e as condições precárias das estradas representam um grande obstáculo não
apenas para a indústria, mas também para os negócios rurais. Outra preocupação
comum nesse sentido é o risco de danificar os produtos durante o percurso, em
função do armazenamento equivocado, das longas distâncias percorridas e da
variação de temperatura ao qual a mercadoria é submetida durante o trajeto.
103
aprimore-se
104
eu recomendo!
livro
livro
conecte-se
105
3
PLANEJAMENTO E GERÊNCIA
DA QUALIDADE:
o uso das ferramentas da
qualidade
PROFESSORAS
Dra. Graciela Lucca Braccini
Me. Mirian Aparecida Micarelli Struett
Esp. Leiluana Roque Oliva
PLANO DE ESTUDO
A seguir, apresentam-se as aulas que você estudará nesta unidade: • Planejamento e Gerência da
Qualidade • O Ciclo PDCA • Ferramentas Gerenciais da Qualidade • Ferramentas Básicas da Qualidade
• Outras Ferramentas da Qualidade.
OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
• Compreender a necessidade do planejamento e da gerência da qualidade • Conhecer algumas das
principais ferramentas utilizadas nas organizações na busca da qualidade • Apontar sua aplicabilidade
em agronegócios • Entender como são utilizadas outras importantes ferramentas da qualidade aplica-
das nas organizações • Conhecer outras ferramentas de importância para o Agronegócio.
INTRODUÇÃO
GERÊNCIA DA
qualidade
■ Controle da qualidade é fazer o que tem que ser feito em todos os setores.
■ Controle da qualidade que não mostra resultados não é controle da qualidade.
■ Precisamos nos empenhar em controle de qualidade para que traga tanto
dinheiro para a empresa que nem saberemos o que fazer com ele.
■ Controle da qualidade começa com educação e termina com educação.
■ Para executar o controle de qualidade total, precisamos ter educação con-
tínua para todos.
■ Controle de qualidade faz surgir o melhor de cada um.
■ Quando o controle de qualidade é implantado, a falsidade desaparece da
empresa.
108
Para que a qualidade desejada seja alcançada é indispensável que se faça a utiliza-
UNICESUMAR
ção de determinadas “ferramentas” que busquem proporcionar, ao final da cadeia
de produção, produtos que satisfaçam as necessidades e desejos dos consumido-
res, sem oferecer riscos a sua saúde.
O gerenciamento estratégico da qualidade visa estabelecer objetivos e me-
tas que sejam orientados para a qualidade da empresa. A gestão estratégica da
qualidade exige abordagem sistêmica, com liderança inovadora, satisfação dos
clientes, valores, princípios e desenvolvimento organizacional, bem como a me-
lhoria contínua dos processos de produtos e serviços como uma estratégia para
o fortalecimento competitivo e rentável da empresa.
Assim, a qualidade deixa de ser apenas um departamento e passa a ser respon-
sabilidade de toda a empresa (PALADINI, 2009). De acordo com Juran (1992), a
gestão da qualidade divide-se em três pontos fundamentais, denominado trilogia
Juran. São eles – o planejamento, o controle e a melhoria – sendo que a me-
lhoria deve ser tratada como prioridade pelo gestor, e o planejamento, a segunda
prioridade, o qual deve contar com a participação de todos em sua implementação.
A figura representa um Diagrama da Trilogia Juran.
110
Como apontam Marshal Junior et al. (2010), à medida que as operações prosse-
UNICESUMAR
guem, em algum momento, elas não conseguem atingir todas as metas planejadas
e entram em uma nova zona de controle da qualidade. O que deve ser feito é
executar o controle da qualidade para prevenir que as coisas piorem. A trilogia
relaciona-se com as deficiências do processo. O zero seria a escala da perfeição
em termos de redução de custo e não qualidade.
1. Planejamento: definição de metas e objetivos, traçando formas objetivas
de alcançá-lo.
2. Definição e uso dos pilares estratégicos: processos estratégicos, operações
táticas e práticas operacionais.
3. Investimento em ferramentas de gestão: visando aumentar a produtivi-
dade e simplificar processos complexos.
4. Controle de custos: análise meticulosa dos processos para controlar cus-
tos e maximizar lucros.
5. Avaliação de resultados: mapear e entender o que funciona e o que pre-
cisa ser modificado, gerindo de forma assertiva e promovendo avaliações
constantes.
6. Treinamento: treinar pessoal, técnicos em todos os processos de gestão da
qualidade de pequenas a grandes propriedades para melhorar a Gestão
do Agronegócio.
111
■ Ishikawa estabeleceu o ciclo da qualidade com o intuito de alcançar a
UNIDADE 3
Ferramenta/Siste-
Definição
ma/Método
112
É um grupo de funcionários de determinado setor
UNICESUMAR
que se propõem a identificar problemas em sua
Grupos de melhoria área de trabalho, analisá-los e apresentar sugestões
para resolvê-los, visando à obtenção de melhorias
na qualidade dos produtos e serviços.
113
Método de apoio ao desenvolvimento de produtos,
UNIDADE 3
Desdobramento da
que contribui para que as expectativas do consumi-
Função Qualidade
dor sejam nele incorporadas, aumentando, conse-
(QFD)
quentemente, o seu poder de venda.
114
Nas últimas décadas, novas tecnologias e novos recursos foram lançados e ga-
UNICESUMAR
nharam espaços nas propriedades rurais, nos escritórios e nas empresas de consul-
toria agrícola, revendas de insumos. Todo este avanço tecnológico que permite faci-
litar a gestão das atividades da empresa rural são ferramentas que têm por objetivo
auxiliar o produtor rural a obter melhores resultados, permitindo a minimização
dos custos de produção, a otimização dos recursos naturais, sementes e insumos.
Estes recursos podem auxiliar o produtor rural em diferentes situações e podem
ser utilizados por grandes, médias e pequenas empresas rurais, sendo recomendados
para as empresas de menor porte, pois, mediante estas ferramentas, o produtor rural
poderá obter mais chances de melhorar os resultados de sua atividade rural, aumen-
tando a sua produção e, consequentemente, a rentabilidade de seu negócio.
Neste ponto, estamos prontos para começar a conhecer algumas das ferra-
mentas e metodologias gerenciais da qualidade, começando por uma das prin-
cipais: o Ciclo PDCA.
2
O CICLO
PDCA
116
O Ciclo PDCA propõe a análise do processo com vista à melhoria, con-
UNICESUMAR
forme apresentamos a seguir, na Figura 3. Como pode ser visto, as etapas,
a seguir, permitem a intervenção em um processo produtivo, correspon-
dendo mais ou menos o que se segue. A figura apresenta o processo usual
de um produto ou serviço.
O Ciclo PDCA é muito simples, adapta-se a qualquer segmento de atua-
ção. A Figura 4 representa exatamente como se dá o uso desta ferramenta, e
é possível perceber que não há fragmentação do processo. Vamos entender
as principais fases do PDCA, de acordo com a visão de Marshal Junior et al.
(2010) e Mello (2011):
117
PLAN (PLANEJAMENTO)
UNIDADE 3
DO (EXECUÇÃO)
CHECK (VERIFICAÇÃO)
118
ACT (AGIR CORRETIVAMENTE)
UNICESUMAR
Nesta fase, duas alternativas são apontadas. A primeira, consiste em buscar as
causas fundamentais a fim de prevenir os efeitos indesejados, distanciados da
meta, e a segunda, em adotar como padrão o planejado na primeira fase, já que
as metas planejadas foram alcançadas.
No caso de não terem sido alcançadas as metas planejadas, é necessária a
busca pelas causas fundamentais a fim de prevenir a repetição dos efeitos in-
desejados. No caso de terem sido alcançadas as metas planejadas, é necessária a
adoção de um padrão.
explorando Ideias
O ciclo PDCA é uma ferramenta que tem por objetivo melhorar, de maneira contínua, os
processos e os produtos do Agronegócio. O ciclo é composto por quatro fases:
• Plan: planejar o que será realizado.
• Do: executar ações conforme planejado.
• Check: verificar se as ações foram realizadas conforme o planejado.
• Act: tomar providências de uma ação para ajustar o que não está adequado ao plane-
jamento.
Fonte: as autoras.
Marshal Junior et al. (2010) e Mello (2011) apontam que o ciclo PDCA, quando
aplicado, continuamente, pode fornecer previsão dos processos e permitir o au-
mento da competitividade da organização. Essa previsão resulta da conformidade
dos padrões estipulados, possibilitando o suprimento de informações para apre-
sentar práticas de melhoria contínua. Se a melhoria for eficiente e bem-sucedida,
aplica-se como novo padrão. Caso a melhoria não apresente resultados satisfató-
rios, volta-se ao padrão anterior. Um dos empregos mais usados do ciclo PDCA
é na verificação e resolução de problemas, permitindo a realização do controle
de qualidade na organização rural.
Levando-se em consideração que é sempre possível melhorar, o Ciclo PDCA
não prevê um fim para sua execução. Com a conclusão de cada ciclo dá-se início
a outro e, assim sucessivamente, até que se encontre um padrão de qualidade que
atenda às expectativas dos clientes e torne a empresa cada vez mais eficiente e
competitiva em seus processos, conforme Figura 5.
119
UNIDADE 3
120
■ Passo 1 – Identificação do problema: visa à solução do problema,
UNICESUMAR
priorizando assuntos, levantamento de perdas e ganhos, nomeação dos
responsáveis e determinando o tempo limite para a conclusão.
■ Passo 2 – Observação: objetiva entender o problema, realizar o levanta-
mento dos históricos e a frequência de ocorrência, observando os atributos
no local, no ambiente, os materiais e a confiança nos padrões entre outras.
■ Passo 3 – Análise: propõe a identificação e a seleção das causas mais
prováveis do problema observado.
■ Passo 4 – Plano de Ação: refere-se a escolhas das estratégias e da elabo-
ração de um plano de ação.
■ Passo 5 – Ação: apresentar o plano de ação, promover o treinamento e
a capacitação de pessoas envolvidas a fim de conquistar o comprometi-
mento, a execução e o acompanhamento das ações a serem realizadas,
registrando os resultados e coletando dados.
■ Passo 6 – Verificação: confrontar os resultados com as metas e os objeti-
vos esperados, estabelecidos no plano de ação, verificando a resolução ou
não do problema. Mas, se os resultados não estiverem de acordo com os
esperados, deve-se voltar a observação (passo 2). Neste caso, é importante
listar todos efeitos secundários observados.
■ Passo 7 – Padronização: execução ou alteração do padrão, informar,
internamente, as alterações nas ações, proporcionar novo treinamento
aos envolvidos no novo padrão proposto.
■ Passo 8 – Conclusão: efetuar um registro contendo os avanços obtidos
pelo grupo, relacionando os problemas remanescentes, voltando a execu-
tar o ciclo PDCA, e refletir sobre o trabalho, visando à melhoria.
Com essas ações definidas, seguem-se novo planejamento e o ciclo “roda” mais
uma vez. Administrar uma empresa rural nada mais é que girar o ciclo, conti-
nuamente, para cada processo desenvolvido dentro da empresa rural, ou seja, ele
ajuda na elaboração, na execução, no monitoramento e no aprimoramento con-
tínuo de um processo. A seguir, na Figura 6, são representados os passos citados:
121
UNIDADE 3
Figura 6 - Ciclo PDCA para melhorias ou solução de problemas / Fonte: Silva (2006, p. 22).
122
3
FERRAMENTAS GERENCIAIS
UNICESUMAR
DA QUALIDADE
BRAINSTORMING
“
“Brainstorming é uma dinâmica de grupo em que as pessoas, de
forma organizada e com oportunidades iguais, fazem um grande
esforço mental para opinar sobre determinado assunto. É também
uma técnica utilizada na fase de planejamento do ciclo PDCA”.
123
O Brainstorming busca apresentar características e argumentos para que os re-
UNIDADE 3
“
Capacidade de auto expressão, livre de inibições ou preconceitos da
própria pessoa ou de qualquer outra do grupo; liberação da criativi-
dade; capacidade de aceitar e conviver com as diferenças conceituais
e disciplinares; ausência de julgamento prévio; registro das ideias;
capacidade de síntese; delimitação do tempo; ausência de hierarquia
durante o processo.
124
Os grupos devem ter entre cinco e doze pessoas, e a participação é voluntária
UNICESUMAR
com regras claras e prazo determinado. O propósito é lançar e detalhar ideias
com certo enfoque, originais e em uma atmosfera sem inibições. Basicamente,
deve-se ter clareza e objetividade na apresentação do assunto e do problema ou
situação, gerar e documentar as ideias e realizar a análise e seleção (MARSHAL
JUNIOR et al., 2010).
As pessoas que convivem, diariamente, em determinada empresa conhecem
bem as causas significativas de determinado problema e, dessa forma, estão ap-
tas a destacar as melhores ações para a solução dessas causas. Neste princípio,
o exercício do Brainstorming tende a fornecer resultados valiosos. Trata-se de
uma técnica de notável sistema de capacitação e treinamento, possibilita o de-
senvolvimento das pessoas, busca entender o problema, identificar suas causas e
as medidas a serem tomadas para solução.
125
■ Descrição do efeito (problema ou condição específica) no lado
UNIDADE 3
direito do diagrama.
É uma representação gráfica que permite estabelecer, após uma análise criterio-
sa, quais são as causas que fazem com que o efeito ocorra. De acordo com Silva
(1996, p. 229),
“
[...] este diagrama é uma ferramenta para organizar o pensamento,
esclarecendo a confusão usual entre o que é causa e o que é efeito,
além de criar uma distinção útil para definir a verdadeira causa de
um problema. É um diagrama que pretende mostrar a relação entre
uma característica da qualidade e seus diversos fatores determinantes.
Este diagrama serve para ser aplicado quando o efeito de um processo é proble-
mático, ou seja, quando o processo não gera o efeito desejado. Essa ferramenta
apresenta a vantagem de poder executar o desdobramento e as ramificações das
devidas causas até que se chegue aquela que é, de fato, a origem do problema.
A representação e a construção do diagrama de causa e de efeito é fácil, basta
criar uma grande linha horizontal que representará o efeito ou a meta/o proble-
ma e, posteriormente, linhas inclinadas, que partem da linha principal, e serão
representadas como as causas do problema.
Deve-se definir, de forma clara, o problema e o seu histórico a fim de descobrir
as verdadeiras causas, por meio da ferramenta brainstorming (tempestade de
ideias, o momento em que várias pessoas se juntam para pensar, coletivamente,
em soluções criativas para um problema). Essa análise permitirá que se obtenha
as definições das causas e as necessidades que a empresa deve seguir para alcançar
o resultado desejado.
As causas podem ser agrupadas em categorias: 6M: Máquina (destaque para
os problemas com máquinas e equipamentos); Mão de obra (diagnosticar os
problemas com a mão de obra direta ou indireta); Método (ressaltar os proble-
mas com as práticas, utensílios e ferramentas); Materiais (relatar os problemas
com os materiais/ matéria-prima utilizados); Medição (destacar os problemas
126
com a medição realizada); e Meio-Ambiente (salientar os problemas que estão
UNICESUMAR
relacionados com o ambiente), conforme na Figura 7.
BENCHMARKING
“
[...] um processo contínuo e sistemático para avaliar produtos, ser-
viços e processos de trabalho de organizações que são reconheci-
das como representantes das melhores práticas, com a finalidade de
melhoria organizacional.
Pode-se dizer que é uma ferramenta que faz a comparação entre os processos
de uma empresa com outras empresas bem-sucedidas. Ao final, todas as ideias
são analisadas. Basicamente, o que se propõe com as técnicas de Benchmarking
é alcançar essas melhores práticas, observadas em outras empresas, trazê-las à
realidade da organização, programá-las e, dessa forma, implementar as melhorias
necessárias em processos, produtos e serviços da organização. São utilizados para
isso referenciais de excelência, ou seja, a medida comparativa, ou benchmark, e
daí realizadas as comparações com o desempenho da organização.
O benchmarking pode ser feito algumas vezes dentro da própria organização,
comparando-se o desempenho de setores semelhantes ou de filiais e congêneres. Nes-
se caso, é conhecido como benchmarking interno. Pode também ser realizado entre
empresas atuantes do mesmo segmento, concorrentes diretas ou não. O objetivo, neste
caso, é comparar as melhores práticas existentes, tentando igualá-las ou superá-las.
128
Esse método é conhecido como benchmarking competitivo. Pode, ainda,
UNICESUMAR
ocorrer que a organização deseje aperfeiçoar certos processos específicos e passe
a buscar referências de excelência em outras organizações que possuem processos
semelhantes, mas com desempenho superior. Essas organizações que servirão
de referência não, necessariamente, precisam ser do mesmo ramo de atividade.
Neste caso, o benchmarking é conhecido como genérico, desta forma sua gestão
(MARSHAL JUNIOR et al., 2010):
■ Busca melhores processos e práticas inovadoras.
conecte-se
130
UNICESUMAR
Figura 8 - Diagrama do Programa 8S / Fonte: Deshtra (2012, on-line)14.
131
■ SEISO - Senso de Limpeza: objetiva manutenção de um ambiente de
UNIDADE 3
Neste sentido, entende-se que a implantação dos programas 5S e 8S, nas empresas,
busca desenvolver a qualidade, a economia, a produtividade, aumentando a efi-
ciência e a segurança dos profissionais que ali trabalham. Além disso, o programa
132
ainda permite atuação na prevenção de acidentes, redução de custos e eliminação
UNICESUMAR
de desperdícios. A implantação e o sucesso do programa 8S está relacionado com
as estratégias implantadas pela organização, visando a integração e o comprome-
timento de todos para a melhoria contínua.
4
FERRAMENTAS BÁSICAS
DA QUALIDADE
tos. Já as causas especiais são as advindas, por exemplo, de falha humana, queda
de energia, matéria-prima defeituosa entre outras (MARSHAL JUNIOR et al.,
2010). O objetivo das cartas básicas de controle é constatar possíveis alterações
desagradáveis em determinado processo, modificando as sinalizações por pontos
anormais em um gráfico, registrando a ocorrência de mudança.
As cartas de controle podem ser classificadas em dois tipos: cartas de contro-
le para variáveis ou cartas de controle para atributos. Nas cartas básicas de
controle para variáveis, a identificação da variação ocorre de modo quantitativo,
fazendo-se necessário o uso de medidas em unidades, tais como comprimento,
temperatura, média, amplitude, desvio-padrão entre outras. Já no caso das cartas
básicas de controle para atributos, a identificação da variação acontece de modo
qualitativo, ou seja, exige uma decisão. Neste caso, é possível julgar se cada uni-
dade do processo está conforme ou não conforme, se apresenta defeitos ou não.
O exemplo é representado pela figura a seguir (TRINDADE et al., 2000 apud
SILVA et al., 2008).
134
Podemos dizer, então, que é um tipo de gráfico que serve para monitorar a
UNICESUMAR
variação de um processo. Busca verificar se um processo está dentro dos limites
estatísticos de controle estabelecidos para ele, permitindo, assim, fazer os ajustes
necessários, conforme figura a seguir e que se divide nas seguintes etapas:
135
fileiras de 1100 m de comprimento, transformando-se em malhas retangulares de
UNIDADE 3
conecte-se
UNICESUMAR
interferir no aumento de perdas durante o processo de produção, permitindo
assim, reduzir, consideravelmente, o desperdício. No entanto, se a causa de peque-
nos defeitos tem a resolução simples, deve ser empregada e eliminada de forma
imediata. De acordo com Kume (1993, p. 22):
“
Os problemas de qualidade aparecem sob a forma de perdas (itens
defeituosos e seus custos). É extremamente importante esclarecer a
forma de distribuição das perdas. A maioria deles deve-se a alguns
poucos tipos de defeitos, que podem ser atribuídos a uma pequena
quantidade de causas. Assim, se as causas destes poucos defeitos vi-
tais forem identificadas, poderemos eliminar quase todas as perdas
concentrando-nos sobre estas causas principais, deixando de lado,
numa abordagem preliminar, os outros defeitos que são muitos e
triviais. Podemos resolver este tipo de problema de uma forma efi-
ciente, através da utilização do diagrama de Pareto.
explorando Ideias
Diagrama de Pareto
• Poucos e Vitais: correspondem a um pequeno número de problemas com grande impacto,
causando grandes perdas.
• Muitos e Triviais: representam um alto número de causas com perdas pouco significativas.
Fonte: Neves (2007).
137
Diagrama de Pareto é uma técnica em que os problemas são separados em partes,
UNIDADE 3
e, assim, eles são analisados entre si. A Figura 12 apresenta as causas na ordem
decrescente de incidência e suas respectivas porcentagens acumuladas. A fi-
gura mostra que, para a produção do diagrama, é utilizado um gráfico de barras
verticais em que ele ilustra, de forma clara, que duas causas são responsáveis por
cerca de 80% dos defeitos “Tipo X”.
Resumindo, somente 20% das causas são responsáveis por 80% dos problemas
nas organizações. No caso que demonstraremos a seguir (Figura 13), tem-se a
marca de serra, rachadura e empenamentos, responsáveis por 86% dos defeitos
no processo, e que deverão ser o foco de ações corretivas e/ou preventivas. Por
meio de uma folha de coleta de dados, mapeia-se a frequência com que as fa-
lhas ocorrem. Por meio do brainstorming foi possível mapear as ocorrências das
causas básicas e, a seguir, transportar esses dados para um gráfico (COLETTI;
BONDUELLE; IWAKIRI, 2010).
138
UNICESUMAR
Figura 13 - Principais tipos de defeitos encontrados nas lamelas
Fonte: Coletti, Bonduelle e Iwakiri (2010, p. 110).
MATRIZ 5W2H
A matriz 5W2H é uma ferramenta de gestão das mais eficientes que existem
e, por incrível que pareça, uma das mais simples e fáceis de serem aplicadas. O
5W2H é uma combinação de letras e números (são as letras de 7 perguntas, em
inglês, 5 delas começando com W e 2 com H: - What? - Why? - Where? - When?
- Who? - How? - How much?), nada mais é do que um Plano de Ação qualificado
e estruturado em etapas práticas e bem definidas.
A ferramenta 5W2H traduz a utilização das perguntas (em inglês) utiliza-
da pelas empresas rurais, com a finalidade de gerar respostas que esclareçam o
problema a ser resolvido, ou que organizem as ideias na resolução de problemas.
139
Essa ferramenta apresenta como diferencial uma aplicação mais fácil do que
UNIDADE 3
Quanto
How much Quanto custa executar a ação?
2H custa?
140
Confira, em detalhes, como responder cada pergunta de um formulário 5W2H,
UNICESUMAR
no quadro a seguir.
Aumento
Aumentar a Forno Diminuir o Elevar a
01 de de 1% de
temperatura Daniel princi- tempo do potência
março custo ope-
do forno pal processo do motor
racional
Contratar
Incluir a Linha Acréscimo
Reduzir o mais um
inspeção no de pro- 01 de de um salá-
Maria desperdí- colabora-
decorrer do dução abril rio mínimo
cio dor/ope-
processo N. 01 + benefícios
rador
Unida- Reunião
Reunião de de com os Dez minu-
preventiva bene- Reduzir 05 de supervi- tos antes
Jorge
no início do ficia- acidentes março sores da do início do
turno mento área de expediente
N. 01 segurança
Unida-
Vários Introduzir
Adqui- de de
dias sem o um novo
rir novo bene- 20 de R$
Tobias alcance da sistema
sistema de ficia- janeiro 30.000,00
meta de de manu-
manutenção mento
produção tenção
N. 02
141
What
UNIDADE 3
Toda Na serra
Para não
vez que múltipla.
haver
Fazer aparecer Produzin-
Setor de tanta per- Encarre-
apenas 4 madeira do apenas
lamelas. da com gado.
lamelas falhada 4 lamelas
marca de
nas duas em vez de
serra.
faces. 5 lamelas.
Por meio
Toda vez
de alertas
Setores: Para que ocor-
Criar um O setor de de quali-
recebi- alertar os rer um
alerta de qualidade dade, com
mento de funcioná- grande
qualida- da empre- foto do
madeira e rios do número
de sa. defeito e
lamelas. defeito. de marca
tipo de
de serra.
defeito.
UNICESUMAR
gerencial de mudanças para acelerar o aprimoramento dos processos produtivos.
Nada mais é do que um sistema de avaliação do desempenho de um processo
com o objetivo de diminuir a sua variabilidade para atingir a perfeição e atender
às exigências do cliente.
Para Seleme (2008, p. 112):
“
o Seis Sigma foi criado e desenvolvido pela empresa Motorola, nos
anos 80, como um método para efetivar a melhoria da qualidade.
Trata-se de buscar a melhoria de processos e produtos/ serviços
por meio da redução na variabilidade, e dirigir a organização para
as necessidades do cliente. A estratégia Seis Sigma leva em conta o
tipo de negócio, seu tamanho, suas características específicas e os
aspectos culturais e sociais das pessoas que dele participam. São
identificadas as lacunas existentes entre as necessidades e anseios
dos clientes e as atuais possibilidades produtivas da organização.
143
Para utilizar uma planilha de cálculos, solicite no site de busca na Internet:
UNIDADE 3
planilha para cálculo do nível sigma. De acordo com Aguiar (2002), uma das
razões relacionadas ao sucesso do programa Seis Sigma está na sua estrutura
de implantação, que deve ser dirigida da seguinte maneira – um método de
solução de problemas e de desenvolvimento de novos produtos ou serviços e
uma base de responsabilidade e funções para o programa; um forte programa
de treinamentos e uma política adequada para conscientizar a mudança de
cultura para os colaboradores.
Encarada como questão de sobrevivência, a adoção de medidas para elimi-
nação do desperdício, melhoria de processos e eficiência nas operações é uma
busca constante das organizações. De acordo com os estudos de Carvalho, Lee Ho
e Pinto (2007) sobre a implementação e difusão do programa Seis Sigma no Brasil,
embora o programa ainda esteja em fase de disseminação no país, com este estudo
foi possível verificar que das 198 grandes empresas que participaram do estudo,
apenas 46 organizações faziam uso do programa Seis Sigma (23%), ou seja, uma
porcentagem bem menor quando comparada com a encontrada por Banuelas e
Antony (2004), em que 37% das empresas de grande porte do Reino Unido faziam
uso do programa Seis sigma.
Entre as 46 empresas da amostra que fizeram a implantação do programa
Seis Sigma, a maior parte possui um faturamento anual superior a cinquenta
milhões de reais, com mais de mil colaboradores e está instalada no estado de
São Paulo. Dessas empresas, é possível verificar a predominância de empresas de
manufatura, principalmente do setor “metalmecânico” e de “veículos automotores
e autopeças” (CARVALHO; LEE HO; PINTO, 2007).
A metodologia utilizada na solução de problemas é o ciclo DMAIC: D – De-
fine (definir); M – Measure (medir); A – Analyse (analisar); I – Improve (melho-
rar); C – Control (controlar). O objetivo da utilização desta sequência é para a
realização de melhoria em produtos, serviços ou processos.
O DMAIC se assemelha ao PDCA, sendo considerado por alguns estudiosos
como métodos semelhantes, ocorrendo apenas a mudança na nomenclatura. A
base da metodologia é o DMAIC, que caracteriza por:
144
■ “M” - Medir: medir o desempenho de cada fase do processo, detectar as
UNICESUMAR
debilidades e as fortalezas.
145
Os faixas-verdes ou Green-belts são os funcionários que, além de suas ativi-
UNIDADE 3
dades regulares, lideram uma ou mais equipes, de acordo com sua experiência
em determinados projetos. Além do ciclo, que é universalmente utilizado, apre-
sentaremos mais algumas dessas ferramentas, e, a partir dos conceitos apresen-
tados, exemplificaremos algumas das ferramentas utilizadas por meio do case:
Seis Sigma no agronegócio.
DEFINIR - A empresa construiu o sequenciamento de seus processos agríco-
las, mapeando o seu processo “core” desde o preparo do solo até a fase da colheita.
A partir da definição, compreenderemos o “ciclo de sequenciamento”. Após defi-
nido o processo, desdobramos para o nível 1 e 2, conforme apresentado a seguir:
146
UNICESUMAR
Figura 16 - Perdas na colheita por tipo de corte - Início da Safra 05/06 (agosto)
Fonte: Goldfreind ([2020], on-line)15.
147
UNIDADE 3
148
UNICESUMAR
UNICESUMAR
zes e melhoria do controle de processo. A partir de técnicas estatísticas “Box
Cox”, no processo manual, a média diminuiu, porém a variabilidade aumentou
e, a partir da implementação do controle, algumas equipes melhoraram sua
performance. No processo mecanizado, diminui a média e a variabilidade. Per-
cebeu-se que processo manual que é muito dependente do fator humano. No
uso de mecanismos de bonificação e controles, as equipes com o tempo criaram
uma hegemonia e diminuíram a variabilidade. No gráfico de tendência, foi
verificado que as curvas de perdas diminuíram, melhorando sua consistência
ao longo do tempo, inclusive na safra seguinte.
152
5
OUTRAS FERRAMENTAS
UNICESUMAR
DA QUALIDADE
ESTRATIFICAÇÃO
153
UNIDADE 3
UNICESUMAR
Sabor excessivamente
\ 1
doce
Visando à elucidação de problemas, devem ser tomadas decisões com base nos
dados a fim de definir, claramente, o problema, permitindo a identificação de
ações mitigadoras, sendo possível também ser fonte de informação para elabo-
ração de outras ferramentas, como o Diagrama de Causa e Efeito, por exemplo.
Figura 22 - Diagrama de Correlação ou Dispersão / Fonte: IBM Knowledge Center ([2020], on-line)16.
155
HISTOGRAMA
UNIDADE 3
FLUXOGRAMA
“
Grande parte da variação existente em um processo pode ser eli-
minada somente quando se conhece o processo de fabricação. Isto
significa que a sequência de produção, ou etapas, influenciam na
variabilidade final das características do produto.
156
Os fluxogramas permitem identificar possíveis origens e causas dos problemas que
UNICESUMAR
ocorrem nas linhas de produção, verificando os passos desnecessários ao processo,
buscando simplificações. O fluxograma pode ser dividido nas seguintes Etapas:
1. Escolher quais as atividades do processo que se deseja representar.
2. Mapear o fluxo das atividades selecionadas para a construção do fluxograma.
3. Criar um desenho inicial com as atividades, seguindo seu fluxo em questão.
4. Pesquisar as possíveis melhorias nesse fluxo e desenvolver um novo flu-
xograma.
5. Demonstrar o novo fluxograma e aplicá-lo como padrão para a desem-
penho deste processo em questão.
157
CONSIDERAÇÕES FINAIS
UNIDADE 3
158
na prática
1. O ciclo PDCA foi criado por Walter A. Shewart, na década de 20, mas ele se tornou
conhecido quando William Edward Deming, um dos gurus da gestão de qualidade,
espalhou o conceito pelo mundo. Por esse motivo, o ciclo PDCA ficou conhecido a
partir da década de 50 como ‘Ciclo Deming’. De acordo com esta teoria, cada pro-
cesso da empresa passa por quatro fases: planejar, fazer, checar e agir (GESTÃO DE
QUALIDADE, [2020], on-line)17.
a) I, apenas.
b) I e II, apenas.
c) I e III, apenas.
d) II e III, apenas.
e) I, II e III.
I - PDCA
II - Diagrama de Causa e Efeito
III - 5W2H
IV - B2B
159
na prática
a) I, apenas.
b) IV, apenas.
c) I e II, apenas.
d) I, II e III, apenas.
e) I, II, III e IV.
a) EurepGap e SisOrg.
b) Ciclo PDCA e Seis Sigma.
c) Just in Time e Just in Case.
d) Gestão Estratégica da Qualidade.
e) Gestão de Perdas e Gestão de Custos.
4. O brainstorming (tempestade de ideias) é uma técnica de ideação que tem como obje-
tivo gerar um grande volume de novas ideias. A técnica se baseia em princípios, como
foco em quantidade, ausência de críticas às ideias e combinação de ideias (PRADA,
2018, on-line)19. Sobre a ferramenta Brainstorming, analise as afirmativas a seguir:
160
na prática
I - Brainstorming pode ser definido como o caminho para gerar ideias relacionadas
a um tópico específico.
II - O propósito é lançar ideias, com clareza e objetividade, na apresentação do
assunto, do problema ou da situação.
III - Normalmente, o Brainstorming envolve um grupo de pessoas, gerando um apa-
nhado de ideias em um curto período de tempo.
É correto o que se afirma em:
a) I, apenas.
b) III, apenas.
c) I e II, apenas.
d) I e III, apenas.
e) I, II e III.
161
aprimore-se
162
aprimore-se
163
eu recomendo!
livro
conecte-se
Ciclo PDCA - Como Resolver Problemas (parte 1). Método existente para resolver pro-
blemas. Um caminho direcionador para a solução de qualquer resultado indesejável,
nas empresas, de forma geral.
https://www.youtube.com/watch?v=f95Q7T3YQDI
Ciclo PDCA - Como Resolver Problemas (parte 2). Método de solução de problemas e
melhoria em processos.
https://www.youtube.com/watch?v=d45MxBsOJT0
164
eu recomendo!
conecte-se
165
4
NORMAS, SISTEMAS E
CERTIFICADOS
da qualidade
PROFESSORAS
Dra. Graciela Lucca Braccini
Me. Mirian Aparecida Micarelli Struett
Esp. Leiluana Roque Oliva
PLANO DE ESTUDO
A seguir, apresentam-se as aulas que você estudará nesta unidade: • Normalização e Certificação em
Agronegócios • CERTIFICAÇÕES ISO - 9000, 14000, 45001, SA 8000, 22000 • Sistema Orgânico de
Produção Agropecuária - SISORG • Gestão da Qualidade e Segurança Alimentar • Rastreabilidade e
Certificação.
OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
Entender o funcionamento das certificações mais utilizadas em agronegócio • Compreender como
as normas ISOs contribuem para a gestão da qualidade • Aprender a importância e o funcionamento
dos Sistemas Participativos de Garantia • Estabelecer ações de prevenção e monitoramento dos pro-
cessos e da qualidade dos alimentos •Conhecer os sistemas de rastreabilidade e certificação nacionais
e internacionais.
INTRODUÇÃO
CERTIFICAÇÃO
em Agronegócios
168
UNICESUMAR
explorando Ideias
“
A certificação é um conjunto de atividades desenvolvidas por um
organismo independente, sem relação comercial, com o objetivo
de atestar publicamente, por escrito, que determinado produto ou
processo está em conformidade com os requisitos especificados.
Os requisitos podem ser nacionais, estrangeiros ou internacionais.
170
UNICESUMAR
conecte-se
2
CERTIFICAÇÕES ISO - 9000,
14000, 45001,
SA 8000, 22000
mais de 20.000 especialistas, em todo o mundo, por meio de mais de 2.600 grupos
técnicos, a ISO já publicou mais de 13 mil normas técnicas, desde a sua fundação.
Mas, afinal, o que é normalização? Dito de forma simples, é a maneira de organi-
zar as atividades pela criação e utilização de regras ou normas, visando contribuir
para o desenvolvimento econômico e social. Os benefícios da normalização são
evidentes: proporciona procedimentos para problemas existentes ou potenciais,
com o objetivo de promover um grau elevado de confiabilidade dos processos
(MARSHAL JUNIOR et al., 2010).
O Brasil faz parte da ISO, por meio da ABNT- Associação Brasileira de Nor-
mas Técnicas, tendo participado, inclusive, na sua fundação. Fundada em 1946,
a ABNT é a entidade responsável pela produção de normas nacionais e pela
representação do Brasil, junto à ISO. Representante oficial, a única e exclusiva
representante do Brasil das entidades internacionais: International Organization
for Standardization (ISO) e International Electrotechnical Comission (IEC), e de
entidades de normalização regional, como a Comissão Panamericana de Normas
Técnicas (COPANT) e a Associação Mercosul de Normalização (AMN). Dessa
forma, são suas responsabilidades e atribuições (ABNT, 2011, p. 7):
“
As políticas e procedimentos da ISO sobre direitos autorais, exploração
de direitos autorais e vendas das Publicações ISO (ISO POCOSA 2005,
aprovado pelo Conselho ISO e em vigor desde 1º de abril de 2005) dão à
ABNT a principal responsabilidade pela distribuição e promoção do uso
das publicações ISO no Brasil, como o membro nacional da ISO. A pro-
moção e venda das normas e publicações da ISO, bem como as adoções
nacionais das mesmas, no Brasil, também podem ser feitas por meio de
outros distribuidores, além da ABNT; contudo, tais distribuidores somente
podem atuar com o consentimento da ABNT e suas atividades devem ser
restritas ao território nacional. A ISO POCOSA 2005 dá à ABNT o direito
de nomear ou descredenciar distribuidores por meio de contratos de distri-
buição apropriados e válidos. Para isso, a ABNT deve também assegurar que
os seus distribuidores observem os termos da ISO POCOSA 2005 (n.g.).
UNICESUMAR
■ ABNT ISO 14000 Ambiental.
■ ABNT ISO 45001 Saúde e Segurança Ocupacional (antiga OHSAS 18001
Segurança e Saúde no Trabalho).
■ SA 8000 Responsabilidade Social.
■ ABNT ISO 22000 Sistema de Gestão de Segurança de Alimentos.
Outras normas de certificação estão disponíveis, elas, porém, não fazem parte
do escopo de nosso trabalho, que visa demonstrar as certificações utilizadas
em agronegócios.
De acordo com Araújo (2006), a NBR ISO 9001 (Gestão da Qualidade) – publi-
cada pela Organização Internacional de Normalização – International Orga-
nization Standartzation (ISO) – busca a homogeneização dos procedimentos,
de medidas, de materiais e/ou de usos que refletem o consenso internacional de
todos os domínios de atividades.
Em 1987, a ISO lançou a família de normas ISO 9000, que tiveram como re-
ferência a experiência britânica e a contribuição de especialistas e representantes
de diversos países, removendo barreiras de terminologias, conceitos e práticas
locais para adotar um padrão internacional. Este início possibilitou o avanço
do desenvolvimento das normas internacionais de qualidade. A ISO considera,
altamente, recomendável que as normas sejam revistas e atualizadas em períodos
inferiores a 5 anos, devido ao grau de obsolescência a que um produto pode in-
correr, com os avanços tecnológicos cada vez mais rápidos, com novos métodos
de produção e aplicação e desenvolvimento de novos materiais.
A norma ISO 9000 destaca-se pela preocupação das empresas, quando re-
lacionada à qualidade de seus produtos e serviços, credibilidade no mercado,
interno e externo, e exigências ou barreiras técnicas para a realização de negócios.
A certificação ISO 9000 atesta que a empresa implantou e funciona em um Siste-
ma de Gestão da Qualidade e se utiliza de métodos eficientes para a execução do
gerenciamento dos negócios, proporcionando a melhoria contínua da qualidade
de seus serviços e produtos, resultando na satisfação dos clientes.
173
UNIDADE 4
Destacamos que a Norma ISO 9001 (ABNT, 2015) é mais conhecida, relacio-
nada à aplicabilidade na melhoria da qualidade dos processos das organizações.
Ela define quais devem ser os critérios para que sejam implantados o Sistema de
Gestão da Qualidade e Certificação Internacional. Atualmente, mais de 1 milhão
empresas de 170 países são certificadas na norma ISO 9001.
Certificação ISO 9001 (ABNT, 2015) é designada para definir quais são os
requisitos que garantirão os padrões de qualidade, objetivando a satisfação dos
clientes e a melhoria contínua da atuação e do desempenho das empresas. A
implantação de um Sistema de Gestão da Qualidade e a certificação da norma
proporcionam inúmeros benefícios para as organizações. A seguir, compreenda
como a ISO 9001/2015 colabora na gestão das empresas:
174
ABNT ISO 14000 - Gestão Ambiental
UNICESUMAR
De acordo com Araújo (2006), em relação à ISO 14001 (ABNT, 2015) (Ges-
tão Ambiental), a organização que opta pela sua implementação pretende
demonstrar um desempenho ambiental correto (prevenção da poluição,
controle dos impactos de suas atividades, produtos ou serviços no meio
ambiente). Por meio de um sistema de gestão ambiental, as empresas têm
acesso a um conjunto de técnicas sistêmicas para alcançarem seus objetivos
na busca pela sustentabilidade.
O conjunto de normas ISO 14000, desenvolvido pela ISO, International Or-
ganization for Standardization e, especificamente, a ISO 14001, é o padrão utili-
zado e reconhecido, internacionalmente, para a certificação de sistemas de gestão
ambiental e segue como uma das certificações mais procuradas pelas empresas,
depois da ISO 9001. A sua importância é devido aos requisitos do Sistema de
Gestão Ambiental que contribuem com as organizações para se adequarem às
conformidades da lei, utilizando estratégias para simplificar, ao máximo possível,
agressões ao meio ambiente.
A ISO 14001/2015 traz questões estratégicas, como a preocupação com a
cadeia de valor e ciclo de vida. Esta versão proporciona aumento nos lucros, visto
que preconiza a redução do consumo dos recursos, evitando gastos e desperdícios
nas operações. Com essa nova versão, as empresas adquirem mais valor com a
aquisição do selo do sistema de gestão ambiental. Portanto, a ISO 14001/2015
tem como foco a avaliação e as expectativas das partes interessadas, ou seja, na
visão que os terceiros têm a respeito do empreendimento. O objetivo é avaliar
itens como condições ambientais locais, regionais e globais que afetam a orga-
nização, ou possam ser afetados por ela. Seguem os ajustes necessários para se
alinhar aos requisitos do sistema de gestão ambiental:
1. Desenvolvimento Sustentável.
2. Gestão de Risco.
3. Gestão Ambiental Estratégica.
4. Melhoria Contínua.
175
ISO 45001 - Saúde e Segurança Ocupacional
UNIDADE 4
É uma norma que dá diretrizes para a criação de uma gestão em Saúde e Seguran-
ça Ocupacional de excelência na empresa. Com isso, torna-se possível aumentar
a produtividade do negócio, a partir da garantia do bem-estar dos seus colabo-
radores. Ou seja, além de proteger os colaboradores, cria condições necessárias
para que os funcionários realizem um trabalho de qualidade com eficiência. Para
isso, é importante entender o que é a ISO 45001 (ABNT, 2018), publicada em 12
de março de 2018, em substituição à OHSAS 18001.
A consciência da melhoria das condições de trabalho, aliada à necessidade de cum-
prir as obrigações legais, colocam a saúde e a segurança dos colaboradores como prio-
ridade pelas empresas, não somente como uma ação secundária do negócio. Por isso, a
ISO 45001/2018 tornou-se uma necessidade para as empresas que priorizam aumentar
a produtividade, a partir do investimento do bem-estar dos seus colaboradores.
A ISO 45001/2018 tem como objetivo melhorar a segurança dos funcioná-
rios, reduzir os riscos no local e criar melhores condições de trabalho, em todo
o mundo. Propostas pela ISO 45001, em relação à norma OHSAS 18001 e os
benefícios gerados pela implantação dessa norma nas empresas:
UNICESUMAR
nizações a desenvolver, aplicar e manter práticas, socialmente, aceitáveis no
local de trabalho. Pode ser aplicada a qualquer empresa, de qualquer tamanho,
em todo o mundo.
A certificação SA 8000 trata de questões, como os sistemas de gestão, saúde
e segurança do trabalho escravo e infantil, jornada de trabalho, discriminação,
liberdade de associação e negociação coletiva, práticas disciplinares e remune-
ração, contemplando, também, acordos internacionais, tais como: Convenções
da Organização Internacional do Trabalho, a Declaração Universal dos Direitos
Humanos e a Convenção das Nações Unidas sobre os Direitos da Criança.
Empresas que adotam a certificação SA 8000 levam em consideração o impac-
to social das suas operações, as condições em que seus funcionários, parceiros e
fornecedores trabalham, podendo ser adotada por qualquer empresa, de qualquer
tamanho, em qualquer parte do mundo. A certificação de SA 8000 visa ao desen-
volvimento e à melhoraria da responsabilidade social, em todas as operações.
A norma SA 8000/2014 (versão 2014) surgiu com dois novos instrumentos
internacionais de referência: os Princípios Orientadores da ONU sobre Negócios
e Direitos Humanos e a Convenção OIT 181 (Agências de Emprego Privadas).
Seguem alguns benefícios da Norma de Certificação SA 8000:
A NBR ISO 22001 (ABNT, 2018) foi alterada no dia 19 de junho de 2018, como
uma norma internacional e segue a mesma estrutura de alto nível (HLS) das
177
demais normas ISO, a exemplo da ISO 9001 e a ISO 14001, facilitando a integra-
UNIDADE 4
ção com outros sistemas de gestão. Foi lançada pela ABNT, em março de 2019, a
versão em português da ISO 22000/2018.
A ABNT NBR ISO 22001 (ABNT, 2019) - Sistemas de Gestão de Seguran-
ça de Alimentos – Requisitos para qualquer organização na cadeia produtiva
de alimentos – publicou a norma que revisa a ABNT NBR ISO 22000 (ABNT,
2006), elaborada pela Comissão de Estudo Especial de Segurança de Alimentos.
Este documento especifica os requisitos para o sistema de gestão de segurança de
alimentos (SGSA) que visam permitir às organizações, direta ou indiretamente,
envolvidas na cadeia produtiva de alimentos (ABNT, 2019).
A ISO 22000/2018 tem a finalidade de estabelecer os requisitos para um siste-
ma de gerenciamento de segurança de alimentos. Por meio dela, é viável mapear
aquilo que a organização necessita para determinar sua capacidade no controle
dos riscos relacionados à segurança dos alimentos, garantindo que os alimentos
cheguem seguros às mãos do consumidor final.
A Norma apresenta os seguintes objetivos, que atuam no modelo internacio-
nal de Sistema de Gestão da Segurança dos Alimentos:
UNICESUMAR
que comercializar alimentos, baseados em padrões consistentes, é vantagem para
toda a sociedade, não somente para a organização.
explorando Ideias
179
3
SISTEMA ORGÂNICO DE
UNIDADE 4
PRODUÇÃO
Agropecuária - SISORG
180
UNICESUMAR
conecte-se
Quer saber mais sobre as características e a Implantação dos Sistemas de Produção Orgâ-
nica? Entre no site e leia o artigo desenvolvido por Silva et al. (2016), a seguir.
https://www.redalyc.org/jatsRepo/4777/477749961005/html/index.html#re-
dalyc_477749961005_ref14
“
aqueles que adotam técnicas específicas, mediante a otimização dos
recursos naturais e socioeconômicos disponíveis e com respeito à inte-
gridade cultural das comunidades rurais, tendo por objetivo a sustenta-
bilidade econômica e ecológica, a maximização dos benefícios sociais,
a minimização da dependência de energia não-renovável, empregan-
do sempre que possível métodos culturais, biológicos e mecânicos, em
contraposição ao uso de materiais sintéticos, a eliminação do uso de
mecanismos organicamente modificados e radiações ionizantes, em
qualquer fase do processamento, armazenamento, distribuição e co-
mercialização, e a proteção do ambiente (BRASIL, 2003, on-line).
explorando Ideias
UNICESUMAR
agrícola orgânico, é feita a Certificação Orgânica. Desde 2011, a legislação exige o
registro do produtor no Cadastro Nacional de Produtores Orgânicos do Ministério
da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA) para ser considerado produtor
orgânico certificado. Assim, todos os produtores de orgânicos que desejarem obter a
certificação e o selo de garantia do produto orgânico terão que realizar determi-
nados procedimentos, exigidos pela Lei Federal n. 10.831. Desse modo, garante-se a
qualidade dos produtos orgânicos pelo SISORG, que tem como responsável o MAPA.
A partir de 2011, o selo de produto orgânico passou a ser obrigatório, princi-
palmente, aos supermercados e restaurantes. No caso dos pequenos produtores,
que repassam suas mercadorias, diretamente, aos consumidores, não precisam
de certificado, porém, se quiserem, podem se cadastrar direto no site Ministério
da Agricultura. Uma das razões para a exigência do selo é garantir autenticidade
do produto, segurança ao consumidor e, principalmente, atender ao mercado
internacional, pois o Brasil, atualmente, é um mercado bem expressivo de pro-
dutos orgânicos.
A Instrução Normativa n. 18, de 20 de junho de 2014, no uso da atribuição
que lhe confere o Art. 87, parágrafo único, inciso II, da Constituição, tendo em
vista o disposto na Lei n. 10.831, de 23 de dezembro de 2003, resolve:
“
Art. 1º Instituir o selo único oficial do Sistema Brasileiro de Avaliação
da Conformidade Orgânica, e estabelecer os requisitos para a sua uti-
lização, na forma desta Instrução Normativa e de seus Anexos I a IV.
183
III - sendo que no caso da versão em cor branca, o fundo deve ser
UNIDADE 4
184
a) Sistema Participativo de Garantia – SPG: é caracterizado pela
UNICESUMAR
responsabilidade coletiva dos membros desse sistema, na geração de
credibilidade, que varia de acordo com a realidade econômica, socio-
cultural e com o local onde o sistema está implantado. Para estar legal,
um SPG precisa dispor de um Organismo Participativo de Avaliação
da Conformidade (Opac), que precisa estar cadastrado no Ministé-
rio da Agricultura Pecuária e Abastecimento (MAPA) para que seja,
legalmente, reconhecido e autorizado para atuar no Brasil.
185
4
GESTÃO DA QUALIDADE E
UNIDADE 4
SEGURANÇA
alimentar
186
FERRAMENTAS ESPECÍFICAS DO AGRONEGÓCIO
UNICESUMAR
No Brasil, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA) regulamenta as
Boas Práticas de Fabricação, aplicáveis à indústria de alimentos. Ter a BPF im-
plementada significa atender às legislações, por meio dos seguintes documentos
(CAPIOTTO; LOURENZANI, 2010):
conecte-se
Para saber sobre a Legislação por Categoria de Produto – ANVISA, acesse o site:
http://portal.anvisa.gov.br/legislacao#/ .
187
Boas Práticas de Fabricação – BPF
UNIDADE 4
188
■ Procedimento Operacional Padronizado – POP
UNICESUMAR
1. Limpeza e higienização das instalações, utensílios, equipamentos e mó-
veis. 2. Avaliação e controle da potabilidade da água. 3. Higiene e saúde
dos manipuladores. 4. Manejo adequado dos resíduos. 5. Manutenção
preventiva dos equipamentos. 6. Controle integrado de vetores e pragas
urbanas. 7. Escolha das matérias-primas, ingredientes e embalagens ade-
quadas. 8. Programa de recolhimento de alimentos. Ambos, PPHO e POP,
e as BPF darão o suporte necessário para o sistema APPCC.
Pelo MAPA, o plano APPCC, também, é utilizado para controlar aspectos de quali-
dade e fraude econômica. As ferramentas 5Ss e 8Ss e de garantia da qualidade (BPF
e PPHO ou POP) são indispensáveis e pré-requisitos para o sistema APPCC. ISO
9000, por sua vez, é um controle de processos e gestão de qualidade complementar.
A implantação de APPCC envolve a aplicação de sete princípios, a saber:
Neste quesito, o perigo pode ser definido como uma contaminação de característi-
cas química, física ou biológica que possa causar quaisquer danos à saúde do consu-
midor. Em conformidade com o conceito definido pelo Ministério da Agricultura,
deve permitir a avaliação dos padrões de identidade e qualidade, fraude econômica
ou regulamento técnico determinado para cada produto. O objetivo desse princípio
é identificar os perigos relevantes e especificar as medidas preventivas correspon-
dentes; mensurar a necessidade de alteração de um processo ou fase de processo e
servir de apoio para a identificação dos pontos críticos de controle (PCCs).
190
Uma equipe deverá coordenar a análise de perigos e indicar as fases do pro-
UNICESUMAR
cesso em que os potenciais perigos podem acontecer, incluindo aqueles não con-
trolados nos estabelecimentos quando o produto é transportado, comercializado
ou preparado para consumo. Em função de suas características, esses perigos
podem ser controlados, extinguidos ou minimizados a níveis aceitáveis, garan-
tindo, assim, uma produção segura de alimentos.
192
5
RASTREABILIDADE E
UNICESUMAR
CERTIFICAÇÃO
Anexo II
Anexo I
N E R
M F
M F
M F
Quer saber mais sobre a Instrução Normativa n. 51/2018? Acesse o link: http://www.
in.gov.br/web/guest/materia/-/asset_publisher/Kujrw0TZC2Mb/content/id/44306336/do-
1-2018-10-08-instrucao-normativa-n-51-de-1-de-outubro-de-2018-44306204
Nome Empresarial
197
DÍGITOS CERTIFICADORA E IDENTIFICADORA DE ANIMAIS E PRODUTOS AGROPECUÁ-
UNIDADE 4
RIOS LTDA
conceituando
UNICESUMAR
sendo um processo com elevado custo, ele permite, nos casos de falhas, que os
riscos e os custos relacionados sejam minimizados.
conecte-se
Sobre o Trânsito Nacional - Emissão da Guia de Trânsito Animal. Confira no site a seguir:
http://www.adapar.pr.gov.br/pagina-127.html.
200
A partir da utilização do sistema eletrônico, é possível obter dados mais confiá-
UNICESUMAR
veis e com maior agilidade, permitindo mais eficiência na troca de informação
de diferentes setores da cadeia produtiva. A identificação eletrônica minimiza os
erros de coleta de informações, mas deve se ligar a uma central de armazenagem
e processamento de dados, permitindo a perfeita troca de informação entre os
elos. Não será mais vista como um diferencial, mas como uma exigência (MA-
CHADO; NANTES, 2004 apud DILL; VIANA, 2012). A seguir, na Figura 2, um
modelo de certificado SISBOV.
conecte-se
Leia também sobre a ICAR - Comitê Internacional para Registro Animal (International
Committee for Animal Recording), acessando o link: https://www.icar.org/.
201
Rastreabilidade Animal - Leis, Regulamentos e Atos
UNIDADE 4
do MAPA
202
■ IN MAPA n. 5, de 8 de janeiro de 2018 - Aprova o Banco
UNICESUMAR
Central de Dados de Identificação Animal para fornecimento
e controle da distribuição de códigos de identificação oficial de
animais para órgãos e entidades públicas ou privadas em todo
o território nacional.
203
■ Nome da área Geográfica, Apresentação e Natureza: informar qual será
UNIDADE 4
UNICESUMAR
Paraíba, devido às condições de clima e solo daquela região (BUYS, 2010).
Para Maria Alice Camargo Calliari (apud BUYS, 2010, p. 1-2), coordenadora
da seção de Outros Registros do INPI:
“
[...] tem havido uma maior procura pelo registro de indicação geográ-
fica por produtores brasileiros, na medida em que estes começam a
entender os benefícios que podem obter desse mecanismo. Houve um
aumento do número de pedidos e este ano deve aumentar ainda mais.
206
PRODUÇÃO INTEGRADA DE
UNICESUMAR
PROCESSO CONVENCIONAL
FRUTAS
É obrigatória a qualificação
Habilitação dos técnicos das empresas
A qualificação é opcional.
técnica atuantes no sistema, por meio
de cursos e treinamentos.
A tecnologia aplicada em um
pomar deve se adequar às
A produção tende a seguir o
Manejo do normas técnicas da produção
sistema de produção conhe-
pomar integrada. No caso da maçã, as
cido.
normas encontram-se publi-
cadas.
Existe um acompanhamento
durante todo o ciclo, sendo O controle é feito, apenas, por
Controle registradas todas as interven- meio do registro das frutas
ções no pomar, por meio do comercializadas.
caderno de campo.
Quadro 4 - Distinções entre o sistema convencional e o PIF / Fonte: adaptado de Kreuz et al. (2002).
208
SELO DE CERTIFICAÇÃO INTERNACIONAL GLOBALGAP
UNICESUMAR
A GLOBALGAP/GLOBALG.A.P. é uma organização privada que estabelece nor-
mas voluntárias para a certificação de produtos agrícolas e, assim, inserir produtos
em cadeias globais de valor. A certificação GLOBALG.A.P. (The Global Partnership
for Good Agricultural Practice) funciona como um manual de Boas Práticas Agrí-
colas (BPA), que engloba a segurança do alimento, a preservação do meio ambiente
e bem-estar dos trabalhadores e dos animais, por meio de técnicas de produção
integrada, em todos os lugares do mundo, que visam reduzir a utilização de defen-
sivos agrícolas, incluindo a Rastreabilidade dos produtos, aliado a um Sistema de
Gestão da Qualidade. Ter o Selo de Certificação GLOBALG.A.P. é comprovar aos
fornecedores e consumidores que a produção da propriedade agrícola é confiável
e segue, integralmente, os padrões de segurança e de qualidade do alimento a nível
internacional. Vale lembrar que o Selo GLOBALG.A.P. é uma marca comercial e
destina-se ao uso de empresa para empresa, não estando “aparente” para o consu-
midor final (GLOBALG.A.P., 2008, on-line23; SCIENCIA, 2013).
A certificação GLOBALG.A.P. apresenta os seguintes objetivos:
conecte-se
Trata-se de uma organização global que tem como objetivo a agricultura segura e sus-
tentável em nível mundial. Uma das bases é criar referenciais voluntárias para a certifi-
cação de produtos agrícolas e, cada vez mais, produtores, fornecedores e compradores
moldam seus referenciais, de acordo com os nossos. Entre no site da GLOBALG.A.P. e
confira as perguntas frequentes (FAQ) para guiar o produtor rural, por meio do sistema
GLOBALG.A.P.: https://www.globalgap.org/pt/.
209
Um exemplo do que pode ser monitorado é o período de carência dos defensi-
UNIDADE 4
vos agrícolas uma das normas de verificação das Boas Práticas Agrícolas e uma
exigência da GlobalG.A.P., tornando-se essencial para salvaguardar a segurança
dos alimentos e a saúde dos consumidores.
Alimento rastreável é indispensável para o atendimento da GlobalG.A.P, visto
que o mercado consumidor está, cada vez mais, exigente, dando preferência aos
fornecedores que produzem e comercializam produtos rastreados. O sistema
fornece um código de rastreabilidade de forma automática, logo após a colheita,
beneficia o produtor rural e atende a uma das exigências da certificação Glo-
balG.A.P. Desse modo, o distribuidor ou o supermercado receberá o produto,
adequadamente, rastreado.
UNICESUMAR
a saúde e bem-estar dos animais e trabalhadores. Nesse sentido, a certificação
GLOBALG.A.P. leva muitos benefícios ao produtor rural, que vão além da pro-
priedade certificada, compreendendo toda a cadeia produtiva de alimentos.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
a) I, apenas.
b) I e II, apenas.
c) I, II e III, apenas.
d) I, III e IV, apenas.
e) I, II, III e IV.
212
na prática
a) I, apenas.
b) III, apenas.
c) I e II, apenas.
d) II e III, apenas.
e) I, II e III.
a) I, apenas.
b) II, apenas.
c) I e II, apenas.
d) II e III, apenas.
e) I, II e III.
213
na prática
4. A partir de 2011, o selo de produto orgânico passou a ser obrigatório. Uma pesquisa
do Conselho Brasileiro da Produção Orgânica e Sustentável (Organis) mostra que
apenas 8% dos consumidores identificam o selo de produto orgânico, no momento
das compras. Segundo o levantamento, a maioria dos clientes entrevistados (37%)
reconhece os produtos como orgânicos, a partir de outras informações dispostas
na embalagem do produto (ORGANICS NET, 2019, on-line)25. Considerando o ex-
posto, diferencie o sistema de certificação participativo do sistema de certificação
por auditoria.
5. A Análise dos Perigos e Pontos Críticos de Controle consiste numa abordagem sis-
tematizada e estruturada de identificação de perigos e da probabilidade da sua
ocorrência, em todas as etapas da produção, por meio da definição de medidas de
controle. O plano APPCC, também, é utilizado para controlar aspectos de qualidade
e fraude econômica, e a sua implantação conta com 7 (sete) princípios do sistema.
Com base no exposto, explique a importância do Princípio 1 - Análise dos perigos e
medidas preventivas para o sistema APPCC.
214
aprimore-se
CERTIFICAÇÕES AGROPECUÁRIAS
215
aprimore-se
A propriedade que optar por esse caminho deve escolher o protocolo que melhor
se adapta ao seu manejo produtivo e aplicar para um deles. Muitos produtores que
são bem-sucedidos em determinado protocolo recebem um ágio pelo seu produto,
mas, ao observar diversas fazendas certificadas, nota-se que o maior benefício da
certificação é a melhoria de sua gestão interna.
216
eu recomendo!
livro
conecte-se
217
5
A BUSCA PELA QUALIDADE E
INOVAÇÃO NA
gestão da qualidade em
agronegócios
PROFESSORAS
Dra. Graciela Lucca Braccini
Me. Mirian Aparecida Micarelli Struett
Esp. Leiluana Roque Oliva
PLANO DE ESTUDO
A seguir, apresentam-se as aulas que você estudará nesta unidade: • Qualidade e Inovação como fatores
determinantes da Competitividade do Agronegócio • Estratégias de competitividade do Agronegócio
brasileiro • Competitividade e cadeia produtiva • Estudos direcionados ao Agronegócio • Cases de
Aplicação em setores específicos do Agronegócio.
OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
• Compreender a importância dos conceitos de inovação e qualidade como fatores determinantes de
competitividade em agronegócio • Conhecer as estratégias concorrenciais, no ambiente competitivo,
e as habilidades de inovação das empresas, na busca por diferenciação • Verificar a importância da
inovação e suas contribuições para o agronegócio • Utilizar estudos de casos para obter informações e
proposições válidas ao Setor do Agronegócio • Conhecer alguns cases em agronegócios.
INTRODUÇÃO
Caro(a) aluno(a), finalizaremos, nesta unidade, nosso estudo, porém não ter-
mina, aqui, o seu aprendizado. Você já compreendeu a complexidade que en-
volve a busca pela qualidade do produto, no processo, na cadeia agroindustrial
e agroalimentar. Também, compreendeu que existem muitas ferramentas a
serem utilizadas: de planejamento, controle, direcionamento, normalização,
certificação, entre outras. Nessa unidade, em especial, você é convidado a olhar
para o fenômeno da inovação tecnológica e suas implicações.
Essa inovação envolve uma série de possibilidades, como vemos: a
pesquisa, a descoberta, a experimentação, o desenvolvimento, a imitação,
a adoção de novos produtos, novos processos de produção e novas con-
figurações organizacionais etc. Mas o que a qualidade tem a ver com a
inovação ou vice-versa? Você compreenderá, aqui, que os conceitos são
complementares e indissociáveis, na busca de competitividade.
A partir dos cases, você reconhecerá boa parte dos conteúdos de ges-
tão da qualidade, apresentados em todas as unidades: as eras de inspeção,
controle, garantia da qualidade e gestão estratégica; o uso das ferramentas
de controle, nas agroindústrias de Marau-SP; a importância da qualidade
do pasto em vez de ração e confinamento; a pesquisa desenvolvida no
processo do pão de queijo e a busca pela certificação e reconhecimento de
origem dos pães de queijo de Minas Gerais. Em termos de normatização
e certificação, apresenta-se a normatização técnica em busca de melhoria
contínua do café do estado de São Paulo, a normatização e certificação da
Citricultura, também, do estado de São Paulo, por fim, a certificação priva-
da da Sococo-Nestlé e a garantia de origem dos fornecedores certificados
pelo Carrefour. Espero, com estes exemplos, contribuir para ampliar o seu
conhecimento.
1
QUALIDADE E INOVAÇÃO
UNIDADE 5
COMO FATORES
determinantes da competiti
vidade do agronegócio
Em 2004, o Brasil aprovou a sua Lei de Inovação, Lei n. 10.973, que estabelece a
necessidade de medidas de incentivo à inovação e à pesquisa científica e tecno-
lógica, no ambiente produtivo, visando ao desenvolvimento industrial do país. A
Lei n. 13.243, de 11 de janeiro de 2016, também, dispõe a necessidade de estímulos
ao desenvolvimento científico, à pesquisa, à capacitação científica e tecnológica e
à inovação, alterando a Lei n. 10.973, de 2 de dezembro de 2004. Recentemente,
aprovou-se o Decreto n. 47.442, de 04 de junho de 2018, que dispõe sobre incen-
tivos à inovação e à pesquisa científica e tecnológica, no âmbito do Estado, e dá
outras providências (NAZARENO, 2016).
O mais importante a ser destacado é que, ao analisar a história da inovação
em agronegócios, observam-se tecnologias e conhecimentos considerados bens
públicos e de livre acesso para todos. A inovação abrange muitas possibilidades,
como a pesquisa, a experimentação, o desenvolvimento de novos produtos, o
aperfeiçoamento de processos de produção e novas estruturas organizacionais.
Muitas inovações são caracterizadas por crescentes inter-relações entre atores
heterogêneos e diversos campos de conhecimento. Uma empresa, individualmen-
te, não consegue se manter atualizada no desenvolvimento de todas as tecnolo-
gias, por isso, forma redes de inovação, devido aos altos custos e riscos inerentes
à Pesquisa, Desenvolvimento & Inovação (PD&I) bem como ao curto espaço
de tempo para as descobertas e introdução no mercado, exploração de novos
220
mercados e novos nichos, transferência, complementaridade tecnológica, moni-
UNICESUMAR
toramento da evolução das tecnologias e oportunidades (SANTINI et al., 2006).
O agronegócio brasileiro é estratégico para a consolidação econômica e repre-
senta acima de 30% do PIB nacional, garante mais de 42% das nossas exportações e
gera 37% de empregos no mercado interno. O agronegócio é sinônimo de liderança
na produção de alimentos para o mundo. Em 2019, não foi diferente, o ano foi
apontado como tendo bons resultados para a produção e o faturamento do setor.
Resultados sugerem a segunda maior safra de grãos do Brasil, com estimativas em
236,7 milhões de toneladas (dados coletados em maio de 2019). O valor bruto da
produção (VBP) foi de R$ 600,9 bilhões. O valor estimado para este ano é o segundo
maior em uma série, iniciada em 1989. Os preços agrícolas internos para os pro-
dutos investigados mostram-se próximos aos preços históricos, como é o caso do
algodão, em que os preços, em 2019, encontraram-se acima da tendência, e outros
abaixo, como o caso dos bovinos, da batata e do feijão (MAPA, 2019, on-line)26.
As organizações unidas para agricultura e alimentação FAO e a OCDE, Or-
ganização para Cooperação e o Desenvolvimento Econômico afirmam que, na
próxima década, a maior produção agrícola do mundo será brasileira, conforme
previsto no relatório de perspectivas agrícolas, 2014-2015 a 2024-2025, passará
de 29,4% para 40,9%, respectivamente. O documento aponta os setores de etanol
e oleaginosas como alguns dos destaques da agricultura brasileira.
Segundo a FAO e a OCDE, o ritmo agrícola deve sofrer uma pequena que-
da na próxima década, em relação aos últimos anos, mesmo assim alcançará a
meta estimada em 70% de aumento, visando atender a demanda mundial por
alimentos prevista até 2050. Ao mesmo tempo, acredita-se que os alimentos serão
mais caros. Qual a relação entre a inovação, a qualidade e o desafio competitivo
do agronegócio brasileiro? A resposta é que tudo o que produzimos passa pela
discussão de temas fundamentais, como: segurança alimentar, agricultura orgâ-
nica, produto transgênico e produto tradicional, agricultura tropical, mudanças
ambientais e desenvolvimento sustentável, agricultura de precisão, normatiza-
ção e regulamentação técnica, qualidade e certificação de produtos, qualidade
nutricional, entre outros.
É preciso entender o conceito de competitividade quando falamos do agrone-
gócio. De maneira geral, o conceito de competitividade é empregado para substi-
tuir o termo “desenvolvimento”. Basicamente, competitividade diz respeito à capa-
cidade dos produtos gerados, no país, de concorrerem com similares produzidos
no exterior, seja no mercado interno, competindo com produtos importados,
221
seja no mercado externo, mediante exportações. A qualidade, neste contexto,
UNIDADE 5
222
O arroz vermelho contém até 6 (seis) vezes mais compostos fenólicos, antio-
UNICESUMAR
xidantes que o arroz branco, enquanto que, no preto, até 10 (dez) vezes mais
nutrientes. O grão vermelho, variedade BRS 902 apresenta teores elevados de
compostos bioativos eficientes em neutralizar radicais livres. Relatório dos testes,
em conjunto com a Universidade Federal de Pelotas (UFPel), a Embrapa Arroz e
Feijão (GO), identificaram a presença de compostos capazes de prevenir o enve-
lhecimento das células do organismo humano (PEREIRA, 2015).
Mendes (2003) afirma que a empresa em ambiente de competição tem, fun-
damentalmente, duas alternativas: uma é baixar custos unitários, por meio da
adoção de novas tecnologias no processo produtivo, e outra é diferenciar bens e
serviços produzidos por meio de tecnologia no produto. Com o uso da função
de produção fica mais fácil entender o efeito de uma mudança tecnológica, tanto
em termos de aumento de produção como de redução de custos pelo menor uso
de insumos, que são escassos e raros.
Admitamos, por exemplo, na adoção de novos produtos na agricultura, a
substituição de semente comum por semente híbrida (que tem maior potencial
de produção). 300 kg de fertilizantes (insumo) que antes eram de 4000 mil kg
poderão aumentar para 7000 mil kg. Ou seja, é possível elevar a produção com
a mesma quantidade de determinado insumo. Outra forma é por meio da eco-
nomia de recursos, com o uso da semente híbrida, pode-se produzir a mesma
quantidade de 4000 mil kg com menor quantidade de insumo (MENDES, 2003).
Um dos focos mundiais está na área de bioenergia, visando ao desenvolvi-
mento de biocombustíveis de segunda geração trata-se de uma tecnologia de
conversão de biomassa celulósica, que permite a produção de etanol, utilizando
enzimas e a produção de diesel sintético bio-GTL. Há uma crescente demanda
de tecnologias nestas áreas de pesquisa, elas prezam pela eficiência energética,
como a tecnologia que desliga o motor do carro em um trânsito parado, os car-
ros híbridos, as células de combustível, a extração do álcool residual, do bagaço,
entre outros. A inovação nos alimentos, também, destaca-se, em uma sociedade
desejosa por alimentos de rápido preparo, mas que mantém os atributos nutri-
cionais e o sabor, de acordo com os quesitos presentes na segurança alimentar,
entre outros (NEVES et al., 2006).
223
UNIDADE 5
226
UNICESUMAR
Figura 3 - Investimento P&D / Fonte: Em Discussão (2012, on-line)29.
UNICESUMAR
(Ltda.) planeja sua implantação em mais oito unidades. Importante salientar que
não é muito divulgada a irradiação de alimentos no agronegócio.
Os autores Neves et al. (2006) apontam algumas considerações em relação
às tomadas de decisão sobre produtos, produção, pesquisa e desenvolvimento de
inovações e gestão da qualidade para o Brasil:
■ Estímulo às atividades integradas de pesquisa e desenvolvimento para a
cadeia produtiva. Desta forma, deve-se estimular a formação de parcerias
entre o público e o privado, bem como dos parques tecnológicos, entre eles:
Embrapa, institutos agronômicos, os centros de excelência nas universida-
des, as empresas privadas, os centros de tecnologias (FUNDECITRUS e
CTC) e as associações verticais, com incentivos fiscais e aporte de recursos
para o desenvolvimento de pesquisas conjuntas. Promover a criação de
um banco genético para conservar e garantir a diversidade das principais
culturas que compreendem as cadeias produtivas, visando suprir a cres-
cente demanda por novas variedades, resistentes a doenças e pragas, com
capacidade de se adaptar a diferentes condições de climas, solo e regiões.
■ Promover o processo de patente internacional das tecnologias de produção
do álcool brasileiro a fim de impedir “a livre importação” dessas tecnologias.
Piana (2010) salienta que precisamos refletir sobre a atual agricultura, man-
tendo o crescimento produtivo. Temos, porém, que minimizar os impactos
ambientais adversos. Por esse motivo, é preciso inovar, principalmente, no
que tange às novas tecnologias de produção, considerando o conceito da
sustentabilidade, promovendo ganhos ambientais, econômicos e sociais.
■ A gestão da Qualidade dos Alimentos e Defesa Sanitária via Associações
Verticais. Para tanto, é necessário um trabalho em parceria com as Asso-
ciações Verticais, a Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT) e
o Instituto Nacional de Metrologia, Normalização e Qualidade (INME-
TRO), em que o objetivo seja adequar as cadeias agroindustriais aos pa-
drões de qualidade e sustentabilidade exigidos pelos países desenvolvidos,
por meio da capacitação e adoção de empresas certificadoras, reconhe-
cidas, internacionalmente. É necessário, também, a elaboração da requi-
sição obrigatória da certificação de origem, da produção sustentável e da
rastreabilidade dos produtos do agronegócio. Além disso, montar uma
Agência Sanitária com a participação governamental, das associações
verticais e de agentes privados para coordenar as ações de defesa sanitária.
229
2
ESTRATÉGIAS DE
UNIDADE 5
COMPETITIVIDADE
do agronegócio brasileiro
230
A competitividade do setor, entretanto, é afetada por certas questões que po-
UNICESUMAR
dem nos colocar em desvantagem frente aos concorrentes. No entanto, mesmo
com esses obstáculos, a alternativa mais sensata é a expansão do setor para o
mercado externo, aumentando o número de consumidores alcançados.
A seguir, as principais variáveis que têm peso na definição da competitividade
do agronegócio no Brasil.
232
SUSTENTABILIDADE AO LONGO DA CADEIA
UNICESUMAR
O Brasil é, atualmente, referência no agronegócio mundial, principalmente, pelas
condições climáticas e áreas cultiváveis no país, que destacam seu potencial pro-
dutivo. A expansão da produção e a qualidade do que é produzido estão relacio-
nados, intrinsecamente, à competitividade do setor. A sustentabilidade, porém,
ao longo da cadeia de produção, deve ser considerada de grande importância.
O agronegócio brasileiro caminha rumo à sustentabilidade, e o desafio do
produtor rural é produzir mais, com qualidade, reduzindo custos, e de maneira
sustentável. Para isso, o gestor deverá utilizar todas as técnicas e ferramentas ao
seu alcance para focar no uso inteligente dos recursos naturais (água e solo), com
o objetivo de reduzir, significativamente, o impacto no ambiente de produção.
A tecnologia é uma grande aliada, neste cenário, uma vez que é possível au-
mentar a produtividade por área de cultivo com a ajuda de sensores que iden-
tificam, por exemplo, áreas com maior rendimento, permitindo o melhor apro-
veitamento dos recursos e a redução de perdas, contribuindo para uma gestão
estratégica e sustentável.
O modelo de produção sustentável permite o aumento da produtividade e, con-
sequentemente, da rentabilidade do produtor rural, além de reduzir o impacto sobre
o meio ambiente, tornando o setor mais competitivo, frente ao mercado externo.
233
3
COMPETITIVIDADE E
UNIDADE 5
CADEIA PRODUTIVA
UNICESUMAR
informações de como otimizar os fatores de produção, identificar as tecnologias
mais adequadas, decidir a escala de produção, controlar os custos e as receitas,
gestão de mercado e de demanda bem como o desenvolvimento das instituições
de apoio (SOUZA, 2014, BRUCHEZ; MOTTA, 2016).
Conhecer os fatores que determinam a competitividade permite à instituição
de políticas públicas, visando à eficiência da cadeia, proporcionar o acesso fácil
das empresas aos mercados internos e externos. Outro ponto importante é a
identificação dos gargalos nas estruturas de custos decorrentes de ineficiências
de políticas relacionadas a encargos sociais, às políticas comerciais, à tributacão,
às taxas de juros e aos subsídios. Possibilita, ainda, a avaliação de medidas que
visam à manutenção e à expansão da capacidade produtiva bem como a decisão
de adotar a política mais adequada (SOUZA, 2014; BRUCHEZ; MOTTA, 2016).
COMPETITIVIDADE
dos recursos que possui, melhorando as técnicas de produção por meio das novas
tecnologias e melhor qualidade do produto (COSTA et al., 2017).
CADEIA PRODUTIVA
236
4
ESTUDOS DIRECIONADOS
UNICESUMAR
AO AGRONEGÓCIO
explorando Ideias
UNICESUMAR
explorando Ideias
vas de mercado e deman-
MAR-1 - TUDO O QUE VOCÊ DEVE SABER: das por inovação, torna-se
Os ganhos ambientais para a sociedade. possível reunir a indústria,
As mudanças nos motores das máquinas. a academia e as mais diver-
A importância do diesel com baixo teor de enxofre. sas entidades setoriais para
Os custos operacionais e a manutenção. se debater o aumento de
Leia mais, acessando o GUIA MAR-1: produtividade, juntamen-
http://www.anfavea.com.br/docs/cartilha_mar-1.pdf te com o desafio da manu-
tenção da sustentabilidade.
5
CASES DE APLICAÇÃO EM
SETORES ESPECÍFICOS
do Agronegócio
além de ser uma fonte de renda ao produtor rural e outros nichos, diretamente,
ligados a ele, também, existe inúmeros empreendimentos relacionados, tornan-
do-se porém, necessários visão e perfil empreendedores (COSTA et al., 2017).
Ferramentas Situação –
Agroindústria Ações
utilizadas ERA
Avaliação de defei-
B – Milho tos visual – ma- Gestor desconhece. Era da Inspeção.
nual/artesanal.
Controle do Ma-
nejo, processo e
C – Erva-Mate – Não utiliza ferra- Era da garantia
produto acabado
Chimarrão mentas. da qualidade.
- forma artesanal,
parceria.
240
Atividades na
UNICESUMAR
Verificação visual Gestor desconhe- era da inspe-
D – Erva-Mate do produto, par- ce as ferramentas ção, foco na
ceria. de GC. era da garantia
de qualidade.
Inspeção, análises,
CEP, CCQ, PDCA,
E – Cooperati- acompanhamento Era da garantia
folha de coleta de
va de leite produtor – parce- da qualidade.
dados.
ria.
Envase, amos-
Era do Con-
tragem antes e
CEP, APPCC, trole Estatís-
depois do pro-
F – Leite e Rastreabilidade, tico, pois não
cesso produtivo,
Derivados PDCA. Pretensão: desenvolve
análises, criosco-
BPF e setor CQ. coordenação
pia, microbiologia,
na cadeia.
pasteurização.
Era da garantia
da qualidade,
Análises básicas, PDCA, rastreabi-
foco no clien-
acidez, tempera- lidade, CEP, BPF,
te, qualificação
G – Leite tura, recolhimento Coleta de dados e
das pessoas e
nas propriedades Matriz de Priori-
na qualidade
- parceria. dades.
de MP e pro-
cesso.
Era da gestão
5 S’s, BPF, CEP, estratégica
Análises, inspe- APPCC, CCQ, da qualidade
ções, verificações, PDCA, folha de – controle e
medições, afe- coleta de dados, garantia de
H – Ração para rições, análises, diagrama de qualidade,
aves manutenções, causa e efeito, com foco nas
treinamentos, con- fluxograma, histo- necessidades
troles processo, grama, gráfico de dos clientes e
pessoal, ambiente. controle e diagra- coordenação
ma de qualidade. da cadeia pro-
dutiva.
241
Classificação do
UNIDADE 5
milho, coleta de
5 S’s, BPF, CEP, Era da gestão
amostragem e
APPCC, CCQ, estratégica
rastreabilidade,
PDCA, folha de co- de qualidade,
análises físicas, ins-
leta de dados, dia- controle e
peções, medições,
I – Ração – grama de causa e garantia de
aferições, análises,
Aves e Suínos efeito, fluxograma, qualidade,
manutenções pre-
histograma, grá- foco no cliente
ventivas, monitora-
fico de controle e coordena-
mentos, análises,
e diagrama de ção da cadeia
controles proces-
atividades. produtiva.
so, Higiene pessoal
e ambiente.
Controle do pro-
M – Cortes
cesso, inspeção, Não utiliza ferra- Era da garantia
especiais - aba-
higiene, preocupa- mentas. da qualidade.
tedouro
ção com cliente.
Cuidados espe-
N – Abate Não utiliza ferra- Era da garantia
ciais, seleção,
bovino mentas. da qualidade.
inspeção, higiene.
242
Fluxograma,
UNICESUMAR
folha de coleta de
Seleção, controle dados, gráfico de
do processo e controle, diagra-
O - Abate de Era da gestão
higiene e controles ma de atividades,
suínos e Deri- estratégica da
diversos – Sistema CCQ, PDCA, ISO
vados qualidade.
de Gestão Inte- 9000 e 14000,
grada. OSHAS 18000,
APPCC, Rastreabi-
lidade, BPF, 5 S’s.
Fluxograma,
folha de coleta de
Fiscalização, con-
dados, gráfico de
trole do processo,
controle, diagra-
P – Abate de monitoramento, Era da gestão
ma de atividades,
aves e deriva- auditorias internas estratégica da
CCQ, PDCA, ISO
dos e clientes, treina- qualidade.
9000 e 14000,
mento de funcio-
OSHAS 18000,
nários.
APPCC, Rastreabi-
lidade, BPF, 5 S’s.
De acordo com Silva (2002), a famosa crise provocada pela doença da vaca louca
em que se evidenciou a necessária preocupação dos consumidores com a garan-
tia, a segurança e a origem dos alimentos, trouxe-nos vantagens. A certificação
do produto – atestando a conformidade a determinadas exigências técnicas,
previstas em regulamento técnico, e aspectos, como rastreabilidade, indicando
histórico, procedência, modo de produção e manejo sanitário do alimento – era,
frequentemente, mencionada, sempre que a mídia abordava o assunto. Em função
da crise, o consumo de carne, em alguns países da Europa, caiu cerca de 30%, cau-
sando enormes prejuízos econômicos aos agentes da cadeia produtiva da carne.
244
Foi necessário que a Comunidade Europeia tomasse medidas sanitárias de
UNICESUMAR
grande impacto e criasse um Regulamento Técnico para restabelecer a credi-
bilidade do setor. Tais aspectos, tratados com a devida importância e de forma
adequada, podem propiciar um diferencial competitivo, como aconteceu com
a pecuária brasileira, que acabou por beneficiar-se da situação, mostrando para
representantes da União Europeia, em visita ao Brasil, as vantagens do gado ali-
mentado com pasto, em vez de ração animal (SILVA, 2002).
De acordo com Guimarães (2010, on-line)30, o gado confinado, no Brasil,
representa menos que 6% da carne de gado brasileira, mas este quadro pode
mudar, pois já temos associação de confinadores, e a Embrapa a apoia. Conforme
a Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carne (2015), a carne
bovina originária de animais que são criados em pasto tem sido avaliada como
uma das carnes mais saudáveis e nutritivas. Diversos estudos mostraram que ela
possui altas concentrações de betacaroteno e α-tocoferol, maiores níveis de ácidos
graxos, concentrações mais elevadas e necessárias de Omega-3, Omega-6 e ácido
linoleico conjugado, substâncias estas favoráveis à saúde humana.
Isso não se aplica, apenas, para a carne de gado, mas também para o leite das
vacas que pastam, para os ovos e a carne das galinhas soltas e demais animais.
Infelizmente, por questões de produtividade e lucro, parece que isso pode mudar.
UNICESUMAR
do a qualidade e a boa procedência do produto. O selo representa o resultado da
implantação de um amplo programa de qualidade que foi desenvolvido, a partir
de normas da Vigilância Sanitária, em que as empresas interessadas submetem
seus produtos a análises laboratoriais periódicas, objetivando a conquista do selo
e da própria confiança do consumidor no produto (SILVA, 2002).
247
NORMALIZAÇÃO E
UNIDADE 5
CERTIFICAÇÃO NA CA-
DEIA DE CITRICULTURA
DE SÃO PAULO
UNICESUMAR
Chamada Grade PI-citros, foi lançada em dezembro de 2010 (AZEVEDO; SILVA;
CARVALHO, 2010).
A Nestlé é uma empresa centenária que tem, na sua marca, um de seus pontos
mais fortes. A empresa adotou a qualidade como seu ativo de maior valor, uma
área de grande exposição de responsabilidade. Qualquer problema relacionado
à qualidade de seus produtos é motivo de atenção da mídia, do governo e, prin-
cipalmente, dos consumidores, que revelam sua confiança na empresa quando se
dispõem a pagar por essa qualidade (ZYLBERSZTAJN; SCARE, 2003).
Da mesma forma que qualquer outra empresa privada, além dos consumido-
res, a empresa, também, deve satisfações aos seus donos, os acionistas. Por isso,
uma gestão eficiente de toda a cadeia produtiva, com consequente redução de
custos com logística, produção e distribuição deve ser uma das prioridades da
empresa. De acordo com Zylbersztajn e Scare (2003), neste ponto, é interessante
analisar a maior fornecedora de coco da Nestlé, a Sococo, que responde por 80%
do suprimento de coco ralado e 60% do custo do chocolate Prestígio, carro-chefe
da Nestlé. Em 1999, a empresa obteve o certificado de Qualidade Assegurada, o
que liberou, automaticamente, seus produtos para a linha de produção de cho-
colates e reduziu custos com fabricação, estoques e várias análises laboratoriais.
O principal desafio da Sococo é manter a certificação de Qualidade Assegu-
rada conferida pela Nestlé, já que sua fábrica, em Maceió, é a única do mundo
a receber esse título. A reputação de produtos, principalmente, destinados às
crianças, é uma grande responsabilidade, especialmente, em razão de que um
problema de contaminação pode ser um desastre tanto para o consumidor
como para a imagem da empresa.
A Sococo é uma das maiores e mais modernas empresas processadoras de
coco do Brasil e do mundo, destacando-se pela alta qualidade e padronização
de seus produtos. Apesar de ser responsável por mais de 80% do abastecimento
de coco da Nestlé, é mais conhecida pelo leite de coco, coco ralado, água e doce
de coco, entre outros produtos, encontrados nas gôndolas dos supermercados
(ZYLBERSZTAJN; SCARE, 2003).
249
Quanto à Nestlé, seu crescimento, no Brasil, deve-se não só à estratégia de
UNIDADE 5
UNICESUMAR
possui os melhores índices de produtividade agrícola do mundo, chegando a 120
cocos por coqueiro por ano, quatro vezes maior que a média brasileira e três vezes
maior que os demais países produtores.
A Nestlé possui o Sistema de Qualidade Nestlé (NQS) que, até 1991, fazia a
análise da água, da matéria-prima, dos produtos semiacabados e do produto final.
A partir deste ano, o foco mudou para o controle do processo cuja probabilidade
de erro é, significativamente, menor, e a capacidade de correção é maior e mais
rápida. Uma de suas características é a rastreabilidade, se algo falhar, rapidamente,
é detectado o ponto de falha e aplicadas as medidas corretivas.
No caso da Sococo, o processo de certificação de qualidade começa na ma-
téria-prima que chega à sua fábrica em Maceió. A Sococo controla toda a fase
de pré-processamento, o que inclui o cuidado rigoroso para que impurezas não
sejam incorporadas, o que prejudicaria a qualidade do produto. Quando a Nes-
tlé convidou a Sococo para ser fornecedora, em 1996, avaliou que a empresa já
possuía alto nível de qualidade, pois, do padrão Nestlé em que constam 25 itens
de verificação, a Sococo só foi reprovada em 6. Mesmo assim, até atingir o grau
de certificação Nestlé, o processo demorou três anos. O maior trabalho foi a
formalização do processo. O objetivo era obter um índice de refugo próximo de
zero e, para isso, o padrão adotado foi muito semelhante ao da ISO. Em segundo
lugar, adotaram-se as metodologias HACCP (ou, em português, Sistema de Aná-
lise de Perigos e Pontos Críticos de Controle - APPCC), visando à determinação
de pontos críticos, por contaminação física, química ou biológica (ZYLBERSZ-
TAJN; SCARE, 2003).
252
didos nas categorias carnes; ovos; frutas, legumes e verduras (FVL); pescados
UNICESUMAR
e laticínios. Em 2008, as categorias carnes (87%) e FLV (9,5%) foram mais re-
presentativas (mais de 90%) na comercialização do Programa. Para participar
do processo, inicialmente, identifica-se um produtor, mediante o interesse de
ser fornecedor ou do Programa; é realizado o cadastramento do produtor para
vender o produto como “convencional” ao Carrefour.
De acordo com a pesquisa realizada com Alexandre, responsável pela gerên-
cia do programa Carrefour, o processo de certificação tem início com a visita a
produtores e o convite para credenciamento, que tem como objetivo explicar os
fundamentos e o funcionamento do programa. Na visita de avaliação, o auditor
realiza diagnóstico da propriedade com orientações e sugestões, por meio de
planilhas de controle de defensivos, estoque de produtos de sanidade vegetal,
estado das nascentes e recursos hídricos, estrutura de apoio aos trabalhadores
etc. (CASTRO; FERRAZ, 2010).
Depois que o produtor se torna fornecedor, agenda-se uma pré-auditoria
em sua propriedade (feita pela equipe de Desenvolvimento do Garantia de Ori-
gem) para verificar as condições de ingresso ao Programa. Se comprovado que
o produtor está capacitado, realiza-se a auditoria, se não estiver, envia-se corres-
pondência, destacando-se as principais não conformidades para ajustamento e,
depois de um prazo estipulado pelo produtor, é enviada uma nova auditora. A
pré-auditoria revela as condições necessárias, pois “às vezes o produtor não tem
a mínima condição de se certificar, mas não tem essa noção, e como é o produtor
que paga a auditoria, não é interessante que tenha que pagar duas vezes, no caso
de uma reprovação, pois isso o desestimula” (ALEXANDRE, 2009 apud CAS-
TRO; FERRAZ, 2010, p. 14).
Cumpre destacar que as exigências variam de produto para produto e suas
especificidades de registro e manejo de produção. O produto GO exige cuida-
dos específicos, em se tratando de aplicação de defensivos, preservação do meio
ambiente, bem-estar dos funcionários, boas práticas de fabricação entre outros.
253
CONSIDERAÇÕES FINAIS
UNIDADE 5
254
na prática
255
na prática
a) I, apenas.
b) I e II, apenas.
c) I e III, apenas.
d) II e III, apenas.
e) I, II e III.
4. Nos dias de hoje, é crescente a busca por melhorias na gestão organizacional, por
meio de métodos para controle e medição de seus processos, visando à redução
do desperdício e à maximização dos resultados, gerando, por conseguinte, mais
satisfação aos seus clientes e colaboradores. A implantação de um sistema de gestão
de qualidade garante alguns benefícios para a organização. Neste contexto, analise
as afirmativas a seguir:
256
na prática
a) I e II, apenas.
b) II e III, apenas.
c) III e IV, apenas.
d) II, III e IV, apenas.
e) I, II, III e IV.
a) I, apenas.
b) I e II, apenas.
c) I e III, apenas.
d) II e III, apenas.
e) I, II e III.
257
aprimore-se
SOLUÇÕES E DESAFIOS
Soluções
258
aprimore-se
259
aprimore-se
260
aprimore-se
261
eu recomendo!
livro
Fundamentos de Agronegócios
Autor: Massilon J. Araújo
Editora: Atlas
Sinopse: este livro expõe conceitos básicos e princípios gerais
fundamentais ao entendimento do significado de agronegócios.
Enfoca temas atuais e de interesse para o setor, como logística,
marketing e formas de organização da produção.
livro
262
conclusão geral
Prezado estudante, foi com muita satisfação que apresentamos este livro a você, e,
a partir dos conceitos e das práticas expostas, esperamos ter contribuído na com-
preensão e fundamentação da gestão da qualidade, na área do Agronegócio. O con-
teúdo desenvolvido resultou de pesquisa, porém, é imprescindível a investigação
aprofundada de determinados conceitos para ampliação do seu aprendizado.
Ao longo da disciplina, foi disponibilizado o conhecimento dos instrumentos e
as ferramentas essenciais a serem utilizados na gestão da qualidade, bem como
das principais certificações disponíveis. Ademais, o conhecimento de casos reais de
implantação dos sistemas de qualidade no Agronegócio, tarefa executada em todas
as unidades do livro, provavelmente, trouxe mais conhecimento, porém, não foram
esgotadas todas as fontes de conteúdo nesta área. Você conheceu, em teoria e prá-
tica (com os cases), o uso das ferramentas de gestão da qualidade bem como dos
selos e das certificações mais utilizados na área no Agronegócio, e, provavelmente,
efetuou uma síntese do que vivencia a partir do conhecimento teórico.
Um longo caminho foi percorrido. A qualidade evolui com o próprio desenvol-
vimento da sociedade, que tem suas preferências modificadas ao longo do tempo
e, esperamos que você, como futuro(a) gestor(a) em Agronegócios, compreenda
essa evolução e, a partir de suas observações e seus conhecimentos adquiridos,
consiga captar essas preferências em todos os processos da cadeia e, assim, ser
um(a) profissional de sucesso.
Vários cases foram apresentados em cada capítulo, procurando relacionar o
assunto abordado com a prática. Consolida-se, aqui, a visão de que a gestão da
qualidade no Agronegócios necessita de profissionais capacitados para manter e
acompanhar o processo de inovação, qualidade e competitividade em toda a ca-
deia. Muito sucesso a você!
263
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o “Regulamento Técnico para Inspeção Sanitária de Alimentos”, as “Diretrizes para o Estabele-
cimento de Boas Práticas de Produção e de Prestação de Serviços na Área de Alimentos” e o
“Regulamento Técnico para o Estabelecimento de Padrão de Identidade e Qualidade (PIQ´s)
para Serviços e Produtos na Área de Alimentos”. Determina que os estabelecimentos relacio-
nados à área de alimentos adotem, sob responsabilidade técnica, as suas próprias Boas Prá-
ticas de Produção e/ou Prestação de Serviços, seus Programas de Qualidade, e atendam aos
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